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Resumos Teoria
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Representação
Arts. 258.º - 269.º
Um indivíduo pode conferir poder a outra pessoa para formular e manifestar declarações
negociais em seu nome.
Os efeitos dos negócios concluídos pelo representante produzem-se, direta e imediatamente,
na esfera jurídica do representado.
Um indivíduo (o representante) emite a declaração negocial em nome de outrem (o
representado), e não em pro nomine sua, dentro dos poderes que lhe competem.
Distinções do representante
Núncio
O representante formula uma declaração negocial, tendo sempre, por mais pequena que seja,
uma margem decisória, dependendo dos poderes que lhe foram conferidos. Tem, pelo menos, a
decisão de formular ou não a declaração negocial.
O núncio apenas transmite uma declaração negocial que já foi formulada.
Mediador
O mediador não formula declarações negociais, visa apenas aproximar os interesses das
partes.
Mandatário sem poderes de representação
O mandatário pratica o ato jurídico por conta do mandante, mas não em seu nome. Os efeitos
jurídicos produzem-se na esfera jurídica do mandatário que, depois, os transmitirá para a esfera
do mandante (art. 1180.º).
O mandato é um contrato e a procuração é um negócio jurídico unilateral.
Contrato a favor de terceiro
No contrato a favor de terceiro, uma das partes assume a obrigação de efetuar uma
determinada prestação a um terceiro (art. 443.º).
Contrato para pessoa a nomear
O contrato para pessoa a nomear permite a uma das partes ser substituída por outra pessoa,
a nomear, depois de celebrado o contrato (art. 452.º).
Efeitos da representação
Art. 258.º.
Os pressupostos para a produção de efeitos jurídicos em virtude de representação são os
seguintes:
- Um negócio jurídico
- Realizado pelo representante em nome do representado
- Nos limites dos poderes que lhe competem
Satisfeitos estes requisitos, o negócio jurídico produz plenamente os seus efeitos na esfera do
representado.
Representação legal
Os incapazes carecem de capacidade de exercício para nomear um representante voluntário
(art. 123.º), a não ser que haja uma exceção à sua incapacidade (art. 127.º).
Contudo, caso não fosse possível suprir a sua incapacidade, os incapazes cariam excluídos
do trá co jurídico negocial, daí a gura do representante legal, que permite integrar estes no
trá co jurídico negocial.
Representação voluntária
Procuração
Art. 262.º, n.º 1
A procuração é o ato de, voluntariamente, atribuir poderes representativos a outrem.
É um negócio jurídico unilateral.
A procuração é independente/autónomo da relação jurídica de base (procuração como
negócio abstrato).
Forma da procuração
Art. 262.º, n.º 2
A procuração deve revestir da mesma forma exigida para o negócio que o procurador deva
realizar.
Capacidade do procurador
Art. 263.º
Ao procurador não se exige mais do que capacidade fáctica: capacidade de entender e querer
de acordo com o negócio jurídico.
Substituição do procurador
Art. 264.º
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O procurador só pode fazer-se substituir por outrem se o representado o permitir ou se a
faculdade de substituição resultar do conteúdo da procuração ou da relação jurídica que a
determina.
A substituição não envolve a exclusão do procurador primitivo, em regra.
O procurador só é responsável pelo substituto caso tenha agido com culpa na sua escolha ou
nas instruções dadas.
O procurador pode servir-se de auxiliares na execução da procuração, se outra coisa não
resultar do negócio ou da natureza do ato a realizar.
Extinção da procuração
Art. 265.º.
A procuração extingue-se por renúncia do procurador ou quando a relação jurídica de base
cessa.
A procuração é livremente revogável pelo representado, salvo convenção em contrário ou
renúncia ao direito de revogação.
Se a procuração tiver ocorrido também no interesse do procurador ou de terceiro, não pode
ser revogada sem acordo do interessado, salvo justa causa.
Proteção de terceiros
Art. 266.º.
A revogação ou modi cação da procuração devem ser levadas ao conhecimento de terceiros
sob meios idóneos, sob pena de não lhes serem oponíveis, salvo quando tinham conhecimento.
As restantes causas extintivas da procuração não podem ser opostas a terceiros que, sem
culpa, as tenham ignorado.
III.I. Condição
Art. 270.º.
Acontecimento futuro e incerto ao qual as partes subordinam a produção ou resolução dos
efeitos jurídicos de um negócio.
Pendência da condição
Arts. 272.º a 274.º
Consagra o princípio da boa fé aplicado às partes que se subordinam a certas condições.
Retroatividade da condição
Art. 276.º
Os efeitos da veri cação da condição são, em princípio, retroativos, quer a condição seja
suspensiva ou resolutiva.
No caso dos contratos duradouros (arrendamento), exclui-se o caráter retroativo da veri cação
da condição.
III.II. Termo
Acontecimento futuro e certo ao qual as partes subordinam o início ou cessação dos efeitos
do negócio jurídico.
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O termo pode ser:
- determinado / certus an certus quando (datas de nidas)
- indeterminado / certus an incertus quando (irá ocorrer, mas não se sabe quando)
Encargo
Também é cláusula acessória e acidental e resulta da vontade das partes.
Impõe uma obrigação a uma das partes, mas não in uencia a produção dos efeitos jurídicos
do negócio.
Rati cação
Negócio jurídico unilateral que visa conferir e cácia plena a um outro negócio que dela carece.
Em princípio, a rati cação deve observar a mesma forma do negócio a rati car.
Insolvência
Art. 1.º, CIRE.
Insolvente
Art. 3.º, CIRE.
É considerado insolvente aquele que não consegue fazer face às suas obrigações vencidas.
Efeitos da insolvência
Art. 81.º, CIRE.
O insolvente é privado dos poderes de administração e disposição dos bens integrantes da
massa insolvente.
É o administrador de insolvência que passa a administrar a massa insolvente.
O negócio praticado pelo insolvente não e inválido, mas é ine caz em relação à massa
insolvente, vinculando apenas a contraparte.
Se o administrador da insolvência quiser chamar à massa insolvente os efeitos do negócio,
pode rati car os negócios celebrados pelo insolvente.
Caso o administrador não rati que o negócio, o insolvente responde à outra parte por
incumprimento do contrato se não conseguir realizar a contraprestação.
Falta de publicidade
Por questões de segurança jurídica, é necessário que alguns negócios, considerados
relevantes, sejam registados.
O registo visa proteger a expectativa de terceiros, conferindo segurança ao tráfego jurídico.
O registo tem função e e cácia declarativa: visa dar conta dos factos. Não atribui direitos (visão
clássica); contudo, a sua falta pode ter consequências.
A aquisição e venda de bens imóveis deve ser sujeita a registo, para que seja dada
publicidade à situação jurídica dos bens.
Consequências
Se a publicidade for omitida, o negócio pode ser invocado entre as partes ou entre os seus
herdeiros, mas pode não ser oponível a todos os terceiros.
Os factos sujeitos a registo só produzem efeitos em relação a terceiros para efeitos de registo
a partir do momento do registo.
O negócio, ainda que não registado, produz efeitos erga omnes invocáveis em situações de
responsabilidade civil, etc.
Prioridade de registo
Art. 6.º, CRP
O direito inscrito/registado (e não adquirido) em primeiro lugar prevalece sobre os que se lhe
seguirem.
O registo constitui presunção de que o direito existe e pertence ao titular inscrito (art. 7.º, CRP)
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Aquisição tabular
Art. 6.º, CRed. Pred.
Para que se dê aquisição por prioridade de registo (aquisição tabular), é necessário que:
➡ o primeiro adquirente não registe a aquisição
➡ o segundo adquirente (que possui um direito legal relativo - art. 892.º) proceda ao seu
registo
➡ o segundo adquirente esteja de boa fé, isto é, desconhecer a discrepância entre a
situação do registo e a situação real do prédio (art. 892.º)
O direito é legal porque resulta da lei (art. 892.º) e não do contrato e é relativo porque refere-se
apenas ao vendedor, o único que não pode opor-lhe a nulidade do negócio (arts. 286.º e 892.º).
O direito legal relativo atribuído pelo art. 892.º é fortalecido (direito absoluto) caso o
comprador leve o negócio a registo, prejudicando o primeiro negócio, não sujeito a registo. O
segundo adquirente passa a ser o proprietário.
O negócio nulo pode produzir um direito legal relativo (art. 892.º). Pode produzir efeitos de
natureza negocial por força da lei - efeitos laterais. Os seus efeitos típicos não são produzidos,
pois carece de um pressuposto considerado pela lei essencial.
Art. 408.º
Os efeitos reais produzem-se por mero efeito do contrato.
Art. 879.º
Um dos efeitos reais é a transmissão do direito de propriedade.
Art. 892.º
Princípio nemo plus iuris, ninguém pode transmitir mais direitos do que aqueles que possui.
A venda de bens alheios por vendedor sem legitimidade para a realizar é nula.
O vendedor sem legitimidade para a venda não pode opor a nulidade ao comprador de boa fé.
O comprador de boa fé está protegido apenas em relação ao vendedor (direito legal relativo).
Mesmo que a transmissão da propriedade não seja sujeita a registo, aquele que transmitiu a
propriedade não pode (voltar a) vendê-la a outrem, pois já não possui o direito de propriedade.
Art. 954.º
Mesmo que a transmissão da propriedade não seja sujeita a registo, aquele que transmitiu a
propriedade não pode doá-la a outrem, pois já não possui o direito de propriedade.
Art. 4.º, CRP
Os factos sujeitos a registo, ainda que não registados, produzem os seus efeitos inter partes.
Inoponibilidade da invalidade
Nos casos de inoponibilidade da invalidade, o negócio é nulo.
Assim sendo, não produz os seus efeitos típicos, mas apenas efeitos laterais, de natureza
negocial. Segundo o art. 892.º, é nula a venda de bens alheios por quem não tem legitimidade
para os vender; todavia, o vendedor não pode opor a nulidade ao comprador de boa fé.
No caso da doação (art. 956.º), a solução é a mesma. Esta regra fundamental, exceção ao art. 286.º,
estende-se também ao art. 939.º.
Existe, então, uma e cácia estritamente relativa entre as partes de um negócio nulo, resultante
da inoponibilidade da invalidade do mesmo, por virtude da boa fé de uma delas (geralmente o
comprador).
Esta e cácia relativa produz-se como efeito lateral de um negócio nulo, por comando da lei.
A posição jurídica da parte de boa fé ca reduzida a um direito legal relativo, pois a lei de ne
que, (apenas) entre as partes, os efeitos produzem-se regularmente.
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