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© Copyright 2013, Eloiza Cristiane Torres.

ELOIZA CRISTIANE TORRES


1ª edição

1ª impressão

(2013)

Todos os direitos reservados, protegidos pela lei 9.610/98.


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expressa autorização da autora.

CAMINHOS PARA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Torres, Eloiza Cristiane

A EDUCAÇÃO xxxxxx. Eloiza Cristiane Torres. Pará de Minas, MG: Editora


VirtualBooks, 2013.14x20 cm. xxxxxp.

AMBIENTAL ISBN

1. Educação. Brasil. Título.

CDD-370
Capa:desenho de Luiz Fábio Torres Justi

_______________
Livro editado pela
VIRTUALBOOKS EDITORA E LIVRARIA LTDA.
Rua Porciúncula,118 - São Francisco
Pará de Minas - MG - CEP 35661-177 -
Tel.: (37) 32316653 - e-mail: capasvb@gmail.com
http://www.virtualbooks.com.br

VirtualBooks

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APRESENTAÇÃO

Vários foram os caminhos que levaram a escolha


do tema Educação Ambiental...Estes caminhos foram
trilhados ao longo dos anos e construídos continuamente,
com bastante solidez.
Um tema como este é o que arrisco chamar de
Sumário “passional-científico”, isto porque aqueles que se dedicam
a tais pesquisas, em primeiro lugar, foram tocadas,
Apresentação 00 sensibilizadas, com a problemática para, deste modo,
1-O ambientalismo 00 iniciarem seus trabalhos.
1.1 O Ambientalismo no Brasil 00 Assim, a estrada foi sendo aberta... a primeira
2-O Ambientalismo e a Educação Ambiental 00 árvore plantada; as passeatas ecológicas do primário; o
3-Entendendo a educação infantil 00 muro da escola pintado com animais em extinção, no
3.1.Breve histórico da educação infantil no Brasil 00 colegial; os ideais ecologistas que foram lapidados e
3.2. O Referencial Curricular Nacional para a tornando-se ambientalistas, na época da graduação; o
Educação Infantil 00 aporte técnico e científico do bacharelado e do mestrado
3.3.As principais correntes na pré-escola 00 para dizer “Sim, é possível. Eu provo.”; o desafio de
3.4. A Proposta Pedagógica para Educação Infantil provar, na prática, nas escolas, tudo aquilo que se
das escolas municipais de Presidente Prudente 00 acredita...
3.5 A Proposta Pedagógica de Presidente Prudente É neste contexto o presente livro foi elaborado e
no que se refere ao ensino de Geografia e Ciências 00 agora, em 2013, foi atualizado. O material apresentado
4-Materiais didáticos como subsídios para a prática neste livro é uma releitura do “Um caminho para fazer
da Educação Ambiental 00 Educação Ambiental” com novas sugestões.
4.1. A sucata como material básico na produção de Trata-se do desafio de apresentar uma proposta de
materiais didáticos 00 Educação Ambiental para professores de educação infantil
4.2. Os jogos e brincadeiras da rede municipal de ensino de Presidente Prudente-SP,
4.3. Os livrinhos como transmissão de informação 00 pautada na observação e análise da realidade local e
4.4. O teatro como forma de desenvolvimento do utilização de material didático como suporte para as
cidadão. 00 atividades desenvolvidas. Esta atividade pode ser adaptada
5-Considerações finais 00 para outras realidades, dando um caráter individualizado às
BIBLIOGRAFIA 00 atividades propostas.
Espera-se ter contribuído, mesmo que
modestamente, para a prática pedagógica destes docentes
e, acima de tudo, ter exaltado a necessidade dos tempos

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atuais, de termos inúmeras práticas em Educação CAPÍTULO 1
Ambiental. O ambientalismo

A preocupação com a degradação ambiental na


A Autora América Latina data da década de 80, juntamente com a
Europa Oriental, ex-URSS e Sul e leste da Ásia.
Precedendo estes países, o Canadá, Europa Ocidental,
Japão, Nova Zelândia, Austrália, na década de 70. Deve-se
observar que estas manifestações foram inspiradas pela
revolução ambiental norte-americana no começo da década
de 60. (Leis & Viola, 1996, p.90)
Decorrente desta preocupação global, têm-se
algumas mudanças de comportamento, que, segundo Leis
& Viola (1996), geram seis grupos básicos, assim temos:

a) As ONG’s (Organizações não-governamentais) e


diverso grupos comunitários pela proteção
ambiental, alguns atuando em escala internacional
como o Greenpeace, World Wildlife Fund (WWF),
Earth Island Institute, entre outros;
b) As agências estatais federais, estaduais e
municipais;
c) Os grupos e instituições científicas que pesquisam
os problemas ambientais, alguns com abordagem
sistêmica;
d) O setor de gerentes e administradores que visam a
implementação de um paradigma para uma gestão
dos processos produtivos, com eficiência do uso de
determinados materiais, conservação de energia e
redução de poluição;
e) O desenvolvimento de um mercado consumidor
verde, que demandaria agricultura orgânica,
reciclagem, reutilização de recipientes, tecnologia
limpa etc.;
f) Em último lugar, agências e tratados internacionais
que teriam a incumbência de equacionar os
problemas ambientais que extravasassem as
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fronteiras nacionais, destacando-se o Programa das desenvolvimento que privilegie uma sustentabilidade
Nações Unidas para o Meio Ambiente (1972) e o social e ambiental.
Protocolo de Montreal (1987). Este anseio por um modelo de desenvolvimento
que seja sustentável, ocupa uma posição importante dentro
A partir da década de 70, observa-se que o do ambientalismo. “As bases consensuais do
ambientalismo transforma-se num movimento desenvolvimento sustentável referem-se ao ideal de
multissetorial. Uma oposição é percebida, sendo que, de harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção
um lado temos os “catastrofistas” remanescentes do ambiental(...)” (Leis & Viola, 1996, p. 93), sendo
relatório “Os limites de crescimento”1, elaborado pelo interessante vermos como o mesmo apresenta-se no caso
grupo de Roma, que acreditavam ser necessário aniquilar o brasileiro.
crescimento econômico e populacional imediatamente a
fim de evitar uma catástrofe ao meio ambiente. Do outro 1.1 O Ambientalismo no Brasil
lado, temos um movimento “gradualista”, pautado na
declaração da Conferência das Nações Unidas sobre Meio O ambientalismo no Brasil inicia-se com caráter
Ambiente e Desenvolvimento Humano, realizada em preservacionista em 1958, quando cria-se a Fundação
Estocolmo, em 1972, que visava desenvolver mecanismos Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN),
de proteção ambiental sobre os problemas decorrentes do permanecendo este caráter com associações mais recentes
desenvolvimento econômico e também mecanismos que como a Fundação Biodiversitas, a Funatura, a Pronatura,
resolvessem a médio prazo a dinâmica demográfica a fim entre outras, sendo que a base para ação é fundada na idéia
de obter uma população mais estável. de que qualquer interferência humana na natureza é
Analisando a dimensão política, no que diz respeito negativa (Diegues, 1994).
à consolidação do ambientalismo como movimento
histórico internacional, Leis & Viola (1996), observam que (...) consideram portanto que a natureza é
existem duas posições polarizadas. Uma minoria não intocada e intocável, e é impensável que uma
assume as características nem as regras da dimensão unidade de conservação (parque nacionais e
política, dando ênfase a atitudes éticas e espirituais de reservas ecológicas) possa proteger, além da
tendências biocêntrica, tendo como maior expoente o diversidade biológica, a diversidade
grupo Earth First!. Uma maioria que assume a dimensão cultural.(Diegues, 1994, p. 113)
política divide-se em radicais e reformistas: os radicais
(como o Partido Verde Alemão), que reivindicam uma Mas, Leis & Viola (1996) afirmam que a
ação rápida em defesa do meio ambiente, com importância e constituição do ambientalismo no espaço
disseminação de idéias e uma nova distribuição do poder público só se consolidou nos anos 70, com propostas
político e econômico local e globalmente; os reformistas, vindas do Estado e da sociedade civil.
que representam uma maioria dentro desta posição,
requisitam uma ação gradual, adotando-se um modelo de (...) A rigor, a emergência do ambientalismo
no país não aparece como um fenômeno
1
Meadows, 1972. isolado, ainda que faça parte de um amplo
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processo de mudanças políticas, econômicas e (...) A capacidade organizacional e de
sociais. A profundidade ( e até violência) das definição da agenda do ambientalismo do
mudanças modernizadoras no Brasil, nos anos Primeiro Mundo não influenciaram muito as
70, ajuda a explicar o maior espaço de atenção associações brasileiras. De fato, a recepção da
que aqui tiveram as novas questões ambientais, problemática ambiental por parte das entidades
em relação a alguns outros países da América brasileiras foi bastante acrítica. Por exemplo,
Latina que permaneciam mais afastados da elas não perceberam a especificidade da
dinâmica do sistema internacional e, deterioração ambiental brasileira em relação ao
praticamente, adormeciam repetindo os evidente déficit de saneamento básico (essa
mesmos debates das últimas décadas. Essas questão não estava incluída no programa
circunstâncias marcam simultaneamente a ambientalista do Primeiro Mundo porque tinha
força e origem do ambientalismo no Brasil sido resolvida previamente)”. (Leis & Viola,
que, promovido por cima e por baixo, se 1996, p. 97-98)
estruturam no período formativo como um
movimento bissetorial constituído por Desta maneira, apesar das associações serem pouco
associações ambientalistas e agências estatais influenciadas pelo movimento internacional, esqueciam-se
de meio ambiente. Esses dois atores terão uma de voltar-se aos seus próprios problemas ambientais. A
relação simultânea complementar e preocupação maior era voltada às denúncias e programas
contraditória, confluindo ambos na definição de conscientização relacionadas à degradação ambiental,
da problemática ambiental recortada pelo constituindo-se ações locais, que, somente no final da
controle da poluição urbano-industrial e década de 70 contempla para um caráter mais regional e
agrária e pela preservação dos ecossistemas mesmo nacional, trata-se de um ambientalismo mais
naturais.( Leis & Viola, 1996, p.96-97) combativo e denunciador.

Com preocupações voltadas para a população O fato do Brasil, naquele momento,


urbano-industrial e seus impactos sobre a natureza, além estar sob o regime militar, repressor dos
do combate à poluição e preservação de belezas movimentos sociais de protesto, favorecia o
paisagísticas, da fauna e da flora, foram surgindo surgimento de entidades e movimentos de
associações ambientalistas na década de 70, entre elas a crítica ao modelo econômico brasileiro, sem
Agapan (Porto Alegre, 1971), influenciada pelo estarem, no entanto, vinculados
ambientalismo norte-americano e Europeu assim como as necessariamente aos partidos e grupos de
demais associações daquela década. Entretanto, o uso esquerda, esses severamente combatidos pelo
conservacionista dos recursos naturais e o controle da Governo.(Diegues, 1994, p.114)
população, que eram enfoques importantes do
ambientalismo internacional, não foram muito abordados Esta tendência de ambientalismo foi representada,
por estas associações (Leis & Viola, 1996). como já foi dito, com a criação da AGAPAN (Associação
Gaúcha de Proteção ao Meio Ambiente Natural), a
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Resistência Ecológica, a Associação Catarinense de c) Instauração de usinas nucleares como Angra I e
Preservação da Natureza e a APPN (Associação Paulista II, no Rio de Janeiro em áreas consideradas de
de Proteção à Natureza). risco;
Mesmo com o desempenho do papel dessas d) Projetos de ocupação e exploração da
associações, deve-se abrir um parêntese e observar que Amazônia, surgindo como uma proposta de
neste momento da década de 70 estava ocorrendo um amortizar o impacto da questão agrária
rápido crescimento econômico no Brasil, com grandes brasileira, entretanto sem levar em conta as
projetos que geravam problemas seríssimos ao meio reais condições de vida de uma população, seus
ambiente, resultando em níveis de degradação ambiental costumes locais e regionais; a destruição dos
nunca vistos. seringais, construção de barragens; entre outros;
e) Inundação das Sete Quedas, mostrou que seu
Essa imensa degradação ambiental e potencial econômico era mais forte do que o
pauperização social estavam, no entanto, ambiental, o que revelou que o ambientalismo
recobertos pela ideologia do chamado ‘milagre estava submerso ao capital.
econômico’, expressa inclusive na Conferência
de Estocolmo (1972), onde a posição do Estes foram apenas alguns aspectos ressaltados
governo brasileiro era de atrair as indústria os durante esta década e que montaram um contexto
países industrializados, mesmo à custa da apropriado para o surgimento do Manifesto Ecológico
degradação ambiental.(Diegues, 1994, p. 114) Brasileiro: O Fim do Futuro, em 19762. Este Manifesto
apresenta-se pautado nos movimentos ecologistas
Além do avanço industrial que o país vivia, os anos europeus e norte-americanos, com crítica severa ao
70 foram carregados de outras mudanças que impactaram progresso, que era imposto sem medidas e preocupações
severamente o ambiente, como: ambientais, e utilizando uma linguagem típica da “teoria
dos ecossistemas”, que o progresso é atacado por deixar
a) A instauração da agroindústria, com o aumento vulnerável o sistema em nome de um consumo desmedido,
de inseticidas, biocidas e devastação de áreas com desperdícios e reforçado pelo capital (Diegues, 1994).
verdes, com concentração de terras, que fez Desta maneira, o Manifesto propõem uma nova
com que muitos trabalhadores abandonassem o ética, baseada num mundo natural. Este mundo natural
campo rumo às cidades, piorando as condições seria semelhante ao dos índios e camponeses, ou seja, o
de vida nas mesmas, incluindo aumento de mundo das sociedades tradicionais, que viria em
concentração de pessoas em favelas e contraposição às sociedades de colonização predatória
agravamento de miséria; instaurada com o modo de produção capitalista (Diegues,
b) Instalação de centros petroquímicos e químicos 1994). A crítica mostra que sociedades tradicionais
nas zonas costeiras, como Cubatão, Rio de
Janeiro e Aratu na Bahia; 2
Manifesto Ecológico Brasileiro: O Fim do Futuro, editado em 1976,
foi encabeçado por José Luztemberg e representado por 10 ONG’s
ecologistas. (Diegues, 1994)
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conseguiriam manter certo nível de diversidade cultural e A segunda metade da década de 80 aponta um
biológica que a de modelo predatória não conseguiria. caráter multissetorial e complexo ao movimento. Viola e
É inegável a importância deste documento para o Boeira (1990) afirmam que este ambientalismo é formado
ambientalismo brasileiro não só na década de 70, como na por cinco setores, sendo dois existentes previamente e
de 80, principalmente porque, além do espírito de outros três são novos:
denúncia, conseguiu apresentar uma proposta de uma a) movimentos e ONG’s;
sociedade diferenciada da que apresentava-se naquele b) agências estatais de meio ambiente;
momento. c) o socioambientalismo (ONG’s e movimento
Na década de 80, o movimento ambientalista sociais);
reforça o caráter social que começou a ser apontado pelo d) grupos e instituições científicas;
Manifesto na década de 70. e) setor reduzido dos gerentes e empresariado,
visando a sustentabilidade ambiental.
(...) Esse novo movimento surge no bojo da Um fato que chama a atenção, é que o Partido
redemocratização, após décadas de ditadura Verde (PV) pode até ser considerado como um dos setores
militar, consequentemente, carateriza-se pela que surgiram na década de 80.
crítica ao modelo de desenvolvimento
econômico altamente concentrador de renda e Eventualmente poderia considerar-se o
destruidor da natureza que teve seu apogeu Partido Verde (PV) como outro setor do
durante aquele período.(Diegues, 1994, p. 117) ambientalismo brasileiro. Mas, apesar de surgir
em 1986 com muita força, ele inesperadamente
Todavia, este pensamento que levava em conta a estanca e praticamente desaparece do cenário
questão social, veio somente na segunda metade da década nacional no período de constituição do
de 80, pois, na primeira metade o Estado brasileiro foi ambientalismo multissetorial, razão pela qual
definindo a problemática ambiental como bissetorial, não cabe aqui a inclusão.(Leis & Viola, 1996,
pautada no controle de poluição e a preservação de alguns p. 101)
ecossistemas naturais, transformando-os em parque e
reservas. Vemos também, que o PV adotou uma política
unilateral e simplificadora, que repercutia as políticas
Considera-se que os recursos naturais verdes européias, mas, sua prática era bissetorial, como o
do Brasil são quase infinitos e que se deve ambientalismo da fase anterior. Desta maneira, sua
explorá-los do modo mais rápido e intenso proposta não se tornou atraente para os ambientalistas
possível (como propõem o programa brasileiros da época, pois o movimento de então mostrava-
ambientalistas internacional), para atingir altas se mais complexo e menos “especular” do bissetorialismo
taxas de crescimento econômico. (Leis & (Leis & Viola, 1996).
Viola, 1996, p.99). De maneira lenta, as associações ambientalistas
foram deixando o setor voluntário e adotando o
profissionalismo (Viola,1991, apud Leis & Viola, 1996),
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mostrando-se de duas formas: a) formação de novas Em 1986, temos mudanças na Secretaria federal de
organizações com perfil profissional; b) profissionalizando Meio Ambiente (SEMA) que muda sua atuação em
parcialmente os antigos setores amadores. algumas dimensões. Como resultado desta mudança temos
a criação do Conselho Nacional de Meio Ambiente
(...) As entidades profissionais representam (CONAMA), a disseminação da questão ambiental pelo
uma dramática inovação na cultura Estado e integração de agências ambientais estatais (Leis
ambientalista brasileira. A denuncia, muitas & Viola, 1996).
vezes radical, da degradação ambiental foi o No último ano da década de 90 foi criado pelo
motor implícito das entidades ambientalistas governo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
durante o período formativo. As organizações Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que visava
profissionais não tem como objetivo a associar a proteção ambiental e a utilização dos recursos
denúncia. Elas têm como objetivo central a naturais numa perspectiva conservacionista do meio e
afirmação de uma alternativa viável de ainda a criação de várias secretarias de meio ambiente,
conservação ou restauração do ambiente principalmente no Sul e Sudeste do país, motivadas pelos
danificado.(Leis & Viola, 1996, p.102) avanços nas discussões federais.
Pode-se concluir que na década de 80 o
Estas entidades capacitaram-se para agir junto às socioambientalismo ganhou corpo no Brasil, sendo
agências estatais de meio ambiente, ao poder Legislativo, à constituído por muitos segmentos da sociedade: “O
comunidade científica e ao empresariado, dando passos socioambientalismo abrange uma vasta variedade de
importantes rumo à proposta de sustentabilidade organizações não-governamentais, movimentos sociais e
ambiental. sindicatos, que têm incorporado a questão ambiental como
A mudança de pensamento, voltado para à uma dimensão importante de sua atuação.” (Leis & Viola,
sustentabilidade ambiental é gerada por alguns fatores 1996,p. 105). Incluindo: movimento dos seringueiros,
básicos, a partir de 1988 que Leis e Viola (1996) apontam: movimentos indígenas, movimento dos trabalhadores
rurais sem-terra, setores dos movimentos de moradores,
a) A acentuação da crise econômica; movimento pela saúde ocupacional, setores de
b) O socioambientalismo atuando como um movimentos estudantis, movimento de defesa ao
realimentador para a preocupação com as questões consumidor, movimento pacifista, grupos para o
econômicas; desenvolvimento do potencial humano (meio ambiente e
c) A influência internacional na idéias e ações, ecologia pessoal), setores reduzidos do movimento da
principalmente da Internacional Union for the mulheres, movimentos e sindicatos dos trabalhadores
Conservation of Nature and Natural Resourses, que urbanos, movimentos sociais e suas ONG’s.
visava agir localmente associando economia com Foi nesta década também, que os olhos voltaram-se
conservação do meio; para a conservação da biodiversidade amazônica e
d) A influência da Comissão Brundtland no pantaneira e da mata Atlântica, para a poluição urbana,
movimento ambientalista brasileiro, com exceção para as bacias hidrográficas e infinitos problemas
da facção socialista do movimento. relacionados à má utilização dos recursos naturais. O setor
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empresarial mostra-se com posição estratégica (mesmo mercado (Leis & Viola,1996). Além disso, o
sendo o mais fraco dos setores do ambientalismo neoliberalismo representava uma “porta aberta” para o
multissetorial), rumo ao desenvolvimento sustentável. progresso mundial, sendo este entendido como liberdade
“(...) Esse setor pretende compatibilizar o lucro individual de mercado e crescimento econômico de um lado, e de
com o interesse social de longo prazo percebendo que outro lado, a democracia e o bem estar público, resultando
existe uma verdadeira janela de oportunidades numa combinação de elementos realistas e idealistas (Leis,
empresariais vinculadas à proteção ambiental.”(Leis & 1996).
Viola, 1996, p. 108).
É válido afirmarmos, em linhas gerais, o que (...) As políticas públicas estão a meio
caracterizou em termos de movimento ambientalista, cada caminho entre um discurso-legislação bastante
uma das décadas a partir de 1950. ambientalizado e um comportamento
Assim, temos nos anos 50 um ambientalismo individual-social bastante predatório. Se, por
voltado aos cientista, nos anos 60 o das ONG’s, nos anos um lado as políticas públicas têm contribuído
70 o dos políticos, nos anos 80 o da Comissão Brundtland, para estabelecer um sistema de proteção
vinculado ao sistema econômico e na década de 90, ambiental no país, por outro lado, o poder
partimos para um ambientalismo projetado sobre as público é incapaz de fazer cumprir, tanto aos
realidades locais e globais (Leis & D’Amato, 1996). indivíduos quanto às empresas, uma proporção
importante da legislação ambiental.(Leis &
Entender/solucionar os problemas ambientais Viola, 1996, p. 110)
brasileiros é uma tarefa muito complexa, visto
que os mesmos têm relação com as formas Ainda para caracterizar os anos 90, temos que
tomadas pelo desenvolvimento capitalista no trabalhar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), já
Brasil, sobretudo pós 1964, que se manifestam que o mesmo relaciona qualidade de vida com qualidade
numa série de questões correlatas como a crise do ambiente. Este índice foi elaborado pelo Programa das
econômica- a recessão, o desemprego, a Nações Unidas para o Desenvolvimento, sendo composto,
inflação, a dívida externa, a dívida interna, segundo Passos (1996), por três áreas:
etc.; a crise social, que é uma crise estrutural, a)Renda: sendo medida pelo PIB (produto Interno
gerando desigualdades, pobreza, Bruto) per capita, em dólares, relacionado ao poder
marginalidade, etc. e a própria crise moral, que de compra dos países individualmente;
atinge particularmente o poder público. b)Educação: medida pela taxa de alfabetização da
(Passos, 1996, p.2). população de 15 anos e o número de matrículas no
ensino de ensino fundamental, médio e superior;
Na década de 90 teremos uma nova abordagem c)Saúde: sendo medida pela esperança de vida ao
sobre o meio ambiente, encarando e tentando entender as nascer, em anos.
crises apontadas por Passos ( 1996). Era necessário o
desenvolvimento sustentável, só que o mesmo começava a O Brasil chegou pela primeira vez ao grupo
ser pensado em três escalas: estadista, comunitária e de dos países com alto nível de desenvolvimento
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humano, segundo relatório divulgado CAPITULO II
oficialmente pelas Nações Unidas. O país O Ambientalismo e a Educação Ambiental
atingiu 0,809 no IDH, o que o coloca em 62 º
lugar entre 174 países. No relatório do ano Neste momento torna-se salutar resgatar as premissas
passado, o Brasil ocupava a 68 º posição no da Educação Ambiental, a fim de compreendermos melhor
ranking de 174 países. Uma nação é sua caracterização e desenvolvimento do conceito ao longo
considerada com alto IDH quando ultrapassa do tempo.
0,800. (...) O principal motivo para o No ano de 1977, foi realizada a Primeira Conferência
crescimento do IDH do Brasil foi o aumento Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida
do PIB per capita entre 1994 e 1995. (Passos, pela UNESCO e pelo Programa das Nações Unidas e Meio
1996, p. 6) Ambiente PNUMA, que foi realizada em Tbilisi- Geórgia
(ex-URSS). Nesta conferência foram traçados de forma
mais sistemática e com abrangência mundial as diretrizes,
Na verdade, esses índices não nos dão um alívio no as conceituações e o procedimentos para a Educação
que diz respeito às condições de vida brasileiras, pois, Ambiental: A reciclagem e a preservação de pessoal para
estão pautados no PIB per capita e, por si só, este Educação Ambiental deveriam ocorrer sob dois aspectos,
indicador esconde a má distribuição de renda por que seriam levar à consciência dos problemas ambientais e
trabalhador com médias. “Uma análise dos indicadores participação e responsabilidade para sua formação
sociais isoladamente, colocaria o Brasil em posição mais enquanto cidadão (Guimarães, 1995).
baixa e constrangedora.”(Passos, 1996, p.7). E isto é Dez anos depois da Conferência de Tbilisi, Dias (1993)
comprovado pela pobreza existente em algumas regiões do ressalta que ocorreu uma reunião em Moscou (1987), o
país, a exclusão social, a má distribuição de terras, entre Congresso Internacional de Educação e Formação
outros. Ambientais. Este congresso teve por objetivo discutir as
Desta maneira, o perfil adotado pelo ambientalismo dificuldades encontradas e os progressos alcançados pelas
da década de 90 era complexo e multissetorial, pois visava nações no campo da Educação Ambiental e a determinação
unir diversas esferas em torno de uma causa única, o de necessidades e prioridades desde a Conferência de
desenvolvimento sustentável. Esta mudança de perfil Tbilisi para seu desenvolvimento.
começou a ser delimitada com um evento no início da Foram desenvolvidas, neste encontro, estratégias
década, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio internacionais para ações com relação à Educação e
Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecido como Formação Ambientais para a década de 90, tais como:
Rio-92 e que merece atenção especial dentro desta
exposição, isto porque, neste evento foi elaborada a a) Acesso à informação;
Agenda 21, contendo as diretrizes para um b) Pesquisa e experimentação;
desenvolvimento sustentado do meio. c) Programas educacionais e materiais de ensino;
d) Treinamento de pessoal;
e) Educação técnica e vocacional;
f) Educação e informação do público;
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g) Educação universitária geral; sociedade brasileira, gerando estudos e constituindo-se
h) Treinamento de especialistas; como motivadora para a realização de projetos em
i) Cooperação internacional e regional. Educação Ambiental.

Em 1972, foi realizada em Estocolmo, na Suécia, a No entanto, a Conferência das Nações


Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Unidas sobre Meio Ambiente e
Humano, sendo a Educação Ambiental um dos principais Desenvolvimento, reunida no Rio de Janeiro
temas, sendo elaborada a “Declaração sobre o Ambiente de 3 a 14 de junho de 1992, tinha um caráter
Humano”. político-institucional muito mais forte, cujo
Este foi um dos primeiros encontros internacionais debate e reavaliações fazem parte de políticas
em que falou-se em Educação Ambiental. Após este, locais-regionais de muitos países. Na verdade,
vários encontros internacionais foram realizados, tendo a Agenda 21 é muito discutida dentro das
como preocupação ampliar a Educação Ambiental em universidades, dos partidos políticos e de
todos os países pertencentes à Organização das Nações parcela significativa da sociedade
Unidas (ONU) e à Organização das Nações Unidas para européia.(Passos, 1996, p. 4)
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Em 1975 realizou-se o Seminário Internacional A expressão Educação Ambiental foi massificada
sobre Educação Ambiental, ficando conhecido como na década de 80, entretanto, seu significado ficou pouco
Encontro de Belgrado, por ter sido realizado neste local. claro para os educadores e, sobretudo, para a população em
Ao final da Conferência, elaborou-se a Carta de Belgrado, geral, sendo confundido com o ensino de Ecologia
que até o presente, constitui-se um dos mais importantes (Guimarães, 1995)
documentos gerados. Foi durante esta conferência que ocorreu o Fórum
Neste documento ficariam explícitas as metas e os Global, um evento paralelo reunindo Organizações Não-
objetivos para a Educação ambiental, sendo o princípio Governamentais (ONGs) de todo o mundo. Durante o
básico a atenção com o meio natural e transformado, sendo Fórum aconteceu a Jornada Internacional de Educação
os fatores econômicos, sociais e culturais, levado em conta Ambiental, produzindo-se o “Tratado de Educação
dentro desta análise. Sendo assim, teríamos uma Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
concepção multidisciplinar, integrada nas diferenças Responsabilidade Global”, e a Agenda 21, reafirmando os
regionais e direcionadas para interesses nacionais, voltadas princípios e diretrizes desta jornada.
para uma conscientização coletiva e comportamento Apesar dos objetivos aparentarem facilidade e
coletivo nos diferentes níveis das inter e intranações ( viabilidade, os mesmos não poderiam ser colocados em
Guimarães, 1995) prática sem a cooperação internacional e o
No período de junho de 1992, a Conferência da desenvolvimento sustentável.
Nações Unidas sobre meio Ambiente e Desenvolvimento Para que fique mais clara a afirmação, torna-se
foi organizada pela ONU, no Brasil, na cidade de Rio de interessante resgatar e discutir o que foi proposto com a
Janeiro, que ficou conhecida por ECO 92 e RIO 92, em Agenda 21, com maior ênfase ao que se refere às
que a Educação Ambiental ficou estabelecida perante a recomendações acerca da Educação Ambiental.
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Diversos assuntos foram abordados pela Agenda 21 Assim, o plano intersubjetivo foi o que teve maior
em seus 40 capítulos, o dispêndio financeiro para significação dentro do evento, o que foi bastante frisado
concretizar o projeto, as ações necessárias, os objetivos, as nos capítulos da Agenda 21.
justificativas. Com o intuito de constituir-se um material Entretanto, a Conferência pode ser avaliada como
para pesquisa de professores de educação infantil, ensino um evento político-governamental que não saiu como o
fundamental e médio,optou-se por apresentar, em anexo, previsto, principalmente porque seu documento maior, a
resumo comentado dos referidos capítulos da Agenda 21. Agenda 21, possui um caráter contraditório. Essa
Todavia, neste momento, tais capítulos foram analisados, contradição aponta a positividade de ter-se um programa
de maneira geral, deixando ênfase maior ao capítulo que de ação normativo, por vezes, exaustivo, ao longo de seus
trabalha especificamente com o tema Educação Ambiental 40 capítulos, sempre com metas e ações em prol do
por auxiliar na contextualização deste trabalho. desenvolvimento sustentável. A negatividade fica a cargo
dos cálculos estabelecidos, que mostram a necessidade de
a) Agenda 21 e a Educação Ambiental 125 bilhões de dólares anuais, que seriam despendidos até
o ano 2000, além de recursos adicionais que
De maneira geral, a Conferência das Nações corresponderiam a 0,35 % do Produto Interno Bruto (PIB)
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento dos países desenvolvidos (Norte), aos países em
apresentou alguns aspectos interessantes: temos uma desenvolvimento (Sul). Ainda dentro da negatividade, os
participação grande do público, o que foi um avanço rumo prazos estabelecidos não foram concretos e o fato do
a uma consciência global. Além das 2 500 entidades civis, Banco Mundial ser nomeado como agente de manejo
o Fórum Global reuniu representantes de mais de 150 destes fundos não mostrou-se como boa garantia aos
países, quase 400 reuniões oficiais com aproximadamente objetivos ecológicos (Leis, 1996).
500 000 pessoas, entre elas ONG’s, religiosos, cientistas, Apesar de terem o neoliberalismo como expressão,
etc., o que foi um imenso passo para gerar consensos países do Norte e Sul possuíam o fantasma da dívida
transnacionais para problemas do mesmo porte.(Leis, externa, que fez com que parcela significativa do PIB dos
1996) países em desenvolvimento seguissem para os países do
Norte, fazendo com que os 7% anuais destinados aos
Frente à crise ambiental e a partir da países do Sul pelos do Norte, como ficou estabelecido pela
emergência do ambientalismo, o equilíbrio que Agenda 21, não representassem muito no final da análise.
buscamos no encontro entre as visões e Outro ponto que observa-se é que os principais
princípios realistas e idealistas, de modo a líderes econômicos possuem os anseios neoliberais e
fazer possível a cooperação entre atores e colocam os problemas ambientais sendo pensados
egoístas, constrói sua esperança na experiência internacionalmente dentro de um mercado internacional e
espiritual da humanidade, no ‘reencantamento’ do livre comércio, como se estes fossem instrumentos
do mundo (já que, a rigor, não foi a terra que adequados para solucionar a crise global ambiental
deixou de ser sagrada, mas o ‘mundo instaurada.
civilizado’).(Leis, 1996, p. 59) Assim, a Conferência representou um momento
importante dentro do ambientalismo brasileiro e global,
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mesmo que alguns pontos ainda mereçam atenção especial a) Centralização na redução dos altos níveis de
e que não tenha ficado esgotados nas discussões. analfabetismo;
Observados os capítulos da Agenda 21, podemos b) Desenvolvimento da consciência do meio ambiente;
perceber que a educação, seja ela formal ou informal, c) Maior acessibilidade à educação sobre meio ambiente e
direta ou indiretamente, permeia a todos, o que nos faz desenvolvimento humano, desde as séries iniciais até a
repensar um pouco mais as considerações explicitadas no fase adulta;
capítulo 36. d) Integração de conceitos de meio ambiente e
Este capítulo foi dividido em 3 áreas de programa: desenvolvimento.

a) reorientação do ensino no sentido do Muitas destas atividades foram propostas com o


desenvolvimento sustentável; intuito de alcançar estes objetivos e princípios4.Todavia,
b) aumento da consciência pública, e; cada país ficaria com a incumbência de implementá-las de
c) promoção do treinamento. acordo com suas políticas e programas.

No que se refere à reorientação do ensino, a 4


Os objetivos e princípios para a Educação Ambiental, de acordo com
Agenda 21 teve a preocupação de abordar a importância da o relatório da UNESCO (1986), seriam: a) compreender que o Homem
discussão acerca da questão ambiental em todas as está ligado ao seu meio ambiente e que qualquer coisa que prejudique
parcelas sociais. Para isto, precisaria ocorrer uma este estará indiretamente prejudicando o próprio Homem;
integração disciplinar com métodos formais e informais b)adquirir um conhecimento básico sobre como os problemas ligados
ao meio ambiente podem ser resolvidos;
que garantissem, também, o desenvolvimento do meio
determinar as responsabilidades individuais e coletivas que devem ser
físico/biológico, sócio-econômico e humano. assumidas para a solução dos problemas através da cooperação;
Além da integração disciplinar, cada país ou região c)desenvolver instrumentos de análise, reflexão e ação de modo que as
precisaria ter em mente suas prioridades e necessidades, a ações contra o meio ambiente possam ser entendidas, prevenidas,
fim de desenvolver programas e políticas eficazes e remediadas através de específicas formas de ação, ou, no mínimo, de
estudos.
condizentes com a realidade delimitada.
d)o uso de um compreensivo, sistêmico e interdisciplinar modo de
Como já foi ressaltado, os princípios deste capítulo abordagem do ambiente;
foram pautados na Declaração e Recomendações da e)análise dos problemas em dois níveis: individual e coletivo (local,
Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977), e ainda nacional, regional ou inter-regional), inclusive com abertura para as
na Conferência Mundial sobre Ensino para Todos: comparações entre regiões e países;
f)uma maior ênfase nas situações reais e possivelmente nos futuros
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem,
desenvolvimentos destas;
realizada em Jomtien, Tailândia (1990)3, que também g)discussões de problemas da própria comunidade a qual pertencem os
contribuiu para estabelecer os objetivos desta área: alunos com ponto de partida para discussões e conceitos mais
abrangentes ou profundos;
h)a explicitação das relações entre o conhecimento técnico, a solução
de problemas e o estabelecimento de uma escala de valores;
3
Relatório final da Conferência Mundial sobre Ensino para Todos: i)uma grande ênfase na necessidade de participação ativa da população
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, Jomtien, como forma de atuar significativa nos trabalhos de planejamento,
Tailândia, 5 a 9 de março de 1990. desenvolvimento e administração do meio ambiente.
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De maneira geral, os países deveriam endossar as em prol do desenvolvimento sustentável, agindo em
recomendações da Conferência de Jomtien, assegurando escalas locais, regionais e globais. Além de aumentar a
uma estrutura de base, um ponto comum para que desta se participação da mulher e do índio nas discussões
verticalizassem às demais atividades, preparando, assim, realizadas.
estratégias e políticas que integrariam o meio ambiente e o A estimativa foi realizada na relação de custo
desenvolvimento como tema interdisciplinar ao ensino em médio anual.
todos os níveis.
No caso do Brasil, a previsão de inserir a temática O Secretariado da Conferência estimou
ambiental, de maneira formal, seria nos 3 anos seguintes à o custo total anual médio (1993-2000) da
Conferência da Nações Unidas sobre meio Ambiente e implementação das atividades deste programas
Desenvolvimento (1992), mas não foi totalmente em cerca de $ 8 a $ 9 bilhões de dólares,
concretizada. Entretanto, paralelamente, ocorreu a inclusive cerca de $ 3,5 a $ 4,5 bilhões de
introdução do tema na Proposta Curricular da CENP e, dólares a serem providos pela comunidade
posteriormente, nos Parâmetros Curriculares Nacionais internacional em termos de concessionais e
(PCN’s) 5em 1997. Como um tema transversal dentro dos doações.(Agenda 21, cap. 36, item 36.6.)
PCN’s, que permearia os outros temas, mostrando esta
transversalidade, que, na prática, é de difícil aplicabilidade. Por serem estimativas indicativas e aproximadas,
Outro material oficial do governo brasileiro difere tinha a tendência a variar de acordo com a situação
um pouco do ocorrido com os PCN’s, é o Referencial específica de cada país, de suas políticas e programas
Curricular Nacional de Educação Infantil (RCNEI)6, relacionados ao meio ambiente e desenvolvimento.
organizado em 1998, em que o tema “Sociedade e A segunda área de programa diz respeito ao
Natureza” mostra a transversalidade no ensino infantil por aumento da consciência pública, reforçando atitudes,
uma série de fatores que serão analisado posteriormente no valores e medidas compatíveis ao desenvolvimento
presente trabalho. sustentável.
Prosseguindo dentro das atividades propostas pela
Agenda 21, os governos deveriam associar ONG’s , (...) É necessário sensibilizar o público sobre
comunidade civil, universidade, escolas e outros setores os problemas de meio ambiente e
desenvolvimento, fazê-lo participar de suas
5
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), foram criados em soluções e fomentar o senso de
1997 pelo governo brasileiro e constituem as diretrizes para o ensino
responsabilidade pessoal em relação ao meio
no Brasil, desde o ensino fundamental e médio, até a educação
indígena, educação para o trabalho e todos os outros seguimentos da ambiente e uma maior motivação e dedicação
educação em nível nacional. em relação ao desenvolvimento
6
O Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (RCNEI), foi sustentável.(Agenda 21, cap. 36, item 36.8)
criado em 1998, pelo governo brasileiro com o intuito de constituir um
parâmetro para o desenvolvimento do ensino infantil. Este ensino
Para conseguir sensibilizar a população, cada país e
compreende crianças de 0 a 6 anos, o que garante uma facilidade
maior em se trabalhar de maneira inter e multidisciplinar os diversos as organizações regionais e internacionais, ficariam
conteúdos da educação. encarregadas de apontar suas prioridades e prazos de
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implementação, de acordo também com suas políticas e Como pode ser visto, o desenvolvimento da Educação
programas. Ambiental vai além de um caráter formal de aplicação,
Em síntese, todos os países deveriam7: tendo uma esfera mundial resgatada com estas estimativas
a) Fortalecer organismos consultivos existentes, ou criar, comuns aos países. Entretanto, sua aplicação local é que
estabelecimentos públicos de informação sobre meio faz a diferença, pois os países, de acordo com seu
ambiente e desenvolvimento, juntamente com as envolvimento, desenvolveram planos e programas,
Nações Unidas, as ONG’s e a mídia; pautados nas realidades em que estavam envolvidos.
b) As Nações Unidas seriam um ponto comum a todos os Segundo o Secretariado da Conferência, os custos
países a fim de divulgar as atividades de ensino de para desenvolver as atividades globais (1993-2000, com
meio ambiente realizadas; custo total anual médio), foram calculados em cerca de
c) Proporcionar serviços de informação públicos e US$ 1,2 bilhões, onde US$ 110 milhões de dólares viriam
também no setor privado aumentando o número de da comunidade internacional em forma de concessões e
responsáveis por decisões; doações (Agenda 21, cap. 36, item 36.11)
d) A comunidade científica deveria ser envolvida e A terceira área trabalha a promoção do
colaborar com o emprego de tecnologia moderna para treinamento. Este seria um instrumento muito importante
chegar ao público; para os recursos humanos e seria dirigido a determinadas
e) Os países deveriam promover lazer e turismo profissões relacionadas ao meio ambiente e
ambientalmente saudável; desenvolvimento. Com o intuito de promover uma força de
f) Apoiar ONG’s e incentivá-las ao trabalho com as trabalho flexível, de várias idades, que enfrentassem
questões ambientais; problemas crescentes relacionados à questão ambiental e
g) A UNICEF, a UNESCO, o PNUMA e as ONG’s na busca de uma sociedade sustentável.
deveriam desenvolver programas para envolver jovens Entre as atividades propostas, temos que os países
e crianças com a temática, além de mulheres e índios, deveriam determinar as necessidades nacionais de
ressaltando o papel da família nas atividades com o treinamento de trabalhadores, com o apoio da ONU.
meio ambiente; Determinadas as necessidades, deveriam incentivar as
h) Estimular os estabelecimentos educacionais em todos associações profissionais a desenvolverem o compromisso
os setores a desenvolverem materiais didáticos com o meio ambiente, e intercâmbio de metodologias e
relacionadas ao meio ambiente, baseados na melhor avaliações.
informação científica disponível, seja ela ciências Outra proposta seria a de envolver todos os setores
naturais, sociais e do comportamento, levando em da sociedade, como indústrias, universidade, educadores,
conta as dimensões ética e estética(Agenda 21, cap. 36, ONG’s, organizações comunitárias, escolas, entre outros,
item 36.10) em prol do desenvolvimento sustentável. Para viabilizar
estas atividades, visava-se iniciar programas de
“treinamento de instrumentos”, que trabalhariam no
7 treinamento de práticas ambientalmente saudáveis.
A organização dos ítens em tópicos a, b, c, etc., não obedecem a
ordem apontada na Agenda 21 por tratar-se de uma síntese dos Desta forma, o governo deveria envolver todos os
mesmos. setores do país, todas os cidadãos de todas as idades, em
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projetos multidisciplinares, com o objetivo de prepará-los Capítulo III
para a transição a uma sociedade sustentável. Entendendo a educação infantil
O Secretariado da Conferência estimou um custo
total anual médio de US$ 5 bilhões, incluindo cerca de
US$ 2 bilhões em termos de concessões ou doações Como as atividades propostas dizem respeito à
promovidos pela comunidade internacional, no período de educação infantil, mais precisamente à faixa etária que
1993 a 2000 (Agenda 21, cap. 36, item 36.27). compreende a pré-escola8, ou seja, de quatro a seis anos de
Somando os custos para implementação das 3 idade, convêm resgatar um pouco de sua história e
áreas, teríamos o equivalente a US$ 15, 2 bilhões em custo características principais.
médio anual total, em que US$ 7,51 bilhões proveriam de
concessões e doações promovidas pela comunidade 3.1.Breve histórico da educação infantil no Brasil
internacional. Até o presente momento, não foi realizado
um balanço do período de 1993 a 2000 com relação ao A educação de crianças menores de sete anos,
financiamento e o custo de implementação deste tópico inicialmente, ficava a cargo das mães. Para oficializar a
Agenda 21. instituição pré-escolar levou-se muito tempo. No Brasil,
Feito este panorama mais geral do tema, pode-se do descobrimento até 1874, as iniciativas eram dos
perceber que a Educação Ambiental deve ser aplicada em higienistas, com o intuito de acabar com a mortalidade
seus vários níveis e em diversas faixas etárias. Este infantil, sendo instituídas a “casa dos expostos” (ou a
trabalho visa contemplar a etapa correspondente à “roda”), por Romão Duarte em 1873, que acolhia os
educação infantil, sendo assim, torna-se interessante menores de doze anos (Guimarães, 1995).
verticalizar um pouco nesta direção a fim de compreender Para Drouet (1990), foi em 1873 a primeira
melhor o público alvo da pesquisa. referência oficial à educação infantil no Brasil, através do
projeto de Reforma Leôncio de Carvalho (ainda no
período imperial). Esse projeto tinha como base a
liberdade de ensino, mas estabelecia a obrigatoriedade de
freqüência às escolas primárias e previa a fundação de
jardins-de-infância.
Tais “jardins-de-infância” (da tradução literal de
kindergarten, de Froebel), viria com o propósito de educar
o “instinto de observação, o instinto de criação e o instinto
de execução” (Rui Barbosa, 1978, apud Drouet, 1990).
8
Para Campos (1995), adota-se o termo “pré-escola” pautado na
própria Constituição, em que discrimina-se creche de pré-escola por
faixas etárias (0 a 3 anos e 4 a 6 anos respectivamente). Entretanto,
não podemos esquecer o conceito mais amplo de educação infantil,
que trabalha o indivíduo como um todo e concebe um estágio
“anterior” à escola.
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Entretanto, este tipo de educação infantil destinava-se Educação Nova”(1932). Este manifesto foi redigido por
somente aos segmentos mais abastados da população, isto Fernando de Azevedo e, nele, podemos observar que a
porque era de caráter particular e as escolas caras, de elite, educação deixa de ser um privilégio determinado pela
refletindo os ideais liberais do fim do século. condição econômica e social do indivíduo e passa a
Pode-se afirmar, então, que a criação de jardins-de- assumir um caráter biológico, sendo reconhecido ao
infância no Brasil decorreu devido o esforço de indivíduo o direito, também, a cidadania (Drouet, 1990).
divulgação das idéias alemãs feitas por Joaquim Teixeira Um aspecto que podemos salientar é que os
de Macedo (tradutor e divulgador da literatura educacional trabalhos desenvolvidos nos “parques de jogos e recreio”
prussiana), assim valorizou-se os métodos de Pestalozzi, (terminologia atribuída em 1941), visavam realizar idéias
Rosseau e Froebel, num momento denominado “período de saúde, beleza, bondade, sabedoria, vitalidade, coragem,
da ilustração brasileira” em que a célebre frase de Leibniz sensibilidade e inteligência. Aqui temos, então, uma
“Pode-se transformar completamente a face do mundo educação com grande caráter social, no sentido de sanar as
transformando-se a educação...” era tida como máxima deficiências de cunho financeiro das famílias. Desta
para os educadores. maneira, baseavam-se numa educação física moderna, que
Mas, após 1930 , passamos a receber influência do subentende assistência médica, exames periódicos de
modelo pedagógico americano com John Dewey e a saúde, clínicas de nutrição, regimes dietéticos, serviço
“educação progressiva”. Vários foram seus discípulos e social e pesquisa científica, relativas ao educando e de sua
que auxiliaram na divulgação dos princípios família e respectivas condições mesológicas ( Drouet,
escolanovistas, como Fernando de Azevedo, Anísio 1990).
Teixeira e Lourenço Filho. Entretanto, por volta da década de 50, já havia
Neste contexto, lutava-se pela democratização do preocupação com relação à repetência escolar nas séries
ensino, já que a educação está atrelada à modificação iniciais. Preocupação esta que salientou-se nas décadas
social. Assim, acreditava-se que grande parte da seguintes, de 60 e 70, evidenciando o fracasso da escola
população seria atendida e ajudaria no chamado primária devido à evasão, repetência e reprovação. Desta
“progresso nacional, colocando o Brasil no caminho das maneira, a educação de crianças de 0 a 6 anos passa a ser
nações mais importantes do mundo (Drouet, 1990). considerada como importante no sistema educacional.
Segundo Guimarães (1995), foi neste período Desta forma, o MEC (Ministério da Educação e do
também, décadas de 30 e 40, que o Estado passa a assumir Desporto), divulgou inúmeros pareceres que vêem
o atendimento à infância, convocando a sociedade para fundamentar e reafirmar a importância da pré-escola para
ajudar com as finanças, criando órgãos oficiais (como o atender as crianças de baixa renda. Entre os pareceres,
Departamento Nacional da Criança, em 1940), com merece destaque o Parecer 2018/74, que pretendia acabar
caráter de assistência médica. Em São Paulo teve uma com a marginalidade e carência cultural a que as crianças
tentativa inexpressiva de expansão da rede de ensino pré- de baixa renda estavam submetidas, observa-se, então, que
escolar em 1947, sem muito êxito. estas crianças eram consideradas carentes dos padrões
Vê-se, assim, que o ensino passou por reformas e, culturais que advinham das classes altas da sociedade
estas reformas fizeram-se em vários Estados, culminando (Guimarães, 1995).
com a publicação do “Manifesto dos Pioneiros da
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O que percebe-se é que atribuía-se à educação a) o trabalho feminino cada vez maior, sendo assim,
infantil um caráter compensatório, sendo mais responsável mudanças na própria organização e estrutura
por sanar a carência dos alunos do que inseri-los na familiar, que em muitos casos deixa de ser
educação em si. Este pensamento remonta ao pensamento patriarcal tornando-se matriarcal;
de Pestalozzi, Froebel, Montessori e Mcmillan, que seria b) a intensificação da urbanização;
através de processos pedagógicos que a criança seria c) a conscientização no que se refere a encarar a
recuperada ou construída, para, assim, ser reconstruída educação infantil em sua total importância.
para a sociedade. Desta forma, produz-se a desigualdade
de ensino entre instituições privadas e públicas, além de A conjunção desses fatores ensejou um
extrapolar-se as possibilidades de tal nível de educação. movimento da sociedade civil e de órgãos
Segundo Guimarães (1995), foi na década de 80 governamentais para que o atendimento às
que a educação pré-escolar redefine seus objetivos crianças de zero a seis anos fosse reconhecido
rompendo coma teoria da privação cultural e à idéia de na Constituição Federal de 1988. A partir de
educação compensatória. Em 1991, o MEC-COEPRE ( então, a educação infantil em creches e pré-
Coordenadoria de Educação Pré-Escolar), publicou o escola passou a ser, ao menos do ponto de
“Programa Nacional de Educação Pré-Escolar” que vista legal, um dever do Estado e um direito
estabelecia diretrizes, prioridades, metas, estratégia e da criança (artigo 208, inciso IV). O Estatuto
plano de ação da política do pré-escolar. Mas, apesar do da Criança e do Adolescente, de 1990, destaca
programa ter “objetivos em si mesmos”, temos nas também o direito da criança a este
entrelinhas a idéia da pré-escola como sendo capaz de atendimento. (RCNEI, 1998, p. 11)
corrigir falhas do sistema educacional.
Já na década de 80, surgem os currículos e A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
propostas pedagógicas, consolidando a pré-escola como a número 9394/96, reafirma a mudança proposta na
primeira fase do processo escolar, além de componente Constituição Federal de 1988, estabelecendo
importante da política social. Nas décadas de 80 e 90 a incisivamente o atendimento às crianças de zero a seis
pré-escola brasileira recebeu reconhecimento tanto em anos e a educação. Para isto, o Estado deveria criar ou
âmbito político, como social, passando a ser encarado transformar instituições públicas para este nível, sendo
como necessário devido o aumento da urbanização e às gratuitas e funcionando como creches e pré-escolas. As
alterações da estrutura familiar. Desta maneira, algumas creches sendo direcionada às crianças de zero a três anos e
iniciativas voltam-se a este público e, propostas começam as pré-escolas para crianças de quatro a seis anos. (LDB,
a surgir a fim de melhor implementar este ensino título III, Do Direito à Educação e do Dever de Educar,
(Guimarães, 1995). art. 4º, IV, 1996).
Não podemos deixar de observar que a educação Observada a enorme distância entre o texto legal e
infantil no Brasil tem se expandido muito nas últimas a realidade da educação infantil, a LDB considerou que os
décadas. Vários são os motivos que levam a esta municípios ficariam incumbidos de relacionar a educação
expansão, como: infantil ao sistema de ensino e, a União, em colaboração
dos Estados e Distrito Federal, seriam responsáveis por
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definir as diretrizes que norteariam os currículos e os b) o direito a brincar, sendo esta uma forma de expressão,
conteúdos mínimos, assegurando uma base comum para interação e comunicação infantil;
todo o território nacional. (RCNEI, 1998). c) o acesso aos bens socioculturais disponíveis,
O Referencial Curricular Nacional para a ampliando sua capacidade de expressão, comunicação,
Educação Infantil (RCNEI), tem o mérito de ser o pensamento...;
primeiro documento oficial do Brasil no que se refere à d) a socialização por meio da participação e inserção nas
educação infantil como um todo. Documentos estaduais e práticas sociais;
municipais destinados a este público já existiam, e) atendimento e cuidados especiais relacionados ao
entretanto, o RCNEI contribui com esta base comum, não desenvolvimento de sua identidade;
permitindo (pelo menos teoricamente) que no atendimento f) o direito a viver experiências prazerosas nas
nas escolas seja como os já mencionados “depósitos de instituições as quais estiver vinculado.
crianças”, e que os professores estejam sendo encarados
como educadores e não como “pajens” ou “babás”. Os princípios e as propostas do RCNEI são
Sendo assim, faz-se necessário conhecer um pouco respostas a um estudo realizado em 1996 pelo Ministério
mais a fundo este referencial, entendendo o que é, para da Educação e do Desporto. Deste estudo resultou a
que serve, o que propõem... “Proposta Pedagógica e Currículo em Educação Infantil:
Um Diagnóstico e a Construção de uma Metodologia de
3.2. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Análise”9. Constataram-se que existiam inúmeras
Infantil propostas e currículos para educação infantil, elaboradas
nas últimas décadas, entretanto, não havia uma articulação
O RCNEI trata-se de um conjunto de orientações e entre as propostas, que eram de várias regiões do país.
referenciais pedagógicos destinados a contribuir na Mas, um lado interessante apontado diz respeito a que três
implementação ou implantação de práticas educativas de instâncias públicas estavam sempre presentes: as práticas
qualidade, estimulando o exercício da cidadania das sociais, as políticas públicas e a sistematização de
crianças brasileiras. Para isto, contribui com políticas e conhecimentos. Estas instâncias revelaram as soluções
programas que subsidiam o trabalho de técnicos, encontradas por algumas regiões brasileiras no que se
professores e demais profissionais envolvidos, além de refere à educação infantil, mas também, realça as
pesquisas, discussões e informações sobre as desigualdades institucionais para garantir a qualidade
especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas educacional.
dos alunos (RCNEI, 1998). A boa qualidade educacional não é realizada
A fim de estimular o exercício da cidadania, o apenas com propostas, existe a necessidade de condições
RCNEI baseia-se em alguns princípios: políticas sociais e econômicas para que as mesmas sejam
colocadas em prática.
a) o respeito à dignidade e aos direitos das crianças,
levando em conta as diferenças individuais, sociais,
econômicas, étnicas etc.
9
MEC/DPE/COEDI. Brasília, 1996.
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(...)A busca da qualidade do atendimento conhecimentos mais amplos da realidade
envolve questões amplas ligadas às políticas social e cultural. Neste processo, a educação
públicas, às decisões de ordem orçamentária, à poderá auxiliar o desenvolvimento das
implantação de políticas de recursos humanos, capacidades de apropriação e conhecimento
ao estabelecimento de padrões de atendimento das potencialidades corporais, afetivas,
que garantam espaço físico adequado, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva
materiais em quantidade e qualidade de contribuir para a formação de crianças
suficientes e à adoção de propostas felizes e saudáveis. (RCNEI, 1998, p. 23)
educacionais compatíveis coma faixa etária
nas diferentes modalidades de atendimento, Assim, o RCNEI, ressalta a importância de se
para as quais este Referencial pretende da sua educar pautado em atividades de aprendizagem lúdicas e
contribuição. (RCNEI, 1998, p. 14) também com situações pedagógicas intencionais e/ou
orientadas pelos educadores. Desta maneira, não deixando
Assim, o RCNEI funciona como orientador de com que o ensino nesta faixa etária se resuma a “cuidar”
ações relacionadas à melhoria da qualidade de ensino para da criança, desvinculado de sua função educativa.
a educação infantil e não como um documento capaz de Cuidar de uma criança numa instituição não é
alterar e resolver os problemas desta etapa educacional, tarefa fácil, exige um contexto educativo pautado na
que são tão complexos. interação de vários campos do conhecimento e envolve a
cooperação de profissionais de áreas diferentes.
a) O que significa educar para o RCNEI
As atitudes e procedimentos de cuidado são
Inúmeros debates foram realizados, em nível influenciadas por crenças e valores em torno
nacional e internacional, nas últimas décadas com o da saúde, da educação e do desenvolvimento
intuito de incorporar a função educar com a de cuidar infantil. Embora as necessidades humanas
dentro da educação infantil, sendo que estas funções básicas sejam comuns, como alimentar-se,
deveriam estar associadas à padrões de qualidade. Seu proteger-se etc. as formas de identificá-las,
papel é socializador, devendo ser acessível a todos valorizá-las e atendê-las são construídas
indiscriminadamente. socialmente. As necessidades básicas, podem
ser modificadas e acrescidas de outras de
Educar significa, portanto, propiciar acordo com o contexto sociocultural. Pode-se
situações de cuidados, brincadeiras e dizer que além daquelas que preservam a vida
aprendizagens orientadas de forma integrada e orgânica, as necessidades afetivas são também
que possam contribuir para o desenvolvimento base para o desenvolvimento infantil. (RCNEI,
das capacidades infantis de relação 1998, p.24)
interpessoal, de ser e estar com os outros em
uma atitude básica de aceitação, respeito e Identificar estas necessidades é o primeiro passo
confiança, e o acesso, pelas crianças, aos para que as mesmas sejam analisadas e sanadas. A
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dimensão afetiva e relacional do cuidado é extremamente Desta maneira, a brincadeira auxilia na auto-
importante, mas, orientar o aluno para que o mesmo veja a estima, as projeções para o futuro. Ao brincar, a criança
necessidade e a superação é outro ponto fundamental, pois transforma um dado conhecimento em conceitos gerais.
o aluno vai conquistando sua autonomia, ampliando seu Por exemplo, se ela brinca de professor, precisa ter
conhecimento e suas habilidades. conhecimentos adquiridos que caracterizem esta profissão
e, estes conhecimentos são advindos de experiências
b) Como é encarada a brincadeira dentro do RCNEI vividas na família, escola, TV ou outros ambientes, ou
seja, muitas são as fontes de conhecimentos, mas este
Em alguns momentos a brincadeira pode parecer ainda está fragmentado nesta etapa do conhecimento
algo supérfluo no processo educativo. Entretanto, isto não infantil.
é bem assim. A brincadeira é encarada como algo sério
para as crianças, é como se fosse o trabalho para um Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras
adulto. Através da brincadeira, a criança mostra-se como imaginativas e criadas por elas mesmas, as
ela é, imagina-se, cria e recria situações vivenciadas, crianças podem acionar seus pensamentos para
pode-se dizer que ela mostra a maneira como vê o mundo. a resolução de problemas que lhe são
importantes e significativos. Propiciando a
A brincadeira é uma linguagem infantil que brincadeira, portanto, cria-se um espaço no
mantém um vínculo essencial com aquilo que qual as crianças podem experimentar o mundo
é o ‘não-brincar’. Se a brincadeira é uma ação e internalizar uma compreensão particular
que ocorre no plano da imaginação isto sobre as pessoas, os sentimento e os diversos
implica que aquele que brinca tenha o domínio conhecimentos. (RCNEI, 1998, p. 28)
da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é
preciso haver consciência da diferença Assim, brincar mostra-se por meio de várias
existente entre a brincadeira e a realidade formas de experiência, que diferenciam-se de acordo com
imediata que lhe forneceu conteúdo para o material e recursos implicados, constituindo três
realizar-se. Nesse sentido, para brincar é modalidades básicas apontadas pelo RCNEI (1998): as
preciso apropriar-se de elementos da realidade brincadeiras de faz-de-conta, construção e regras, sendo
imediata de tal forma a atribuir-lhes novos didáticos e corporais, que ampliam os conhecimentos
significados. Essa peculiaridade da brincadeira infantis através da atividade lúdica.
ocorre por meio da articulação entre a Por meio destas atividades, o professor observa e
imaginação e a imitação da realidade. Toda constrói uma visão dos processos de desenvolvimento dos
brincadeira é uma imitação transformada, no alunos em conjunto e em particular.
plano das emoções e das idéias, de uma
realidade anteriormente vivenciada.” (RCNEI, É preciso que o professor tenha consciência
998, p. 27) que na brincadeira as crianças recriam e
estabilizam aquilo que sabem sobre as mais
diversas esferas do conhecimento, em uma
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atividade espontânea e imaginativa. Nessa sobre a prática direta com as crianças a
perspectiva não se deve confundir situações observação, o registro, o planejamento e a
nas quais se objetivam determinadas avaliação. (RCNEI, 1998, p. 41)
aprendizagens relativas a conceitos,
procedimentos ou atitudes explícitas com Esta atuação polivalente, juntamente com a
aquelas nas quais os conhecimentos são interação dentro da unidade escolar, são fatores que
experimentados de uma maneira espontânea e dependem dos atores envolvidos, ou seja, para que a
destituída de objetivos imediatos pelas proposta curricular tenha qualidade deve haver
crianças. (RCNEI, 1998, p. 29) envolvimento dos profissionais, alunos e comunidade.
Para que isto ocorra, as ações precisam ser planejadas e
O cuidado aqui, é que jogos com regras, compartilhadas com os mesmos.
direcionado, podem ser considerado como didáticos, e Uma maneira de fazer com que haja esta interação
nestas atividades, o aluno não brinca livremente, pois é o desenvolvimento de projetos educativos. Neste
existem objetivos didáticos em questão. projeto, todos os envolvidos participariam da elaboração e
execução, e como não é algo rígido e sim inacabado,
c) Perfil do educador contextualizado com as demandas, ele está sujeito a ser
adequado à realidade e não adequar a realidade à ele.
O trabalho em educação infantil demanda uma Mas, para que isto ocorra, demanda-se
atuação polivalente. Isto implica em um mesmo professor comprometimento dos profissionais, com diálogos e
desenvolvendo os mais variados conteúdos com seus debates, além de envolvimento pleno com a unidade
alunos, de maneira interativa e partindo de uma escolar e a comunidade. (RCNEI, 1998).
determinada realidade. Se, por um lado, este é um aspecto que causa
encantamento a quem lê o RCNEI, temos outros aspectos
(...) Ser polivalente significa que ao professor que não podem passar desapercebidos, pois, trata-se de
cabe trabalhar com conteúdos de naturezas uma variedade muito grande de escolas e nem sempre a
diversas que abrangem desde cuidados proposta como um todo consegue ser implantada e ter o
essenciais até conhecimentos específicos envolvimento desejado.
provenientes das diversas áreas do
conhecimento. Este caráter polivalente d) Sociedade e Natureza para o RCNEI
demanda, por sua vez, uma formação bastante
ampla do profissional que deve tornar-se, ele O RCNEI foi dividido em dois volumes, sendo um
também, um aprendiz, refletindo sobre a formação pessoal e social do aluno e o outro
constantemente sobre sua prática, debatendo relacionado com o conhecimento do mundo. No que se
com seus pares, dialogando com as famílias e refere à problemática ambiental e à sensibilização dos
a comunidade e buscando informações alunos com relação ao meio, tem-se um item sobre a
necessárias para o trabalho que desenvolve. natureza e sociedade mas, é bom lembrar que os conceitos
São instrumentos essenciais para a reflexão geográficos extrapolam este item e podem ser trabalhados
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ao longo do referencial como um todo. Neste ponto, mundo social e natural nem sempre pode ser
podemos observar alguns objetivos da Educação captada de forma imediata. Muitas relações só
Ambiental, agindo transversalmente, sem se constituir se tornam evidentes na medida em que novos
uma disciplina e indo um pouco além do ensino da fatos são conhecidos, permitindo que novas
ecologia e sociologia. idéias surjam. Por meio de algumas perguntas
e da colocação de algumas dúvidas pelo
O trabalho com este eixo, deve propiciar professor, as crianças poderão aprender e
experiências que possibilitem uma observar seu entorno de forma mais
aproximação ao conhecimento das diversas intencional e a descrever os elementos que o
formas de representação e explicação do caracterizam, percebendo múltiplas relações
mundo social e natural para que as crianças que se estabelecem e que podem, igualmente,
possam estabelecer progressivamente a ser estabelecidas com outros lugares e
diferenciação que existe entre mitos, lendas, tempos.(RCNEI, 1998, p. 172)
explicações provenientes do ‘senso comum’ e
conhecimentos específicos.(RCNEI, 1998, p. Todavia, este eixo oferece uma gama grande de
167) temas, sendo assim, seria utopia imaginar que todos
seriam explorados na educação infantil. Trata-se de um
Observa-se que o conhecimento científico deve ser processo contínuo, uma construção gradativa com vistas
socialmente construído e acumulado historicamente, ao futuro. Os conteúdos deste eixo são divididos em cinco
sendo que os fatos e fenômenos atuais são de grande blocos interrelacionados.
importância neste processo educativo. No decorrer deste O primeiro, trabalha a organização dos grupos e de
processo, o aluno começa a se questionar e questionar seu modo de ser, viver e trabalhar; o enfoque fica a cargo
outras pessoas; não agem como meros espectadores do do estabelecimento de relações entre o conhecimento
mundo, já começam uma formação crítica na pré-escola. prévio do aluno (de casa, dos amigos...) e o conhecimento
Quanto maiores forem os alunos, mais este científico. Aborda também a importância do indivíduo na
conhecimento precisa ser concreto, provindo de uma sociedade e de que maneira ele interfere e transforma o
realidade observada, sentida e vivenciada. Neste momento meio em que vive.
do desenvolvimento, as transformações são fundamentais O segundo bloco relaciona os diferentes lugares e
para a formação do caráter do cidadão e a construção de suas paisagens. Neste ponto, as perguntas que permeiam
sua cultura. as atividades são: “que lugar é este?”, “que paisagem é
esta?”. Assim vão além de descrever os elementos de uma
É preciso reconhecer a multiplicidade de paisagem. Ao se questionar com relação a esta realidade
relações que se estabelecem e dimensiona-los, natural e social, o indivíduo começa a se perceber como
sem reduzi-las ou simplifica-las, de forma a interventor nesta relação e o processo de formação fica
promover o avanço na aprendizagem das mais claro.
crianças. É preciso também considerar que a
complexidade dos diversos fenômenos do
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(...) Se por um lado, os fenômenos da Ao observar a paisagem, as crianças
natureza condiciona a vida das pessoas, por poderão também constatar as variações
outro lado, o ser humano vai modificando a decorrentes da ação humana, observando, por
paisagem à sua volta, transformando a exemplo, as construções do lugar onde vivem:
natureza e construindo o lugar onde vive em ‘Para que e quando foram feitas? ‘, ‘Com que
função de necessidades diversas – para morar, materiais?’, ‘O que existe de semelhante e de
trabalhar, plantar, se divertir, se deslocar etc.. diferente entre elas?’, ‘Elas sempre foram
O fato da organização dos lugares ser fruto da assim ou sofreram transformações?’, ‘Como
ação humana em interação com a natureza são as construções de outros lugares?’, ‘As
abre a possibilidade de ensinar às crianças que pessoas utilizam-nas com as mesmas
muitas são as formas de relação com o meio finalidades?’. Questões semelhantes poderão
que os diversos grupos e sociedades possuem ser feitas focando outros temas, como o
no presente ou possuíam no passado.(RCNEI, trabalho, a origem e produção dos alimentos,
1998, p. 182-184) as festas e comemorações etc..(RCNEI, 1988,
p. 185)
O que se pretende com isso é introduzir o aluno no
conhecimento da Eco-história da paisagem, ou seja, como Feita a observação do fenômeno é fundamental
a mesma foi sendo transformada ao longo do tempo, identificar os objetivos e processos de transformação
entendendo a complexidade e o poder de ação do homem propostos pelo terceiro bloco. Assim, sabemos que:
neste processo ( Bertrand, 1975). Ecólogos, muitas vezes “Conhecer o mundo implica conhecer as relação entre os
negam os elementos históricos, assim como muitos seres humanos e a natureza, e as formas de transformação
historiadores negam os aspectos naturais, sendo assim, e utilização de recursos naturais...”(RCNEI, 1998, p. 186).
“(...) lembramos que a paisagem é produzida Estes recursos são desenvolvidos pelas diferentes culturas
historicamente pelos homens, segundo a sua organização, de acordo com a relação homem-meio estabelecida,
o seu grau de cultura, o seu aparato tecnológico...”(Passos, resultando nos diferentes objetos utilizados pelos alunos:
1997), em que características humanas e naturais precisam carteiras, comunicação, eletricidade etc.. O importante
ser entendidas como um todo interlaçado e interativo. aqui é fazer com que o aluno deixe de imaginar que o pão
Esta evolução eco-histórica pode ser representada e o leite vêm da padaria; que as carteiras vem da loja etc.
cartograficamente pelos alunos de maneira primária e em O objetivo maior é fazer com que o aluno entenda,
escala espaço-temporal pequena. O importante é que de acordo com sua capacidade cognitiva, que a sociedade
entendam a dinâmica da paisagem e o papel da ação é pautada na transformação da natureza. O trabalho com
humana, logo, a própria ação, dentro desta dinâmica. sucata, ou seja, recurso natural transformado em objeto,
A observação é de grande importância, sendo objeto este que tem seu uso descartado, ajudará na
resgatadas as saídas de campo com a finalidade compreensão do que é a transformação e de que a mesma
demonstrativa, numa primeira instância e reflexiva no acontece num processo espaço-temporal.
retorno à sala de aula. Compreender-se nesta dinâmica de transformação,
implica o respeito às demais formas de vida, e isto o
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quarto bloco encarrega-se quando trabalha os seres vivos. o crescimento de vegetais e mesmo aproveitá-los nas
Este é um tema que causa curiosidade e interesse por parte refeições. Momentos como este motivam o aluno e o
dos alunos e, atividades simples com plantas, por integra mais com a rotina do dia-a-dia da escola. O
exemplo, auxiliam na noção de tempo e ajudam a cuidado ao lavar as verduras, as doenças causadas com o
desenvolver o senso de responsabilidade. manejo incorreto fazem com que os alunos aprendam
melhor a lidar com o próprio corpo partindo de atividades
O contato com animais e plantas, a práticas.
participação em práticas que envolvam os O último bloco trabalha os fenômenos da natureza
cuidados necessários à sua criação, a e sua relação com a vida humana. Muitos fenômenos são
possibilidade de observá-los, compará-los e vividos e/ou despertam interesse nos alunos, como chuva,
estabelecer relações é fundamental para que as tempestade, vulcões, terremotos etc. e, através da reflexão
crianças possam ampliar seu conhecimento sobre estes fenômenos, conceitos sobre o funcionamento
acerca dos seres vivos. O professor pode criar da natureza, seus ciclos e ritmos e a relação do homem
situações para que elas percebam os animais com a mesma, possibilitará ampliar conhecimentos e
que compartilham o mesmo espaço que elas: reformular explicações simplistas sobre os mesmos; além
‘Quais são esses animais?’, ‘Onde vivem?’, de reforçar procedimentos como o registro, a observação,
‘Existem épocas em que eles desaparecem?’, ocupação entre outros.
‘Nas árvores da redondeza vivem muitos
bichos?’, ‘E na ruas, que tipo de animais se Ampliar o conhecimento das crianças em
encontram?’, ‘Eles podem ser vistos de noite e relação a fatos e acontecimentos da realidade
de dia?’. Formigas, caracóis, tatus-bolas, social e sobre elementos e fenômenos naturais
borboletas, lagartas etc. podem ser observados requer do professor trabalhar com suas
no jardim da instituição, pesquisados em livros próprias idéias, conhecimentos e
ou mantidos temporariamente na sala. representações sociais acerca dos assuntos em
Oferecer oportunidades para que as crianças pauta. É preciso, também, que os professores
possam expor o que sabem sobre os animais reflitam e discutam sobre seus preconceitos,
que têm em casa, como cachorros, gatos etc., evitando transmiti-los nas relações com as
também é uma forma de promover a crianças. Todo trabalho pedagógico implica
aprendizagem sobre os seres vivos. O cultivo transmitir, conscientemente ou não, valores e
de plantas também pode ser realizado por atitudes relacionados ao ato de conhecer. (...)
meio da manutenção de pequenos vasos na É preciso também avançar para além das
sala ou do cultivo de uma horta no espaço primeiras idéias e concepções acerca os
externo da instituição.(RCNEI, 1998, p. 189) assuntos que se pretende trabalhar com as
crianças. A atuação pedagógica neste eixo
Estas atividades independem de um grande espaço necessita apoiar-se em conhecimentos
físico na unidade escolar, mas, quando possível, o cultivo específicos derivados dos vários campos de
de um jardim ou horta traria uma observação melhor sobre conhecimento que integram as Ciências
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Humanas e Naturais. Buscar respostas, comprometimento com o processo de ensino-
informações e se familiarizar com conceitos e aprendizagem.
procedimentos dessas áreas se faz
necessário.(RCNEI, 1998, p. 195)
e) Algumas considerações sobre o RCNEI
Com este intuito, devem-se considerar as pessoas
idosas da comunidade como “fontes de informação” e, É inegável a importância do RCNEI no que
sendo estas debatidas, ilustradas ou pesquisadas em outras concerne a sua proposta de parâmetros básicos para todo o
fontes estar-se-á despertando no aluno a consciência de território nacional. Entretanto, precisamos investigá-los
que existe um fato/fenômeno, e as diversas informações, melhor a fim de não cairmos em ideologias que pregam
com diferentes padrões e concepções de vida. modelos prontos e acabados.
Um bom exemplo a fim de ilustrar o que propõe o
referencial é o trabalho com uma horta ou jardim na a) Um fato é que todo referencial, todo guia, pode
unidade escolar. Ao optar por este trabalho, o professor cair na descaracterização de uma dada
analisa com os alunos o funcionamento de uma horta, realidade, ou mesmo desprezo de determinados
podendo fazer uma visita a quem cultiva (pai, avô de aspectos que são importantes numa realidade
algum aluno...) e/ou uma horta comunitária. A partir daí, determinada;
as sementes são conseguidas com pais, professores, alunos b) Mesmo apontando a importância da região
e funcionários; o espaço seria determinado, medido, para os estudos, é questionável se todas as
preparado para receber estas sementes...As atividades regiões conseguirão explorar seus elementos
permanentes/cotidianas dar-se-iam no momento do cuidar igualmente. O que nota-se é que as regiões que
dos vegetais (aguar, arrumar, replantar...), desenvolvendo possuíam alguma estrutura prévia ( centro-sul e
o comprometimento e o senso de responsabilidade dos capitais), conseguiram discutir e fazer com que
alunos. Os pequenos animais que surgirem no local, o seus anseios fossem explorados e aderidos ao
perigo dos inseticidas e agrotóxicos numa lavoura, os referencial. As demais regiões ficaram a mercê
animais que consomem vegetais...Estes são apenas alguns do processo, sendo agora “instigadas” a
tópicos que podem desencadear a partir desta atividade. trabalharem num contexto pedagógico
Noções de tempo e espaço ficam visíveis com a diferente do seu;
evolução dos vegetais e, o registro pode ser diário através c) Outro aspecto geral que chama a atenção são
de fotos, frases (para os alunos alfabetizados), desenhos, os conteúdos ditos sociais. É dada muita ênfase
exposições ou outras representações. O professor poderá ao “cuidar”, às normas de higiene e saúde, ao
propor atividades lúdicas como jogos e brincadeiras que ambiente de creches, e isto aponta para o fato
possuam identidade com o tema proposto. que o referencial só indica-se para entidades
Como pode ser observado, a interdisciplinariedade, públicas. As entidades particulares, ou mesmo
a articulação entre as diferentes áreas do conhecimento em públicas com “melhores condições”, possuem
educação infantil são de fácil desenvolvimento desde que seu próprio “guia”, o que distancia e segrega os
o professor tenha claro seus objetivos, metodologia e alunos;
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d) Temos uma prática em Educação Ambiental O RCNEI apresenta-se enquanto uma proposta de
sendo proposta implicitamente, o que pode orientação interacionista. Entretanto, podemos perceber
levar os professores a confundir ainda mais o claros elementos da orientação tradicional e mesmo
ensino do meio ambiente com a propedeutismo, já que o papel do protecionismo, os
conscientização e preservação do mesmo. cuidados com a higiene e saúde, a preparação para a
primeira série, são constantes neste documento. uma
3.3.As principais correntes na pré-escola proposta que assemelha-se muito com a
desenvolvimentista. No documento esta informação não
Segundo Drouet (1990), podemos dizer que a pré- fica explícita, mas os indicativos, as atividades propostas e
escola possui três orientações principais (tradicional, a maneira como o mesmo foi estruturado, apontam para
preparatória ou propedêutica e desenvolvimentista ou esta corrente.
interacionista) e também a fusão entre as três, O mesmo ocorre com a proposta pedagógica para
constituindo-se numa quarta orientação, mesmo que esta educação infantil de escolas municipais de Presidente
nem sempre resulte numa ação pedagógica verdadeira. Prudente, como veremos mais adiante.
Seja qual for a tendência ou orientação de um
a) A corrente tradicional professor, este deverá ter como fundamental o
Esta orientação visa dar abrigo e segurança à criança; entrelaçamento entre suas finalidades, objetivos, área de
sendo basicamente um segmento do lar para que a estudo, materiais, atividades e avaliação. As atividades,
criança não perceba muito a mudança de ambiente. então, precisam constituir-se como ponto fundamental, a
Não há grande empenho em ensinar, pretende-se fim de que as crianças tenham um contato direto com
mesmo proporcionar recreação e guarda. várias situações.
Para Drouet (1990), o planejamento pré-escolar
b) A corrente preparatória ou propedêutica não pode ser encarado de maneira formal, assim como
Visa adiantar os ensinamentos que o aluno irá outros planejamentos educacionais, pois, o professor
receber na primeira série do ensino fundamental, a fim precisa e deve ter a liberdade de transformar, ampliar,
de evitar futuras reprovas ou repetições. Trata-se de reduzir, modificar, de acordo com as necessidades suas e
uma teoria psicológica de modificação de dos alunos.
comportamento repetido. Assim, planejar livremente significa ter um plano
mais geral e outro específico, flexível, sendo aberto às
c) A corrente desenvolvimentista ou interacionista modificações em decorrência do andamento da sala de
É baseada na psicologia genética de Jean Piaget, aula com o que está sendo desenvolvido.
dando ao educando liberdade para que interaja da forma Para planejar suas atividades, é importante que o
que escolher com o ambiente físico e social que o cerca. professor possua sua linha filosófica clara, seja ela
Desenvolve-se o aluno integralmente e em todos os tradicional, preparatória ou propedêutica. Entretanto, o
sentidos, inclusive nas habilidades necessárias à ideal seria que partisse sempre da realidade do aluno,
escolarização. entendendo-a como o que o aluno sabe, seus
conhecimentos prévios, suas capacidades, habilidades, sua
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cultura, sua classe social, seus sonhos, ou seja, qualquer Interessante, também, é observar como são
que seja a cultura envolvida, a mesma deve ser respeitada encaradas as atividades para a educação infantil. Segundo
e aproveitada em seus aspectos positivos (Drouet, 1990). o texto oficial da Secretaria de Estado da Educação – São
Avaliando a realidade em que o aluno está Paulo, através da Coordenadoria de Estudos e Normas
inserido, o professor conseguirá observar o ponto de Pedagógicas (1984), temos a seguinte caracterização do
conhecimento dos alunos, o vocabulário, a capacidade, as desenvolvimento infantil por faixa etária e, desta maneira,
necessidades. Desta maneira, hoje, a linha de pesquisa o que deve-se despertar nos alunos com as atividades:
volta-se para o desenvolvimento integral da criança,
compreendendo desenvolvimento físico, intelectual, Crianças de 0 A 2 Anos:
emocional e social, sendo um período de grande
dinamismo, de estruturação dos estágios posteriores. a) equilíbrio;
Analisando desta forma, pode-se dizer que apesar b) apreensão de objetos;
da educação pré-escolar ser encarada por lei como c) discriminação dos sons e ruídos;
propedêutica, nota-se que ela é algo mais, pois estrutura o d) coordenação motora grossa;
aluno em seus vários níveis e deixa de ser apenas e) discriminação de objetos;
“brincar” para ser orientada por uma filosofia, com f) início da instalação das atividades de vida diária;
objetivos, conteúdos, e metodologias, sendo um processo g) discriminação gustativa e olfativa;
global e progressivo. h) desenvolvimento da fala;
O que se percebe é que o professor será de i) início da socialização;
fundamental importância para o desenvolvimento destes
alunos, sendo indispensável no processo de ensino e Crianças de 3 A 4 Anos:
aprendizagem. Neste processo, o professor vai além de
emissor do conhecimento e o aluno de receptor, ou seja, o a) aperfeiçoamento da coordenação dos músculos
professor tem a função de comunicador e propicia a maiores;
interação entre aluno e a mensagem (conteúdos, b) aumento do vocabulário (tento manter um
experiências de vida, ensinamentos...) que precisa ser diálogo);
trabalha (Drouet, 1990). c) aumento do tempo de atenção em determinada
Entretanto, seu comportamento como comunicador atividade ( 10 a 15 minutos);
será diferente dependendo de sua formação. Assim, d) percepção do funcionamento dos objetos (gosta
podemos tê-lo como mediador nas discussões, e o aluno de montar e desmontar);
sem ser somente receptor, pois possui experiência de vida e)fantasia (inventa história sem distinção entre o
que não pode ser subtraída desta relação ensino- real e o imaginário);
aprendizagem e sim, explorada, tendo uma comunicação f) exploração intensa da imaginação e da
em que o aluno transmite e o professor recebe, criatividade para compreensão da realidade;
constituindo uma relação harmoniosa em que as g) desempenho de algumas atividades da vida
mensagens transmitidas contribuam para a formação e diária;
transformação destes seres sociais.
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h) construção de formas com blocos, tanto no m) diferença de interesses entre meninos e meninas
sentido vertical como no horizontal; ( meninos: amassar objetos, jogar bola, lutar...;
i) diferenciação de tamanho, distância, formas, meninas: brincar de roda, amarelinha, boneca...);
cores, quantidade (até 4); n) interesse pelo tempo;
j) estabelecimento do objetivo final de suas o) desenvolvimento da autocrítica, ressentindo-se
atividades; tanto pela diferença de tratamento entre as crianças
k) organização de atividades em grupos; de tratamento entre as crianças quanto pela
l) independência; repreensão diante do grupo.
m) compreensão de suas experiências, através da
dramatização das situações vividas; O que se pode notar, é que as atividades com pré-
capacidade de expressão (relata fatos, experiências escolares são interdisciplinares, ocorrendo um
e pequenas histórias). desenvolvimento físico, social e cognitivo num processo
contínuo e obedecendo níveis para cada faixa etária.
Criança de 5 A 6 Anos Entretanto, podemos desenvolver uma mesma
atividade com as diversas faixas etárias, com a ressalva de
a) agilidade e controle muscular; que as reações serão diferentes e, segundo os objetivos de
b) desenvolvimento da coordenação motora fina quem aplica essas diferenças devem ser previstas.
(pinça, recorte e colagem, manejo de ferramentas Observa-se também, a importância dos jogos,
simples, desenho, pintura e modelagem); brinquedos e dramatizações, entre outros, no
c) aprimoramento das atividades de vida diária; desenvolvimento dos alunos, sendo que estes constituem
d) expansão do vocabulário (define os objetos meios para obter-se um determinado resultado:
pelas suas funções, boa argumentação, transmite desenvolvimento da linguagem, de conteúdos
recados); matemáticos, socialização, expressão corporal,
e) apreensão de situações concretas extrapolando compreensão e preservação do meio em que vivem.
para a compreensão do mundo; O trabalho com Educação Ambiental pode dar-se
período de concentração (até 30 minutos); juntamente com o desenvolvimento das habilidades
f) interesse por histórias reais, há capacidade de mencionadas acima, pois, trata-se de um trabalho
colocar um seqüência fatos para formar a história, integrado e interdisciplinar.
embora ainda viva num mundo imaginário; Assim, muitas vezes o professor de séries iniciais e,
g) interesse pelo funcionamento; mesmo ensino médio, desenvolvem conteúdos de Ciências,
h) formação de conceitos; Geografia, Biologia...que, na verdade, estão diretamente
i) socialização; ligados à Educação Ambiental.
j) solidariedade com as crianças menores; O trabalho com pré-escolares tem tendência a obter
k) cooperação e competição; resultados rápidos de maior percepção, visto que o
l) acuidade auditiva; professor trabalha todos os conteúdos do currículo e
também desenvolve a educação de modo geral.

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Como a educação infantil abarca crianças de zero a com integração com outras disciplinas e dentro do
seis anos e em muitas escolas têm-se a permanência das cotidiano da escola. Trabalha-se o dia-a-dia, com
mesmas durante dois períodos (nas creches), o perspectivas para o futuro, tendo a realidade mais próxima
desenvolvimento de hábitos, atitudes, ações e como ponto de partida e como palco para refletir as ações
desenvolvimento saudáveis com relação ao meio e a si nela contida.
mesmo possui uma conotação muito forte. Principalmente E será encarando a prática da Educação Ambiental
porque este pequeno ser está em formação e esta acaba por de maneira prazerosa, tanto para alunos como para
ser, quase toda, atribuída à escola. professores, que a mesma deverá ser
Desenvolver a sensibilização, compreensão, desenvolvida...encarando o Homem como agente
responsabilidade, competência e cidadania ambiental vai transformador dos ecossistemas e que, por isso, deve lutar
além da sala de aula, entretanto, tendo em vista a realidade pela preservação dos mesmos.
de muitas escolas, é na sala de aula que muitas reflexões
sobre a realidade já vivenciada começam a ter sentido.
Dentro da perspectiva de ensino-aprendizagem em
Educação Ambiental, temos que um único tema pode 3.4. A Proposta Pedagógica para Educação Infantil das
fornecer conteúdos que podem ser explorados nas mais escolas municipais de Presidente Prudente
diversas disciplinas, isto desde que este processo seja
sistematizado como um tema, objetivos, metodologia e Ao longo da história da educação infantil em
ações a serem desenvolvidas. Muitas vezes o educador age Presidente Prudente, podemos perceber diferentes
como um orientador das atividades, mesmo porque esta contextos pedagógicos que precisam ser mencionados.
liberdade do professor em séries iniciais deve ser Segundo a Proposta Pedagógica para Educação
respeitada, sendo os planejamentos flexíveis. Infantil de Presidente Prudente (PPEI-PP), de 1997, a
O processo de ensino e aprendizagem da Educação primeira sala de educação infantil foi criada em 1976,
Ambiental não pode ser algo estático, é preciso que seja num convênio entre a Prefeitura Municipal e a Legião
flexível, que seja abrangente, encarado de forma contínua Brasileira de Assistência (LBA). Em 1977, outras salas
e permanente. Estas atividades precisam estar dentro do foram criadas, tendo por base o serviço voluntário e
centro do programa, por permite aos alunos desenvolverem professores remunerados como estagiários, mas, sem
sensibilização e respeito diante dos problemas ambientais, habilitação (PPEI-PP, 1997).
buscando maneiras para superar os mesmos, relacionando No final de 1982, eram 86 salas, sendo 38
os fatores ambientais, sociais, políticos, religiosos, referentes à Escola Municipal “Chapeuzinho Vermelho”
culturais...neste caso, o professor é um facilitador da que atendia crianças de 4 a 5 anos, conveniada com o
exploração do metabolismo urbano e dos processos que Mobral e a Escola Municipal “Pingo de Gente”, que
ocorrem inseridos no mesmo, que afetam e são afetados atendia crianças de 6 anos, mantida pela Prefeitura
pelos alunos (Dias, 1992). Municipal. Estas salas funcionavam em escolas estaduais,
Desta maneira, não existe uma “aula de Educação centros comunitários e creches, com caráter
Ambiental” com começo, meio e fim. O que existe são assistencialista e mecanicista. A intenção era treinar as
conteúdos de Educação Ambiental sendo desenvolvidos
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habilidades específicas da criança, para que a mesma fosse A educação infantil de Presidente Prudente, visa
alfabetizada na, então, primeira série do primeiro grau. ainda, algumas ações que têm em vista a perspectiva
Em 1983, foi instituída a Secretaria Municipal de interacionista:
Educação Compensatória Pingo de Gente. “O objetivo da
educação compensatória era garantir o acesso e a) Dar condições para o desenvolvimento físico,
permanência da criança na escola de 1º Grau, superando emocional, cognitivo e social do indivíduo;
assim o alto índice de evasão e repetência.” ( PPEI-PP, b) Promover experiências e conhecimentos estimulando o
1997) interesse pelo processo de transformação da natureza e
Já em 1986, foi implantado o Programa de dinâmica da vida social;
Educação Pré-escolar (PROEPRE), tornando-se o c) Contribuir para a interação e convivência na sociedade,
programa oficial da pré-escola do município de Presidente tendo por base a solidariedade, a liberdade, cooperação
Prudente. Este programa prosseguiu até 1994, quando foi e respeito.
discutida a construção de uma proposta curricular para a d)
pré-escola municipal de Presidente Prudente. Isto ocorreu Desta maneira, a democratização da escola é
devido a necessidade de sair do contexto assistencialista, fundamental, com participação de pais, professores,
mecanicista e mesmo compensatório instaurado desde a trabalhadores etc., com vistas a uma autonomia da unidade
implantação da educação infantil no município, visando escolar.
uma ação mais coletiva e menos impositiva de se reger A metodologia adotada é pautada na
esta etapa educacional (PPEI-PP,1997). interdisciplinariedade, sendo esta encarada como a
Desta maneira, deixa-se de lado a concepção possibilidade de articular a realidade sociocultural do
ambientalista e a assistencialista, para adotar-se uma aluno com os conteúdos atribuídos a esta faixa etária
postura interacionista. Trata-se de: dentro do processo de trabalho escolar.
Tal metodologia só é possível porque o educador é
(...) uma visão interacionista, o processo de polivalente, sendo o mediador entre o sujeito e o objetivo
desenvolvimento ocorrendo numa rica do conhecimento.
interação sujeito e meio social; tal visão tem
sua origem principal na concepção dialética e Além desta formação teórica, o educador
defende a idéia de que o sujeito modifica o deve ser um observador que significa olhar e
mundo e é modificado por este. A prática ouvir além das aparências, ou seja captar
social, somada a análise crítica, pode-se sensivelmente as necessidades do grupo. Isto
transformar numa nova prática. Prática esta não significa ficar apenas olhando as crianças
que o resultado de uma interação constante brincarem interferindo apenas em casos de
entre os objetivos a conhecer e a ação dos brigas. Por outro lado ele não deve adotar uma
sujeitos que procuram compreendê-lo.(PPEI- postura de dirigir sempre as brincadeiras,
PP, 1997) determinando as suas regras. A presença do
educador é imprescindível para que as
propostas se concretizem, as observações e
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reflexões são fundamentais para o momentos, esta car6encia pode até ser usada como ponto
replanejamento das atividades, ou seja, que as de partida para atividades escolares.
propostas de trabalho atendam os interesses e Assim, torna-se salutar observar o que é proposto
as necessidades. (PPEI-PP, 1997, s/p) em Geografia e Ciências10, a fim de resgatar elementos que
nos ajudem a compreender a Educação Ambiental dentro
Com relação à organização do próprio ambiente deste processo de desenvolvimento infantil.
escolar e da sala de aula, temos a instituição dos
“cantinhos”, que são locais na sala de aula permanentes
que ajudam a criança a estar em contato com os elementos 3.5. A Proposta Pedagógica de Presidente Prudente no que
de diferentes disciplinas e possuindo variados jogos se refere ao ensino de Geografia e Ciências
educativos que auxiliam em seu desenvolvimento como
um todo, podendo estar monitorado ou não pelo educador.
Outro aspecto metodológico que chama a atenção é Sabe-se que a educação infantil é o primeiro
a adoção de pequenos projetos dentro da prática momento na fase do aluno em que ele toma contato com
pedagógica a fim de desmembrar os conteúdos e um espaço dedicado a socialização, em que também,
especificá-los um pouco mais. Estes projetos são ampliará seus conhecimentos interagindo com o meio
trabalhados nas áreas que compreendem educação infantil, físico e social.
como Língua Portuguesa (alfabetização), Ciências,
Estudos Sociais (Geografia e História), Matemática, Para tanto, a importância do ensino de
Educação Artística etc.. Geografia e História na pré-escola, se faz
Da mesma maneira como o RCNEI trata-se de uma fundamental para que a criança, através de
proposta um tanto regionalizada e que dá base à proposta experiências concretas, compreendam a vida
de educação infantil de Presidente Prudente, esta últimas social como um dado e não como um conjunto
também apresentará divergências regionais em escala de fatos isolados. Neste sentido, as noções de
municipal. Neste caso, temos os referenciais, quase que espaço e tempo devem ser conjuntamente
por inteiro, instalado nas escolas centrais, já as escolas trabalhadas, pois todo tempo é histórico e se dá
periféricas apresentam uma dificuldade maior, que vai num determinado espaço.( PPEI-PP, 1997, s/p)
desde aspectos físicos (prédio escolar, falta de materiais),
até capacitação e funcionários, o que torna complicado a Mas, deve-se observar, que a transformação deste espaço e
implantação do mesmo. deste aluno (enquanto agente e transformador do mesmo),
O principal motivo apontado para o não-
funcionamento integral desta proposta em escolas 10
Importante é observar que a prática em Educação Ambiental é
periféricas, é a carência do local. Mas, esta por si só não interdisciplinar, e que os diferentes conteúdos do currículo são de
justifica todos os problemas, visto que a formação dos fundamental importância. Entretanto, no caso específico deste
trabalho, torna-se interessante especificar melhor as duas disciplinas
profissionais, o ambiente físico e social, o envolvimento da
mencionadas, mesmo porque, serão elas as que possuem interação
comunidade, também são aspectos relevantes. Em alguns melhor diante da Proposta Pedagógica apresentada pela Prefeitura
Municipal de Presidente Prudente.
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deve ser levado em conta, pois, trata-se de um primeiro O aluno precisa conhecer os fatos, fenômenos e
passo frente ao entendimento de conceitos como ambiente, elementos do mundo para poder pensar sobre eles e
tecnologia, desigualdades sociais, trabalho, cidadania, começar a tomar decisões a respeito do que encontrar
entre outros. Esta consciência deve começar a ser perante esta realidade. Assim, o ensino de Ciências o
despertada partindo de atividades concretas, de auxiliará proporcionado experimentações, investigações
observações e representações que sistematizem o que o sobre objetos, materiais, seres vivos, possibilitando
aluno pensa, sente, ou seja, através de sua vivência e perceber a interação entre os ecossistemas e as
conflitos. transformações sofridas pelos mesmos, principalmente
com a ação humana.
(...) é importante ainda ressaltar que o ensino Os conteúdos ressaltam a importância dos
de Geografia e História tem como objetivos elementos naturais e da inserção do aluno dentro deste
amplos, formar o cidadão com possibilidades ambiente: a) elementos da natureza; b) as plantas; c) os
de refletir e questionar, opondo-se as verdades animais; d) as estações do ano; e) equilíbrio ecológico; f) a
absolutas e acabadas, capaz de conviver com o natureza em movimento.
indeterminado, o indefinido, o diferenciado, Estes conteúdos, sendo bem trabalhados em
dentro de uma perspectiva de que tanto uma conjunto com os de Geografia, História, Matemática,
quanto a outra, é uma prática social a ser Língua Portuguesa e os demais, mostra o caminho para a
construída pelo ser social, através da formação consciente do aluno.
compreensão do aspecto produzido pela
sociedade a qual vivemos hoje, suas
desigualdades e contradições. (PPEI-PP, 1997,
s/p)

Dentro da intenção de formação do cidadão, fica


atribuído ao ensino de Geografia os conteúdos
relacionados com a formação social, a percepção de si
próprio, as relações existentes entre as pessoas e o meio
(transformações do homem sobre a natureza), além de
introdução à Cartografia, com representação do local de
estudo, de moradia etc..
Trata-se de três eixos básicos que dizem respeito ao
ensino tanto de Geografia como de História:

a) a criança e a família;
b) a criança e a escola;
c) a criança e o contexto social mais amplo.

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CAPÍTULO IV Assim, foram criados personagens como as
Materiais didáticos como subsídios para a prática da gotinhas Guti e Tuti, relacionados com problemática da
Educação Ambiental água; o trenzinho Teléco-Téco, que adora passear pela
Cidade da Criança; o pardal Dadáo, grande sábio da
Entendendo a prática em Educação Ambiental floresta; o jacaré Jacá, que tem medo de humanos.
como multi e interdisciplinar é que os materiais didáticos Estes “mascotes” são o suporte para os livrinhos,
aqui apresentados foram produzidos, visando subsidiar os teatrinhos, joguinhos e demais atividades propostas. Visto
trabalhos com propostas simples de atividades com pré- que o público alvo são crianças muito pequenas, de zero a
escolares. seis anos, os “mascotes” funcionam como uma ponte, um
Para o desenvolvimento destas atividades, é referencial entre o “faz-de-conta” e a realidade.
inegável a eficiência e importância do apoio dos materiais Outra função destes personagens é de estimular
didáticos, sendo inúmeras as vantagens de utilizá-los. Os hábitos de saúde e higiene, levando em conta o corpo
materiais didáticos são válidos por motivarem o aluno; humano como um ambiente e que, por isso, também deve
tornarem o conteúdo mais interessante; facilitarem a ser preservado, cuidado, conservado...
motivação; favorecerem o desenvolvimento de processos Todo material aqui apresentado foi pautado na
mentais, como observação, comparação, análise e síntese; realidade da Cidade da Criança e destinado ao público pré-
possibilitam experiências diversas; favorecem o escolar.
desenvolvimento do pensamento e a conclusão dos A temática adotada foi a ambiental, entretanto,
assuntos; aproximam os alunos, principalmente os mais outras temáticas estão envolvidas nas atividades:
inibidos. coordenação motora, matemática, estudos sociais, ciências,
As atividades para as quais utilizamos materiais educação artística...
didáticos tornam-se mais atrativas e de fácil obtenção dos A intenção é de que o professor, após analisar esta
resultados esperados. Isto não requer muitos recursos proposta, compreenda como foram produzidas as
financeiros. Observa-se, que a sucata pode ser utilizada atividades e seja capaz de explorar a realidade em que sua
como base na confecção de inúmeros materiais, se for bem escola está inserida, que seja capaz de extrair desta
aproveitada pelo professor. realidade personagens e que confeccione seu próprio
As atividades foram criadas, também, para auxiliar material, para ou com o aluno, visto que o ele é um ser
no desenvolvimento dos trabalhos com professores e transformador do meio e, assim, responsável por sua
alunos de pré-escola , que vem sendo desenvolvidos pela preservação.
Escola Livre do Meio Ambiente (ELMA), situada na Desenvolver hábitos e atitudes saudáveis com
Cidade da Criança de Presidente Prudente-SP. relação ao meio ambiente e ao próprio corpo (ambiente
Sendo que os impactos e as principais humano) trata-se de um objetivo norteador em qualquer
características foram a realidade-base para a confecção de trabalho com pré-escolares. Isto porque, estas crianças
materiais educativos, havia a necessidade de criar-se estão sendo formadas em todos os sentidos, fisicamente,
alguns personagens que funcionassem como “mascote” das intelectualmente, psicologicamente. Enfim, desenvolver
crianças a fim de nortear este trabalho de Educação atitudes que auxiliarão na constituição destes pequenos
Ambiental.
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seres sociais que serão responsáveis por atos futuros com transformação auxiliará na conscientização sobre a
relação ao meio e com relação à própria humanidade. importância de realização de coleta seletiva de lixo e
reciclagem.
4.1. A sucata como material básico na produção de De uma maneira ou outra, a sucata torna-se um
materiais didáticos ótimo material didático pois apresenta uma forma inicial,
depois a mesma é transformada e o que aparentemente era
O trabalho com sucata está presente no cotidiano da matéria descartada do uso humano, recebe uma nova
sala de aula há muito tempo. Este material é excelente para função (Saló & Barbuey, 1977).
o estímulo à criatividade, tanto do aluno, como do O cuidado nos trabalhos com sucata está em não
professor, com relação a algum objeto com seu uso deixar que este material seja explorado sem objetivos, sem
descartado15. planejamento. O professor deve orientar seus alunos,
O trabalho com sucata foi ressaltado na proposta da respeitando cada personalidade, características individuais,
CENP (1984), pois é uma maneira de proporcionar uma necessidades, interesses, potenciais, realidade, auxiliando
ação transformadora e imediata, desenvolvendo mais uma no desenvolvimento crítico, agente e transformador de
forma de expressão. Outro aspecto importante é que cria-se cada um.
um elo de ligação entre o que foi criado e o criador O desenvolvimento crítico do aluno está também
(auxiliando na criatividade e cooperação). relacionado ao papel que a sucata representa na questão
Como pode-se perceber, a sucata representa um ambiental. A sucata está ligada à problemática do lixo
“objeto por fazer”, desenvolvendo neste “fazer” inúmeros gerado nas cidades, sendo uma ponte importante para a
elementos para a formação física, cognitiva e social da discussão de tal temática, sendo um bom momento para
criança. salientar a questão da coleta seletiva de lixo, dos
Este trabalho pode ser feito pelo professor e pela problemas causados por agentes transmissores de doenças
criança. A etapa mais trabalhosa, o planejamento de uma que vivem em lixões e depósitos clandestinos, das pessoas
atividade, fica a cargo do professor. Já o aluno, precisa ter que vivem em função do lixo, como “catadores”.
a liberdade de criar sobre o material, seja por si só ou com A implantação e manutenção dos sistemas de coleta
uma atividade orientada pelo professor. e tratamento de lixo possui altos custos. Entretanto,
O professor pode orientar no sentido de transformar segundo Dias (1992), se continuarmos encarando metais,
o material já descartado pelo uso humano. Essa papéis, vidros e resíduos orgânicos como lixo, estaremos
perdendo dinheiro e aumentando a pressão sobre os
15 recursos ambientais. Poupar estes recursos (matéria-
Apesar de comprovada eficiência, a sucata vem sendo um pouco
questionada no meio educacional. Este fato se deve porque inúmeras prima), significa economizar o suficiente para justificar a
escolas particulares se utilizam de informática a fim de melhor implementação deste sistema.
capacitar seus alunos e outras apostam firmemente no estímulo à Isto porque quase todo lixo sólido pode ser
sucata (principalmente escolas estaduais). A discussão gira em torno reaproveitado e transformado num segundo produto. A
de perceber até que ponto temos que ressaltar a importância do meio
exemplo disso os restos orgânicos podem ser
informacional para nossos alunos e até onde o trabalho com a sucata o
estimula a adquirir novos modos de vida. Acreditamos que os dois transformados em adubo e utilizados em hortas; o alumínio
opostos podem caminhar juntos, onde um subsidia o outro. de latas de refrigerante e cerveja é retrabalhado e
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reutilizado, evitando a extração de mais alumínio e assim, Estes dados ajudam a observar que o lixo urbano
preservando um recurso mineral. Os metais merecem tem solução, seja ele sólido ou líquido. Mas, para que isto
atenção especial por poderem ser retrabalhados sem ocorra, devemos despertar a consciência das autoridades e
perderem suas propriedades, o mesmo diz respeito aos da população a respeito da coleta seletiva de lixo e
vidros que, aquecidos, podem ser remodelados. Mas, reciclagem do material contido neste lixo. Pois, na maioria
materiais como plásticos possuem um agravante que é seu das cidades o problema é agravado com deposição final
tempo de decomposição (em torno de 50 anos) e sua indevida, ocorrendo grande degradação de algumas áreas e
reutilização é um pouco limitada. comprometimento de cursos d’água, além da proliferação
Para compreendermos um pouco mais o potencial de doenças.
de transformação dos principais componentes do lixo A problemática do lixo, então, possui vários
urbano, vamos observar a tabela que segue. apontamentos que devem ser trabalhados em sala de aula,
para qualquer faixa etária, sendo, segundo Zatta (1996),
Figura 1:O LIXO URBANO E SUA REUTILIZAÇÃO16 princípio básico da Educação Ambiental o conceito dos
três “R”: reduzir a quantidade de lixo; reutilizar objetos
MATERIAL DESCARTADO UTILIZA-SE PARA: várias vezes; e reciclar o que não é mais possível reduzir
PET Corda de Nylon
nem reutilizar.
Desta maneira, desenvolver determinados hábitos
Papelão Papelão em pré-escolares, por exemplo, implica em preparar estes
Papel Fino Cadernos, papel para embrulho
pequenos seres para a coleta seletiva de lixo,
economizando as reservas naturais e, também, evitando
Jornais Bandeja de ovo doenças e outros problemas relacionados ao lixo.
PVC Tubulação
Para desenvolver estes hábitos, o professor possui
um grande aliado em sala de aula: a sucata. Pois, a sucata
PP (Polipropileno) Cerdas de vassoura nada mais é do que material reutilizável, reciclável, tais
Poliestireno Mangueiras
como: papéis, sacos, madeira, plásticos entre outros, e que
seu manuseio desenvolverá várias habilidades nos alunos.
Plástico Filme Sacos de lixo Trabalhando assim, a sucata torna-se um material
Cobre Peças de carro e materiais diversos
envolvente, sendo base para várias atividades. Mas, o
professor deverá ficar atento com o material que chega até
Antimônio Peças de carro a sala de aula, pois, vidros, tampinhas de garrafa e outros
Vidro de Boca Larga Para indústrias de doce
podem causar ferimentos nas crianças ou serem ingeridos
pelas mesmas se não forem orientadas adequadamente.
Vidro de Leite de Coco Para fábricas artesanais Com o material que chega em sala de aula muitos
jogos podem ser confeccionados: dominós de caixinhas de
16 fósforo e figuras de revistas velhas; jogo da memória com
Estes dados foram obtidos através de trabalho de campo realizado na
Estação de Tratamento de Lixo Urbano de Adamantina-SP, realizado revistas velhas e papelão, entre outros.
em setembro de 1997.
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No trabalho com teatro sua importância aumenta, já algumas de suas classificações17, feitas por Caillois,
que, o cenário, figurino, objetos de cena, fantoches, podem Wallon, Marzolo & Lloyd (1972) e Piaget (1962).
ser produzidos com restos de materiais. Caillois (1972),estabelece duas classificações para
Livrinhos podem ser montados com recortes de os jogos; de regra e os da liberdade, sendo classificados
revistas, jornais ou gibis. As historinhas podem ser em quatro categorias, que seriam estabelecidas de acordo
ilustradas com colagem de materiais como palitos, retalhos com o desenvolvimento e habilidade dos participantes.
de pano, tampinha de garrafa, para representar alguma Desta maneira, teríamos:
cena, por exemplo. a) Jogos de competição, com a presença de
Na confecção de maquetes estes materiais serão ambição do triunfo. Luta, competição, desejo de
transformados a fim de representar um determinado meio, exceder, algo a conquistar, reconhecimento,
em escala reduzida. Um exemplo: ao representar a sala de esforço, perseverança, vontade de vencer.
aula, as carteiras podem ser feitas de caixas de fósforo; o b) Jogos de acaso, que possui expectativa de ação
relógio de tampinha de garrafa; as cortinas de retalho da sorte. Jogos de sorte ou azar. Não é o
velho, e assim por diante. oponente que determina o resultado: são os
O importante no trabalho com sucata é o dados, a roleta, etc.
desenvolvimento do improviso: muitas vezes você não tem c) Jogos de simulação, com presença de ilusão.
este ou aquele material e, assim, usará mais ainda a Imitação, dramatização, mímica.
criatividade para chegar a um determinado produto. d) Jogos de vertigem, pautados na busca de
O mais significativo no trabalho com sucata é o vertigem física ou psíquica, emoções, vertigem,
processo, o desenvolvimento, para se chegar a um sensações de perigo: vôo, alpinismo.
resultado final. Este resultado final pode ser apenas uma
motivação para se trabalhar vários aspectos pedagógicos e Para Wallon (1972), pode-se classificar os jogos
ambientais com um único material, até então encarado infantis em:
como mero lixo.
a) jogos funcionais, que conduzem ao exercício
4.2. Os jogos e brincadeiras gratuito de funções psicológicas emergentes,
sejam mais tipicamente físicas, sejam sensoriais
Para desenvolver a criança como um todo, os jogos como derivativos da tonicidade muscular. Um
e brincadeiras possuem grande importância, pois, são eles bom exemplo é a corrida atrás do colega sem ter
que constituem o suporte de uma atividade. Entretanto, o muita explicação, sendo a “corrida pela
uso que se fizer do jogo é que determinará sua
característica, ou seja, dependendo do objetivo, um
determinado jogo/brincadeira desenvolverá certos
17
elementos na criança. Rosamilha, Nelson. Teorias, classificações, desenvolvimento e
função dos jogos. In.: Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São
Antes de nos atermos aos tipos de jogos e
Paulo. Pioneiros, 1979, p. 52. Citação contida na proposta da CENP
brincadeiras que podem ser feitos, convêm aqui, resgatar para pré-escola, 1984. Callois, Wallon e Marzolo sem data de
publicação.
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corrida”; aos poucos as regras e normas são c)Pré-leitura;
atribuídas a este tipo de jogo. d)Compreensão de relações;
b) jogos de ficção ou de imitação: brincar de papai e)Seleção e classificação;
e mamãe, de boneca, de casinha, de vaqueiro, de f)Contagem e mensuração;
trem, de avião. Trata-se de uma fase relacionada g)Solução de problemas;
com o “faz-de-conta”. Dentro da evolução, a h)Exploração;
partir dos 6-7 anos, esses jogos serão trocados i)Criatividade;
pela dramatização, sendo um momento de j)Auto-estima;
afirmação perante as outras pessoas. k)Crescimento físico.
c) jogos de aquisição: a criança olha, escuta,
pergunta. É o caso das gravuras, televisão, Piaget(1962), classifica os jogos e brinquedos em
discos, paisagens, coleções de selos, figurinhas, três grupos distintos, mas, sempre respeitando a idade e o
etc. desenvolvimento físico e motor do indivíduo. Desta
d) jogos de fabricação: combinar, cortar, modelar, maneira, teremos:
construir coisas e objetos, jardinagem, bordados,
costura, desenhos. Trata-se de um momento a)Jogos Práticos (brinquedo funcional), que são
interessante para aplicar o trabalho com sucata e explorações sensorias-motoras;
outros materiais que reforcem este momento da b)Jogos Simbólicos. Há dramatização e
evolução criativa do aluno. substituição de ações. Aos poucos vão
incorporando a imitação e passando a ser
Um mesmo jogo pode conter vários elementos brinquedos sócio-dramáticos. Segundo Battro
destes quatro tipos de jogos apontados por Wallon (1972). (1976), este é o verdadeiro jogo, para Piaget;
Por exemplo, ao construir um carrinho com sucata (Caixa c)Jogos com Regras que continuam até a fase
de papelão e tampinhas de garrafa), passa-se pela fase de adulta. A criança precisa saber e seguir as regras
construção, depois o momento de brincar mostrando a fase ou compreendê-las.
funcional e a imitação fica a cargo da emissão dos sons do O que podemos perceber é que um mesmo jogo
automóvel. Problema parecido ocorre ao tentar-se poderá estar em várias classificações, desenvolvendo
classificar os jogos por idade várias funções na criança. Além destes aspectos, por meio
Marzolo e Lloyd (1972), relacionaram jogos e do jogo ou brincadeira, com um tema específico, podemos
brincadeiras com habilidades e competências que eles transmitir uma gama muito grande de informações aos
podem desenvolver, desta maneira, esquematizaram onze alunos.
“famílias” de habilidades, que podem ser relacionadas com Confeccionar o próprio jogo, criar a própria
a idade e o jogo que pretende-se trabalhar, são elas: brincadeira, orientados por um professor com objetivos
pré-determinados, auxiliará e ampliará, ainda mais, os
a)Os cinco sentidos; benefícios aos alunos. Para esta confecção e criação, a
b)Desenvolvimento da linguagem; sucata possui sua participação efetiva.

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Vejamos algumas atividades que podem ser feitas
Advinhe quem sou!!!
em sala de aula ou no pátio e que foram propostas aos
professores participantes da oficina de Educação
Ambiental. Etapa 1
Etapa 2
A) Quebra-cabeça: Uma figura de revista ou
Etapa 3
desenho deve ser colada em caixas de fósforo, papelão,
caixas de pasta de dentes ou outro material e depois
recortada. os números e tentando advinhar a figura a cada vez
Para diversificar, a fim de conseguir a vez de jogar, que uma peça é virada. Peça nº1: Para beber precisamos
o aluno deverá realizar uma pequena dramatização. filtrar; Peça nº2: Abastece rios e mares; Peça nº3: Muitos
Exemplificando: Monta-se um quebra-cabeça de animais. animais vivem nela e são chamados de aquáticos, e assim
Para poder ter direito a uma peça, deverá ser imitado por diante. Antes de virar as peças, o professor
algum animal, ou o desenho de uma árvores, sendo que deverá explorar bem a discussão que cada pergunta
para ter direito a uma peça deverá imitar o nascimento de permite.
uma árvore, ou fingir estar comendo uma fruta desta
árvore. C) Jogo de montar: Em papelão, ou outro material de
sucata, é feito desenho ou colagem de um menino, uma
Quebra cabeça árvore, uma flor, um córrego, ou o que quiser. As partes
são recortadas e embaralhadas.
A intenção é de que a criança consiga montar todo
o jogo. O professor deverá explorar a figura como um todo
e a função das partes dentro deste todo. Ex.: Para a árvore:
a) para que servem as folhas da árvore;
b) para que serve o tronco da árvore;
c) para que servem as raízes da árvores;
B)Advinhe quem sou: Encapa-se caixas de fósforo, d) para que serve a vegetação rasteira perto da árvore...
papelão ou madeira e cola-se alguma figura. Na parte de
trás das peças enumera-se a seqüência e deixa-se pistas
sobre a figura. Ganha o jogo quem advinhar primeiro a D) Brincando e contando histórias: Em um papelão ou
figura. Exemplificando: A figura é a água num jarro. As cartolina, são representadas várias cenas do cotidiano da
peças estão dispostas com a figura para baixo, tendo a criança ou cenas que o professor julgue interessante
numeração e pistas para cima. As crianças vão escolhendo representar.
À parte é confeccionado um boneco (de papel,
argila, de plástico...) para os meninos e outro para as
meninas.

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A intenção é de que os bonecos “passeiem” pelas
cenas e descrevam o que estão vendo. Exemplificando: O importante não é acertar ou errar. O que importa é o
Imaginemos a trajetória de um córrego, de sua nascente até professor não deixar perguntas sem respostas e estimular a
nossa casa. Primeiro temos sua nascente, com mata ciliar, discussão em cada pergunta.
animais, etc; Segundo temos a água sendo captada;
Terceiro temos a água sendo tratada; Quarto temos a água F) Maratona ecológica: A intenção deste jogo é de
chegando nas casas; Quinto, sua utilização na cozinha, representar o caminho da água, sendo que, este caminho
banheiro, lavanderia, quintal. O boneco, levado pela pode ser ampliado ou reduzido. A sala de aula ou pátio
criança, terá a função de representá-la neste “passeio”. deverá ser preparada para que a atividade se desenvolva: as
O passeio pode ser a uma floresta, a um parque mesas serão enfileiradas e recobertas com papel metro,
(como a Cidade da Criança). Pode dizer respeito aos bons jornal ou revistas; alguns cartazes ilustram os detalhes
hábitos que precisamos desenvolver (tomar banho, escovar mais difíceis, como por exemplo, um filtro, um tanque,
dentes, tomar água filtrada...), tendo o boneco como assim, desenha-se ou representa-se de outra maneira cada
narrador. Enfim, com este jogo, qualquer temática pode ser detalhe que represente o caminho da água.
trabalhada. As crianças estarão representando uma gota de
água que sairá do córrego (representado por desenhos ou
E) Caracol: É traçado no chão um caracol, tendo suas casas papel metro pintado e colocado à frente das mesas), irão
numeradas. Confecciona-se um dado, para ser jogado e em direção às mesas (representando as tubulações que
saber quantas casas andar. Para cada vez que o dado for captam água), e chegarão às casas e utilização da água (na
jogado, responde-se uma pergunta. Se o aluno não souber cozinha, no banheiro, no quintal...). Para poder passar de
ou responder errado, perde a vez de jogar. Ganha quem uma fase para a outra, os alunos deverão responder ou
chegar primeiro ao centro do caracol. explicar a utilização da água em cada ambiente criado. O
Caso o professor queira, no centro poderá haver um professor poderá escrever placas indicando: casa, córrego,
prêmio; ou a criança deverá imitar algo quando lá chegar. tubulação, chuveiro, panela, filtro...assim, direciona o
Para cada tema, uma série de questões relacionadas aluno para a leitura incidental.
a ela. Exemplificando: sendo o tema árvores. Este jogo pode ser trabalhado em equipes (meninos
a) Quais são as partes que compõem uma árvore? x meninas; um grupo misto contra outro...), ou
b) Diga o nome de uma árvore que dá flores. individualmente. Mas, quando for jogado em grupo, não
c) Diga o nome de uma árvore frutífera. deverá passar de 3 ou 4 alunos para que não haja tumulto.
A mesma atividade pode ter temáticas diferentes
d) Diga um animal que vive em árvores. como: animais e seu habitat (tentando compreender como
e) O que uma árvore precisa para crescer? um animal vive, o que é seu alimento...); uma floresta
f) Como evitar queimadas... (como são as árvores, como nascem, de que precisam para
sobreviver...); ou um lago (quem vive no lago, como é um
lago, o que ele representa, como é um ecossistema de um
lago); entre outras.

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Caracol
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O professor poderá escrever placas indicando: casa,
Trilha: A mata da Cidade da Criança
córrego, tubulação, chuveiro, panela, filtro...assim,
direciona o aluno para a leitura incidental.

Sou uma mata muito bela


e vários animais vivem aqui. Diga o nome
de um deles e avance duas casas!!!
(Macaco-prego, capivara, pardal...)
Sou uma árvore novinha,
represente o nascimento da
sementinha! (Avance uma casa)

A mata foi desmatada perto


da estrada. Volte três c asas!!!

Sou o tatu brincalhão, diga


de que me alimento que vive
no chão (formigas). Avance cinco casas!!!

G) Trilha: Traça-se no papel ou no chão uma linha


aleatória que pode ser subdividida em grandes partes;
numera-se, ou coloca-se letras em cada parte; cada parte
Maratona ecológica deve possuir uma informação ilustrativa e escrita sobre o
tema a ser trabalhado (perguntas, charadas, tarefas...). O
jogador avança as casas à medida em que um dado é
jogado, devendo-se atentar para as tarefas pedidas. Ganha
quem chegar primeiro no final da trilha.

H) Mapa da Mina18 Esta atividade é parecida com a “caça


ao tesouro”. Temos um mapa da área que desejamos
estudar, em forma de cartograma, bem colorido e com os

18
Esta atividade foi originalmente elaborada pelo professor Antonio
César Leal e desenvolvida no Museu Dinâmico de Ciências de
Campinas-SP e Cidade da Criança de Presidente Prudente-SP, com
alunos de ensino fundamental e médio, sendo agora adaptada para o
ensino pré-escolar.
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pontos de referência. As informações que desejamos NO RIO ELA É DOCE...
passar devem estar em fichas. Cada parte do mapa é NO MAR ELA É SALGADA...
estudada pelo educador a fim de que não hajam dúvidas SIGA EM FRENTE E OBSERVE SEMPRE À ESQUERDA
para os alunos no momento da atividade. Como trata-se de QUE LOGO DESVENDARÁ ESTA PRIMEIRA CHARADA!!!
crianças pequenas, as orientações devem ser dadas em
“passos”, com grande ênfase para os pontos de referência e É DOCE...
sua importância, suprimindo o uso de bússolas e outros
NO MAR ELA É SALGADA...
instrumentos que podem ser utilizados com crianças
SIGA EM FRENTE E OBSERVE SEMPRE À ESQUERDA
maiores. O tesouro pode ser algo relacionado com a
temática adotada. Exemplo: se o trabalho for relacionado à QUE LOGO DESVENDARÁ ESTA PRIMEIRA CHARADA!!!
temática “água”, os pontos de referência na escola podem
ser bebedouro, caixa d’água, etc; a distância entre cada
ponto deve ser dada em “passos” (cinco passos à esquerda, FICHA 2
quatro passos à frente...) e, cada ficha encontrada deve MUITO BEM!!! ESTOU FALANDO DA ÁGUA!!!
conter informações relevantes ( qual a importância da água VOCÊ SABE COMO ELA DEVE SER PARA BEBER?
para os seres vivos, quais os estados físicos da água...); um DE ONDE VEM A ÁGUA?
cartograma deve ser elaborado a fim de orientar as COMO CHEGA ATÉ NOSSA CASA?
crianças; neste caso, o tesouro pode ser um livro ou gibi
sobre a água. AGORA QUE JÁ CONHECEMOS BEM A ÁGUA, VAMOS
A título de exemplo, o cartograma número 6 OBSERVAR ONDE ELA SE ENCONTRA!!!!!!!!!!!
apresenta um modelo trabalhado na Cidade da Criança
com a temática água. Lembrando, mais uma vez, que para
fazer esta atividade com crianças menores, as informações DICA 2:
deverão estar simplificadas e o “mapa” bem ilustrado. CONTINUE SEGUINDO EM FRENTE. LOGO VOCÊ
As fichas, a seguir, apresentam a discussão que
ENCONTRARÁ
pode ser iniciada ou sintetizada com esta atividade:
UM CANTEIRO REDONDO. NÃO SE PERCA PELO
CAMINHO E VAMOS LÁ!!!
FICHA 1
OLÁ! HOJE TEMOS UM DESAFIO MUITO IMPORTANTE:
VAMOS APRENDER ALGUNS ASPECTOS DO MEIO
AMBIENTE!!!
QUE TAL UNIRMOS FORÇAS PARA ENCONTRAR O
TESOURO?!!!

DICA 1:
TODO SER VIVO PRECISA DELA PARA VIVER...
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FICHA 3 DICA 4:
QUE VISÃO BONITA! DÊ UMA VOLTA PELO CANTEIRO E ÂNIMO, FALTA POUCO!!! VAMOS CAMINHAR UM POUCO
VEJA A MATA QUE EXISTE!!! MAIS E CHEGAR ATÉ O LAGO! LÁ ENCONTRAREMOS O
PUXA! EXISTE UMA MATA DIFERENTE COBRINDO O LEITO TESOURO!!!
DO CÓRREGO DO PINDAÍBA, QUAL É MESMO O NOME
QUE SE DÁ A ESTA MATA?
E O TIPO DE VEGETAÇÃO QUE EXISTE POR AQUI? FICHA 5
SERÁ QUE EXISTEM ANIMAIS? PARABÉNS!!!!!!!!!
NÃO SEJA DEVAGAR COMO O BICHO-PREGUIÇA! SEJA VOCÊ ENCONTROU O TESOURO!!!!
VELOZ COMO A LEBRE E SIGA A PROCURA DO OBSERVE QUE NESTE MAPA AS QUEIMADA E
TESOURO!!! DESMATAMENTOS AUMEN
TARAM MUITO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS...
VAMOS DISCUTIR SOBRE O ASSUNTO?
O ESTADO DE SÃO PAULO SOFREU O MESMO IMPACTO?
DICA3: E A REGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE?
ANDE DE ACORDO COM A INDICAÇÃO DO MAPA! VOCÊ QUAIS ÁREAS PRESERVADAS VOCÊS CONHECEM?
DESCERÁ ATÉ CHEGAR EM UM DOS AFLUENTES DO O QUE PODERÍAMOS FAZER PARA REVERTER ESTE
PINDAÍBA E À DIREITA ENCONTRARÁ NOVA DICA!!! QUADRO?!!!

4.3. Os livrinhos como transmissão de informação


FICHA 4
VAMOS FAZER UM POUCO DE SILÊNCIO E OUVIR OS SONS Antes da criança aprender a falar, ela aprende a
DA MATA! ouvir. Ouvir antecede a escrita e, por isso, contar histórias
QUE ANIMAIS VOCÊS ESCUTAM? para as crianças que ainda não sabem ler, é muito
OUVIRAM O BARULHO DA ÁGUA? importante para sua formação global. Abramovich (1989),
ressalta a importância de ler histórias para as crianças e
AGORA OLHE PARA TODOS OS LADOS. POR QUE SERÁ QUE
também estimulá-las a lerem, pois, através das mesmas, os
O CÓRREGO FICA AQUI EM BAIXO?
pequenos leitores poderão vivenciar as experiências
vividas pelos personagens, poderão emocionar-se, sendo
DICA 4: até um cúmplice em algumas atitudes e identificando-se
ÂNIMO, FALTA POUCO!!! VAMOS CAMINHAR UM POUCO com outras.
MAIS E CHEGAR ATÉ O LAGO! LÁ ENCONTRAREMOS O Vê-se, então, que o contato com as histórias, além
TESOURO!!! do caráter informativo, deve ser prazeroso a fim de
despertar o pequeno leitor às letras. Convêm lembrar que
mesmo a criança que já sabe ler continua a sentir grande

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prazer em ouvir histórias, sejam elas em forma de contos, desenvolvimento dos conteúdos inseridos em cada um
dramatizações, entre outros. deles.
Outro aspecto relevante com relação aos livros Como podemos perceber, qualquer assunto pode
infantis diz respeito ao livro sem texto, feito para crianças ser trabalhado, mas precisamos ter a ressalva de que a
pequenas e iletradas, mas que agrada as crianças maiores realidade a qual o pequeno leitor está inserido deve vir em
também. Estes livros são narrativas seqüenciadas em que a primeiro lugar. Isto porque, o contato com sua casa, seu
criança consegue receber a informação e pensa sobre ela, bairro, sua escola irão, também, determinar sua maneira de
se estimulada pelo educador. Mas, o fato pode ser ver o mundo.
invertido: lendo-se o texto à criança iletrada ela pode A faixa etária, o desenvolvimento cognitivo da
desenhar a seqüência da história e montar seu próprio livro criança, os interesses individuais, devem ser respeitados.
sem texto, exercitando, assim, o poder de sistematização Um mesmo assunto pode ser trabalhado com um pré-
de informação. escolar ou com um aluno de ensino médio. A diferença se
faz na abordagem do assunto, nas reflexões e discussões,
a) .A produção de textos para pré-escola ou seja, para cada aluno o professor precisa atentar a este
aspecto a fim de haver motivação, menor dispersão e
Como trata-se de um leitor que está descobrindo o grande aproveitamento do texto.
mundo, este interessa-se por vários assuntos. Dependendo
da postura do autor, um pequeno texto poderá informar b). A produção de livros para e pela criança
mais do que um texto maior ou cheio de preconceitos e
meias verdades. Na produção de livros, ou histórias, seja para ou
Não deve-se abordar uma questão superficialmente. pelas crianças, um aspecto que se sobressai é a
Mesmo sendo com crianças pequenas, estas possuem já criatividade. Para transmitir algo às crianças ou despertá-
uma vivência, uma maneira de ver e compreender o mundo las para algum elemento, a produção que melhor se adequa
que não podem ser ignorada. Sendo uma questão com é a “para” a criança. Entretanto, muito rica é a produção
vários aspectos, pode-se fazer livros seqüênciados a fim de feita “pela” criança, em que pode-se expressar o que
não transmitir, também, grande número de informações de realmente está mais próximo, seu contexto no mundo, sua
uma só vez, causando saturação e deixando a atividade vivência, valores que já formaram-se, entre outros.
literária monótona e crianças dispersas. Vejamos, agora, alguns livros que podem ser
Qualquer assunto, bem trabalhado, conseguirá confeccionados:
despertar a atenção dos alunos. Outro fato importante é
que alguns temas devem ser trabalhados com mais calma e A) Livro com texto e ilustrações: São livros indicados
continuado, outros são avassaladores e surgem como uma para qualquer tipo de leitor. O professor pode adquirir
avalanche, outros são polêmicos... (Abramovich, 1989). numa livraria ou produzi-lo de acordo com sua
Desta maneira, observa-se que a criança está aberta para a necessidade. Também podem ser feitos com desenhos
aquisição destes conhecimentos que são transmitidos pelos ou colagens, pelas crianças, motivados pelo professor.
livros, restando ao professor saber orientá-los na escolha e

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Optando-se pela produção, o professor deverá C) Livro com recortes de revistas: Também motivado pela
abstrair da realidade do aluno os aspectos mais relevantes e observação e discussão de algum fato ou fenômeno, ou
associá-los aos aspectos que deseja transmitir aos historinha concreta, a produção destes livros deve ser feita
pequenos leitores. pelas crianças, tendo o professor como orientador.
Entretanto, o livro deverá estar inserido num plano O livrinho pode ser com ou sem texto, dependendo
maior de atividades. Dependendo do assunto, o mesmo do nível escolar das crianças. Com esta atividade
pode ser trabalhado isoladamente mas, aconselha-se sua desenvolve-se no aluno o hábito de manusear revistas, a
utilização envolta numa discussão prévia e posterior, percepção visual (pois esta será aguçada com o ato de
explorando ao máximo o conteúdo do texto. procurar determinada figura), além dos aspectos de
Exemplos deste tipo de produção podem ser vistos coordenação motora e outros.
no item intitulado “Livrinhos feitos para a Cidade da Pessoas plantando sementes, árvores pequenas,
Criança”. grandes, árvores com frutos, os frutos em destaque, os
frutos na mesa de casa, alguém comendo estes frutos... a
B) Livros sem texto: Estes livros são indicados para seqüência pode ser como esta ou menor, isto dependerá das
crianças iletradas, mas podem ser utilizados, com revistas, mas nada impede de se intercalar desenhos para
sucesso, com crianças maiores. completar a história.
As ilustrações representam uma narrativa seqüenciada e o Salienta-se a importância de explorar ao máximo
professor pode até montar um destes livros utilizando-se cada componente da seqüência, estimulando a curiosidade
de figuras de revistas, por exemplo. O importante é a das crianças.
seqüência e a percepção da mesma pela criança.
Caso prefira, o professor pode montar uma história D) Livro de pano: Pode ser feita a reprodução de qualquer
com começo, meio e fim e colar as mesmas em papelão ou história ou seguindo as orientações da confecção de um
similar, para que os alunos possam brincar com o material livro com texto ou somente com ilustrações.
colocando na ordem, verbalizando as ações representadas O texto pode ser escrito com caneta especial para
e, até desenhando o que imaginou a mais. tecidos, o mesmo deve ser feito para as ilustrações, que,
Estes livros são importantes porque deixam a dependendo da intenção pode-se usar tinta para tecido com
criança bem “solta” para imaginar a história, normalmente brilho, alto relevo, ou tradicional.
ela vai bem mais além do que está vendo e exterioriza A utilização de colagem e utilização de material de
fatos extra. Exemplos podem ser vistos no item “Livrinhos sucata para a composição do livro pode ser feita pela ou
feitos para a Cidade da Criança”. para a criança.
O aluno também pode criar seu texto através da É bom lembrar que a confecção destes livros não
observação de uma horta, cada etapa pode ser registrada obedecem nenhuma ordem rígida. O professor pode
com desenhos ou colagem de figuras. O simples plantio do utilizar elementos de uma ou outra técnica para trabalhar
feijão ou milho (atividade comum com pré-escolares para com seus alunos. O processo de produção, a reflexão, o
trabalhar germinação), pode tornar-se um excelente livro. produto e a avaliação dos livros é o que importa, além do
prazer que atividades como esta proporcionam aos alunos e
professores.
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O personagem Tuti alerta sobre a má utilização das
c). Livrinhos feitos para a Cidade da Criança águas, sobre o desperdício e como trata-la antes de ingerir.
Os dois personagens visam esta integração entre o
Com a finalidade de auxiliar as atividades homem e o meio, informando os pequenos leitores e
desenvolvidas pela ELMA (Escola Livre do Meio fazendo-os sistematizar as informações recebidas com
Ambiente), foram criadas duas séries compostas por quatro desenhos ao término de cada história.
livrinhos cada, levando em conta alguns impactos A série verde tem a preocupação de apresentar os
observáveis na área, e o desenvolvimento de hábitos e animais existentes na Cidade da Criança e a preservação
atitudes saudáveis com relação ao meio ambiente e ao das espécies vegetais. Nesta série existem dois
ambiente humano. personagens bem distintos, o trenzinho Teléco-Téco e o
A série azul está relacionada às águas e sua pardal Dadáo.
problemática. Os personagens visam chamar a atenção Teléco-Téco visita seus amigos animais e fala um
para a problemática ambiental que envolve este elemento pouco dos hábitos dos mesmos: habitat, alimentação,
da natureza. A atenção especial é para o Córrego do filhotes...
Pindaíba, que pertence à bacia do rio Santo Anastácio e Já o pardal Dadáo preocupa-se em refletir sobre as
que está nos limites da Cidade da Criança. árvores e sua preservação. Visa ainda estimular as crianças
Problemas como assoreamento e erosão são a cultivarem sementes e acompanharem o desenvolvimento
levados ao público infantil sem omissão de informação, da mesma, tratando este processo como uma “mágica da
transmitidos de forma simples e não simplista19. natureza”.
A preocupação da série azul também é alertar A série verde também possui um espaço para a
quanto ao desperdício da água, ao lixo depositado em criança sistematizar as informações na forma de desenho
córregos e a questão da saúde. O que fazer para termos orientado pelo professor.
água em condições de ingestão? Quais doenças a água Cada livrinho produzido possui um pequeno roteiro
poluída transmite? Estas são algumas indagações de discussão a fim de auxiliar o trabalho da leitura, mas
colocadas por esta série. pode e deve ser expandido pelo professor de acordo com
Como a série azul diz respeito às águas, foram seus interesses e os dos alunos... Além do desenho
criados dois personagens em forma de gota d’água: o Guti orientado, a criança fica livre para colorir o livrinho e
e a Tuti. mesmo colocar mais detalhes nas ilustrações.
O personagem Guti preocupa-se em apresentar os Para os textos específicos da Cidade da Criança,
impactos dos córregos, em especial o córrego do Pindaíba estes devem ser usados após uma passeio pela área
e as doenças relacionadas à água. monitorados pela equipe da ELMA, pois, as crianças
precisam observar a área, conhecê-la, senti-la antes de
partirem para a abstração em forma de livro.
19
Já os textos sobre assuntos mais gerais como a água
Como nem sempre o professor domina alguns termos geográficos,
filtrada, o desperdício, poderão ser trabalhados nas escolas
optou-se por colocar um pequeno glossário com os conceitos
considerados de maior importância e/ou grau de dificuldade e que sem maiores exigências, pois são pautados na realidade
pode ser visto no final deste capítulo. dos alunos. O mesmo diz respeito aos livros sem texto.
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Seguem, agora, as instruções para utilização dos  como é o mosquito que transmite a febre amarela e
livrinhos com texto. Os mesmos estão apresentados em dengue;
anexo, onde o leitor poderá montá-los da maneira que  explorar bem a ilustração do mosquito;
melhor convir.  como é transmitida a doença;
 como é o ambiente favorito do mosquito;
ROTEIROS DE DISCUSSÃO E LIVRINHOS.
 como evitar a proliferação e locais em que o mosquito
A) SÉRIE AZUL: HISTÓRIA 1 se desenvolve;
“GUTI E O CÓRREGO DO PINDAÍBA”
 alertar sobre a importância de manter os quintais
OBJETIVOS:
limpos;
 sensibilizar/conscientizar a criança com o estado em
 orientar para o desenho de sistematização e pintura do
que se encontra o córrego do Pindaíba;
livro
 conhecer a Cidade da Criança;
 entrar em contato com os termos: mata ciliar, afluente,
margem, erosão, assoreamento. C) SÉRIE AZUL: HISTÓRIA 3
DISCUSSÃO: “TUTI E A ÁGUA”
 rever com a criança cada termo novo. Lembrar que a OBJETIVOS:
criança observou a erosão, por exemplo, mas apenas  mostrar a importância da água para os seres vivos;
desconhece o termo, ela possui capacidade para  alertar para como deve ser a água para ingestão.
compreender o fenômeno; DISCUSSÃO:
 procurar saber se existe algum córrego perto de casa ou  frisar a importância da água para os homens, outros
da escola e como o mesmo se apresenta; animais e plantas;
 averiguar se existem dúvidas e procurar saná-las;  averiguar o conhecimento das crianças sobre os animais
 orientar para o desenho de sistematização e pintura do que vivem e dependem da água , como por exemplo os
livro. animais aquáticos;
 como tratar a água: filtrando ou fervendo;
B) SÉRIE AZUL: HISTÓRIA 2  orientar para o desenho de sistematização e pintura do
“GUTI CONTRA A FEBRE AMARELA” livrinho
OBJETIVOS:
 orientar contra o mosquito que transmite a febre D) SÉRIE AZUL: HISTÓRIA 4
amarela e a dengue; “TUTI CUIDANDO DA ÁGUA”
 alertar quanto ao perigo de se juntar entulhos nos OBJETIVOS:
quintais;  alertar em relação á má utilização dos recursos hídricos;
 preservar o ambiente humano.  orientar para pequenas ações que podem auxiliar na
DISCUSSÃO: reversão deste quadro, mesmo que em escala pequena.
DISCUSSÃO:

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 refletir sobre a maneira que tratam os rios e córregos:
jogando lixo, esgoto, entulho...; F) SÉRIE VERDE: HISTÓRIA 2
 ressaltar a importância da água e de como é bom termos “TELÉCO-TÉCO E O SENHOR TATU”
água em boas condições para beber, tomar banho, OBJETIVOS:
cozinhar;  compreender os hábitos do tatu;
 evitar desperdício: fechando a torneira ao escovar os  conhecer mais uma espécie que habita a Cidade da
dentes, não lavando carro, calçadas e ruas com Criança.
mangueira, evitando torneiras e encanamentos com DISCUSSÃO:
defeito;  averiguar se as crianças conhecem ou já viram algum
 aproveitamento de água: da máquina de lavar para lavar tatu;
calçadas; usar mais o balde ao invés da mangueira etc;  refletir sobre: o que comem, onde moram, como nascem
 orientar para o desenho de sistematização e pintura do e como agem;
livro.  comparar com a maneira e hábitos de outros animais,
incluindo o Homem;
E) SÉRIE VERDE: HISTÓRIA 1  orientar para o desenho de sistematização e pintura do
“TELÉCO-TÉCO E OS ANIMAIS” livro.
OBJETIVOS:
 apresentar alguns animais da fauna brasileira que G) SÉRIE VERDE: HISTÓRIA 3
habitam a Cidade da Criança; “A CASA DE DADÁO”
 transmitir informações sobre os hábitos destes animais; OBJETIVOS:
 atentar sobre como agir nas trilhas, não alimentando  apresentar as espécies de árvores da Cidade da Criança;
animais.  mostrar a importância das árvores e de sua preservação;
DISCUSSÃO:  mostrar algumas ações preventivas para evitar
 relembrar os animais apresentados pelo trenzinho; queimadas.
 comparar os animais, que as crianças tem em casa, com DISCUSSÃO:
os da Cidade da Criança e classificar como silvestres e  saber se as crianças conhecem algum tipo de árvore
domésticos; existente na Cidade da Criança;
 saber o que as crianças comem, onde vivem e associar  perguntar sobre as árvores das ruas, dos quintais;
com o modo de vida diferenciado dos animais;  salientar a importância das árvores: mata ciliar, abrigo e
 explicar como deve-se agir numa trilha e porquê não alimento para animais, sombra...;
alimentar os animais silvestres;  orientar para o desenho de sistematização e pintura do
 orientar para o desenho de sistematização e pintura do livro.
livro

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H) SÉRIE VERDE: HISTÓRIA 4


“A MÁGICA DE DADÁO”
OBJETIVOS:
 sensibilizar as crianças com relação ás plantas;
 ensinar o plantio de sementes;
 desenvolvimento do conceito de tempo;
DISCUSSÃO
 como as plantas nascem;
 procurar saber se as crianças já realizaram a experiência
sobre germinação na escola ou em casa;
 observar as etapas do nascimento do feijão;
 para se desenvolver, a planta, precisa de uma base (terra
ou algodão), água, ar e luz solar;
 realizar o plantio de sementes de feijão, se possível;
 orientar para o desenho de sistematização e pintura do
livro.

ROTEIROS DE DISCUSSÃO E LIVROS SEM TEXTO.

A) “A SEMENTE”
OBJETIVOS:
 compreender como se dá o nascimento e
desenvolvimento de uma planta;

DISCUSSÃO:

 o que uma planta precisa para se desenvolver;


 quais são as partes de uma planta completa;
 todas as plantas e árvores dão frutos e flores?;
 orientar para a pintura do livrinho.

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B) “O BANHO”
OBJETIVOS:

 compreender a importância de tomar banho


diariamente;
DISCUSSÃO:

 porquê deve-se tomar banho diariamente;


 provar como é bom estar limpo para evitar doenças;
 partes do corpo que deve-se atentar na limpeza:
 orientar para a pintura do livrinho.

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C) “A FRUTA”

OBJETIVOS:

 desenvolver o hábito de lavar os alimentos antes de


ingerir.
DISCUSSÃO:

 lavar alimentos como verduras, hortaliças antes de


ingerir;
 explicar que bons hábitos evitam a contaminação e
transmissão de doenças, como por exemplo várias
verminoses;
 orientar para a pintura do livrinho.

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D) “O LIXO”
OBJETIVOS:

 reforçar o hábito de não jogar papel no chão.


DISCUSSÃO:

 porquê não deve-se jogar papel no chão;


 importância de manter os locais limpos;
 lugar de lixo é no cesto de lixo;
 orientar para a pintura do livrinho.

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E) “A ÁGUA”
OBJETIVOS:

 estimular o hábito de beber água filtrada;


DISCUSSÃO:

 necessidade de beber água filtrada ou fervida;


 importância da água para os seres vivos;
 não deve-se desperdiçar, nem poluir a água;
 orientar para a pintura do livrinho.

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ocorre uma auto-aceitação, favorecendo o
4.4. O teatro como forma de desenvolvimento do cidadão. desenvolvimento de suas capacidades expressivas. Este
desenvolvimento podemos conseguir através das várias
A expressão teatral, ou jogos dramáticos, possuem formas de som, ritmo, locomoção, gesto, traço,
um espaço importante dentro do ambiente escolar por colorido, enfim, todos os meios de expressão unidos à
ampliar e orientar as possibilidades de expressão do aluno. linguagem verbal e à gestual.
As atividades desenvolvidas com teatro ajudam o aluno a
exteriorizar seus sentimentos mais profundos e suas C) Imaginação: Trata-se da arte de formar imagens e está
observações pessoais. Segundo Reverbel (1989), temos as diretamente ligada à observação, percepção e memória.
capacidades de expressão como inatas no ser humano, Este produto de uma ação do pensamento pode ser
sendo elas o relacionamento, a espontaneidade, a representada através das linguagens corporal, verbal,
imaginação, observação e a percepção. Entretanto, ressalta gestual, gráfica, musical e plástica.
ainda que as mesmas devem ser estimuladas e Desta forma, imaginar uma situação, aceitar as
desenvolvidas, através de atividades musicais, plásticas, descobertas, discuti-las e estimular com respostas e
teatrais e várias outras dentro do currículo escolar. outras perguntas o que está se trabalhando, é uma boa
Desta maneira, os jogos teatrais podem ser maneira de desenvolver a imaginação. Outro aspecto é
encarados como uma maneira de se trabalhar as várias imaginar uma situação e conseguir concretizá-la em sala
disciplinas de uma determinada série. Entretanto, possui a de aula, que possui grande significado para o aluno e o
característica própria que é a de desenvolver o aluno auxilia de maneira positiva em sua postura diante das
enquanto ser e nas relações com os outros seres e o meio novas propostas e apelos do cotidiano (Reverbel, 1989).
natural.
Temos, então, cinco capacidades de expressão D) Observação: A criança observa o que a interessa. Não é
propostas por Reverbel (1989), que devem ser trabalhadas suficiente que o professor ordene que ela observe
pelo professor quando o mesmo optar por um jogo teatral: alguma coisa; é preciso propor atividades de forma que
ela sinta prazer e interesse em escutá-las e participar das
A) Relacionamento: Nesta fase, a adaptação da criança ao descobertas. Desta maneira pergunta-se: O que
grupo com o qual irá conviver é da maior importância. observar? A resposta é simples: a si própria e ao mundo
As atividades de relacionamento favorecem o auto- que a rodeia. A criança descobrirá o mundo que a rodeia
conhecimento e o conhecimento do outro. Agindo (sua casa, escola, parques, árvores, animais, lojas, etc)
assim, a criança consegue perceber sua ação e a de seu verificando e observando suas características físicas:
companheiro sem preocupação de julgá-las e sim, espaços, forma, som, movimento e diversos contrastes.
expressando-se diferentemente. Este tipo de observação possibilita à criança estabelecer
comparações.
B) Espontaneidade: A espontaneidade pode e deve ser
desenvolvida. Sem temer estar agindo certo ou errado, a E)Percepção: Relaciona-se ao desenvolvimento dos nossos
criança comporta-se espontaneamente, naturalmente, sentidos, o que exige que o indivíduo participe por inteiro

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desse processo. O educador deve desenvolver atividades articulados também possuíam conotação religiosa assim
que permitam ao aluno a comunicação e o como para os egípcios. O Império romano assimilou tais
desenvolvimento da percepção com relação a si mesmo e bonecos da cultura grega.
ao mundo que o rodeia. Durante a Idade Média estes bonecos eram
utilizados em doutrinas religiosas e apresentados em feiras
O que se deve salientar é que o fato do professor populares. Como alguns personagens faziam críticas às
optar pelo trabalho com teatro requer muito mais do que autoridades religiosas, os homens que participavam de
roupas, texto e cenário. Para desenvolver atividades grupos teatrais eram perseguidos.
teatrais, os alunos precisam passar por um processo de Quem trouxe os fantoches para as Américas foram
adaptação a este tipo de atividade. Este é o objetivo os colonizadores. Mas, os nativos já confeccionavam
principal dos jogos teatrais, pois é nesta etapa que as bonecos que se articulavam e imitavam homens e animais.
expressões serão trabalhadas, auxiliando no Já os marionetes, bonecos movidos por fios, foram
desenvolvimento físico e psicossocial do aluno. difundidos pelo mundo após a primeira guerra mundial,
Sendo assim, o jogo teatral ultrapassa os limites do tendo como principais países a Tchecoslováquia e Estados
“final feliz” dos palcos e passa a ter o papel importante no Unidos da América.
desenvolvimento do aluno. Seja trabalhar o cotidiano, as No século XVI, os bonecos começam a ser
cidades, a natureza...o que importa não é o assunto, a utilizados no Brasil. Entretanto, foi no nordeste que este
temática sozinha, mas sim, o processo, o caminho que teatro teve destaque, principalmente em Pernambuco,
professor e aluno percorreram para chegar a esta permanecendo até os dias atuais. Este teatro tradicional de
transmissão de informação numa linguagem teatral. Pernambuco é o mamulengo, sendo rico em situações
Desta forma, associar a temática ambiental ao cômicas e satíricas.
trabalho com teatro torna-se salutar, pois, estaremos Há tempos que grupos no Brasil esforçam-se para
acoplando desenvolvimento intelectual com desenvolver o teatro de bonecos, mas só em meados deste
desenvolvimento da cidadania do aluno. século que os resultados começaram a aparecer. Nos
últimos anos, o teatro de bonecos cresceu muito, sendo
a).O teatro de fantoches reconhecido pelo Serviço Nacional de Teatro.
Mas, a utilização dos fantoches não precisa ser
Segundo Caldas e Ladeira (1989) o teatro de apenas em caráter profissional. Tal técnica teatral possui
bonecos teve sua origem na mais remota antigüidade. grande valor pedagógico e, desta maneira, trata-se de um
Acredita-se que na Pré-história os homens se encantavam ótimo instrumento para transmitir informações aos alunos.
com suas sombras movendo-se nas paredes das cavernas. Entretanto, se os bonecos forem utilizados,
Assim, para distrair os filhos, as mães projetavam a confeccionados, pelos alunos tendo o professor apenas
sombra das mãos tentando formar figuras na parede. como orientador da atividade, estes serão ótimos auxiliares
Os chineses, javaneses e indús, sempre realizavam na ação pedagógica, desenvolvendo múltiplos aspectos
este teatro. Os egípcios chegavam a encenar espetáculos educacionais relativos à comunicação.
sagrados, onde a divindade era representada por um Para o trabalho com séries iniciais, o fantoche,
boneco articulado. Na Grécia Antiga, os bonecos além da informação do texto, auxilia na socialização da
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criança, pois passam a perceber a necessidade de esperar Desta maneira, a criança desenvolve várias
sua vez de falar, respeitar a opinião dos outros, exprimir habilidades com a prática teatral, além de emocionarem-se,
seu desacordo com argumentos convincentes. sensibilizarem-se com as diversas situações vivenciadas
Confeccionando e manipulando os próprios pelos bonecos e que ela consegue colocar-se no lugar e
bonecos, as crianças desenvolverão vários aspectos, como: expressar seus próprios sentimentos.
percepção visual, auditiva e tátil; a percepção da seqüência
de fatos (noção espaço-temporal); a coordenação de b). A confecção dos bonecos
movimentos; a expressão gestual, oral e plástica; a
criatividade; a imaginação; a memória; a socialização; o O material para a confecção dos bonecos é muito rico,
vocabulário; o conteúdo da informação do texto. diverso, sendo facilmente encontrado. Podemos criar
O teatro de fantoches é excelente auxiliar no fantoches usando feltro, pano, retalhos, plástico, papel,
desenvolvimento de diversas disciplinas do currículo, pois espuma, sucata. Para a confecção dos mesmos podemos
prende a atenção, proporcionando lazer e instrução aos partir do material mais caro e bonecos mais detalhados, ao
alunos. Sua utilização vai além das aulas de Educação material mais barato. Isto não quer dizer que para termos
Artística, pois inúmeros conteúdos de Geografia, Ciências, um bom fantoche precisamos dispor dos mais caros
Língua Portuguesa e outras disciplinas podem ser materiais, pois, com material de sucata e criatividade
explorados com esta atividade (Ladeira e Caldas 1989). podemos confeccionar ótimos materiais.
Vê-se, então, que dentro de uma prática multi e Na confecção, o professor deverá planejar qual o tipo
interdisciplinar, o teatro de fantoches constitui-se um de boneco quer como resultado para separar o material a
recurso didático importante. Deve-se ressaltar que, além do ser trabalhado. Não é muito interessante usar todos os
caráter educacional, o teatro torna-se algo lúdico e materiais de uma só vez, pois os mesmos possuem
prazeroso se trabalhado adequadamente e não apenas para características diferentes que podem ser trabalhadas
cobrir lacunas, horários vagos, que ocorrem durante as separadamente.
aulas. Ao manusear o material, o professor pode trabalhar:
Para cada faixa etária e de desenvolvimento superfície (liso, áspero...); forma; esquema corporal
cognitivo, os personagens deverão ser diferenciados. As (cabeça, braço, pernas...); cor; espessura; altura; tamanho;
crianças maiores não terão dificuldades em expressar seu distância; localização; lateralidade; socialização dos
mundo, seu cotidiano através dos bonecos, podendo materiais.
também trabalhar personagens imaginários como bruxas, Desta forma, trabalhando desta maneira, o professor
fadas, anões, gigantes. Já, as crianças pré-escolares terão auxiliará seus alunos a desenvolverem as funções motoras,
os personagens mais próximos da vida real ou do fator visuais, auditivas e táteis, além das habilidades já
motivador: pai, mãe, professor, animais, árvores, flores, mencionadas.
entre outros. Jogando ou se apresentando com fantoches, Vários são os tipos de fantoches que podem ser
as crianças se sentem valorizadas, ganham consciência de confeccionados20:
suas limitações, podendo ser estimuladas pelo professor,
ou trabalhando livremente suas ansiedades (Ladeira e 20
Mais informações podem ser adquiridas no amterial em anexo e
Caldas, 1989). também em: REVERBEL, O. Jogos Teatrais na Escola. Série
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A)Fantoches de vara ou espetos; teatro de fantoches e, especialmente, quando o público é o
B) Fantoche com pernas; de educação infantil.
C) Fantoches com as mãos; O professor deverá ficar atento a estes aspectos na
D) Fantoches de luvas (lã ou borracha); hora de criar o texto. Caso ele opte por um diálogo e não
E) Fantoches de copinhos; por uma história vivenciada no placo, um conselho é de
F) Fantoches de saquinhos; que este estenda-se às crianças a fim de que não haja
G) Fantoches de garrafa PET; monotonia e dispersão.
H)Fantoches de meia; Mas, os textos também podem ser escritos pelos
I)Fantoches de pano e espuma; alunos, desenvolvendo a criatividade, espontaneidade,
J)Fantoches de recursos da natureza; iniciativa, ampliação do vocabulário, desenvolvimento da
K)Fantoche de massa; linguagem oral, compreensão, socialização, recreação e
ainda, a noção de começo, meio e fim.
O mais importante aqui é explorar os materiais, Com crianças menores, como de pré-escola,
principalmente a sucata, na confecção dos mesmos, e Ladeira e Caldas (1989), sugerem a prática da pantomima
desenvolver os conceitos ambientais nas historinhas que (imitação) em que desenvolvem-se a espontaneidade e
serão apresentadas. desinibição. Além dos jogos pessoais, imitar ações
cotidianas individualmente, temos o jogo projetado, em
c) O texto que a criança utiliza os bonecos para dramatização
espontânea.
Para a dramatização com fantoches, o texto deve Para crianças maiores a produção do texto deverá
ser curto, com mensagem direta, sem rodeios, os diálogos exigir maior disciplina, com dramatização do tipo formal.
devem ser de ação rápida e curta. O texto para esta dramatização pode ser escrito pelos
Para Machado (1970), cada gesto no teatro de alunos com a orientação do professor (se necessário);
bonecos possui uma significação, caso contrário perde-se o reproduzido de histórias lidas ou ouvidas; ou mesmo
sentido a apresentação. No caso de espectadores menores, reprodução de um texto escolhido pelos alunos ou
deve-se optar por pequenas peças, especialmente escritas a professor. Uma prática interessante é a dos alunos maiores
este público. Um diálogo muito comprido pode levar à apresentarem as encenações aos menores ou ao restante da
exaustão, o mesmo se aplica a uma estória somente sala. Para isto, devem planejar a dramatização, ensaiar,
contada e não vivenciada. Esta é uma regra que é geral representar e avaliar como se deu o trabalho.
para o teatro, mas que possui este papel primordial no Mas, com pré-escolares, e as primeiras séries do
ensino fundamental, esta prática deve ser encarada pela
parte lúdica, acima de tudo dramatizando e reproduzindo o
que vivem, o que sentem, para eles, dramatizar é um ato de
Pensamento e Ação no Magistério. São Paulo: Scpione, 1989, 159p e, brincadeira, isto não requer que decorem papéis ou que na
TORRES,E.C. Atividades em Educação Ambiental na Cidade da
hora exata da encenação deixem o improviso de lado
Criança em Presidente Prudente –SP. Presidente Prudente: Unesp,
1998, 219p. (Caldas & Ladeira, 1989).

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A exploração do ambiente local, do cotidiano, das garantirão o bom andamento do mesmo. Muitas vezes a
contradições do dia a dia, deve ser exaltada a fim de que a discussão torna-se mais importante do que o teatro em si,
realidade ambiental do aluno não fique desvencilhada do desta forma, o mesmo deve ser bem preparada.
conteúdo da história.
Muitas vezes, o próprio professor deverá escrever o ROTEIRO A : “ GUTI E TUTI FALANDO SOBRE A
texto, confeccionar os bonecos, apresentar e discutir a ÁGUA”.
informação contida no texto com os alunos. Entretanto, TEMA: ÁGUA.
esta prática só deve ser feita em ocasiões especiais, como ENREDO:
festas comemorativas, palestras, entre outros. No cotidiano
da sala de aula, o professor pode optar por transmitir o Os personagens Guti e Tuti visam esclarecer as
maior número de tarefas ao aluno, visto que as mesmas crianças sobre alguns problemas relacionados à água e sua
ajudam no desenvolvimento da criança como um todo, importância.
sendo apenas um direcionador das atividades. Como deve ser um córrego ou rio? Como o córrego
do Pindaíba está? O que podemos fazer? Estas e outras
questões são norteadoras da história.
d) As histórias: alguns exemplos
PERSONAGENS:
Como já foi dito, o texto pode ser escrito pelos ou
para os alunos. Ao escrever as peças, é importante que as GUTI: Gota d’água, ressalta a importância das águas e sua
mesmas possuam um resumo do assunto e o perfil de cada proteção.
personagem para facilitar a organização e planejamento do TUTI: Gota d’água, melhor amiga de Guti e que auxilia na
professor. proteção aos córregos e rios.
As histórias que seguem foram criadas utilizando-
se dos elementos existentes na Cidade da Criança, além de
elementos relacionados ao ambiente humano. Os ATO 1.
personagens foram inspirados nos elementos bióticos e
abióticos. ( Os dois personagens se encontram, trombando-se).
Importante também será a discussão realizada após GUTI: Êpa! Oi Tuti, desculpe. Estava andando distraído e
cada encenação. Como tratam-se de textos curtos e não vi você caminhando em minha direção.
diálogos rápidos, muito da mensagem pode passar TUTI: Não foi nada, não, Guti. Eu também não o tinha
rapidamente e o professor-orientador, deverá resgatar os visto. Mas, fico feliz por encontrá-lo, tenho muito o que
pontos principais. Para facilitar esta etapa, após o final das falar para você.
histórias o professor pode traçar um pequeno roteiro de GUTI: Então diga, Tuti. Aconteceu alguma coisa aqui na
discussões, reflexões e consulta ao glossário. Cidade da Criança?!
Convém lembrar que, antes de escrever ou orientar TUTI: Aconteceu sim. O córrego do Pindaíba não está
uma história, o professor deverá ter bem claro seus muito bem. Perto do lago da Anta ele está muito assoreado
objetivos e metodologia de seu trabalho, pois estes e, em vários pontos apresenta erosão.
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GUTI: O pior Tuti, é que, assim como o Pindaíba, muitos TUTI: Devemos ficar alertas e realizar algumas coisas para
córregos em nosso município estão assim como o Pindaíba reverter este quadro...
e até mais degradados. GUTI: Por exemplo, podemos: não jogar lixo nos
TUTI: Como estão, Guti?! córregos; não jogar lixo em terrenos baldios, porque este
GUTI: A maioria dos córregos que pertencem à bacia do será arrastado pelas chuvas e pode entupir os bueiros e
rio Santo Anastácio estão sem mata ciliar. “bocas de lobo”, sendo um dos fatores da causa de
TUTI: E a mata ciliar é tão importante assim? inundações...
GUTI: É muito importante! Ela protege os córregos e rios, TUTI: Além deste lixo ir para os córregos, não é?!
assim como os cílios protegem nossos olhos. A mata ciliar GUTI: É, sim.
auxilia a não deixar a água da chuva derrubar as margens TUTI: Nossa ajuda, também, diz respeito a ficarmos
dos córregos, evitando erosão e assoreamento. alertas e avisar nossos pais, amigos, sobre o que
TUTI: Guti, diga-me uma coisa: é verdade que muitas descobrimos e conversarmos muito sobre este assunto.
pessoas jogam lixo nos córregos mesmo sabendo da GUTI: Ótima idéia Tuti. Vou agora mesmo falar com
enorme importância da água para os seres vivos? meus coleguinhas.
GUTI: Muitas pessoas nem imaginam que estes córregos TUTI: E eu vou procurar minha professora para saber mais
ajudam a abastecer os reservatórios de água. Outras nem sobre a água. Tchau amiguinho!
imaginam que este lixo acaba por provocar enchentes e GUTI: Tchau amiguinha!
inundações, pois entopem bueiros e “bocas de lobos”. (Os dois saem de cena)
TUTI: E se as pessoas fossem avisadas? DISCUSSÃO
GUTI: Esta é uma forma de ajudar a evitar a degradação A) Resgatar o que as crianças lembram;
dos córregos. B) Reforçar os conceitos de mata ciliar, erosão,
TUTI: Mas ainda podemos fazer muito mais, não assoreamento;
podemos? C) Refletir sobre a importância da água para todos os seres
GUTI: Sim, Tuti. Se restaurarmos as nascentes dos vivos (quais animais vivem na água; quais animais
córregos com o plantio de vegetação como bambus e precisam da água por viver às margens de um córrego,
outras espécies, já estaremos ajudando... por exemplo...);
TUTI: Além das nascentes, podemos restaurar a mata ciliar
em todo o curso do rio... Assim, podemos garantir a água
D) Que outros problemas os córregos e rios estão
enfrentando;
que chega nas casas.
GUTI: Em muitas cidades as indústrias e mesmo casas, E) Estimular as crianças para sistematizarem a discussão
despejam esgotos nos rios, piorando a qualidade da água, com desenhos.
matando peixes que viviam lá e causando doenças para a
população! ROTEIRO B: “ALGUMAS DOENÇAS CAUSADAS
TUTI: Isto é muito sério Guti. POR ÁGUA CONTAMINADA”
GUTI: É sério mesmo... quando vermos coisas deste tipo TEMA: ÁGUA
devemos informar as autoridades responsáveis! ENREDO:

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Os personagens Guti e Tuti têm a preocupação de GUTI: Através de caramujos que vivem na água, o verme
esclarecer as crianças quanto às doenças causadas por água chamado esquistossomo chega até as pessoas que nadam
contaminada. em rios ou lagoas.
O enfoque maior é dado à dengue, por esta ser uma TUTI: Mas, como o caramujo recebe o esquistossomo?
doença relacionada à água e pelo mosquito transmissor ser GUTI: Pelas fezes de pessoas doentes, que são lançadas
muito comum na região. nas águas.
TUTI: E como vamos evitar ficar doentes?
PERSONAGENS: GUTI: Com saneamento básico: utilizando as instalações
sanitárias, evitando contato com água de córregos, canais e
GUTI: Gota d’água, ressalta a importância das águas e sua lagoas que percebemos estarem em más condições.
proteção. TUTI: Precisamos nos cuidar mesmo para não ficarmos
TUTI: Gota d’água, melhor amiga de Guti e que auxilia na doentes.
proteção aos córregos e rios. GUTI: É verdade. Mas, várias outras verminoses são
causadas por água contaminada, como: teníase (a solitária),
ATO 1 ascaridíase (lombriga) que chegam até o Homem através
de verduras e hortaliças regadas com água contaminada.
( Tuti entra em cena cantarolando e convida as crianças TUTI: Então, precisamos tomar cuidado ao comer verduras
para cantar também - a música deve ser conhecida das e hortaliças, não é?!
crianças) GUTI: É sempre bom lavá-las e deixar de molho na água
TUTI: Olá crianças! Vamos cantar também?! com vinagre para evitar e matar o verme que transmite
(Ao término da música, Guti entra em cena) estas doenças.
GUTI: Olá Tuti, estava ouvindo a música lá de longe, TUTI: Mas, e a dengue?! Você não falou dela!
muito bonito, parabéns! GUTI: A dengue é transmitida por um mosquito chamado
TUTI: Olá Guti, eu estava aqui com meus amiguinhos aedes aeghypti.
cantando um pouco e esperando você chegar. TUTI: Mas este mosquito gosta é de água limpa para se
GUTI: E agora que cheguei, diga-me por que você reproduzir!
chamou-me aqui?! GUTI: Principalmente se a água estiver parada, como em
TUTI: Sabe Guti, ouvi dizer na televisão que existem pneus velhos, vasos de plantas e entulhos.
muitas doenças que são causadas por água contaminada, é TUTI: Eliminando estes criadouros, os mosquitos deixam
verdade mesmo?! de se reproduzir e nós ficaremos livres da dengue!
GUTI: Infelizmente é verdade Tuti! GUTI: É isso aí, Tuti!
TUTI: Que pena. E quais são elas?! TUTI: Tomando alguns cuidados evitamos muitas
GUTI: Olha Tuti, existem várias doenças, mas vou falar doenças.
para você as principais. A mais comum é a GUTI: E para ficarmos livres das doenças, também
esquistossomose, muito conhecida como “barriga d’água”. precisamos tomar banho diariamente e só beber água
TUTI: E como ela é transmitida? filtrada ou fervida!
TUTI: Lavar as mãos antes de comer...
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GUTI: por falar nisso Guti, vou dar uma olhadinha aqui PERSONAGENS:
pela Cidade da Criança para ver se não tem nenhum
entulho ou água empoçada. Tchau!!! JACÁ: jacaré que questiona o pardal, e que possui muito
TUTI: Vá por um lado que eu vou por outro fazer esta medo das ações dos Homens.
fiscalização. Tchau amiguinho! DADÁO: pardal que é uma espécie de estudioso e tira as
(Os dois saem de cena) dúvidas dos animais da mata.

DISCUSSÃO ATO 1

A) Rever oralmente a história, observando os aspectos (Entra em cena o jacaré mostrando estar bravo e o pardal
explorados; tentando apaziguar)
B) Explicar novamente cada doença apresentada e como JACÁ: Ahrrrr!!!! Ouvi barulho de crianças. Onde elas
evitá-las; estão?!
C) Falar sobre a importância de termos hábitos saudáveis, DADÁO: O que aconteceu Jacá? Por que está tão bravo?
de higiene, a fim de não contrairmos doenças; JACÁ: Ai Dadáo, são pessoas se aproximando. No fundo,
no fundo, o que tenho é medo delas.
D) Estimular as crianças para que transmitam as DADÁO: Não precisa temer. Elas estão apenas visitando a
informações recebidas aos pais, coleguinhas e a todos
trilha aqui da Cidade da Criança.
que puderem;
JACÁ: É, mas mesmo assim vou ficar escondidinho aqui
E) Sistematizar a discussão em forma de desenho na água.
estimular a criança a falar sobre o que desenhou, a fim DADÁO: Você está parecendo o macaco-prego e o tucano,
de explorar também sua oralidade. que esconderam-se de medo.
JACÁ: É porque temos medo de caçadores e pensamos que
todos os humanos são iguais.
ROTEIRO C: “JACÁ E A VIDA NA MATA DA DADÁO: Mas não são todos iguais, não, meu amigo.
CIDADE DA CRIANÇA” Muitos homens ajudam os outros animais também.
TEMA: ANIMAIS JACÁ: Mas muitos deixam lixo nas trilhas e nós, pensando
ROTEIRO: que é comida, podemos comer e ficar doentes.
DADÁO: É verdade! O problema é que muitos humanos
Jacá, o jacaré, e Dadáo, o pardal, conversam sobre não sabem que podemos morrer comendo algo que
os hábitos dos animais. jogaram, ou mesmo nos cortar, como aconteceu com o
A intenção do diálogo é de orientar as crianças tatu, com os objetos que deixaram pela mata.
sobre como se comportar num parque ecológico ou JACÁ: Mas, como o tatu se machucou?!
zoológico, a fim de não prejudicar os animais. DADÁO: Ele estava procurando formigas e cupins pela
mata, cavando com suas patas e não viu os cacos de vidro,
ferindo-se.

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JACÁ: Ainda bem que não foi muito grave e ele B) Reforçar a importância de não deixar objetos e lixo na
sobreviveu! trilhas;
DADÁO: É mesmo. C) Observar e discutir os hábitos dos animais selvagens e
JACÁ: Dadáo, como estudioso que você é, diga-me porque domésticos;
matam tantas cobras?! D) Devemos aprisionar os animais? Devemos caçar?
DADÁO: Porque as pessoas tem medo de seu aspecto e Porquê?
veneno. Muitas vezes a cobra não faz nada e matam-na
assim mesmo. Dentro da mata ela só irá atacar se pisarem
E) Estimular as crianças a desenharem boas e más atitudes
com relação aos animais.
nela ou machucarem-na, do contrário ela tem também
grande medo das pessoas e escondem-se.
ROTEIRO D: “UM PASSEIO COM O TELÉCO-TÉCO”
JACÁ: O problema é que as cobras não são tão simpáticas
TEMA: MATA
como os jacarés!!!
ENREDO:
DADÁO: Como você é convencido, heim?!
JACÁ: Ser um animal bonito é um problema... as pessoas
O personagem Teléco-Téco, que é um trenzinho,
gostam tanto que querem levar para casa...
encontra o pardal Dadáo e juntos fazem um passeio pela
DADÁO: Sá que por estarem longe de seu ambiente
Cidade da Criança.
natural e de outros animais de sua espécie, estes animais
A intenção dos personagens é de mostrar como são
podem não resistir e morrer.
e quais são as árvores existentes na área. O perigo de
JACÁ: Então, ainda bem que tenho cara de mau!
queimadas e a importância da preservação também são
AHRRR!!!
pontos-chaves da história.
DADÁO: Ai que medo Jacá. Vira essa bocarra para lá!
JACÁ: Calma Dadáo, já me alimentei hoje!
PERSONAGENS:
DADÁO: Pois eu ainda não. Preciso procurar sementinhas
pela mata e ainda alimentar meus dois filhotinhos que
TELÉCO-TÉCO: Trenzinho inspirado no trem que fica na
nasceram... quer dizer, isso minha esposa Dedéia é quem
Cidade da Criança e que leva as crianças nos passeios.
fará.
DADÁO: É o pardal que ajuda a explicar os
JACÁ: Por falar nisso, preciso ver como meus filhotes
acontecimentos aos animais da mata, trata-se de um
estão. Afinal, sou um pai muito responsável.
estudioso.
DADÁO: Então, meu bom amigo, vá para seu ninho que
eu vou para o meu, tchau!
ATO 1
JACÁ: Tchau Dadáo, venha até o lago quando quiser...mas
venha depois que eu tenha me alimentado, porque a lei da
(Entram em cena Dadáo e Teléco-Téco)
natureza diz que você é uma presa fácil. Ahrr!!!
TELÉCO: Piiiiuuuuiiiii!!!! Tic, tic, tic, tic...
(Os dois saem de cena)
DADÁO: Nossa Teléco-Téco, onde você vai com tanta
DISCUSSÃO
pressa?!
A) Retomar a história com as crianças;

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TELÉCO: Hoje acordei muito animado, com vontade de equilíbrio e se o homem modifica um elemento que seja,
andar toda a Cidade da Criança. Ei, Dadáo, quer estará alterando o ciclo todo.
acompanhar-me neste passeio?! DADÁO: Uma única árvores serve de abrigo para pássaros
DADÁO: Mas é claro Teléco. Começaremos por onde? e outros animais, fornece alimento, oferece sombra,
TELÉCO: Vamos pela trilha, assim, poderemos ver nossos quando morre ou deixa suas folhas caírem, forma material
amigos animais e vegetais. orgânico que fortalece o solo, entre outras coisas.
DADÁO: Teléco, você sabe quais são as espécies vegetais TELÉCO: Nossa...a natureza é perfeita e tudo nela possui
que existem aqui na Cidade da Criança? uma função.
TELÈCO: Infelizmente não sei! Você sabe? Poderia dizer- DADÁO: Ei, Teléco, veja ali aquele Ipê...como está
me?! florido!
DADÁO: Sei, sim, meu amigo. Fico sobrevoando as mais TELÉCO: Na região de Presidente Prudente temos muitos
belas árvores que já vi. Por aqui temos a Peroba Rosa, o pés de Ipê, de várias cores: branco, rosa, amarelo...
Cedro, o Ipê, Angico, Figueira, Pau d’alho e outras DADÁO: Viu só, além de tudo muitas árvores dão um
espécies de porte médio e pequeno. espetáculo de beleza!
TELÉCO: Que beleza Dadáo. Não sabia sobre a grande TELÉCO: Piuiii!!! É verdade!!!
diversidade. DADÁO: Puxa vida! Está ficando tarde e preciso voltar
DADÁO: Aqui estas espécies estão preservadas, mas para o meu ninho. Até mais Teléco!
mesmo assim, existem clareiras na mata, algumas árvores TELÉCO: Até mais amiguinho!!
foram afogadas com o represamento para a formação dos (Os dois saem de cena)
lagos. DISCUSSÃO:
TELÉCO: Mas, e os animais que dependem das matas?
DADÁO: Por aqui temos onde morar e do que nos A) Retomar a história com as crianças;
alimentar, mas em vários locais de nossa região isto não é B) Pontos principais: importância, preservação,
mais possível. degradação, queimadas;
TELÉCO: E agora estão com o meio ambiente C) Explorar relação Homem-natureza;
prejudicado, não é? E precisam tentar restaurá-lo para
manter o equilíbrio!
D) Averiguar os tipos de árvores que as crianças
conhecem e se possuem árvores em casa;
DADÁO: Certíssimo, meu amigo. Os Homens precisam
compreender a importância do equilíbrio do meio e de sua E) Sintetizar as discussões em forma de desenho ou
ação sobre este meio. painel.
TELÉCO: Isto significa se desenvolver mantendo o
equilíbrio com o meio. Homem e natureza em harmonia. ROTEIRO E: “A SEMENTINHA”
DADÁO: É isso aí. Só que para chegarmos neste ponto TEMA: ÁRVORES
precisamos respeitar o que é natural e entender este ciclo ENREDO:
da natureza.
TELÉCO: É verdade. Observe a mata Dadáo: as árvores, Dadáo apresenta sua casa como sendo uma grande
animais, insetos, répteis...todos vivem em harmonia, em árvore.
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A intenção do pardal é de mostrar como as árvores DADÁO: Todas as árvores foram um dia uma sementinha.
nascem e também salientar sua importância. Esta sementinha ficou acolhida na terra onde recebeu os
nutrientes para crescer. A água da chuva foi ajudando em
PERSONAGENS: seu crescimento. A luz do sol aquecia a pequena semente
que foi transformando-se num broto, com folhas, raízes,
DADÁO: Pardal que é meio sábio entre os animais da pequeno caule. Será que tudo aconteceu rápido?
mata.
(Espera a resposta)

ATO 1 DADÁO: Isto depende da espécie da árvore. Algumas


demoram poucos meses, outras muitos anos... Mas, uma
(Sempre direcionando-se às crianças) coisa posso dizer a vocês, todas as plantas precisam de
água, luz solar e uma base, como o solo, para se
DADÁO: Olá amiguinhos. desenvolverem completamente. Agora, vamos imaginar
que somos pequenas sementinhas...
(Espera a resposta das crianças)
(As crianças deverão seguir os passos do Dadáo na
DADÁO: Eu me chamo Dadáo e estou aqui para conversar dramatização do nascimento de uma planta)
um pouco com vocês sobre minha casa. Vocês sabem onde
os pardais, como eu, vivem? DADÁO: A sementinha, que está adormecida na terra, vai
recebendo água e sentindo a luz solar...Devagar ela vai
(Espera a resposta) desenvolvendo pequenas raízes e as folhas e tronco
começam a aparecer na parte superficial do solo...Agora, a
DADÁO: Muito bem , vivemos em árvores e muitas vezes, sementinha já é um broto que vai crescendo e se tornando
nas próprias árvores encontramos alimentos para toda a uma jovem árvore... A árvore faz desabrochar lindas flores
família. Atualmente moro numa grande Figueira, ao lado que alimentam borboletas e beija-flor, através de seu
de um Ipê amarelo que quando flori deixa meus dias mais néctar...As flores caem e dão lugar aos frutos que
coloridos. Vocês gostam das árvores? alimentam os animais, como o Homem...O tempo vai
passando, acabam-se os frutos que oferecem novas
(Espera-se a resposta) sementes, as folhas caem, os galhos envergam-se e
secam... A árvores velha vai morrendo, cedendo lugar a
DADÁO: Pois bem, vocês acreditam que elas foram uma nova sementinha que está crescendo...Como vocês
sempre grandes assim? Como elas nasceram? viram, as árvores possuem vida como nós: nascem,
crescem, reproduzem-se, morrem, deixando
(Espera a resposta) descendentes...Vocês sabem agora um pouco sobre a vida
das árvores, não é?

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(Espera resposta) PERSONAGENS

DADÁO: Então, agora vocês vão conversar com a GLORINHA: Indicando as boas ações com relação
professora e depois vão fazer um desenho mostrando a ao meio;
vida das nossas amigas árvores, Ok? Um beijo e tchau!
MAZINHA: Indicando as ações ruins com relação
(O pardal sai de cena) ao meio.
DISCUSSÃO:
ATO 1
A) Retomar a discussão central da história: vida das
árvores, partes das árvores, importância; (Mazinha surge comendo algo e joga o papel no chão)
B) Salientar a preservação das árvores;
C) De que uma árvores ou planta precisa para se
desenvolver? E os outros seres vivos? MAZINHA: Que delícia! Adoro comer coisas gostosas!
Outro dia até tive dor em minha barriguinha
D) Qual o motivo de se preservar as árvores? de tanto sorvete que tomei!
E) Orientar as crianças na realização da sistematização em
forma de desenho; (entra em cena Glorinha)
F) Fazer com que as crianças falem sobre o que
desenharam e ouviram. GLORINHA: Bonito hein, dona Mazinha!? Jogando papel
no chão novamente!!!
ROTEIRO F: “APRENDENDO COM GLORINHA”
TEMA: ÁGUA E LIXO MAZINHA: Puxa Glorinha, não vi você chegando!
ENREDO:
GLORINHA: Olha ali o cesto de lixo. Por que você não
jogou o papel lá?
Duas bonecas, sendo uma despreocupada com o
meio ambiente e outra visando a preservação do mesmo. MAZINHA: Oras, está longe e estou com preguiça de ir
A primeira joga lixo no chão, derruba cesto de lixo até lá! E outra, alguém varre depois!
na escola, sua mãe joga entulho no terreno baldio e no GLORINHA: Mas se todos pensarem desta maneira a
córrego que passa perto de sua casa. escola inteira ficará suja e feia. Você não
A segunda fala que isto não pode acontecer e que gosta de ver a escola sempre limpinha? E as
podemos contrair inúmeras doenças agindo desta forma: ruas perto de sua casa? Não é tão bom ver a
dengue, febre amarela, entre outras. cidade inteira limpinha?!
Fala-se da prevenção contra essas doenças e alerta-
se com relação a se tomar água filtrada ou fervida. MAZINHA: Ah! Mas minha mãe fala que não tem
problema e que o lixeiro pega o lixo depois!
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GLORINHA: É, e para bebermos a água precisamos ter
GLORINHA: Mazinha, não me diga isso! Vai dizer que alguns cuidados. Por exemplo: filtrar a água
sua mãe ainda joga lixo no terreno vazio ao para retirar as impurezas que existem nela.
lado de sua casa?!?!
MAZINHA: Ah! Minha professora disse que quem não
MAZINHA: Mas não é só ela, não. As minhas vizinhas tem filtro em casa pode ferver a água,
jogam sempre!!! deixar esfriar (ou colocar na geladeira para
ficar fresquinha e gostosa) e depois beber.
GLORINHA: Isso não pode acontecer! Além do cheiro Uhm!!! Como é gostoso um copão de água
ruim, podemos contrair muitas doenças: depois de brincar muito de “pega-pega” ou
porque os bichinhos que causam doenças de “amarelinha”!!!
gostam de ambientes sujos como aquele,
você não sabia? GLORINHA: É bom mesmo! E você sabia que para a água
estar boa de beber ela deve estar
MAZINHA: Não sabia, não. Mas, o que devo fazer com o transparente, sem cheiro e sem cor?!!!
lixo, então?
MAZINHA: Sabia, pois só assim sabemos se ela está
GLORINHA: Ele deve ser colocado em sacos plásticos e poluída ou com alguma impureza!!!
ter a boca fechada, ou então, colocado em
latões e depois tampados, evitando assim GLORINHA: Viu agora a importância de não jogar lixo no
que moscas, ratos, cachorros e outros córrego?! Assim como nós precisamos de
animais se alimentem com o lixo e nos água limpa para viver, outros animais
transmitam doenças. também precisam e normalmente, cavalos,
vacas cachorros, passarinhos, bebem água
MAZINHA: Posso jogar o lixo no córrego que passa perto direto nos córregos e rios!!!
lá de casa?!!!
MAZINHA: É verdade, lá no sítio do meu avô, as
GLORINHA: De jeito nenhum! A água é algo muito vaquinhas e os bois bebem água num riacho
precioso! Os córregos, rios, riachos não são que passa lá por perto...
depósitos de lixo; não devemos poluir a
água porque dependemos dela para viver. GLORINHA: Viu só como é importante?!

MAZINHA: Aí eu concordo! Para vivermos precisamos de MAZINHA: Vi sim, e vou falar para minha mãe não jogar
duas coisas básicas: nos alimentar bem e ter mais lixo no córrego e nem no terreno
água limpa para beber!!! baldio.

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GLORINHA: Diga isso para ela sim, e diga também para MAZINHA: E que as plantas, flores alegram este meio e
não juntar entulho no quintal. por isso devemos preservá-las e não destruí-
las jamais.
MAZINHA: Por que?
GLORINHA: Só que você estava jogando papel no
GLORINHA: Porque pneus velhos, latas, garrafas, vasos chão!!!
de planta com água podem fazer com que o
mosquito aeds eghypt se reproduza e MAZINHA: Prometo que não farei mais isto! Afinal,
transmita doenças, como a febre amarela e adoro minha escola e gosto de vê-la sempre
a dengue. Você não viu falando outro dia na limpinha, com flores no jardim, pátio
TV?!!! arrumado...

MAZINHA: Puxa vida! Então foi por isso que passaram GLORINHA: E por isso devemos deixá-la sempre
veneno (aquele de fumaça) lá no meu arrumada!!!
bairro!!!
MAZINHA (Direcionando-se às crianças): Por favor,
GLORINHA: Foi sim, fizeram a nebulização (aquela pegue este papel para mim (Referindo-se ao
fumaça), com veneno para matar os papel que havia jogado). Obrigada!!! (Joga
mosquitos, mas só isso não basta: o papel no cesto).
precisamos acabar com os entulhos e não
deixar água parada de jeito nenhum...Ah! GLORINHA: Parabéns Mazinha! É assim que tem de
Também precisamos falar aos nossos pais e ser!!!
vizinhos para cuidarem de seus quintais.
Assim, nossa casa fica até mais bonita e MAZINHA: Estou feliz por ajudar a minha escola a estar
longe de doenças!!! sempre limpa.

MAZINHA: Outro dia a professora falou sobre isso com a (Direcionando-se às crianças)
gente, lembra?! E disse para falarmos aos
nossos pais para deixarem sempre limpa a GLORINHA: Ei crianças, vocês gostam de ver a escola
caixa d’água!!! limpa???(Pausa)

GLORINHA: Lembro sim. E lembro também que ela falou MAZINHA: E a sua casa? Vocês ajudam a mamãe a
que precisamos cuidar bem de nossa escola cuidar dela???(Pausa)
porque é um meio em que vivemos!
GLORINHA: Que tal agora fazer um belo desenho sobre
tudo o que dissemos para vocês?!

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MAZINHA: E enquanto vocês fazem isso, eu irei com a
Glorinha lá em casa para me certificar que A
não tenha nenhum pneu velho juntando Altitude: altura de qualquer ponto da superfície em relação
água. Tchau amiguinhos!!! Um grande ao nível do mar (NM).
beijo!!! Ação antrópica: ação do Homem.
Aedes aeghypt: mosquito causador da dengue.
GLORINHA: Tchau crianças! Caprichem no desenho, Afluente: rio ou córrego que deságua em outro maior
o.k.?!!! denominado principal.
Ambientalista: qualquer cidadão preocupado com as
(As duas saem de cena) questões ambientais.
Ambiente: meio; local que nos cerca.
FIM. Ascaridíase: lombriga
Assoreamento; processo natural de deposição de
DISCUSSÃO: sedimentos no leito de um rio ou córrego. Este processo
pode ser intensificado pela ação do homem.
A) Importância da água para os seres vivos; B
B) Deposição de lixo; Bacia hidrográfica: é a região banhada por um rio principal
C) Reciclagem; e seus afluentes e sub-afluentes.
D) Cuidado com rios e córregos. Bacia sedimentar: depressão de algum terreno onde
encontramos restos de rochas ou outros materiais
DEBATE: carregados pela ação do tempo.
Baixada: planície entre duas montanhas ou entre
- Retoma-se a discussão com as crianças sobre o lixo, montanhas e o mar.
água, doenças, animais e vegetais; Barragem: construção que tem por finalidade represar ou
- Pede-se uma sistematização em forma de desenho; conter as águas para formar um lago, açude etc.
- Os trabalhos ficam em exposição, fixados numa parede Biosfera: nome do ambiente onde temos vida
(espécie de painel). Bueiro: abertura, natural ou construída, por onde a água
escorre.
4.5. Glossário C
Canais: local estreito por onde a água pode passar.
Este glossário surgiu da necessidade de ter-se um Capturar: retirar, extrair usando a força.
parâmetro para os professores, auxiliando durante as aulas Ciclo da água: caminho que a água percorre.
e em momentos de eventuais dúvidas. Entretanto, o mesmo Clareira: área de uma mata já desmatada.
fica aberto para novos verbetes. Clima: conjunto de fenômenos meteorológicos que
Convêm lembrar que as referências bibliográficas caracterizam o estado médio da atmosfera em um ponto da
utilizadas estão apresentadas na bibliografia geral deste superfície terrestre.
livro. Colina; pequena elevação arredondada.
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Continente: grande extensão de terras cercada pela água. Flora: conjunto de vegetais de determinada espécie.
No mundo temos cinco grandes continentes, o americano, Floresta: ecossistema complexo em que as árvores
europeu, africano, asiático e Oceania. constituem a forma vegetal predominante. É o mesmo que
Coordenadas geográficas: é a junção entre latitude e mata ou selva.
longitude, dando o ponto exato de um lugar. Fluvial: relativo a rio.
Criadouro: nome dado ao local onde se Formação vegetal; conjunto de vegetais de uma área.
proliferam/reproduzem animais, insetos, entre outros seres Formigueiro: habitat das formigas.
vivos. G
Crosta terrestre: litosfera. Geada: orvalho congelado que recobre o solo e as plantas.
Cupinzeiro: nome dado ao local onde os cupins habitam. Granizo: chuva com pedras de gelo.
D H
Dengue: doença causada pelo mosquito Aedes aeghypt, Habitat: lugar onde vive e onde pode ser encontrado um
muito comum em nossa região. ser vivo.
Desertificação: transformação de uma região em deserto Harmonia: paz, tranqüilidade.
pela ação do clima ou do homem, ao destruírem sua Hidreletricidade: energia gerada pelaágua.
cobertura vegetal. Nos estados do sul, a desertificação tem Hidrosfera: parte líquida da Terra.
sido constante. Industria: conjunto de atividades dedicadas a explorar
Desmatamento: destruição ou corte ilegal de matas e recursos naturais (matérias-prima)
florestas. Jusante: lugar situado à foz de um rio.
Desperdício: gastar, esbanjar os recursos naturais. L
Devastação: destruição dos recursos naturais. Lacustre: relativo a lago.
E Laguna: lagoa de água salgada perto do oceano.
Ecologia: estudo das relações entre os seres vivos e o meio Latitude; dist6ancia, em graus, de um lugar ao Equador.
ambiente. Lixo: sujeira pode ser ‘sólido, líquido ou gasoso.
Ecossistema: conjunto de todos os elementos físicos,e Litosfera: parte sólida da Terra (crosta terrestre).
biológicos de um espaço qualquer e suas inter-relações. Longitude: distancia, em graus< de um lugar ao meridiano
Erosão: atividade destruidora de agentes naturais (águas, inicial.
ventos, geleiras, ação do homem). M
Escala: relação que existe entre realidade e a Mata: o mesmo que floresta.
representação. Mata ciliar: mata em torno dos córregos e rios.
Esgoto: canal por onde são despejados lixo líquido. Margem: lado do rio ou córrego.
Essencial: precioso, necessário. Meio natural: ambiente criado pelo ele elementos da
Evaporação: quando o líquido passa de estado líquido para natureza (meio físico).
gasoso. Montante: lugar situado próximo à cabeceira de um rio.
F Município: cada uma das unidades político-
Figueira: árvore de grande porte, muito comum em nossa administrativas, com governo próprio, em que se dividem,
região. no Brasil, os estados.
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N U
Nascente: ponto onde nasce um rio. Umidade atmosférica: quantidade de vapor de água
Neblina: nebulosidade que se forma nas baixa camadas da existente no ar atmosférico.
atmosfera Universo: conjunto de toda matéria e energia no espaço.
Nebulização: técnica para passar veneno. Urbano: relativo à cidade.
Nife: núcleo metálico da Terra V
O Vale: depressão alongada entre terras mais altas.
Orvalho: condensação do vapor de água, durante a noite, Vazante: período de águas baixas de um rio ou mar.
sob a forma de gotículas, que se acumulam sobre os Vegetação: conjunto de uma certa área.
vegetais e objetos ao relento. Vila: aglomeração urbana maior que um povoado e menor
P que uma cidade.
Pluvial: relativo a chuva Z
Poluição: toda e qualquer sujeira produzida. Zoologia: rama da
Preservar: não deixar acabar. Biologia que estuda os animais e sua vida.
Prevenir: não deixar que aconteça.
Proliferar: aumentar.
Proteção: cuidados.
Q
Qualidade de vida: condições de vida.
R
Rede fluvial: rede hidrográfica, cursos de água.
Reflorestar: plantar para recompor uma floresta devastada.
Relevo: formas da crosta terrestre.
Represa: água acumulada devido a construção de uma
barragem.
Residências: casas.Restaurar: arrumar.
Rio: curso de água sempre renovada.
Roedor: animal com dentes frontais grandes, que se
utilizam deles para alimentação e construção de suas casas.
S
Sísmico: relativo a terremotos ou maremotos.
Solo: camada superficial da crosta terrestre.
T
Térmico: relativo à calor.
Terra roxa: solo resultante da desagregação do basalto.
Terrenos baldios: terrenos largados, abandonados.
Topografia: o mesmo que relevo.
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Com o intuito de auxiliar os professores de pré-
Capítulo V escola nesta tarefa, foram elaborados alguns materiais
Considerações finais didáticos. Tais materiais já haviam sido trabalhados dentro
da monografia de bacharelado e, pela aprovação por parte
dos professores, naquele momento, julgou-se salutar
Os capítulos anteriores apresentaram algumas inseri-los novamente e retrabalhá-los.
reflexões e sugestões de atividades que contribuíram para Os projetos, as belas frases, o “é possível fazer’,
o desenvolvimento e amadurecimento de questões que estavam tão convictamente presentes no início da
primordiais a fim de se ter uma continuidade deste pesquisa, passaram por nova avaliação. Caíram no
trabalho. conceito, foram reestruturados e, voltaram com maior
Espera-se ter sistematizado as atividades ênfase no momento de conclusão de mais esta etapa”.
desenvolvidas no decorrer do curso de mestrado, sendo Estes questionamentos levam à motivação de tentar
que a ênfase maior fica a cargo de tentar apontar um compreender como a prática em Educação Ambiental vem
“como fazer” e não uma “receita pronta” aos professores. sendo desenvolvida em outros graus escolares e esferas
Constatou-se que a Educação Ambiental foi gerada sociais. A única coisa que se pode adiantar é que a
das necessidades de repensarmos a ação antrópica com configuração do quadro é outra...E é aí que se instala o
relação ao meio, não mais encarando este como externo e pivô da motivação...Entender o novo, sem perder de vista
auto-sustentável. as experi6encias passadas.
Quando o Homem muda sua percepção, passa a Desta maneira, acredita-se ter caminhado um pouco
enxergar n educação a maneira mais hábil para alcançar mis dentro desse processo chamado Educação Ambiental.
seus objetivos. Espera-se que o caminho seja longo-contínuo e, nunca
Esta educação não possui idade para começar, e o faltem forças para caminhar!!!
ideal é investir-se desde os primeiros anos de vida.Isto se
deve ao fato de que as crianças são mais flexíveis, fáceis
de se sensibilizarem e, por estarem com seus valores em
formação, sendo um elemento importante para a
conservação do meio.
Entretanto, não e tarefa muito fácil trabalhar
determinados conceitos com crianças tão pequenas. Assim,
como se trata de um processo contínuo, o que se propõem
é que os mesmos ganhem uma introdução nesta faixa
etária, para que possa ser lapidada posteriormente.
Seja em sala de aula, no pátio, na rua, o professor
poderá buscar os elementos para trabalhar tais conceitos. O
que mais vale é resgatar o cotidiano, a realidade local para
que as atividades em Educação Ambiental funcionem.

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