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Il Libro del Cortegiano:

Resumo do livro:
Livro do renascimento, no qual faz renascer tradições clássicas como os colóquios e os diálogos.
Renascimento- ascensão da burguesia, as cortes precisavam de burgueses, os burgueses poderiam passar a
ser cortesãos, as cidades voltaram a ganhar força;
Os burgueses viram uma forma de ascender a um cargo que antes não era possível;
O que antes pertencia só à nobreza começou a dinfundir para outros estratos sociais.

No livro "Cortegiano" é descrito o ideal do cortesão renascentista, quais devem ser as suas
qualidades e habilidades, um indivíduo que é habilidoso em diversas áreas e possui um comportamento
refinado na corte. Castiglione escreveu este livro quando estava na corte de Espanha.
O livro é estruturado como uma série de diálogos feito num jogo por membros da corte, que depois
do jantar, juntam-se todas as noites com a senhora Duquesa para dançar, jogar, conversar. A senhora Duquesa
põe a senhora Emília como chefe para decidir a melhor proposta de jogo. Todos dão ideias mas o que
prevalece é o Federico Fregoso que sugere um jogo em que se diga as qualidades que o melhor cortesão
deverá ter assim como as ccondições necessárias para obter essas qualidades. A senhora Emilia a escolher
este jogo aponta para o Conde Luduvico
O personagem principal, Conde Ludovico reúne alguns cortesãos para discutir os atributos que um cortesão
deve ter para ser considerado perfeito (como Platão tentou descrever a sociedade perfeita; Cicero o orador
perfeito) e tentam chegar a um consenso sobre a melhor maneira de se comportar na corte.
Não há regras para se ser um bom cortesão, não há uma opinião absoluta, não se pode dar uma receita de
como ser um bom cortesão e é difícil ter todas as características que o perfeito cortesão deve ter. O perfeito
cortesão é um ideal e não é algo alcansável, mas sim algo que se possa aproximar, assim a tarefa de definir o
que é um perfeito cortesão é difícil.
O objetivo do livro não é só representar o cortesão, mas também glorificar diversas figuras que
Castiglione conheceu. Os intervenientes dos diálogos existiram e eram amigos de Castiglione e tinham
cargos superiores na Europa, estes tambémm serviam para dar autoridade às teses expostas, argumentos e
contra-argumentos que ele próprio pensou e preserva a personalidade e a crença destas pessoas.
Discute-se temas relevantes mas que não fazem parte do jogo como usar língua recente (o lombardo) ou a
língua antiga (o toscano).
Este livro aplica-se à moral como se aplica à estética.
Livro que não visa destacar regras, que toca no uso, no hábito e na prática.

Porque não é um tratado?


-Pois não pensam todos da mesma forma, seria difícil definir regras definitivas de como deve ser o cortesão
ideal;
-A forma de dialógo apresentada permite um debate a várias opiniões e princípios.

Não é um manual de boas maneiras!

Cidade de Urbino: Flores de estufa falam de si e das suas experiências, “Flores de estufa a falar no que é ser
flor de estufa”, como os cortesãos falam do que é ser cortesão na corte. Conjunto de pessoas reunido num
palácio deslumbrante, “parece uma cidade em forma de palácio”. A corte de Urbino era nas terras
conquistadas pelo papa. Semelhança de Castiglione representar a corte de Urbino e Homero representar
Aquiles.

Conceito de “graça”: Desempenha um papel crucial. Não se refere apenas à beleza física, mas sim a uma
combinação de elegância, cortesia, habilidade social, educação e sofisticação. É vista como uma qualidade
essencial para o cortesão, pois torna-o atraente e cativante aos olhos dos outros membros da corte, e é uma
parte fundamental da arte de conquistar e manter o favor do príncipe ou soberano. É preciso dar provas a
tudo aquilo que se faz. Diversas formas de chegar à graça: Por aproximação, imitação, sugestões que vão
sendo dadas, por recompensas positivas e negativas, aproximar-mos das pessoas que parecem boas.

Conceito de “Sprezzatura”: É importante parecer habilidoso e talentoso em várias áreas, mas sem parecer
arrogante ou exibicionista. Em vez disso, o cortesão deve realizar essas tarefas com modéstia, como se
fossem tão fáceis que não requerem esforço. Isso cria a impressão de que essas habilidades são inerentes à
sua natureza e não resultado de treinamento ou estudo intensivo. É importante ressaltar que a sprezzatura não
se trata de ser desleixado ou indiferente, mas sim de criar a ilusão de esforço mínimo enquanto se realiza
algo com habilidade. Permite-nos estar nas boas graças do princípe. A “sprezzatura” também tem de ser
aplicada com uma certa “sprezzatura”. A “sprezzatura” também é suscetível a ser utilizada em excesso. É
preciso encontrar a quantidade de esforço que se pode ou não mostrar.

Conceito de bom juízo: é uma qualidade multidimensional que engloba sabedoria, equilíbrio, ética,
inteligência social e cultural, e a capacidade de agir com sensatez e moderação em todas as situações.

“Ars celare artem”- A verdadeira arte consiste em não exibir a arte, fazer as coisas sem que parecem que
estão a mostrar a arte. O Castiglione dá o exemplo das mulheres que usam maquiagem em excesso.

Phronesis- Sabedoria Prática (só se aprende praticando)

Exemplos de pessoas de uma graça excelente, nascem já cortesãos perfeitos e há aqueles que fazem tolice
insensata.
O mundo não tem de ser ou só cortesãos que já são perfeitos quando nascem nem tem de ser só compostos
por pretenciosos, encontra-se um justo meio.

Como ser um bom/perfeito cortesão:


O cortesão deverá ser de família nobre, isto pois os que nascem nobres têm uma boa educação e por natureza
uma graça necessária do que os não nobres; Os que não são dotados por natureza podem com estudo ou
educação limar os seus defeitos naturais; É possivel desenvolver uma graça não natural mas artificial que
compense pela arte e pela técnica para nos aproximarmos às pessoas que já nascem com todas as graças;
Só se aprende a ser cortesão ao ser-se, imintando as pessoas- única maneira disponível para ser um bom
cortesão;
Ser um bom cortesão é estar disposto a ouvir conselhos;
O cortesão tem que ser versátil: ter mestria na arte das armas (sendo esforçado, corajoso e leal a quem serve
não fazendo gestos reprováveis que estraguem a sua reputação), mas que não deixe esta mestria tornar-se em
presunção que não possa fazer mais nada (continue a dançar, brincar e tenha relações humanas
permanecendo honesto e comedido, que fuja ao autoelogio e à ostentação)
O cortesão tem que saber lutar e ser o perfeito cavaleiro em sela, que saiba a arte da caça (costume antigo e
necessário para fazer demonstrações na corte), mas também saber fazer exercícios mais tranquilos para ter
boas relações (fazer tudo o que os outros fazem sem se afastar dos atos louváveis) tudo isto com diligência,
cuidado e bom juízo em tudo o que faz e diz para parecer um homem inteligente e discreto. Porém não
esquecer que o cortesão tem que ultrapassar os outros em cada profissão respetiva.
O cortesão também tem de ter um rosto que não seja mole e delicado em demasia, que o seu corpo não seja
muito pequeno nem muito grande e que seja bem proporcionado, revele força, leveza e desenvoltura que
pertence a um homem de guerra.
Para aprender os exercícios tem que começar cedo e ter homens excelentes perto de si, o bom discípulo deve
não só fazer bem mas tentar assemelhar-se ao mestre, lembrando que destes temos que tirar o melhor de cada
um e depois desenvolver com essa inspiração a nossa própria graça. Esta graça é uma estética moral e física
que depende da avaliação dos outros.
Agradar ao príncipe tem a sua arte (o príncipe não quer pessoas desesperadas) e o cortesão tem de ser
credível;
Fazer tudo com simplicidade é o verdadeiro objetivo do cortesão;
O cortesão deve ser instruído em letras, que não conheça apenas a língua latina mas também a grega, que
seja hábil a escrever em prosa e que suprima os seus trabalhos se não são dignos de louvor, que seja
prevenido e tímido em vez de audacioso para não pensar que sabe o que não sabe, modesto, não se deixe
pensar que as coisas medíocres que fez são muito grandes ou deixe-se persuadir disso pelos outros (quase
recusar elogios). O cortesão tem que ser músico, tocar diversos instrumentos (algo que Platão e Aristóteles
dizem que o homem deve saber fazer), saber desenhar e ter conhecimento sobre a pintura (algo que os
antigos queriam que as crianças soubessem).
O cortesão deve ser capaz de falar com eloquência e ter uma personalidade agradável.

Resumo das páginas:


pg. 13
O sire Alfonso pede a Castiglione a opinião de qual forma de cortesania é mais conveniente a um homem que
vive na corte, para adquirir a sua graça e os louvores dos outros, de que maneira deve ser aquele que merece
o nome perfeito cortesão, de modo que não lhe falte nada. É difícil escolher a forma mais perfeita entre os
costumes diferentes que são praticados na corte. O autor aceita porque parecia duro recusar aquilo que fosse
e por ser algo de louvável pedido por alguém que ama.

pg.14
Castiglione- não segue nenhuma ordem feita, nem nenhuma regra feita
Refere-se a diálogos que certos homens muito notáveis tiveram sobre o assunto, no entanto não estava
presente pois estava em Inglaterra, mas ouviu-os pouco depois do seu regresso por uma pessoa que os
narrou.

pg.15
O duque Federico é um exemplo pela sua prudência, humanidade, justiça, liberalidade, coragem invencível,
ciência militar, as suas conquistas de locais invencíveis, a súbita prontidão das suas expedições, por ter posto
em fuga exércitos numerosos e poderosos e de nunca ter perdido uma batalha- pode ser igualado a muitos
homens famosos da Antiguidade.
O duque edificou na cidade de Urbino um palácio, na opinião de muitos o mais belo de Itália, e forneceu-o
com muitas coisas úteis que parecia não um palácio mas sim uma cidade em forma de palácio, também como
ornamento juntou estátuas antigas de mármore e de bronze, pinturas, instrumentos musicais de todos os
géneros, reuniu livros gregos, latinos e hebraicos que mandou ornar de ouro e prata, considerando que essa
era a suprema excelência do seu palácio.

pg.15-16
O duque Guidubaldo, filho do duque Federico, herdou as virtudes do seu pai
Embora fosse muito sábio e tivesse uma coragem invencível, parecia que tudo aquilo que começava tinha
sempre um mau final. São testemunho disso as suas infelicidades, que sempre suportou com muita força de
espírito que a sua coragem nunca foi vencida pela fortuna. Pelo contrário desprezava a fortuna com o seu
espírito generoso. Viveu com uma grande dignidade e serviu na guerra de modo honroso os reis de Nápoles,
Afonso e Fernando o Jovem, mais tarde o papa Alexandre XI e os senhores de Veneza e Florença, mesmo
estando doente.
Foi nomeado Capitão da Igreja
Era sábio em algumas línguas, possuia maneiras agradáveis e o conhecimento de uma infinidade de coisas.
A sua grandeza de espírito estimulava-o tanto que tinha um grande prazer de ver os exercícios de cavalaria a
serem praticados por outros e ía corrigindo ou elogiando cada um segundo os seus méritos, demonstrava
abertamente o bom juízo que tinha nessa matéria.

pg.17
Cada um pedia o seu parecer e o seu julgamento.

pg.18
A duquesa Elisabetta Gonzaga deixava a sua marca naqueles que a rodeavam, ela moldava todos com a sua
própria qualidade e forma. Cada um procurava imitar o seu estilo, de modo a retirar uma norma de boas
maneiras.

pg.26-27
O sire Federico Fregoso propõe que o jogo da noite seja descrever um perfeito cortesão, explicando todas as
condições e qualidades particulares que são requeridas a quem merece esse nome.
A senhora Emília escolhe o conde Ludovico da Canossa para começar, não porque lhes pareça que seja um
bom cortesão, mas porque esperam que o mesmo diga tudo ao contrário para tornar o jogo mais belo, tanto
que cada um vai ter de respondê-lo, ao contrário que se fosse outro a ter esse encargo e que soubesse mais
que ele, não poderiam contradizê-lo e o jogo seria monótono.
O conde Ludovico não sabe o que convém a um bom cortesão, o mesmo diz que em todas as coisas é difícil
conhecer a verdadeira perfeição, que isso parece quase impossível por causa da variedade de juízos, cada um
louva segundo a sua opinião, cobrindo sempre o vício com o nome da virtude que lhe está próxima ou a
virtude com o nome do vício que lhe está próximo, no entanto considera que cada coisa tem a sua perfeição,
mesmo que esteja escondida. Só pode louvar o género de cortesãos que aprecia e só pode aprovar aquele que
parece mais similar ao verdadeiro.

pg.28
O cortesão tem de ser nascido nobre e de uma generosa família.
Censura-se menos um não nobre com falta de virtudes, do que um nobre pois desvia-se do caminho dos seus
antepassados e mancha o nome da sua família.
Os nobres sentir-se-iam dignos de censura se não se esforçassem pelo menos por atingir os limites que lhes
foram indicados pelos seus predecessores.
Tanto nas armas como nas outras ações virtuosas, os homens mais destacados são os nobres, porque a
natureza colocou em todas as coisas a semente que dá uma certa força e propriedade do seu princípio a tudo
o que descende dela, quando os homens são cultivados por uma boa educação, quase sempre são semelhantes
àqueles donde provêm e muitas vezes melhores.

pg.29-30
Os que não nasceram nobres, são incapazes e desajeitados e por mais assíduos que sejam os cuidados e a boa
educação, geralmente não conseguem frutificar, no entanto os outros chegam facilmente ao cume da
excelência. Dá o exemplo do senhor dom Hipólito de Esrte, cardeal de Ferrara, a sua figura, no qual o seu
aspeto, as suas palavras e todos os seus movimentos têm uma harmonia e uma graça perfeitas.
Entre a graça perfeita e a tolice insensata encontra-se um justo meio.
Os que não são dotados de natureza podem com estudo e dedicação, limar e corrigir os seus defeitos naturais.
O cortesão, além da nobreza, deve ser afortunado e tenha por natureza não só o engenho e uma bela forma,
mas também uma certa graça e um ar que à primeira vista o torne agradável para qualquer pessoa e que
assegure que seja digno da relação direta e da confiança de todos os grandes senhores.

pg.29-30
O senhor Gaspar Pallavicino contradiz dizendo que a nobreza de nascimento não seja necessária ao cortesão.
Há nobres que estavam cheios de vícios e pelo contrário houve muitos não nobres que pelas suas virtudes
deram renome aos seus descendentes.
Em cada coisa existe a verdade escondida da primeira semente, somos todos da mesma condição, tivemos
todos o mesmo princípio, ninguém é mais nobre que outro.
De diversas causas para as nossas diferenças, a principal é a fortuna: eleva-se ao céu aqueles que parecem
não ter qualquer mérito e coloca-se no abismo aqueles que são dignos de serem exaltados.
As qualidades que foram nomeadas (o génio, a beleza do rosto, a disposição do corpo e a graça que à
primeira vista se torne sempre agradável a cada um) não bastam para levar ao cúmulo da perfeição.

pg.30-31
O conde Ludovico responde que é necessário fazer de um cortesão nobre, porque é sensato que dos bons
nasçam bons e para que o mesmo se forme sem nenhum defeito.
Cada um apreciará muito menos o não nobre do que o nobre e será necessário que o não nobre despenda de
mais esforço e tempo para imprimir nos corações dos homens uma boa opinião de si, enquanto que o outro
por ser um gentil-homem consegue num instante.
Obstinção dos senhores- por vezes começam a favorecer aqueles que lhes parecem merecer o contrário.
A primeira impressão é importante e quem espera ter o nível e o título de cortesão deve esforçar-se para obtê-
la.

pg.32-33
A principal e verdadeira profissão do cortesão deve ser a das armas, que exerça com ardor e que seja
conhecido como persistente, esforçado e fiel a quem serve. O renome destas boas qualidades adquire-se
quando se faz a demonstração delas. O bom nome de um gentil-homem que use as armas, se alguma vez foi
denegrido por cobardia ou gesto reprovável, fica para sempre desonrado aos olhos do mundo. Quanto mais
excelente for o cortesão nessa arte, mais será digno de louvor.
Procura-se um cortesão com um espírio corajoso, mas que não seja orgulhoso que esteja sempre com
palavras exaltadas.
O cortesão tem de ser apenas orgulhoso e agressivo quando estiver perante os inimigos, mas noutro local tem
de estar aberto às relações humanas, que seja modesto e comedido, fugindo da ostentação e ao impudico
auto-elogio, através do qual o homem susicta sempre antipatia e desgosto por quem o ouve. Dá o exemplo de
Berto, a dama tinha o convidado para dançar de forma a honrá-lo, este recusou, mas também recusou ouvir a
música e outros divertimentos que lhe eram oferecidos, dizendo que frivolicidades desse género não o
agradavam. A dama perguntou o que era do seu agrado e o mesmo respondeu com má cara e ar grosseiro
“combater”. A dama respondeu: Creio que agora, que não estais na guerra, nem prestes a combater, deveríeis
untar-vos muito bem e meter-vos num armário juntamente com todas as vossas armaduras de guerra até que
torneis a ser necessário, para que não fiqueis mais ferrugento do que já estais.” Todos se riram e ela deixou-o
ridicularizado na sua tola presunção.

pg.33
O senhor Gaspar responde que conheceu poucas pessoas que fossem excelentes em alguma coisa e que não
se gabavam disso e que isso pode ser tolerado, dado que aquele que se sente um homem hábil, quando vê que
pelas suas obras não é conhecido dos ignorantes, fica aborrecido que o seu valor permaneça escondido, e
sente a necessidade de o revelar para não se ver defraudado da honra que lhe cabe, e que é a verdadeira
recompensa dos virtuosos trabalhos. E é por isso que entre os escritores antigos, raramento o homem de
grande valor se abstém de louvar-se a si próprio.

pg.34
O conde Luduvico responde que não se deve ter má opinião de um homem de valor que se gabe
modestamente. Um homem ao elogiar-se a si mesmo, não incorre um erro, nem gera aborrecimento nem
inveja de quem ouve, mas sim é um homem de grande discrição e que também merece os louvores por parte
dos outros.
Tudo consiste em dizer as coisas de maneira que pareça que não se fala de maneira intencional, mas que elas
surgem tão a propósito que não se pode evitar dizê-las e mostrando sempre que se quer fugir dos auto-
elogios, mas fazendo-os.
O senhor Cesare Gonzaga diz que o Alexandre o Grande, ao saber que, segundo a opinião de um filósfo,
havia uma infinidade de mundos, começou a chorar, e quando lhe perguntaram por que chorava, ele
respondeu: “Porque ainda nem sequer conquistei um único.”
O conde Luduvico disse que deve-se perdoar aos homens excelentes quando presumem demasiado de si
prórpios, porque aquele que faz grandes coisas tem necessidade de ter a coragem para as fazer e confiança
em si mesmo, mas que seja modesto nas palavras, mostrando menos presunção de si que realmente tem.

pg.34-35
O sire Bernardo da Bibbiena pede explicação ao conde Luduvico de como deve ser a forma do corpo no qual
o conde responde que os seus traços não são muito delicados mas tem algo de viril e gracioso e explica que o
cortesão não deve ser feminino e mole como muitos se esforçam para ser- frisam os cabelos, depilam as
sobrancelhas, maneira de andar e comportar são muito tenras, e estes deveriam ser expulsos das cortes dos
grandes senhores e do círculo dos homens nobres.

pg.36-37
Os homens com corpo demasiado pequeno ou demasiado grande são olhados como se olha as coisas
monstruosas.
Os homens que são vastos de corpo carecem de habilidade nos exercícios de agilidade- coisa que o cortesão
tem de possuir.
O cortesão tem de ser bem constítuido e com mebros bem proporcionados e que revele força, leveza e
desenvoltura e que saiba todos os exercícios do corpo que pertencem a um homem de guerra.
O cortesão deve saber manejar bem todas as armas a pé e a cavalo, conhecer as vantagens de cada uma e ter
conhecimento das armas que os gentis-homens geralmente usam.
O cortesão deve saber lutar, que enfrente as querelas e diferendos e que saiba encontrar as soluções,
mostrando coragem e prudência.
O cortesão deve ser um perfeito cavaleiro em toda a sela, deve estar sempre à frente dos outros, de modo que
seja sempre reconhecido por todos como excelente e deve ultrapassar os outros e cada um na sua profissão
respetiva- deve estar entre os melhores italianos em montar com as rédeas, de domar da melhor maneira os
cavalos difíceis, de combater com a lança e na justa, e que esteja entre os melhores franceses no jogo das
canas, a tourear, lançar azagaias e dardos, seja excelente entre os espanhóis- mas sobretudo que acompanhe
todos os seus movimentos com bom juízo e graça se quiser merecer o favor universal que é tão apreciado.

pg.37
O cortesão deve ser bom na caça- tem semelhança com a guerra, é verdadeiramente um prazer de grande
senhor e conveniente a um homem da corte e é um costume entre os antigos.
O cortesão deve saber nadar, saltar, correr, lançar pedras, porque pode ser útil na guerra, mas também em
demonstrações dos exercícios deste género, por meio dos quais se adquire uma boa reputação.

pg.38
O jogo da bola também é um nobre exercício e conveniente ao homem da corte, porque nele se vê a
harmonia do corpo, a prontidão e a desenvoltura de cada membro.
O cortesão deve saber fazer o volteio a cavalo. Fazer volteio em terra e andar sobre a corda são pouco
conformes a um gentil-homem.
O cortesão deve dedicar-se por vezes a exercícios mais tranquilos e para evitar a inveja e ter ralações
agradáveis com todos, que faça tudo o que os outros fazem.
O cortesão tem de se mostrar ser um homem inteligente e discreto e que tenha graça em tudo o que faz ou
diz.

pg.38-39
O sire Cesare Gonzaga diz que aqueles que têm a sorte de nascer ricos não têm a necessidade de outro mestre
, porque não só são agradáveis mas admiráveis aos olhos de todos.

pg.40
O Conde Luduvico diz que quem quiser ter graça nos exercícios corporais deve começar bem cedo e
aprender os princípios com os melhores mestres. Dá o exemplo de Aristóteles ser o mestre dos primeiros
elementos das letras de Alexandre, filho de Filipe rei da Macedónia, e do senhor Galeazzo Sanseverino,
Estribeiro-Mor de França que faz bem e com graça todos os exercícios do corpo por ter se aplicado a
aprender com bons mestres e a ter sempre perto de si homens excelentes, para captar cada um deles o melhor
que eles sabiam. Para lutar, fazer o volteio e manejar armas teve como guia o sire Pietro Monte (verdadeiro e
único mestre de toda a força e agilidade adquiridas pela arte de montar, de combater nas justas, porque
sempre teve diante de olhos aqueles que eram conhecidos como os mais perfeitos nas suas profissões).

pg.41
Quem quiser ser um bom discípulo deve saber fazer bem as coisas e aplicar-se para se assemelhar ao seu
mestre e tentar transformar-se nele.
O cortesão deve colher esta graça daqueles que julgará possuírem-na, tomando de cada um o que tem de
mais louvável, não fazendo como o jovem de Aragão que julgava assemelhar-se ao rei Fernando e que se
obstinava a imitá-lo, apenas no gesto frequente de levantar a cabeça e retorcer um canto da boca, o que era
um hábito que o rei tinha contraído durante uma doença.
O cortesão deve dar provas das coisas com certa “Sprezzatura”- esconder a arte
Fazer esforços dá muita desgraça e faz com que uma coisa por muito maior que seja não mereça estima.

pg.42
A verdadeira arte é a que parece não ser arte.
Deve-se fazer um esforço para esconder a arte, se a arte é descoberta retira totalmente o crédito e faz com
que o homem seja pouco estimado.

pg.43
Demasiado esforço afeta- afetação
O gentil-homem agrada mais e recebe mais elogios quando é modesto, quando fala pouco e pouco se gaba do
que outro que esteja sempre a gabar-se.

pg.44
Demasiada aplicação é nociva
A “Sprezzatura” é a verdadeira fonte da graça
O cortesão será considerado excelente e terá graça em todas as coisas, principalmente ao falar, se fugir da
afetação.

pg.48
Para o senhor Gaspar Pallavicino o cortesão deve servir-se mais da fala do que da escrita.
No entanto o Magnífico diz que um excelente cortesão deve saber servir-se das duas e sem estas qualidades
todas as outras talvez não valham grande coisa.

pg.51
O Conde Luduvico diz que é necessário para o cortesão para falar e escrever bem é o saber, porque aquele
que não tem nada no espírito que mereça ser compreendido, nada pode dizer ou escrever.
É necessário dispor ordenamente o que se tem a dizer ou a escrever e depois exprimi-lo com palavras que
devem ser adequadas, escolhidas, elegantes e bem compostas, mas sobretudo ainda usadas pelo povo, pois
fazem a grandeza e a pompa do discurso. Na fala também é requirido a voz boa, não muito aguda ou doce
como a feminina, nem muito rude e áspera, que seja rústica, mas sonora, clara, agradável e bem composta,
com a pronúncia fácil e com modos e gestos convenientes- todos os movimentos do corpo não violentos, mas
moderados, com um rosto agradável e uma mobilidade dos olhos que dê graça e mostrar a intenção e os
sentimentos de quem fala através dos gestos. Se os pensamentos expressos pelas palavras não fossem belos,
engenhosos, subtis, elegantes e graves, estas coisas seriam inúteis e de pouca importância.

pg.52
O senhor Morello receia que se o cortesão falar com tanta elegância ninguém o compreende, no entanto o
Conde Luduvico diz que a facilidade não impede a elegância.
O cortesão não pode falar muito de maneira grave, mas que trate também de coisas agradáveis, de jogos, de
boas palavras e de gracejos, consoante o momento, mas tudo isso de maneira sensata, com prontidão e
abundância não confusa, e sem dar mostras de vaidade. Depois quando falar de coisas obscuras ou
difíceis,com palavras e pensamentos muito distintos explique subtilmente a sua intenção, e que torne clara e
simples qualquer ambiguidade, com precisão e sem arrogância.
O cortesão tem de usar os termos elegantes de todas as partes da Itália tal como alguns termos franceses e
espanhóis e também tomar outros termos com um significado diferente do que lhe é próprio.

pg.60
A afetação dá sempre má graça a todas as coisas, a simplicidade e a “Sprezzatura” lhes dão uma graça
extrema. Dá o exemplo das mulheres que ao desejarem serem belas, esforçam-se demasiado para o
parecerem.
A senhora Costanza Fregosa intervem: “Seria muito mais cortês da vossa parte prosseguir o vosso discurso e
dizer donde vem a graça e falar da cortesania, em vez de querer, a despropósito, pôr a descoberto os defeitos
das mulheres.”, no qual o Conde Luduvico responde que os defeitos das mulheres que retiram-lhes a graça,
no que dão a conhecer abertamente que querem ser belas. As mulheres que raramente se adornam têm mais
graça do que as que se produzem em excesso, de tal maneira que parecem ter posto uma máscara no rosto e
que não ousam rir com receio de a fazerem estalar.

pg.61-62
O Conde Luduvico diz que a pureza desprezada é que é tão agradável aos olhos.
Evita-se e esconde-se a afetação, esta retira a graça a todas as operações, tanto do corpo como do espírito.
O espírito tem mais dignidade que o corpo, merece ser mais bem cultivado e ornado.
O cortesão deve ser um homem de bem e íntegro, porque isso compreende a prudência, a bondade, a força e
temperança de espírito e todas as outras qualidades que convêm a um nome tão honrado.

pg.62-63
O Conde Luduvico diz que o verdadeiro e principal ornamento do espírito de cada um são as letras, embora
os franceses só conheçam a nobreza das armas e não apreciam as letras.
Juliano o Magnífico responde que esse erro reina há muito tempo entre os franceses, mas do mesmo modo
que a glória das armas floresce e resplandece em França, também a das letras deverá florescer.
O Conde Luduvico diz que não há nada mais desejável nem mais apropriado aos homens do que o saber, e
seria grande loucura dizer ou crer que o saber não é sempre bom. As letras são necessárias à nossa vida e
dignidade. Dá o exemplo de Alexandre que tinha veneração por Homero e especulações filosóficas sob a
disciplina de Aristóteles, Alcibíades que desenvolveu as suas boas qualidades e tornou-as maiores com o
conhecimento das letras e os ensinamentos de Sócrates, a atenção que César concedeu aos seus estudos é
atestada ainda pelas coisas divinamente escritas que deixou.

pg.63
O Conde Luduvico diz que a verdadeira glória é a que se encomenda ao tesouro sagrado das letras.
pg.64-65
O Conde Luduvico diz que o cortesão tem de ser instruído nas letras e que tenha conhecimento não só la
língua latina, mas também da grega.
O cortesão tem de ser versado nos poetas e não menos nos oradores e historiadores e que seja hábil a
escrever em verso e em prosa. Se por causa de outras ocupações, ou porque estudou pouco, não alcança uma
perfeição tal que os seus escritos sejam dignos de louvor, que tenha a precaução de os suprimir, para não
permitir que façam troça de si, e que os mostre apenas a um amigo em que possa confiar.

pg.65
O cortesão tem de ser sempre prevnido e tímido em vez de audacioso, e que evite persuadir-se erradamente
que sabe o que não sabe. O cortesão tem de ser de tão bom juízo que não se deixe persuadir e que só presuma
o que sabe que é verdade.

pg.66
Para não se enganar, quando sabe bem que são verdadeiros os louvores que lhe são dirigidos, não deve
aceitá-los muito abertamente, nem confirmá-los sem resistência, mas modestamente recusá-los. Deste modo
evitará a afetação.

pg.68-69
O cortesão tem de ser músico, ter a capacidade de ler uma partitura e tocar diversos instrumentos (Platão e
Aristóteles querem que o homem bem educado seja músico).
Deve-se aprender a música na infância, pois faz nascer em nós um novo e bom hábito e um comportamento
habitual tendente à virtude.
A música é muito favorável às coisas civis e de guerra- Licurgo nas suas leis aprova a música e os beliciosos
Lacedemónios e os Cretenses se serviam nas suas batalhas de cítaras e de outros instrumentos e que muitos
capitães da antiguidade, como Epaminondas, se dedicavam à música.
A música é um reconforto para todas as dificuldades e sofrimentos do homem. Ex: Os trabalhadores dos
campos enganam o tédio com o canto, a camponesa que se levanta cedo para ir fiar e tecer defende-se do
sono e torna o trabalho agradável através da música, é o feliz passatempo dos marinheiros após as
tempestades e é o meio através do qual os peregrinos e os prisioneiros se reconfortam das cansativas viagens.

pg.71-72
O cortesão deve saber desenhar e ter conhecimento da pintura (os antigos queriam que as crianças nobres se
dedicassem à pintura).
A pintura é uma arte liberal. Servia não só para ornar, mas também tinha utilidade na guerra, como para
desenhar as regiões.
A pintura é uma arte maior que a escultura.

pg.72-73
Num debate Ioan Cristoforo é perguntado se a escultura é capaz de maior arte que a pintura, ao qual afirma
que sim, mas o Conde Luduvico argumenta que a escultura tem grandiosidade em tamanho porém em
detalhe deixa muito a desejar, não tem tanta técnica precisa.
Ioan Cristoforo diz que a escultura exige mais esforço e é de maior dignidade do que a pintura.
O Conde Luduvico diz que as esculturas são feitas para recordar alguém ou algo, satisfazem mais o efeito
para o qual são feitas do que a pintura. Mas além de servirem para recordar, a pintura e a escultura são feitas
para ornar e nisso a pintura é superior embora não seja tão duradoura como a escultura, tem uma longevidade
e enquanto dura é mais bela.
Ioan Cristoforo considera a escultura mais difícil, porque se nela cometer um erro já não é possível corrigi-
lo. Enquanto que na escultura têm-se que refazer, na pintura pode-se mudar, acrescentar ou retirar,
melhorando-a sempre.

pg.74
O Conde Luduvico considera que a pintura é mais nobre e artisticamente mais dotada que a escultura.

No fim é preciso denotar que o Conde demonstra insatisfação perante os ouvintes que não são dignos de
discurso, reflete sobre a imparcialidade da senhora Emilia, como fizera mais cedo com Pietro Bembo que
quando defende a prevalência das letras, demonstra-se parcial (é poeta).
Os Lusíadas
Canto I
Mostra referências ao Cortesão
Capacidade de Camões usar a imitação para ter uma grandiosidade
Camões tem influência em poetas contemporâneos
Demonstra sprezzatura ao demonstrar que tem muitas leituras
Fatal- aquele que é enviado por Deus para cumprir uma tarefa, o que está destinado
Sentido que deve também ser tomado- que causa morte ou o fim de algo
Maravilha Fatal- expressão de Orácio- Fatale Monstrum
Expressão utilizada para caracterizar D. Sebastião
Camões tenta passar uma lição a D. Sebastião
“Maravilha fatal da nossa idade” (est.6) - o que esta destinado a ser.
→ pode também ser interpretado como uma comparação com D. Sebastião.
→ o reino de S. Sebastião vai se inserto e conturbado por deixar o reino em crise, dai ‘maravilha
fatal’.
→ Maravilha fatal foi utilizado em roma para celebrar morte de cleopatra, quem tentou deitar a
baixo o reino romano.
→ D. Sebastião é a maravilha fatal dos nossos tempos (da nossa idade)

Est.63- “E mais lhe diz também que ver deseja os livros da sua Lei, preceito ou fé, Pera ver se
conforme à sua seja, ou são dos de Cristo como crê.”- rei mouro quer saber a religião da
embarcação de Vasco da Gama

Vasco da Gama mostra-lhes as fortes armas que têm para provocar medo e que estão fortemente
armados se eles desejarem ser inimigos

Mouros são da Turquia

Vasco da Gama, um leão no meio de ovelhas (est.68) Que é fraqueza entre ovelhas ser leão- sinal de
covardia, não é digno de louvor, aproveitar dos poucos recursos que os outros têm para se fazer
maior
→ fraqueza moral / cobarde.
→ mostra as armas ao povo que ocupa para mostrar que se eles quiserem ser inimigos, vão perder.
→ luta contra um povo claramente inferior em força - cobardia.

Não se contenta a gente Portuguesa- Está soberba, depois da vitória continuaram a destruir a cidade
Est.79- “e sabe mais (lhe diz), como entendido Tenho destes Cristãos sanguinolentos, Que quási
todo o mar têm destruído, Com roubos, com incêndios violentos; E trazem já de longe engano
urdido Contra nós; e que todos seus intentos São pera nos matarem e roubarem E mulheres e filhos
cativarem.” - Baco a falar disfarçado de mouro

Plano A dos mouros é matar os mouros na praia e Plano B seria leva-los contra um rochedo

Est.89- Vasco da Gama é considerado moralmente fraco pois mata um povo inferior em termos de
desenvolvimento - leão entre ovelhas
Est.94
Acompanha a destruição de Vasco da Gama
Rei de Moçambique quer estabelecer a paz com Vasco da Gama- e sinal de paz diz-se arrependido e
traz um piloto para voltar, Vasco da Gama aceitou
O piloto foi bem recebido pela tripulação, tendo isto grandes consequências
Vasco da Gama devia ter evitado uma grande catástrofe, foi ingénuo, imprudente e descuidado,
muito inocente e crédulo.
De que lhe vale a superioridade tecnológica se o piloto os sabotar e levar ao desastre? Piloto é uma
versão, em certos aspetos, do cavalo de Troia.
De que vale o avanço das tropas portuguesas se depois são inocentes desta maneira?

Camões manipula factos históricos para tornar Vasco da Gama pior do que ele é
(Tendo em conta que Camões diz que escrever uma epopeia é suicídio, então porque é que o faz?)
Canto II
Deuses do texto: Vénus; Júpiter; Marte
Vénus é a única a querer ajudar os portugueses
Vénus vai seduzir Júpiter para este ajudar os portugueses
“delgado cendal” - véu translúcido que traz a vénus a beleza para conquistar a atenção de Júpiter.
(est.37)
“roxos lírios” - genitais de Vénus mostradas a Júpiter com o véu
Se não fosse Vénus, Vasco da Gama estaria perdido ao longo da viagem
Júpiter e Marte têm ciúmes um do outro pois os dois querem Vénus
Est.42- Júpiter desejava poder estar na posição de Marte
Canto III
Est.12- Camões refere que Vasco da Gama rouba a fama a grandes heróis clássicos como Eneias,
mas esta representação positiva do capitão não dura muito.
Est. 51- conta o desembarque dos portugueses
Verso ilustrativo- Rompe, corta, desfaz, abola e talha

Viagem de Vasco da Gama- viagem de esforço e arte


Engenho- talento, capacidades inatas para produzir arte

Canto IV
Est.79- Relato na primeira pessoa de Vasco da Gama sobre a história de Portugal até ao seu
momento atual (Descobrimentos, as suas viagens)
Fim do discurso do convite de D. Manuel a Vasco da Gama para ser o capitão das viagens para a
Índia
“Porque a maior perigo, a mor afronta, Por vós, ó Rei, o espirito e carne é pronta”- Vasco da Gama
diz que desejaria que a vida fosse maior para mais aventuras se aventurar pelo rei, refere contos
herculanos (feitos de Hércules) e diz que aquilo que tem de fazer é maior que os feitos de Hércules,
o que revela uma atitude pouco modesta, na estrofe 80, e diz que está pronto a morrer pelo rei.
Quando diz “Por Vós, Ó Rei, o espírito e a carne é pronta” é uma referência bíblica ao livro de
Génesis em que Jesus diz “o espírito é forte, mas a carne é fraca” estando espiritualmente pronto
para a sua eventual morte, mas que ainda lhe sente medo; Gama, tendo a audácia, de se comparar
em superioridade a Jesus quando diz isto ao rei.
Est.99- O velho do restelo critica a ligeiresa com que os reis dispõem da vida dos seus súbditos
mandando-os para o mar nestas aventuras que se arriscam, pouco valor que se dá à vida humana, a
vida dever ser valorizda, a vida é de valor estimável.

Canto V
Est.86- Fim do longo relato de Vasco da Gama, que durou três cantos, sobre a história de Portugal
ao rei Mouro
“Julgas agora, rei, se houve no mundo gentes que tais caminhos cometessem?” - Ninguém no
passado viaja como Vasco da Gama, logo ele é melhor (est.86)
Est.86- Vasco da Gama diz que os feitos dele são mais reais do que os de Ulisses
A costa oriental de África é totalmente desconhecida então as embarcações iam rente à costa

Míncio = Vergílio (Eneida)

Facundo = ter o dom da persuadir pela palavra

Refere-se a Eneias e a Ulisses, descrevendo-o como facundo (falador, ardiloso, com muita lábia e
retórica se safa de situações através do discurso, do diálogo) e faz caricatura da literatura antiga pois
considera-se (na estrofe 87) um herói de carne e osso, ou seja, superior aos fictícios; “Esse outro
que esclarece toda a Ausónia”= Homero; considera o seu relato superior à Odisseia e à Eneida,
porque Homero e Virgílio falam de coisas fantásticas e ele fala da realidade que ele próprio passou
(estrofe 89)
Vasco da Gama conta a verdade nua e pura
Est.90- Quando Vasco da Gama utiliza facundo para Ulisses é como se fosse alguém ficticio
Vasco da Gama, no final do Canto V, imita Camões no Canto I; Camões rebate Vasco da Gama: o
critério crucial para imortalizar um feito é ser contado por um poeta e não por ser real ou fictício- se
não há poesia não heróis, não há façanhas, não há feitos. Camões ‘diz’ por este meio a Vasco da
Gama que só por ele o ter imortalizado na epopeia é que ele é um herói, não por ele ser real.
Vasco da Gama está ao mesmo nível de Ulisses pois sem Camões ninguém saberia da sua
existência.

Ulisses é o héroi manhoso

Imortalizar os feitos heróicos caso contrário tudo passa ao esquecimento


Camões não conta a matéria física, aquilo que conta é ser a matéria da poesia
Vasco da Gama acusa Ulisses de ser fingido
Sem poesia não há feitos, factos

Camões dedica 13 estrofes ao rei D. Sebastião durante a Dedicatória, prática incomum pois os
autores clássicos dedicariam uma estrofe ou menos.
António José Saraiva diz que os Lusíadas é uma lição a D. Sebastião, ao jovem rei; cuja matéria é
poesia, relações entre poesia e vida, moral, amor à pátria, virtudes, comércio, navegação, história,
estratégia, geografia, mitologia, diplomacia, politica, religião, cultura, botânica, astronomia,
navegação, educação sexual que é crucial nos Lusíadas (a Ilha dos Amores é um prémio para os
marinheiros, explica Vénus, e é um incentivo de Camões ao casamento e à companhia feminina
pois o jovem rei não queria casar; no Canto IX, Camões fala de Actéon, caçador mítico que com,
muito azar, encontrou a deusa Diana, deusa virgem da castidade e da caça, nua a banhar-se e para
que este não pudesse contar o que viu foi transformar em veado e foi devorado pelos seus próprios
cães, como um aviso a D. Sebastião por este preferir a caça e ignorar a sua responsabilidade de
casar
Vasco da Gama deveria agradecer às Musas de Camões pois só por elas é que ele foi escrito (v. 99)
Fazem-no por amor à pátria e não pelos feitos de Vasco da Gama
Vasco da Gama não deveria ser cantado pois não mostra respeito a quem o canta
César alguém que consegue conciliar a vida de guerra e a vida das letras, perfeito exemplo de herói
militar
Já não se faz heróis que estão focados nas duas vertentes
Lusíadas começa com um otimismo desacerbado e terminada com o cansaço e o desespero
Vergílio- grande referência de Camões
Canto VII
“Agora o mar, agora experimentando Os perigos Mavórcios inumanos, Qual Cánace, que à morte se
condena, Nua mão sempre a espada e noutra a pena.” - ábil nas armas e cultiva as letras. (est.79)

“Nua mão a espada e outra a pena”


→ Camões como soldado e poeta.
→ comparação a Cánace pois ele escreve e é soldado e diz que se suicidar seria melhor que escrever
os lusíadas
→ Camões queriam voltar a escrever os seus poemas pastoris
Herói dos lusíadas é Camões
Ele, soldade e poeta, é como Cánace, que a morte foi condenada. [Camões]
Cánace é uma mulher que engravidou do irmão e o pai manda-lhe uma espada para que esta se
suicida-se.

Est.79- Especificações sobre a sua própria vida- Camões


Camões não tem estímulo para escrever a epopeia

Canto IX
Est.83- Camões descreve a Ilha dos Amores e os prazeres sexuais que lá acontecem, como incentivo
a D. Sebastião que os julgue pela prática e a experiência e não pela leitura, deixando a leitura só
para quem não pode praticá-los.
Canto X
Na Ilha dos Amores, Vasco da Gama ouve profecias e Tétis explica-lhe a Máquina do Mundo, as
profecias que ouve são o futuro para Gama, mas são passados para Camões.
“Matéria é de coturno, e não de soco, A que a Ninfa aprendeu no imenso lago; Qual iopas não
soube, ou Demodoco, Entre os feaces um, outro em Cartago. Aqui, minha Calíope, te invoco Neste
trabalho extremo, por que em pago, Me tornes do que escrevo, e em vão pretendo O gosto de
escrever, que vou perdendo.” - fala do seu futuro que ainda está por vir (est.8)
Na estrofe 8, é sugerido que as profecias são de tragédia e que Camões já se sente penoso de
escrever a epopeia.
Na estrofe 145, Camões diz que chega de escrever pois está cansado e que a lição que ele está a
tentar oferecer cairá em saco roto pois o povo português não se importa com poesia. Este poema
épico é mais subjetivo e com mais perspetivas do poeta nela comparado a outros poemas épicos.
Epopeia
Dividida em 4 partes:
Dedicatória
Caracterização de Vasco da Gama- como os heróis funcionam nos Lusíadas
Relação dos Deuses- Júpiter e Vénus
De que forma os Lusíadas é um suicídio

Lusíadas ser uma espécie de lição ao rei


Associação de mitologia aos Lusíadas
Desconstrução de Vasco da Gama, visão crítica do mesmo
De que forma Camões desafia os limites literários
Tal como Alexandre inveja Aquiles n'O Cortesão, por ter sido imortalizado por Homero, Camões é
quem imortaliza, ainda que contra a sua vontade, Vasco da Gama (o próprio Vasco da Gama
compara-se a Eneias)
Fala-se de Sprezzatura em relação aos Lusíadas uma vez que na verdade sendo o próprio Camões o
herói da obra e a forma como tal não é totalmente explícito transmite também essa mesma ideia

Hamlet
A peça gira em torno do príncipe Hamlet da Dinamarca- Trata de temas polêmicos e relevantes em
todas as épocas e sociedades: corrupção, traição, incesto, vingança e moralidade.

A história começa com o fantasma do falecido rei Hamlet aparecendo para o seu filho, o príncipe
Hamlet, e revelando que foi assassinado pelo seu próprio irmão, o rei Cláudio, que agora reina
como rei e é casado com a rainha Gertrudes, viúva do rei morto. O fantasma exige que Hamlet se
vingue de Cláudio pelo assassinato.

A partir desse ponto, Hamlet fica atormentado por dúvidas sobre a autenticidade do fantasma e
sobre como cumprir a sua missão de vingança. Ele finge estar louco para investigar o crime e
procurar a verdade. A peça também explora a complexidade da psicologia de Hamlet, a sua
indecisão e o seu conflito interno.

Personagens:
Hamlet: O príncipe da Dinamarca, atormentado e protagonista da peça;
Cláudio: O novo rei da Dinamarca e tio de Hamlet, que supostamente assassinou o rei anterior (pai
de Hamlet);
Gertrudes: A rainha da Dinamarca e mãe de Hamlet, que se casa com Cláudio após a morte do rei
anterior;
Ofélia: Jovem nobre e interesse romântico de Hamlet. Filha de Polónio, desempenha um papel
significativo na tragédia. Ela é afetada pelas ações de Hamlet e sua própria tragédia, enlouquecendo
e posteriormente morrendo afogada. A morte de Ofélia é vista como um resultado direto da
turbulência que assola o reino;
Polónio: Conselheiro do rei, pai de Ofélia e Laertes;
Laertes: Filho de Polónio;
Horácio: Amigo leal de Hamlet;
Fantasma do Rei: Aparece para Hamlet, alegando ser o espírito do rei morto, pedindo vingança;
Fortinbras: Príncipe da Noruega. Personagem secundário importante que representa a antítese de
Hamlet. Enquanto Hamlet é indeciso e contemplativo, Fortinbras é um homem de ação. Ele é uma
figura simbólica que restaura a ordem ao reino após a tragédia, indicando a continuação da história
dinamarquesa.
Rosencrantz & Guildenstern: Costesãos, antigos condiscípulos de Hamlet;
Voltemando & Cornélio: conselheiros, embaixadores à Noruega;
Marcelo & Bernardo & Francisco: Membros da guarda do Rei.

Ato I
A ação começa no castelo de Elsinore, na Dinamarca
A peça começa com uma aparição sobrenatural - o fantasma do rei Hamlet, recentemente falecido,
aparece nas muralhas do castelo. Os guardas de Elsinore relatam o ocorrido ao príncipe Hamlet,
filho do rei morto, e a Horácio, seu amigo.
O fantasma revela que foi envenenado por Cláudio, irmão do falecido rei e agora casado com a
rainha Gertrudes, viúva do rei Hamlet. O espírito pede a Hamlet que vingue a sua morte.
Hamlet fica chocado com essa revelação e jura vingar a morte do seu pai. Ele finge estar a
enlouquecer como parte de um plano para investigar a morte do rei.

O Ato I também apresenta outros personagens importantes, como Polônio, o conselheiro do rei, e
seu filho Laertes, que está prestes a viajar para a França. Além disso, Ofélia, a irmã de Laertes, é
introduzida como uma possível interesse amoroso de Hamlet.

Cláudio e Gertrudes estão preocupados com o comportamento aparentemente errático de Hamlet e


tentam descobrir a causa. Cláudio envia espiões para vigiar Hamlet.

O Ato I de "Hamlet" estabelece as bases para os principais conflitos da peça: o desejo de vingança
de Hamlet, as suas lutas psicológicas e a intriga na corte de Elsinore.

Ato II
No início do Ato II, Hamlet continua a sua farsa de loucura, fazendo comentários enigmáticos e
perturbadores. Ele preocupa ainda mais a sua família e a corte.

Cláudio e Gertrudes estão preocupados com o comportamento de Hamlet e decidem enviar


Rosencrantz e Guildenstern, amigos de infância de Hamlet, para descobrir a causa de sua
insanidade. Eles concordam em relatar tudo a Cláudio.

Hamlet decide usar uma companhia de atores que chega ao castelo para encenar uma peça chamada
"O Assassinato de Gonzaga". Ele elabora um plano para que a peça recrie o suposto assassinato do
seu pai, esperando que a reação de Cláudio revele a sua culpa.

Hamlet pronuncia o seu solilóquio mais famoso, "Ser ou não ser, eis a questão", no qual ele reflete
sobre a natureza da existência e da morte. Este solilóquio é uma das passagens mais célebres da
literatura.

Polónio, o conselheiro do rei, também acredita que a causa da loucura de Hamlet é o amor pela sua
filha Ofélia. Ele usa Ofélia para espionar Hamlet, o que contribui para a crescente confusão na
mente do príncipe.
O Ato II de "Hamlet" é marcado por um aprofundamento da estratégia de Hamlet para expor
Cláudio, ao mesmo tempo em que a intriga na corte aumenta com as conspirações de Cláudio e
Polónio para descobrir a verdade por trás da loucura aparente de Hamlet. A peça segue explorando a
mente atormentada de seu protagonista e sua procura por justiça e vingança.

Ato III
Começa com a encenação da peça "O Assassinato de Gonzaga" diante da corte de Elsinore. Hamlet
espera que a representação do assassinato de um rei por envenenamento por um parente leve
Cláudio a revelar a sua culpa. Durante a peça, Cláudio fica visivelmente perturbado, o que confirma
as suspeitas de Hamlet.
Após a encenação, Hamlet confronta a sua mãe, a rainha Gertrudes, sobre o seu casamento com
Cláudio. O confronto é emocional e tenso, revelando a amargura e o ressentimento de Hamlet em
relação a ela.

Polónio, o pai de Ofélia, usa a sua filha para tentar descobrir a causa da loucura de Hamlet. O
príncipe é confrontado por Ofélia e tratado com frieza, já que ele acredita que ela é uma espiã.

Hamlet pronuncia o famoso solilóquio "Ser ou não ser, eis a questão," no qual ele reflete sobre a
natureza da existência, a dor da vida e a incerteza da morte. Este é um dos momentos mais
conhecidos da peça e é uma exploração profunda da psicologia de Hamlet.

Hamlet encontra Polónio escondido atrás de uma cortina na câmara da rainha e o mata
acidentalmente, acreditando ser Cláudio. Isso leva a um aumento da tensão na corte.

A rainha Gertrudes, profundamente abalada pela morte de Polónio e pela loucura aparente de
Hamlet, relata esses eventos a Cláudio. O rei decide enviar Hamlet para a Inglaterra, justificando a
ação como uma medida para proteger a Dinamarca e como uma oportunidade de exilar Hamlet.

O Ato III de "Hamlet" é um ponto de virada na trama, marcado pela confirmação da culpa de
Cláudio, a intensificação do conflito entre Hamlet e a corte e a tragédia da morte acidental de
Polónio.

Ato IV
Começa com a corte de Elsinore perplexa sobre a loucura de Hamlet e a morte de Polónio. A rainha
Gertrudes está particularmente preocupada com a situação.

A Noruega, sob o comando do jovem príncipe Fortinbras, está se a aproximar de Elsinore em busca
de terras reivindicadas pelo seu pai. Isso introduz uma subtrama que destaca as ameaças externas ao
reino.

Ofélia, profundamente afetada pela morte do seu pai e pela rejeição de Hamlet, demonstra sinais de
insanidade. Ela canta canções e faz divagações enigmáticas, deixando claro o impacto que todos
esses eventos estão tendo sobre a sua saúde mental.
Hamlet retorna à Dinamarca depois de ser escoltado de volta da Inglaterra. Sua chegada aumenta a
tensão no castelo.

Cláudio, preocupado com a instabilidade que cerca Hamlet, conspira com Laertes, filho de Polónio,
para armar um plano para matar Hamlet. Eles planejam um duelo de espadas no qual Laertes terá
uma espada envenenada.

Em uma cena subsequente, Gertrudes relata que Ofélia se afogou em circunstâncias misteriosas. A
tragédia da morte de Ofélia abala profundamente Hamlet.

O duelo entre Hamlet e Laertes acontece no final do Ato IV. Laertes fere Hamlet com uma espada
envenenada, e, em uma luta subsequente, os dois trocam espadas envenenadas acidentalmente,
selando o destino trágico dos dois.

Ato V
Começa com um funeral, o enterro de Ofélia, que se afogou em circunstâncias misteriosas. Hamlet
lamenta profundamente a morte de Ofélia, e a sua dor contribui para a intensificação de seu conflito
interior.

O príncipe Fortinbras, da Noruega, chega a Elsinore, onde testemunha a desordem e a tragédia que
se abateu sobre o castelo. Ele está em busca de terras reivindicadas pelo seu pai.

Hamlet continua a demonstrar comportamento errático e a sua luta psicológica se intensifica à


medida que a tragédia se desenrola.

Durante uma cena em um ossário do castelo, Hamlet encontra o crânio de Yorick, o antigo bobo da
corte, o que o faz refletir sobre a efemeridade da vida e a inevitabilidade da morte.

O clímax da peça ocorre com o duelo entre Hamlet e Laertes. As espadas que usam estão
envenenadas, e Laertes também tem uma taça envenenada para matar Hamlet. Durante o duelo, as
traições e manipulações de Cláudio são expostas. A rainha Gertrudes bebe do cálice envenenado
destinado a Hamlet e morre.
No caos que se segue, Hamlet, Laertes e Cláudio são feridos pelas espadas envenenadas. Hamlet e
Laertes eventualmente se ferem fatalmente, enquanto Hamlet mata Cláudio.
Hamlet, à beira da morte, nomeia Fortinbras como o herdeiro do trono da Dinamarca e pede a
Horácio que conte a sua história. Ele morre enquanto Fortinbras assume o controle do castelo.

Tópicos importantes:
Vingança: O príncipe Hamlet procura vingar o assassinato do seu pai, o rei Hamlet, pelo seu tio
Cláudio. A procura de vingança de Hamlet é o motor que impulsiona a trama.

Loucura: Hamlet finge estar louco como parte do seu plano para descobrir a verdade sobre a morte
do seu pai. No entanto, a linha entre a sua loucura fingida e a verdadeira insanidade fica cada vez
mais tênue ao longo da peça.

Morte: O fantasma do rei Hamlet, que retorna do além, simboliza a morte que afeta o reino. O
famoso solilóquio "Ser ou não ser" de Hamlet explora as ideias de vida, morte e a inevitabilidade do
fim.

Engano e Traição: A traição de Cláudio ao usurpar o trono, ao matar o seu próprio irmão e casar-se
com a rainha Gertrudes é o ponto de partida da trama. Além disso, Hamlet usa o engano e a
dissimulação no seu plano para descobrir a verdade sobre o assassinato.

Complexidade da Natureza Humana: Os personagens são multifacetados, e as suas ações são muitas
vezes motivadas por conflitos internos e emoções conflitantes. Hamlet é um exemplo notável dessa
complexidade, com a sua luta entre a ação e a inação, sua raiva e sua tristeza.

Poder e Política: A peça aborda questões de poder e política na corte de Elsinore. A usurpação do
trono por Cláudio e as maquinações políticas que cercam o trono são um foco importante da trama.
Feminilidade e Loucura: A relação de Hamlet com Ofélia e a loucura fingida dela têm sido temas de
análise e debate. A peça levanta questões sobre a representação da feminilidade, a opressão das
mulheres e a maneira como a loucura de Ofélia é explorada.

Destino e Livre Arbítrio: Os personagens debatem se estão predestinados aos seus destinos trágicos
ou se podem escolher os seus próprios caminhos.

Indecisão: Hamlet luta com a indecisão sobre se deve ou não vingar o seu pai.

A relação de Hamlet com o fantasma:


A relação de Hamlet com o fantasma é, de certa forma, conflituosa, pois o príncipe sente-se
atormentado pelo pedido de vingança. Ao mesmo tempo, ele está em dúvida sobre a verdadeira
natureza do fantasma, já que o mesmo pode ser uma fraude ou uma criatura diabólica.
Ao longo da peça, Hamlet tenta descobrir a verdade sobre a morte do rei e o seu relacionamento
com o fantasma é central para compreender a sua jornada. O fantasma fornece informações cruciais
para Hamlet e é um importante motivador da sua vingança. No entanto, ao mesmo tempo, este
também é uma figura ameaçadora e perturbadora para Hamlet, já que a sua presença constante serve
como uma lembrança constante da missão que lhe foi confiada.
A relação de Hamlet com o fantasma também é importante para compreender a natureza da
vingança e do perdão. Enquanto Hamlet hesita em vingar a morte do rei, pergunta-se se a vingança
é realmente a resposta correta e se ele está disposto a pagar o preço que isso implicaria. Além disso,
questiona-se se a vingança é uma maneira de honrar ou desonrar a memória de seu pai. No final,
Hamlet percebe que a vingança é um caminho perigoso e destrutivo e que é preciso encontrar uma
maneira de perdoar e avançar.

Os Conflitos de Hamlet:
Ofélia é uma personagem importante. Ela é apaixonada por Hamlet e é vista como uma figura
inocente e pura. No entanto, é também objeto de atenção de Cláudio, tio de Hamlet, que planeia
casar-se com ela para consolidar o seu poder. A tensão entre Hamlet e Cláudio em torno de Ofélia é
uma das principais fontes de conflito na peça. No final, a loucura aparente de Hamlet leva Ofélia a
cometer suicídio, um evento trágico que contribui para a deterioração da situação na Dinamarca.

Polónio, conselheiro do rei Cláudio e pai de Ofélia é retratado como um homem idoso e tagarela,
um pouco arrogante e que se intromete em assuntos que não lhe dizem respeito. É assassinado por
Hamlet depois de espiar a conversa deste com Ofélia, e a sua morte é vista também como um sinal
da deterioração da situação na Dinamarca.
Assassinato de Polónio- Está escondido atrás de uma cortina para ouvir a converse de Hamlet com
Ofélia. Hamlet ouve um ruído e pensa que é o rei Cláudio, apunhala a cortina, matando-o. Hamlet
revela a sua ação a Ofélia, dizendo que não sabia que estava a matar Polónio. Esta cena é
importante porque mostra o quanto Hamlet está descontrolado e aprofunda a tensão entre ele e o rei
Cláudio. Além disso, a morte de Polónio é um passo importante na deterioração da situação na
Dinamarca e mostra a magnitude dos conflitos que estão a acontecer no reino. Esta cena é também
um exemplo da natureza impetuosa de Hamlet, que é capaz de agir de forma impulsiva sem pensar
nas consequências.

Cláudio é o tio de Hamlet e sucessor do rei assassinado concentra inúmeros conflitos com Hamlet.
É retratado como um homem ambicioso e desonrado, que não hesita em trair o seu próprio irmão
para subir ao poder. No entanto, é também retratado como um homem que tenta manter a ordem e
evitar a guerra, e as suas ações são motivadas pelo seu desejo de proteger o seu reino. No final, é
morto por Hamlet num duelo, encerrando a tragédia na Dinamarca.

A vingança:
Hamlet consegue driblar os planos de Cláudio e volta à Dinamarca ileso. Tem uma série de
confrontos com Cláudio, Ofélia e outros personagens.
Hamlet está determinado a descobrir a verdade sobre a morte do seu pai e a vingar a sua morte. Isso
leva-o a investigar e a questionar a verdade por trás da história contada por Cláudio.
Hamlet tem um relacionamento conturbado com Ofélia, que acaba por se afogando num rio, o que
agrava ainda mais a situação.
Ao mesmo tempo, Cláudio está cada vez mais ameaçado pela investigação de Hamlet e pelas ações
do príncipe, o que leva a uma série de confrontos entre eles.
A tensão e o conflito aumentam ainda mais quando Hamlet mata Polónio, acreditando que ele era o
espião de Cláudio. Isso leva a uma série de eventos trágicos, incluindo a morte de vários
personagens importantes, incluindo Hamlet, Cláudio e Laertes.
No final, a Dinamarca está mergulhada numa situação caótica e as várias ambições e motivações
dos personagens levam a uma série de acontecimentos trágicos que resultam em uma série de
mortes.

Solilóquios:
Os solilóquios em "Hamlet" são monólogos interiores nos quais o personagem principal, Hamlet,
expressa os seus pensamentos, sentimentos e reflexões mais profundas;
Os solilóquios são notáveis por revelar os conflitos internos e a complexidade do personagem de
Hamlet;
Eles oferecem vislumbres de sua mente atormentada e das questões existenciais e morais que o
afligem ao longo da peça.

"Ser ou não ser, eis a questão...": Este é um dos solilóquios mais icónicos da literatura. Hamlet
reflete sobre a natureza da existência e da mortalidade. Ele pondera se é mais nobre suportar as
adversidades da vida ou buscar o fim através da morte. Este solilóquio explora temas de dor,
sofrimento e o medo do desconhecido.

"Oh, que obra de arte é o homem...": Neste solilóquio, Hamlet comenta sobre a grandiosidade da
humanidade. Ele elogia a mente humana e a capacidade de pensar, criar e raciocinar. Ao mesmo
tempo, Hamlet lamenta como a humanidade muitas vezes age irracionalmente ou se corrompe.

"Há algo de podre no reino da Dinamarca...": Neste solilóquio, Hamlet faz uma observação sombria
sobre a corrupção no reino. Ele refere-se ao assassinato de seu pai e a ascensão de Cláudio como rei
como evidências da corrupção. Essa linha se tornou um símbolo da deterioração moral e política na
peça.

"Que todos caiam, e um só homem se erga...": Hamlet expressa o seu desejo por vingança no
contexto deste solilóquio. Ele compromete-se a agir e procurar justiça pelo assassinato do seu pai.
Este solilóquio marca um momento crucial na sua jornada em busca de vingança.

Motivos da Loucura:
Durante a peça, Hamlet finge estar louco, o que gera confusão entre os outros personagens;
Ele utiliza essa loucura aparente como uma estratégia para investigar o assassinato do seu pai e as
intenções de Cláudio;
No entanto, ao longo da peça, a linha entre a sua loucura fingida e uma possível loucura real fica
turva, adicionando complexidade à sua personagem.

A Tragédia Final:
A peça culmina numa tragédia sangrenta no castelo de Elsinore.
A luta entre Cláudio, Hamlet e Laertes acontece no final do livro Hamlet.
Cláudio planeia a luta como uma forma de se vingar de Hamlet, que ele acredita ser uma ameaça
para o seu trono.
Cláudio convence Laertes, filho de Polónio, a lutar contra Hamlet, prometendo vingança pelo
assassinato do seu pai. Laertes, por sua vez, prepara a sua espada com veneno, para garantir a
vitória contra Hamlet.
Durante a luta, as coisas não saem como planeado para Cláudio. Hamlet acaba por ferir Laertes com
a espada envenenada, e, em seguida, a espada é trocada com a espada não envenenada de Laertes.
Hamlet também acaba ferido por Laertes com a espada envenenada. A rainha, que se tinha
aproximado da luta, acaba por beber o vinho envenenado que estava destinado a Hamlet e morre. A
luta termina com a morte de Cláudio, Hamlet e Laertes, e com a revelação da verdade sobre a morte
do rei, o pai de Hamlet.

Apontamentos das aulas:


O fantasma explica a Hamlet que tem uma história para lhe contar e que se lhe contasse os seus
cabelos ficavam em pé
A peça acaba com nove pessoas mortas em palco
Revenge tragedy

Hamlet- maior obra de Shakespeare


Tragédia de vingança
Peça que pode ser analisada de várias formas

Bernardo: Quem vive?


Francisco: Não, responde-me tu. Descobre-te apresenta-te?
(1.1, p,13)
Diferença entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos
A pergunta quem vive evidência essa diferença
Define um limite daquilo que é a morte e a vida

Francisco não se dá a entender aquilo que ele é, não se entrega à pergunta


Francisco está desconfiado de Bernardo
Metáfora de esconder aquilo que se realmente é a uma pessoa
Desconfiança é um tema relevante na obra

Porque a peça demora tanto tempo?- para a peça existir, têm de demorar tempo a Hamlet para
vingar o pai

Horácio é um homem de autoridade e tem muitos estudos- intelectual, acham que o mesmo devia
falar com o fantasma por isso mesmo
Personagens reúnem-se em Elsinor para o casamento dos reis
Percebem que os homens de estudos não são qualificados para falar com fantasmas
O fantasma aparece como figura bélica- aparece todo armado
O fantasma recusa-se a falar com os sentinelas

Fantasma: Está prestes a chegar a hora em que ao enxofre dos lumes tormentosos terei de voltar.
(1.5,p.53)
O Fantasma vai ter de voltar ao purgatório

“Meu querido Hamlet, despe essa cor de noite fechada”- rainha diz a Hamlet para superar a morte
do seu pai
Rainha não entende porque a morte do pai de Hamlet o afeta tanto- Hamlet enumera várias razões
para o seu luto
“Não é apenas este traje de tinta preta, querida mãe, Nem as vestes usuais de um negro solene, Nem
o múrmurio destes haustos de ar expelido, Não, nem este rio pingue que corre no olhar, Nem a
expressão cabisbaixa cintando a cara, Junto com todas as figuras, modos e formas da dor, Que me
saberão denotar.”- corpo de luto

“Mas decerto sabeis que vosso pai perdeu um pai, Que esse pai perdido o seu perdeu, ficando e
sobrevivo.”- aquele que fica vivo deve continuar o legado do pai

Hamlet é o mais próximo ao trono e não o próximo ao trono- padrasto não merece lugar de rei
Hamlet apenas fala com a mãe, ignora o Rei

“que aspeto era o dele, zangado? Uma expressão mais de tristeza do que cólera. Pálido ou corado?
Muito pálido. E fixou os olhos em vós? Sem nunca os desviar.- Hamlet vai começando a tornar-se
no seu pai, fisicamente e mentalmente

Pai de Hamlet diz-lhe, em forma de fantasma, que foi assassinado


“Sabe porém. nobre rapaz, Que a serpente que picou a vida de teu pai Lhe usa agora a coroa.”- tio
de Hamlet, Cláudio, matou o seu pai
“profético espírito meu!”- Hamlet já achava que o tio o tinha feito
O fantasma apela à vingança

A vingança de Laertes é imediata

Ofélia: Senhor, estava eu a costurar na minha camara quando Hamlet, de gibão todo desabotoado
sem chapéu na cabeça e as meias sujas, as ligas desatilhadas como aros no tornozelo, tão pálido
como a camisa, os joelhos a bater, e uma cara de aspeto tão digno de lástima como se tivesse sido
libertado do inferno para contar horrores, à minha frente surgiu.
(2.1,pg.71)
Descrição de Ofélia a Hamlet é muito parecida com a descrição de Horácio sobre o fantasma
Há dois Hamlets na peça, após a morte do seu pai parece que se aproxima a ele, é um vivo que
parece estar morto
Descreve o pai de Hamlet mas está a falar do filho (ideia do romantismo de doppleganger)

“Sabeis quem sou senhor? Perfeitamente, andas na peixarada. Eu não senhor. Então que sejas
homem honesto.”- Hamlet insulta Polónio

Hamlet diz para Polónio não deixar a sua filha andar ao sol, ou seja, que esta não fique grávida

“palavras, palavras, palavras”- Hamlet lê livro mas não lhe faz sentido, já não lhe traz nada
“De que questão se trata senhor? Entre quem e quem? Refiro-me à questão tratada no que ledes
senhor. Difamações senhor”- o livro fala de homens mais velhos e como eles parecem, Hamlet diz
que fala coisas erradas

“senhor, mandaram chamar-nos”- pessoas ao redor de Hamlet contratam pessoas que Hamlet confia
para descobrirem o que se passa com este

“perdi nos últimos tempos, por que não sei, toda a minha alegria.”- mais nada traz alegria a Hamlet

Ofélia comete suícidio pois descobre que Cláudio matou o pai de Hamlet
Machismo de Hamlet contra Ofélia
Polónio era o conselheiro do rei da Dinamarca, independente de quem for o rei

Polónio: Senhor, a Rainha deseja falar convosco, e de imediato.


Hamlet: Vedes acolá aquela nuvem que tem quase forma de um camelo?
Polónio: Com efeito assim é- é, de facto, como um camelo.
Hamlet: Eu acho que parece uma doninha.
Polónnio: Tem o torso de doninha.
Hamlet: Ou de baleia.
Polónio: E muito
Caracteriza a maneira de pensar de Hamlet
Ficam a falar de nuvens e das suas formas- loucura?

A Rainha e Cláudio fazem um argumento contra o grupo


Hamlet compara-se a um ator

Apesar do desgosto de Hamlet do seu tio ser rei, Cláudio parace ser melhor diplomata do que o rei
anterior

Pontos que contrariam a afirmação de Ofélia ser uma personagem fraca:


Ofélia se ter conseguido suicidar, é preciso ter coragem para cometer um ato de suicídio, na
perspetiva de Hamlet, Ofélia é corajosa por ter conseguido fazer esse ato
Ofélia oferece flores (funchos) ao rei Cláudio que significam adultério, poderá ter descoberto o que
aconteceu ao antigo rei

Grande relação com o que é a imitação, o ser humano é um ser que imita
Imitatio

Polónio parece ser visto como ingénuo e tolo


Temos esta perceção porque Polónio não sabe o que Hamlet quer dizer
Polónio parece saber o que é preciso para ser um bom principe/cortesão

Hamlet é o principal perigo e ameaça do reino do rei Cláudio

Solilóquio- falar desacompanhado, falar de si para si


Solus- a sós
Loquor- dizer/falar
Monólogos entre a mesma personagem, começa com Hamlet- abertura para o pensamento de
Hamlet
São vistos como chave para entender quem Hamlet é realmente
Quando acontece não se apercebe se as personagens estão a ouvir ou não
Não se percebe se é algo mental ou se é algo que poderá ser ouvido

1 cena 3 ato- passagem mais famosa


Hamlet reflete sobre se deve agir ou não quanto à morte do seu pai- dilema, no entanto adiciona
uma terceira opção, a morte
Carne herdeira- descrição da vida
Ser ou não ser, eis a questão- ontologia- principio do que é o ser

Siderius Nuncius:
O mensageiro das estrelas
Obra escrita por Galileu Galilei, a única escrita em Latim e é uma das mais importantes da história
da astronomia, pois marca um ponto de viragem na compreensão do sistema solar e na forma como
a humanidade via o cosmos. O título foi feito para chamar a atenção, para as pessoas da época
lerem, tendo um tom jornalístico.

Galileu descreve as suas observações telescópicas das luas de Júpiter. Ele também relatou as suas
observações da superfície da Lua, das fases de Vênus e das estrelas da Via Láctea, estas eram
acompanhadas de diagramas e imagens que explicam o texto. Essas observações forneceram
evidências importantes para a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico, que afirmava que a Terra e
os outros planetas do sistema solar orbitavam o Sol.

"Siderius Nuncius" foi um marco na história da ciência, pois desafiou as concepções antigas e
estabeleceu a base para uma revolução na astronomia. As descobertas de Galileu apoiaram a visão
heliocêntrica do sistema solar. A sua observação das luas de Júpiter também demonstrou que corpos
celestes poderiam orbitar planetas, o que questionou a ideia de que tudo girava em torno da Terra.

Esta obra de Galileu foi fundamental para a revolução científica que ocorreu no início do século
XVII e teve um impacto duradouro na forma como entendemos o universo. Ela também enfatizou a
importância da observação e do método científico na busca pelo conhecimento.

Observações de Galileu:
Luas de Júpiter: Uma das descobertas mais notáveis feitas por Galileu foi a observação das quatro
maiores luas de Júpite. Essas observações forneceram evidências sólidas de que corpos celestes
podiam orbitar um planeta, em vez de girar apenas em torno da Terra. Isso desafiou a visão
geocêntrica tradicional do universo.

Montanhas e crateras da Lua: Galileu fez observações detalhadas da superfície da Lua, revelando
montanhas, crateras e outras características. Isso contrariou a ideia da Lua como uma esfera
perfeitamente lisa e imutável, que era a visão prevalecente na época.

Fases de Vênus: Galileu observou as fases de Vênus, que variavam de acordo com a posição
relativa de Vênus em relação ao Sol e à Terra. Essas observações apoiaram o modelo heliocêntrico
de Copérnico, que afirmava que Vênus orbitava o Sol.

Estrelas na Via Láctea: Galileu observou a Via Láctea e percebeu que ela era composta por
inúmeras estrelas individuais, contradizendo a visão antiga de que a Via Láctea era uma única
estrutura celestial.

Observações do Sol: Galileu também fez observações solares, identificando manchas solares, que
eram outra evidência de que os corpos celestes não eram perfeitos, como se acreditava
anteriormente.

Importância da posição de Júpiter:


A posição de Júpiter foi muito importante para Galileu Galilei por causa das observações que ele fez
das luas de Júpiter, que posteriormente desempenharam um papel crucial na aceitação do modelo
heliocêntrico proposto por Nicolau Copérnico. As observações de Júpiter foram um dos aspectos
mais significativos da obra.

Confirmação do modelo heliocêntrico: Galileu estava ciente da teoria heliocêntrica de Copérnico,


que afirmava que a Terra e outros planetas orbitavam o Sol. Ao observar as luas de Júpiter orbitando
Júpiter, Galileu forneceu uma observação direta de corpos celestes que não orbitavam a Terra. Isso
serviu como uma forte evidência a favor do modelo heliocêntrico, mostrando que não era necessário
que todos os corpos celestes girassem em torno da Terra.

Refutação do modelo geocêntrico: O modelo geocêntrico, que afirmava que todos os corpos celestes
orbitavam a Terra, não conseguia explicar as observações das luas de Júpiter. Essas observações
minaram a visão tradicional da Terra como o centro do universo.

Observações precisas: As observações de Galileu das luas de Júpiter eram detalhadas e precisas,
feitas com o telescópio que ele aprimorou. Isso permitiu a ele determinar que essas luas estavam em
órbitas regulares em torno de Júpiter.

Demonstração do poder da observação: A descoberta das luas de Júpiter e as suas órbitas reforçou a
ideia de que a observação direta e detalhada era essencial para o avanço do conhecimento
astronómico. Galileu enfatizou a importância da observação empírica como um método científico
válido.

Importância das características físicas da superfície da Lua:


A observação do relevo lunar desafiou a concepção tradicional de que os corpos celestes eram
perfeitos e esferas perfeitas. As montanhas e crateras que Galileu observou na Lua demonstraram
que os corpos celestes eram tão suscetíveis a imperfeições e variações quanto a Terra. Isso apoiou a
visão heliocêntrica de que os planetas e a Lua não eram entidades divinas e perfeitas, mas objetos
físicos sujeitos a leis naturais.
O modelo geocêntrico predominante na época defendia que a Terra estava no centro do universo,
rodeada por corpos celestes perfeitos que orbitavam a Terra. As observações do relevo lunar, que
não se encaixavam nessa visão, desafiaram a concepção geocêntrica e apoiaram indiretamente o
modelo heliocêntrico, no qual a Terra e a Lua eram vistas como simples corpos celestes em órbita
ao redor do Sol.

Paralelismo da Lua e da Terra:


Galileu estava particularmente interessado em examinar a superfície da Lua e compará-la com a
Terra.

Montanhas e crateras lunares: Galileu observou a presença de montanhas, crateras e outras


características topográficas na superfície da Lua. Essas observações mostraram que a Lua não era
uma esfera perfeitamente lisa, como se acreditava na visão geocêntrica tradicional, mas tinha um
relevo complexo e variado.

Reflexões sobre a geologia lunar: As observações de Galileu levaram-no a conjecturar sobre a


natureza geológica da Lua. Ele sugeriu que a Lua poderia ser semelhante à Terra, com formações
geológicas.

Paralelismo com a Terra: Ao destacar as características da Lua que eram semelhantes às da Terra,
Galileu estava a enfatizar o paralelismo entre os dois corpos. Essa semelhança sugeria que as leis da
natureza que governavam a Terra também podiam ser aplicadas à Lua e, por extensão, a outros
corpos celestes.

Observação de estrelas novas:


Observações de estrelas variáveis: Galileu observou estrelas que pareciam variar em brilho com o
tempo. Essas estrelas variáveis são agora conhecidas como variáveis intrínsecas, que podem sofrer
alterações na sua luminosidade devido a processos internos. Galileu não conseguiu explicar
totalmente a natureza dessas estrelas, mas as suas observações contribuíram para o estudo posterior
das estrelas variáveis.

Supernova de 1604: Uma das observações mais notáveis de Galileu foi a da supernova de 1604, que
foi uma explosão estelar na constelação de Ofiúco. Essa supernova se tornou visível a olho nu e foi
uma das supernovas mais brilhantes registradas na história. Galileu a observou e a descreveu,
contribuindo para a compreensão da natureza das supernovas e mostrando que as estrelas não eram
objetos eternos e inalterados, como se acreditava anteriormente.

Contribuição para a astronomia: As observações de estrelas variáveis e da supernova de 1604


mostraram que o cosmos não era estático, mas sim dinâmico e sujeito a mudanças. Essas
observações desafiaram a visão aristotélica da eternidade do universo e contribuíram para a
compreensão de que o universo estava em constante evolução.

Nebulosas:
O termo "nebulosa" era usado para descrever qualquer objeto celestial que aparecesse difuso e
nebuloso em vez de pontual, como as estrelas.

Descrição de Nebulosidade na Via Láctea: Galileu observou a Via Láctea e descreveu-a como uma
faixa difusa de luz que atravessava o céu. Ele notou que essa aparência difusa sugeria que a Via
Láctea consistia em inúmeras estrelas individuais que eram muito distantes e pequenas para serem
resolvidas individualmente com o telescópio disponível na época.

Limitações da Observação: Galileu estava ciente das limitações de seu telescópio, que não tinha a
capacidade de resolver muitas das nebulosas em estrelas individuais. Portanto, as suas observações
e conclusões sobre as nebulosas eram restritas às características que ele podia discernir com o seu
equipamento.

Razões para a obra ser única segundo Galileu:


1. Revelação de Novidades Celestiais: A primeira razão que Galileu menciona é que o livro
"Siderius Nuncius" destaca-se por trazer "novidades celestiais". Neste contexto, "novidades" refere-
se às descobertas astronómicas que Galileu fez por meio das suas observações telescópicas. As suas
observações das luas de Júpiter, das montanhas e crateras da Lua, das fases de Vênus e da
supernova de 1604 eram novidades porque desafiavam as concepções tradicionais e estabeleciam
uma nova visão do universo.

2. Métodos e Instrumentos Inovadores: A segunda razão que Galileu destaca é a inovação em


métodos e instrumentos. Ele salienta que o uso do telescópio era uma abordagem inovadora para a
observação astronómica na época. Galileu aprimorou o telescópio e desenvolveu métodos de
observação cuidadosos para obter resultados precisos. A sua ênfase na observação direta e no uso de
instrumentos técnicos contribuiu para o progresso da astronomia.

3. Importância para a Humanidade: A terceira razão mencionada por Galileu é a importância das
descobertas para a humanidade. Ele argumenta que as suas observações não são apenas de interesse
académico, mas têm implicações significativas para a compreensão da natureza e do universo. As
descobertas de Galileu mudaram a forma como a humanidade via o cosmos e influenciaram a
transição da visão geocêntrica para a visão heliocêntrica, transformando assim a astronomia e a
ciência em geral.

Outros tópicos:
Inovações Telescópicas: A obra também descreve as técnicas que Galileu usou para aprimorar a sua
observação, incluindo o uso de um telescópio recém-desenvolvido. Ele detalha as características do
telescópio e como ele o utilizou para realizar as suas descobertas astronómicas.

A Importância da Observação Empírica: "Siderius Nuncius" enfatiza a importância da observação


direta e da evidência empírica na ciência. Galileu argumenta que a observação cuidadosa e metódica
é fundamental para a obtenção de conhecimento científico.
Modelo Geocêntrico- Antiguidade e Idade Média
A Terra era considerada o ponto central do universo. Tudo no céu, incluindo o Sol, os planetas e as
estrelas, era acreditado em girar em torno da Terra.
As órbitas dos corpos celestes eram consideradas perfeitamente circulares. Isso foi baseado na ideia
da perfeição do círculo, um conceito importante na filosofia antiga.

Modelo Heliocêntrico:
O Sol é considerado o centro do sistema solar, e a Terra é apenas um dos vários planetas que
orbitam ao redor dele. Esta ideia foi popularizada por Nicolau Copérnico no início do século XVI.
Quando Copérnico apresentou este modelo ninguém acreditou, esteve durante 30 anos a ponderar se
publicava porque o podiam chamar de louco.
O modelo heliocêntrico, proposto por Johannes Kepler no início do século XVII, descreve as órbitas
dos planetas como elipses em vez de círculos perfeitos, o que correspondia melhor às observações
astronômicas precisas.
O modelo heliocêntrico ganhou aceitação científica, principalmente devido às observações
telescópicas de Galileu Galilei, que confirmaram muitas das ideias propostas por Copérnico e
Kepler. A matemática de Kepler, que descreveu as órbitas elípticas dos planetas, também
desempenhou um papel crucial.

Apontamentos das aulas:


Galileu estudou em Pisa, foi professor em Pisa e em Pádua
O telescópio não foi inventado por Galileu
Hans Lipperthey, em 1608, tenta ficar com a patente do telescópio
Instrumento constituído por duas lentes: convexa e côncava
Galileu vai transformar a função do telescópio para um objeto científico que antes eram de cariz
militar
Observava o céu todas as noites e de dia escrevia o que via
As observações com o telescópio iniciaram em 1609 até 1612
Livro que nasce no contexto de um homem mais ou menos conhecido que vê coisas extraordinárias
do céu e escreve um livro deliberadamente para causar impacto
1610- Galileu queria trabalhar para a corte dos Médici e conseguiu, foi contratado como um filósofo
matemático, mas para conseguir teve de fazer algumas habilidades- job application com o livro
Gera um debate enorme através do livro
O livro vai ter uma influência da entrada de debates religiosos, por isso Galileu tem o primeiro
contacto com a inquisição romana, o cardeal Bellarmino tem uma conversa privada com o mesmo
em 1616
Torna-se o cientista mais famoso da Itália e da Europa
Foi aberto um processo contra Galileu em abril de 1633, foi condenado em junho de 1633
O livro foi escrito em latim, pois Galileu percebeu que o que tem para dizer é importante e tem de
chegar à Europa inteira
A história passa-se em Florença
Galileu tornou-se persuasivo pela maneira que desenhava e pintava
Galileu vai até Veneza vender a ideia dos telescópios
Observa coisas tão impressionantes que decide escrever este livro
Primeiro tira notas do que está a ver em italiano, depois vê uma observação tão importante que
escreve em latim
Galileu tem de explicar o que é o telescópio mas tem medo que as outras pessoas façam réplicas do
telescópio e tomam notas antes dele, para evitar que alguém lhe roube a ideia do telescópio fala
muito pouco de como é feito e como funciona
As imagens são argumentos
A Lua constitui zonas mais escuras e zonas mais claras, faz desenhos realistas do que vê
A Lua não é diferente da Terra, tem montanhas
Se sabemos que a Lua anda à volta da Terra, e a Terra é igual à Lua, então a Terra também deve
andar à volta do Sol
Harriot vai fazer mapas da Lua depois de ler o livro de Galileu, que faz ele saber para onde olhar
Galileu vai tentar calcular a altura de uma montanha da Lua para os seus argumentos terem um
número e serem mais credíveis
Galileu faz uma anologia, aquilo que a Lua tem é como a Terra
Primeira observação ao telescópio, antes de Galileu- Thomas Harriot observou pelo telescópio em 6
de julho de 1609
Galileu revela como é que viu as crateras, fala das sombras que vê
A afirmação que vê crateras na Lua é uma conclusão
A Lua é montanhosa não só porque o vemos, mas porque vemos qualquer coisa e racicionamos
aquilo que vemos
Os pontinhos brancos são o topo da montanha, raio de luz que passa e ilumina a ponta da montanha
Quando olha para o céu com o telescópio vê mais estrelas do que a olho nu
Ter muitas imagens para demonstrar, no entanto sai caro devido aos gravistas, por isso Galileu tem a
ideia de fazer as exposições como se fossem uma linha de texto com asteríscos e círculos
Sistema de Júpiter com os seus satélites- Espécie de sistema solar em miniatura
Mostra que a Terra e o resto dos planetas também tinham de girar em volta do Sol
Galileu chama de Estrelas de Médici para dedicar este livro aos Médici
Galileu insiste no paralelismo da Lua ser uma rocha tal como a Terra
A Lua não é perfeitamente lisa
A Lua não é de uma matéria diferente da Terra
(Em 1572 foi observada uma estrela nova, estrela que antes não tinha sido vista
Em 1577 foi observado um cometa, conseguiu medir a distância da Terra e do cometa que chegava
à zona celeste)
O mais importante- os satélites de Júpiter

Prefácio a Cosme II de Medici, pp 145-149


Os cientistas conseguem ser pagos pelo estado, os artistas não.

Resumo da obra, pp 151-153


Galileu diz que o livro é excelente pois nunca foi feito, tem o instrumento e a excelência do assunto.

A Luneta, pp 153-155
Ninguém tinha o telescópio de 30X sem ser Galileu.

Observações da Lua, pp 155-173


(Face, bordos, alturas, luz secundária)
Análise muito cuidadosa da luz e sombra.

Observações das estrelas fixas, pp 173-178


(Dimensões, via láctea, nebulosas)
Planeta mais fácil de observar: Júpiter
Vai entender a Via Láctea pelas nebulosas, pensando que todas dariam uma via láctea, o que não é
verdade, algumas são só mesmo gás.

Observações de satélites de Júpiter, pp 179-204


“E assim então no 7º dia de janeiro presente ano 1610, 1ª hora da noite... Júpiter mostrou-se e como
tinha uma luneta excelente vi o que não tinha visto antes, pela má qualidade do anterior
instrumento.”
No 11º dia entende que Júpiter não se está a mexer mas sim as estrelas ao seu redor.
Final da obra, pp 204-206
(Sistema coperniciano p.205)
Coloca o leitor como participante da descoberta.

Galileu explica que conseguiu ver através de telescópios que aumentam 3X, 8X e 30X, pg.153
Observa a novembro/dezembro de 1609 e só a 1610 é que vê os satélites de Júpiter
Faz uma descrição detalhosa das luzes e das sombras que vê até chegar às crateras da Lua
A única maneira que tem de convencer as pessoas do que viu é esmagá-las com evidências, faz dos
leitores participantes diretos daquilo que viu, relato único da ciência
Galileu é um coperciano
Não se dava nomes de pessoas aos astros que se viam

Nuncius- mensagem

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