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Universidade do Estado do Pará

Campus XII – Tapajós – Santarém/PA


Centro de Ciências Sociais e da Educação – CCSE
Departamento de Artes – DART
Licenciatura em Música
Disciplina: Música no Brasil I
Prof. Nato Aguiar
Aluno (a) Lua Felipe Silva De Andrade
Turma: 2018. Data: 16/11/2021

Olá. O comando desta avaliação foi formulado a partir dos seguintes textos da apostila
do prof. Paulo Castaῆa:
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MÚSICA (ERUDITA) NO BRASIL (texto 01);
MÚSICA INDÍGENA E AFRO-BRASILEIRA: RELATOS E ICONOGRAFIA DOS
SÉCULOS XVI E XVII (texto 02);
A MODINHA E O LUNDU NOS SÉCULOS XVIII E XIX (texto 09);
A IMPERIAL ACADEMIA DE MÚSICA E ÓPERA NACIONAL E A ÓPERA NO BRASIL
NO SÉCULO XIX (texto 10).

Assim, responda (com suas palavras) às questões propostas abaixo e encaminhe sua
avaliação devidamente respondida para o seguinte e-mail: nonato.aguiar@euepa.br
até às 23h e 59m do dia 21/11 (próximo domingo).

1) De acordo com o texto INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MÚSICA (ERUDITA)


NO BRASIL, a maior dificuldade para se compreender a música do Brasil é a
não exata correspondência entre o nosso passado sonoro e os fenômenos
normalmente descritos na história oficial da música europeia. Sendo assim,
quais os fatores que impactam nessa dificuldade?
O texto de Castaña afima que como fatores determinantes dessa
diferenciação, podemos ressaltar o pequeno destaque que o país ocupou na
economia mundial (à exceção de períodos marcados pela intensa exploração
da cana de açúcar, do ouro, da borracha e do café), a diversidade étnica que
sempre constituiu a população brasileira, a produção musical raramente
vinculada à mesma quantidade de recursos que movimentaram a música
européia e a assimilação de bases estéticas de origem diversa, inicialmente de
Portugal, país no qual a música evoluiu de forma bem diferente daqueles cuja
produção hoje tomamos por modelos históricos: Itália, França, Áustria e
Alemanha.

2) Se, no século XVIII, no âmbito da música popular, tivemos Domingos Caldas


Barbosa como o nosso principal compositor da modinha brasileira, no campo
da música erudita, qual foi o compositor brasileiro mais importante do século
XVIII e quais compositores europeus o influenciaram?
R: segundo Castaña, no Rio de Janeiro, José Maurício Nunes Garcia iniciou
sua atividade composicional em 1783, filiando-se basicamente ao classicismo
luso-italiano, mas também com a utilização de alguns elementos musicais de
origem austríaca, próximos a autores como Franz Joseph Haydn (1732-1809),
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), Ignaz Joseph Pleyel (1757-1831) e
Sigismund Neukomm (1778-1848), este último tendo residido no Rio de Janeiro
entre 1816-1821.
3) No campo das artes, e principalmente da música, o que mudou no cenário local
com a chegada da família Real em 1808?

A chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, não resultou apenas em


mudanças econômicas e políticas, principalmente com a abertura dos portos às
nações amigas e com a elevação do Brasil a vice-reino. A chegada de D. Maria
I e D. João VI ao Brasil provocou também uma mudança cultural na sociedade
do Rio de Janeiro. No que se refere à música no período joanino, é de se
salientar a introdução da estética musical erudita em uma cidade acostumada
com a sonoridade produzida pelas classes populares. D. João VI era um
amante da música e ainda em Portugal frequentava concertos e eventos na
Capela Real e em Mafra. Ao transferir a Corte para o Brasil, trouxe também
uma série de músicos que residiam em Lisboa. Durante a chegada ao Rio de
Janeiro, foi recebido por um cortejo da Irmandade de Santa Cecília, entoando
cânticos sacros. Mas foi um padre brasileiro, mulato, que inicialmente se
ocupou do cargo de organista da Capela Real. O padre José Maurício era já
conhecido por seu gosto musical, bem como por suas composições e pelos
ensinamentos dados a jovens músicos. Outro nome que se destacou na cena
musical erudita do período joanino foi o de Marcos Antônio Fonseca Portugal, o
mais importante músico português do período. Com uma formação realizada na
Itália, Marcos Portugal compôs diversas óperas. Esse estilo musical era muito
admirado por D. João VI, que chegou a trazer da Itália diversos
sopranos castrati para participar das encenações.Ainda no que se refere à
música erudita, é de se destacar também a presença de Segismund von
Neukomm, um pianista austríaco, discípulo de Joseph Haydn, representante do
classicismo vienense. A presença dessas três figuras operou uma mescla de
influências musicais no período, entre a música colonial, o operismo italiano e o
classicismo vienense.

4) Comente sobre a importância de Carlos Gomes para consolidação da música


erudita (clássica) brasileira no século XIX.

R: Carlos Gomes (1836-1896) foi um compositor brasileiro, autor da ópera O


Guarani, inspirada no romance do escritor José de Alencar. Foi considerado o
maior compositor lírico das Américas. Foi o segundo nome mais encenado no
Teatro Alla Scala de Milão, atrás apenas de Giuseppe Verdi. Em 1859, Carlos
Gomes entrou para o Conservatório de Música do Rio de Janeiro. No mesmo
ano, junto com Bittencourt Sampaio, compôs o “Hino Acadêmico”, que foi
adotado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Lecionava piano
e canto e junto com o pai, se apresentava em concertos em São Paulo. Em
1860 compôs a modinha “Quem Sabe?” (“Tão longe de mim distante / Onde
irá, onde irá teu pensamento”). No dia 4 de setembro de 1861, no Teatro da
Ópera Nacional, foi apresentada, “A Noite do Castelo”, a primeira ópera do
compositor, baseada nos poemas da obra de Antônio Feliciano de Castilho. A
apresentação foi um grande sucesso nos meios musicais do país. O Imperador
Dom Pedro II o agraciou com a “Imperial Ordem da Rosa”. No dia 15 de
setembro de 1863 Carlos Gomes apresenta sua segunda ópera “Joana de
Flandres”. No dia 8 de novembro de 1863, com uma carta de recomendação
assinada pelo Imperador, Carlos Gomes partiu para a Europa, se dirigindo para
Milão. Foi aluno do compositor Lauro Rossi, que ficou encantado com o jovem
aluno. Em 1866 Carlos Gomes recebeu o diploma de mestre e compositor e o
elogio de todos os professores. No dia 1 de janeiro de 1867, estreou no Teatro
Fossetti com a peça musicada “Se Se Minga”. Em 1968, apresenta “Nella
Luna” no Teatro Carcano. Com a ópera que narra o romance entre Ceci, filha
de um fidalgo português, e Peri, o índio herói, Carlos Gomes colocou o Brasil
no mapa cultural europeu, que o imortalizou. O sucesso europeu da ópera “O
Guarani” se repetiu no Brasil. No dia 2 de dezembro de 1870, no aniversário de
Dom Pedro II, a ópera foi apresentada no Teatro Lírico do Rio de Janeiro,
quando o compositor viveu intensa emoção e consagração. No ano seguinte,
ao retornar A Milão, casa-se com a pianista Adelina, com quem teve cinco
filhos, mas que sobreviveu apenas Ítala Gomes. Com a proclamação da
república, Carlos Gomes perdeu o apoio oficial e a esperança de ser nomeado
diretor da Escola de Música do Rio de Janeiro. De volta à Milão, estreou a
ópera "O Condor" (1891), no Scala de Milão, onde apresentou uma forma mais
próxima do recital moderno.

5) Na colônia do Brasil, a música europeia foi difundida em todos os núcleos


populacionais. Quais foram esses núcleos?
R: Entre os núcleos populacionais nos quais foram documentadas práticas
musicais, podemos destacar as áreas indígenas, os aldeamentos jesuíticos, as
áreas urbanas (como povoados, arraiais, vilas e cidades), as áreas rurais
(compreendendo as regiões de extrativismo, de mineração, as pastagens, as
áreas de exploração bandeirante, as pequenas e as grandes propriedades
agrícolas (engenhos), com sua casa grande, senzala e área de plantio.
6) Sobre a música indígena, não havia interesse de pesquisa por parte dos
europeus, a necessidade de documentá-la era mais em função de justificar o
porquê da ocupação das terras do Brasil. Mesmo assim, alguns registros
merecem destaque. Quais são esses registros?
R: As informações sobre a prática musical desse período provém de registros
de natureza diversa, como a iconografia musical (pinturas, esculturas,
ilustrações em papel, etc.), os relatos (textos descritivos sobre usos e
costumes locais) e os documentos oficiais (inventários, testamentos, certidões,
provisões, etc.).
7) Caracterize a moda e a modinha.
R: A moda, em Portugal no séc. XVIII, foi um tipo genérico de canção séria de
salão, que incluía cantigas, romances e outras formas poéticas, compostas por
músicos de alta posição profissional. As modas foram tão comuns em Portugal
no reinado de D. Maria I que popularizou-se o dito de que na corte dessa
rainha “era moda cantar a moda” (ENCICLOPÉDIA, v.1, p.494).
A origem da modinha está relacionada um fenômeno europeu - e não apenas
português - da segunda metade do século XVIII. Com a progressiva ascensão
da burguesia e, consequentemente, com a mudança de hábitos da nobreza,
surgiu uma prática musical doméstica ou de salão destinada a um
entretenimento mais leve e menos erudito que aquele proporcionado pela
ópera e pela música religiosa. Assim, a música doméstica urbana, praticada
por amigos e familiares em festas ou momentos de lazer, privilegiou formas de
pequeno número de intérpretes, de fácil execução técnica e de restrito apelo
intelectual.

8) Segundo o comentário de Ribeiro dos Santos, quais as diferenças entre a


moda brasileira e a portuguesa?
O texto de Ribeiro dos Santos, especialmente em seu final, informa com precisão qual
era a novidade, nas modas brasileiras, em relação às portuguesas: os assuntos
amorosos, tratados com ousadia e permissividade. No aspecto melódico, entretanto,
pouco deveriam diferir das modas em uso, mantendo as melodias derivadas das árias
e duetos operísticos. Por isso, Ribeiro dos Santos admira “a facilidade da sua veia, a
riqueza das suas invenções, a variedade dos motivos que toma para seus cantos, e o
pico e graça dos estribilhos e retornelos com que os remata”.

9) Fale sobre a importância de Domingos Caldas Barbosa para a consolidação da


modinha brasileira no cenário da música popular.
R:A história e a obra de Domingos Caldas Barbosa nos colocam diante de um
Brasil colonial marcado pela forte oposição entre cultura popular tropical e
cultura erudita europeia. O lugar da arte na sociedade lusitana e na brasileira
tinha que se haver com a força repressiva dos cânones, com a censura política
desfigurante do poder monárquico e com o desprezo racista das elites. É nesse
contexto que surge a figura de Caldas Barbosa, mestiço, violeiro, compositor
de modinhas e lundus, poeta satírico e talvez o mais famoso e reconhecido
nome da música popular brasileira em seus primórdios.
10) Comente acerca do lundu, enfatizando a sua origem e sua diferença entre
lundu instrumental e lundu canção.
R: o “lundu” é considerado um gênero mais sensual, satírico, por vezes até
crítico em relação à sociedade da época, além de possuir melodia e
acompanhamento mais sincopados. Nesse caso, o “lundu” é considerado,
musicalmente, mais próximo dos batuques dos negros. Por sua vez, a
modinha, que também se caracteriza pelo ritmo sincopado, é vista como uma
canção mais lírica, poética e sentimental. O lundu instrumental sobressaía os
instrumentos já no lundu canção as letras das canções tinham mais destaques.
11) Comente sobre a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, enfatizando
a sua fundação, seus objetivos e o seu estatuto.
R: Houve um tempo em que óperas cantadas em português e com temas
inteiramente nacionais não eram artigo raro por aqui. Era uma época em que a
capital do País tentava descobrir a sua vocação cultural, embalada por uma
monarquia tropical que não queria nem podia fazer feio diante das cortes
européias. Assim, há 150 anos, nascia na cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro a Imperial Academia de Música & Ópera Nacional, uma companhia de
ópera cujo objetivo era promover não só os talentos nacionais do canto lírico
como também incentivar uma cena à brasileira. Tudo com o apoio do
imperador d. Pedro II. No pouco tempo em que funcionou, a Imperial Academia
fez história. Sob sua égide foi encenada A Noite de São João, a primeira ópera
brasileira, que contava com libreto de José de Alencar e música de Elias
Álvares Lobo. Também foi nas coxias da cia. Que Carlos Gomes atuou como
ensaiador de cantores e maestro até ser convidado para escrever duas obras
para o grupo - A Noite do Castelo e Joanna de Flandres, seus únicos títulos em
português. De 1857 a 1864, ano de seu término, a cia. Foi palco de muitas
estréias nacionais, sempre com grandes nomes da cena cultural, de Machado
de Assis a Joaquim Manuel de Macedo, Quintino Bocayuva a Manuel Antonio
de Almeida. De lá para cá, nunca houve uma outra iniciativa que incentivasse
da mesma forma uma cena lírica inteiramente nacional.
12) Antes do surgimento do Imperial Conservatório de Música, como era o cenário
do ensino da música no Brasil durante a década de 1840?
R: Durante toda a Idade Média, as representações cênicas eram restritas às
cortes e aos espaços religiosos (incluindo espaços ao ar livre, como o adro das
igrejas ou capelas), não existindo ambientes públicos que se pudessem
denominar teatros. No Renascimento, como decorrência do processo de
urbanização na Europa, começaram a surgir construções simples nas ruas,
destinadas à apresentação de encenações, a princípio abertas mas, no correr
do séc. XVII, foram sendo transformados em edifícios sólidos.
13) Comente sobre a atuação de Francisco Manoel da Silva no cenário da música
brasileira a partir da década de 1840.
R: Francisco Manoel da Silva (1795-1865) foi um maestro, compositor e
professor brasileiro. Foi o autor da melodia do Hino Nacional Brasileiro. Foi um
dos fundadores da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. Em 1831,
para comemorar a abdicação de D. Pero I, ele escreveu uma melodia patriótica
que mais tarde se transformou no Hino Nacional Brasileiro. A letra só foi escrita
depois de 40 anos de sua morte, por Joaquim Osório Duque Estrada. Em 1833
fundou a Sociedade de Beneficência Musical que funcionou até 1890. Fundou
o Conservatório de Música, embrião do Instituto Nacional de Música, que deu
origem à Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em
1932, publicou o seu primeiro livro didático, o “Compêndio de Música Prática”,
dedicado aos amadores e artistas brasileiros. Foi um dos fundadores da
Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. Em 1833 fundou a Sociedade
de Beneficência Musical, da qual foi eleito presidente e que funcionou até
1890. Em 1834 foi nomeado regente titular da Orquestra Sociedade
Fluminense. Fundou o Conservatório de Música, embrião do Instituto Nacional
de Musica, que deu origem à Escola de Música da Universidade Federal do Rio
de Janeiro.Foi diretamente responsável pela restauração da Capela Imperial, à
qual foi devolvido o antigo claustro. Recebeu as condecorações da "Ordem da
Rosa" e de "Cavaleiro da Ordem de Cristo". Francisco Manuel da Silva deixou
boa quantidade de obras, espalhadas em arquivos cariocas, mineiros e
paulistas, abrangendo música sacra, modinhas e lundus. Compôs também
diversos hinos, entre eles: “Hino à Coroação do Imperador D. Pedro II”, (1841),
“Hino a D. Afonso” (1845) e o “Hino da Guerra” (1865).Francisco Manuel da
Silva foi nomeado Patrono da Cadeira n.º 7 da Academia Brasileira de Música.
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de dezembro de 1865.

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