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TJPA - 2º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

22/06/2022

Número: 0806953-14.2022.8.14.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: 2ª Turma de Direito Privado
Órgão julgador: Desembargadora GLEIDE PEREIRA DE MOURA
Última distribuição : 18/05/2022
Valor da causa: R$ 12.000,00
Processo referência: 0807959-38.2022.8.14.0006
Assuntos: Locação de Móvel, Liminar
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ESPÓLIO DE ALDO SILVA DO ROSÁRIO (AGRAVANTE) WELSON FREITAS CORDEIRO (ADVOGADO)
ALTAMIRA SILVA DO ROSARIO (REPRESENTANTE) WELSON FREITAS CORDEIRO (ADVOGADO)
LUIZ JHONATAN MOREY MENDONCA (AGRAVADO)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
9920933 15/06/2022 Decisão Decisão
16:27
CB

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ
GABINETE DESA. GLEIDE PEREIRA DE MOURA
SECRETARIA ÚNICA DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO – 2º TURMA DE DIREITO PRIVADO
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0806953-14.2022.8.14.0000
AGRAVANTE: ESPÓLIO DE ALDO SILVA DO ROSÁRIO
REPRESENTANTE: ALTAMIRA SILVA DO ROSARIO
ADVOGADO: WELSON FREITAS CORDEIRO
AGRAVADO: LUIZ JHONATAN MOREY MENDONCA
RELATORA: DESEMBARGADORA GLEIDE PEREIRA DE MOURA

RELATÓRIO

Trata-se de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo, interposto por


ESPÓLIO DE ALDO SILVA DO ROSÁRIO em face da decisão proferida pelo Juiz de Direito da
2ª Vara Cível e Empresarial de Ananindeua, nos autos do Processo de n° 0807959-
38.2022.8.14.0006, movido em desfavor de LUIZ JHONATAN MOREY MENDONCA.

A decisão agravada indeferiu o pedido de tutela de urgência, na qual a autora, então


agravante, pleiteava a determinação de obrigação do agravado ao pegamento no valor mensal de
R$1.000,00 (hum mil reais) referente ao aluguel do imóvel descrito na demanda. Tendo o douto
juízo entendido pelo não deferimento, visto que os documentos apresentados não eram
suficientes para que fosse comprovada a atual ocupação do imóvel pelo agravado.

Insatisfeita, alega a recorrente que os valores relativos ao aluguel necessitam serem


depositados em juízo, dado que esta possui o dever de administração dos bens do espólio,
fazendo-se ressalva para a possibilidade de ser cobrada sobre o seu desempenho no exercício
de tal encargo, podendo ensejar futuramente em uma eventual responsabilização. Afirmando
ainda que o agravado residia no bem antes do falecimento do de cujus Aldo Silva, filho da
agravante, e desde então não vem prestando as contas do imóvel, não adimplindo com os
tributos referentes a IPTU e o próprio valor cobrado pelo condomínio.

Por fim, requer a parte recorrente a concessão de efeito suspensivo, contudo trata-se, em
verdade, de atribuição de efeito ativo ao recurso, a fim de que seja modificada a decisão

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guerreada em seus termos.

É este o sinóptico relato.

DECISÃO

Denota-se que, para a concessão da tutela antecipada do agravo, como requer a


agravante, obrigatório se faz o preenchimento dos requisitos estatuídos no art. 300, do CPC, a
saber:

Art. 300 do CPC: “A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco de resultado útil do processo”.

Analisando o dispositivo, Daniel Amorim Assumpção Neves nos ensina a respeito da


probabilidade do direito que: “(...) É natural que o convencimento do juiz para a concessão da
tutela de urgência passa pela parte fática da demanda, já que o Juiz só aplicará o direito ao caso
concreto em favor da parte se estiver convencido, ainda quem em um juízo de probabilidade, da
veracidade das alegações de fato da parte (...). (...) É natural que, nesse caso, as alegações de
fato sejam verossímeis, ou seja, que sejam aparentemente verdadeiras em razão das regras de
Experiência”.

No que se refere ao segundo requisito, qual seja o perigo de dano ou o risco de resultado
útil do processo, a doutrina dispõe que (Amorim apud Dinamarca) “(...) Caberá à parte convencer
o juiz de que, não sendo protegida imediatamente, de nada adiantará uma proteção futura, em
razão do perecimento de seu direito”.

Assim, frisa-se que a presente análise não deve sequer adentrar no mérito da demanda,
mas objetiva tão somente uma análise preambular, pautada na verificação do risco de dano
grave, de difícil ou impossível reparação, bem como na probabilidade de provimento do recurso,
podendo tal demanda, inclusive, obter julgamento, a posteriori, em sentido contrário.

Para tanto a concessão do efeito ativo ao agravo, só será passível de deferimento se


preenchidos os requisitos de perigo de dano e probabilidade do direito.

Após análise detida aos autos, ao menos nesta prévia análise, entendo restar configurada
a probabilidade de direito, senão vejamos:

Em um primeiro momento, ressalta a agravante que a decisão foi incorreta, posto que
atualmente a parte recorrente está sob responsabilidade de representar o espólio deixado por

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seu filho, que em razão do presente imóvel integrar tal espólio torna-se necessária uma conduta
ativa pela representante em prol da manutenção do aludido bem. Razões estas que merecem
serem acolhidas, dado que é sabido que os aluguéis são frutos acessórios do bem principal, logo
prescindem de destinação semelhante, isto é, divididos entre os herdeiros ao final da partilha,
senão vejamos o seguinte colecionado julgado:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. ALUGUEIS. FRUTOS.


DEPÓSITO EM JUÍZO. OBRIGAÇÃO LEGAL. 1. Até que realizada a partilha
entre os herdeiros, devem os alugueis, por configurar frutos acessórios dos
imóveis objetos de partilha, compor a universalidade de bens e direitos do
espólio, inclusive a fim de eventualmente responder por dívidas contraídas
pelo falecido. 2. Por decorrer de expressa obrigação legal constante do art.
2.020 do Código Civil, impõe-se aos os herdeiros que se encontram na
posse dos bens da herança, ao cônjuge sobrevivente e ao inventariante
proceder ao DEPÓSITO DOS ALUGUEIS recebidos e vinculados aos
imóveis que compõem o espólio desde o momento da abertura da sucessão,
sendo DESCABIDA A LIVRE UTILIZAÇÃO sem justificação e sem prévia
autorização judicial. 3. Agravo de instrumento conhecido e provido. (TJDF -
5ª Turma Cível - 0712392-61.2020.8.07.0000 - Rel.: DESEMBARGADORA
ANA CANTARINO - J. em: 12/08/2020)"

Portanto, entendo que devam ser recolhidos os valores a título de aluguel, os quais
servirão também para quitar os débitos referentes aos tributos inerentes do imóvel, bem como o
próprio condomínio.

De igual modo, verifico o preenchimento do requisito perigo de dano. Ora, a agravante,


na condição de representante, está incumbida de zelar e cobrar os aluguéis como se locatária
fosse, ademais, os valores são relativos ao espólio e os herdeiros poderão exigir prestação de
contas pela representante.

Outrossim, ressalta-se que os débitos referentes a IPTU e demais ligados ao bem, assim
como o condomínio poderão eventualmente incidir sobre o próprio espólio e por sua vez vir a
causar danos a recorrente, fazendo-se a ressalva no sentido em que o valor será retido não em
favor da agravante, mas depositado em juízo e que por fim tal medida não é por si só irreversível,
podendo no julgamento do feito ser revertida se assim for entendido.

Desse modo, ao menos nesta análise prévia, uma vez preenchidos cumulativamente os
requisitos de perigo de dano e probabilidade de direito, entendo que há a possibilidade de
atribuição de efeito suspensivo.

Ante o exposto, DEFIRO o pedido de concessão de efeito ativo, para que a decisão

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agravada seja mantida, quanto ao indeferimento de produção das provas requeridas pela
agravante, até o julgamento do feito, comunicando-se a presente decisão ao Juízo de origem.

Intime-se a parte agravada para que no prazo de 15 dias ofereça resposta, conforme o
art. 1.019, II, sendo-lhe facultado juntar cópias das peças que reputar convenientes.

Belém, junho de 2022.

DESA. GLEIDE PEREIRA DE MOURA

Relatora

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