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IPH 212 B Semestre Acadêmico 2022/02 Capítulo 8 Gino Gehling.

8. ESGOTOS PLUVIAIS

O que veremos neste capítulo? https://youtu.be/OnFJ-cpcXj0

Neste capítulo são abordados os métodos para dimensionamento de sarjetas e de galerias


pluviais. O dimensionamento destes elementos depende do coeficiente de runoff, que é
função do período de retorno T adotado pelo projetista. Para T = 5 a 10 anos, podem ser
usadas as tabelas abaixo.

Neste semestre você apreciará neste capítulo algumas inovações que começam a ser
adotadas nos sistemas de drenagem pluvial. Apresentar-se-ão casos de Porto Alegre, de
Buenos Aires e de Barcelona.

Tabela 8.1: Coeficientes de runoff para distintos tipos de áreas.


Descrição da área Coeficiente de runoff
Área comercial central 0,70 a 0,95
Área comercial em bairros 0,50 a 0,70
Área Residencial
Residências isoladas 0,35 a 0,50
Unidades múltiplas (separadas) 0,40 a 0,60
Unidades Múltiplas (conjugadas) 0,60 a 0,75
2
Lotes com 2.000 m ou mais 0,30 a 0,45
Área com prédios de apartamentos 0,50 a 0,70
Área industrial leve 0,50 a 0,80
Área industrial pesada 0,60 a 0,90
Parques, cemitérios 0,10 a 0,25
Playgrounds 0,20 a 0,35
Pátios de estradas de ferro 0,20 a 0,40
Áreas sem melhoramentos 0,00 a 0,30

Tabela 8.2: Coeficientes de runoff para distintos tipos de superfície.


Característica da superfície Coeficiente de runoff
Ruas com pavimento asfáltico 0,70 a 0,95
Ruas com pavimento de concreto 0,80 a 0,95
Passeios 0,75 a 0,85
Telhados 0,75 a 0,95
Terrenos relvados (solos arenosos)
Pequena declividade (2%) 0,05 a 0,10
Média declividade (2% a 7%) 0,10 a 0,15
Forte declividade (7%) 0,15 a 0,20
Terrenos relvados (solos pesados)
Pequena declividade (2%) 0,15 a 0,20
Média declividade (2% a 7%) 0,20 a 0,25
Forte declividade (7%) 0,25 a 0,30

8.1 CAPACIDADE DE CONDUÇÃO HIDRÁULICA DE RUAS E SARJETAS

A capacidade de condução da rua ou da sarjeta pode ser realizada de duas formas


diferentes:
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a) a água escoando por toda a calha da rua;

Figura 8.1: escoamento por toda a calha da rua.

b) a água escoando só pelas sarjetas.

Figura 8.2: escoamento só pela sarjeta.

Para a primeira hipótese (figura 8.1), admite-se:

- Declividade do leito carroçável da rua (seção transversal): IT = 3 %


- Altura d’água na sarjeta .................................................... y0= 0,15 m

Para a segunda hipótese (figura 8.2), admite-se: IT = 3 %


y = 0,10 m

O dimensionamento hidráulico pode ser realizado pela expressão de Strickler-Manning:

V  K  I L1/ 2  R H2 / 3
Onde:
V = velocidade da água na sarjeta, em m/s;
IL = declividade longitudinal da rua, em m/m;
K = adotado igual a 60, para os pavimentos comuns das vias públicas.
RH = em m  (RH = Am )
Pm

Exemplo: Para uma determinada rua, cuja declividade longitudinal (IL) da rua é 0,5% e a
declividade transversal do leito carroçável é de IT = 3 %, definir:
a) a capacidade máxima de transporte pela calha;
b) a capacidade máxima de transporte pelas sarjetas.
Admitir:
- altura global da guia (y0) = 0,15 m
- altura de água na sarjeta (y) = 0,10 m
- declividade longitudinal da rua (IL) = 0,005 m/m

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Solução:
a) Primeiro caso (capacidade global da calha da rua):

Q  A V e, V  K  I L1/ 2  R H2 / 3

Q  A  K  IL 1/ 2  RH2 / 3

y0 = 0,15 m b = 0,15 = 5,0 m


IT = 0,03 m/m 0,03

Am = y0 x b = 0,15 x 5,0 = 0,375 m2


2 2
Pm = 0,15 +  ( 0,15 )2 + ( 5,0 )2 1/2  5,15 m

RH = Am = 0,375 = 0,0728 m
Pm 5,15

Q = 0,375 . 60 . (0,005)1/2 . (0,0728)2/3 = 0,277 m3/s = 277 l/s

Para toda a rua, ou seja, para os dois lados da rua, tem-se:

Q = 0,277 . 2 = 0,554 m3/s = 554 l/s

b) Segundo caso (capacidade das sarjetas para y = 0,10 m):

y = 0,10 m b = 0,10 = 3,33 m


IT = 0,03 m/m 0,03

Am = yx b = 0,10 x 3,33 = 0,167 m2


2 2
Pm = 0,10 +  ( 0,10 )2 + ( 3,33)2 1/2  3,43 m

RH = Am = 0,167 = 0,0485 m
Pm 3,43

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Q = 0,167 . 60 . (0,005)1/2 . (0,0485)2/3 = 0,094 m3/s

Para duas sarjetas (ambos os lados da rua):

Q = 0,094 . 2 = 0,188 m3/s = 188 l/s

8.2 BOCAS DE LOBO

As bocas de lobo são os pontos de admissão das águas de chuva à rede pluvial. Localizam-
se junto ao meio-fio. Em caso de topografia acidentada sua localização deve ser
procedida com cuidados. As caixas existentes junto a cada boca de lobo devem ter a
geratriz inferior do tubo de saída elevada em relação ao fundo das caixas, a fim de
possibilitar a retenção de areia, que deve ser periodicamente removida pelas equipes de
manutenção do sistema.

BL.............. Boca de Lobo


CL.............. Caixa de Ligação
PV.............. Poço de Visita
Figura 8.3: Locação de Caixas de Ligação

A locação das bocas de lobo atende as recomendações que seguem:


a) serão locadas em ambos os lados da rua quando a saturação da sarjeta o requerer,
ou quando forem ultrapassadas as suas capacidades de engolimento;
b) serão locadas nos pontos baixos das quadras:
c) recomenda-se adotar um espaçamento máximo de 60m entre as bocas de lobo,
caso não seja analisada a capacidade de escoamento da sarjeta;
d) a melhor solução para a instalação de bocas de lobo é em pontos pouco a montante
de cada faixa de cruzamento usada pelos pedestres, junto as esquinas;
e) não é conveniente a sua localização junto ao vértice de ângulo de interseção das
sarjetas de duas ruas convergentes pelos seguintes motivos; os pedestres para
cruzarem uma rua, teriam que saltear a torrente num trecho de máxima vazão
superficial; as torrentes convergentes pelas diferentes sarjetas teriam como
resultante um caudal de velocidade em sentido contrário ao da afluência para o
interior da boca de lobo.

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8.2.1 Tipos de bocas de lobo

As bocas de lobo podem ser classificadas em três grupos principais:

- Bocas de meio-fio, ou ralos de guias: é a solução mais frequentemente observada


em Porto Alegre, ainda que em muitos casos não sejam dotadas do indispensável ralo,
que evita o ingresso de corpos estranhos para o sistema, como garrafas PET. A figura
abaixo representa uma boca de meio-fio, ou ralo de guia.

Ralo

Figura 8.4: boca de meio-fio ou ralo de guia.

- Ralos de sarjetas (grelhas): a figura que segue representa o que vem a ser o ralo
de sarjeta:

Ralo

Figura 8.5: ralo de sarjeta.

- Ralos combinados: este tipo de boca de lobo seria uma combinação dos dois
casos anteriores, tendo-se um ralo na sarjeta e outro, de mesma largura, no meio-fio. Este
tipo de boca de lobo caracteriza-se por uma grande capacidade de admissão de água.

Ralo

Figura 8.6: ralo combinado.

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8.2.2 Capacidade de engolimento em pontos baixos de sarjetas

Com relação à capacidade de engolimento, deve-se atentar que em terrenos planos a água
pode se aproximar pelos dois lados da sarjeta, como se vê na figura seguinte, que
apresenta uma vista frontal de uma boca de lobo (BL) de meio-fio.

BL

Figura 8.7: aproximação da água pelos dois lados da sarjeta.

a) Boca de lobo de entrada pela guia:

Se a água que se acumula sobre a boca de lobo gerar uma altura menor que a abertura na
guia, este tipo de boca (figura 8.4) pode ser considerada um vertedor e sua capacidade de
engolimento será:
Q  1,7  L Y 3 / 2
onde:
Q = vazão de engolimento, em m3/s;
1,7 = coeficiente de descarga, adimensional;
Y = altura d’água, próximo a abertura na guia, em m;
L = comprimento da soleira, em m.

Deve-se executar uma depressão de alguns centímetros nas imediações da boca. A


solução expedita (gráfica) do problema pode ser obtida mediante o uso da figura 8.8.

Quando a altura d’água “y” sobre o local for maior do que o dobro da abertura na guia,
a vazão é calculada por:

Q = 3,101 . L . h1/2 (Y’/h)1/2


onde :
L = comprimento da abertura, em m;
h = altura da BL na guia, em m;
Y’= carga no meio da abertura da guia, em m (Y’ = Y - h/2)

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b) Boca de lobo com grelha:

Um padrão adotado com freqüência para as bocas de lobo com grelha é 0,29m de altura
por 0,87m de comprimento (para FoFo). A grelha funciona como um vertedor de soleira
livre, para profundidade de lâmina até 12 cm. Se um dos lados for adjacente à guia, este
lado (L) deve ser excluído do perímetro da mesma. A vazão é:

Q  1,7  P Y 3 / 2
onde:
Y = altura d’água na sarjeta, sobre a grelha, em m;
P = perímetro do orifício, em m.

Y ≤ 0,12
Passeio
Grelha adjacente
h à guia

Para profundidades de lâminas maiores que 12 cm, a vazão, em m3/s, será:

Q  2,91 A Y 1/ 2
onde:
A = área da grade, excluídas as áreas ocupadas pelas barras, em m2;
Y = altura d’água na sarjeta, sobre a grelha, em m.

Obs: Para h < Y < 2h, a boca de lobo funciona em condição de transição, instável e
indefinido, entre vertedor (Q = 1,7.P.Y3/2) e orifício (Q = 2,91.A .Y1/2).

c) Bocas de lobo combinadas (entrada pela guia e pela grelha):

A capacidade teórica de esgotamento das bocas de lobo combinadas, é aproximadamente


igual ao somatório das vazões pela grelha e pela abertura na guia, consideradas
isoladamente.

Exemplo: Seja dimensionar a boca de lobo, para uma vazão de 94 l/s na sarjeta e uma
lâmina de água de 0,10 m. A depressão no local da boca de lobo é de 5 cm. A altura da
abertura na guia é a abertura padrão de 15cm.

Solução “a”: Como boca de lobo de guia (Figuras 8.4 e 8.7):


a.1) Da equação Q = 1,7 . L . Y3/2 (vide ítem 8.2.2, sub-ítem a) resulta:

L=Q = 0,094 = 1,75 m


3/2 3/2
1,7 (Y) 1,7 (0,10)
Logo, haverá a necessidade de um comprimento de 1,75 m de soleira. Pode-se optar por
duas bocas de lobo padrão, com 1,0 m cada, e guia com h = 0,15 m.

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a.2) Graficamente (atentar para simbologia da figura 8.8, onde h é altura da abertura
na guia):

Da figura 8.8, retira-se (válida só para depressão a = 5 cm):

Y0/h = 0,10  0,67


0,15
- Q/L = 55 l/s.m

Como Q = 94 l/s, L = 94 = 1,71 m; Resultado praticamente igual ao anterior.


55

Figura 8.8: Capacidade de esgotamento das BL simples com depressão 5cm em pontos
baixos das sarjetas.

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Solução “b”: Como boca de lobo de grelha (figura 8.5, pág. 6)

b.1) Da equação Q = 1,7 . P . Y3/2 (vide ítem 8.2.2, sub-ítem b) resulta:

P= Q = 0,094 = 1,75 m
1,7(Y)3/2 1,7(0,10)3/2

P = a + 2b (conforme figura 8.5)

Admitindo uma face “a” adjacente à guia, vem, para b = 0,29 m (padrão):

P = a + 2.b 1,75 = a + 2 . 0,29

a = 1,75 - 0,58 = 1,17 m

Utilizam-se duas grelhas padrão (0,29m de largura e 0,87m de comprimento)

c) Como boca de lobo combinada (Figura 8.6)

Admitindo-se boca de lobo de guia padrão:


h = 0,15 m
L = 1,0 m
E admitindo boca de lobo de grelha padrão:
a = 0,87 m
b = 0,29 m
Obtém-se para BL guia (caso a, pág. 81):

Q = 1,7 . L . Y3/2 = 1,7 . 1,0 . (0,10)3/2 = 0,054 = 54 l/s

Resultando para BL grelha:

Q = 1,7 . P . Y3/2 = 1,7 . ( 0,87 + 0,58 ) . ( 0,10 )3/2 = 0,078 = 78 l/s


como:
Qglobal = 54 + 78 = 132 l/s  94 l/s (ok)

8.2.3. Capacidade de engolimento em pontos intermediários das sarjetas

Engolimento pelas BL em pontos intermediários das sarjetas, é o caso em que as sarjetas


estão em ruas em declive, e toda a vazão aflui à sarjeta por um único lado. Neste caso as
BL são dimensionadas para engolir de 90 a 100 % da vazão afluente. A vazão não captada
escoará pela sarjeta em direção à BL seguinte. Cabe ressaltar que, por segurança, todas
as BL devem ser dimensionadas considerando uma redução no valor teórico de
esgotamento, como sugerido mais adiante, na tabela 8.4.

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8.2.3.1. Engolimento por boca de lobo simples com depressão (a)

Obs: se L2 = 4a, e a = b, a primeira equação apresentada no item 8.2.3.1 terá uma outra
forma, como apresentado em Drenagem Urbana, Manual de Projeto – CETESB, 1986,
pag. 287.

8.2.3.2. Engolimento por boca de lobo simples sem depressão (a=0)

Neste caso, C = 0, y = y0 e tgӨ = tgӨ0. Os valores de K são função de tgӨ0, como


segue:
Tabela 8.4: Valores de K em função de tgӨ

tg Ө0 KK
12 0,23
24 0,20
48 0,20

Obs: Ө e Ө0 são apresentados na Figura 8.9. A vazão admitida pela BL, será dada por:

Onde: Z = tanӨ, e:

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Figura 8.9: Bocas de lobo simples (ou de meio-fio), em pontos intermediários de sarjetas.

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8.2.4: Compensações em aberturas de BL por obstruções por detritos


Seguramente você já deve ter notado como a vazão que escoa pelas sarjetas causa
obstruções na entrada das bocas de lobo, devido aos detritos carreados pelas águas. Isto
pode ser observado nas duas figuras abaixo.

Figura 8.10a: Boca de lobo do tipo “meio-fio” obstruída por resíduos.

Figura 8.10b: Boca de lobo do tipo “ralo de sarjeta” obstruída por resíduos.

As fórmulas que utilizamos para dimensionar a abertura das BL são válidas para quando
elas estiverem totalmente desobstruídas. Naturalmente que os projetistas devem
considerar percentuais de obstruções razoáveis, e assim majorar as dimensões
resultantes dos cálculos. A tabela 8.3 nos disponibiliza dois locais alternativos para as
BL, e diversos tipos das mesmas, sugerindo percentuais de esgotamento sobre o valor
teórico resultante de fórmulas.
Obs: Um percentual de esgotamento de 80% equivale admitir uma obstrução de 20%.

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Tabela 8.3: Percentual de esgotamento (coeficientes de redução) nas BL devido a


obstruções por detritos, irregularidades nos pavimentos e hipóteses de cálculo não
correspondendo à realidade
Local da BL Tipo de BL % de esgotamento sobre o
nas sarjetas valor teórico
Ponto baixo Simples* 80
Com grelha 50
Combinada 65
Ponto Simples 80
intermediário Grelha longitudinal 60
Grelha transversal, ou longitudinal com
barras transversais 50
Combinada 110% dos valores indicados
para a grelha correspondente
*: BL simples é a boca de meio-fio, da figura 8.4.

Exercício: Dimensione uma BL simples sem depressão, em ponto intermediário de sarjeta,


para: Q0 = 28 L/s; n = 0,016; i = 0,03m/m; it = 0,02m/m; tg= 24; W= 30cm.Calcule o
comprimento da BL para 90% e 100% de esgotamento do valor teórico (sem detritos...)

Solução: As vazões para 90% e 100% de esgotamento do valor teórico, serão:

Q90 = 28/0,9= 31 L/s


Q100 = 28/1,0 = 28 L/s

Com o emprego das equações apresentadas no item 8.2.3.2, tem-se:


Z  tan = 30/1,25 = 24
Arbitram-se valores para y (como é sem depressão, y = y0)

a) Dimensionamento para Q = 31 L/s (admissão de 90% da vazão teórica)

Para y = 4 cm, tem-se: (na fórmula abaixo entra a declividade longitudinal “ï” da sarjeta,
bem como a declividade perpendicular, esta na forma da variável Z)

Z 24
Q  0,375   y8 / 3  i1/ 2 = 0,375  0,048 / 3  0,031/ 2 = 0,018m3/s = 18 L/s
n 0,016
Para y = 4,9 cm, tem-se:
24
Q  0,375  0,0498 / 3  0,031/ 2 = 31 L/s
0,016
Q
Então:  K  y 0 g  y0 , onde K = 0,20, em função de tan0 = 24 (tabela 8.4)
L
Q
 0,20  0,049  9,81 0,049 = 0,0068 m3/s.m = 6,8 L/s.m
L
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Para Q/Q0 = 90%, tem-se L = (31L/s)/(6,8 l/s.m) = 4,56 = 4,6m (largura BL, com y =
4,9cm). Adota-se uma altura para a abertura de 14cm, que é um valor usual.

b) Dimensionamento para Q = 28L/s (admissão de 100% da vazão teórica)

Para y = 4,7 cm, tem-se:


24
Q  0,375  0,0478 / 3 0,031/ 2 = 28 L/s
0,016
Q
Então:  K  y 0 g  y0 , onde K = 0,20, em função de tan0 = 24 (tabela 8.4)
L
Q
 0,20  0,047  9,81 0,047 = 0,0064 m3/s.m = 6,4 L/s.
L

Para Q/Q0 = 100%, tem-se L = (28L/s)/(6,4 l/s.m) = 4,38m (largura da boca de lobo,
com lâmina y = 4,9cm). Adota-se uma altura para a abertura de 14cm, que é um valor
usual.

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8.2.4. Soluções inovadoras

Algumas cidades estão adotando soluções inovadoras para as sarjetas de drenagem


pluvial, e com isto criando um sistema viário mais confortável, pois não mais existe
desnível entre o passeio e o leito carroçável das ruas, onde circulam os veículos. As
figuras a seguir ilustram esta situação adotada em Buenos Aires, Argentina.

Figura 8.11: Canaletas contínuas, cobertas por Figura 8.12: ...tornam-se praticamente à prova das
grades em toda a sua extensão... obstruções por resíduos, que afetam as bocas de
lobo tradicionais.

Figura 8.13: Sarjeta inovadora, no centro do passeio, com duas declividades opostas em
direção ao centro do passeio, em Buenos Aires.

Houve um tempo em que, em Porto Alegre, os passeios eram impermeabilizados em toda


a sua largura. Atualmente, em função de sua largura, o mesmo conta com uma ou duas
faixas permeáveis. A Figura 8.14 apresenta um passeio em Porto Alegre com duas faixas
permeáveis.

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Figura 8.14: Passeio com atenções visando incrementar


a permeabilidade em pavimentos urbanos.

Em Porto Alegre foi testada uma boca de lobo adaptada para reter resíduos. Ela pode ser
apreciada nas Figuras 8.15 até 8.18, e tem uma plataforma retentora de resíduos no
interior da caixa. A limpeza desta boca de lobo pode ser feita rápida e seguramente,
dispensando a remoção das tradicionais lajes de concreto que cobrem a caixa da boca de
lobo. Esta boca de lobo agrega valor paisagístico aos passeios e sua cobertura vegetal
subsiste pelo menos uma semana sem irrigação, graças às atenções para com o meio que
aloja o sistema radicular da vegetação.

Figura 8.15: BL antes da adaptação, com Figura 8.16: ...e após, notando-se que duas das
cobertura de quatro lajes de concreto... lajes que cobriam a caixa foram suprimidas.

Figura 8.17: Com a simples remoção dos painéis Figura 8.18:...facilitado, para que os resíduos
laterais, o acesso ao interior da caixa é... retidos possam ser retirados.

O aluno Pedro Petroli, a quem orientei no TCC, projetou uma variante da boca de lobo
acim. Aprecie-a no link: http://avasan.com.br/pdf/aemadilha_A02-A01-01.pdf
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8.3 GALERIAS CIRCULARES

Há duas hipóteses para locação de coletores de águas pluviais: ou sob o passeio, ou sob o
eixo da via pública. O recobrimento mínimo sugerido é de 1,00m sobre a geratriz superior
externa do tubo, devendo permitir a ligação dos tubos de escoamento das bocas de lobo,
cujo recobrimento mínimo é de 0,60m.

8.3.1 Aspectos gerais

Da hidráulica sabemos que:


Q=A.V V = RH2/3 . I1/2
e ou V = K . RH2/3 . I1/2
n
Sabe-se também que, em um tubo funcionando à seção plena, tem-se:
RH = D/4

Deduz-se assim uma equação para “D”:


2 1 2
1
(𝑅𝐻)3 (𝐼)2 1 𝐷 3
Q = A.V; 𝑉= 𝑉= ( ) (𝐼)2
𝑛 𝑛 4
2 1 8
1
𝜋.𝐷2 1
𝐷 3 𝜋 (𝐼)2 .𝐷 3
Q=(
4
) . 𝑛 . ( 4 ) . (𝐼)2 = .
𝑛 5
(4)3
3
5 8
3 3
(43 .𝑄. 𝑛)
𝑄. 𝑛 8 𝑄 8
𝐷= 1 = 1,5483( 𝐈𝟏/𝟐 ) , ou.....𝐷 = 1,5483 ( 1 )
𝜋(𝐼)2 𝐾 . 𝐼2

Seja calcular a galeria circular necessária para a condução da vazão de 94 l/s, sendo I=
0,001 m/m. Adotar “n” de Manning igual a 0,013 (equivaleria a “K” de Strickler-Manning
igual a 76,9).

8.3.2. Modelo de cálculo para determinação de vazões de galerias pluviais em áreas


urbanas

O modelo adotado é o chamado Método Racional, dado pela expressão:

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Q = 2,78 . C . I . A
onde:
Q = vazão, em l/s;
C = coeficiente de escoamento superficial (adimensional), coeficiente de Runoff;
I = intensidade de chuva, mm/h;
A = área da bacia, em ha.
A intensidade de chuva I (equação anterior) é particular para cada localidade. A figura
seguinte apresenta as curvas de intensidade (I) e duração, para diversos períodos de
recorrência em Porto Alegre.

Figura 8.19: Curvas intensidade x duração x freqüência para Porto Alegre-RS.


(Fonte: DMAE).

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Cada par de bocas de lobo é ligado a um PV, conforme observa-se na figura 8.3. O
espaçamento entre pares de bocas de lobo deve ser  50 m.

As caixas de ligação, observadas na figura 8.3, são usadas quando são necessárias bocas
de lobo intermediárias em uma quadra, para evitar chegar a um PV com mais de quatro
tubos. As caixas de ligação diferem de um PV por não serem visitáveis.

A distância máxima entre PV é referida na tabela 8.5, que vale para São Paulo. Cada
município costuma ter distâncias limite próprias, geralmente inferiores as da tabela 8.5.
Em Porto Alegre, por exemplo, o caderno de encargos do DMAE, estabelece a distância
entre PV no item 5.16, anexos 5.12 a 5.18. O referido caderno pode ser baixado pela
Internet do site do DEP ou do site da ABTC.
http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/dep/default.php?p_secao=47
www.abtc.com.br/publicacoes/1.pdf

Tabela 8.5: Distância máxima entre PVs (fonte: DAEE/CETESB, 1980).


D(m) Distância máxima (m)
0,30 120
0,50 150
≥1,00 180

A chuva de projeto deve ser adotada para um período de retorno ou de recorrência de 5


anos; a sua duração, que se confundirá com o tempo de concentração, deve ser fixado
para as cabeceiras de rede em 10 minutos.

O tempo de percurso em cada trecho é dado pela expressão:


tp = L
V . 60
onde:
tp = tempo de percurso, em minutos;
L = comprimento do trecho, em m;
V = velocidade no trecho, em m/s.

De uma curva Intensidade/Duração/Frequência, retira-se para 10 minutos e período de


retorno de 5 anos, a intensidade da chuva de projeto, e com a definição do coeficiente de
runoff e da área de drenagem, calcula-se a vazão a ser drenada. A medida que se avança
nos trechos, o tempo vem sendo acumulado (tempo de duração = tempo de concentração),
de forma que a intensidade da chuva diminui (é uma exponencial inversa). Quando se
encontra um PV que recebe concomitantemente vazões de vários trechos, não se somam
esses tempos, mas adota-se àquele de maior valor; isso leva a uma chuva de menor
intensidade, mas como as áreas drenadas vêm sendo acumuladas, a vazão cresce.

Para bacias externas grandes, pode-se adotar como tc = td inicial a: (Fórmula de Kirpich)
0,385
𝐿3
𝑡𝑐 = 57. ( )
𝐻
Onde:
L = comprimento do talvegue em km;
H = máximo desnível ao longo de L, em m

19
IPH 212 B 2023/01 Capítulo 8 Gino Gehling.

O coeficiente de runoff varia de 0,10 a 0,95, sendo comum a adoção de valores como 0,60 e
0,70. As chuvas de projeto podem ser obtidas das curvas constantes do Manual de
Drenagem Urbana da CETESB, onde as mesmas constam em mm/min (basta transformá-
las em mm/h).

Exercício: Aqui será abordada a rotina de dimensionamento hidráulico de galerias pluviais,


considerando-se a planta apresentada, da cidade de Alegrete-RS. T = 5 anos;
c = 0,60 (runoff). Obs: este exercício, que se desenvolve daqui até página 28, é comentado no
Moodle em uma apresentação ppt com áudio.
60m 60m 60m

50 m
A 1 A4 A 7 [
BL
A1....A9:
C áreas contribuição
aA1 = A4 = A7
[ PV1 [ [ PV3-1 [ [ PV4-1 [ p
60 m

A3
1
A2 C
a
[p
t
C
a
p[
tC A6
A5
C
a
p[
t
C
a
p
[
t A9
A8
C
a
p
[
t
C
a
[p
t sarjeta
tA2 = A5 = A8
u2A3 = A6 =A9
r
[ C [ C C [ C C e
u
C au u
PV2 a
C u
a PV3 ua C a au
a pr rp a rp rp a r PV4 r sarjeta a
p p
[p [p e
[p te et et e
t t te
Ct u C
t Ct a
u u u u u
au au a
au ra ar a
r
a
r r ra t
pr e p
r pr e
e e e e e
te a a te a a te a a n
u u t
u at ta ta t
a a at ç
ra e e ra e e ra e e ã
e e n
e an na n
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o
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ã ã ãd l
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o o oo e
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tl tl tl tl l lt
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e e eo c
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oe ir ri e ri ri i ir o
i t t i t t i t t m
lt lt c
lt oc co c
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eo ro or or o
r r ro u
ir m m ir m m ir m m m
t c t t a
c c c c c
o oc u
oc ou uo uo
c u
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ro mm m ro
m m ro m m ó
m m m m m
ma a ma a ma a t
c u c c i
u u u u u
ou mó óm o
u óm ó ou ó ó m
m m m
m mm ta
m at ta m ta ta at a 20
a i i a i i a i i
u m u m
u óm mó ó m
ó ó óm c
m mó at
mó ta at ó at a
t ta i
at i at at t
i i i i i
IPH 212 B 2023/01 Capítulo 8 Gino Gehling.

Arquivo: “Parte I-Exerc_rede-item_8.3.4” (Base para gerar apresentação ppt com áudio)
8.3.4. Dimensionamento hidráulico de um sistema de drenagem pluvial

Neste exercício procederemos ao dimensionamento hidráulico das galerias de concreto armado do


sistema de drenagem pluvial de um setor do município de Alegrete-RS. Saiba que as intensidades de
chuva variam muito significativamente de um município para outro, mesmo no estado do Rio Grande
do Sul. Adotaremos um período de retorno TR = 5anos (valor adotado praticamente sempre) e um
coeficiente de run off “C” = 0,60.

Para o recobrimento mínimo da geratriz superior externa dos tubos, por ser um exercício, adotaremos
1,00m. Mas os editais fixam este valor, geralmente em torno de 1,30m.

PV = Poço de visita: Nos editais deve constar a distância máxima entre PV sucessivos. Os mesmos
servem dar acesso à rede para atividades de desobstrução, bem como permitir a mudança de direção
dos tubos, tanto na horizontal, como na vertical.

Figura 8.20: Rede de drenagem pluvial em Alegrete-RS

Obs: A1 = A4 = A7
A2 = A5 = A8
2A3 = A6 = A9

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IPH 212 B 2023/01 Capítulo 8 Gino Gehling.

Áreas de contribuição para os trechos de galerias pluviais


Trecho PV1-PV2: A1 = 50mx60m = 3.000m2 = 0,30ha
Trecho PV3-1-PV3: A4 = 50mx60m = 3.000m2 = 0,30 ha
Trecho PV4-1-PV4: A7 =50mx60m = 3.000m2 = 0,30 ha

Cotas do terreno nos PV Declividades do terreno entre PV


PV1 = 99,60 PV1-PV2 = (99,60-99,00)/60 = 0,0100
PV2 = 99,00 PV2-PV3 = (99,00-98,00)/60 = 0,0167
PV3 = 98,00 PV3-1-PV3 = (98,60-98,00/60 = 0,0100
PV4 = 97,00 PV3-PV4 = (98,00-97,00/60 = 0,0167
PV5 = 96,00 PV4-1-PV4 = (97,60-97,00/60 = 0,0167
PV3-1 = 98,60 PV4-PV5 = (97,00-96,00/60 = 0,0167
PV4-1 = 97,60

A8=A5=A2= 60 (60+5)/2 1.950m2≈ 0,20ha


A3 = 60 (30-5)/2 + (15).(30) + 5.(5/2).2 = 0,12ha
A6 = A9 = 2A3 = 2. 0,20 ha = 0,40 ha
Trecho PV2-PV3: APV2-PV3 = A1+A2+A3 = 0,30+0,20+0,12 = 0,62 ha
Trecho PV3-PV4: APV3-PV4= APV2-PV3 + A4 + A5 + A6 = 0,62+0,30+0,20+0,40 = 1,52 ha

Áreas de contribuição acumuladas para os trechos:


PV1-PV2 = 0,30 ha
PV2-PV3 = 0,30+0,20+0,12 = 0,62 ha
PV3-1-PV3 = 0,30 ha
PV3-PV4 = 1,52 ha
PV4-1-PV4 = 0,30 ha
PV4-PV5 = APV3-PV4 +A9+A7+A8=1,52+0,40+0,30+0,20 = 2,42 ha

Trechos PV1-PV2, PV3-1-PV3, PV4-1-PV4

Estes três trechos são trechos de cabeceira, logo, o tempo de concentração (Tc) para que a chuva que
caia mais distante da primeira boca de lobo ingresse na mesma é sempre de 10 minutos. Este tempo
é aplicado a todos os trechos de cabeceira, a menos que o município estabeleça um valor diferente.

Tc = 10 min; logo, entrando com este valor na tabela 8.7, e buscando a coluna do Período de
Retorno 5 anos, temos uma intensidade de chuva de 2,947 mm/min (ou 177mm/h), que será
considerada a seguir para determinar a vazão de projeto (Qproj), ou seja, a Vazão de Contribuição
(Qc):

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IPH 212 B 2023/01 Capítulo 8 Gino Gehling.

I = (2,947mm/min).(60min/h) = 177mm/h
Qproj = Qconcentração = 2,78.C.I.A = (2,78).(0,60).(177mm/h).(0,30ha) = 88,6 L/s

O diâmetro D, para que o tubo escoe a vazão de projeto à seção plena será, aplicando a equação que
explicita o diâmetro, deduzida na página 110:
𝑄 0,086
𝐷 = 1,5483 ⟮ 𝐾∙ 𝐼1/2 ) ⟯3/8 = 1,5483⟮ 76,9∙ 0,011/2 ) ⟯3/8 = 0,29mAdotar D = 0,30m

Devemos checar, para o diâmetro comercial adotado de 0,30m, os parâmetros hidráulicos FH, RH/D,

velocidade “v” e o tempo de percurso no trecho (tp)


𝑄 0,0866
FH = 𝐾.𝐷8/3 . = 76,9 .(0,30)8/3 .(𝐼)1/2 = 0,2858
𝐼 1/2

Pela tabela de dimensionamento de redes de esgotos sanitários, para FH = 0,2858, obtemos:

RH/D = 0,3017 ⸫ RH = (0,3017).(0,30) = 0,0905


h/D = 0,75 ⸫ h = (0,30) (0,75) = 0,225m =

Avelocidade de escoamento “V”, será dada por:

V = K. I1/2.(RH)2/3 = (76,9).(0,01)1/2. (0,0905)2/3 = 1,55 m/s

O tempo de percurso (tp) para o escoamento confinado no trecho D= 0,30m, será:

tp= (L)/(V.60s/min) ⸫ tp= (60m)/(1,55m/s.60s/min) ⸫ tp= 0,65 min

A cota da lâmina d´água a jusante do trecho 1-2, será:

Cota lâmina Jus1-2 = NT – Rec – (espessura parede tubo) - D +h

Cota lâmina Jus1-2 = 99,00 – 1,00 – 0,03 – 0,30 + 0,225m =97,895m

A cota da lâmina a jusante dos trechos PV3-1-PV3 e PV4-1-PV4 é calculada de forma análoga,
resultando em:
PV3-1-PV3=98,00 – 1,00 – 0,03 – 0,30 + 0,225m = 96,895m
PV4-1-PV4=97,00 – 1,00 – 0,03 – 0,30 + 0,225m = 95,895m

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Trecho PV2-PV3
O tc no trecho PV2-PV3 será a soma dos 10 min necessários para o ingresso das águas que escoam
superficialmente na cabeceira (PV1), mais o tempo de escoamento confinado no trecho PV1-PV2:
Tc =10min + 0,65min = 10,65min

Para o valor do Tc acima, devemos buscar na tabela as intensidades para os TC de 10min e 15 min, e
interpolar para obtermos a intensidade para Tc= 10,65 minutos.

10 min..........2,947 mm/min x 60 min/h ≈ 177mm/h


15min.........2,378 mm/min x 60 min/h ≈ 143 mm/h

10min............177mm/h
15min..........143mm/h
5min -34mm/h
5min__________-34mm/h
0,65min_______X mm/h X = -4,42mm/h

Assim, a intensidade de chuva a considerar será:


I = (177 – 4,42) mm/h = 172,58mm/h ≈ 173 mm/h

Qproj = Qc = 2,78.C.I.A = (2,78).(0,60).(173mm/h).(0,70ha) = 202,0 L/s

O diâmetro D, para que o tubo escoe a vazão de projeto à seção plena será:
(0,2008)
𝐷 = 1,5483⟮ ⟯3/8 ⸫ D = 0,36m Adotar D = 0,40 m
76,9∙(0,0167)1/2

Para o D comercial 0,40m adotado, devemos recalcular os parâmetros hidráulicos FH, V, tp

𝑄 0,2020
𝐹𝐻 = = = 0,2340
𝐾. 𝐷8/3 . 𝐼1/2 76,9 . (0,40)8/3 . (0,0167)1/2

Para FH = 0,2337, temos a leitura na tabela 6.1: RH/D = 0,2882 ⸫RH = (0,2882)(0,4)= 0,1153
h/D = 0,65⸫ h = (0,4)(0,65) = 0,260m

V = K. I1/2∙(RH)2/3

V = (76,0)∙(0,0167)1/2∙(0,1145)2/3 = 2,35 m/s

tp = 60/(2,34∙60) = 0,43 min

Cota lâmina Jus2-3= NT – Rec – (espessura parede tubo) - D + h

Cota lâmina Jus2-3= 98,00 – 1,00 – 0,04 – 0,40 + 0,260m =96,820m

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Trecho PV3-PV4
O tc na cabeceira do trecho PV3-PV4 será a soma do tc na cabeceira do trecho PV2-PV3 mais o tp no
mesmo;
Tc =10,65min + 0,43min = 11,08min (o Tc excede 10min em 1,08min)

Com os dados de intensidade da tabela da tabela 8.7, por interpolação como demonstrado a seguir,
tem-se I = 170 mm/h. Mas atente: A tabela apresenta dados em mm/min, e devemos expressar as
intensidades em mm/h, para entrar na fórmula da vazão de projeto (Qproj).

10 min..........2,947 mm/min x 60 min/h ≈ 177mm/h


15min.........2,378 mm/min x 60 min/h ≈ 143 mm/h

10min............177mm/h
15min..........143mm/h
5min -34mm/h
5min__________-34mm/h
1,08min_______X mm/h X = -7,34mm/h

Logo, X ≈ 170mm/min – 7,34mm/h ≈170mm/h (expressar sem decimais para entrar na fórmula da
Qproj)

Qproj = Qc = 2,78.C.I.A = (2,78).(0,60).(170mm/h).(1,52ha) = 431,0 L/s

O diâmetro D, para que o tubo escoe a vazão de projeto à seção plena será:
(0,4310)
𝐷 = 1,5483⟮ ⟯3/8 ⸫ D = 0,48m Adotar D = 0,50 m
76,9∙(0,0167)1/2

Para o D comercial 0,50m adotado, devemos recalcular os parâmetros hidráulicos FH, V, tp

𝑄 0,4310
𝐹𝐻 = = = 0,2754
𝐾. 𝐷8/3 . 𝐼1/2 76,9 . (0,50)8/3 . (0,0167)1/2

Para FH = 0,2754 temos a leitura na tabela 6.1: RH/D = 0,2998⸫RH = (0,2998)(0,5)= 0,1500
h/D = 0,73⸫ h = (0,5)(0,73) = 0,365m

V = K. I1/2∙(RH)2/3

V = (76,0)∙(0,0167)1/2∙(0,1500)2/3 = 2,81 m/s

tp = 60/(2,81∙60) = 0,36 min

Cota lâmina Jus3-4= NT – Rec – (espessura parede tubo) - D + h

Cota lâmina Jus3-4= 97,00 – 1,00 – 0,05 – 0,50 + 0,365m =95,815m

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Trecho PV4-PV5
O tc na cabeceira do trecho PV4-PV5 será a soma do tc na cabeceira do trecho PV3-PV4 mais o tp no
mesmo;
Tc =11,08min + 0,36min = 11,44min
Com os dados de intensidade da tabela 8.7, por interpolação, tem-se I = 167 mm/h.

Atente: na medida em que nos deslocamos para jusante, em uma rede de drenagem pluvial, a
intensidade de chuva vai diminuindo...

Qproj = Qc = 2,78.C.I.A = (2,78).(0,60).(167mm/h).(2,42 ha) = 674,1 L/s

O diâmetro D, para que o tubo escoe a vazão de projeto à seção plena será:
(0,6471)
𝐷 = 1,5483⟮ ⟯3/8 ⸫ D = 0,56m Adotar D = 0,60 m
76,9∙(0,0167)1/2

Para o D comercial 0,60m adotado, devemos recalcular os parâmetros hidráulicos FH, V, tp

𝑄 0,6471
𝐹𝐻 = = = 0,2543
𝐾. 𝐷8/3 . 𝐼1/2 76,9 . (0,60)8/3 . (0,0167)1/2

Para FH = 0,2737 temos a leitura na tabela 6.1 dos valores de RH/D e h/D:
RH/D = 0,2948 ⸫RH = (0,2948) (0,6) = 0,1769
h/D = 0,69⸫ h = (0,6) (0,73) = 0,414m

V = K. I1/2∙(RH)2/3

V = (76,0)∙(0,0167)1/2∙(0,1769)2/3 = 3,13 m/s

tp = 60/(3.13∙60) = 0,32 min

Cota lâmina Jus4-5= NT – Rec – (espessura parede tubo) - D + h

Cota lâmina Jus4-5= 96,00 – 1,00 – 0,06 – 0,60 + 0,414m = 94,754m

As tabelas 8.6 e 8.7 são um resumo, apresentando apenas as durações de chuva e períodos de retorno
mais usuais, para efeitos didáticos. A tabela original apresenta Períodos de Retorno de até 100 anos e
duração de chuva até 24 horas.

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Obs: Na prova P2, se tiverem que buscar informações para Alegrete, deverão usar a tabela 8.7.

Tabela 8.6: Posto Alegrete - RS Latitude 29 GR 46 min Longitude 55 GR 47 min


Duração Alturas pluviométricas (mm)
chuva Período de retorno (anos)
(min) 2 5 10 15 20 25 50 100
5 16,7 19,9 22,2 23,5 24,4 25,1 27,2 29,2
10 24,8 29,5 32,9 34,9 36,3 37,3 40,6 43,9
15 30,1 35,7 38,8 42,3 44,0 45,3 49,5 53,8
20 34,3 40,9 45,9 48,8 50,9 52,5 57,5 62,7

Tabela 8.7: Posto Alegrete - RS Intensidades de chuva segundo a sua duração


Duração Intensidade de chuva (mm/min)
chuva Período de retorno (anos)
(min) 2 5 10 15 20 25 50 100
5 3,333 3,982 4,444 4,704 4,884 5,021 5,439 5,848
10 2,476 2,947 3,291 3,487 3,625 3,731 4,059 4,367
15 2,004 2,378 2,657 2,819 2,933 3,023 3,302 3,587
20 1,716 2,046 2,295 2,440 2,543 2,624 2,877 3,138

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0,414 95,754 94,754

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