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Vírgula

Vírgula
A vírgula marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não só para separar
elementos de uma oração, mas também orações de um só período.
Regras para o emprego da vírgula
Podemos dizer que toda frase pode apresentar quatro casas:
● casa 1 — sujeito;
● casa 2 — verbo;
● casa 3 — complementos;
● casa 4 — as circunstâncias (tempo, lugar, modo e outras).
Regras para o emprego da vírgula
A casa 3 é ocupada por elementos necessários ao verbo ou ao sujeito:
● O estudante (casa 1) + comprou (casa 2) + livros (casa 3).
● O estudante (casa 1) + é (casa 2) + inteligente (casa 3).
● O professor (casa 1) + está (casa 2) + na cidade ou acamado (casa 3).
● O rapaz (casa 1) + deu (casa 2) + o livro (casa 3a) + ao colega (casa 3b).
Regras para o emprego da vírgula
A casa 4 é de elementos não de primeira necessidade à estrutura frasal. Pois bem. Daí
decorrem as regras básicas de pontuação, regras negativas:
Não se deve usar vírgula entre as casas 1,2 e 3.
Nem entre 1 e 2, nem entre 2 e 3.
A casa 4, sobretudo nas frases longas, pode ser separada por vírgula. As inversões
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podem ser marcadas por vírgula, principalmente para evitar confusão.
Regras para o emprego da vírgula
Agora, observe estes fragmentos:
(1) “A guerra de hoje, será a vitória de amanhã.”
(2) ‘‘Quem não passa, não paga.”
(3) “O homem moderno, pensa no seu futuro.”
Aí temos a vírgula errada entre o sujeito (casa 1) e o verbo (casa 2).
Regras para o emprego da vírgula
(4) “Também serão atingidos, por este desligamento os transmissores da rádio X.”
Vírgula errada entre o verbo passivo e o agente da passiva. Ou você usa duas
vírgulas, ou nenhuma.
Regras para o emprego da vírgula
(5) “Faça do papai, o homem mais sabido de todos.”
Ou duas vírgulas, ou nenhuma.

(6) “Veja aqui, as oficinas que permaneceram abertas.”


Ou duas vírgulas, ou nenhuma.
Regras para o emprego da vírgula
(7) “Não somos, apenas, espectadores.”
Erradas as vírgulas: apenas é partícula que modifica espectadores, não podendo
separar-se deste termo por vírgula.

(8) “Mas sem você perceber, o Boeing chega ao seu destino.”


Ou duas vírgulas, ou nenhuma.
Regras para o emprego da vírgula
Quando a frase não está em ordem direta ou estiver quebrada, é bom verificar o
ponto de quebra e o(s) encaixe(s). Encaixe e elemento deslocado pedem vírgula antes e
depois:
4,1 2 3
1,4,2 3
1 2, 4,3
2,1, 3a 3b
etc.
1. No interior da oração serve:
1.º) Para separar elementos que exercem a mesma função sintática (sujeito composto,
complementos, adjuntos), quando não vêm unidos pelas conjunções e, ou e nem.
Exemplos:
A sua fronte, a sua boca, o seu riso, as suas lágrimas, enchem-lhe a voz de formas e
de cores...
(Teixeira de Pascoaes, OC, VII, 83.)

Os homens em geral são escravos; vivem presos às suas profissões, aos seus
interesses, aos seus preconceitos.
(G. Amado, TL, 12.)
Observação:
Quando as conjunções e, ou e nem vêm repetidas numa enumeração, costuma-se
separar por virgula os elementos coordenados, como nestes exemplos:
Abrem-se lírios, e jasmins, e rosas.
(A. de Oliveira, P, II, 344.)

Vai o fero Itajuba perseguir-vos


Por água ou terra, ou campos, ou florestas;
Tremei!...
(Gonçalves Dias, PCPE, 523.)

Nem eu, nem tu, nem ela, nem qualquer outra pessoa desta história poderia
responder mais.
(Machado de Assis, OC, I, 805.)
2.°) Para separar elementos que exercem funções sintáticas diversas, geralmente com a
finalidade de realçá-los. Em particular, a vírgula é usada:
a) para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor meramente explicativo:
Alice, a menina, estava feliz.
(R Namora, TJ, 30.)

A meu pai, com efeito, ninguém fazia falta.


(O. Lara Resende, RG, 93.)

Conheço, sim, o cansaço do nosso corpo.


(R J. Tenreiro, OP, 1 0 0 .)
b) para isolar o vocativo:
— Que ideias tétricas, minha senhora!
(J. Paço d’Arcos, CVL, 366.)

— D. Glória, a senhora persiste na ideia de meter o nosso Bentinho no seminário?


(Machado de Assis, OC, 1,731.)

— Como é que tu te chamas, ó rapaz?


(L. B. Honwana, NMCT, 87.)
Referências
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. LEXIKON Editora Digital ltda, 2016.

LUFT, Celso Pedro. A vírgula: considerações sobre o seu ensino e o seu emprego. Ed. Ática, 1996.

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