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Carrapatos Dos Animais Domésticos - Parasitologia Veterinária
Carrapatos Dos Animais Domésticos - Parasitologia Veterinária
*Estigmas respiratórios: os ácaros respiram por uma estrutura como se fosse o nosso nariz
(aberturas nasais) que são os estigmas respiratórios (aberturas naturais por onde os ácaros
realizam a troca gasosa). A localização dessas estruturas é utilizada para dividir as
subordens dos ácaros e também o formato desses estigmais ajudam a identificar esse
parasita. Ao redor desse estigma respiratório existe uma estrutura mais
quitinizada/resistente chamada de peritrema (estrutura que protege os estigmas
respiratórios. Como se fosse as cartilagens do nosso nariz).
Existem dois principais grupos na Subordem Gamasida que são os Dermanyssidae (tem um
ácaro chamado Dermanyssus) e o outro grupo que é Macronyssidae (tem um gênero
chamado Ornythonissus. Tem também a Subordem Ixodida também chamada de
Metastigmata que é o grupo dos carrapatos que tem o estigma respiratório no final do
corpo. E dentro desse grupo dos Ixodídeos existem duas famílias principais, uma que é mais
frequente que é a família Ixodidae que são os carrapatos comuns nos cães, bovinos e
equinos, a outra família acaba sendo um pouco menos prevalente na rotina veterinária que
é a família Argasidae.
Importância: a grande importância dos carrapatos está diretamente relacionada com o
hábito alimentar (se alimentam de sangue). Diferente de alguns mosquitos que se
alimentam de seiva de planta. De maneira geral, pelo menos em estágio da vida, o
carrapato necessita de sangue tanto o macho quanto a fêmea. Então, a grande importância
dos carrapatos é que eles são hematófagos (o alimento desses parasitas é o sangue).
Existem espécies de carrapato que acometem animais de companhia (cão, gato), bovinos,
equinos e homens (pode causar pontos de inflamação devido a saliva do carrapato no
repasse sanguíneo e de uma maneira mais grave transmitir agentes patogênicos causando
doenças como a febre maculosa e doença de Lyme).
INTRODUÇÃO
Dano mecânico – tudo começa com o dano mecânico, pois esse parasita se fixa no
hospedeiro inserindo seu aparelho bucal e sugando o sangue (ele inocula a saliva que
possui diversas proteínas de ação anticoagulante, analgésica para impedir que o
hospedeiro perceba que ele está ali). Esse dano mecânico é basicamente pela
introdução do gnatossoma (aparelho bucal) na pele.
Irritação – tanto a irritação quanto a inflamação acontecem devido a inoculação da
saliva. As proteínas da saliva do carrapato vão atuar como corpo estranho e vão levar
a uma reação no hospedeiro causando uma irritação local.
Inflamação;
Em alta infestação – anemia e redução de produtividade – a depender da quantidade
de carrapato que o animal esteja portando ele pode apresentar um quadro anêmico.
Em casos de animais de produção ocorre redução da produtividade.
Podem transmitir uma variedade de agentes patogênicos – protozoários, rickettsias e
filárias – a depender da espécie de carrapato vai ter diferentes agente patogênicos
transmitidos. Ex. babesia, erliquia, nematoides, etc. (isso aqui tá relacionado com a
importância dos carrapatos também).
Família Ixodidae
Carrapatos duros – relacionado a família Ixodidae, recebe esse nome porque o seu
corpo é revestido por uma estrutura chamada de escudo dorsal e esse escudo é composto
por uma estrutura rígida chamada quitina. E tem como função, a proteção. Enquanto a
família Argasidae são chamados de carrapatos moles porque não tem esse escudo.
Escudo dorsal presente em todos os estádios – esse escudo dorsal está presente em
todos os estágios do carrapato (ovo -> larva -> ninfa -> adultos). Então no caso da
família Ixodidae, em todos os estágios vão encontrar o escudo dorsal quitinizado
diferente da família Argasidae.
Dimorfismo sexual bem evidente – é possível diferenciar através do escudo dorsal.
Na fêmea o escudo dorsal não reveste o corpo todo, ele é reduzido (isso tem uma
importância fisiológica). Enquanto que no macho todo o corpo é revestido. A fêmea
vai possuir o escudo dorsal reduzido para permitir que ela consiga ingerir uma
quantidade grande de sangue, uma vez que ela precisa obter proteína para fazer a
sua postura de ovos. E como o macho precisa de sangue só para a sua manutenção,
ele não precisa se ingurgitar completamente, então ele tem o escudo completo.
Divisões aparentes no corpo = Gnatossoma bem evidente e Idiossoma;
Uma única postura grande durante o ciclo – uma vez que a fêmea foi copulada e saiu
do hospedeiro, ela começa um processo de postura no ambiente (uma única postura
na vida toda). A quantidade vai depender da espécie do carrapato, mas pode variar
entre 2000 até 8000 ovos por fêmea. Depois da postura, ela morre. O macho pode
permanecer no animal e copular outras fêmeas.
Alimentação lenta – ficam por vários dias se alimentando no animal. Fêmea se
alimenta, faz postura e morre.
Acasalamento sobre o hospedeiro – eles sempre copulam no corpo do hospedeiro –
fixado –, diferente dos carrapatos moles que sempre copulam no ambiente. A fêmea
geralmente fica com o ventre voltado para o macho (ventre com ventre) porque o
aparelho genital deles fica geralmente na parte ventral (o macho vem com o ventre
dele próximo ao aparelho genital da fêmea e ele não tem o órgão copulador,
diferente de outros artrópodes que possuem o edeago que insere na fêmea. Então
eles produzem o espermatozoide e através do seu aparelho bucal com uma estrutura
chamada de palpo, coletam os espermatozoides (espermatóforos) no aparelho
genital deles e introduzem na fêmea e aí acaba ocorrendo a fecundação. O aparelho
bucal dos carrapatos é formado por três estruturas: palpos, quelíceras (serve para
cortar a pele do hospedeiro) e hipostômio.
Ciclos com 1 a 3 hospedeiros – por exemplo, o carrapato do bovino é o ciclo de um
hospedeiro, então uma vez que o carrapato sobe na fase de larva ele só vai descer do
bovino quando tiver na fase adulta. Então quando um carrapato realiza todo seu ciclo
em um hospedeiro é chamado de carrapato monoxeno (carrapato dos bovinos e o
carrapato da orelha dos cavalos). Existem carrapatos também que parasitam mais de
um hospedeiro e são chamados de poliixenos, (carrapato dos cães que é o
Rhipicephalus sanguineus e o carrapato estrela que é o Amblyomma). Esses citados
precisam de 3 hospedeiros logo são chamados de trioxeno.
Gêneros de importância médico veterinária:
Rhipicephalus – existem duas espécies no Brasil, Rhipicephalus
microplus que acomete os bovinos e Rhipicephalus sanguineus que
acomete os cães.
Dermacentor – existe apenas uma espécie no Brasil, que é a espécie que
acomete os equinos, Dermacentor nitens.
Amblyomma – é o carrapato com mais espécie de importância no brasil,
com mais de 33 espécies descritas.
Características de ixodídeos
Reprodução
Respiração
Morfologia geral
Fases de desenvolvimento
Com relação aos estágios de desenvolvimento, passa por ovo (a fêmea deposita os ovos no
ambiente/nunca coloca no corpo do hospedeiro). Em seguida, eclode as larvas. Outra
característica morfológica relevante é que no
estagio de larva se observa 3 pares de patas. É
uma exceção na classificação de aracnídeos que
possuem 4 pares de patas, exceto no estágio de
larva. Depois mudam para o estágio de ninfa,
possuindo já 4 pares de patas, o escudo dorsal
quitinizado ainda está incompleto e aí depois
eles mudam para o último estágio de vida que
são os adultos. Normalmente no estágio de
ninfa, os órgãos reprodutores ainda não estão
completos, é como se fosse uma fase juvenil (órgãos genitais amadurecendo). Depois que
eles estão com esses órgãos prontos aí sim são chamados de adultos.
Morfologia
Possuem a base do capítulo num formato hexagonal, os palpos são menores que o
hipostômio. Os machos possuem um prolongamento caudal e do lado dos ânus possuem
duas estruturas quitinizadas chamadas de placas adanais (dois pares de placas adanais)
(permitem fazer o diagnóstico de Rhipicephalus microplus). Possuem o estigma e ao redor
dele tem o peritrema que é a superfície que protege e reveste. No caso do carrapato dos
bovinos, o peritrema é circular e aqui é por onde acontece a troca gasosa.
Biologia
É um carrapato monoxeno (de um só hospedeiro), então todo ciclo se dá em apenas um
bovino. Esse ciclo pode ser dividido em duas fases: uma fase
parasitária (acontece no corpo do hospedeiro) e uma fase de
vida livre ou fase não parasitária (acontece no ambiente).
Fase parasitária
Se inicia com a fixação das larvas (estágio inicial) no corpo do bovino, se alimentam +/- 7
dias e muda para ninfa (no corpo do bovino) que também precisa se alimentar de sangue
em média +/- 7 dias e muda para adultos (macho e fêmea). Posteriormente ocorre a cópula
no copo do hospedeiro; ocorre a ingurgitação (alimentação completa) e as fêmeas se
desprendem do bovino e cai na pastagem. Tempo médio=21 dias. O macho pode
permanecer no corpo do bovino e copular com outras fêmeas (uma vez que subiu larva, a
fêmea só desce ingurgitada – um hospedeiro).
Normalmente, existem regiões no corpo do bovino que são mais parasitadas. Como o
bovino tem o comportamento de tremer o corpo, mexer a cauda e lambe (nesses locais as
larvas acabam que não se fixam muito), por isso esses parasitas são comumente
encontrados nas partes ventrais, na região de axila, úbere das fêmeas, períneo, perianal,
orelha, barbela, etc e esses pontos de localização é relevante conhecer na hora de fazer o
tratamento.
Se inicia com a queda da teleógina (fêmea ingurgitada) no solo que procura um abrigo com
umidade e proteção da radiação solar. Ao encontrar, inicia sua ovipostura (uma fêmea
desse carrapato pode colocar até 3.000 ovos. É uma postura única que leva dias,
dependendo das condições climáticas pode levar de duas semanas ou até mais de um mês).
Essa fase de vida livre depende das condições climáticas. As fêmeas morrem quenóginas
(casquinha do carrapato morto/fêmea que fez ovipostura e morreu). Os ovos que a fêmea
colocou darão origem as larvas e o tempo de eclosão desses ovos também é relativo e
depende das condições climáticas, mas em média é um mês. E aí uma vez que se tem
presença de larva na pastagem, ela procura um hospedeiro para iniciar o ciclo novamente.
Essas larvas tem o comportamento de subir na pastagem chamado de geotropismo
negativo (afastado do solo). É um comportamento evolutivo que os carrapatos tem que
facilitam encontrar o hospedeiro. Tempo médio=depende das condições climáticas.
A Babesia e o Anaplasma são responsáveis pela tristeza parasitária bovina. É uma doença
que cursa com emagrecimento, anemia, tristeza, etc. E se não tratar pode levar a óbito.
Ciclo biológico
Ciclo monoxeno.
Fase parasitária – em média 3 a 4 semanas
Inicia com a fixação das larvas no corpo do equino, se alimentam +/- 7 dias e muda para
ninfa (no corpo do equino) que também se alimenta em média +/- 7 dias e muda para
adultos (machos e fêmeas). Posteriormente ocorre a cópula no corpo do hospedeiro;
ocorre a ingurgitação (alimentação completa) e as fêmeas se desprendem do hospedeiro
para fazer a sua postura.
Importância
Vetor
Ciclo biológico
É um carrapato que exige três hospedeiros para completar o ciclo (trioxeno), pois
todas as mudas são feitas fora do hospedeiro (pode ser o mesmo animal em
momentos diferentes).
Fases de desenvolvimento: ovo, larva, ninfa e adultos.
A larva sobe no animal, alimenta-se até ingurgitar (em torno de 2 a 7 dias), desce do
hospedeiro e muda para ninfa; esta sobe no hospedeiro, alimenta-se até ingurgitar (5
a 10 dias) e desce do animal. No solo, muda para macho ou fêmea (adulto), que
novamente sobe no hospedeiro para fazer o hematofagismo (6 a 30 dias), eles se
alimentam, copulam e a fêmea, depois de ingurgitada, vai ao solo/volta para o
ambiente, onde faz a postura contínua de 2 mil a 3 mil ovos. Após 20 a 60 dias,
dependendo das condições de temperatura e umidade, as larvas eclodem, procuram
o hospedeiro e caso não encontrem hospedeiro pode ficar 8 meses escondida no
ambiente.
Cópula sempre ocorre no corpo do animal.
Fêmea faz ovipostura e após a ovipostura ela morre.
Ciclo= 63 dias;
Importância
Vetor
Morfologia
Ciclo biológico
É um carrapato que exige três hospedeiros para completar seu ciclo de vida
(trioxeno), pois todas as mudas – de larva para ninfa (a larva se fixa na pele do 1º
hospedeiro e se alimenta em torno de 4 dias. Depois vai para o ambiente e se
transforma em ninfa) e de ninfa (a ninfa vai precisar de um 2º hospedeiro, ela se
alimenta em torno de 4 dias também e depois volta para o ambiente e muda para
adulto) para adulto macho ou fêmea (os adultos vão para o 3º hospedeiro, se
alimentam por um período maior de 7 a 10 dias e aí depois que se alimentaram eles
copulam no hospedeiro. A fêmea volta para o ambiente e faz a sua postura e morre)
– são feitas fora do hospedeiro. O ciclo é trioxeno, semelhante ao do R. sanguineus.
A fêmea põe de 6 mil a 8 mil ovos em uma única postura.
O que difere é que o 1º hospedeiro pode ser qualquer animal de sangue quente. Ele
pode parasitar várias espécies, ele é pouco especifico – baixa especificidade (aves,
pequenos mamíferos, equinos ou capivaras).
O 2º hospedeiro (aves, pequenos mamíferos, equinos e capivaras).
O 3º hospedeiro (capivara ou equídeos).
Ciclo sazonal que acontece ao longo da evolução da natureza se mantendo estável
durante o ano e percebe-se que durante os meses de março até julho o que se
encontra normalmente nas pastagens e nos animais é o estágio de larvas, julho até
novembro encontra geralmente os animais com estágio de ninfa e a partir de
novembro até março do outro ano contendo nos animais, os adultos. Uma geração
anual geralmente distribuído dessa forma.
Importância
Carrapato mais importante na transmissão de patógenos para humanos – carrapato
mais importante na transmissão de patógenos para seres humanos;
Pouca especificidade parasitária – pode parasitar vários animais;
Pode transmitir vários agentes patogênicos, como Borrelia (agente da doença de
Lyme) e Rickettsia rickettsi (causadora da febre maculosa), e sua picada pode originar
ferimentos na pele de cura demorada.
Vetor
Família Argasidae
Carrapatos moles – não tem escudo dorsal quitinizado; na verdade, no estágio de larva
eles possuem um escudo bem rudimentar, porém em ninfa e adultos não tem, por isso são
chamados de carrapatos moles.
Morfologia
Achatado dorso-ventralmente;
Face dorsal separada da ventral por uma borda lateral nítida que rodeia o corpo do
carrapato – todo seu corpo tem uma divisória;
Idiossoma ovoide – o idiossoma na parte anterior não tem o gnatossoma (ele é
ventral);
Aparelho bucal na face ventral;
Estigma respiratório presente, sem peritrema;
Abertura genital
Biologia
Não ficam o tempo todo na ave, geralmente ficam nos ninhos ou nos galinheiros
Vai no hospedeiro geralmente a noite;
A fêmea se alimenta em quantidade demorada, cerca de 30 min, volta pro ambiente,
faz uma cópula e uma postura.
Vive por mais tempo, porém coloca uma quantidade menor de ovos, cerca de 600 a
800 ovos em toda a sua vida e em cada postura cerca 100 a 120 ovos.
Faz várias posturas pequenas;
Postura intermitente, se alimenta e coloca os ovos.
Ciclo trioxeno;
1 – Os adultos vão sobre a ave para se alimentar em torno de 25 min fazendo o repasse
sanguíneo. Ficam geralmente na região do peito ou debaixo das asas porque é uma região
mais fina.
3 – As larvas eclodem na instalação e vão até uma ave para se alimentar em torno de 11
dias.
5 – No ambiente mudam de larva para ninfa (protoninfa: ninfa que não se alimentou
ainda);
8 – Recomeça o ciclo;
Importância
Causa irritação das aves;
Pode causar anemia, lesões hemorrágicas na pele, morte;
Vetor de Borrelia anserina = borreliose das aves – doença grave que pode levar a
óbito.