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AnaliseContribuicaoProtensao Avelino 2021
AnaliseContribuicaoProtensao Avelino 2021
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
NATAL-RN
2021
Jeyce Nielle Câmara Avelino
Natal-RN
2021
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
___________________________________________________
Prof. Dr. José Neres da Silva Filho – Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento Neto – Examinador interno
___________________________________________________
Eng. MSc. Pedro Mitzcun Coutinho – Examinador externo
Natal-RN
2021
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe, Francisca Patrícia, ao meu pai, Josenildo Avelino e ao meu
irmão, Nadson Natan.
AGRADECIMENTOS
Ao meu namorado, Renan Carielo, que sempre esteve ao meu lado me ouvindo e me
incentivando a dar o meu melhor mesmo quando as coisas pareciam difíceis.
Ao meu orientador José Neres da Silva Filho, por ser um grande exemplo de professor
e engenheiro e por ter me guiado com tanta dedicação desde o momento que me tornei sua
aluna.
Aos meus amigos do curso, por tanto companheirismo nos momentos felizes e nos
momentos difíceis, por tanta risada partilhada, noites de estudo e por terem trazido tanta
felicidade aos meus dias longe da minha família. Também, aos meus amigos que conquistei ao
longo da vida, que sempre se fizeram presente e me apoiaram nesse sonho.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte por ter sido berço dessa jornada e
proporcionar um ensino de excelência àqueles que almejam o sucesso profissional. Agradeço
a todos os professores por todo conhecimento transmitido com empenho e profissionalismo.
Não tenho palavras pra expressar minha felicidade em ter tido vocês em meu caminho.
Muito obrigada.
RESUMO
This research aimed to study the collaboration of prestressing in the shear-resistant capacity of
prefabricated prestressed concrete beams, through literature review and analysis of beams of
different heights and concrete compressive strength ranging from 35 to 90MPa. In addition, the
influence of the design of prestressing strands (straight or polygonal) and their quantity on the
collaboration of complementary mechanisms to the truss in the region of maximum tangential
stresses was also evaluated. This parametric analysis of the effect of prestressing on shear
strength was performed under the criteria of NBR 6118:2014, EUROCODE 2:2004 and ACI
318:2019 standards. As a result, it was observed that this effect was considered more intensely
by the American standard ACI 318:2019, followed by NBR 6118:2014 and EUROCODE
2:2004. For all groups, the increase in the prestressing contribution of the 60 cm-height beam
to the 100 cm-height beam was greater than that of the 80-cm beam to the 100 cm beam, and,
in general, the contribution to the increase in strength to shear was decreasing as the
compressive strength of concrete increased. Both facts are mainly due to the decrease in the
compressive stress in the concrete (less prestressing force applied due to the smaller amount of
prestressed reinforcement needed), since the inertia of the section increased significantly while
the loading remained practically the same, changing only the portion due to own weight.
Finally, the 20% increase in the steel area caused the portion of the prestressing contribution to
increase on average 22% for NBR 6118:2014, 6.22 % for ACI 318:2019 and 29.1% for
EUROCODE 2:2004. These results demonstrate that the American standard considers little or
nothing, in the case of the approximate method, the steel area in its calculation process, while
the Brazilian and European standards consider this influence in a relevant way.
FIGURA PÁGINA
TABELA PÁGINA
1 Valores característicos e de projeto para deformação do aço CA 26
2 Valores característicos e de projeto para deformação do aço CP 27
3 Apresentação dos modelos de vigas 59
4 Resultado da área de aço longitudinal para as vigas armadas 88
5 Resultado da área de aço e do valor da força de protensão para as vigas 89
em concreto protendido
6 Valores da parcela de contribuição do concreto à resistência ao esforço 90
cortante para vigas em concreto armado
7 Valores da parcela de contribuição do concreto à resistência ao esforço 90
cortante para vigas em concreto protendido
8 Efeito da protensão na contribuição da resistência ao cisalhamento 91
9 Análise da variação percentual (%) da parcela de contribuição da 99
protensão entre vigas de diferentes alturas
10 Variação percentual (%) da influência do fck na contribuição da parcela 100
Vc nas vigas em concreto protendido
11 Variação percentual (%) da influência do fck na contribuição da 102
protensão nas vigas
12 Acréscimo percentual de contribuição da protensão devido ao aumento 106
da área de aço de armadura ativa
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO PÁGINA
1 Valores da parcela Vc (kN) para vigas do Grupo 1 em concreto armado 92
e em concreto protendido com traçado reto
2 Valores da parcela Vc (kN) para vigas do Grupo 1 em concreto armado 93
e em concreto protendido com traçado poligonal
3 Análise da contribuição da protensão na resistência ao cisalhamento 94
para as vigas do Grupo 1 e traçado reto (valores em kN)
4 Análise da contribuição da protensão na resistência ao cisalhamento 94
para as vigas do Grupo 2 e traçado reto (valores em kN)
5 Análise da contribuição da protensão na resistência ao cisalhamento 94
para as vigas do Grupo 3 e traçado reto (valores em kN)
6 Análise da contribuição da protensão na resistência ao cisalhamento 95
para as vigas do Grupo 4 e traçado reto (valores em kN)
7 Análise da contribuição da protensão na resistência ao cisalhamento 95
para as vigas do Grupo 1 e traçado poligonal (valores em kN)
8 Análise da contribuição da protensão na resistência ao cisalhamento 95
para as vigas do Grupo 2 e traçado poligonal (valores em kN)
9 Análise da contribuição da protensão na resistência ao cisalhamento 96
para as vigas do Grupo 3 e traçado poligonal (valores em kN)
10 Análise da contribuição da protensão na resistência ao cisalhamento 96
para as vigas do Grupo 4 e traçado poligonal (valores em kN)
11 Análise da contribuição do concreto resistência ao cisalhamento para 98
as vigas do Grupo 2 não protendidas e protendidas com traçado reto
(valores em kN)
12 Porcentagem de contribuição da parcela de resistência devido a 103
protensão em relação a Vsk para as vigas do Grupo 1 e traçado reto
13 Porcentagem de contribuição da parcela devido a protensão em relação 103
a Vsk para as vigas do Grupo 1 e traçado poligonal
14 Valores da parcela de contribuição da protensão para as vigas de 104
traçado reto e poligonal segundo a NBR 6118
15 Valores da parcela de contribuição da protensão para as vigas de 105
traçado reto e poligonal segundo o método aproximado do ACI 318
16 Valores da parcela de contribuição da protensão para as vigas de 105
traçado reto e poligonal segundo o método detalhado do ACI 318
17 Valores da parcela de contribuição da protensão para as vigas de 106
traçado reto e poligonal segundo o EUROCODE 2
LISTA DE SÍMBOLOS
SÍMBOLO SIGNIFICADO
Ac Área da seção transversal do concreto (EUROCODE 2)
Ag Área da seção transversal (ACI 318)
Ap Área da armadura ativa longitudinal
Aps Área de armadura longitudinal não protendida (ACI 318)
Ap,ef Área da armadura ativa longitudinal efetiva
As Área de armadura longitudinal não protendida (ACI 318)
Asl Área de armadura longitudinal (EUROCODE 2)
Asw Área da seção transversal dos estribos
Av Área de armadura transversal (ACI 318)
Av,min Área de armadura transversal mínima requerida (ACI 318)
bw Largura da viga
CRd,c Fator com valor recomendado de 0,18/𝛾 , sendo 𝛾 igual a 1,2 ou 1,5
de acordo com a tabela 2.1N da referida norma (EUROCODE 2)
d Altura útil da seção
db Diâmetro da cordoalha/barra
dp altura útil da seção considerando o aço protendido (ACI 318)
𝜀 Deformação específica do concreto
Ep Módulo de Elasticidade dos fios e cordoalhas
ep Excentricidade dos cabos de protensão
𝜀 Deformação da armadura ativa
𝜀 Deformação de escoamento da armadura ativa
Es Módulo de elasticidade do aço de armadura passiva
εsyk Deformação característica de escoamento
εsuk Deformação característica de ruptura
∆𝜀 Pré-alongamento do aço de concreto protendido
𝑓 Resistência do concreto (ACI 318)
fcd Resistência de cálculo à compressão do concreto.
fck Resistência característica do concreto (EUROCODE 2)
fctd Resistência de cálculo do concreto à tração direta
fctk,f Resistência do concreto a tração na flexão
fct,m Resistência média à tração do concreto
fd Tensão do peso próprio gerado pelo carregamento externo
fpc Tensão de compressão do concreto, no centroide da seção transversal,
que resiste ao carregamento externo
fpe Tensão de compressão no concreto devido a força efetiva de protensão
fpe,r Tensão de compressão no concreto devido a força de protensão
fptk Resistência à tração do aço de armadura ativa
fpu Resistência à tração especificada da armadura protendida (ACI 318)
fpyd Resistência de cálculo ao escoamento do aço de armadura ativa
fpyk Resistência ao escoamento do aço de armadura ativa
fs Tensão na armadura passiva
fse Tensão efetiva na armadura ativa (ACI 318)
fy limite de elasticidade especificado para armadura não protendida
(ACI 318)
fyd Resistência de cálculo ao escoamento do aço de armadura passiva
fyk Valor característico da resistência ao escoamento
fyt Tensão de escoamento especificada da armadura transversal
fywd Tensão na armadura transversal passiva
I Momento de inércia da seção transversal
k1 Fator de valor recomendado igual a 0,15 (EUROCODE 2)
lcr Distância do apoio até a secção crítica da seção
lx Distância da seção considerada à seção marca o início do
comprimento de transferência da protensão (EUROCODE 2)
lpt2 É o valor superior do comprimento de transferência da protensão,
calculado conforme item 8.10.2.2 da norma (EUROCODE 2)
M Momento fletor
M0 Valor do momento fletor que anula a tensão normal de compressão na
borda da seção
Mcre Momento que gera fissuras de flexão na seção devido ao
carregamento externo
Mmax Momento máximo de projeto na seção considerada devido às cargas
externas
Mp Momento devido a protensão
Mperm Momento devido ao carregamento permanente
Ms Momento elástico da área
Msd Momento solicitante de projeto
Msd,máx Momento fletor solicitante máximo na seção
𝑀 Momento fletor de projeto na seção considerada (ACI 318)
Mvar Momento devido ao carregamento variável externo
NEd Força axial na seção transversal devido ao carregamento axial ou
protensão (EUROCODE 2)
𝑁 Força axial devido a protensão
Npf Força de protensão após decorrido todas as perdas (NBR 318)
𝑁 ∞
Força axial devido a protensão no tempo infinito (após ocorrido todas
as perdas)
𝑁 Carga axial, positiva para compressão (ACI 318)
P∞ Força de protensão após decorrida todas as perdas de protensão
S Primeiro momento de área acima e abaixo do eixo centroidal
(EUROCODE 2)
s Espaçamento entre elementos da armadura transversal
St,máx Espaçamento transversal máximo
t Tempo
t0 Tempo inicial
t∞ Tempo infinito
V Força cortante
v1 Fator de redução de resistência para concreto fissurado por
cisalhamento (EUROCODE 2)
Vc Parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares
ao da treliça
Vccd Parcela proveniente da componente vertical da força em caso de
armaduras inclinadas no bordo comprimido da peça (EUROCODE 2)
𝑉 Resistência ao cisalhamento fornecida pelo concreto onde as fissuras
resultam do esforço cortante combinado ao momento fletor (flexo-
cisalhamento)
Vcw Resistência ao cisalhamento fornecida pelo concreto onde as fissuras
diagonais decorrem da tensão de tração elevada na alma
Vd Esforço cortante característico na seção considerada devido a carga
morta, ou simplesmente do peso próprio
Vd,cr Força cortante devido ao carregamento morto atuante na seção
VEd Esforço cortante de projeto na seção imediatamente após o apoio
(EUROCODE 2)
Vi Esforço cortante de cálculo na seção considerada ao carregamento
externo, ocorrendo simultaneamente com 𝑀
Vn Resistência nominal ao cisalhamento
Vp Componente vertical da força de protensão
VRd Resistência ao cisalhamento de cálculo de elementos sem armadura de
cisalhamento (EUROCODE 2)
VRd2 Força cortante resistente de cálculo relativa à ruína das diagonais
comprimidas de concreto (esmagamento das bielas)
VRd3 Força cortante resistente de cálculo relativa à ruina por tração diagonal
VRd,c Resistência ao cisalhamento de cálculo de elementos sem reforço de
cisalhamento (EUROCODE 2)
VRd,s Parcela proveniente da armadura transversal (EUROCODE 2)
Vs Parcela da resistência fornecida pela armadura transversal
Vsd Força cortante solicitante de projeto
Vsk Força cortante solicitante característica
Vsw Parcela da força cortante resistida pela armadura transversal
Vtd Parcela proveniente da componente vertical da força em caso de
armaduras inclinadas no bordo tracionado da peça (EUROCODE 2)
Vu Esforço solicitante de cálculo na seção em análise
Vu,cr Força cortante solicitante na seção crítica
Wb Módulo de resistência elástico em relação a base
𝑊 Módulo de resistência elástico em relação a borda inferior
wk Abertura máxima característica de fissura
𝑊 Módulo de resistência elástico em relação a borda superior
yt Distância do centro de gravidade da peça à face tracionada
z Braço de alavanca (EUROCODE 2)
α Ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo
longitudinal do elemento estrutural,
𝛼 Coeficiente que considera a existência de força de compressão aplicada
(EUROCODE 2)
γs Coeficiente de minoração de resistência aço de armadura passiva
γp Coeficiente de minoração de resistência aço de armadura ativa
𝜃 Ângulo entre a biela de compressão de concreto e o eixo da viga
perpendicular à força de cisalhamento. (EUROCODE 2)
𝜆 Fator de modificação das propriedades mecânicas do concreto (ACI
318)
𝜆 Fator usado para modificar a resistência ao cisalhamento com base
nos efeitos da profundidade/altura do elemento (ACI 318)
𝜌 Taxa da armadura longitudinal (EUROCODE 2)
𝜌 Taxa de armadura longitudinal mínima
𝜌 Taxa de armadura passiva transversal
𝜌w Proporção entre a área da armadura longitudinal e a área útil da seção
(ACI 318)
𝜎 ,
Tensão de compressão limite do concreto
1.2 – Objetivos....................................................................................................... 22
1.2.1 – Objetivo Geral .......................................................................................... 22
1.2.2 – Objetivos específicos ................................................................................ 22
2.3 – Dimensionamento à força cortante segundo as normas NBR 6118, ACI 318 e
EUROCODE 2.............................................................................................................. 42
4.1 – Análise geral comparativa das normas NBR 6118:2014, ACI 318:2019 e
Eurocode 2:2004 ....................................................................................................... 92
4.3 – Análise de vigas com diferentes resistências a compressão do concreto ...... 100
4.5 – Comparação dos resultados para vigas de diferentes traçados ...................... 104
4.6 – Comparação dos resultados para vigas de diferentes áreas de aço ................ 106
1 – INTRODUÇÃO
1.2 – Objetivos
O trabalho está dividido em seis capítulos, contando com esse primeiro, que apresenta
uma ideia geral do trabalho, a introdução.
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.2 – Materiais
acontece pois a variação de tensão no aço de armadura ativa é geralmente pequena se comparada
com o valor de sua resistência característica.
Ainda, vale ressaltar que a protensão foi uma técnica (sistema) que alanvancou a
industrialização da construção civil. As empresas de pré-moldados oferecem a mão de obra
especializada e permitem que engenheiros se utilizem das vantagens da protensão sem ter todo
o maquinário e o tempo necessário, pois já entregam a peça pronta. O ganho de produtividade,
a redução do peso dos elementos (ou até do número de pilares e vigas, por exemplo), o maior
aproveitamento dos materiais, a durabilidade e qualidade estética, são vantagens que só
impulsionam a procura por estas peças e a competitividade da indústria da construção civil,
incentivando a busca pela otimização dos processos construtivos e redução dos desperdícios.
Como desvantagens, esse sistema apresenta maiores exigências de projeto e maiores
exigências na construção. O projeto deve conter todos os procedimentos executivos da
construção, orientações do uso da estrutura, verificações e detalhamentos mais abrangentes,
verificações do ELU no ato da protensão, verificações de transporte e içamento, e outros
cuidados especiais. Erros de projeto ou de execução podem levar a estrutura à ruína quando da
aplicação da força de protensão, por exemplo.
A corrosão pode ser grave nesses tipos de estruturas quando se tem peças em que a
armadura não está protegida por bainhas, reforçando os cuidados com o cobrimento e
fissuração.
Com toda a aparelhagem necessária: atuadores (“macacos hidráulicos”), controladores
de pressão, bombas injetoras, dentre outros, é fato de que a protensão envolve maior
complexidade e portanto deve ser executada apenas por equipe especializada e equipamentos
calibrados.
No sistema com armadura pós-tracionada, são deixadas bainhas dentro da forma, por
onde serão alojados os cabos, e a peça é concretada antes da aplicação da protensão. Quando o
concreto atinge a resistência necessária, os cabos de aço são tracionados, apresentando um pré-
alongamento. A tendência de encurtamento dos cabos faz com que um esforço de compressão
seja transferido ao concreto na região das ancoragens.
Esse tipo protensão pós-tracionada pode ser com ou sem aderência posterior. Se tratando
dos sistemas com aderência posterior, tem-se a injeção de calda de cimento preenchendo os
espaços vazios no interior das bainhas, criando a aderência de modo permanente entre armadura
ativa e concreto. É um tipo de protensão que é usualmente empregada em estruturas de médio
e grande porte, como pontes e viadutos, em que geralmente tem-se estruturas moldadas e
protendidas no local da construção (CHOLFE & BONILHA, 2018).
Já na protensão sem aderência posterior, não se tem a aderência entre a armadura ativa
e o concreto, sendo ligados apenas nas ancoragens, onde a força de protensão é transferida ao
elemento estrutural. Segundo Cholfe & Bonilha (2018), a protensão com cordoalhas engraxadas
está presente na maioria dos projetos de lajes planas ou nervuradas. Isso se deve ao fato da
possibilidade do uso de equipamentos e acessórios mais acessíveis.
A Tabela 13.4 NBR 6118 (ANBT, 2014) relaciona a classe de agressividade ambiental
com o tipo de concreto, as exigências relativas a fissuração e quais combinações de ações em
serviço utilizar.
O traçado dos cabos de protensão pode ser retilíneo, poligonal, curvilíneo ou misto,
dependendo do tipo de protensão a ser utilizado e das características da peça. Na pré-tração, por
exemplo, admite-se apenas o traçado retilíneo ou poligonal, fazendo uso de desviadores.
Esse traçado define como serão os esforços provenientes da protensão, sendo
geralmente projetados seguindo o traçado do diagrama de momento fletor da peça, de modo a
atuar em sentido contrário às cargas solicitantes.
Quanto à curvatura dos cabos, devem ser respeitados os raios mínimos de curvatura em
função do diâmetro dos cabos e/ou bainhas. Independente do traçado, é recomendado as
extremidades sejam retas, pelo menos 100cm (ou 50cm no caso de monocordoalhas
engraxadas), para permitir o alinhamento do eixo do cabo com o eixo dos dispositivos de
ancoragem. Estas e outras recomendações são apresentadas no item 18.6 da NBR 6118:2014.
2.2 – Cisalhamento
vigas, nas quais a seção transversal permanece plana após a deformação, pois quando a relação
é inferior a 2 as seções transversais sofrem um empenamento. Para complementar, Araúz (2002)
descreve que para cargas de pequena intensidade, as tensões principais de tração não
ultrapassam a resistência à tração do concreto, o que facilita a análise do estado de tensão
existente. Entretanto, quando as cargas aumentam de intensidade, o concreto fissura e produz-
se um complexo reajuste de tensões entre o concreto e as armaduras que se altera à medida que
a fissuração aumenta até que seja atingida a ruptura.
Até que se inicie a fissuração, as tensões normais (σ) e tangenciais (τ) em uma viga de
seção constante sujeita a flexão simples não pura, podem ser calculadas utilizando as Equações
2.1 e 2.2, obtidas da resistência dos materiais:
𝑀
𝜎= ∙𝑦 (2.1)
𝐼
𝑉∙𝑀
𝜏= (2.2)
𝑏 ∙𝐼
Em que:
M momento fletor;
y distância do centro de gravidade da seção ao ponto considerado;
V força cortante;
𝑀 momento estático da área da seção homogênea situada acima da fibra de
ordenada y em relação a linha neutra;
𝑏 largura da seção;
𝐼 momento de inércia da seção em relação a seu centro de gravidade.
35
Os primeiros estudos relacionados a esse assunto são datados no início do século XX,
com os primeiros trabalhos de Mörsch entre 1906 e 1908. Durante esta época era considerado
que o aparecimento de fissuras de cisalhamento era originado quando as tensões de
cisalhamento presentes na peça se apresentavam superiores à resistência à tração do concreto.
Nessa época Mörsch divulgou seu modelo de cálculo baseado na analogia da treliça
considerando os banzos paralelos, diagonais comprimidas a 45º em relação ao eixo longitudinal
e diagonais de tração com um ângulo α qualquer entre 45º e 90º. Neste modelo a treliça tem
múltiplos elementos (superposição de treliças isostáticas com elementos simples), de modo que
as distâncias entre as diagonais tracionadas e, portanto, entre as armaduras de tração, sejam
pequenas, evitando que ocorram fissuras de cisalhamento entre elas (Figura 4). Diversos
modelos de vigas com armadura de cisalhamento foram ensaiados por Mörsch (1910) com
configurações que utilizavam estribos verticais e barras longitudinais inclinadas (Figura 5).
Apesar da armadura de cisalhamento com diagonais de tração a 45º ser mais favorável (por
corresponder à direção das tensões principais de tração no Estádio I e empregar barras de tração
na alma que cortam perpendicularmente as fissuras de cisalhamento), os estribos verticais são
adotados por razões práticas (execução mais simples), calculados conforme as barras de tração
verticais da treliça.
36
Figura 4 – Treliça clássica com diagonais de tração inclinadas em um ângulo qualquer entre
45º e 90º, banzos paralelos e diagonais comprimidas a 45º
Nas regiões mais solicitadas pela força cortante, a inclinação das fissuras, e, portanto,
das bielas, é menor que os 45º admitidos por Mörsch;
Parte do esforço cortante é absorvido na zona de concreto comprimido (devido à flexão);
Os banzos não são paralelos (o banzo superior é inclinado);
As bielas de concreto estão parcialmente engastadas na ligação com o banzo
comprimido, e, assim, são submetidas à flexo-compressão, aliviando as diagonais
tracionadas;
As bielas são mais rígidas que a diagonais tracionadas, e absorvem uma parcela maior
do esforço cortante do que aquela determinada pela treliça clássica;
A quantidade (taxa) de armadura longitudinal influi no esforço da armadura transversal.
Introduzir todos esses fatores na teoria da analogia de treliça seria muito complexo.
Assim, foi acrescentada então a consideração da inclinação das diagonais comprimidas em um
ângulo diferente de 45º, chamando este modelo de analogia a treliça generalizada de Mörsch,
ou simplesmente, treliça generalizada (Figura 6).
De acordo com O’ Brien & Dixon (1994 apud LUCA, 2006), a resistência do concreto
ao esforço cortante em vigas é baseada em formulações empíricas derivadas de extensos
programas experimentais. Isto se deve à influência de diferentes parâmetros que afetam a
39
capacidade resistente ao cisalhamento. Leonhardt & Monning (1979) apresentam estes fatores,
sendo eles:
Tipo de carregamento;
Posição da carga e esbeltez da viga;
Modo de introdução da carga e tipos de apoio;
Influência da armadura longitudinal;
Classe e granulometria do concreto;
Forma da seção transversal;
Cargas penduradas na parte inferior;
Taxa de armadura transversal;
Altura total da viga;
Sistema estrutural.
Existem outros fatores que influenciam essa capacidade de resistência a força cortante,
no entanto, pouco se tem conhecimento sobre suas influências.
Segundo Naaman (2004, apud JÚNIOR & OLIVEIRA, 2016) a força de protensão
longitudinal aplicada em peças de concreto protendido com cabos inclinados gera uma
componente vertical de força relacionada a força total do cabo que reduz o esforço cortante
solicitante e, acrescenta que a protensão induz tensões de compressão na peça que reduz as
tensões principais de tração, propiciando uma menor quantidade de estribos necessários para o
bom comportamento do elemento estrutural. A Figura 8 ilustra a componente vertical de força
gerada pelo cabo de formato parabólico pré-tracionado, com sentido contrário a componente
vertical da força cortante associada ao carregamento atuante na viga.
Dito de outro modo, o efeito da força normal (excêntrica ou não em relação ao eixo da
peça) provocada pela protensão causa um estado de tensões de compressão na peça que
dificulta/retarda o alcance das tensões de tração do concreto, (pois é necessário primeiro a
descompressão das seções). Esse fato pode ser interpretado como um ganho de resistência à
flexão e ao cisalhamento.
42
2.3 – Dimensionamento à força cortante segundo as normas NBR 6118, ACI 318 e
EUROCODE 2
𝐴 ∙𝑓 +𝐴 ∙𝑓 ≥𝑉 (2.3)
𝑉 ≤ 𝑉 (2.4)
𝑉 ≤ 𝑉 = 𝑉 +𝑉 (2.5)
Onde:
𝑉 é a força cortante solicitante de cálculo, na seção;
𝑉 é a força cortante resistente de cálculo relativa à ruína das diagonais
comprimidas de concreto (esmagamento das bielas), de acordo com os modelos
de cálculo I ou II;
𝑉 força cortante resistente de cálculo relativa à ruina por tração diagonal;
𝑉 parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao da
treliça;
43
A norma permite uma redução no valor da força cortante agente na região dos apoios
para o cálculo de 𝑉 . No caso de apoio direto em que a carga externa aplicada e a reação do
apoio tem sentidos opostos, a força cortante oriunda da carga distribuída pode ser considerada
constante e igual à da seção situada à uma distância d/2 da face interna do apoio. No caso de
força cortante oriunda de uma carga concentrada aplicada a uma distância 𝑎 ≤ 2𝑑 do eixo
teórico do apoio, pode-se multiplicar essa força cortante por 𝑎/2𝑑. Essa redução não se aplica
às forças cortantes provenientes de cabos inclinados de protensão, nem são permitidas no caso
de apoios indiretos ou para verificação da resistência à compressão diagonal do concreto.
a) Modelo de cálculo I
𝑉 = 0,27𝛼 ∙𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (2.7)
Sendo:
𝛼 = (1 − 𝑓 ⁄250) com 𝑓 expresso em MPa;
𝑓 resistência de cálculo à compressão do concreto.
𝑉 =𝑉 −𝑉 (2.8)
Em que:
𝑉 = (𝐴 ⁄𝑠) ∙ 0,9 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓 ∙ (𝑠𝑒𝑛𝛼 + 𝑐𝑜𝑠𝛼)
𝑉 = 0 nos elementos tracionados quando a linha neutra se situa fora da seção;
44
Onde:
𝑏 menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d; entretanto, no
caso de elementos estruturais protendidos, quando existirem bainhas injetadas com diâmetro φ
> 𝑏 /8, a largura resistente a considerar deve ser (𝑏 – 1/2Σφ), na posição da alma em que
essa diferença seja mais desfavorável, com exceção do nível que define o banzo tracionado da
viga;
𝑑 altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro de gravidade
da armadura de tração; entretanto no caso de elementos estruturais protendidos com cabos
distribuídos ao longo da altura, d não precisa ser tomado com valor menor que 0,8h, desde que
exista armadura junto à face tracionada;
𝐴 área da seção transversal dos estribos;
𝑠 espaçamento entre elementos da armadura transversal 𝐴 , medido segundo o
eixo longitudinal do elemento estrutural;
𝑓 tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor 𝑓 no caso de estribos
e a 70 % desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos, valores
superiores a 435 MPa; entretanto, no caso de armaduras transversais ativas, o acréscimo de
tensão devida à força cortante não pode ultrapassar a diferença entre 𝑓 e a tensão de
protensão, nem ser superior a 435 MPa;
α ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal do
elemento estrutural, podendo-se tomar 45° ≤ α ≤ 90°;
𝑀 valor do momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da
seção (tracionada por 𝑀 , á ), provocada pelas forças normais de diversas origens
concomitantes com 𝑉 , sendo essa tensão calculada com valores de γf e γp iguais a 1,0 e 0,9,
respectivamente; os momentos correspondentes a essas forças normais não podem ser
considerados no cálculo dessa tensão, pois são considerados em 𝑀 ; devem ser considerados
apenas os momentos isostáticos de protensão;
45
𝐴 𝑉
𝑠 = 0,9 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓 (2.9)
b) Modelo de cálculo II
𝑉 =𝑉 −𝑉 (2.12)
Em que:
𝑉 = (𝐴 ⁄𝑠) ∙ 0,9 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓 ∙ (cotgα + cotgθ) ∙ senα
𝑉 = 0 nos elementos tracionados quando a linha neutra se situa fora da seção;
𝑉 = 𝑉 na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra cortando a seção;
𝑉 = 𝑉 (1 + 𝑀 ⁄𝑀 , á ) < 2𝑉 na flexo-compressão, com:
𝑉 = 𝑉 quando 𝑉 ≤𝑉
𝑉 = 0 quando 𝑉 =𝑉 , interpolando-se linearmente para valores intermediários.
Para o caso de estribos verticais, a área de aço é calculada conforme a Equação 2.13
abaixo:
46
𝐴 𝑉
𝑠 = 0,9 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓 (2.13)
∙ cotθ
A norma exige o emprego de uma área de armadura transversal mínima constituída por
estribos, calculada a partir da Equação 2.14 e 2.15:
𝐴
= 𝜌 ∙ 𝑏 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 (2.14)
𝑠
𝑓 ,
𝜌 ≥ 0,2 (2.15)
𝑓
Onde:
𝜌 taxa de armadura de flexão para vigas;
⁄
𝑓 , = 0,30 ∙ 𝑓 para concretos de classe até C50;
𝑓 , = 2,12 ln(1 + 0,11𝑓 ) para concretos de classes C55 até C90.
𝑓 resistência característica ao escoamento do aço na armadura transversal;
𝑉 = ∅𝑉 + ∅𝑉 (2.16)
𝑉
𝑉 ≥ (2.17)
∅
Em que:
𝑉 resistência nominal ao cisalhamento;
𝑉 parcela da resistência fornecida pelo concreto;
𝑉 parcela da resistência fornecida pela armadura transversal;
𝑉 esforço solicitante de cálculo na seção em análise;
∅ fator de redução, que de acordo com a tabela 21.2.1 da referida norma, tem valor
∅ = 0,75. Esta redução é definida para considerar a variação das forças
aplicadas, variação das dimensões dos materiais, imprecisões das equações de
projeto, dentre outras variáveis.
𝑁
𝑉 = 0,17 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 + 𝑏 ∙𝑑 (2.18)
6𝐴
/
𝑁
𝑉 = 0,66 ∙ 𝜆 ∙ (𝜌 ) 𝑓 + 𝑏 ∙𝑑 (2.19)
6𝐴
/
𝑁
𝑉 = 0,66 ∙ 𝜆 ∙ 𝜆 ∙ (𝜌 ) 𝑓 + 𝑏 ∙𝑑 (2.20)
6𝐴
Em todos os casos:
48
𝑁
≤ 0,05 ∙ 𝑓 (2.21)
6𝐴
Onde:
𝜆 fator de modificação das propriedades mecânicas do concreto relacionadas ao
peso do concreto leve em comparação ao peso do concreto convencional. Como
será admitido concreto convencional neste trabalho, o valor desse fator será
sempre igual a 1.
𝜆 fator usado para modificar a resistência ao cisalhamento com base nos efeitos da
profundidade/altura do elemento, comumente referido como “fator de efeito de
tamanho”. A Equação 2.22 é utilizada para cálculo de 𝜆 .
2
𝜆 = ≤1 (2.22)
1 + 0,004𝑑
𝑉 ≤ 0,42 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (2.23)
a parcela de contribuição do concreto adotada deve ser a menor entre as Equações 2.24a, 2.24b
e 2.24c, mas não precisando ser menor que o resultado da Equação 2.25:
𝑉 ∙𝑑
𝑉 = 0,05 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 + 4,8 𝑏 ∙𝑑 (2.24a)
𝑀
𝑉 = 0,42 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 𝑏 ∙𝑑 (2.24c)
𝑉 ≥ 0,17 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (2.25)
Sendo:
𝑉 força cortante de projeto na seção considerada, em N;
𝑑 altura útil da seção considerando o aço protendido, em mm;
𝑀 momento fletor de projeto na seção considerada, em N ∙ mm.
𝑉 ∙𝑀
𝑉 = 0,05 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 + 𝑉 + (2.26)
𝑀
𝑉 = 0,14 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (2.27)
𝑉 = 0,17 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (2.28)
Onde:
𝑉 esforço cortante característico na seção considerada devido a carga morta, ou
simplesmente do peso próprio, em N;
𝑉 esforço cortante de cálculo na seção considerada ao carregamento externo,
ocorrendo simultaneamente com 𝑀 , em N;
51
Em que 𝑑 não precisa ser menor que 0,8h e os valores de 𝑉 e 𝑀 devem ser
calculados a partir das combinações de carga que resultem o maior momento de projeto na
seção. O momento 𝑀 é calculado conforme:
𝐼
𝑀 = ∙ 0,5 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 +𝑓 −𝑓 (2.29)
𝑦
Sendo:
𝐼 momento de inércia da seção, em 𝑚𝑚 ;
𝑦 distância do centro de gravidade da peça à face tracionada, em mm;
𝑓 tensão de compressão no concreto devido a força efetiva de protensão, em MPa;
𝑓 tensão do peso próprio gerado pelo carregamento externo, em MPa.
Em que:
𝑓 tensão de compressão do concreto, no centroide da seção transversal, que resiste
ao carregamento externo, em MPa;
𝑉 componente vertical da força de protensão, em N.
𝑉
𝑉 ≥ − 𝑉 (2.31)
∅
𝐴 ∙𝑓 ∙𝑑
𝑉 = (2.32)
𝑠
𝐴 𝑉
= (2.33)
𝑠 𝑓 ∙𝑑
Com:
𝑉 resistência ao cisalhamento nominal fornecida pelo aço da armadura transversal,
em N;
área de aço da armadura transversal em mm²/mm;
Por fim, a norma recomenda o emprego de uma armadura mínima, sendo raros os casos
em que este emprego pode ser dispensado, como por exemplo, no caso em que o concreto é
capaz de resistir ao esforço cortante e a viga tem altura menor ou igual a 250mm. A armadura
mínima é definida a partir do tipo de viga. Para vigas não protendidas ou protendidas com 𝐴 ∙
𝑓 < 0,4(𝐴 𝑓 + 𝐴 𝑓 ), a armadura mínima é a maior dentre:
𝐴 , 𝑏
= 0,062 ∙ 𝑓 ∙ (2.34)
𝑠 𝑓
𝐴 , 𝑏
= 0,35 ∙ (2.35)
𝑠 𝑓
𝐴 , 𝐴 ∙𝑓 𝑑
= (2.36)
𝑠 80𝑓 ∙ 𝑑 𝑏
𝑉 =𝑉 , +𝑉 +𝑉 (2.37)
Onde:
𝑉 resistência ao cisalhamento de cálculo de elementos com armadura de
cisalhamento;
𝑉 , parcela proveniente da armadura transversal;
𝑉 parcela proveniente da componente vertical da força em caso de armaduras
inclinadas no bordo comprimido da peça;
𝑉 parcela proveniente da componente vertical da força em caso de armaduras
inclinadas no bordo tracionado da peça.
𝑉 , = [𝐶 , ∙ 𝑘 ∙ (100𝜌 ∙ 𝑓 ) + 𝑘 ∙ 𝜎 ] ∙ 𝑏 ∙ 𝑑 (2.38)
(𝑉 , ) í = (𝑣 í +𝑘 ∙𝜎 )∙𝑏 ∙𝑑 (2.39)
Em que:
𝑉 , resistência ao cisalhamento de cálculo de elementos sem reforço de
cisalhamento;
𝐶 , fator com valor recomendado de 0,18/𝛾 , sendo 𝛾 igual a 1,2 ou 1,5 de acordo
com a Tabela 2.1N da referida norma;
𝜎 = ≤ 0,2𝑓 em MPa;
𝐼∙𝑏
𝑉 , = ∙ 𝑓 + 𝛼 ∙𝜎 ∙𝑓 (2.40)
𝑆
55
Onde:
𝐼 segundo momento de área (𝑚𝑚 );
𝑆 primeiro momento de área acima e abaixo do eixo centroidal em 𝑚𝑚 ;
𝑓 resistência à tração do concreto em MPa;
𝐴
𝑉 , = ∙𝑧∙𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑡𝜃 (2.41)
𝑠
𝛼 ∙𝑏 ∙𝑧∙𝑣 ∙𝑓
𝑉 , = (2.42)
𝑐𝑜𝑡𝜃 + 𝑡𝑎𝑛𝜃
Em que:
𝐴 área da seção transversal da armadura de cisalhamento;
s espaçamento dos estribos;
z braço de alavanca;
𝑓 tensão de escoamento da armadura transversal;
𝜃 ângulo entre a biela de compressão de concreto e o eixo da viga perpendicular à
força de cisalhamento. Deve ser limitado a 1 ≤ 𝑐𝑜𝑡𝜃 ≤ 2,5;
𝑣 fator de redução de resistência para concreto fissurado por cisalhamento;
𝛼 coeficiente que considera a existência de força de compressão aplicada.
56
O ângulo 𝜃 pode ser obtido utilizando a expressão 2.43 retirado da página 57 do Manual
for the design of concrete Building structures to Eurocode 2 (IStructE,2006).
5,56𝑉
𝜃 = 0,5𝑠𝑖𝑛 (2.43)
𝑓
𝑏 ∙𝑑 1− 𝑓
250
𝑓
𝑣 = 0,9 − > 0,5 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓 ≤ 60𝑀𝑃𝑎 (2.46)
200
Ao fim deste item é importante ressaltar que o EUROCODE 2 adota uma abordagem
em que nas peças onde o esforço cortante solicitante de projeto tem valor maior que a resistência
do concreto ao cisalhamento, todo o cisalhamento deve ser absorvido pela armadura transversal
e que o ângulo da treliça 𝜃 pode assumir qualquer valor entre 22º e 45º. Ainda, quando o
concreto tem resistência suficiente ao cisalhamento, é recomendado o emprego de uma
armadura mínima, calculada conforme a equação 2.47 e 2.48, encontrada no item 9.2.2 da
norma:
𝐴
= 𝜌 ∙ 𝑏 (2.47)
𝑠
𝜌 = (0,08 𝑓 ) ∙ 𝑓 (2.48)
Uma outra característica importante, comum a todas as vigas, é que foram verificadas
considerando uma protensão do tipo limitada (Concreto Protendido Nível 2), com sistema de
pós-tração com aderência posterior e Classe de Agressividade Ambiental III (CAA III), o que
implica em um concreto de no mínimo 35MPa, segundo a recomendação da Tabela 7.1 da NBR
6118:2014. Além disso, foi adotado, em todos os casos, aço CP190-RB. A Figura 10 apresenta
a configuração para o traçado dos cabos protendidos e a distância do centro de gravidade das
armaduras à borda inferior da seção (d’) considerada. A inclinação do cabo no caso das vigas
com traçado poligonal é considerada como iniciando na altura média da seção retangular até a
distância de um metro das extremidades da peça, sendo reto no trecho central.
60
Sendo o peso específico do concreto protendido, de acordo com a NBR 6120:2019 igual
a 25 kN/m³, a viga V1R-60, de seção transversal (0,3x0,6)m, tem peso próprio calculado de
modo:
𝑔 , = 25 ∙ 0,30 ∙ 0,60 = 4,5 𝑘𝑁/𝑚 (3.1)
A outra carga que atua sobre a viga é a de uma parede de alvenaria constituída por tijolos
cerâmicos furados revestidos por uma argamassa de cimento e areia. Para encontrar o peso
específico representativo destes materiais fez-se uma média ponderada entre os pesos
específicos de cada um, retirados da NBR 6120:2019, de modo que foi estabelecido a espessura
61
𝑒 ∙𝛾 +𝑒 ∙𝛾
𝛾 = (3.2)
𝑒 +𝑒
0,09 ∙ 13 + 0,06 ∙ 21
𝛾 = = 16,2 𝑘𝑁/𝑚³ (3.3)
0,09 + 0,06
Considerando a altura (h) da parede igual a 2,6 metros e sendo a espessura (𝑒) igual a
0,15 metros, tem-se:
𝑔 =𝛾 ∙𝑒∙ℎ (3.4)
𝑔 = 𝑔 , +𝑔 (3.6)
𝑞∙𝑙 10,818 ∙ 10
𝑀 = = = 135,225 𝑘𝑁/𝑚 (3.8)
8 8
A NBR 6118:2014 na Tabela 11.1, apresenta que para combinação normal de ações os
coeficientes para majoração da carga das ações permanentes e variáveis desfavoráveis valem
para ambas 1,4. Assim o esforço de cálculo é de:
Como será utilizado aço CP190 RB, onde 𝑓 = 1900 𝑀𝑃𝑎 e 𝑓 = 1710 𝑀𝑃𝑎,
tem-se:
1402,2 1402,2
𝜎 , = = = 1078,62 𝑀𝑃𝑎 (3.14)
(100% + 30%) 1 + 0,3
𝜎 ,
∆𝜀 = (3.15)
𝐸
1078,62
∆𝜀 = = 0,539% = 5,39‰ (3.16)
200000
Foi considerado que o centro da armadura ativa está a 8cm da borda inferior na seção
de meio vão, ou seja:
𝑑 = 0,52𝑚
(3.17)
0,85 ∙ 1,0 − para concretos do Grupo II. No caso da viga modelo em análise, 𝜆 = 0,8
189,315
0,52 + 0,52 − 2 ∙
0,30 ∙ 0,85 ∙ 35000/1,4 (3.19)
𝑥 =
0,8
𝑥 = 1,2242𝑚 (3.20)
189,315
0,52 − 0,52 − 2 ∙
0,30 ∙ 0,85 ∙ 35000/1,4 (3.21)
𝑥 =
0,8
𝑥 = 0,0758𝑚 (3.22)
Portanto, 𝑥 = 0,0758𝑚.
No limite entre os domínios 2 e 3 (𝜀 = 3,5‰ e 𝜀 = 10‰), a posição da linha
neutra é 𝑥 , = 0,259 ∙ 𝑑 = 0,259 ∙ 0,52 = 0,13𝑚, valor maior que o encontrado para
esta situação, indicando que se trata de uma peça dimensionada no domínio 2, com aço
escoando (𝑓 = 𝑓 = ,
= 43,478 𝑘𝑁/𝑐𝑚²).
64
10‰
𝜀 = ∙ 0,0758 = 1,71‰ (3.24)
0,52 − 0,0758
ε = ∆ε + ∆ε (3.25)
A equação da tensão final no aço de armadura ativa é obtida a partir do diagrama tensão-
deformação do aço, expressa de modo:
𝑓 − 𝑓
𝜎 = 𝑓 + ∙ (𝜀 −𝜀 ) (3.27)
40‰ − ε
𝑓 1486,96
𝜀 = = = 7,4348‰ (3.29)
𝐸 200000
𝑓 1900
𝑓 = = = 1652,17 𝑀𝑃𝑎 (3.30)
𝛾 1,15
Portanto,
1652,17 − 1486,96
𝜎 = 1486,96 + ∙ (15,39 − 7,4348) (3.31)
40‰ − 7,4348
Também a partir do equilíbrio das seções, sabe-se que a área de aço necessária para
resistir ao momento solicitante é dada pela expressão:
𝑀 𝑀
𝐴 = = (3.34)
𝑧∙𝜎 (𝑑 − 0,4𝑥) ∙ 𝜎
189,315
𝐴 = = 2,53 𝑐𝑚²
(0,52 − 0,4 ∙ 0,0758) ∙ 152,732 (3.35)
ELS-F: 𝜎 , á , ≤𝑓 ,
ELS-D: 𝜎 , á , ≥0
Isso quer dizer que sob combinação quase permanente de serviço não são permitidas
tensões de tração e sob combinação frequente de serviço essa tensão de tração não pode
ultrapassar a resistência do concreto a tração na flexão (𝑓 , ).
A condição que deve ser atendida tanto na borda inferior quanto na borda superior é:
𝜎, á , ≤𝑓 , (3.37)
Em que 𝑓 , é a resistência do concreto a tração na flexão, aqui adotada como a
inferior, a qual segundo a NBR 6118:2014 pode ser calculada de modo:
66
𝑓 , = 𝛼 ∙ 0,7 ∙ 𝑓 (3.38)
/
𝑓 = 0,3 ∙ 𝑓 (3.39)
Onde α é um coeficiente de forma, que para seções retangulares tem valor 1,5. (NBR
6118: 2014, item 17.3.1). Assim:
/
𝑓 , = 1,5 ∙ 0,7 ∙ 0,3 ∙ 35 = 3,37𝑀𝑃𝑎 (3.40)
Também, impõe-se a condição que a tensão de compressão não deve ser superior a
0,7f , ou seja, 𝜎 , ≤ 24,5 𝑀𝑃𝑎.
i) Borda inferior
Não existe nas vigas em estudo carregamento variável, de modo que a última parcela da
equação é nula. Assim, a expressão assume a forma:
𝑁 𝑀 𝑀
𝜎 = + + (3.42)
𝐴 𝑊 𝑊
A tensão de tração de 2,66 MPa é menor que a tensão de tração limite para essa
verificação 𝑓 , = 3,37 𝑀𝑃𝑎, portanto, a condição está satisfeita.
67
b) Verificação no ELS-D
Neste caso, a condição que deve ser atendida tanto na borda inferior quanto na borda
superior é:
𝜎 , á , ≥0 (3.49)
Da mesma forma impõe-se também a condição que a tensão de compressão não deve
ser superior a 0,7f , ou seja, 𝜎 , ≤ 24,5 𝑀𝑃𝑎.
i) Borda inferior
𝑁 𝑀 𝑀
𝜎 = + + (3.51)
𝐴 𝑊 𝑊
Existe, portanto, uma tensão de tração, não admitida pela norma para verificação do
Estado Limite de Serviço de Descompressão, mas que poderá ser combatida com uma armadura
passiva.
Foi concluído que a peça atende aos Estados Limite de Serviço exigidos para protensão
nível II.
69
Para o dimensionamento da viga V1R à força cortante segundo a norma brasileira foi
adotado o modelo de cálculo I. Os cálculos foram realizados para situação da viga armada e
protendida, utilizando as equações apresentadas no item 2.3.1 deste trabalho.
O esforço cortante solicitante característico e de projeto é igual, respectivamente, à:
𝑉 = 54,09 𝑘𝑁 (3.59)
𝑉 = 0,27𝛼 ∙𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (3.61)
𝛼 = (1 − 𝑓 ⁄250) (3.62)
3,5
𝑉 = 0,27 ∙ 0,86 ∙ ∙ 30 ∙ 55 = 957,825 𝑘𝑁 (3.64)
1,4
𝑉 ≤ 𝑉 (3.65)
Como foi verificado que 𝑉 ≤ 𝑉 , não ocorre esmagamento das bielas comprimidas
de concreto.
Como se trata de um caso de flexão simples, a parcela 𝑉 pode ser calculada conforme:
𝑉 = 𝑉 = 0,6 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (3.67)
𝑓 =𝑓 , /𝛾 (3.68)
𝑓 = 0,7𝑓 , /𝛾 (3.69)
70
/
𝑓 = 0,7 ∙ 0,3𝑓 /𝛾 (3.70)
𝑓 = 0,7 ∙ 0,3 ∙ 35 /
/1,4 (3.71)
𝑉 = 0,6 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (3.73)
A parcela 𝑉 tem valor maior que 𝑉 , isso significa que o concreto e seus mecanismos
complementes oferecem resistência suficiente ao esforço cortante solicitante de projeto,
podendo ser empregada na peça apenas a armadura transversal mínima, calculada através da
equação:
𝐴
= 𝜌 ∙ 𝑏 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 (3.75)
𝑠
𝑓 ,
𝜌 ≥ 0,2 (3.76)
𝑓
3,21 0,1284
𝜌 ≥ 0,2 ≥ (3.77)
500 100
𝐴 0,1284
= ∙ 30 ∙ 𝑠𝑒𝑛90° (3.78)
𝑠 100
𝐴
= 0,03852 𝑐𝑚 /𝑐𝑚 (3.79)
𝑠
𝐴
= 3,85 𝑐𝑚 /𝑚 (3.80)
𝑠
𝑉 = 0,27𝛼 ∙𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (3.81)
71
𝛼 = (1 − 𝑓 ⁄250) (3.82)
3,5
𝑉 = 0,27 ∙ 0,86 ∙ ∙ 30 ∙ 52 = 905,58 𝑘𝑁 (3.84)
1,4
𝑉 ≤ 𝑉 (3.85)
𝑉 = 0,6 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (3.88)
𝑊
𝑀 = 𝛾 ∙𝑃 +𝛾 ∙𝑃 ∙𝑒 (3.91)
𝐴
𝛾 = 0,9 (3.92)
30 ∙ 60
𝐼 12
𝑊 = = = 18000 𝑐𝑚³ (3.93)
𝑦 60
2
𝑀 = 7863,3 𝑘𝑁 ∙ 𝑐𝑚 (3.96)
𝑀 = 78,633 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (3.97)
𝑀 , á = 189,32 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (3.98)
Desse modo,
𝑉 = 𝑉 (1 + 𝑀 ⁄𝑀 , á ) ≤ 2𝑉 (3.99)
𝑉 = 224,88 𝑘𝑁 (3.102)
Assim como para o caso sem a consideração da protensão, a parcela 𝑉 tem valor maior
que 𝑉 , podendo então ser empregada na peça apenas a armadura transversal mínima, calculada
como = 3,85 𝑐𝑚 /𝑚.
𝑁
𝑉 , = 0,17 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 + 𝑏 ∙𝑑 (3.104)
6𝐴
/
𝑁
𝑉 , = 0,66 ∙ 𝜆 ∙ (𝜌 ) 𝑓 + 𝑏 ∙𝑑 (3.107)
6𝐴
𝐴 8,35
𝜌 = = = 0,00506 (3.108)
𝑏 𝑑 30 ∙ 55
𝑉 ≤ ∅𝑉 (3.112)
𝐴 , 𝑏
= 0,062 ∙ 𝑓 ∙ (3.115)
𝑠 𝑓
𝐴 , 300 𝑚𝑚
= 0,062 ∙ √35 ∙ = 0,22 = 2,2𝑐𝑚 /𝑚 (3.116)
𝑠 500 𝑚𝑚
𝐴 , 𝑏
= 0,35 ∙ (3.117)
𝑠 𝑓
𝐴 , 300 𝑚𝑚
= 0,35 ∙ = 0,21 = 2,1 𝑐𝑚 /𝑚 (3.118)
𝑠 500 𝑚𝑚
Logo,
𝐴 𝐴 ,
= = 2,1 𝑐𝑚 /𝑚 (3.119)
𝑠 𝑠
b) Considerando a protensão
i) Método Aproximado
𝑙 ℎ 0,20 0,60
𝑥 = + = + = 0,40𝑚 (3.120)
2 2 2 2
75
𝑉 75,73
𝑉, =𝑉 − 𝑥 = 75,73 − 0,4 (3.121)
𝑙 ⁄2 5
𝑉, = 69,67 𝑘𝑁 (3.122)
𝑥 𝑙 0,4
𝑀 , =𝑞∙ − 𝑥 = 10,818 ∙ 1,4 ∙ (5 − 0,4) (3.123)
2 2 2
𝑙 𝑑 −𝑑
𝑑 = 𝑥 + +𝑑 (3.125)
2 0,5𝑙
𝑉 ∙𝑑
𝑉 = 0,05 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 + 4,8 𝑏 ∙𝑑 (3.126)
𝑀
69670 ∙ 520
𝑉 = 0,05 ∙ 1 ∙ √35 + 4,8 ∙ 300 ∙ 520 (3.127)
29,08 ∙ 1000²
𝑉 = 0,42 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 𝑏 ∙𝑑 (3.132)
𝑉 ≥ 0,17 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (3.134)
76
𝑉 ≥ 15689,4 𝑁 (3.136)
𝑉 ≥ 156,894 𝑘𝑁 (3.137)
Este valor é maior que o esforço cortante solicitante, e, dessa forma, a viga necessita
apenas de uma armadura mínima, já calculada anteriormente como 2,2cm²/m.
𝑉
𝑉, =𝑉 − 𝑥 (3.140)
𝑙 ⁄2
75,73
𝑉, = 75,73 − 0,4 = 69,67 𝑘𝑁 (3.141)
5
𝑙
𝑉 , = − 𝑥 ∙𝑞 (3.142)
2
10
𝑉 , = − 0,4 ∙ 4,50 ∙ 1,4 = 28,98 𝑘𝑁 (3.143)
2
𝑉 = 𝑉 − 𝑉 (3.144)
𝑞∙𝑥
𝑀 , = (𝑙 − 𝑥 ) (3.146)
2
𝑀 , = 29,08 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (3.148)
𝑞 ∙𝑥
𝑀 , = (𝑙 − 𝑥 ) (3.149)
2
𝑞 ∙𝑥
𝑀 , = (𝑙 − 𝑥 ) (3.150)
2
𝑀 , = 12,1 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (3.152)
𝑀 = 𝑀 , −𝑀 , (3.153)
𝑀 = 𝑀 , −𝑀 , (3.154)
𝐼
𝑀 = ∙ 0,5 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 +𝑓 −𝑓 (3.156)
𝑦
𝐼
𝑀 = ∙ 0,5 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 +𝑓 −𝑓 (3.164)
𝑦
𝐼 𝑃 𝑃 ∙𝑒 𝑀
𝑀 = ∙ 0,5 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 + + − (3.165)
𝑦 𝐴 𝐼 ⁄𝑦 𝐼 ⁄𝑦
, ∙ , , ∙
𝑀 = ∙ 0,5 ∙ 1 ∙ √35 + + −
, ∙ , ∙
(3.167)
𝑉 ∙𝑀
𝑉 = 0,05 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 + 𝑉 + (3.169)
𝑀
40690 ∙ 128470000
𝑉 = 0,05 ∙ 1 ∙ √35 ∙ 300 ∙ 520 + 28980 + (3.170)
16,98 ∙ 1000²
Como será adotada uma tensão efetiva de protensão maior que 40% da tensão de
protensão necessária somada a tensão da armadura passiva, tem-se: 𝐴 ∙ 𝑓 ≥ 0,4(𝐴 𝑓 +
𝐴 𝑓 ) e consequentemente, utiliza-se a expressão:
79
𝑉 = 0,17 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 (3.172)
272885,8
𝑉 = 0,29 ∙ 1 ∙ √35 + 0,3 ∙ ∙ 300 ∙ 520 + 0 (3.175)
180000
Também neste caso, o concreto sozinho tem resistência suficiente para resistir ao
cisalhamento na peça, sendo necessário apenas o emprego de uma armadura mínima, calculada
anteriormente como 2,2cm²/m.
A análise da contribuição da protensão a resistência ao cisalhamento pode ser feita
considerando o método aproximado e detalhado. Os valores de 𝑉 para cada um dos casos foi:
Sem protensão: ∅𝑉 = 82,96 𝑘𝑁
Método aproximado: ∅𝑉 = 290,72 𝑘𝑁
Método detalhado: ∅𝑉 = 253,95 𝑘𝑁
Contribuição da protensão considerando o método aproximado:
𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 290,72 − 82,96 = 207,75 𝑘𝑁 (3.179)
Contribuição da protensão considerando o método detalhado:
i) Cálculo do 𝑉 (kN):
𝑉 54,09
𝑉 = = = 73,02 𝑘𝑁 (3.181)
𝛾 1,35
𝑑 = 550𝑚𝑚 (3.182)
200 200
𝑘 =1+ = 1+ = 1,60 ≤ 2,0 (3.184)
𝑑 550
0,18 0,18
𝐶 , = = = 0,12
𝛾 1,5 (3.185)
𝑘 = 0,15 (3.186)
𝐴 8,35
𝜌 = = = 0,005 ≤ 0,02 (3.187)
𝑏 𝑑 30 ∙ 55
iv) Cálculo de (𝑉 , ) í :
(𝑉 , ) í = (𝑣 í +𝑘 ∙𝜎 )∙𝑏 ∙𝑑 (3.188)
81
𝑣 í = 0,035𝑘 /
∙ 𝑓 = 0,035 ∙ 1,6 ∙ √35 = 0,42 (3.190)
v) Cálculo de 𝑉 , :
𝑉 , = [𝐶 , ∙ 𝑘 ∙ (100𝜌 ∙ 𝑓 ) + 𝑘 ∙ 𝜎 ] ∙ 𝑏 ∙ 𝑑 (3.192)
𝑉 , > (𝑉 , ) í (3.195)
𝑉 , = 82,74 𝑘𝑁 (3.196)
𝐴
= (0,08 𝑓 ) ∙ 𝑓 ∙ 𝑏 (3.198)
𝑠
𝐴
= (0,08 35) ∙ 500 ∙ 300 = 0,284 𝑚𝑚 /𝑚𝑚 (3.199)
𝑠
𝐴
= 2,83 𝑐𝑚 /𝑚 (3.200)
𝑠
82
𝑠 , á = 41,25𝑐𝑚 (3.200)
i) Cálculo do 𝑉 (kN):
𝑉 54,09
𝑉 = = = 73,02 𝑘𝑁 (3.201)
𝛾 1,35
𝑑 = 520𝑚𝑚 (3.202)
𝑧 = 489,68𝑚𝑚 (3.203)
200 200
𝑘 =1+ = 1+ = 1,62 ≤ 2,0 (3.204)
𝑑 520
0,18 0,18
𝐶 , = = = 0,12 (3.205)
𝛾 1,5
𝑘 = 0,15 (3.206)
𝐴 5,48
𝜌 = = = 0,004 ≤ 0,02 (3.207)
𝑏 𝑑 30 ∙ 52
iv) Cálculo de (𝑉 , ) í :
(𝑉 , ) í = (𝑣 í +𝑘 ∙𝜎 )∙𝑏 ∙𝑑 (3.208)
83
𝑁
𝜎 = (3.209)
𝐴
(𝑁 sendo a força de protensão atuando na peça no tempo infinito)
𝑁 273032,41 𝑁
𝜎 = = = 1,52 𝑁/𝑚𝑚 = 1,52 𝑀𝑃𝑎 (3.210)
𝐴 300 ∙ 600 𝑚𝑚²
35
𝜎 = 1,52 𝑀𝑃𝑎 ≤ 0,2𝑓 = 0,2 ∙ = 4,66 𝑀𝑃𝑎 (3.211)
1,5
𝑣 í = 0,035𝑘 /
∙ 𝑓 = 0,035 ∙ 1,62 ∙ √35 = 0,427 (3.213)
v) Cálculo de 𝑉 , :
𝑉 , = [𝐶 , ∙ 𝑘 ∙ (100𝜌 ∙ 𝑓 ) + 𝑘 ∙ 𝜎 ] ∙ 𝑏 ∙ 𝑑 (3.216)
𝑉 , = 0,12 ∙ 1,62 ∙ (100 ∙ 0,004 ∙ 35) + 0,15 ∙ 1,52 ∙ 300 ∙ 520 (3.217)
𝑉 , = [𝐶 , ∙ 𝑘 ∙ (100𝜌 ∙ 𝑓 ) + 𝑘 ∙ 𝜎 ] ∙ 𝑏 ∙ 𝑑 (3.216)
𝐴
= 2,83 𝑐𝑚 /𝑚 (3.218)
𝑠
𝜑5 𝑐/13
5,56𝑉
𝜃 = 0,5𝑠𝑖𝑛 (3.220)
𝑓
𝑏 ∙𝑑 1− 𝑓
250
5,56 ∙ 73021,5
𝜃 = 0,5𝑠𝑖𝑛 = 2,34° (3.222)
35
300 ∙ 550 1 − 35
250
𝐴
𝑉 , = ∙𝑧∙𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑡𝜃 (3.226)
𝑠
𝐴 𝑉 ,
= (3.227)
𝑠 𝑧∙𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑡𝜃
𝐴 73021,5 𝑚𝑚
= = 0,1357 = 1,357 𝑐𝑚 /𝑚
𝑠 500 𝑚𝑚 (3.228)
0,9 ∙ 550 ∙ ∙ 2,5
1,15
𝐴
= 2,83 𝑐𝑚 /𝑚 (3.229)
𝑠 í
𝐴 𝑉 ,
= (3.230)
𝑠 𝑧∙𝑓 ∙ 𝑐𝑜𝑡𝜃
𝐴 73021,5 𝑚𝑚
= = 0,1372
𝑠 500 𝑚𝑚 (3.231)
489,67 ∙ ∙ 2,5
1,15
𝐴
= 1,372 𝑐𝑚 /𝑚 (3.232)
𝑠
𝐴
= 2,83 𝑐𝑚 /𝑚 (3.233)
𝑠 í
86
iv) Cálculo do 𝑉 , :
𝛼 ∙𝑏 ∙𝑧∙𝑣 ∙𝑓
𝑉 , = (3.234)
𝑐𝑜𝑡𝜃 + 𝑡𝑎𝑛𝜃
𝑓
𝑣 = 𝑣 = 0,6 1 − (3.235)
250
35 35
1 ∙ 300 ∙ 0,9 ∙ 550 ∙ 0,6 ∙ 1 − ∙
250 1,5 (3.236)
𝑉 , =
𝑐𝑜𝑡2,34º + 𝑡𝑎𝑛21,80º
35 35
1 ∙ 300 ∙ 0,9 ∙ 550 ∙ 0,6 ∙ 1 − ∙
250 1,5 (3.237)
𝑉 , =
𝑐𝑜𝑡2,34º + 𝑡𝑎𝑛21,80º
𝛼 = 1 + 𝜎 /𝑓 (3.239)
1,52
𝛼 =1+ = 1,0651
35 (3.240)
1,5
35 35
1,0651 ∙ 300 ∙ 489,67 ∙ 0,6 ∙ 1 − ∙
250 1,5 (3.241)
𝑉 , =
2,5 + 𝑡𝑎𝑛21,80º
87
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
A princípio, no item 4.1, será apresentada uma análise geral do tratamento de cada uma
das normas em estudo a fim de se fazer uma melhor compreensão dos resultados obtidos.
Posteriormente serão apresentadas as análises e comparações dos resultados feitas para cada
variável deste estudo: (a) a altura da viga, (b) a resistência à compressão do concreto, (c) o
traçado do cabo e (d) a quantidade de área de aço.
4.1 – Análise geral comparativa das normas NBR 6118:2014, ACI 318:2019 e Eurocode
2:2004
Com a visualização desses resultados (que apesar de estarem ilustrados apenas para o
Grupo 1, representa o comportamento dos demais grupos), observou-se para vigas em concreto
armado que:
𝑀
𝑉 = 0,6 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑 1+ (2.47)
𝑀 á
97
𝑉 ∙𝑀
𝑉 = 0,05 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓 ∙𝑏 ∙𝑑+ 𝑉 + ∙ 0,75 (2.50)
𝑀 á
Onde:
𝑉 expressão da parcela de contribuição do concreto à resistência ao cisalhamento
da norma NBR 6118:2014;
𝑉 expressão da parcela de contribuição do concreto à resistência ao cisalhamento
utilizando o método aproximado da norma ACI 318:2019;
𝑉 expressão da parcela de contribuição do concreto à resistência ao cisalhamento
na alma utilizando o método detalhado da norma ACI 318:2019;
𝑉 expressão da parcela de contribuição do concreto à resistência ao flexo-
cisalhamento utilizando o método detalhado da norma ACI 318:2019;
𝑉 expressão da parcela de contribuição do concreto à resistência ao cisalhamento
da norma EUROCODE 2:2004;
A Equação 2.48 referente ao ACI 318:2019, que trata do método aproximado para
cálculo da parcela 𝑉 , tem como dados de entrada a resistência do concreto, a largura e a altura
útil da seção, se caracterizando como uma equação altamente empírica, pois o fator 0,42,
calibrado através de modelos experimentais, é quem considera o efeito dos mecanismos
complementares do concreto em conjunto com o efeito da protensão. O uso dessa equação
resultou em valores de contribuição do efeito da protensão em média 4,2 vezes maiores que o
da NBR 6118:2014; 1,4 vezes maiores que os resultados do método detalhado do ACI 318:2019
e 17 vezes maiores que o da norma EUROCODE 2:2004, para o caso das vigas com traçado
reto. Se tratando do traçado poligonal, os resultados foram em média 1,5 vezes maiores que o
98
da norma brasileira; 1,2 vezes maiores que o calculado pelo método detalhado da norma
americana e 2,1 vezes maiores que o da norma europeia.
É fundamental destacar que apesar do efeito da protensão ser maior considerado na
norma americana, o valor final da resistência ao cisalhamento fornecida pelo concreto pode não
ser. É o caso, por exemplo, da viga V2R-100, em que, para a NBR 6118:2014, 𝑉 = 476𝑘𝑁 e
para o ACI 318:2019, 𝑉 = 463,5𝑘𝑁, ilustrados no Gráfico 11.
conforme a inclinação do cabo (maior para as vigas de maior altura), contornando, em partes,
a perda devido a diminuição da tensão de compressão no concreto.
Ressalta-se também que a contribuição da protensão está sendo analisada considerando
vigas não protendidas com altura útil maior que as vigas protendidas, pois este foi um critério
de dimensionamento adotado, usualmente praticado nas construções.
Outra observação a ser evidenciada é a proximidade dos resultados de acréscimo de
resistência com os aumentos das alturas obtidos com a NBR 6118:2014 e com o método
aproximado do ACI 318:2019, em que mesmo apresentando equacionamentos tão distintos
apresentaram comportamento semelhante neste aspecto.
ACI 318
COMPARATIVO NBR 6118 ACI 318 DET EUROCODE 2
APROX
A norma europeia, assim como a norma brasileira, permite considerar a parcela referente
a componente vertical da força de protensão, e esta, como ilustrado no Gráfico 17, tem grande
influência na resistência ao cisalhamento do elemento estrutural.
ACI 318
VIGA NBR 6118 ACI 318 DET EUROCODE
APROX
V1R-60 23,23% 0,00% 6,27% 40,35%
V1R-80 22,24% 0,00% 3,91% 32,09%
V1R-100 21,71% 0,00% 2,73% 22,12%
V1P-60 22,09% 0,00% 12,72% 26,14%
V1P-80 21,56% 0,00% 8,42% 21,33%
V1P-100 21,26% 0,00% 6,28% 19,08%
V2R-60 23,30% 0,00% 5,44% 37,22%
V2R-80 22,26% 0,00% 3,34% 26,82%
V2R-100 21,72% 0,00% 2,32% 22,61%
V2P-60 22,46% 0,00% 11,70% 25,35%
V2P-80 21,79% 0,00% 7,51% 20,03%
V2P-100 21,41% 0,00% 5,49% 17,64%
V3R-60 23,75% 0,00% 8,45% 28,18%
107
O acréscimo de 20% na área de aço fez com que a parcela da contribuição da protensão
aumentasse em média 22% para a NBR 6118:2014, 0,00% para o método aproximado do ACI
318:2019 6,22 % para o ACI 318:2019 (método detalhado) e 29,1% para o EUROCODE
2:2004. Estes resultados demonstram que a norma americana considera pouco ou nem
considera, no caso do método aproximado, a área de aço em seu processo de cálculo, enquanto
que as normas brasileira e europeia consideram de modo relevante essa influência.
108
5.1 Conclusão
Diante do que foi estudado e visando uma maior abrangência dos conhecimentos sobre
o tema, são feitas a seguintes sugestões para trabalhos futuros:
6 – REFERÊNCIAS
ACI COMMITTEE 318. Building code requirements for structural concrete: (ACI 318-
19); and Commentary (ACI 318R-19). Farmington Hills: American Concrete Institute, 2019.
CEN. Eurocódigo 2: Design of concrete structures - Part 1-1: General rules and rules for
buildings (EN 1992-1-1:2004). Brussels, 2004.
CHOLFE, Luiz; BONILHA, Luciana. Concreto protendido: Teoria e prática. 2. ed. São
Paulo: PINI, 2018.