Você está na página 1de 6

jusbrasil.com.

br
16 de Outubro de 2022

Lógica Jurídica

Publicado por Vinicius Carvalho há 7 anos  13K visualizações

- Lógica Jurídica é condição e instrumento necessário ao estudo de


todos os campos do Direito. O Direito compõe um sistema lógico.

- A lógica não confere, necessariamente com a realidade. Uma idéia


pode ser lógica, mas decorrências elaboráveis a partir dessa idéia
podem não refletir a realidade, eventualmente. - A lógica é uma
maneira específica de pensar; melhor dizendo: de organizar o
pensamento. Não é a única, nem é a mais apropriada para muitas das
situações em que nos encontramos, mas tem a sua importância,
principalmente no campo do direito. O Jurista usa a lógica jurídica no
quotidiano (sentenças, pareceres, petições, recursos, etc.). - Para que
uma inferência (relação premissa-conclusão) tenha caráter lógico,
devem ser obedecidos três princípios fundamentais:

* Princípio da identidade: afirma que o que é, é. Se uma idéia é


verdadeira, ela é verdadeira * Princípio da não contradição: nenhuma
idéia pode ser falsa e verdadeira ao mesmo tempo * Princípio do
terceiro excluído: uma idéia ou é verdadeira ou é falsa

- A lógica, em suma, não guarda absoluta correspondência com a


realidade. - Se as normas jurídicas pertencentes a determinado direito
foram sistematizáveis a partir do princípio da identidade e demais
postulados lógicos, então esse direito pode ser considerado lógico. -
Pode se estender a denominação de Lógica Jurídica ao estudo da
argumentação jurídica de caráter retórico e ao das regras não
estritamente lógicas de interpretação do direito. - A lógica deôntica
pode dar à Jurisprudência o fundamento da dedução no domínio das
normas - Numa tentativa de definição, a Lógica Jurídica tem por objeto
o estudo dos princípios e regras relativos às operações intelectuais
efetuadas pelo Jurista, na elaboração, interpretação e aplicação do
estudo do Direito.

A Lógica Formal, lógica clássica de Aristóteles, é uma forma


de pensar, de conhecer, de organizar o raciocínio sem
considerar o conteúdo.

O raciocínio se faz com o relacionamento de duas idéias: as premissa e


a conclusão, que na lógica chamamos de inferência.

Ocorre que nem todo raciocínio é lógico. Para um raciocínio ser lógico
é necessário atender a três princípios: princípio da identidade,
princípio do terceiro excluído e o princípio da não contradição.

O princípio da identidade é a veracidade das idéias, ou seja, aquilo é, o


que é: uma cadeira é uma cadeira, um livro é um livro, a vida é a vida.
Baseado neste princípio não posso afirmar que um óvulo fecundado é
um futuro ser humano, assim, um óvulo fecundado é um óvulo
fecundado e um ser humano é um ser humano.

O princípio da não contradição afirma que nenhum pensamento pode


ser, ao mesmo tempo, verdadeiro e falso. A idéia não pode ser e não
ser. Não posso raciocinar a vida como bela e como não bela.

O princípio do terceiro excluído é a não contradição das idéias. Uma


idéia ou é verdadeira ou é falsa, não existindo uma terceira
possibilidade. Não posso afirmar que a vida é longa, mas pode ser
curta, ou a vida é longa ou a vida é curta.

Ressalte-se que a lógica é pura forma, não tem qualquer conteúdo,


nem, sequer, relação com a realidade. O conteúdo dos exemplos dados
na explicação dos princípios, foi apenas para o melhor entendimento
das regras do raciocínio lógico.
Aristóteles criou uma linguagem de símbolos, utilizando o clássico
silogismo no raciocínio lógico, onde qualquer que fossem os termos
substituídos pelas letras, seria válido: "Se todos os B são C e se todos os
A são B, todos as A são C".

4.1 A VALIDADE E VERACIDADE NA LÓGICA FORMAL

O argumento é a exteriorização do raciocínio, realizado através de


conjunto de proposições encadeadas por inferência (premissas +
conclusão).

Os argumentos podem ser válidos ou inválidos. Para que os


argumentos sejam válidos têm que atender aos princípios da
identidade, da não contradição e do terceiro excluído. Caso contrário,
serão inválidos os argumentos.

Já a condição de verdadeiro ou falso só é aplicada às premissas e à


conclusão, ou seja, às proposições. Cada proposição pode ser falsa ou
verdadeira. Porém, para que a conclusão seja verdadeira, as premissas
têm que ser verdadeiras e as inferências válidas, esta é a única forma
em que o raciocínio lógico nos garante uma conclusão verdadeira.

Os lógicos ocupam-se apenas da validade das inferências, da forma,


enquanto que os cientistas estudam a veracidade das premissas, do
conteúdo.

Em suma, os argumentos são válidos ou inválidos e as proposições são


verdadeiras ou falsas.

A validade ou invalidade dos argumentos e a veracidade das


proposições não têm relação direta. Posso ter argumentos validos com
preposições falsas ou argumentos inválidos com proposições
verdadeiras.
O pensamento lógico formal em si mesmo é um raciocínio sem
conteúdo, sem sentido. Esse tipo de raciocínio, pensado isoladamente,
não oferece qualquer contribuição para um estudo científico, torna-se
uma teoria sem utilidade.

Contudo, se considerarmos a lógica apenas como momento de um


pensamento, onde se separa a forma do conteúdo apenas
provisoriamente, sem desconsiderar o conteúdo do raciocínio,
infringíamos as regras da lógica formal, descaracterizando-a.

Sobre o assunto, o filósofo Henri Lefebvre entende que a lógica formal


é apenas o início do conhecimento, do pensamento racional e afirma
(5):

"A lógica formal, lógica da forma, é assim a lógica da ‘abstração’.


Quando nosso pensamento, após essa redução provisória do conteúdo,
retorna a ele para reapreendê-lo, então a lógica formal se revela
insuficiente. É preciso substituí-la por uma lógica concreta, uma lógica
do conteúdo, da qual a lógica formal é apenas um elemento, um esboço
válido em seu plano formal, mas aproximativo e incompleto. Já que o
conteúdo é feito da interação de elementos opostos, como o sujeito e o
objeto, o exame de tais interações é chamado por definição de dialética;
por conseguinte, a lógica concreta ou lógica do conteúdo será a lógica
dialética.

De modo geral, a ‘forma’ do pensamento é diferente do conteúdo,


embora ligada a ele. Assim, o sujeito é distinto do objeto, mas não pode
ser separado dele. A forma é sempre forma de um conteúdo, mas o
conteúdo determina a forma"

Diante de tantas peculiaridades da ciência do direito, muitos juristas


formularam metodologias para seu estudo, atribuindo o nome de
"lógica jurídica", "lógica dialética", "lógica concreta". Contudo, tal
nomenclatura é muito imprópria. Se considerarmos lógica em seu
sentido próprio, com suas regras próprias de raciocínio, não
conseguiremos identificar semelhanças entre a lógica formal e as novas
"lógicas".

As chamadas "lógicas dialéticas", "lógicas jurídicas", nada mais são do


que a própria dialética. A lógica, nesse contexto, é sinônima de bom
senso.

Disponível em: https://viniciuscarvalho2303.jusbrasil.com.br/artigos/227824630/logica-juridica

Informações relacionadas

Espaço Vital
Notícias • há 13 anos

O conceito de lógica e sua relação com o Direito


Por Maria Francisca Carneiro, advogada (OAB-RO nº 59) Admitir a
existência de uma verdade no Direito significa admitir a existência da
lógica jurídica e não simplesmente da argumentação. Costumo…

Eduardo Luiz Santos Cabette


Artigos • há 8 anos

Direito, moral e ciência contemporânea


A gênese de todo conhecimento ocidental tem se sustentado há
milênios, sob o prisma analítico, em três princípios lógicos
fundamentais bem postos por Aristóteles, quais sejam: a) O Princípio
da…

Guilherme Ribeiro
Artigos • há 5 anos

Ontologia
É comumente observado que há por parte da grande maioria dos que
se propunham a debater sobre um determinado tema a aceitação quase
que tácita da ideia de se ter coletivos que praticam ações. Neste…
Blog do Jusbrasil
Artigos • há 6 meses

Conheça os tipos de argumentação jurídica e saiba


como elaborar teses com excelência!
Que a argumentação jurídica constitui ferramenta essencial para a
prática dos advogados e dos escritórios de advocacia não é novidade.
No entanto, para elaborar teses convincentes, é necessário…

Adeilson Oliveira
Artigos • há 7 anos

Conceito do Direito, uma análise


1. Conceito de Direito O Direito é conceituado de várias formas. De
acordo com Paulo Dourado de Gusmão, Direito é um "conjunto de
normas executáveis coercitivamente, reconhecidas ou estabelecidas e…

Você também pode gostar