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Universidade Veiga de Almeida

Arquitetura e Urbanismo

Patrimônio Histórico

Paulo Vidal Leite Ribeiro

Patrimônio Histórico do Bairro de Petropólis

Aluna:

Cristiane Laura Mesquita Calisto

Rio de Janeiro
2022
1. HISTÓRICO DO BAIRRO DE PETRÓPOLIS

A história de Petrópolis tem início em uma das viagens feitas por Dom
Pedro I. No ano de 1822, durante uma travessia pelo tortuoso Caminho do Ouro,
que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais, o imperador se hospedou na fazenda
do Padre Correia aonde ficou encantado com a exuberância e amenidade do
clima.
D. Pedro I propôs, então, a compra da fazenda, mas Da. Arcângela, irmã e
herdeira do padre não concordou com a venda. Ela indicou a D. Pedro I uma
fazenda vizinha que estava à venda, a do Córrego Seco. Assim D. Pedro
comprou o Córrego Seco por vinte contos de réis, preço considerado muito alto
para o valor real da fazenda.

Figura 1:A Estrada Real com indicação do relevo mostrando o Caminho Velho e o
Caminho Novo (que passa por Petrópolis (fonte: Umbelino et al., 2009)

D. Pedro I adquiriu algumas propriedades na região, onde pretendia


construir um Palácio de Verão. Entretanto, o projeto não foi adiante devido à
sua abdicação ao trono, o retorno a Portugal. D. Pedro II herdou essas terras,
que passaram por vários arrendamentos até que Paulo Barbosa da Silva,
mordomo da Casa Imperial, retomou os planos de Pedro I.
Em 1843 o mordomo havia mandado o engenheiro alemão, Júlio Frederico
Koeler, construir a Estrada Normal da Serra da Estrela, Koeler idealizou o plano
urbanístico de Petrópolis, extremamente moderno e com preocupações
preservacionistas e ecológicas pouco comuns à época. Assim nasceu Petrópolis,
com a mentalidade de substituir o trabalho escravo pelo trabalho livre.
Figura 2. Plano urbanístico desenhado pelo Major Köeler - 1846 (fonte: Biblioteca do
Museu Imperial – Petrópolis, RJ).

Em 1857, Petrópolis foi elevado a município e cidade, sem passar pela


condição de vila, o que era, na ocasião, inédito.
A cidade se desenvolvia rapidamente, por força da presença do Imperador e
de sua corte nas temporadas do verão petropolitano. Nobres, políticos,
diplomatas, grandes senhores, ricos negociantes e a intelectualidade da época se
transferia para Petrópolis, durante um semestre a cada ano. Muitos desses
palacetes hoje fazem parte do patrimônio arquitetônico do Centro Histórico da
cidade, cuja preservação é imprescindível para o desenvolvimento turístico e
cultural de Petrópolis.
Alguns sinais dessa modernidade são descritos a seguir, sendo inaugurada a
primitiva Capela de Nossa Senhora do Rosário, construída e parte com doações
coletadas por ex-escravos. A construção do Hospital Santa Teresa, inaugurado
em 1876, com participação ativa de Dom Pedro II.
O Hotel Bragança, que funcionou por quase 80 anos e foi derrubado para a
abertura da rua Alencar Lima. Mas havia outros, como o Hotel Suíço, o João
Meyer, ponto de reunião de colonos, o Hotel Europa, e o Orleans, onde hoje
funciona a Universidade Católica de Petrópolis, na Rua Barão do Amazonas.
Com a Proclamação da República em 1889, que resultou no banimento e no
exílio da Família Imperial, temia-se que a cidade fosse ameaçada por retaliações
republicanas e perdesse o seu prestígio. Mas isso não aconteceu. As funções
administrativas passaram a ser exercidas por intendentes nomeados pelo
governador do estado até 1892, quando Petrópolis passou a ser governada pela
sua Câmara. Os republicanos também se renderam aos encantos da Serra da
Estrela. De 1894 a 1903, o Ministério das Relações Exteriores praticamente
funcionou em Petrópolis, decidindo questões vitais como a assinatura do Trata-
do de Petrópolis, que anexou o Acre à Federação.
Em 1928, foi construída a primeira rodovia asfaltada do país, que ligava o
Rio a Petrópolis e que recebeu o nome de Washington Luiz, uma homenagem ao
presidente que teve essa importante iniciativa para a vida da cidade.
O suntuoso Hotel-Cassino Quitandinha, aberto em 1944, se tornou conhecido
em todo o país e atraiu o jet-set internacional para Petrópolis.
Em 1979, um grupo de petropolitanos se movimentou em torno de entidades
preservacionistas como a APANDE e sensibilizou o presidente João Figueiredo,
conseguindo que fosse assinado o Decreto 80, em 1981, impedindo demolições
e construções que descaracterizavam o Centro Histórico. E ele atribuiu à cidade
o título de Cidade Imperial. Com apenas cinco artigos no seu decreto,
Figueiredo salvou o que restou da Petrópolis imperial.
2. MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS BENS IDENTIFICADOS COMO
PATRIMÔNIO CULTURAL
Figura 3. Mapa de edificações tombadas

Palácio de Cristal Catedral São Pedro de Alcântara Museu Imperial Casa do Colono

Cervejaria Bohemia Av. Koeler Casa Santos Dumont Casa Stefan Zweig
3. BENS MATERIAIS NO BAIRRO DE PETRÓPOLIS COM RESPECTIVA
IDENTIFICAÇÃO DE INVENTÁRIO

3.1 Palácio de Cristal


Localização: R. Alfredo Pachá, Centro, Petrópolis – RJ
Município: Petrópolis.
Nome atribuído: Palácio de Cristal e Praça da Confluência
Órgão Responsável: IPHAN – Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional
Número do Processo: 612-T-1960
Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico:
Inscr. nº 43, de 21/06/1967

Figura 4 Palácio de Cristal Fonte: Secretaria de Estado de Cultura


É uma das principais praças previstas no plano urbano de Petrópolis, projeto
do major Júlio Frederico Köeler. Densamente arborizada, recebeu por certo
tempo o nome de Passeio Público, local de exposições de flores e produtos
agrícolas, de 1875 a 1877. Em 1884, foi importado e montado um pavilhão - o
Palácio de Cristal - construído nas oficinas de St. Sauver-les-Arras (França), por
encomenda do Conde D’Eu (marido da Princesa Isabel, filha do Imperador D.
Pedro II), então presidente da Sociedade Agrícola de Petrópolis. Sua pedra
fundamental foi lançada, em 1879, e coube ao engenheiro Eduardo Bonjean
acompanhar a montagem do Palácio de Cristal, inaugurado em 1884, com um
grande baile, do qual participou toda a Corte Imperial brasileira.
No palácio, até 1886, anualmente era realizada a exposição promovida pela
Sociedade Agrícola e Hortícola de Petrópolis. Após a Proclamação da
República, o palácio entrou em um período de decadência. A partir de 1938,
sediou o Museu Histórico de Petrópolis até à criação do Museu Imperial.
Exemplo típico de arquitetura "das grandes exposições", surgidas com a
Revolução Industrial, o palácio é pré-moldado em estrutura metálica, com vãos
preenchidos por vidros transparentes (originalmente, cristais "bisotados"
importados da Bélgica). Atualmente, é administrado pela Prefeitura Municipal
de Petrópolis e utilizado para exposições promovidas pela prefeitura ou por
iniciativa particular.

3.2 Catedral de São Pedro de Alcântara


O tombamento da igreja é uma extensão da proteção conferida, desde 1964, à
Avenida Köeler, inscrita no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e
Paisagístico.
Localização: Av. Koeler, Petrópolis – RJ
Município: Petrópolis.
Nome Atribuído: Catedral de São Pedro de
Alcântara
Órgão Responsável: IPHAN – Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Figura 5 Palácio de Cristal Fonte: Secretaria de Estado de Cultura

O atual edifício da igreja começou a ser construído em 1884. Inspirado nas


antigas catedrais do norte da França, o engenheiro e arquiteto baiano Francisco
Caminhoá planejou o projeto arquitetônico em estilo neogótico, muito em voga
na época. Em 1925, foi inaugurada a matriz, após 37 anos de trabalhos. As obras
da fachada, contudo, só começaram em 1929, e a torre só foi erguida entre 1960
e 1969. O templo ostenta um carrilhão de cinco sinos de bronze fundidos em
Passau (Alemanha), que pesa nove toneladas.
3.3 Casa de Santos Dumont
Localização: Rua do Encanto, nº 22 – Petrópolis – RJ
Município: Rio de Janeiro
Órgão Responsável: IPHAN – Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Casa de Santos Dumont – com o
respectivo acervo de objetos e utilidades pertencentes a
Santos Dumont
Número do Processo: 460-T-1952
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 293, de 14/07/1952
Uso Atual: Museu Santos Dumont

Figura 6 Casa de Santos Dumont Fonte: Secretaria de Estado de Cultura

A casa foi desenhada e planejada pelo próprio inventor Alberto Santos


Dumont para ser sua residência de verão. Foi construída no antigo Morro do
Encanto em 1918, com ajuda do engenheiro Eduardo Pederneiras. Devido a sua
localização, ganhou o apelido de A Encantada.
O museu é um chalé do tipo alpino francês com peculiaridades como uma
das últimas invenções de Santos Dumont: o chuveiro com água quente, o único
do Brasil àquela época, aquecido a álcool. As escadas também são uma atração:
cada degrau só tem espaço para um pé. Assim, na escada externa só se pode
começar a subir com a perna direita e na interna, sobe-se primeiro com a perna
esquerda.
Com três andares, a casa chama atenção pela arquitetura, que dispensa as
divisórias entre os cômodos, e conta ainda com um observatório no telhado,
onde o inventor do avião passava horas observando as estrelas.
3.4 Av. Koeler
Localização: Petrópolis – RJ
Município: Rio de Janeiro
Órgão Responsável: IPHAN – Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Avenida Koeler – Conjunto Urbano-
Paisagístico
Número do Processo: 662-T-1962
Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e
Paisagístico: Inscr. nº 34, de 08/06/1964 e 11/07/1980 e
14/01/1982

Figura 7 - Av. Koeler Imagem: Jean Paulo de Souza Henrique

A Avenida Köeler, inicialmente denominada de D. Afonso, é um dos


principais logradouros do plano urbanístico de Petrópolis de autoria do Major
Júlio Frederico Köeler e o que se conserva mais integro em seus aspectos
paisagístico e urbanístico. Tendo no eixo central o leito do Rio Quitandinha
(afluente do Piabanha), a avenida tem início na antiga Praça de São Pedro de
Alcântara, onde se localiza, atualmente, a Catedral, e termina na antiga Praça D.
Afonso, da Liberdade, atualmente de Rui Barbosa.
O acervo arquitetônico da Avenida compõe-se de exemplares que, na sua
maioria, ainda se conservam íntegros, mas que, construídos na segunda metade
do dezenove, ou na passagem desse para o século XX, apresentam certa
variedade de estilos, desde alguns que ainda se ligam a um neoclássico final, até
outros, que se filiam à fase romântica dos chalés ou, mesmo, ao ecletismo, à
repetição de estilos.
3.5 Museu Imperial
Localização: Rua da Imperatriz, nº 220 – Petrópolis
Órgãos Responsáveis:
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional
INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Nome atribuído: Palácio Imperial de Petrópolis,
parque e Quartel dos Semanários
Número do Processo: 166-T-1938
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 304, de
23/09/1954
Uso Atual: Museu Imperial (Palácio Imperial)

Figura 8 - Palácio Imperial de Petrópolis Fonte: Secretária de Estado de Cultura

Atual Museu Imperial. Construído por determinação do imperador, a partir


de 1845. A obra durou mais de 10 anos e o projeto decorativo do edifício é de
Manuel de Araújo Porto Alegre. Edifício de linhas neoclássicas, com dois
pavimentos de terraço sobre o pórtico, e jardins executados por João Batista
Binot. Nos assoalhos, foram usadas madeiras de melhor qualidade (pequiá,
jacarandá, pérola e canela) e nas portas e alicerces, o cedro. Mármore e cantaria
foram empregados em detalhes do prédio e na decoração dos jardins.
Desde sua criação, o Museu reúne objetos representativos do 1º e 2º reinados
(mobiliário, pintura, esculturas, prataria, porcelanas, cristais, peças de
indumentária, além das coroas Real e Imperial). O Palácio era a residência
preferida do imperador D. Pedro II e sua família.
Referências Bibliográficas:

https://www.petropolis.rj.gov.br/turispetro/nossa-historia
https://www.petropolis.rj.gov.br/imc/index.php/petropolis/a-cidade-imperial
https:// www.canal39.com.br/noticia/239/patrimonio-catedral-de-sao-pedro-de-
alcantara-vai-passar-pela-sua-maior-restauracao/
http://www.ipatrimonio.org/category/pm-rio-de-janeiro-
rj/#!/map=38329&loc=-22.507284067440633,-43.175647258758545,15

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