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Março 2023

PROBLEMAS ÉTICOS E
POLÍTICOS DO IMPACTO DA
SOCIEDADE DE
INFORMAÇÃO NO
QUOTIDIANO
Filosofia

Trabalho Realizado por:


Leonor Monteiro de Sousa Abrantes Gaspar
Maria Lourenço Paiva Henriques
Miguel Ângelo Silva Coelho
Tomás Mendonça Tavares

Agrupamento de Escolas D. Filipa de Lencastre


Professora: Maria Eduardo Nunes
Índice
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 4
INTRODUÇÃO À ÉTICA E À FILOSOFIA POLÍTICA ........................................................................... 6
a) Introdução à Ética ............................................................................................................. 6
b) Introdução à Filosofia Política ........................................................................................... 6
O QUE É A INFORMAÇÃO? ............................................................................................................ 7
a) O problema da definição de informação .......................................................................... 7
b) Filosofia da informação ..................................................................................................... 8
SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO ..................................................................................................... 11
O PODER DA INFORMAÇÃO ........................................................................................................ 13
a) Qual é o impacto da sociedade de informação e das telecomunicações no nosso
quotidiano? ............................................................................................................................. 13
b) Impacto dos sistemas de informações na propriedade intelectual: ............................... 14
c) Imposição de valores por parte das telecomunicações e dos media. Será que a Internet
manipula/condiciona as nossas escolhas? .............................................................................. 14
A EDUCAÇÃO NA ERA DA INFORMAÇÃO .................................................................................... 17
a) Qual o papel da escola na implementação desta nova sociedade fortemente apoiada
nas tecnologias? ...................................................................................................................... 18
b) Qual a necessidade de articulação entre a escola e as novas tecnologias para uma
melhor formação dos cidadãos? ............................................................................................. 19
EXISTE EXCESSO DE INFORMAÇÃO?............................................................................................ 20
INFOEXCLUSÃO ........................................................................................................................... 22
a) O que é infoexclusão? ..................................................................................................... 22
b) As causas da infoexclusão ............................................................................................... 22
ASSÉDIO VIRTUAL OU CYBERBULLYING ...................................................................................... 23
a) O que é Assédio Virtual? ................................................................................................. 23
b) Tipos de Assédio Virtual .................................................................................................. 23
c) Impactos do Assédio Virtual ............................................................................................ 23
FAKE NEWS .................................................................................................................................. 24
a) Qual a relação entre o excesso de informação e as notícias falsas? .............................. 24
b) Notícias falsas ou informações falsas .............................................................................. 24
c) Falsa informação ............................................................................................................. 24
d) O crescimento das informações falsas ............................................................................ 24
e) Porque é que as informações falsas ameaçam as democracias? ................................... 25
f) O que se pode fazer quanto à falsa informação? ........................................................... 25
CYBER EMPRESAS: SEGURANÇA E PRIVACIDADE ........................................................................ 27

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a) O que são Cyber Empresas? ............................................................................................ 27
b) Importância da segurança cibernética ............................................................................ 27
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 28
WEBGRAFIA E BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 30

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INTRODUÇÃO

Atualmente, vivemos numa Sociedade de Informação, onde as tecnologias da


informação se estão a tornar cada vez mais importantes nas nossas vidas, influenciando
as nossas opiniões e necessidades e alterando a nossa maneira como interagimos uns
com os outros. O facto de serem ferramentas com tanta utilidade e com um acesso tão
facilitado faz com que hoje seja impensável deixar estas tecnologias.

Contudo, este rápido crescimento das tecnologias levanta uma série de


problemas e questões éticas e políticas que precisam de ser abordadas e resolvidas de
forma que a Internet e as telecomunicações gerem o maior benefício para a sociedade
no todo, sem nunca comprometer os nossos direitos individuais e o bem-estar social.

Entre os problemas da sociedade da informação temos: o poder da informação


na manipulação das nossas escolhas e a sua influência na política e na democracia; os
seus impactos no valor da propriedade intelectual; as suas consequências para a
educação e como podem as escolas adaptar-se a esta nova realidade; a existência de
excesso de informação e de fake news; a infoexclusão; o Cyberbullying; a venda e
utilização dos nossos dados por parte das Cyber Empresas que ameaçam a nossa
privacidade e segurança, entre outros.

Estas são algumas das questões que pretendemos analisar e dar resposta.
Iremos abordar cada tema explicando-o e utilizando a nossa opinião e de outros
filósofos relacionados com este campo político para o avaliar.

Os problemas da Sociedade da Informação estão a aumentar a cada dia que


passa, à medida que as tecnologias obtêm uma importância cada vez maior nas nossas
vidas. A nossa dependência é de tal modo descomunal que é-nos agora impossível deixar
de as utilizar.

Se não nos conseguimos desfazer das tecnologias, como podemos combater


estes problemas? Em poucas palavras, o ser humano precisa de desenvolver um espírito
crítico e um hábito de verificação dos factos no que toca ao conteúdo que consome na
Internet e um certo cuidado na forma como nos expomos online. Só assim poderemos

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minimizar os efeitos negativos da Sociedade da Informação e maximizar os seus
benefícios.

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INTRODUÇÃO À ÉTICA E À FILOSOFIA POLÍTICA

a) Introdução à Ética

A ética é um ramo da filosofia que se concentra no estudo da moralidade e da


conduta humana. Concentra-se na forma como os seres humanos devem agir em
diferentes situações e como as nossas ações afetam os outros. A ética tem uma longa
história que remonta a filósofos antigos, como Platão e Aristóteles. Desde então, tem
evoluído e adaptado às necessidades da sociedade moderna.

b) Introdução à Filosofia Política

A filosofia política é um ramo da filosofia que se concentra no estudo dos


sistemas políticos, instituições e leis que governam as sociedades humanas. De Platão e
Aristóteles a pensadores modernos como John Rawls e Michel Foucault, a filosofia
política tem procurado responder a questões fundamentais sobre a natureza do poder,
da justiça, da liberdade e da igualdade. Atualmente, a filosofia política continua a ser
relevante para a análise crítica dos sistemas políticos e sociais existentes. Através de
uma abordagem rigorosa e reflexiva, os filósofos políticos procuram compreender as
estruturas de poder e as relações de dominação que operam nas nossas sociedades, e
propor alternativas mais justas e equitativas. Concluindo, a filosofia política é uma
disciplina essencial para compreender as complexidades do nosso mundo político e
social.

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O QUE É A INFORMAÇÃO?

Definir informação é um desafio que atualmente enfrentamos. No entanto, no


geral, informação remete-nos para qualquer tipo de conhecimento, dados ou factos que
são transmitidos ou recebidos, normalmente de modo estruturado e organizado. Esta
pode apresentar-se de diversas maneiras tal como textos, imagens, áudio, ou vídeos, e
pode também ser transmitida mediante vários meios, como livros, websites, meios de
comunicação social, ou mesmo através da conversação.

Dependendo do contexto em se encontra este termo pode possuir diversos


significados, daí a definição de informação ser uma questão tão complexa e
multifacetada. Deparamo-nos então com o problema da definição de informação.

Rafael Capurro, filósofo alemão, especializado na área da Ciência da


Informação e na Ética da Informação, na tentativa de definir os limites desta ciência
(Ciência da Informação), enfatiza-nos que a pergunta que realmente se deve colocar não
é “O que é a informação?”, mas sim “Para que serve a informação?”.

a) O problema da definição de informação

Esta definição pode ser subjetiva, dependendo também das experiências


individuais, isto é, por exemplo, o que eu posso achar uma informação útil, o meu colega
do lado pode considerar completamente irrelevante.

Tal como referido anteriormente, a informação assume diferentes formas


(texto, imagens, sons e símbolos), complicando assim a criação de uma definição global,
que consiga abranger todos estes diferentes meios.

Em algumas conjunturas, a informação pode assumir uma mais restrita


definição, como é o caso do campo da ciência da informação, onde é geralmente
definida como dados que foram previamente e significativamente processados e
organizados de maneira a fornecer conhecimento.

Um exemplo da especificidade da definição de informação, é o contexto da


informática, que nos remete para um fim ou uma aplicação específica. Incluindo-se
tanto os dados em bruto como as estruturas e algoritmos utilizados para o seu
processamento, armazenamento e recuperação.

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A informação é um elemento essencial nas diversas atividades humanas, desde
a ciência e educação aos negócios e entretenimento. É também frequentemente
utilizada como um instrumento crucial na resolução de problemas, na tomada de
decisões e mesmo na criação de novos conhecimentos e perceções.

Concluindo, o problema da definição de conhecimento enfatiza-nos a


relevância de considerarmos tanto a perspetiva como o contexto ao discutir este
conceito. Além disso, é necessário entendermos e conhecermos o campo ou aplicação
específica em questão para que se elaborem definições claras e precisas que sejam
apropriadas.

b) Filosofia da informação

A filosofia da informação é um ramo da filosofia que estuda a natureza e o papel


da informação no mundo. Tem o intuito de compreender os princípios e conceitos
fundamentais ligados à geração, transmissão, e utilização da informação em vários
contextos. É um campo interdisciplinar, isto é, inspira-se noutras disciplinas como a
informática, a linguística, a psicologia, entre outras.

De uma perspetiva filosófica, a informação pode ser vista de várias maneiras:

• Natureza da informação

Uma das principais questões da filosofia da informação, é então, a


própria natureza da mesma. Existem filósofos que consideram a observação
como uma construção mental, que é subjetiva, ou seja, depende da
interpretação humana. Já o paradigma platónico apresenta-nos um ponto de
vista oposto, que reconhece a informação por si mesma. Vendo-a não só como
uma entidade física que pode ser quantificada e medida, mas mesmo como
algo objetivo em si, que é independente de qualquer substância física.

• Informação e conhecimento

A relação entre a informação e conhecimento é um ponto de extrema


importância para a filosofia da informação. Será a informação uma condição
necessária para o conhecimento, ou poderá o conhecimento existir sem
informação? Em resposta a este problema, diversos filósofos defendem que o

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conhecimento é um subconjunto de informação, no entanto alguns entendem
como conhecimento um conceito mais complexo, o qual inclui processos
mentais e diversos estados. Neste sentido, a informação pode também ser vista
como uma forma de representar o mundo e as nossas experiências no mesmo.

• Informação e realidade

A informação como um aspeto fundamental da realidade, é um ponto


de vista defendido por diversos filósofos, que argumentam que a informação é
um elemento fundamental no universo, crucial para se compreender a
natureza da própria realidade, detendo assim, um carácter objetivo, pois existe
independentemente da mente humana. Por outro lado, existem filósofos a
defenderem a informação como algo subjetivo, que depende do contexto social
em que se insere, e da sua interpretação humana.

• Informação e ética

A filosofia da informação analisa as consequências éticas da


informação. É esta a responsável por analisar questões como a propriedade e
controlo da informação, a recolha de informação e a sua disseminação, e o
impacto então que todas estas tecnologias de informação têm na nossa
sociedade, sendo este, o principal tópico que abordamos neste trabalho.

• Informação e comunicação

A informação e a comunicação estão interligadas, e é mais uma relação


abordada pela filosofia da informação. Surgindo diversas questões relacionadas
com este tópico, umas mais práticas como: “Como é que a informação viaja de
um lugar para outro?”, e outras de cariz mais ético e social como: “Quais são os
fatores sociais e culturais que influenciam a forma como a informação é
comunicada?”.

Desta forma, podemos então afirmar que a informação é também um recurso,


bastante valorizado e procurado. Esta, por vezes, é vista como fonte de controlo e poder,
dado que a posse de certo tipo de informações pode gerar uma vantagem perante

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outros. Quando pensamos em informação, é necessário questionarmo-nos: “De que
maneira irá a informação influenciar as nossas crenças e ações?”; “De que modo
conseguimos avaliar a qualidade e fiabilidade da informação que recebemos?”. São este
tipo de perguntas que nos remetem para esta área da Filosofia, a Filosofia da
Informação, que nos permite aprofundar a nossa compreensão acerca da natureza da
informação e do seu significado, tanto a nível pessoal como a nível universal.

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SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO

Sociedade de informação é um termo utilizado no início do século XX por Fritz


Machlup, um economista austro-americano, na sua obra: “The Production and
Distribution of Knowledge in the United States” (1933). No entanto, foi só no final deste
século, que a expressão começou a ganhar força devido ao desenvolvimento das
tecnologias de informação e comunicação (TIC). Tem origem no termo da globalização,
uma sociedade em processo de constituição e desenvolvimento, e é de igual modo
conhecida por sociedade do conhecimento ou nova economia.

Este conceito refere-se a todas as mudanças às quais a sociedade esteve


sujeita, mudou o seu foco para práticas baseadas no conhecimento, sendo a informação
e a tecnologia elementos-chave, são ferramentas de fácil acesso e essenciais para o
desenvolvimento coletivo e individual.

A sociedade de informação, está, portanto, relacionada ao crescimento da era


digital, que facilitou a conceção e difusão de inúmeras quantidades de informação de
modo mais rápido. A produção e o consumo de informação desencadearam o
crescimento de indústrias como as telecomunicações, a informática, e a Internet; e o
crescimento da economia do conhecimento.

O impacto desta sociedade de informação tem sido visível nos mais diversos
aspetos da sociedade, desde a educação e emprego às interações sociais, e mesmo à
governação. Criou oportunidades de inovação, promoveu o crescimento económico e o
desenvolvimento social, todavia suscitou novos desafios associados à segurança e
privacidade digital. O que nos leva ao principal problema da sociedade de informação
dos dias de hoje, é crucial estarmos superatentos e cuidadosos acerca das informações
que recebemos e transmitimos. Os meios de comunicação são de elevada importância
para nós, porém é necessário estarmos de olhos bem abertos, pois as informações
podem ser distorcidas ou mesmo acabar por ser utilizadas contra nós, invadindo a nossa
privacidade e pondo em causa a nossa própria segurança. Assim, é fundamental existir
um código de ética como base, de maneira que seja seguida uma conduta profissional
orientada por princípios e valores de respeito pelo próximo, e pelos seus direitos.

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A sociedade de informação é vista por diversos filósofos de perspetivas
diferentes. Manuel Castells é um sociólogo espanhol que escreveu um livro acerca deste
mesmo tema, intitulado “A sociedade em rede” (1996), que aborda o impacto das TICs
e de que forma estas interferem nas estruturas sociais. É nesta obra que sugere a
expressão “capitalismo informacional”, que representa uma mudança significativa no
modo como pensamos na economia, onde os dados e a tecnologias desempenham um
papel cada vez mais primordial. O capitalismo informacional seleciona a tecnologia da
informação como modelo das mudanças sociais que reestruturaram o modo de
produção capitalista.

Também o filosofo francês Jean-François Lyotard, escreveu acerca do impacto


da tecnologia da informação na sociedade. Defende, no seu livro “La Condition
Postmoderne” (A condição pós-moderna), que o desenvolvimento das tecnologias da
informação alterou especialmente a forma como pensamos em relação ao
conhecimento e à verdade.

Mais uma vez, ao refletirmos acerca deste tópico levanta-nos inúmeras


questões como:

• Como é que a sociedade da informação muda a nossa compreensão do eu


e da natureza da identidade humana?
• Como definir e valorizar o conhecimento na era da informação?
• Que considerações éticas decorrem da recolha e utilização de dados
pessoais na sociedade da informação?
• Que papel devem desempenhar os governos na regulação do fluxo de
informação e da utilização das tecnologias digitais?
• Como é que a sociedade da informação afeta a nossa relação com o mundo
natural?

Todas estas são questões válidas que, contudo, ainda não conseguimos
identificar bem respostas concretas. Levando-nos à conclusão de que a sociedade de
informação é um dos problemas mais complexos da filosofia.

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O PODER DA INFORMAÇÃO

a) Qual é o impacto da sociedade de informação e das


telecomunicações no nosso quotidiano?

A sociedade de informação e as telecomunicações têm tido um enorme


impacto no nosso quotidiano, revolucionando a forma como trabalhamos,
comunicamos e nos relacionamos uns com os outros. Embora com diferentes
magnitudes, a tecnologia suscitou transformações em todos os aspetos da nossa
sociedade.

A tecnologia de informação tornou a comunicação mais rápida e eficiente:


podemos enviar mensagens e falar em tempo real com pessoas em qualquer lado do
mundo; transformou a forma como trabalhamos, podendo-se agora trabalhar em
qualquer lado e a qualquer hora desde que se tenha acesso a Internet; criou uma ampla
variedade de opções de entretenimento convenientes e possibilitou o aparecimento de
novos mercados online que estimulam o crescimento económico dos países e a
globalização.

A sociedade de informação e as telecomunicações permitiram de tal forma um


encurtamento de distâncias e um acesso tão facilitado à informação, que se tornaram
num elemento indispensável para o desenvolvimento individual e coletivo. Por
conseguinte, a Internet e os meios de comunicação criaram em nós uma dependência
de tal modo poderosa que, numa população progressivamente apática e submissa,
tendemos a desvalorizar os grandes problemas que acarretam, dada a convicção de que
os seus benefícios suplantam as potenciais consequências negativas.

Provavelmente, essa convicção é verdadeira, pois o progresso alcançado e a


melhoria de qualidade de vida das populações devido à tecnologia é indiscutível.
Contudo, não é razão para ignorarmos os efeitos negativos que ela tem.

Por exemplo, a sociedade de informação facilita os processos de interação


entre pessoas. Já não temos de esperar para ver a pessoa presencialmente para poder
comunicar com ela. Podemos fazê-lo por mensagem e conhecer online pessoas que não
teríamos hipótese de conhecer ao vivo. Contudo, esta facilidade comunicativa torna-se,
na verdade, uma barreira para a interação física, pois as pessoas tornam-se distantes e

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perdem o estímulo de comunicar pessoalmente, já que têm uma opção mais simples e
conveniente, que é fazê-lo pela Internet. Logo, uma prática que tinha o objetivo de
aproximar as pessoas, acaba, de certa forma, por isolá-las mais.

Mas não é por isto que se deve abandonar este método de comunicação. O que
é necessário é saber controlar os seus excessos de forma a tirar o melhor benefício
destas ferramentas, sem que elas nos prejudiquem.

b) Impacto dos sistemas de informações na propriedade intelectual:

A propriedade intelectual corresponde ao conjunto de direitos que abrangem


as criações intelectuais.

Os sistemas de informação têm um grande impacto na questão da propriedade


intelectual, tanto de maneira positiva como negativa.

Por um lado, a tecnologia facilita o acesso e o compartilhamento de informação


e conhecimentos, permitindo que pessoas de todo o mundo possam colaborar e
aprender de forma mais rápida e eficiente. Pierre Lévy (1956), filósofo francês, salienta
o aumento da capacidade cognitiva e da memória através da utilização dos meios
virtuais, dizendo: “Se atualmente você não se lembrar de algo, digita no Google e
pronto. Uma imensa memória está à nossa disposição.”

Contudo, esta facilidade de acesso e partilha de informações pode levar a


roubos de identidade, violações de direitos autorais e a fake news, que reduzem o valor
da propriedade intelectual.

c) Imposição de valores por parte das telecomunicações e dos media.


Será que a Internet manipula/condiciona as nossas escolhas?

Os meios de comunicação são o principal veículo de informação de uma


sociedade. Ao se informarem e entreterem maioritariamente através meios de
comunicação em massa, as pessoas moldam as suas posições sobre diversos assuntos a
partir da informação que consumiram nestes meios. Assim, eles detêm um grande poder
sobre as pessoas, manipulando e até definindo as suas opiniões e necessidades.

É por esta razão que, nos anos 30 e 40 do século XX, a propaganda era tão
utilizada pelos regimes autoritários, como a Alemanha e a Rússia, para disseminarem e

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imporem determinados valores na sua população. Estes métodos manipulavam de tal
forma os indivíduos que eles aderiam com facilidade às medidas que os seus Estados
impunham. Por exemplo, na Alemanha, grande parte da população acreditava que a
discriminação dos Judeus era necessária para o crescimento económico e a
prosperidade do seu país, porque era isso que era defendido nos meios de comunicação
social.

Manuel Castells (1942), filósofo espanhol, pioneiro no estudo da sociedade de


informação, criou o conceito de Sociedade em Rede: a sociedade é organizada a partir
de uma rede de tecnologias que medeia as relações humanas. Castells ilustra bem o
poder dos meios de comunicação social quando afirma: “Os meios de comunicação
social não são os detentores do poder, mas constituem de um modo geral, o espaço
onde o poder é decidido.”

Através do uso de algoritmos de recomendação, a Internet pode apresentar


conteúdos que são mais relevantes para os nossos interesses, podendo influenciar as
escolhas de cada um. Através de técnicas de persuasão, as redes sociais e outros sites
tentam convencer-nos a praticar determinadas ações, quer seja para comprar um
produto ou para votar num candidato político.

No entanto, a responsabilidade final pelas escolhas é sempre nossa. Mesmo


que a Internet nos sugira determinadas opções, somos nós quem tem o poder de
escolher se vamos seguir essas recomendações ou não. Daí a importância de ser crítico
em relação aos conteúdos que consumimos online e estar atento a possíveis
manipulações. Desta forma, tanto são os meios de comunicação que nos manipulam,
como somos nós que nos deixamos manipular, devido à falta de espírito crítico. Noam
Chomsky (1928), filósofo norte-americano, defende que os media têm o papel do
pastor, que guia o seu “rebanho tolo” pelos caminhos do engano e da superficialidade.

O ser humano deixa a sua própria criação apropriar-se do criador,


transformando-se assim num meio para atingir um fim, numa violação do imperativo
categórico de Immanuel Kant. Este dilema levanta uma questão: será que é justo acusar
a tecnologia por maldades e injustiças das quais só o ser humano é responsável? É
injusto acusar o meio em vez da mensagem?

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Questionado sobre este tema, Pierre Lévy responde: “Está claro que as pessoas
não se tornam piores ou mais sensíveis por culpa das redes sociais. Houve muitos
genocídios antes que a Internet existisse, não? Muitos não querem ver, mas já éramos
muito maus antes que a Internet existisse. Desde o momento que há linguagem, há
mentira e manipulação.”

O problema não está no meio, está no mensageiro. Já que estamos


dependentes dos meios de comunicação e não podemos, nem devemos, deixar de os
utilizar, devemos, pelo menos, ter discernimento naquilo que expomos na Internet e na
forma como somos expostos por ela. Só assim podemos usufruir dos múltiplos
benefícios que a Sociedade de Informação nos oferece, sem nunca abdicarmos da nossa
singularidade e do nosso livre-arbítrio.

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A EDUCAÇÃO NA ERA DA INFORMAÇÃO

A sociedade do século XXI encontra-se em plena revolução digital, graças ao


aparecimento e aperfeiçoamento de novas tecnologias. Estamos na era da informação.
Em questão de segundos o conhecimento pode ser espalhado a um número de pessoas
inimaginável. Mas o que é a Era da Informação?

Esta Era representa um período de transformações digitais e tecnológicas e


onde a internet se tornou um popular meio de comunicação.

Toda a facilidade com que um indivíduo tem acesso a diferentes informações


na internet deve-se ao processo de modernização a que o mundo tecnológico foi sujeito.
O conhecimento surge agora não só por palavras, mas também a partir de imagens,
vídeos e sons. Como consequência o mundo da educação sofreu uma grande
transformação, tanto a maneira de ensinar como a de aprender vivenciaram uma
transfiguração em larga escala.

A verdade é que a internet nos últimos anos tomou em alguns campos o lugar
que antes era ocupado pela escola.

Devido ao vasto banco de dados e informações que contêm a internet, o típico


papel de um professor a ensinar foi trocado pela simples pesquisa, numa questão de
segundos, acerca de um tópico que seria antes lecionado em sala de aula.

A revolução digital acompanhou o crescimento das mais novas gerações, foi um


fenómeno mundial e como tal teve um forte impacto em variadíssimos setores da
sociedade. A educação, um dos pilares para a formação destas novas gerações, está a
ser influenciada por esta veloz disseminação de informação, fruto da massificação das
tecnologias da informação.

Os principais desafios que se colocam à educação nesta era de informação


podem ser formulados da seguinte maneira:

● Qual o papel da escola na implementação desta nova sociedade


fortemente apoiada nas tecnologias?

● Qual é a necessidade de uma articulação entre a escola e as novas


tecnologias para uma melhor formação dos cidadãos?

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a) Qual o papel da escola na implementação desta nova sociedade
fortemente apoiada nas tecnologias?

Um dos contributos que a escola pode dar aos seus alunos é de os preparar
para saberem gerir o conhecimento, refiro-me aquele que se encontra facilmente na
internet. Para tal são necessárias algumas competências como: competências para a
aquisição, interpretação e análise da informação.

A escola tem assim a função de ensinar e trabalhar com os seus alunos estas
competências de modo que a informação que seja recolhida pelos mesmos tenha
passado por diferentes critérios de seleção. Estamos num período em que os docentes
se devem desafiar a si próprios de maneira a poderem educar os alunos a saberem
integrar-se nesta nova era da informação e a saberem escolherem a informação certa,
quando entram no mundo da internet, pois, uma sociedade onde os alunos não saibam
escolher a informação certa de modo a alargar o seu mundo de conhecimento, pode ser
considerada como uma sociedade “culturalmente empobrecida”.

Segundo Moacir Gadotti, um filósofo brasileiro (2000, p. 8) cabe à escola:


“selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses [...]”.

É, portanto, inevitável que o sistema da educação repense e reformule as suas


formas de ensinar (tal como já foi implementado em algumas escolas) de modo que os
alunos consigam atingir os objetivos acima mencionados.

A era da informação é também caracterizada como um período de constante


mudança, logo a aprendizagem tem também ela de acompanhar esse acelerado ritmo
de transformações que se vão dando na área da tecnologia. Podemos considerar, assim,
a sociedade do século XXI como uma «sociedade de aprendizagem».

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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b) Qual a necessidade de articulação entre a escola e as novas
tecnologias para uma melhor formação dos cidadãos?

De que maneira podemos criar cidadãos críticos, responsáveis e conscientes se


a educação não se adaptar às mutações quer socioeconómicas, quer culturais
impulsionadas pela expansão das novas tecnologias?

A verdade é que de maneira a conseguir tal feito é essencial que a educação


ande de mãos dadas com as tecnologias, quer isto dizer que a educação tradicional, que
cada vez menos vai ao encontro das necessidades desta nova sociedade, tem de ser
reformulada de modo a conseguir acompanhar as recentes tendências digitais.

A educação desempenha um papel importantíssimo na formação das gerações


futuras e como tal tem obrigação de fornecer aos alunos ferramentas que são cada vez
mais exigidas no mercado de trabalho.

O mercado de trabalho do século XXI apresenta diferentes exigências, procura-


se cada vez mais uma mão-de-obra que seja especializada no manuseamento de
sistemas de informação e comunicação. Este manuseamento de ferramentas digitais
tem de ser ensinado ao longo de toda a formação de um aluno, daí ser tão importante,
tal como mencionei a educação andar de mãos dadas com a nova era de informação.

Em suma, face a esta realidade a escola e os seus agentes têm de mudar os


métodos de ensino e pensar em formas eficientes e eficazes para preparar os estudantes
para a sociedade de conhecimento e informação.

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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EXISTE EXCESSO DE INFORMAÇÃO?

Em que consiste o excesso de informação? O excesso de informação é


caracterizado pela carga prejudicial de dados quer seja em formato de vídeo, imagem
ou som. Devido aos avanços tecnológicos, o acesso a novas informações tornou-se mais
rápido e eficaz. Estamos a um clique de distância de conseguirmos aceder a um número
alargado de informação que muitas vezes surge sem qualquer filtro e sem qualquer
critério de escolha. O espaço que a tecnologia tomou na vida das pessoas tornou-se cada
vez maior e o consumo excessivo de informação é uma realidade inevitável.

Podemos interpretar esta facilidade de adquirir novo conhecimento como algo


positivo: temos a liberdade de escolha do conteúdo que pretendemos e conseguimos
ultrapassar todas as barreiras impostas pela distância expandindo assim os nossos
horizontes intelectuais.

Analisando a um nível mais profundo as vantagens da internet e do acesso


facilitado à informação concluímos que existem sem dúvida variadíssimos pontos
positivos. Mas até que ponto não será essa informação demasiada?

A verdade é que muitas das informações não têm qualquer validade.

Na internet encontra-se muita informação que muitas vezes é consumida em


excesso pelos utilizadores da mesma. Muitos cientistas consideram que estamos a viver
uma “infodemia”, isto é, uma pandemia de informação. Analisando a expressão de uma
maneira literal podemos concluir que tal é utilizada para refletir a “doença” que mais
rapidamente se espalha no século XXI: o excessivo consumo de informação.

O físico espanhol Alfonso Cornellá chegou a denominar este problema como a


“infoxicação” uma mistura de informação com intoxicação. Em uma entrevista o filósofo
polaco Zygmunt Bauman citou o biólogo Edward Wilson: “Somos inundados de
informação e famintos por sabedoria”. O filósofo disse que o principal obstáculo que
enfrentamos em direção ao conhecimento é o excesso de informações.

Esta falta de equilíbrio ao usar e absorver conteúdo da internet pode ter um


impacto na saúde mental dos indivíduos. Todo este exagero de informação pode levar
o cérebro a um nível de esgotamento, podendo por vezes comprometer a memória. Este

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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excesso de informação leva a elevados graus de stress e já chegou até a ter um
diagnóstico: “ansiedade da informação”.

Na minha perspetiva tudo aquilo que encontramos online deve ser consumido
de maneira moderada e segura, não podendo também esquecer a necessidade do
controlo parental de modo a garantir uma boa navegação na internet.

Algumas medidas que podem ser tomadas para tentar minimizar o excesso de
informação são por exemplo: escolha de informações fiáveis e seguras; reduzir as horas
de consumo de informação; filtrar informações e procurar a fonte original. É importante
termos uma posição mais crítica em relação àquilo que ouvimos de modo a filtrar, lá
está, o que é mais seguro e o que é mais interessante.

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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INFOEXCLUSÃO

a) O que é infoexclusão?

Infoexclusão é o desconhecimento que origina falta ou impossibilidade de


acesso a informação, nomeadamente através de novas tecnologias de comunicação
como a Internet. Ao todo, existem 5,3 bilhões de usuários da internet no mundo, mas
pelo menos 2,7 bilhões nunca tiveram acesso a rede. O número equivale a um terço da
população mundial. A infoexclusão pode ter consequências graves, como a limitação do
acesso à informação e à educação, dificuldades em encontrar emprego e oportunidades
de negócios, e até mesmo a exclusão social. Por isso, é importante encontrar maneiras
de combater a infoexclusão e garantir que todos tenham acesso às ferramentas e
recursos digitais.

b) As causas da infoexclusão

Diversos motivos levam à infoexclusão, os quais incluem: a falta de


infraestruturas de telecomunicações em áreas remotas ou de baixa renda, a falta de
habilidades e conhecimentos técnicos, a falta de recursos financeiros para adquirir
equipamentos e serviços de internet, e até mesmo o medo ou a desconfiança em relação
à tecnologia. Além disso, a infoexclusão também pode ser causada por fatores sociais,
como a discriminação racial ou de género, que podem levar a uma menor
disponibilidade de recursos e oportunidades para certos grupos. É importante entender
essas causas para poder combatê-las e garantir que todos tenham acesso aos benefícios
da tecnologia.

Concluindo, a infoexclusão é um problema sério que afeta milhões de pessoas


em todo o mundo. A falta de acesso à tecnologia e à internet pode levar à exclusão
social, à desigualdade económica e à limitação do potencial humano. No entanto,
existem maneiras de combater a infoexclusão, desde a melhoria das infraestruturas de
telecomunicações até a promoção da inclusão social e da diversidade.

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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ASSÉDIO VIRTUAL OU CYBERBULLYING

a) O que é Assédio Virtual?

O assédio virtual ou Cyberbullying é uma forma de violência psicológica que


ocorre através da internet. Este pode incluir ameaças, difamação, intimidação e
perseguição. Esta forma de assédio pode ocorrer em qualquer plataforma online, como
redes sociais, fóruns, jogos e aplicações de mensagens. As vítimas podem ser crianças,
adolescentes ou adultos.

b) Tipos de Assédio Virtual

Existem muitas formas diferentes de assédio virtual. Algumas delas incluem o


Cyberbullying, que é o bullying online, o revenge porn, que é a divulgação de fotos
íntimas sem consentimento, e o stalking, que é a perseguição obsessiva.

Outros tipos de assédio virtual incluem a discriminação online, o trolling, que é


o comportamento provocativo e ofensivo, e o doxxing, que é a divulgação de
informações pessoais sem consentimento.

c) Impactos do Assédio Virtual

O assédio virtual pode ter impactos graves na saúde mental das vítimas. Elas
podem desenvolver ansiedade, depressão e até mesmo transtorno de stress pós-
traumático. Além disso, o assédio virtual pode afetar a autoestima e a confiança das
pessoas. As vítimas também podem sofrer danos à reputação e à carreira profissional,
especialmente se informações pessoais forem divulgadas sem consentimento. Em casos
extremos, o assédio virtual pode levar ao suicídio.

Em suma, o assédio virtual é uma forma de violência psicológica que pode ter
impactos graves na saúde mental das vítimas. É importante educar as pessoas sobre o
assédio virtual e tomar medidas para prevenir e combater esse comportamento nas
plataformas online, e sobretudo lembrá-las de que não estão sozinhas, pois existem
recursos para ajudá-las.

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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FAKE NEWS

a) Qual a relação entre o excesso de informação e as notícias falsas?

O excesso de informação que existe atualmente nas redes sociais faz com que
muitas vezes seja extremamente difícil de distinguir aquilo que é informação verdadeira
com as conhecidas fake news. Estas fake news difundem-se entras as verdades
jornalísticas e levam, como iremos mais à frente abordar, os cidadãos a presumir coisas
erradas, isto significa um risco para o debate livre e informativo.

b) Notícias falsas ou informações falsas

Os especialistas da internet recomendam a não utilização do termo “fake news”


visto que este se resume simplesmente a notícias políticas falsas. Recomendam invés o
termo “falsa informação” já que se refere a uma diversa lista de desinformação,
cobrindo tópicos como a saúde, o ambiente, economia e cultura entre outros. E o que é
a falsa informação?

c) Falsa informação

O termo é utilizado para denominar informações falsas veiculadas,


maioritariamente, nas redes sociais. Estas informações falsas são criadas
deliberadamente para enganar e desinformar os leitores, para reforçar um pensamento,
promover uma agenda política ou causar confusão. Muitas vezes a disseminação de
informações falsas acontece em períodos de campanhas eleitorais, tentando influenciar
as opiniões políticas. Consequentemente, várias instituições democráticas são afetadas.

d) O crescimento das informações falsas

As informações falsas tiveram um forte crescimento a partir de 2016.


Tradicionalmente lemos e recebemos notícias de fontes seguras que seguem códigos
restritos de publicidade/ética. Contudo a internet permitiu uma nova maneira de
publicar e partilhar informação que conta com muito pouca revisão.

Muitas pessoas consomem agora notícias de sites que contêm informações que
conseguem passar por verdadeiras, mas na realidade não passa de algo falso, escrito de
uma maneira bastante complexa.

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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De acordo com a CNBC, um canal prestigiado dos Estados Unidos da América,
a partilha de notícias falsas teve um enorme incremento durante a campanha eleitoral
de Donald Trump e durante o seu mandato como presidente do segundo maior país da
América do Norte. “A CNBC analysis of Trump 's tweets during his presidency found that
his most popular and frequent posts largely spread disinformation and distrust.” - CNBC.
Assim percebemos como as informações falsas são uma ameaça à democracia.

e) Porque é que as informações falsas ameaçam as democracias?

Com o objetivo de influenciar o pensamento de um grande número de pessoas,


as notícias falsas servem para o engano como as notícias verdadeiras servem para a
verdade. São falsidades partilhadas por oposição aos factos jornalísticos, através de um
meio de comunicação de eleição: as redes sociais. É potenciado em países democráticos
pois é neles que há a liberdade de expressão necessária para a disseminação deste tipo
de informações.

Se estas informações falsas forem multiplicadas por inúmeros perfis nas redes
sociais ganham cada vez mais credibilidade levando a que muitas pessoas acreditem
nelas e mudem as suas opiniões com base em algo que é falso. “A maioria dos maiores
males veio do facto de as pessoas se sentirem bastantes certas de algo que, na verdade,
era falso” - Bertrand Russell (filósofo inglês 1872-1970)

As eleições eleitorais podem tomar um rumo indesejado devido às posições


políticas dos eleitores que podem ter sido motivadas por informações falsas e que não
contam com qualquer autenticação.

O processo de informação possibilita ao eleitor tomar conhecimento de um


produto político, avaliar se o mesmo corresponde às suas necessidades e criar
mentalmente um nível de confiança ou certeza que faz o indivíduo julgar ser capaz de
avaliar se o produto terá resultados satisfatórios ou insatisfatórios. Perante informações
falsas todo este processo fica posto em causa

f) O que se pode fazer quanto à falsa informação?

Duas das maiores empresas tecnológicas do mundo, a Google e o Facebook já


anunciaram novas medidas para combater o espaço que as informações falsas têm

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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vindo a tomar. A BBC revelou que estabeleceu sites destinados à verificação da
autenticidade dos factos.

A vasta quantidade de informações falsas online destaca a necessidade de ter


uma posição crítica em relação aquilo que lemos e vemos nas redes sociais. Destacando-
se assim, tal como referido neste trabalho na secção acerca da educação na era da
informação, a importância de as crianças e jovens que estão na escola desenvolverem
um pensamento crítico desde uma tenra idade.

Concluindo, a atenção em relação àquilo que lemos online nunca é demais.


Vivemos numa era em que felizmente existe liberdade de expressão, mas por outro lado,
esta liberdade permite que sejam publicadas informações completamente falsas, daí
advém a necessidade de verificação dos factos.

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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CYBER EMPRESAS: SEGURANÇA E PRIVACIDADE

A segurança e privacidade na era digital são temas cada vez mais relevantes e
importantes. Com o aumento da utilização de tecnologias, é fundamental garantir a
proteção das informações pessoais e empresariais. Neste contexto, surge o conceito de
Cyber Empresas, que são empresas especializadas em oferecer soluções de segurança
cibernética para outras empresas e indivíduos.

a) O que são Cyber Empresas?

Cyber Empresas são empresas especializadas em oferecer soluções de


segurança cibernética para outras empresas e indivíduos. Essas soluções incluem desde
a proteção de dados e informações até a prevenção de ataques virtuais. Além disso, as
Cyber Empresas também podem oferecer serviços como auditoria de segurança e
consultoria em políticas de segurança cibernética.

b) Importância da segurança cibernética

A segurança cibernética é fundamental para garantir a integridade das


informações e dados armazenados em sistemas digitais. A perda ou vazamento dessas
informações pode causar graves prejuízos financeiros e danos à imagem da empresa.
Além disso, a segurança cibernética é importante para proteger os usuários de possíveis
fraudes, roubos de identidade e outros crimes virtuais que podem afetar diretamente a
vida pessoal e profissional de uma pessoa.

Resumindo, a segurança e privacidade na era digital são temas essenciais para


qualquer empresa ou indivíduo que utilize tecnologia em seu dia a dia. As Cyber
Empresas surgem como uma solução especializada e efetiva para garantir a proteção
das informações e dados digitais. No entanto, é importante estar sempre atento aos
desafios e tendências em segurança cibernética, buscando se atualizar e se adaptar às
mudanças constantes do mundo digital.

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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CONCLUSÃO

Tendo em conta tudo o que foi mencionado e analisado ao longo do trabalho


acerca da informação, temos agora as ferramentas necessárias para argumentar que a
informação e a sociedade que consequentemente surgiu trouxeram para o Humano um
vasto leque de transformações em diversos campos. Como resultado e tal como em
qualquer mudança que ocorra, houve consequências negativas e problemas que foram
levantados: Como formular o problema da definição da informação? Qual o impacto
desta sociedade de informação no nosso dia a dia e como definir e valorizar o
conhecimento na era da informação?

Durante todo o trabalho de pesquisa conseguimos encontrar respostas para


algumas perguntas que foram levantadas, mas houve também casos onde não foi
conseguido ser dada uma resposta devido à complexidade da questão.

Com as respostas que conseguimos reunir podemos concluir que a palavra


“informação” é um conceito cuja definição passa pelo levantamento de uma outra
questão que é um dos tópicos principais abordados “O problema de definição de
informação” que conta com diferentes tópicos de resposta que abrange várias áreas das
nomeadamente à priori, como a caso da filosofia.

Visões e teorias filosóficas foram também apresentadas para conseguir debater


o tema da sociedade da informação chegando assim à conclusão de que esta por um
lado tem variadíssimos pontos positivos como o compartilhamento de informação e
conhecimento, mas que por outro lado pode facilmente chocar com valores e direitos
humanos como a propriedade intelectual e a privacidade.

Mas será que esta sociedade de informação e estes avanços tecnológicos não
apresentam consequências? Concluímos que com as tecnologias avançadas outros
crimes conseguiram ao mesmo tempo ganhar espaço como o Cyberbullying e o assédio
virtual, destacando assim a importância de saber navegar quando se está online.

Conseguimos com este trabalho chegar à conclusão de que formar cidadãos de


forma conscienciosa e responsável é essencial para termos uma sociedade culta, segura
e que se saiba adaptar a esta era digital, de conhecimento e de informação.

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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Assim respondemos também à pergunta formulada na introdução: “Se não nos
conseguimos desfazer das tecnologias, como podemos combater estes problemas?” O
combate às inovações tecnológicas passa por uma formação dos cidadãos e pela
incitação de ter um espírito crítico de modo a estes saberem lidar a trabalhar com as
tecnologias para conseguirem retirar o máximo benefício das modernizações digitais,
sem que estas os prejudiquem.

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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WEBGRAFIA E BIBLIOGRAFIA

Leonor Gaspar

informação pesquisada nos dias 19 e 20 de março:


• https://www.revistas.usp.br/incid/article/view/183305/177591
• https://pt.slideshare.net/charmechulo/a-sociedade-de-informao-na-vida-
quoatidiana-13197236
• https://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/11/pdf_4689fb7ce5_0013365.pdf
• https://apdsi.pt/wp-
content/uploads/prev/4.2_jose%20manuel%20moreira_070626.pdf
• https://conceitos.com/informacao/
• https://www.infoescola.com/informatica/ciencia-da-informacao/
• https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_informa%C3%A7%C3%A3o
• https://pt.economy-pedia.com/11035044-society-of-information#menu-1
• https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Castells
• https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/capitalismo-informacional.htm

Maria Henriques

informação pesquisada nos dias 10, 11, 12 e 17 de março:


• https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/14854/1/Revista_Educa
%C3%A7%C3%A3o%2CVolXVIII%2Cn%C2%BA1_5-22.pdf
• https://rockcontent.com/br/blog/era-da-informacao/
• https://www.escolavirtual.pt/Blogue/Artigos/a-importancia-das-tecnologias-
da-informacao-e-comunicacao.htm
• https://www.infoescola.com/sociedade/excesso-de-informacao/
• https://medium.com/@DesignDigital/pontos-positivos-e-negativos-da-
internet-como-m%C3%ADdia-6b37a925d990
• https://supercerebro.com.br/excesso-informacao-seu-cerebro/
• https://www.infoescola.com/sociedade/excesso-de-informacao/
• https://www.uol.com.br/vivabem/reportagens-especiais/excesso-de-
informacao-afeta-nossa-saude-como-lidar-melhor-com-isso/#page13

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


30
• https://www.webwise.ie/teachers/what-is-fake-news/
• https://www.cnbc.com/2021/01/13/trump-tweets-legacy-of-lies-
misinformation-distrust.html
• https://vestibulares.estrategia.com/portal/materias/redacao/7-citacoes-sobre-
fake-news-para-usar-na-redacao/
Bibliografia: Bragança de Miranda, J. e Frederico da Silveira, J. (2002) As ciências da
comunicação na viragem do século Lisboa, Vega e Autores

Miguel Coelho

• https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
• https://dicionario.priberam.org/
• https://prezi.com/pt/
• https://pt.slideshare.net/
• https://www.iberdrola.com/compromisso-social/o-que-e-exclusao-digital
• https://www.iberdrola.com/compromisso-social/o-que-e-cyberbullying-como-
prevenir
• https://www.neoenergia.com/pt-br/te-
interessa/tecnologia/Paginas/ciberseguranca.aspx

Tomás Tavares

informação pesquisada nos dias 11 e 12 de março:


• https://afonsoteodoro77.blogspot.com/2021/06/problemas-eticos-e-politicos-
do-impacto.html
• https://prezi.com/p/ybgfjpgmvq_i/problemas-eticos-e-politicos-do-impacto-
da-sociedade-da-informacao-no-quotidiano/?fallback=1
• https://pt.slideshare.net/charmechulo/a-sociedade-de-informao-na-vida-
quoatidiana-13197236
• https://en.wikipedia.org/wiki/Information_ethics
• https://www.goodreads.com/author/quotes/15603.Manuel_Castells

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


31
• https://www.studocu.com/pt/document/universidade-do-minho/direito-
penitenciario/problemas-eticos-e-politicos-do-impacto-da-sociedade-da-
informacao-no-quotidiano/13942639
• https://sites.google.com/site/literaciaseliteracia/sociedade-da-informacao
• https://pt.scribd.com/document/584702630/aprofundamento-sociologia-
Castells-e-midia-04-07-2022-98eae664c0ed206153fec18c291bea17#
• https://brasil.elpais.com/eps/2021-07-01/pierre-levy-muitos-nao-acreditam-
mas-ja-eramos-muito-maus-antes-da-internet.html
• https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Castells
• https://recil.ensinolusofona.pt/bitstream/10437/6070/1/FlorbelaG.pdf
Bibliografia: Manuel Castells, O poder da comunicação (2009)

Problemas éticos e políticos do impacto da sociedade de informação no quotidiano


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