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A CLASSIFICAÇÃO DO REEDUCANDO NO CENTRO DE RESSOCIALIZAÇÃO

VALE DO GUAPORÉ COMO GARANTIA À INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA E À


DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA DO PRESO FRENTE À LEI DE EXECUÇÕES
PENAIS

THE CLASSIFICATION OF THE REEDUCANDO IN THE CENTER OF


RESOCIALIZATION VALLEY OF GUAPORÉ AS GUARANTEE THE
INDIVIDUALIZATION OF THE PENALTY AND THE DIGNITY OF THE HUMAN
PERSON OF THE PRISONED FRONT OF THE LAW OF CRIMINAL
EXECUTIONS

Natália Rego Matias1 Pedro Abib Hecktheuer22

RESUMO
O presente trabalho se propôs abordar o tema da classificação do reeducando no Centro de
Ressocialização Vale do Guaporé, no município de Porto Velho, capital de Rondônia, como
garantia à individualização da pena e à dignidade da pessoa humana do preso, frente à Lei de
Execuções Penais. O problema levantado foi se o Centro de Ressocialização do Vale do
Guaporé promove a garantia da dignidade da pessoa humana, no que tange a individualização da
pena frente a Lei de Execuções Penais. Diante disso, o objetivo principal foi demonstrar que a
classificação realizada pelo Centro de Ressocialização Vale do Guaporé garante o princípio
da dignidade da pessoa humana no que se refere a individualização da pena perante à LEP; já
os específicos foram demonstrar a natureza jurídica do instituto da individualização da pena,
esclarecer o sistema de classificação utilizado pelo Centro de Ressocialização Vale do
Guaporé e verificar se o sistema garante realmente a supracitada individualização e a
dignidade da pessoa humana do apenado. A metodologia constou de estudo documental,e
revisão bibliográfica, por meio doa qual os aspectos jurídicos e históricos do tema foram
abordados. Este artigo dispõe, em seu primeiro capítulo, sobre a Pena, tratando tanto da sua
finalidade, do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e o Sistema Penal Brasileiro, quanto
do Princípio da Individualização da Pena; no segundo capítulo aborda a Lei de Execução
Penal Brasileira, seu histórico e a ressocialização do apenado; em seguida, traz à baila
informações acerca do Centro de Ressocialização do Vale do Guaporé, a estrutura deste e a
Comissão Técnica de Classificação no Programa de Individualização de Pena; para, então,
chegar às considerações finais do artigo. Após análise da realidade da unidade prisional,
observou-se claramente a garantia da individualização da pena bem como o respeito ao
princípio da dignidade da pessoa humana do reeducando.

1 Acadêmica no curso de Direito na Faculdade Católica de Rondônia – FCR. Endereço eletrônico:


<nataliarego88@gmail.com>
2 Doutor em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e Doctor en Derecho pela
Universidad de Alicante (UA/España). Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUCPR) e Especialista em Direito Civil/Constitucional pela Universidade Gama Filho (UGF). Bacharel em
Direito pela Faculdade Palotina de Santa Maria (FAPAS) e em Medicina Veterinária pela Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM). Diretor Acadêmico e Professor do Curso de Direito da Faculdade Católica de
Rondônia, ministrando as disciplinas de Direito Constitucional, Oficina Jurídica – Direitos fundamentais
(Constitucional), Projeto de Pesquisa Científica e Trabalho de Conclusão de Curso. Endereço eletrônico:
<pedro@fcr.edu.br>.
PALAVRAS-CHAVE: Ressocialização. Apenados. Lei de Execução Penal. Individualização
da Pena.

ABSTRACT
The present work proposed to address the issue of the classification of the re-educated in the
Vale do Guaporé Resocialization Center, in the municipality of Porto Velho, capital of
Rondônia, as a guarantee for the individualization of the sentence and the dignity of the
prisoner's human person, in view of the Law of Executions Criminals. The problem raised
was whether the Vale do Guaporé Resocialization Center promotes the guarantee of the
dignity of the human person, with regard to the individualization of the penalty under the
Penal Execution Law. Therefore, the main objective was to demonstrate that the classification
carried out by the Vale do Guaporé Resocialization Center guarantees the principle of human
dignity with regard to the individualization of the penalty before the LEP; the specific ones
were to demonstrate the legal nature of the institute of individualization of the sentence,
clarify the classification system used by the Vale do Guaporé Resocialization Center and
verify if the system really guarantees the aforementioned individualization and dignity of the
human person of the inmate. The methodology consisted basically of a literature review,
through which the legal and historical aspects of the subject were addressed. This article
provides, in its chapter 01, on the Penalty, dealing with both its purpose, the Principle of
Dignity of the Human Person and the Brazilian Penal System, and the Principle of
Individualization of the Penalty; in chapter 02 it deals with the Brazilian Penal Execution
Law, its history and the re-socialization of the convict; then, it brings up information about the
Vale do Guaporé Resocialization Center, its structure and the Technical Committee for
Classification in the Pena Individualization Program; to then reach the conclusion of the
article. After analyzing the reality of the prison unit, the guarantee of individualization of the
sentence was clearly observed, as well as respect for the principle of human dignity of the re-
educated person.

KEYWORDS: Resocialization. Jailed. Penal Execution Law. Individualization of Penalty.

1 INTRODUÇÃO

Por muito tempo, o poder punitivo do Estado atuou de modo desenfreado e, muitas
vezes, injusto. A pena era aplicada de forma mecânica, padronizada, não considerando caso a
caso, nem as particularidades do indivíduo. Em 1988, com a Constituição Brasileira, o
princípio da individualização da pena foi consagrado.
Entretanto, observa-se que o referido princípio ainda não vem sendo aplicado de forma
eficaz e ampla, em um ordenamento jurídico que o manipula e o utiliza com finalidade de
manutenção da ordem de exclusão. É por essa razão que a análise da temática em pauta torna-
se tão importante e atual.
Com isso, o presente artigo tem como meta realizar um breve estudo sobre a
classificação do reeducando no Centro de Ressocialização Vale do Guaporé como garantia à
individualização da pena e à dignidade da pessoa humana do preso, frente à Lei de Execuções
Penais, no município de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. A citada classificação
do reeducando realizada pelo Vale do Guaporé garante a individualização da pena e a
dignidade da pessoa humana do apenado? A hipótese seguida foi a de que o sistema de
classificação do apenado no centro prisional em pauta, diferente da realidade normalmente
vista no sistema prisional brasileiro, assegura os princípios supracitados.
Optou-se, como metodologia, basicamente por estudo documentalrevisão
bibliográfica, através doa qual abordou-se o tema a partir de aspectos jurídicos e históricos.
Houve coletas de textos como legislação atualizada, publicações científicas e históricas e
doutrinas. Por fim, realizou-se leitura dos escritos elencados, fichamento e análise destes, a
fim de se realizar os estudos pretendidos.
O trabalho se divide essencialmente em três objetivos específicos: i) demonstrar a
natureza jurídica do instituto da individualização da pena) inicialmente trata sobre a pena,
expondo um breve histórico, a finalidade da pena, o Princípio da Dignidade da Pessoa
Humana relacionado ao Sistema Penal Brasileiro, e o Princípio da Individualização da Pena;
ii) esclarecer o sistema de classificação utilizado pelo Centro de Ressocialização Vale do
Guaporé logo após, é abordada a Lei de Execução Penal, expondo-se o histórico desta e a sua
relação com o processo de ressocialização do apenado; iii) por fim, verificar se o sistema
garante realmente a supracitada individualização e a dignidade da pessoa humana do
apenado.será apresentado o Centro de Ressocialização Vale do Guaporé, através da descrição
de histórico e estrutura, bem como será retratada sua Comissão Técnica de Classificação no
Programa de Individualização de Pena e feita uma análise da eficácia de suas ações.

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE CONCEPÇÕES ACERCA DA PENAA PENA E SUAS


TEORIAS DE ACORDO COM AS FINALIDADESFINALIDADES

Sempre que se toma uma decisão visando a punição de alguém que infringiu alguma norma,
aplica-se uma pena. Então, pode-se depreender disso que pena é consequência de uma
desobediência. Com isto, pena seria a consequência da citada desobediência.
Para Damásio de Jesus3, pena é a sanção aflitiva que o Estado impõe, por meio de uma ação
penal, que atua como uma retribuição por um ato que foi considerado ilícito e consiste em se
diminuir um bem jurídico objetivando que novos ilícitos ocorram.

3 JESUS, Damásio. Direito Penal: Parte Geral. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 563.
Já Edgard Magalhães Noronha4 compreende que a pena é a privação de bens jurídicos ao
criminoso, em razão de atos praticados. É como se fosse uma expiação de ações ilícitas,
enraizada na ideia de que todo aquele que pratica um mal também deve sofrer um mal. O
autor acredita, ainda, que tal prática não é simples afirmação de vindita, mas o símbolo de
que, frente a um direito ofendido, a lei protesta e reage, não apenas para defender um
indivíduo, porém para a proteção de toda a sociedade.
Cezar Roberto Bitencourt5 vai mais além e afirma que a Pena e o Estado são
estritamente ligados, a tal ponto que para que um se desenvolva o outro também precisará
desse desenvolvimento.
Enquanto isso, para Eugenio Raúl Zaffaroni 6, pena seria qualquer privação ou
sofrimento de um direito ou um bem relativo a uma ação considerada inadequada, e que não
seja o resultado julgado adequado apropriado a uma solução de conflito dos outros ramos
existentes do direito.
Em suma, a pena seria uma retribuição, uma espécie de vingança frente ao mal praticado pelo
indivíduo, por meio da quebra da regra estabelecida. Vale citar que esta expiação não é
praticada simplesmente em função da pessoa lesada; mas, antes disso, de toda a sociedade que
poderia ser vítima de semelhante ato.

2.1 As finalidade da pena e suas teorias

Muitos são os temas controversos no Direito Penal; e certamente a finalidade da pena é um


desses. Com isso, inúmeras teorias surgiram sobre qual seria, exatamente, o fim de se aplicar
a pena. Dentre essas, destacam-se a teoria absoluta, a relativa e a mista ou unificada. Cada
uma delas será exposta a seguir.

2.1.1 Teoria absoluta e finalidade retributiva - a retribuição do "mal cometido"

Os teóricos que defendem a teoria absoluta, afirmam que a pena tem por finalidade retribuir
uma prática de algum mal praticado. Logo, haveria a retribuição de um mal considerado
injusto (contravenção ou crime) por um mal que seria justo - a pena (punitur quia peccatum
est). Seria trocar um mal por outro mal, muito próximo ao observado em inúmeros antigos
códigos, como o de Hamurabi.

4 NORONHA, Edgar Magalhães. Curso de Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 226.
5 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal brasileiro: parte geral. Vol. 1. São Paulo: Saraiva,
2017.
6 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda de legitimidade do sistema penal. 5.
ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001. p. 204.
Haroldo Caetano e Silva7 afirma que, para a teoria absoluta - também chamada de retributiva
-, a pena é caracterizada por ser a retribuição a um mal feito, tendo o propósito principal de
recompensar um mal com outro mal, muito próximo ao observado em inúmeros antigos
códigos, como o de Hamurabi..
Ao que parece, aplicar a pena com a referida finalidade é o que mais parede suprir o ímpeto
da sociedade por uma punição que considerem adequada. Vale citar que, para aplacar a ânsia
social, é necessário a existência da privação de liberdade do infrator; isso porque, é comum o
relato de que penas alternativas, como multas ou prestação de serviços, geram uma sensação
de impunidade nas pessoas.

2.1.2.Teoria relativa e finalidade preventiva - a importância da prevenção

Por outro lado, para os teóricos da teoria relativa, a função da pena não é retribuir, antes disso,
ela tem a finalidade de agir como prevenção. Ou seja, a pena é aplicada para que não haja
nova quebra de normas (punitur ne peccetur); atuando, assim, para proteger a sociedade de
futuros males.
Esta teoria divide-se em dois grupos, especial e prevenção geral. Segundo Barros 8, enquanto a
prevenção geral supõe que a pena realizada não surte efeito apenas ao caso concreto, mas a
todos os membros de uma sociedade, através do temor imposto por esta; a prevenção especial
se propõe a atuar na consciência daquele que praticou o delito, a fim de que este repense o
mal praticado, por meio do sofrimento pelo qual está passando.
Assim, a aplicação da pena tanto preveniria que o apenado cometesse novos delitos
(prevenção específica), como serviria para que a sociedade tivesse medo de praticar infrações
e crimes a sociedade (prevenção geral).

2.1.3 Teoria mista, eclética ou unificadora e dupla finalidade - retribuição e prevenção


atuando lado a lado

Por outro lado, para os teóricos da teoria mista (também chamada de eclética, unificadora e de
dupla finalidade) a pena serviria tanto para castigar um condenado, devido à norma quebrada;
quanto para prevenir a ocorrência de novos crimes, tanto pelo apenado quanto pela sociedade

7 SILVA, Haroldo Caetano da., Manual de Execução Penal., 2º edição, Ed. Bookseller, Campinas, 2002: P. 35.
8 BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito penal: parte geral. 3ª ed. Revisada, atual. e ampliada. São
Paulo: Saraiva, 2003, p. 62.
de maneira geral. Para Souza 9, foi desenvolvida por Adolf Merkel, e é a que predomina na
atualidade.
Para Bitencourt10, as teorias mistas, também denominadas unificadoras, visam agrupar em um
único conceito os fins das penas, por meio da escolha e unificação dos aspectos mais
marcantes das teorias absolutas e relativas. Consoante o autor, foi Merkel que, no início do
século XX, idealiza, na Alemanha, a teoria eclética. Desde então, é a mais dominante nos
meios jurídicos.
De acordo com Inácio Carvalho Neto 11, as teorias mistas surgiram por conta das inúmeras
críticas tanto às teorias absolutas e quanto às relativas. Com isso, houve uma unificação de
ambas, ou seja, a tentativa de fusão e mescla de conceitos preventivos e retributivos.

2.2 O desrespeito à dignidade da pessoa humana no sistema penal brasileiroPrincípio da


Dignidade da Pessoa Humana e o Sistema Penal Brasileiro - a importância do indivíduo

A Constituição Federal do Brasil, de 1988, em seu artigo 1°, III, versa que a República
Federativa do Brasil tem como fundamento a dignidade da pessoa humana.
A dignidade da pessoa humana é, de acordo com Bonavides, o princípio de maior valia a fim
de compendiar a unidade material da Carta Magna. Já que é um fundamento, não é valor
máximo a ser defendido apenas pela Constituição, mas também pelo Direito, pela Democracia
e por todo o Estado Federativo.
Por ter um conceito deveras abrangente, há uma significativa dificuldade na formulação de
um conceito jurídico a respeito. Tanto a definição quanto a delimitação são amplas, por
mesclar inúmeros sentidos.
Para Plácido e Silva12, a palavra dignidade é latina e deriva de dignitas, que significa honra,
virtude e consideração. Em regra, é uma qualidade moral que um ser possui e que baseia o
respeito relegado a este. Seria, ainda, a ação por meio da qual um indivíduo passa a ser
conceituado publicamente.
Baseando-se no princípio da dignidade da pessoa humana, desde 1984, ano de sua
implementação, a Lei de Execução Penal enfatiza que toda e qualquer autoridade precisa
respeitar a integridade, tanto moral quanto física, de todos os detentos (tanto apenados quanto
os presos provisoriamente).

9 SOUZA, Paulo S. Xavier., Individualização da Penal: no estado democrático de direito., porto Alegre: Sergio
Antonio Fabris Editor, 2006, p. 85.
10 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal brasileiro: parte geral. Vol. 1. São Paulo:
Saraiva, 2017, p. 88.
11 CARVALHO NETO, Inacio., Aplicação da Pena., Rio de Janeiro: Editora Forense, 1999, p. 16.
12 SILVA, Plácido e. Vocabulário Jurídico. Vol. II; São Paulo: Forense, 1967, p. 526.
Todavia, a situação das penitenciárias no Brasil não é das melhores. Constantemente,
são vistas notícias de rebeliões, fugas, além de um aumento da violência, tanto do apenado
quanto contra este. Em parte, isso ocorre devido às precárias condições que o sistema
penitenciário do país submete o preso, dentro das celas.
Segundo Foucault13, a delinquência de uma pessoa é atribuída a esta por meio de um ou mais
delitos praticados. Então, a identidade delinquente inicia sua formação no instante em que o
indivíduo é inserido no sistema carcerário, independendo da idade do infrator. Para o autor, a
instituição na qual o indivíduo permanece isolado - e que teoricamente teria a função social de
recuperar o detento - é aquela que, de forma antagônica, acaba por rotular ou marcar o ente,
dificultando uma futura reinserção deste na sociedade.
Nota-se que, infelizmente, a pena de prisão no Brasil não soube aproveitar os
benefícios trazidos pelo desenvolvimento dos estudos penais, tendo sido direcionada para a
um processo de desumanização do preso. No sistema penitenciário brasileiro, o apenado é
condicionado a acostumar-se à vida na prisão, não sendo auxiliado e preparado para a vida em
liberdade.
E esta realidade parece refletir o desejo da sociedade no Brasil. Para Rogério Greco 14, a
população brasileira, em geral, tem uma gana por um profundo sofrimento dos presos., aAlém
da condenação a estes impostas que os priva de liberdade., sSeria necessário, para muitos, que
a situação do preso fosse a pior possível, havendo um sofrimento intra muros tal qual o
sofrimento das vítimas extra muros. Segundo Greco, governantes comumente não se
preocupam com a causa dos encarcerados, fazendo com que o sistema de reintegração à
sociedade seja falho, já que é normal não levar em consideração os ambientes por vezes
promíscuos, miseráveis em extremos, sem direitos básicos nos quais muitos praticantes de
infrações penais cresceram e viveram. Os direitos básicos de cidadão não tinham como ser
exercidos, já que não eram garantidos acessos à saúde, lazer, moradia, cultura, alimentação,
ou seja, acesso aos direitos básicos de todos os seres humanos.
Com isto, o princípio da dignidade da pessoa humana, no âmbito geral, não parece ser
respeitado no Sistema Penitenciário Brasileiro; já que se nota a necessidade de se saciar a
ânsia de vingança da sociedade, ânsia esta que, para ser aplacada, precisa não apenas que um
condenado seja preso, mas que o local de pena seja cruel e desumano, como as antigas
masmorras medievais.

13 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: historia da violência nas prisões. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. P.
225.
14GRECO, Rogério. Sistema Prisional – Colapso atual e soluções alternativas. 2ª ed. Niterói, Rio de Janeiro:
Editora Impetus, 2015.
2.3 Princípio da Individualização da Pena como Solução para Injustiças

Individualização da pena é a determinação da pena de acordo com o caso concreto,


visto que cada pessoa traz consigo um histórico pessoal, devendo receber a sanção que lhe é
devida. Para Nelson Hungria (apud Luiz Luisi 15), princípio da individualização da pena é
“Rretribuir o mal concreto do crime, com o mal concreto da pena, na concreta personalidade
do criminoso”. Ou seja, é necessário que a pena seja deve ser proporcional à lesão feita no
bem jurídico tutelado e à periculosidade do agente.
A individualização da pena Oocorre em três etapas: legislativa, judicial e executória.
Em um primeiro momento, o legislador seleciona condutas positivas ou negativas agressoras
de bens a serem defendidos. Dependendo da importância do bem, a pena terá graduações de
severidade. Para Rogério Greco16, por exemplo, para se proteger a vida, deve haver a ameaça
de uma pena mais severa que a relegada à proteção do patrimônio; uma pena para dolo deve
ser maior que uma praticada culposamente; um crime que foi consumado precisa punido de
forma mais rigorosa que um tentado, e assim por diante. Selecionar as penas de acordo com o
tipo penal em plano abstrato seria o que se chama de cominação.
Necessita-se, então, a distribuição da população dos presídios de acordo com
categorias de níveis relativos à custódia e segurança. Estes são estipulados com base em
critérios objetivos, a fim de que a divisão permita que desenvolver um gerenciamento total da
população em cárcere. Isto porque o conhecimento da necessidade dos presos é essencial para
análise comportamental que permita um retorno à sociedade.
O princípio da individualização da pena é tratado pela Constituição Federal de 1988
como um dos princípios de direito penal constitucional. Para Francesco Pallazo 17, , os
referidos princípios possuem atributos significativamente constitucionais, enquanto
abrangidos pelos limites que permeiam a posição da pessoa humana inserida no sistema penal;
além de sulcarem os principais termos do elo entre o indivíduo e o Estado.
Para que se preserve o princípio da individualização da pena, necessita-se considerar
as particularidades de cada indivíduo, além de sua capacidade de se reintegrar à sociedade e
seus esforços rumo à ressocialização. Em seu bojo, está latente a ideia de humanidade, ou
seja, é uma maneira de se humanizar a pena. Além disso, sua presença como direito

15 LUISI, Luiz. Os princípios constitucionais penais. Porto Alegre: SAFE, 1991. p.123.
16 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. V. 1. Niterói, Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2012. p. 69.
17 PALAZZO, Francesco. Valores constitucionais e direito penal: um estudo comparado. Tradução de Gérson
Pereira dos Santos. Porto Alegre: SAFE, 1989. p. 120.
fundamental é ligada a outro direito também fundamental, o da liberdade, que possui valor
universal.
Consoante Machado18, o princípio da individualização da pena é realizada através de
três fases do processo de criminalização: a primária, a secundária e a terciária. Na primária, há
a figura do legislador, que observa a proporcionalidade guardada por uma ação tipificada, no
que diz respeito ao modo e à gradação da pena relacionada ao delito, com o intuito de que a
pena aplicada sirva para reprovar ou prevenir determinado comportamento social. Na
secundária, é levada em consideração a margem legal prevista, o contexto do delito praticado
e, observando o indivíduo, a humanidade expressa no mesmo, no âmbito do que se denomina
individualização judicial da pena. Já a criminalização terciária é aquela que leva em
consideração o exame constante do indivíduo já condenado, observando-se sua evolução
dentro do programa de reintegração, a fim de que haja abrandamento ou endurecimento do
regime de pena que o detendo esteja cumprindo.
A fase judicial é o momento em que a pessoa está mais vulnerável ao poder do Estado,
e às decisões arbitrárias deste. Com isso, é o momento real em que se invoca o princípio da
individualização da pena, para que se penalize na justa medida da ação realizada e do autor
desta. É quando se analisará o condenado, mesclando sua condição humana a regras e
equações, com o intuito de inseri-lo na condição de criminoso.

3 A LEI DE EXECUÇÃO PENAL BRASILEIRA - A BUSCA PELA INTEGRIDADE


DO INDIVÍDUO

As normas constantes na Lei de Execução Penal têm como base o direito do apenado
de ser ressocializado, garantido a este os subsídios necessá7rios a esta ressocialização, que
respeitem tanto a integridade do preso quanto a integridade moral e a física deste.

18 MACHADO, Vinicius da Silva. Entre Números, Cálculos e Humanidade: o Princípio Constitucional da


Individualização da Pena e o Mito da Punição Humanizada. Universidade de Brasília Faculdade de Direito.
Coordenação de Pós-Graduação em Direito Mestrado em Direito, Estado e Constituição. Brasília: 2009. p. 80.
Art. 41. São direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; II - atribuição de trabalho e sua
remuneração; III - previdência social; IV - constituição de pecúlio; V – proporcionalidade na distribuição do
tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais,
artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - assistência material, à
saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; IX -
entrevista pessoal e reservada com o advogado; X – visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em
dias determinados; XI – chamamento nominal; XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da
individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação e
petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; XV - contato com o mundo exterior por meio de
correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons
costumes. arágrafo único - Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos
mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. (BRASIL. Lei de Execução Penal. Lei nº 7210 de 11 de
julho de 1984).
Para Bitencourt19, os referidos direitos são essenciais, pois segregar um indivíduo do
seio da sociedade faz com que uma enorme desadaptação, tão intensa a ponto de dificultar que
o apenado seja futuramente reinserido no meio social, em especial em penas que ultrapassem
dois anos de reclusão. Para o autor, tanto o afastamento sofrido quando o medo de chantagens
que antigos parceiros de cela poderiam realizar, podem situar-se como decisivos motivos de
uma pessoa se inserir definitivamente no mundo do crime.
Ademais, ao receber liberdade, o egresso do sistema prisional normalmente é
estigmatizado pela sociedade, sendo retirada sua condição de cidadão e dado a ele a pecha de
ex-detento. A fim de que haja mudanças nessa realizada, urgem melhorias no oferecimento
das garantias de ressocialização, ou, ao menos, que a Lei de Execução Pena seja realmente
cumprida.

3.1 Histórico da Lei de Execução da Pena no Brasil

Em 1981, através da Portaria 429, foi fundada uma comissão coordenada pelo
professor Francisco de Assis Toledo e composta por inúmeros juristas, entre eles Renê Ariel
Dotti, Benjamim Moraes Filho, Miguel Reale Júnior, Rogério Lauria Tucci, Ricardo Antunes
Andreucci, Sergio Marcos de Moraes Pitombo e Negi Calixto. A meta era se elaborar um
anteprojeto para a Lei de Execução Penal. Já em 1982, após revisão por segunda comissão, tal
anteprojeto foi apresentado e encaminhado ao Congresso Nacional pelo então presidente João
Figueiredo, transformado no PL 1.657.
A Câmara dos Deputados propôs algumas emendas e, após estas, o anteprojeto
transformou-se na Lei 7.210, de 11 de junho de 1984. Com ela, houve fim uma longa luta
tanto da academia quanto de parlamentares que buscavam ter o Brasil um sistema de
execução penal diverso do preconizado pela antiga Lei 3.274/1957, um que se constituísse
uma execução penal mais preocupada com a dignidade humana, em alinhamento com o
Estado de Direito, mais adequado ao novo paradigma a ser preconizado pela Constituição
Federal de 1988.
Consoante Beneti20, na Lei de Execução Penal (LEP) há o detalhamento dos direitos
dos presos, atrelados à ideia de que o apenado, mesmo condenado, continua sendo titular de
direitos que não são atingidos pela sentença que o privou de liberdade. Para o autor, os citados
direitos são expostos de forma precisa e clara, com o intuito de evitar imissões ou vagueza de

19 BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão: Causas e alternativas. 4ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2011, p. 159.
2020 BENETI, Sidney Agostinho. Execução penal. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 35.
determinados textos; além de solidificar a inviolabilidade, imprescindibilidade e
irrenunciabilidade dos direitos invocados.
Em suma, as finalidades básicas da LEP não é somente que a sentença condenatória
seja efetivamente cumprida, mas também que o sentenciado seja recuperado e retorne ao
convívio em sociedade.

3.2 Ressocialização do Apenado com Vistas à Reinserção Social

A ressocialização do apenado possui mais de um significado, diferentes, entre si, de


acordo com o tratamento dado ao detento. De um lado, há quem defenda que o infrator mude
por completo sua personalidade, por meio de tratamentos psicológicos, sem a necessidade de
que este dê seu consentimento para tanto. Por outro lado, há quem creia que esse tipo de
prática desrespeite a liberdade individual do preso, tornando-se um empecilho à
ressocialização. Por essa razão, é defendido que o condenado seja levado a entender a
importância do respeito às leis penais, a fim de que não cometa mais crimes; todavia, é
necessária a manutenção da personalidade individual.
Uma ação importante para que o referido modelo seja eficaz, é se proibir que terapias
impostas ao condenado, contra a vontade deste, sob a falácia de ser um "bem para o
meliante", sejam oferecidas nas instituições prisionais. Isso porque a mera imposição seria
uma prática de depreciação à dignidade da pessoa humana. Sem citar, ainda, os abusos de
autoridade aliados às referidas terapias.
A concepção atual de reintegração social baseia-se, então, em uma premissa: o
consentimento. Consentimento este que precisa ser dado pelo detendo a qualquer tratamento,
quer seja pedagógico, médico ou psicológico. Sem isso, qualquer tentativa de ressocialização
tem como fim o fracasso.
Assim, a reintegração social, seguindo tais parâmetros, impões limites à atuação
estatal, fazendo com que o Estado aja com consciência e racionalidade, respeitando os direitos
fundamentais do indivíduo.
Vale lembrar que esse tratamento humanizado advém do princípio da dignidade da
pessoa humana, disposto na Constituição da República Federativa do Brasil. Então, o Estado
deve ser um exemplo de respeito e consideração ao indivíduo, tratando o condenado como
parceiro rumo a um mesmo objetivo. Com isto, a pessoa, por iniciativa própria, pode procurar
um profissional adequado (fornecido pelo Estado) a fim de, em conjunto com este, tentar
resolver seus problemas.
Por outro lado, não basta somente auxiliar o preso para um retorno à vida em
sociedade; é preciso, também, preparar a sociedade para receber o ex-detento. E este é um
dor principais entraves sofridos pela ressocialização, já que as pessoas comumente não
aceitam os egressos do sistema carcerário, mesmo que a Lei de Execução Penal 21, em seu
artigo 4º, tenha estipulado que “o Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas
atividades de execução da pena e da medida de segurança”.
Enfim, a meta é que o preso volte ao convívio social, ao ambiente de trabalho, à sua
vida familiar e sua relação com amigos e vizinhos. Importa, também, que o condenado possa
realizar uma autoaceitação, que possa reconciliar-se com seu eu interior durante a detenção,
planejando seu futuro em liberdade.

4. CENTRO DE RESSOCIALIZAÇÃO VALE DO GUAPORÉ - MODELO DE


REINTEGRAÇÃO

O Centro de Ressocialização Vale do Guaporé foi inaugurado no ano de 2012, em


Porto Velho, Capital de Rondônia. Sendo um modelo pioneiro no Brasil, quanto à
ressocialização do apenado, possui estrutura e funcionamento diferenciado em relação à
maioria dos presídios do país.
De acordo com Tiradentes22, a unidade possui um quadro de 70 servidores. Possui
capacidade para alojar cento e sessenta e quatro detentos do sexo masculino, entretanto são
192 os presos atendidos dentro do Projeto de Classificação, sendo que módulo anexo está com
capacidade de cem vagas. É comum que haja pré-seleção e ocorra uma fila de presos de
outros estabelecimentos aguardando vagas.
Consoante o autor23, o centro possui área administrativa, 08 pavilhões e 100 celas,
sendo 20 celas para visita íntima e 1 cela disciplinar.
Há separação entre condenados e provisórios, e entre primários e reincidentes. Há,
ainda, separação de idosos, no momento em que é feita a classificação dos apenados.
São comuns reuniões periódicas de avaliação e discussão da gestão e comissão interna:
os gestores se reúnem semanalmente e o comitê uma vez ao mês.

21 BRASIL. Lei de Execução Penal. Lei nº 7210 de 11 de julho de 1984.


22 TIRADENTES, Josélio Chaves. Diagnóstico de Estabelecimentos Prisionais e Esferas Estratégicas,
Gerencial e Operacional para Implantação do Modelo de Gestão. Total de folhas: 312 págs. Supervisor:
Thays Danieli Cunha Prado Nobre. Secretaria de Estado da Justiça. Governo de Rondônia:2020. p. 215.
23 TIRADENTES, Josélio Chaves. Diagnóstico de Estabelecimentos Prisionais e Esferas Estratégicas,
Gerencial e Operacional para Implantação do Modelo de Gestão. Total de folhas: 312 págs. Supervisor:
Thays Danieli Cunha Prado Nobre. Secretaria de Estado da Justiça. Governo de Rondônia:2020. p. 215.
Os servidores, compostos por agentes penitenciários, enfermeiro e técnicos de
enfermagem, trabalham em escalas de 24/96 e horas extras, ou seja, a cada 24 horas
trabalhadas há direito a descanso por 96 horas. Há, também horário administrativo, função
gratificada, e a escala 11/36, em que, a cada 11 horas de trabalho, há descanso de 36 horas.
Há acesso à internet e linha telefônica. A educação é oferecida através do Ensino
Fundamental I e II, e Ensino Médio, por Sistema Modular. A escola possui quatro salas e uma
sala para coordenação. Além disso, o Vale do Guaporé conta com biblioteca que possui um
acervo formado por 1.700 livros. Com isso, há a participação no Projeto Resenha – Leitura no
cárcere, e os apenados podem realizar leituras nas celas.
Há assistência religiosa realizada por grupos de católicos e protestantes. Para isso, há o
devido credenciamento na instituição. Os trabalhos religiosos são realizados no local de banho
de sol ou em um salão espaçoso.
De acordo com Tiradentes24, a Defensoria Pública realiza atendimento jurídico regular,
individual, mas sem uma organização prévia, devendo este ser requerido pelo detento. Além
disso, o Ministério Público realiza, mensalmente, uma visita, como também há inspeção
mensal do juiz corregedor.
Mesmo tendo enfermeiro e técnico de enfermagem, não há atendimento médico,
somente uma despensa para medicamentos, já que alguns presos tomam remédios
controlados.
Como não há profissional de assistência social, este trabalho é exercido pela Casa da
Cidadania, que oferece atendimentos como emissão do cartão de SUS, cadastro do Sistema
SUS, providência de documentação civil (solicitação de segundas vias de certidão de
nascimento ou casamento, emissão de carteira de trabalho junto a Policia Técnico Científica,
Emissão e regularização de Cadastro de Pessoa Física), além do atendimento aos familiares
dos presos.
No Centro, o trabalho, consoante Tiradentes25, é organizado da seguinte maneira: as
atividades de limpeza e conservação são realizadas por quarenta apenados; outros quarenta e
cinco trabalham na ACUDA, dois são trabalhadores da fábrica de manilhas e dois realizam a
manutenção geral do complexo. Enquanto isso, oito realizam trabalho de artesanato e um
labora no tribunal de Justiça. Todos estes são remunerados por seus serviços, assinam folha de

24 TIRADENTES, Josélio Chaves. Diagnóstico de Estabelecimentos Prisionais e Esferas Estratégicas,


Gerencial e Operacional para Implantação do Modelo de Gestão. Total de folhas: 312 págs. Supervisor:
Thays Danieli Cunha Prado Nobre. Secretaria de Estado da Justiça. Governo de Rondônia:2020. p. 215.
25 TIRADENTES, Josélio Chaves. Diagnóstico de Estabelecimentos Prisionais e Esferas Estratégicas,
Gerencial e Operacional para Implantação do Modelo de Gestão. Total de folhas: 312 págs. Supervisor:
Thays Danieli Cunha Prado Nobre. Secretaria de Estado da Justiça. Governo de Rondônia:2020. p. 215.
ponto com objetivo de remição e a referida folha é encaminhada mensalmente para a Vara de
Execução Penal.
Quanto às visitas, estas acontecem de forma semanal, com a duração de oito horas, e,
para tal, são usadas as salas de aula. Já as visitas de crianças e adolescentes ocorrem uma vez
por mês. Há sala adequada para revista, mas o visitante não é submetido à revista íntima. O
credenciamento de quem visita é realizado de acordo com o padrão estabelecido pela SEJUS.
Infelizmente, não há espaço coberto, nem com água ou banheiros, adequado para os
familiares aguardarem o horário de visita. Aproximadamente 90% dos presos são visitados,
mas 10% não tem contato familiar.
O banho de sol diário é de duas horas. Ademais, é oferecido kit de higiene pessoal,
com sabonete, creme dental, escova de dente, papel higiênico e barbeador. Não há uniforme
para os detentos, todavia foi estabelecido o uso de camisa branca e bermuda azul. Já que o
referido uniforme não é oferecido pela SEJUS, as famílias podem levar duas camisas, duas
bermudas, quatro cuecas, um par de chinelos, duas toalhas de banho e dois lençóis de cores
claras. Cada detento recebe um colchão da Secretaria de Justiça.
O Centro de Ressocialização é monitorado através de circuito de videomonitoramento,
com sessenta e quatro câmeras funcionando perfeitamente. A entrada e saída são controladas
por munições letais e não letais, administradas pelo chefe de plantão de cada equipe, em um
livro próprio, e também no Sistema de Gerenciamento de Ocorrências Prisionais. Os
equipamentos são: munição letal, munição menos letal, taser, algemas, rádio, circuito de
vigilância interna. Além disso, há portal detector de metal, raquete detectora, banco detector
de metal, raio X, espectrômetro e Body Scanner.

4.1 Comissão Técnica de Classificação no Programa de Individualização de Pena do


Centro de Ressocialização Vale do Guaporé

A Comissão Técnica de Classificação Interna do Centro de Ressocialização foi criada


pela Portaria nº 522, do Gabinete da Secretaria de Justiça (SEJUS), no dia 14 de abril de
2014, com vistas a normatizar e uniformizar procedimentos técnicos e operacionais,
objetivando proporcionar aos reeducandos uma estrutura física propícia para que se
desenvolvesse atividades laborais, assistenciais e capacitação profissional.
A composição da referida comissão é estabelecida pelo Artigo 2º da Portaria 26: I – Os
03 (três) Técnicos de Classificação, II – O coordenador de Projetos da Unidade, III – Diretor

26 BRASIL. PORTARIA Nº 522/GAB/SEJUS de 14 de abril de 2014.


de Segurança e IV – Deverão compor a Comissão Interna de Classificação 01 Psicólogo (a) e
um Assistente Social, caso haja disponibilidade.
A comissão possui um presidente, eleito por votação e que é, obrigatoriamente, um
dos Técnicos de Classificação; além de um secretário.
São competências da Comissão Interna de Classificação a deliberação acerca de
reclassificação, custódia, interferências, ambientes físicos e a participação de reeducandos nos
programas oferecidos; a realização semanal de reuniões registradas obrigatoriamente em ata;
o reporte quinzenal à Direção do Centro de Ressocialização de um relatório das ações
realizadas; o respeito às características próprias de cada um dos casos apresentados por
técnicos de classificação, considerando-se a vida pregressa do reeducando, bem como
aptidões e necessidades dos mesmos; a proposição de mudanças de classificação e
reclassificação; o apontamento de discrepâncias ocorridas, por meio de documento ao Comitê
Multidisciplinar e Interinstitucional; a análise por caso de possíveis riscos de vulnerabilidade
sexual ou de comportamento sexual agressivo, a fim da delimitação de trabalho, programas e
habitação; a ratificação ou não de medidas tomadas pelos técnicos de classificação no
acompanhamento de cada reeducando; o encaminhamento, por documentos, de dúvidas
acerca de procedimentos, ao Comitê Multidisciplinar e Interinstitucional de Classificação 27.
No ano seguinte, em 22 de dezembro de 2015, a Portaria nº 1.142, do Gabinete da
SEJUS, aprovou novas atribuições ligadas à Comissão Técnica de Classificação Interna do
Vale do Guaporé, dessa vez ligadas aos assistentes de classificação do Setor de
Individualização da Pena. Em seu Art. 1º28, dentre outras competências, estabelece-se:

I - Indicar para a comissão interna de classificação, os níveis de segurança e


custódia, bem como a participação e exclusão de apenados em programas e alocação
dos mesmos em status de restrição de privilégios;
II - utilizar processo de classificação objetiva para equilibrar a distribuição de
reeducandos no
nível de segurança adequado, avaliando os fatores de risco ao público, a segurança
dos servidores da SEJUS e as necessidades de segurança do reeducando;
III - Revisar a classificação sempre que advir novas informações sobre o reeducando
ou a requerimento da Comissão Interna de Classificação, Comitê de Classificação,
Órgão da Execução Penal e pelo Diretor da Unidade Prisional;
IV - Atribuir os níveis de custódia que constituem as normas de supervisão e de
privilégios dentro de cada unidade do sistema prisional;
V - Reclassificar os reeducandos pelo menos a cada 06 (seis) meses ou quando
houver qualquer tipo de movimentação (criminal e/ou administrativa) em seu
processo, para garantir que sejam a eles atribuídos o menor nível de custódia, e
equilibrar as necessidades do reeducando e da SEJUS;
(...)
XIII - Comunicar aos reeducandos sob sua responsabilidade as normas disciplinares
e suas alterações e adverti-los quando de sua violação;

27 BRASIL. PORTARIA Nº 522/GAB/SEJUS de 14 de abril de 2014.


28 BRASIL. PORTARIA Nº 1.142/GAB/SEJUS de 22 de dezembro de 2015.
XIV - Acompanhar o desempenho, participação e aproveitamento nos programas
dos reeducandos sob sua responsabilidade; (...)

Quanto aos níveis de custódia do Centro de Ressocialização Vale do Guaporé


(CRVG), vale citar que foram determina de janeiro de dos pela Portaria nº 0056, do gabinete
da Secretaria de Justiça do Estado de Rondônia, no dia 08 de janeiro de 2014. Em seu Art. 3º,
é estabelecido que o CRVG terá quatro níveis de custódia: I - Mínimo; II - Mínimo Restrito;
III - Médio; e IV - Máximo29. Com base nesses níveis, verificou-se a necessidade da
normatização de práticas dos diferentes graus de privilégios na rotina diária do CRVG, o que
foi feito através da Portaria nº 2792/SEJUS-NUCLAS, em 28 de agosto de 2019. Então,
instituiu-se que as escolhas de alocação e realocação de cada reeducando em determinado
pavilhão, conforme classificação de graus de privilégios, levaria em conta as sugestões dos
Técnicos e Assistentes de Individualização de Penas, e que esta prática deveria ser realizada
semanalmente, validadas ou modificadas pelo Diretor Geral da instituição 30. Para cada nível
de privilégios seriam instituídas determinadas regalias, de forma gradual, a ponto de conceder
maiores privilégios aos educandos que estivessem em graus menos rigorosos 31. Dentre as
regalias, constam maior tempo de banho de sol, maior tempo de visita, maior e mais diversa
quantidade de materiais em cada sela, entre outras32.
Para que ocorram as alocações e realocações dos reeducandos nos níveis de
privilégios, são utilizados critérios objetivos; subjetivos (comportamentais); e os critérios de
interesse da segurança ou da Administração Prisional. Assim que chegam ao CRVG, importa
saber que o apenado não é alocado nem no nível I, nem no IV; após triagem, é alocado no
Nível III ou, dependendo de comportamento anterior e vaga, no Nível II33.
O pavilhão de Triagem e de Restrição de Privilégios, com caráter disciplinar,
temporário e administrativo, foi estabelecido por meio da Portaria nº 2793/2019/SEJUS-
NUCLAS, de 28 de agosto de 2019, pelo Presidente do Comitê Multidisciplinar e
Interinstitucional de Classificação de Apenados, sendo que a triagem é um período de dez dias
nos quais o apenado admitido pela primeira vez no Vale do Guaporé permanece separado da
população carcerária; e a Restrição de Privilégios uma condição relegada ao reeducando por
uma falta disciplinar, participando de palestras e orientações sobre as regras. Na triagem,
haverá, também, o recebimento de informações acerca dos procedimentos e do convívio

29 BRASIL. PORTARIA Nº 0056/2014/SEJUS-NUCLAS de dia 08 de janeiro de 2014.


30 BRASIL. PORTARIA Nº 2792/2019/SEJUS-NUCLAS de dia 28 de agosto de 2019.
31 BRASIL. PORTARIA Nº 2792/2019/SEJUS-NUCLAS de 28 de agosto de 2019.
32 BRASIL. PORTARIA Nº 2792/2019/SEJUS-NUCLAS de 28 de agosto de 2019.
33 BRASIL. PORTARIA Nº 2792/2019/SEJUS-NUCLAS de 28 de agosto de 2019.
social, e o assistente de individualização já inicia a avaliação da classificação do reeducando,
que estará sujeito às seguintes regras34:

I – O reeducando receberá cartilhas e folders sobre os procedimentos da unidade,


bem como receberá palestras com os diretores da unidade, assistentes de
individualização da pena ou com membros do Comitê de Classificação, como forma
de reforçar os ditames das cartilhas e sanar possíveis dúvidas;
II – Nesta fase, o comportamento do reeducando deverá ser analisado diariamente
por servidores desta unidade;
III – Ao reeducando, enquanto permanecer no pavilhão de triagem e de restrição de
privilégios, não será permitido à visita íntima;
IV – Terá, porém, direito a 01 (uma) visita social, por 02 (duas) horas, de filho (a)
menor que esteja registrado oficialmente em seu nome, acompanhado por
responsável legal, caso coincida com o dia de visita de crianças, ou de seu cônjuge
ou companheira, de parentes ou amigos em dias determinados, conforme art. 40 inc.
X, da LEP e o Manual de Normas e Procedimentos Operacionais do Sistema
Penitenciário do Estado de Rondônia – Portaria 2.069/2016/GAB/SEJUS;
V - Fica autorizada a entrada de 01 (um) ventilador por reeducando, bem como
materiais de higiene pessoal e de limpeza;
VI - Terá direito a 02 (duas) horas de banho de sol diárias, conforme a Lei de
Execução Penal;
VII - Os reeducandos advindos de outras Unidades Prisionais da Capital,
devidamente matriculados na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Madeira Mamoré deverão ser inseridos nas atividades educacionais;
VIII - Não será permitido ao reeducando ausentar-se do pavilhão para atividades
laborais, exceto para frequentar as aulas;
IX - A limpeza do pavilhão de triagem e de restrição de privilégios será de
responsabilidade de todos os reeducandos ali inclusos, devendo ser realizada no
horário de banho de sol.
X - As inspeções nas celas serão realizadas diariamente, com caráter educativo, para
reforçaras regras disciplinares, orientar o reeducando sobre os materiais permitidos e
não permitidos e questões relacionadas à higiene pessoal e conservação da cela;
XI - Será permitido uso de televisão somente para fins educativos, em sala
psicoeducativa;
XII - O fornecimento de alimentação diversa da fornecida pela Secretaria de Estado
de Justiça somente será autorizada mediante prescrição médica.

A Restrição de Privilégios ocorre quando o reeducando comete faltas disciplinares.


Quando a falta é grave, há o cumprimento obrigatório de dez dias em cela disciplinar e, após,
é encaminhado ao pavilhão de restrição, no qual ficará por mais vinte dias, nos quais haverá
nova avaliação para realocação de nível; caso a natureza seja média, o faltoso é incluído no
pavilhão de restrição de privilégio por vinte dias antes da realocação; e, caso a falta seja leve,
haverá advertência verbal, reduzidas a termo e fixadas no prontuário do reeducando35.
Após passar pelo Pavilhão de Triagem, o reeducando é realocado, como dito
anteriormente, por meios de critérios. Os critérios objetivos para realocação do apenado são
estabelecidos pelo Art. 1º, inciso II da Portaria nº 2792/2019/SEJUS-NUCLAS36:

34 BRASIL. PORTARIA Nº 2793/2019/SEJUS-NUCLAS de 28 de agosto de 2019.


35 BRASIL. PORTARIA Nº 2792/2019/SEJUS-NUCLAS de dia 28 de agosto de 2019.
36 BRASIL. PORTARIA Nº 2792/2019/SEJUS-NUCLAS de dia 28 de agosto de 2019.
a) - A pontuação mínima para concorrer ao Nível de Privilégios I será a média geral
da nota de classificação do CRVG.
b) - Para realocação ao Nível de Privilégios I, o apenado deverá ter completado no
mínimo 3 meses na unidade.
c) - Ter cumprido no mínimo 10% de sua pena.
d) - Não ter PAD ou Relatórios de Segurança que pese como réu nos últimos 03
meses para falta leve, 06 meses para faltas médias e 12 meses para faltas graves.
e) - Não ter histórico de fugas nos últimos 3 anos.
f) - Comprometer-se a não usar ou ter em posse cigarro no pavilhão. Desta forma
fica proibido o consumo de cigarro, tabaco ou semelhante no Pavilhão de Privilégios
I. Ficando a posse ou uso sujeita à sanção disciplinar e a realocação à nível mais
severo.
g) - Os apenados para serem inclusos ou permanecerem no pavilhão de privilégios
mínimos deverão estar inseridos em algum projeto de trabalho, e/ou estudo.

Além desses, são utilizados, ainda, os critérios subjetivos, que abrangem a observação
de características comportamentais. Dependendo do comportamento do reeducando - que
abrange nível de comportamento em programas e projetos, e a interação com os pares e
servidores-, a comissão pode realocar em nível maior ou menor, por mais que o
comportamento notado não esteja documentado em livro de elogios e ocorrências. Além da
vida atual do apenado, será analisada a vida pregressa deste, a fim de decidir o nível
adequado; como também serão elencadas necessidades e aptidões, vulnerabilidade sexual (ou
comportamento agressivo) e renúncia de programas ou falso testemunho de capacidade
técnica para certa função ou trabalho37.
Vale citar que a realocação do reeducando está atrelada, ainda, ao número de vagas
ofertadas em cada nível. É a Unidade Prisional que estabelece a referida quantidade por
pavilhão e nível de privilégios, quantidade esta apresentada a cada semana pelo Chefe Geral
de Segurança. É importante que não ocorra realocação de mais de dois níveis de privilégio,
raras exceções; e não poderá haver realocação de mais de três níveis em uma mesma reunião
da Comissão. Para isso, será necessária outra reunião. A realocação em nível diferente do
avaliado somente poderá ocorrer por meio da intervenção do Diretor Geral, mesmo que seja
contrária à decisão da Comissão. Somente poderá permanecer no CRVG o apenado que tiver,
no máximo, 25 pontos no instrumento de classificação da Comissão Interna. Afora esta
pontuação, o reeducando apenas permanecerá na unidade por intervenção do Diretor Geral.
Por fim, vale citar o Pavilhão de Exceção ACUDA, do CRVG. Esse pavilhão serve
apenas para alocar apenados participantes do Projeto Iluminar, realizado pela Associação
Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso (Acuda). Este projeto oferece oficinas
de artesanato em geral, entre os quais marcenaria, tear, artes plásticas, cerâmica, reciclagem e
hortifrutigranjeiros. Há, também, cursos de terapias holísticas, banhos de argila, meditação e

37 BRASIL. PORTARIA Nº 2792/2019/SEJUS-NUCLAS de dia 28 de agosto de 2019.


artes cênicas. As ações do Iluminar são voltadas para apenados de regime fechado e
semiaberto e também ex-presidiários, somando-se mais de 700 pessoas beneficiadas. Os
privilégios do Pavilhão de Exceção são a critério exclusivo do Diretor Geral a administração.
Ao ser desligado do Projeto Iluminar sem ser por falta disciplinar, o reeducando retorna ao
nível anterior de privilégios.38
De acordo com o interesse da Classificação, os níveis de privilégios podem
compreender mais de um pavilhão, sem diferenciação das regalias entre estes. É a Comissão
Interna que reporta ao Diretor Geral a necessidade de se modificar o nível do pavilhão, para
que haja uma alguma adequação física necessária para o melhor desenvolvimento do projeto.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há muito a ressocialização do encarcerado é um direito assegurado tanto pela


Constituição Federal de 1988, quanto pela Lei de Execução Penal. Com base nisso, o presente
artigo se propôs a debater a classificação do reeducando no Centro de Ressocialização Vale
do Guaporé (CRVG) como garantia à individualização da pena e à dignidade da pessoa
humana do preso, frente à Lei de Execuções Penais.
A metodologia escolhida, basicamente o estudo documental - envolvendo aspectos
jurídicos e históricos, de textos diversos relativos à temática abordada - foi eficaz,
principalmente pelo artigo ter sido desenvolvido em época de pandemia de covid-19. Todavia,
devido à necessidade de um conhecimento mais aprofundado sobre alguns aspectos
analisados, houve visita ao Centro de Ressocialização Vale do Guaporé, no qual se pôde
observar in loco aquilo que se havia conhecido através de leituras.
Frente à seguinte problematização: a classificação do reeducando realizada pelo Vale
do Guaporé garante a individualização da pena e a dignidade da pessoa humana do apenado?,
a hipótese levantada foi a de que o sistema de classificação do apenado no citado centro
prisional asseguraria, sim, tais princípios. A hipótese era verificar se o sistema de
classificação do referido presídio do município de Porto Velho garantia, ou não, os
supracitados princípios e se favoreceria a reintegração do egresso à sociedade.
Após análise tanto da estrutura da unidade prisional, muito diversa das que
comumente são vistas pelo Brasil, nas quais imperam superlotação, desrespeitos aos direitos
dos apenados, condições subumanas e esquecimento; e do sistema de Classificação por Níveis

38 BRASIL. PORTARIA Nº 2792/2019/SEJUS-NUCLAS de dia 28 de agosto de 2019.


de Privilégios praticado no CRVG, observou-se claramente a tanto a individualização da pena
sendo garantida como o princípio da dignidade da pessoa humana do reeducando sendo
respeitado.
E isso foi garantido, principalmente, por meio da criação, por portaria, da Comissão
Interna de Classificação dos Níveis de Privilégios, a fim de deliberar sobre reclassificações de
níveis, custódias, ambientes físicos, participação de apenados em diversos programas, entre
outros. A classificação também garante a dignidade do preso, no momento em que leva em
consideração a vida pregressa de cada um, bem como as habilidades de aptidões deste.
Atuando com quatro níveis de custódia: I - Mínimo; II - Mínimo Restrito; III - Médio;
e IV - Máximo, adequa a cada conjuntos de privilégios que se vão modificando de acordo
com critérios objetivos e subjetivos do detento, tanto aumentando como diminuindo regalias
que vão desde tempo maior de banho de sol e de visitas, até participação em programas como
o Iluminar/ACUDA, que auxilia centenas de detentos e ex-detentos. O desejo de ser realocado
em nível com mais privilégios permite que, a cada dia, o reeducando modifique seu
comportamento e consiga ser reinserido na sociedade da melhor forma possível.

Por fim, vale citar que tanto o objetivo geral quanto os três objetivos específicos -
demonstrar a natureza jurídica do instituto da individualização da pena; esclarecer o sistema
de classificação utilizado pelo Centro de Ressocialização Vale do Guaporé; e verificar se o
sistema garante realmente a supracitada individualização e a dignidade da pessoa humana do
apenado foram plenamente alcançados. Todavia, importa esclarecer que este artigo é apenas
um início para uma grande jornada em busca de um conhecimento mais profundo sobre como
instituições prisionais que tratem cada interno como um ser humano único podem trazer
benefícios para a sociedade brasileira.

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