Você está na página 1de 30

CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA

CURSO DE FARMÁCIA

A IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NO CONTROLE DA


RESISTÊNCIA BACTERIANA PROVOCADA POR
AMOXICILINA.

Discentes:
Anna Fernandes Soares
Andreza Ferreira Mariano
Gabriel Gonçalves dos Santos
Rebeca Sá Diniz Gomes

Orientador:
Fernanda Verdini Guimarães Abreu

RIO DE JANEIRO
2023
1

FERNANDES, Anna; FERREIRA, Andreza; GONÇALVES, Gabriel; SÁ, Rebeca. A


Importância do Farmacêutico no Controle da Resistência Bacteriana Provocada por
Amoxicilina. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Farmácia, Centro
Universitário Celso Lisboa, Rio de Janeiro, 2023, 31p.

FERNANDES, Anna
FERREIRA, Andreza
GONÇALVES, Gabriel
SÁ, Rebeca1
GUIMARÃES, Fernanda2

A IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NO CONTROLE DA RESISTÊNCIA


BACTERIANA PROVOCADA POR AMOXICILINA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Farmácia da Universidade Celso Lisboa,
como requisito para obtenção do Bacharelado em
Farmácia.

Orientadora: Prof. Fernanda Verdini

RIO DE JANEIRO
2023

1
FERNANDES, Anna; FERREIRA, Andreza; GONÇALVES, Gabriel; SÁ, Rebeca; graduandos do
Curso de Farmácia do Centro Universitário Celso Lisboa.

2
VERDINI, Fernanda, professor(a) e orientador do Curso de Farmácia do Centro Universitário Celso
Lisboa.
2

RESUMO

O uso indiscriminado de antimicrobianos torna-se um grande problema de saúde


pública, uma vez que apresenta como uma das consequências a resistência bacteriana. Os β-
lactâmicos são a classe de antibióticos mais usada, visto que tem amplo espectro de ação, e por
ser a principal classe prescrita, também é muito comum seu uso irracional por pacientes que
não seguem as instruções farmacoterapêuticas ou pela automedicação sem acompanhamento
de um profissional de saúde, influenciando diretamente na segurança do paciente. A
amoxicilina é como o medicamento mais procurado para o combate de infecções bacterianas
por via oral, sendo um dos principais antibióticos usados de forma indiscriminada pela
população não conscientizada dos malefícios proporcionados. A assistência farmacêutica tem
o papel de contribuir para o controle da resistência bacteriana da amoxicilina, através do
monitoramento do uso indiscriminado de antimicrobianos, da conscientização populacional do
uso desses medicamentos, da revisão de prescrições e do acompanhamento da farmacoterapia.

Palavras chaves: antimicrobianos, β-lactâmicos, resistência bacteriana, uso indiscriminado de


antibióticos, assistência farmacêutica.

THE IMPORTANCE OF THE PHARMACIST IN THE CONTROL OF BACTERIAL


RESISTANCE CAUSED BY AMOXICILLIN.

ABSTRACT

The indiscriminate use of antimicrobials becomes a major public health problem, as one
of the consequences is bacterial resistance. β-lactams are the most used class of antibiotics,
since they have a broad spectrum of action, and because they are the main class prescribed,
their irrational use by patients who do not follow the pharmacotherapeutic instructions or by
self-medication without monitoring a medication is also very common. health professional,
directly influencing patient safety. Amoxicillin is the most sought-after medicine to combat
oral bacterial infections, being one of the main antibiotics used indiscriminately by the
population that is not aware of the harm it causes. Pharmaceutical assistance has the role of
contributing to the control of bacterial resistance to amoxicillin, by monitoring the
indiscriminate use of antimicrobials, raising public awareness of the use of these drugs,
reviewing prescriptions and monitoring pharmacotherapy.

Keywords: antimicrobials, β-lactams, bacterial resistance, indiscriminate use of antibiotics,


pharmaceutical assistance.
3

I. INTRODUÇÃO

1.1. Ciclo da Assistência Farmacêutica

O ciclo da Assistência Farmacêutica é a base norteadora da assistência farmacêutica,


que deverá funcionar como um todo. Suas ações são interligadas e o cumprimento de cada etapa
só poderá existir com o resultado da anterior, pois havendo falha ou ausência em alguma das
etapas, poderá acarretar o impedimento do funcionamento. As etapas consistem em: Seleção,
Programação. Aquisição, Armazenamento, Distribuição e Dispensação, expressas na figura 1.

Figura 1: Ciclo de Assistência Farmacêutica.

Seleção

Dispensação Programação

Distribuição Aquisição

Armazenamento

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Assistência Farmacêutica na Atenção Básica: instruções técnicas


para sua organização. 2002.
4

1.1.1. Seleção

É o ponto de partida do ciclo, sendo considerado uma atividade fundamental, pois a


partir da seleção que são desenvolvidas as outras etapas do ciclo. A seleção é um processo de
escolha de medicamentos que são considerados seguros e eficazes, visando atingir a
necessidade da população, tendo como base suas doenças de maior incidência, buscando
harmonizar as condutas terapêuticas, baseando-se em critérios epidemiológicos, técnicos e
econômicos. (NUNES e DA SILVA, 2002; CORADI, 2012).

O SUS disponibiliza a Relação de Medicamentos Essenciais – RENAME, ele é o


documento oficial de referência nacional, nele está disponível os medicamentos essenciais que
são considerados básicos e indispensáveis para abordar a maioria dos problemas de saúde da
população. Esse documento serve de parâmetro para outros estados e municípios selecionarem
seus medicamentos. (SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. 2018).

A escolha é realizada pela Comissão Central de Farmácia e Terapêutica (CCFT), com


o objetivo de estabelecer a Relação Estadual de Medicamentos (REME), definindo os
medicamentos a serem disponibilizados pelas Secretarias Estaduais de Saúde (SES) para a
atenção básica, média ou de alta complexidade. (CONSELHO NACIONAL DE
SECRETÁRIOS DE SAÚDE. 2007)

1.1.2. Programação

Consiste em estimar a quantidade de medicamento que precisa ser comprada para


atender a uma demanda específica de um serviço por um determinado período. Sua finalidade
é garantir a disponibilidade do medicamento em momentos oportunos para suprir a necessidade
da população e do local de cada serviço de saúde. Deve ser feita com base na RENAME,
considerando a região estabelecida, seus dados epidemiológicos, histórico de consumo e
capacidade instalada. A programação inadequada reflete diretamente o acesso e o fornecimento
de medicamentos. (CORADI, 2012; CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE
SAÚDE, 2007; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

É de suma importância que seja instalado um sistema de informações e gestão de


estoque que seja eficiente para que se possa ter dados fidedignos. (CONSELHO NACIONAL
DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007).
5

1.1.3. Aquisição

É o conjunto de procedimentos pelos quais se efetiva o processo de compra dos


medicamentos, de acordo com a programação estabelecida, com a finalidade de disponibilizar
e suprir a necessidade de medicamentos em quantidade, qualidade e menor custo/efetividade,
mantendo sempre a regularidade, o sistema abastecido e bom funcionamento (CORADI, 2012).

1.1.4. Armazenamento

Se caracteriza por um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que


englobam as atividades de recepção, estocagem, segurança, conservação dos medicamentos e
controle de qualidade seguro, garantindo a disponibilidade dos medicamentos em todos os
locais de atendimento. O gerenciamento dessa etapa deve ser adequado, a fim de reduzir as
perdas, devendo se observar alguns procedimentos e ações. Para garantir a qualidade dos
medicamentos que estão sendo armazenados, é obrigatório a obtenção do Certificado de Boas
Práticas de Armazenamento, concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) e regulamentado pela RDC no 39/2013, de 14 de agosto de 2013 (CORADI, 2012;
SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, 2018).

É também de grande relevância que o setor tenha elaborado os Procedimentos


Operacionais Padrão (POPs) para limpeza e higienização; recebimento de produtos; controle
de temperatura e umidade; sistema de controle de estoque, lotes e prazos de validade, entre
outros (SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, 2018).

1.1.5. Distribuição

É a atividade que consiste no suprimento de medicamentos às unidades de saúde, em


quantidade, qualidade e tempo oportuno. O sistema de distribuição deverá ser eficiente, pois
precisa prestar um atendimento de qualidade ao paciente, para isso, é preciso que haja rapidez
e segurança na entrega e eficiência no sistema de informação e controle (NUNES e DA SILVA,
2002; CORADI, 2012).

A distribuição começa quando é feita a requisição do medicamento pelas unidades de


saúde. O farmacêutico deverá ter um planejamento adequado, de forma que a demanda seja
atendida em tempo hábil. A diferença de tempo entre as distribuições deve ser cuidadosamente
monitorada para evitar o desabastecimento. Os custos associados à distribuição aumentam à
medida que a periodicidade diminui, por isso é necessário que haja a formalização de um
6

cronograma de distribuição, estabelecendo os fluxos, os prazos para a execução e a


periodicidade das entregas de medicamentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

1.1.6. Dispensação

Segundo a Política Nacional de Medicamentos (Portaria GM n° 3.916/98), a prescrição


é o ato de definir o medicamento a ser consumido pelo paciente, com a respectiva dosagem e
duração do tratamento; esse ato é expresso mediante a elaboração de uma receita médica, e seu
objetivo é garantir a entrega do medicamento correto ao paciente. A prescrição é o instrumento
no qual se apoia a dispensação. Deve cumprir os aspectos legais contidos na Lei n. 5991/73 e
na Resolução Anvisa, n° 10/01 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

Neste ato, o farmacêutico informa e orienta o paciente sobre o uso adequado do


medicamento e a orientação deve ser baseada em um processo de informação e educação,
fundamental para o êxito da terapêutica indicada. As informações devem ser fornecidas de
forma clara, compreensível e abrangente, dependendo das necessidades de cada indivíduo, sua
formação socioeconômica e cultural, e o tipo de medicamento prescrito. Aspectos como
contraindicação, posologia, possíveis interações medicamentosas, efeitos adversos e forma de
armazenamento devem ser orientados ao paciente (NUNES e DA SILVA, 2002).

Além da orientação, o farmacêutico deve também estar atento à adequação da prescrição


e suas particularidades. Por isso, o profissional deve se atentar a informações importantes como:
data da prescrição, informações de posologia, identificação correta do paciente e possível
ilegibilidade ou rasuras. Medicamentos de controle especial devem ser dispensados apenas
mediante apresentação de receita e preenchimento de notificação de controle especial,
conforme determina a portaria SVS/MS nº. 344/1998. As prescrições e notificações devem ser
lançadas diariamente nos registros da farmácia, onde devem permanecer arquivadas por um
período de dois anos (SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, 2018).

Seguindo um cuidado diferenciado, em casos de substâncias classificadas como


antimicrobianos, a dispensação deve ser feita mediante a retenção da 1ª (primeira) via da
prescrição. A 2ª (segunda) via é devolvida ao paciente. Essa receita tem validade de 10 dias a
contar da data de prescrição, segundo a RDC nº. 20/2011. (SECRETARIA DE SAÚDE DO
DISTRITO FEDERAL, 2018).
7

1.2. Atenção Farmacêutica

A atenção farmacêutica é a interação entre o farmacêutico e o usuário. Seu objetivo é


alcançar uma farmacoterapia racional, pretendendo a melhoria da qualidade de vida do
paciente. Segundo o Conselho Nacional de Saúde, a Assistência Farmacêutica define-se como:

“Um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto


individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o
acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e
a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação,
aquisição, distribuição, dispensação, garantia de qualidade dos produtos e serviços,
acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de
resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população" (Resolução
CNS nº 338/2004).

1.3. Automedicação

O uso descontrolado de medicamentos sem orientação de um profissional pode resultar


em uma série de problemas a saúde decorrentes de substâncias que estão presentes no
medicamento e podem gerar reações alérgicas, intoxicações, entre outros malefícios. A maioria
das pessoas se automedica por falta de orientação de um profissional, fazendo com que
recorram a orientação de pessoas mais próximas (DOURADO PAULO SÉRGIO et al, 2016).

O uso de medicamentos sem a prescrição de um profissional capacitado pode se tornar


um problema na saúde pública, levando em consideração os diversos danos que o uso irracional
destes é capaz de gerar, desde uma simples reação até a morte em casos mais graves. No Brasil
cerca de 16,1% da população, onde a maior parte é do sexo feminino, se automedica,
ocasionando riscos e efeitos adversos, de acordo a PNAUM (Pesquisa Nacional de Acesso Uso
e Promoção de Uso Racional de Medicamentos). A Tabela 1 demonstra dados do ICTG -
Instituto de Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade, quanto aos medicamentos mais
consumidos por conta própria em 2018.
8

Tabela 1: Medicações mais utilizadas na automedicação

MEDICAMENTOS AUTOMEDICAÇÃO
Analgésicos/antipiréticos
Dipirona
Acetaminofeno 48%
Ácido acetilsalicílico
Anti-inflamatórios
Diclofenaco
31%
Nimesulida
Ibuprofeno
Ação sobre o aparelho respiratório
Antigripais 15%
Antitussígenos e Expectorantes Descongestionante Nasal

Antibióticos Sistêmicos
10%
Amoxicilina
Ação sobre o trato gastrointestinal
Antiespasmódicos 10%
Dimeticona

Fonte: DA SILVA, Joycy Carvalho; QUINTILIO, Maria Salete Vaceli. Automedicação e o uso
indiscriminado dos medicamentos: o papel do farmacêutico na prevenção. Revista de Iniciação
Científica e Extensão. 2021.

Os analgésicos e os anti-inflamatórios são a primeira escolha da automedicação, pois


são procurados principalmente para alívio imediato da dor, enquanto os antigripais são
buscados por circunstâncias climáticas. Já no caso dos antibióticos geralmente são utilizados
na automedicação pela facilidade de serem adquiridos sem prescrição médica, ainda que, por
lei, as drogarias só possam dispensá-los mediante o receituário. O uso de antibióticos de forma
irracional é perigoso, pois além de contribuir para a possibilidade de efeitos adversos, pode
desenvolver no indivíduo uma resistência bacteriana. (SILVA JOYCY CARVALHO et alt,
2001).

1.4. Antibióticos

Antibióticos são substâncias capazes de inibir o desenvolvimento e o crescimento de


bactérias ou ainda causar a morte das mesmas, facilitando assim trabalho do sistema imune no
controle da infecção. Devido as ações terapêuticas bactericidas (destroem diretamente as
bactérias) e bacteriostáticas (impedem a multiplicação das bactérias), essa classe de
medicamento torna-se muito eficaz no tratamento de infeções bacterianas na atualidade, sendo
9

a principal opção farmacoterapêutica usada nesses casos (GUIMARÃES, DENISE OLIVEIRA


et Al, 2010).

As infeções bacterianas, como por exemplo pneumonia, tuberculose, tétano, gonorreia,


disenteria, sífilis, entre outras, são doenças causadas por bactérias patogênicas que são
transmitidas através do contato ou transferência da bactéria em questão ou por consumo de água
e alimentos contaminados (SILVEIRA, GUSTAVO POZZ et al, 2006).

O mecanismo inibitório dos antimicrobianos varia de acordo com a classe dos mesmos.
Os antibióticos de origem natural ou semi-sintéticos são os β-lactâmicos, tetraciclinas,
aminoglicosídeos, macrolídeos, peptídicos cíclicos, estreptograminas, entre outros, já os
sintéticos incluem as sulfonamidas, fluoroquinolonas e oxazolidinonas (GUIMARÃES,
DENISE OLIVEIRA et Al, 2010).

Para a determinação do fármaco a ser usado devem ser feitos exames de cultura e testes
de sensibilidade a antibióticos, no entanto o tratamento inicia- se antes do resultado das culturas,
e o protocolo de escolha do antibiótico deve ser feito considerando os microrganismos
infectantes mais prováveis, onde normalmente é recomendável um antibiótico de largo
espectro, aumentando assim o alcance do fármaco. A Tabela 2 exibe as classes de antibióticos,
seus alvos terapêuticos e mecanismos de ação.

Tabela 2: Antibióticos e Mecanismos Farmacológicos

Fonte: GUIMARÃES; MOMESSO; PUPO. Antibióticos: importância terapêutica e perspectivas para


a descoberta e desenvolvimento de novos agentes. 2010.
10

Os principais efeitos adversos dos antibióticos são os distúrbios gastrointestinais como


diarreia e vômitos; alterações hematológicas devido a alteração do funcionamento da medula
óssea, como eosinofilia, leucopenia e trombocitopenia; além de reações cutâneas. O uso
excessivo também pode levar a alteração no funcionamento do fígado, devido elevação das
enzimas hepáticas e sobrecarga renal, que ocorre graças aos resíduos produzidos na
metabolização do uso excessivo dos fármacos (PIGNATARI, ANTONIO CARLOS et al,
2016).

Além dos efeitos citados anteriormente, o principal efeito adverso devido ao uso
indiscriminado de antibióticos é a resistência bacteriana, que se tornou um dos problemas de
saúde pública com maior relevância clínica, uma vez que tem dificultado o controle e
tratamento das infeções bacterianas, favorecendo a diminuição da eficácia terapêutica e
promovendo a transmissão de infeções a outros indivíduos (SANTOS, NEUSA DE QUEIROZ,
2004).

A resistência bacteriana trata-se de uma resposta das bactérias ao tratamento


bruscamente interrompido ou não adequado, impossibilitando a total remoção bacteriana,
propiciando mutações genéticas nas bactérias restantes, que acabam adquirindo assim alta
capacidade de adaptação a exposição a antibióticos. Os principais antibióticos que sofrem esse
problema são as penicilinas, meticilinas, cefalosporina, além de tetraciclinas e eritromicinas,
uma vez que são extensivamente usados pela população (SANTOS, NEUSA DE QUEIROZ,
2004).

II. OBJETIVO GERAL

Ressaltar a importância da assistência farmacêutica no controle da resistência bacteriana


a amoxicilina.

II.I. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Apresentar o papel da atenção farmacêutica na conscientização do uso racional de


antibióticos.
• Discorrer sobre o mecanismo de ação das penicilinas, destacando a amoxicilina.
• Relatar os fatores que influenciam no desenvolvimento de resistência bacteriana provocada
por amoxicilina.
11

III. METODOLOGIA

Para a construção deste artigo caracterizou-se o método qualitativo em pesquisa


bibliográfica, realizando um levantamento de artigos científicos nas seguintes plataformas:
PubMed, Scientific Electronic Library Online (Scielo), MedLine e Google Acadêmico. Foram
utilizados livros, artigos e revistas eletrônicas relacionados ao tema abordado. O período de
busca ocorreu entre outubro de 2022 e maio de 2023, somando 40 trabalhos ao todo. Para
realização do trabalho foram utilizados materiais nacionais e internacionais, nas línguas
portuguesa, inglesa e espanhola.

IV. DESENVOLVIMENTO

1. Principais classes de antibióticos prescritas

O objetivo da terapia farmacológica antimicrobiana é eliminar os patógenos por


toxicidade seletiva, ou seja, o mecanismo de ação do fármaco se dá pela inibição de vias ou de
alvos que são críticos para a sobrevida e a replicação de patógenos (GOLAN et al. 2009). Cada
antimicrobiano é eficaz apenas contra certos tipos de bactérias, por isso são agrupados em
classes com base em sua estrutura química e similaridade de efeito farmacológico. Entre os
antibióticos mais prescritos estão as penicilinas e cefalosporinas pertencentes a classe dos β-
lactâmicos, seguindo os macrolídeos, quinolonas e fluoroquinolonas (VON NUSSBAUM et al,
2006).

1.1. β-lactâmicos

Esses antimicrobianos pertencem a classe maior e mais amplamente prescrita de


antibióticos (Figura 2) (Tabela 3), que inibem a síntese da parede celular das bactérias. Os
diferentes agentes pertencentes a essa classe variam na sua estrutura química, no entanto têm
um elemento estrutural farmacofórico em comum, o anel azetidinona de quatro membros (anel
β-lactâmico). Esse anel impede a ligação dos polímeros de mureína, que constituem a parede
celular bacteriana, através da inibição irreversível da enzima transpetidase. Possuem amplo
espectro de atividade antibacteriana, eficácia clínica e excelente perfil de segurança (VON
NUSSBAUM et al, 2006).
12

Figura 2: Vendas globais das principais classes de antibióticos em 2004.

Fonte: VON NUSSBAUM, Franz et al. Cover Picture: Antibacterial Natural Products in
Medicinal Chemistry - Exodus or Revival?; 2006.

Tabela 3: Principais classes de antibióticos orais e agentes prescritos nos EUA em 2021.

Fonte: Centers for Disease Control and Prevention. Outpatient antibiotic prescriptions - United
States, 2021.

As subclasses de agentes β-lactâmicos são divididas em quatro grupos, são elas as


penicilinas, as cefalosporinas, os monobactâmicos e os carbapenemos (Figura 3), esses
compostos se diferem uns dos outros estruturalmente nos substituintes químicos fixados ao anel
β-lactâmico (em azul) que expandem o espectro de ação desses fármacos, buscando evitar o
desenvolvimento da resistência aos antibióticos. O anel β-lactâmico é que confere aos agentes
a sua capacidade de bloquear a reação de transpeptidação (GOLAN et al. 2009).
13

Figura 3: Características estruturais dos antibióticos β -lactâmicos.

Fonte: GOLAN, David et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da


farmacoterapia, 2009.

2. Penicilinas

A penicilina foi descoberta por Alexander Fleming em 1928 enquanto estudava um meio
de cultura de bactérias do gênero Staphylococcus, Fleming observou que havia se formado um
bolor contaminando uma de suas culturas, o qual teria provocado a morte dessas bactérias.
(CALIXTO, 2012).

Depois de fazer esta observação, Fleming isolou o bolor e descobriu que pertencia a
fungos do gênero Penicillium, dando à substância o nome de penicilina. Também foi descoberto
que a substância foi capaz de parar o crescimento de muitas bactérias comuns que afetavam os
seres humanos. (CALIXTO, 2012).

Figura 4: Cultura de Fleming (foto original)

Fonte: B-Lactam Antibiotics. The background to their use as therapeutic agents by Prof. M. H.
Richmond.Department of Bacteriology - University of Bristol, University Walk. Bristol, England.
1981.
14

A penicilina é um polipeptídio cuja estrutura química apresenta um anel β-lactâmico e


é derivada do ácido 6-aminopenicilânico. Seu grupo farmacofórico impede a síntese da parede
celular, estrutura encontrada apenas em microrganismos e responsável pelas funções de
proteger, sustentar e manter a forma das bactérias, desse modo, a inibição da síntese leva à
morte celular. Portanto, os antibióticos que inibem a síntese da parede celular têm um efeito
bactericida. É importante destacar que eles não podem atuar em paredes celulares já formadas
e a condição necessária para a ação bactericida desses antibióticos é que os microrganismos
estejam se multiplicando e sintetizando paredes celulares. (MURO, 2009). A figura 5 exibe a
estrutura geral da penicilina.

Figura 5: Estrutura geral das penicilinas

Fonte: AZEVEDO, Silvia. Farmacologia dos Antibióticos Beta-lactâmicos, 2014.

A penicilina natural é produzida pelo Penicillium chrysogenum, se certos precursores


são adicionados ao meio, diferentes antibióticos são produzidos. Por exemplo, a adição de ácido
fenilacético produz penicilina G, também conhecida como benzilpenicilina. Se for adicionado
ácido fenoxiacético, obterá penicilina V ou fenoximetilpenicilina (AZEVEDO, 2014).

Dentro da classe das penicilinas tem-se a amoxicilina, um antimicrobiano β-lactâmico,


cuja ação é bactericida, ou seja, interfere na síntese da parede celular das bactérias impedindo
seu crescimento (REIS, 2015).

A amoxicilina atua tanto no combate das bactérias gram-positivas aeróbias, tais como:
Enterococus faecalis, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus, quanto nas gram-
negativas, exemplificadas por Hemophilus influenzae, Escherichia colli e Helicobacter pylory.
15

É administrada por via oral, seu metabolismo de ação ocorre no fígado e a excreção é via renal,
onde cerca de 60% a 70% é excretado inalterado na urina. É indicado para infecções urinárias,
respiratórias e profiláticas (REIS, 2015).

Tabela 4: Guia sobre a Amoxicilina.

Fonte: MELO, Vianne et al. Guia de antimicrobianos, 2012.

A escolha mais conveniente da utilização das penicilinas é feita considerando o seu


espectro de atividade antimicrobiana, como demonstra a tabela 5 a seguir (GOODMAN E
GILMAN, 2010).
16

Tabela 5: Classificação das penicilinas e suas principais propriedades antimicrobianas

Fonte: GOODMAN, L e GILMAN, A. As bases farmacológicas da terapêutica, 2010.

3. Amoxicilina

De acordo com a EMS, um dos laboratórios farmacêuticos brasileiros que produz o


medicamento, a amoxicilina é indicada para o tratamento de infecções bacterianas causadas por
microrganismos que sejam susceptíveis ao componente do medicamento. São elas:

• Doenças infecciosas do trato respiratório superior: otite, amigdalite e sinusite;


• Doenças infecciosas do trato respiratório inferior: pneumonia e broncopneumonia;
• Infecções gastrointestinais: febre tifoide
• Infecções no trato urogenital: infecções urinárias, pielonefrite, uretrite;
• Tratamento intravenoso em infecções como a sepse
• Infecções na pele, ossos e vesícula.

Devido à sua rápida absorção, os indícios de que o medicamento está fazendo efeito no
organismo se dá a partir das primeiras 48 horas. No entanto, isso vai depender de qual infecção
está sendo tratada no momento (MD SAÚDE, 2022).

3.1. Posologia

A amoxicilina pode ser encontrada em diferentes formas e doses para sua utilização,
como comprimidos de 250mg, 500mg ou 875mg e xarope 125mg/5ml, 200mg/5ml ou
400mg/5ml (MD SAÚDE, 2022).
17

A forma de uso prescrita nas receitas é de 500mg, de 8 em 8 horas ou 875mg de 12 em


12 horas. Em casos de situações infecciosas graves, a dosagem pode ser aumentada para
1000mg de 8 em 8 horas. Quando se trata do período de tratamento, os médicos prescrevem
habitualmente aos pacientes, que utilizem o medicamento de 7 a 14 dias variando conforme o
caso a ser tratado (MD SAÚDE, 2022).

O medicamento em forma de comprimido pode ser ingerido com o auxílio de um copo


d’água e não há problemas caso o estômago esteja vazio. Para casos especiais em que o paciente
possua alguma restrição (em casos de insuficiência renal crônica e hemodiálise), o ajuste da
posologia deve ser realizado seguindo os critérios da taxa de filtração glomerular (TFG), que é
utilizada para a medição da posologia:

• TFG maior ou igual a 30mL/minuto: dispensável o ajuste;


• TFG de 10 a 30mL/minuto: 250 a 500mg para cada 12 horas;
• TFG menor que 10mL/minuto: 250 a 500mg para cada 24 horas.

Para casos em que a pessoa realiza hemodiálise, considera-se a posologia de 250 a


500mg para cada 24 horas e o medicamento deve ser administrado após a sessão (MD SAÚDE,
2022).

3.2. Efeitos adversos

Como toda substância medicamentosa, a Amoxicilina também possui efeitos adversos


que ocorrem em quem está fazendo seu uso. Apesar da taxa baixa de ocorrências, o
medicamento pode causar diarreia, cólicas, náuseas, exantema (manchas avermelhadas na
pele), candidíase vaginal, reações de hipersensibilidade, reações cutâneas, como a dermatite
bolhosa ou esfoliativa, e reações alérgicas graves, o que inclui o edema angioneurótico e
anafilaxia (SANARMED, 2020).

Outros efeitos que são raramente relatados também podem acontecer como: candidíase
intestinal e colite; efeitos hematológicos com leucopenia reversível, trombocitopenia reversível
e prolongamento do tempo de sangramento. Efeitos sobre o Sistema Nervoso Central também
são notados, porém de forma rara, são eles: hiperatividade, agitação, ansiedade, insônia,
confusão mental e mudanças no comportamento. Tais sintomas podem ser mais perceptíveis
em pessoas que possuem hipersensibilidade a penicilinas ou tenham algum histórico de
alergias, asma, febre do feno ou até mesmo a urticária (SANARMED, 2020).
18

3.3. Cuidados em seu uso

A amoxicilina não pode ser ingerida por pessoas que apresentam alergias a antibióticos
β-lactâmicos. Para casos de monocleose, problemas no fígado ou renais, o paciente precisa
informar ao médico antes de iniciar o tratamento com o antibiótico para que não venha a agravar
o problema devido ao medicamento ingerido. Dependendo da situação e da gravidade, poderá
haver ajuste da dose ou até mesmo a suspensão do uso da Amoxicilina e a substituição por outro
medicamento alternativo (EMS, 2022).

Em casos em que o paciente possui a doença chamada Fenilcetonúria, o mesmo deve


informar ao médico, pois o uso do antibiótico nestes casos pode auxiliar no crescimento da
resistência das bactérias ao tratamento (EMS, 2022).

Para pacientes gestantes, é possível o tratamento com a Amoxicilina desde que os riscos
sejam menores que os benefícios potenciais para o tratamento. No entanto, não é recomendado
que gestantes façam o seu uso, desde que seja estritamente recomendado pelos seus médicos.
Em caso de amamentação, não há restrições (EMS, 2022).

É importante evidenciar também as possíveis interações medicamentosas desse


fármaco, como:

• Medicamentos para tratamento de gota, como a probenecida ou alopurinol;


• Outros antibióticos;
• Pílulas anticoncepcionais (talvez sendo necessário a utilização de um método contraceptivo
extra durante o uso do antibiótico);
• Anticoagulantes.

Caso o paciente esteja em tratamento com algum desses medicamentos, deve relatar
com antecedência ao médico, antes de iniciar o tratamento com o antibiótico (EMS, 2022).

3.4. Consumo de Amoxicilina no Brasil

Com aproximadamente 65 países, a OMS (Organização Mundial da Saúde) trouxe em


2018 um estudo sobre o consumo dos antibióticos para a saúde humana, esse estudo traz
diversas evidências e diferenças entre o consumo por diversos locais do mundo. Foi visto que
o Brasil apresenta uma média superior de consumo de antibióticos se comparado com os países
da Europa e se torna líder quando colocado contra os países da região das Américas. Conforme
19

demonstrado na figura 6 abaixo, o Brasil consome uma média de 22,7 doses diárias a cada mil
habitantes e ele fica à frente da Bolívia (19,57), Paraguai (19,38), Canadá (17,05), Costa Rica
(14,18) e Peru (10,26) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2018).

Figura 6: Doses diárias a cada mil habitantes.

Fonte: OMS. Adaptado de WHO Report on Surveillance of Antibiotic Consumption, 2018.

Quando se trata do tipo de antibiótico mais utilizado pela população, é possível destacar
que a Amoxicilina se encontra como o medicamento mais procurado para o combate de micro-
organismos bactericidas por via oral. No entanto, quando a administração é por meio de outras
vias de acesso, o mais procurado é o Gentamicina. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE, 2018).
20

Figura 7: Doses diárias a cada mil habitantes (via oral).

Fonte: OMS. Adaptado de WHO Report on Surveillance of Antibiotic Consumption, 2018.

Figura 8: Doses diárias a cada mil habitantes (outras vias).

Fonte: OMS. Adaptado de WHO Report on Surveillance of Antibiotic Consumption, 2018.

4. Resistência Bacteriana

A origem da resistência bacteriana frente aos antibióticos é datada praticamente junto a


introdução desses fármacos na terapêutica. O primeiro antibiótico de origem sintética foi criado
em 1910 por Paul Ehrlich, chamado “Salvarsan”, para combater a sífilis. Contudo, o grande
marco do desenvolvimento de antibióticos foi a descoberta da penicilina G. A classe se
21

popularizou durante os conflitos da segunda guerra mundial, onde eram utilizados para tratar
as infecções provenientes das feridas dos combatentes. A partir disto, a utilização de
antibióticos de forma indiscriminada tornou-se “febre”, fazendo com que surgissem as
primeiras cepas resistentes a penicilina, incentivando também a criação de novos antibióticos
por parte da indústria (LIMA et al, 2017).

A resistência a penicilina é intensamente ampliada quando as cepas produtoras de β-


lactamases, ganham força através do uso das penicilinas sem critérios definidos e, em muitos
casos, de maneira irracional (para tratar dor ou febre sem etiologia bacteriana). Desse modo, o
uso indiscriminado e irracional das penicilinas segue como fator importante no surgimento da
resistência bacteriana, uma vez que esta é uma das classes mais prescritas no mundo (LIMA et
al, 2017).

Frente a isso, a indústria produziu, ao longo das décadas, antibióticos de diferentes


classes para expandir a cobertura de tratamento àquelas bactérias que se mostraram resistentes
as classes coexistentes. Um exemplo disto foi a introdução dos carbapenêmicos, que foram de
grande relevância no combate as bactérias produtoras de β-lactamases (resistentes
especialmente às penicilinas), além de promoverem uma ação potente tanto para bactérias
gram-positivas quanto gram-negativas. Entretanto, até mesmo os carbapenêmicos encontraram
sua resistência na bactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC), uma superbactéria
multirresistente que se disseminou através da mobilização por plasmídeos, compreendendo a
forma de resistência dita como adquirida (LIMA et al, 2017).

4.1. Formas de resistência bacteriana

É possível classificar a resistência de um microrganismo ao fármaco a ele direcionado


de duas formas; intrínseca ou adquirida. Intrínseca é aquela relativa as características naturais
do microrganismo, portanto, são transmitidas por herança genética. Já adquirida, não ocorre de
maneira natural, é necessário o surgimento de uma nova característica em uma cepa que possua
a capacidade de disseminar-se e tornar-se prevalente (DEL FIO et al, 2000).

O que determina a resistência do tipo intrínseca é a inexistência de uma estrutura alvo


(receptor) na parede ou membrana celular da bactéria. Se por suas características naturais o
microrganismo não apresentar uma estrutura alvo, ou ainda, não apresentar uma estrutura
correspondente ao fármaco direcionado, não ocorrerá interação química entre receptor-
fármaco, condicionando uma resistência intrínseca daquela bactéria ao antibiótico em questão.
22

Um exemplo é a relação entre penicilina (inibidores da síntese da parede celular) com


micoplasmas, que não possuem essa estrutura celular, portanto, a penicilina não tem alvo de
ação nesses microrganismos. Trata-se de características fenotípicas passadas de geração em
geração sem perda da característica original. Contudo, a resistência intrínseca ou natural é
previsível, desde que se conheça o patógeno infectante e o mecanismo de ação do fármaco
disponível clinicamente (DEL FIO et al, 2000).

A resistência do tipo adquirida ocorre quando surge uma nova característica em uma
espécie bacteriana que anteriormente se mostrava sensível ao fármaco utilizado, na qual não
estava presente nas células progenitoras. Essa mudança é fruto de alterações genéticas
cromossômicas, ou através de plasmídeos, que ocorrem por busca de adaptação das bactérias
em resposta a substância que lhe é nociva (fármaco). Uma única alteração no material genético
pode ser suficiente para gerar a resistência ao antibiótico. Essa alteração culmina em
modificações estruturais e/ou bioquímicas que, se capazes de se distribuir, originam uma nova
cepa resistente (DEL FIO et al, 2000).

4.2. Fatores que contribuem para resistência bacteriana

Quando se avalia as causas para o surgimento da resistência bacteriana é inevitável a


correlação ao uso irracional dos antibióticos. Desta forma, podemos associar o uso
indiscriminado diretamente a automedicação, prática comum no Brasil. Moraes, et al (2016, p.
7) “estima-se que 80 milhões de brasileiros são adeptos da automedicação, sendo o Brasil o
quinto país do mundo que mais se automedica”. Essa alta adesão da população à automedicação
cria um cenário preocupante em relação as consequências deste fato para a saúde pública e,
somado ao grande volume de drogarias pelo país, que dificulta a fiscalização por parte dos
órgãos competentes, viabiliza ainda mais a venda dos antibióticos sem prescrição (MORAES
et al, 2016).

Porém, este não é o único fator que pode influenciar o desenvolvimento deste problema
na saúde pública, outros fatores também podem contribuir para a construção de bactérias
resistentes aos tratamentos atualmente oferecidos como: a má capacitação de profissionais de
saúde; a ausência de programas efetivos de conscientização do uso apropriado dos antibióticos,
tanto para os profissionais quanto para população geral; a falta de saneamento básico, que leva
a contaminação da população por bactérias intrinsecamente resistentes; e o ambiente de
23

internações hospitalares, berço de bactérias multirresistentes e local de altos riscos de


contaminação cruzada. (LIMA et al, 2017).

4.3. Contexto Hospitalar

O meio hospitalar é notadamente um local propício para disseminação de bactérias


resistentes por conta da soma de dois fatores: ambiente fechado e pacientes imunologicamente
fragilizados. Os hospitais, em especial aqueles que possuem centros cirúrgicos e unidades de
terapia intensiva, são ambientes muito favoráveis a instalação de bactérias multirresistentes.

Segundo Santos (2004), “Num grande hospital universitário, demonstrou-se que as


infecções atribuídas a bacteriemias adquiridas naquele hospital aumentaram o tempo da
permanência do paciente na UTI por um período de 8 dias e, o tempo de hospitalização por 14
dias, sendo que as bacteriemias foram responsáveis por uma taxa de mortalidade de ordem de
35%”. A partir disto, é possível afirmar que a hospitalização não é sinônimo de recuperação do
paciente, tendo em vista que os hospitais são fontes importantes de infecções, em sua maioria
bacterianas. Esse ambiente propício permite que as bactérias antibiótico-resistentes se
desenvolvam e acometam pacientes já fragilizados, reduzindo a expectativa de alta do
indivíduo, pois perde-se tempo buscando um tratamento eficaz, enquanto o quadro do paciente
piora. Neste sentido, o monitoramento epidemiológico interno do hospital, bem como as boas
práticas de paramentação e higienização dos profissionais de saúde, são fundamentais no
controle de risco para os pacientes (SANTOS, 2004).

4.4. Prejuízos

A resistência bacteriana aos medicamentos aumenta os custos e prolonga o tempo de


tratamento e/ou a internação do paciente. À medida que os antibióticos se tornam menos
eficazes, a infecção tende a aumentar, causando mais repercussões fisiológicas e piorando o
estado de saúde do paciente, podendo levar ao óbito.

Como já expressado neste estudo, os prejuízos das bactérias antibiótico-resistentes são


muito nocivos ao indivíduo acometido por elas, porém, não se limita ao caráter individual, trata-
se de um dos problemas mais relevantes na saúde pública mundial. De acordo com Jim O’Neil
(2014), citado por Oliveira, et al (2020, p. 184), “Em um estudo feito por Jim O’Neil,
economista britânico, dez milhões de mortes ocorrerão ao ano em 2050, devido a resistência
microbiana e esse impacto será grande na economia mundial, sendo de aproximadamente cem
24

trilhões de dólares”, portanto, esse importante tema de saúde global deve ser encarado com a
seriedade e agilidade necessária (OLIVEIRA et al, 2020).

No caso da amoxicilina propriamente, um estudo acerca do conhecimento da população


em relação ao antibiótico constatou números que representam a cultura do uso irracional desta
medicação, contribuindo para diminuição da cobertura de tratamento do fármaco. O referido
estudo contou com a participação de 104 usuários de uma Unidade de Saúde, dentre homens e
mulheres, de idades variadas. Dentre os usuários, um número elevado (38%) afirmou utilizar
medicamentos em casos de dor e, quando questionados sobre quais medicações utilizavam,
13,4% disseram utilizar amoxicilina. Além disso, 86,5% responderam saber a finalidade do uso
de antibióticos, mas quando questionados em quais casos utilizavam, 26,9% disseram utilizar
para inflamações (DE SOUZA et al, 2019). É nítido que a população geral carece de
informações acerca do uso de antibióticos, quanto mais do seu uso correto.

5. O Farmacêutico No Controle Do Uso Indiscriminado De Amoxicilina

A importância do farmacêutico no controle do uso de amoxicilina passa pelo seu papel


como profissional preparado para orientar pacientes quanto a utilização correta do
medicamento, garantindo que recebam o tratamento adequado e prevenindo o desenvolvimento
de resistência aos antibióticos. Os farmacêuticos podem desempenhar um papel vital na redução
do uso excessivo e indevido de antibióticos, por meio de intervenções como programas de
administração de antibióticos, educação do paciente e diretrizes de prescrição de antibióticos
(PONTO, JAMES et al, 2010).

O profissional farmacêutico pode buscar educar os pacientes sobre o uso adequado de


amoxicilina, explicando a importância de seguir o tratamento completo conforme prescrito e
ressaltando as consequências de interrompê-lo. É parte da atenção farmacêutica fornecer
informações sobre as interações com antibióticos, como com antiácidos ou bebidas alcóolicas.
Bem como orientar sobre o não compartilhamento de antibióticos com outras pessoas e evitar
o uso desnecessário dos próprios (BOBAK et al, 2022).

Além disso, os farmacêuticos podem trabalhar com outros profissionais de saúde para
implementar programas de administração de antibióticos - por meio de pesquisas - que
promovam o uso apropriado de antibióticos, incluindo a amoxicilina. Isso pode incluir o
desenvolvimento de diretrizes para prescrição de antibióticos, monitoramento do uso e
fornecimento de feedback aos prescritores (ANVISA, 2017).
25

Atuando nas enfermarias ou unidades de terapia intensiva (UTI’s), foco de bactérias


resistentes, o farmacêutico clínico pode participar ativamente no tratamento dos pacientes,
avaliando seus quadros clínicos e prescrições. Com a colaboração de outros profissionais de
saúde, a participação do farmacêutico na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)
tem o potencial de reduzir a disseminação de resistência bacteriana com o uso apropriado dos
antibióticos, mediante cada caso, também favorecendo o uso correto da amoxicilina. A
amoxicilina é um medicamento com ampla cobertura terapêutica, importante dado seu custo-
benefício, portanto, a implementação de programas no momento atual é fundamental para evitar
a redução seu espectro de ação e impedir que a longo prazo a amoxicilina se torne um
antibiótico ineficaz (DA COSTA et al, 2020).

V. CONCLUSÃO

Este trabalho buscou compreender a importância do farmacêutico no controle da


resistência bacteriana provocada por amoxicilina, traçando uma linha a partir do ciclo de
assistência farmacêutica, analisando as características clínicas e farmacológicas da amoxicilina
e relacionando-as com a resistência bacteriana gerada a partir dos fatores que abrangem sua
utilização. É indubitável que a resistência bacteriana aos antibióticos já se tornara uma pauta
relevante no contexto de saúde global, portanto, é necessário compreender os mecanismos que
levam a este fato, baseando-se no agente antibiótico mais prescrito no Brasil e em outras partes
do mundo.

Com isso, a hipótese da relação entre resistência bacteriana e a utilização inadequada da


amoxicilina torna-se evidente, projetando o farmacêutico como peça importante no combate
desta adversidade, seja prestando assistência farmacêutica no varejo ou na elaboração de
programas de administração de antibióticos no contexto hospitalar. A conscientização da
população em caráter nacional, semelhantes a campanhas de vacinação, com a finalidade de
alertar a população das consequências do uso indiscriminado de antibióticos também são
medidas imprescindíveis para fazer valer o esforço dos profissionais de saúde.
26

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] NUNES, Jarbas Tomazoli; DA SILVA, Luciene Alice. Assistência farmacêutica na atenção
básica: instruções técnicas para a sua organização. Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde,
2002. Acessado em: 03/10/2022.

[2] CORADI, Ana Elisa Prado. A importância do farmacêutico no ciclo da Assistência


Farmacêutica. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, v. 37, n. 2, 2012. Acessado em: 03/10/2022.

[3] SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. Diretoria de Assistência


Farmacêutica/CATES/SAIS/SES, Manual Assistência Farmacêutica, 2018. Acessado em: 05/10/2022.

[4] CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE. Assistência Farmacêutica no


SUS, v 07. 2007. Acessado em: 05/10/2022.

[5] MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.


Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Assistência farmacêutica na atenção
básica: instruções técnicas para sua organização (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Diretrizes para
estruturação de farmácias no âmbito do Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde,
2009b.(Série A. Normas e Manuais Técnicos), 2014. Acessado em: 05/10/2022.

[6] PEREIRA, Francis S. V. T.; BUCARETCHI, Fábio; STEPHAN, Celso; CORDEIRO,


Ricardo. Automedicação em crianças e adolescentes. Automedicação , Jornal de Pediatria, ano 2007, v.
Vol.83, ed. No5, p. 453-458, 14 maio 2007. Acessado em: 05/10/2022.

[7] SILVA, Joycy Carvalho; QUINTILIO, Maria Salete Vaceli. AUTOMEDICAÇÃO E O USO
INDISCRIMINADO DOS MEDICAMENTOS: O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA PREVENÇÃO.
Automedicação; Uso Indiscriminado de Medicamentos; Assistência Farmacêutica., Faculdade de
Ciências e Educação Sena Aires. Goiás, Brasil., p. 685 - 692, 17 set. 2001. Acessado em: 05/10/2022.

[8] DOURADO, Paulo Sérgio. Prevalence of self-medication in Brazil and associated factors.
Analisar a prevalência e os fatores associados à utilização de medicamentos por automedicação no
Brasil., [s. l.], p. 1-4, 4 jul. 2016. Acessado em: 05/10/2022.

[9] DA SILVA, Joycy Carvalho; QUINTILIO, Maria Salete Vaceli. Automedicação e o uso
indiscriminado dos medicamentos: o papel do farmacêutico na prevenção. Revista de Iniciação
Científica e Extensão, v. 4, n. 2, p. 685-92, 2021. Acessado em 05/10/2022.

[10] GUIMARÃES, Denise Oliveira; MOMESSO, Luciano da Silva; PUPO, Mônica Tallarico.
Antibióticos: importância terapêutica e perspectivas para a descoberta e desenvolvimento de novos
agentes. Química Nova, v. 33, p. 667-679, 2010. Acessado em: 05/10/2022.
27

[11] SANTOS, Neusa de Queiroz. A resistência bacteriana no contexto da infecção hospitalar.


Texto & Contexto-Enfermagem, v. 13, p. 64-70, 2004.

[12] SILVEIRA, Gustavo Pozza et al. Estratégias utilizadas no combate a resistência bacteriana.
Química Nova, v. 29, p. 844-855, 2006. Acessado em: 05/10/2022.

[13] PIGNATARI, Antonio Carlos Campos; MYAKE, Monica Menon. Uso inadequado de
antibióticos em infecções do trato respiratório superior: é tempo de agir. Brazilian Journal of
Otorhinolaryngology, v. 82, p. 121-122, 2016. Acessado em: 05/10/2022.

[14] GOLAN, David et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia.


In: Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 2009. Disponível em: <
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-591616>. Acesso em: 12/02/2023.

[15] KATZUNG, B. G.; MASTERS, S. B.; TREVOR, A. J. Farmacologia Básica e clínica 12a
edição. AMGH editora ltda. Porto Alegre–RS, 2014.

[16] VON NUSSBAUM, Franz et al. Cover Picture: Antibacterial Natural Products in Medicinal
Chemistry - Exodus or Revival? (Angew. Chem. Int. Ed. 31/2006). Angewandte Chemie International
Edition, v. 45, 2006.

[17] GUIMARÃES, Denise Oliveira; MOMESSO, Luciano da Silva; PUPO, Mônica Tallarico.
Antibióticos: importância terapêutica e perspectivas para a descoberta e desenvolvimento de novos
agentes. Química Nova, 2010. Disponível em < https://doi.org/10.1590/S0100-40422010000300035>.
Acesso em: 12/02/2023.

[18] Centers for Disease Control and Prevention. Outpatient antibiotic prescriptions — United
States, 2021. Acesso em: 12/02/2023.

[19] Wood Mackenzies Productview. Disponível em <http://www.woodmac.com/


pharmabiotech>. Acesso em: 12/02/2023.

[20] MURO, Luís Fernando Ferreira ; AZEVEDO , Fernando Felipe ; MARQUES , Manoel
Eduardo De Oliveira ; BORALLI, Igor Camargo; BOTTURA, Carlos Renato Prado; NEGRI, Daísa De
. Farmacocinética e dinâmica da penicilina. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE
MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353, 2009. Disponível
em:http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/l8RivA0KWMiPmJw_2013-6-21-
11-2-8.pdf. Acesso em: 07/02/2023.

[21] AZEVEDO, Sílvia Marisa Moreira. Farmacologia dos Antibióticos Beta-


lactâmicos. Repositório Institucional da Universidade Fernando Pessoa, 2014. Disponível em:
http://hdl.handle.net/10284/4412. Acesso em: 07/02/2023.
28

[22] CALIXTO, Carolina Maria Fioramonti; CAVALHEIRO, Éder Tadeu Gomes. Penicilina:
Efeito do Acaso e Momento Histórico no Desenvolvimento Científico. Química Nova na Escola
(QNEsc), 2012. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_3/03-QS-92-11.pdf. Acesso
em: 07/02/2023.

[23] RICHMOND, Mark H. B-Lactam Antibiotics: the background to their use as therapeutic
agents. In: B-Lactam Antibiotics: the background to their use as therapeutic agents. 1981. p. 116-116.

[24] MELO, Vianne Vieira; DUARTE , Izabel De Paula; SOARES, Amanda Queiroz. GUIA
DE ANTIMICROBIANOS. Saúde direta, 2012. Disponível em:
<https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1415789307Guia_de_Antimicrobianos_do_HC-
UFG.pdf>. Acesso em: 10/02/2023.

[25] GOODMAN, L.S. e GILMAN, A. As bases farmacológicas da terapêutica. 11. ed. Rio de
Janeiro: McGraw-Hill, 2010. Acesso em: 10/02/2023.

[26] REIS, C.E. Estudo da Eficácia da Amoxicilina Incorporadas em membranas de látex.


[Trabalho de Conclusão de Curso], Instituto Municipal de Ensino superior de Assis. 2015. 66 p. Acesso
em: 10/02/2023.

[27] World Health Organization. WHO Report on Surveillance of Antibiotic Consumption,


2018. Disponível em <https://www.who.int/publications/i/item/9789241514880>. Acessado em:
05/02/2023.

[28] CARNEIRO, João Paulo Oliveira; FEITOSA, Luana Thaís Silva. 2020. Resumo:
Amoxicilina | Ligas, 2020. Disponível em <https://www.sanarmed.com/resumo-amoxicilina-ligas>.
Acessado em: 05/02/2023.

[29] AMOXICILINA: Comprimidos. Responsável técnico Ronoel Caza de Dio. São Paulo:
EMS, 2014. Disponível em:
<https://www.ems.com.br/arquivos/produtos/bulas/bula_amoxicilina_10276_1431.pdf.>. Acesso em:
05/02/2023.

[30] LIMA, Camila Correa; BENJAMIM, Sandra Cristina Calixto; SANTOS, Rosana Francisco
Siqueira dos. Mecanismo de resistência bacteriana frente aos fármacos: uma revisão. CuidArte,
Enferm, p. 105-113, 2017. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/bde-
31632>. Acesso em: 07/02/2023

[31] DEL FIO, Fernando de Sá; MATTOS FILHO, T. R.; GROPPO, Francisco Carlos.
Resistência bacteriana. Rev. Bras. Med, v. 57, n. 10, p. 1129-1140, 2000. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Fernando-Del-
Fiol/publication/257645108_Resistencia_Bacteriana/links/0deec5323c888b5bec000000/Resistencia-
Bacteriana.pdf>. Acesso em: 07/02/2023
29

[32] MORAES, Amanda Ludogerio; ARAÚJO, Nayara Gabriele Picanço; BRAGA, Tatiana de
Lima. Automedicação: revisando a literatura sobre a resistência bacteriana aos antibióticos. Revista
Eletrônica Estácio Saúde, v. 5, n. 1, p. 122-132, 2016. Disponível em:
<http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/article/viewFile/2234/1059>. Acesso
em: 10/02/2023.

[33] SANTOS, Neusa de Queiroz. A resistência bacteriana no contexto da infecção hospitalar.


Texto & Contexto-Enfermagem, v. 13, p. 64-70, 2004. Acesso em: 07/02/2023.

[34] OLIVEIRA, Marcelo; PEREIRA, Kedina Damiana Silva Pereira Silva; ZAMBERLAM,
Cláudia Raquel. RESISTÊNCIA BACTERIANA PELO USO INDISCRIMINADO DE
ANTIBIÓTICOS: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA: doi. org/10.29327/4426668. Revista
Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 6, n. 11, p. 183-201, 2020. Acesso em:
12/02/20203.

[35] DE SOUZA, Viviane Pereira; DO NASCIMENTO SANTOS, Valdirene; BORGES,


Beatriz Essenfelder. Avaliação do conhecimento da população sobre o antibiótico Amoxicilina.
Publicatio UEPG: Ciências Biológicas e da Saúde, v. 25, n. 2, p. 43-54, 2019. Acesso em: 12/02/20203.

[36] AKHAVAN, Bobak J.; KHANNA, Niloufar R.; VIJHANI, Praveen. Continuing
Education Activity. Acesso em: 11/05/2023.

[37] PONTO, James A. ASHP statement on the pharmacist’s role in antimicrobial


stewardship and infection prevention and control. Am. J. Health Syst. Pharm, v. 67, n. 7, p. 575-577,
2010. Acesso em: 11/05/2023.

[38] AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Diretriz Nacional


para Elaboração de Programa de Gerenciamento do Uso de antimicrobianos em Serviços de
Saúde. 2017. Acesso: 11/05/2023.

[39] SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS.


Farmacovigilância. Goiânia: Secretaria de Estado de Saúde, 2012. Acesso: 11/05/2023

[40] DA COSTA, Ingrid Ribeiro et al. A importância do farmacêutico na CCIH. Brazilian


Applied Science Review, v. 4, n. 6, p. 3720-3729, 2020. Acesso em 12/05/2023.

Você também pode gostar