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Aquisição e Desenvolvimento Da Linguagem
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linguagem
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Aquisição e desenvolvimento da
linguagem
SUMÁRIO
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LINGUAGEM X LÍNGUA
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É necessário saber diferenciar bem estes conceitos para poder identificar onde
está a alteração quando avaliada. Linguagem é toda e qualquer expressão do
pensamento, sendo que a língua é uma forma de linguagem, como também a
linguagem corporal, música, pintura, símbolos. Porém, linguagem não é um tipo de
língua e contém um conceito muito mais amplo. A expressão oral é considerada uma
das formas mais conhecidas e importantes de comunicação entre os humanos
(FERNANDES, 2003), no entanto, outros tipos de linguagem podem ser utilizados.
Vejam as figuras a seguir: são símbolos utilizados no nosso dia a dia para comunicar
algo/linguagem.
De que modo o ser humano parte de um estado no qual não possui qualquer
forma de expressão verbal e, naturalmente, ou seja, sem a necessidade de
aprendizagem formal, incorpora a língua de sua comunidade nos primeiros anos de
vida, adquirindo um modo de expressão e de interação social dela dependente.
(CORREA, 1999, p. 01).
Cupello (1993, p. 7) inicia o segundo capítulo de seu livro afirmando que “Todo
ser humano já nasce com a necessidade de aprender uma língua, para poder se
comunicar com o mundo.” Para Borges e Salomão (2003), a primeira forma de
socialização da criança é a linguagem, e geralmente são os pais, por meio da fala
durante o manuseio com o bebê, que efetuam esta interação. Por intermédio da
linguagem, a criança tem acesso, antes mesmo de aprender a falar, a valores, crenças
e regras, adquirindo os conhecimentos de sua cultura. Conforme a criança se
desenvolve, a visão e audição, e os outros órgãos do sentido, também se
desenvolvem, ficando mais refinados. Dessa forma, a criança alcança um nível
linguístico e cognitivo mais elevado, desenvolvendo cada vez mais seus códigos de
linguagem. A aquisição da linguagem é um trajeto longo e difícil, embora ocorra
naturalmente. Muito antes de começar a falar, a criança está habilitada a usar o olhar,
a expressão facial e o gesto para comunicar-se com os outros. O choro já é uma
manifestação de tentativa de se comunicar; no início é indiferenciado e a partir da
segunda/terceira semana, ganha características de diferenciação.
No desenvolvimento da linguagem, duas fases distintas podem ser
reconhecidas: a pré-linguística, em que são vocalizados apenas sons isolados (sem
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LINGUAGEM X FALA
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quadro abaixo:
TABELA
Abordagem empirista Abordagem racionalista Abordagem dialética
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meio de estímulo e resposta da predisposição em adquirir uma divergem entre si. Ambas
(E – R), imitação e reforço. língua que é transmitido construtivistas, as duas partem
B. F. Skinner fundamenta suageneticamente. Ou seja, a criança já do mesmo pressuposto de que
teoria com base nos reforços quenasceria com certa competência em as crianças constroem a
a criança sofre que podem ser adquiri- la. No entanto, esse linguagem, porém, diferem de
esforços positivos ou negativos. conhecimento considerado inato só é como elas contraem essa
De acordo com esses reforços, a ativado por intermédio do contato linguagem. Enquanto que o
criança manteria ou eliminaria com outras pessoas que falem a cognitivismo representado por
algum tipo de comportamento mesma língua a qual a criança está Piaget propõe que a criança
referente à linguagem e isso a exposta. Por meio desse contato constrói seu conhecimento por
ajudaria a construir, aintenso, as sentenças recebidas pela meio da experiência com o
desenvolver e a aprender uma criança são trabalhadas gerando a mundo físico e que nesse
determinada língua. Ogramática de sua língua, tudo isso conhecimento se desenvolve
Behaviorismo, porém, não levou por meio de um dispositivo de por estágio admitindo o
em conta a criatividade que a aquisição da linguagem: o DAL. egocentrismo da criança; o
criança possui, sendo isto, Noam Chomsky é seu principal interacionalismo de
portanto, alvo de vários estudosrepresentante. Vygostsky se baseia nas trocas
posteriores. comunicativas entre a criança e
o adulto, o desenvolvimento
da linguagem e o
pensamento têm origem social
por meio dessa interação.
Conexionismo ou
associacionismo
ABORDAGEM EMPIRISTA
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ativamente com o meio e que este modifica aquele em função de sua ação. Isto
favoreceu muitas pesquisas, e entre os autores que discutem esta abordagem
encontramos Piaget, Wallon e Vygotsky, que divergem entre si em alguns pontos
sobre desenvolvimento e linguagem.
Saleh (2008, p. 160) cita que para o interacionismo, a relação da criança com
a linguagem supõe sempre a presença do outro e da língua. O outro, como aquele
que interpreta a criança; a língua como o que permite essa interpretação. Assim, para
dar conta da mudança da fala infantil é preciso considerar não só a fala da criança (e
sua história), mas ver como essa fala se relaciona com a fala do adulto e com a própria
língua. São os efeitos da fala dos adultos sobre a fala da criança que a levam adiante
na linguagem e fazem com que seu percurso nessa seja único.
Jean Piaget
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2003).
A figura, a seguir, representa esquematicamente o pensamento piagetiano:
Cognição Linguagem
Nascimento
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Henri Wallon
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Cognição
Linguagem
Nascimento
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Obs.:
1) Para Vygotsky, os estágios de desenvolvimento cognitivo não possuem caráter universal;
2) Vygotsky não atribui a mesma conotação de fala egocêntrica que Piaget. “Na concepção
piagetiana, a fala egocêntrica não cumpre nenhuma função verdadeiramente útil no
comportamento da criança e simplesmente se atrofia a medida que se desenvolve o pensamento
socializado, no período operacional concreto.” Já para Vygotsky “a fala egocêntrica desempenha
um papel definido e muito importante na atividade da criança. não permanece
por muito tempo com um mero acompanhamento da ação: constitui-se num meio de expressão e
libertação de tensões, tornando-se logo um instrumento do pensamento... um estágio transitório
na evolução da fala social para a fala interior.” (PALANGANA, 2001, p. 100).
3) Enquanto no referencial Construtivista (Piaget) o conhecimento é entendido como ação do
sujeito sobre a realidade (sujeito ativo), o referencial sócio-histórico enfatiza a construção do
conhecimento como uma interação semiótica mediada por várias relações. Na troca com outros
sujeitos – e consigo próprio – vão se internalizando os conhecimentos, papéis e funções sociais,
o que permite a constituição de conhecimentos e da própria consciência, sendo que nestes
processos a linguagem tem papel fundamental.
Para Mogford & Bishop (2002, p. 23) a relação entre cognição e linguagem é
um tema recorrente e de muito interesse entre os psicolinguistas. Pode a linguagem
desenvolver-se amplamente como um sistema autônomo, ou existe algum dote
cognitivo necessário antes da aquisição da habilidade verbal? Essa pergunta tem
permeado muitas pesquisas. Se essa questão for analisada pela perspectiva de que
certas habilidades cognitivas não verbais são pré-requisitos para o desenvolvimento
da linguagem (como na teoria piagetiana), então “as crianças que não possuem tais
habilidades não seriam capazes de desenvolver a linguagem”. Piaget, como vimos,
salientava que a linguagem aparece após um estágio do desenvolvimento cognitivo,
sendo que o aspecto cognitivo era necessário para o aparecimento da linguagem.
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Porém, ao considerar que “as crianças nas quais o desenvolvimento sensorial, motor
ou mental estão prejudicados de várias formas, nas quais a linguagem e outros
aspectos do desenvolvimento cognitivo estejam dissociados”, torna-se possível
demonstrar a independência lógica do sistema cognitivo e linguístico.
Aqui não falaremos das alterações de linguagem nas deficiências auditivas,
cognitivas, mentais, motoras e neurológicas, mas, quando analisamos os aspectos da
linguagem nessas deficiências, pode-se observar que a linguagem pode se manter,
em maior ou menor grau, independente dos aspectos cognitivos.
Vimos que, na concepção de Vygotsky, as atividades mentais e de
comunicação humana são sociais e dialógicas em sua gênese, estrutura e
funcionamento.
Para ele, o desenvolvimento humano se dá nas trocas entre parceiros
sociais, por meio de processos de interação e mediação. Os fatores sociais, de
acordo com Vygotsky, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento
intelectual. Quando o conhecimento existente na cultura é internalizado pelas
crianças, as funções e as habilidades intelectuais são provocadas para o
desenvolvimento deste conhecimento; este aprendizado leva ao desenvolvimento,
tornando-se um círculo que leva ao desenvolvimento contínuo. A aprendizagem é o
processo pelo qual o sujeito adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc.,
a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente e com o outro, possibilitando
o despertar de processos internos do sujeito. É na troca com o outro e consigo mesmo
que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a
formação do conhecimento e da própria consciência – a troca como outro é feita
por meio da linguagem. Vygotsky aponta uma relação interna (de constitutividade)
entre cognição e linguagem, e como nos traz Morato (2000) “o que coloca Vygtosky
entre os que entendem que a relação entre linguagem e cognição (e não apenas
‘pensamento’) passa pela noção de significação (e não propriamente pela noção de
comunicação ou pela de representação).”
Então, poderíamos dizer: LINGUAGEM → TROCA COM O OUTRO
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A maioria dos autores concorda que os primeiros anos de vida são cruciais para
o desenvolvimento da linguagem, e de que se algum fator interferir na aquisição da
linguagem neste período, “é possível não poder recuperar posteriormente o déficit de
linguagem, mesmo que o fator causador deste seja retirado” (MOGFORD & BISHOP,
2002, p. 24-25). É o que pode se observar no filme “A maçã”, em que as gêmeas,
após anos e anos trancafiadas, apresentaram um déficit de linguagem muito grande.
Podemos observar que casos de isolamento e negligência (como no filme), privações
– não só alimentar, mas social, emocional e de estimulação no início da vida – podem
interferir e muito na aquisição e desenvolvimento da linguagem. Esses quadros
poderão ser revertidos com a terapia, com estimulação? Alguns, os autores afirmam,
dependendo da idade em que
esse processo terapêutico/estimulação tem início. Quanto mais tarde, mais difícil
recuperar o tempo perdido. Os aspectos de plasticidade na representação neurológica
da linguagem diminuem com a idade, “de forma que a probabilidade de permanecerem
deficiências linguísticas após uma lesão de hemisfério esquerdo aumentar com a
idade.”
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TABELA
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15-18 meses
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Todas as etapas acima mostram um continuum que não pode ser interpretado
fielmente em termos de etapas ou idades padrão; as etapas são muito mais um guia
para orientação do que para um diagnóstico (ABREU, 2008). Numa avaliação,
devemos ter como base o que é esperado e analisar como a criança se comporta –
outros fatores devem ser levados em consideração antes de fecharmos um
diagnóstico.
Scheuer, Befi-Lopes e Wertzner (2003) afirmam que [...] desenvolver
linguagem é mais do que falar. É ser um interlocutor ativo nas diferentes relações
sociais e isso quer dizer que a linguagem deve comunicar sobre o que o indivíduo
deseja, quer, conhece, sente, etc. O desenvolvimento da linguagem está fortemente
relacionado ao contexto linguístico e ao situacional e, ao adulto, cabe fornecer todos
os instrumentos para que ambos os contextos facilitem e possibilitem a comunicação
e a linguagem.
Zorzi (1999, p. 43) salienta que existem algumas condições fundamentais para
o desenvolvimento da linguagem: a capacidade da criança; a necessidade que ela
sente de conquistar recursos que permitam uma interação mais efetiva e mais ampla
com os outros, que dê conta de um mundo que cresce cada vez mais, além das
expectativas de mudança ou crescimento que os adultos passam para ela.
Seis fatores são determinantes do desenvolvimento da comunicação infantil:
1) a criança necessita ter uma razão ou motivo pra se comunicar: uma
intenção;
2) há necessidade de se ter algo para comunicar: um conteúdo;
3) é também necessário um meio de comunicação: uma forma;
4) há de ter pessoas com quem se comunicar: um parceiro e
5) a criança também necessita ter capacidades cognitivas favoráveis: para
atuar sobre o mundo e compreendê-lo. (ZORZI, 1999, p. 16)
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níveis:
Nível I: comunicação não intencional, comportamentos reativos –
corresponde aos dois primeiros meses de vida [...] seus comportamentos estão
caracterizados por reações determinadas por uma organização nervosa reflexa... o
bebê mais reage ao mundo do que age sobre ele, pois recursos que permitam ações
voluntárias não estão ainda suficientemente constituídos.
Nesta fase, o bebê movimenta o corpo, demonstra interesse pelos outros e por
objetos, olha, procura seguir trajetórias, vocaliza, chora, agarra objetos que são
colocados em sua mão, reage a sons e vozes familiares; porém, estes
comportamentos ainda são rudimentares e o bebê não tem condições de comunicar
algo intencionalmente, os adultos tendem a interpretar tais reações como
comportamentos comunicativos (ZORZI, 1999, p. 17);
Nível II: comunicação não intencional, comportamentos ativos – abrange
aproximadamente dos dois aos oito meses; o bebê, neste período, torna-se mais ativo,
demonstrando interesse crescente acerca de tudo que está ao seu redor.
Maior interesse pelos objetos e pessoas, maiores recursos para interagir e
maior domínio motor compõe características importantes desta etapa. Porém, apesar
de todas estas habilidades, a criança não se mostra capaz de organizar
procedimentos comunicativos intencionais, uma vez que também a diferenciação dela
mesma como sujeito ainda não está consolidada.
Apesar de ainda muito limitada, para o adulto fica cada vez fácil “o papel de atribuir
valores comunicativos aos comportamentos dos bebês...” O adulto é capaz de atribuir um
significado comunicativo ao comportamento da criança, agindo de acordo com sua suposição
(ZORZI, 1999, p. 18-19);
Nível III: comunicação pré-linguística intencional elementar – caracteriza- se
pelo aparecimento de condutas comunicativas novas que revelam a intencionalidade
da criança, pois ela “dirige comportamentos comunicativos intencionais a outras
pessoas, tendo a noção de que pode usá-las como agentes para atuar sobre as
coisas.” Nesta fase, observa-se que a criança fica olhando alternadamente para um
objeto e para o adulto, esticar a mão em direção a algo, empurra a mão do adulto em
direção a um objeto, ou seja, demonstra o que quer. Às vezes, estes comportamentos
podem ser acompanhados de vocalizações. A intencionalidade da comunicação.
É marcada por alguns indícios: a criança dirige atitudes comunicativas aos
outros, procurando dar início à interação ou respondendo às tentativas dos outros;
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Pragmática
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a mais conhecida e utilizada é a de Halliday (1975) adotada por Acosta et al. (2003) e
Zorzi e Hage (2004). Distribui as funções em três fases que veremos a seguir.
Fase I (10-18 meses): segundo os autores, nesta fase podem ser distinguidas
até sete funções distintas:
· Instrumental: quando a criança utiliza a linguagem como meio para que o
que ela quer se realize; utiliza a linguagem para satisfazer suas necessidades
materiais. Exemplo de quando a criança quer algum objeto;
• Reguladora/regulatória1: a linguagem é utilizada como instrumento de
controle, para modificar ou regular o comportamento dos outros; a linguagem é dirigida
para alguém em particular, como se a criança estivesse pedindo alguma coisa por
meio de alguns sons e gestos, exemplo: “vamos passear”;
• Interativa/interacional2: a linguagem é usada como meio para relacionar-
se, interagir com os demais. Expressões e gestos que são utilizados geralmente
representam cumprimentos “oi”, “tchau”;
• Pessoal: uso da linguagem para manifestar individualidade, sentimentos
pessoais em relação às pessoas ou ao ambiente. Vocalizações ou gestos que
representam prazer, interesse, contrariedade, retraimento, etc.;
• Heurística3: esta função é utilizada para investigar, explorar o ambiente,
tentando descobrir as coisas, nomes, objetos. Nesta fase a criança começa a usar
expressões muito próximas do padrão do adulto;
• Imaginativa: uso da linguagem de forma lúdica; a criança cria um mundo
próprio. Para Zorzi e Hage (2004, p. 19) essa função “é identificada quando
observamos uma criança, por exemplo, emitindo sequências de sons que parece
representar um ‘falar consigo mesma’...”. No início utiliza apenas sons que aos poucos
vai se constituindo de pequenos relatos de estórias ou fantasias;
• Ritual: para Acosta et al. (2003, p. 37) é a “linguagem das boas
maneiras.”
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Fase III (a partir dos 24 meses): a fala da criança passa a ser plurifuncional
(uma frase pode ter mais de uma função), uso do sistema de fala do adulto. Nesta
fase observam-se duas funções básicas, podendo se manifestar uma terceira função.
• Ideacional: vem da função matética da fase anterior, a linguagem é usada
como meio para falar sobre o mundo real;
• Interpessoal: a linguagem é utilizada como meio para participar da
situação de fala, vem da função pragmática;
• Textual: para Acosta et al. (2003, p. 38), nesta fase “os significados são
codificados em palavras e frases...”.
Em relação à conversação, Acosta et al. (2003, p. 39) afirma que: Pode ser
entendida como uma sequência de atos de falta ou como o resultado do intercâmbio
comunicativo, entre dois ou mais interlocutores, inscrita num contexto social e
executada aplicando certas habilidades específicas, isto é, a competência
comunicativa.
Três aspectos estão estreitamente relacionados:
✓ Organização formal das conversações: respeito aos turnos
comunicativos, a criança deve aprender o papel de emissor e ouvinte;
✓ Desenvolvimento da capacidade para manter o significado: manutenção
do tema da conversa;
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Fonologia
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(ACOSTA et al., 2003, p. 63). Este processo começaria desde o nascimento e continua
progressiva e gradualmente até aproximadamente a idade de quatro anos,
nesta idade a maioria dos sons surgem discriminados em palavras simples.
Conforme podemos observar no quadro abaixo, é esperado aos quatros anos,
com a supressão da maioria dos processos de simplificação da fala, a aquisição da
maioria dos sons da sua língua e do sistema fonológico de contraste. Entre quatro e
sete anos, a criança domina os sons mais difíceis, e a partir dos sete produz um
desenvolvimento das habilidades morfofonemáticas e das envolvidas na
aprendizagem da leitura e escrita.
TABELA
ETAPAS FONOLÓGICAS
1) Vocalização pré-linguística e percepção (0-1).
2) Fonologia das primeiras 50 palavras (1-1,6).
3) Fonologia de morfemas simples – expansão do repertório de sons da fala.
Processos fonológicos que determinam produções incorretas. Estas
predominam até os quatro anos, idade em que a maioria das palavras simples
são corretas.
4) Culminação do repertório fonético. Aquisição de sons
problemáticos ao nível produtivo aos sete anos. Produções corretas
de palavras simples. Começo do uso de palavras mais longas.
5) Desenvolvimento morfofonemático. Aprendizagem de uma estrutura
derivacional mais elaborada. Aquisição das regras morfofonemáticas da
linguagem.
6) Habilidade para soletrar.
FONTE: Ingram apud Acosta et al. (2003, p. 65).
Nos aspectos do desenvolvimento fonológico, é importante observar o domínio
dos fonemas, domínio dos encontros consonantais e produtividade dos processos
fonológicos de acordo com a idade (dados colhidos por WERTZNER,1992).
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Semântica
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TABELA
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Gramática
TABELA
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Expansão gramatical 30-36m – a estrutura das frases vai se tornando mais complexa,
podendo chegar até quatro elementos. Aparecem as flexões de
gênero e número, pronomes de primeira, segunda e terceira pessoa,
artigos definidos o e a, os advérbios de lugar também aparecem;
36-42m – a criança aprende a estrutura das emissões complexas de
mais de uma oração com o uso frequente da conjunção e. Uso
praticamente correto dos auxiliares ser e ter permite que a criança use
o passado comporta (“a boneca tinha comido”);
42-54m – as estruturas gramaticais vão sendo complementadas com
o uso do sistema pronominal, pronomes possessivos, verbos
auxiliares, etc.
54m – as estruturas sintáticas mais complexas são aprendidas pela
criança, uso da voz passiva e as conexões adverbiais continuam se
Últimas aquisições aperfeiçoando.
Prosódia
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ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM
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▪ Expressivo (F80.1)
▪ Receptivo (F80.2)
• Mental (F70-F79).
Transtorno global do desenvolvimento (F84.-).
ALTERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO DA
LINGUAGEM/IMPEDIMENTOS ESPECÍFICOS DA LINGUAGEM/DISTÚRBIO
ESPECÍFICO DE LINGUAGEM
crianças cujas dificuldades são específicas dos aspectos linguísticos, ou seja, quando
a criança não apresenta outras alterações. Hage e Guerreiro (2004) nomeiam como
Distúrbio Específico de Linguagem (DEL).
Este diagnóstico é sugerido quando a criança apresenta alterações somente de
linguagem, com déficit de pelos menos 12 meses, em testes formais e padronizados de
linguagem, em relação a outras crianças da mesma idade cronológica ou mental, que não
podem ser atribuídas à:
• Perda auditiva superior a 25dB;
• Impedimentos no desenvolvimento cognitivo;
• Impedimentos no desenvolvimento motor da fala;
• Déficit de atenção e hiperatividade;
• Transtornos invasivos do desenvolvimento;
• Distúrbios psicóticos;
• Insultos cerebrais adquiridos;
• Interação social restrita;
• Distúrbios de comportamentos e emocionais significativos.
RETARDO DISTÚRBIO
Caracterizado por um atraso generalizado na Ocorre o desvio no desenvolvimento,
aquisição ou expressão de TODOS os apresentado uma assincronia na aquisição dos
componentes da linguagem, porém, estas componentes da linguagem, ou déficit
crianças acompanham a mesma sequência do específicos em um aspecto linguístico e/ou a
desenvolvimento normal, ao se desenvolverem união de componentes com
(REED, 1994 apud BEFI-LOPES, 2003). desenvolvimento normal e com atraso na
aquisição (REED, 1994 apud BEFI-LOPES,
2003).
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Fatores causais
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Incidência
Características
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Befi-Lopes (2003) cita que para tentar explicar o como e porque ocorrem as
alterações da linguagem, muitas pesquisas foram e são realizadas. Os autores
levantam várias hipóteses para explicar. Veremos, a seguir, algumas dessas
hipóteses:
Bishop (1992): para este autor algumas hipóteses podem estar relacionadas
ao déficit linguístico, como:
1) Alteração nos mecanismos expressivos:
Aqui a competência linguística da criança encontra-se intacta, mas esta
apresenta dificuldades em transformar a informação num sinal de fala. Neste caso, as
dificuldades na recepção da informação seriam consequências dos déficits envolvidos
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na expressão da linguagem.
A criança poderia apresentar: Imaturidade nas habilidades motoras que
dificultassem a programação da sequência dos movimentos motores da articulação,
ou simplificação da representação fonológica das palavras durante a articulação, ou
dificuldade na segmentação fonêmica da fala, ou dificuldade no acesso para a
recuperação lexical, ou ainda redução da capacidade de armazenamento da memória
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REFERÊNCIAS
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