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Carrapatos dos animais domésticos

Os carrapatos possuem um comportamento denominado de geotropismo negativo, ou


seja, ao sair do hospedeiro eles procuram lugares altos, de preferência perto do ambiente
onde os hospedeiros ficam e dormem. Eles também utilizam o sangue do seu hospedeiro
(uma estrutura líquida) mas contém sólidos e eles sugam essa parte sólida do sangue
porque é a parte proteica que eles vão utilizar para fazer a postura e a parte líquida, eles
regurgitam no hospedeiro. Então, uma vez que uma fêmea de carrapato está aderida na
pele do hospedeiro, ela está sugando o sangue aproveitando a parte sólida e devolvendo a
parte líquida e é durante essa devolução que ela acaba inoculando bactérias, protozoários.
Quanto ao que o carrapato suga, o macho suga uma parte pequena para se manter vivo,
mas a fêmea a depender da espécie pode chegar a sugar 3 ml de sangue. Ela vai filtrando o
sangue a nível de intestino, devolvendo a parte líquida pro hospedeiro.

O carrapato é um artrópode muito comum, formado basicamente por duas estruturas, na


verdade, o corpo é formado por uma parte anterior como se fosse a cabeça dele, mas na
verdade não é a cabeça, é só o aparelho bucal denominado de gnatossoma (parte aderida
na pelo do hospedeiro) ou capítulo. O restante do corpo onde fica os órgãos, as patas (o
corpo propriamente dito) é denominado de idiossoma. Então o carrapato é basicamente
formado de um aparelho bucal por onde ele se fixa no hospedeiro, se alimenta e o restante
do corpo dele é chamado de idiossoma.

Com relação a classificação, os carrapatos são classificados da seguinte forma: Reino


Animalia, Filo Arthropoda (para ser um artrópode a principal característica são os
apêndices articulados no corpo/patas articuladas. Possuem também o corpo revestido por
um esqueleto de quitina denominado exoesqueleto, e esse exoesqueleto é trocado à
medida que os artrópodes vão crescendo, para facilitar o desenvolvimento da natureza,
outra característica é a simetria bilateral (tudo que se observa de um lado, se observa do
outro), pertencentes a Classe Arachnida (corpo dividido em duas porções, cefalotórax –
evidente em aranhas, escorpiões – e a outra que é chamada de abdômen). E dentro dessa
classe existe a Subclasse Acari (ácaros são indivíduos em que o cefalotórax é fusionado com
abdome. Quando observa é possível ver uma única estrutura que é o idiossoma, tanto os
carrapatos quanto os ácaros causadores de sarna, têm um único corpo que é o idiossoma
(cefalotórax + abdômen fusionados). Quanto a subordem, tanto os ácaros causadores de
sarna quanto os carrapatos são divididos de acordo com a estrutura respiratória/aparelho
respiratório que eles possuem. Os ácaros (separados de acordo com a localização do
aparelho respiratório) pertencentes a Subordem Gamasida também chamados de
Mesostigmata são ácaros que possuem o estigma respiratório na metade do corpo.

*Estigmas respiratórios: os ácaros respiram por uma estrutura como se fosse o nosso nariz
(aberturas nasais) que são os estigmas respiratórios (aberturas naturais por onde os ácaros
realizam a troca gasosa). A localização dessas estruturas é utilizada para dividir as
subordens dos ácaros e também o formato desses estigmais ajudam a identificar esse
parasita. Ao redor desse estigma respiratório existe uma estrutura mais
quitinizada/resistente chamada de peritrema (estrutura que protege os estigmas
respiratórios. Como se fosse as cartilagens do nosso nariz).

Existem dois principais grupos na Subordem Gamasida que são os Dermanyssidae (tem um
ácaro chamado Dermanyssus) e o outro grupo que é Macronyssidae (tem um gênero
chamado Ornythonissus. Tem também a Subordem Ixodida também chamada de
Metastigmata que é o grupo dos carrapatos que tem o estigma respiratório no final do
corpo. E dentro desse grupo dos Ixodídeos existem duas famílias principais, uma que é mais
frequente que é a família Ixodidae que são os carrapatos comuns nos cães, bovinos e
equinos, a outra família acaba sendo um pouco menos prevalente na rotina veterinária que
é a família Argasidae.
Importância: a grande importância dos carrapatos está diretamente relacionada com o
hábito alimentar (se alimentam de sangue). Diferente de alguns mosquitos que se
alimentam de seiva de planta. De maneira geral, pelo menos em estágio da vida, o
carrapato necessita de sangue tanto o macho quanto a fêmea. Então, a grande importância
dos carrapatos é que eles são hematófagos (o alimento desses parasitas é o sangue).
Existem espécies de carrapato que acometem animais de companhia (cão, gato), bovinos,
equinos e homens (pode causar pontos de inflamação devido a saliva do carrapato no
repasse sanguíneo e de uma maneira mais grave transmitir agentes patogênicos causando
doenças como a febre maculosa e doença de Lyme).

INTRODUÇÃO

Causam prejuízos aos animais domésticos:

 Dano mecânico – tudo começa com o dano mecânico, pois esse parasita se fixa no
hospedeiro inserindo seu aparelho bucal e sugando o sangue (ele inocula a saliva que
possui diversas proteínas de ação anticoagulante, analgésica para impedir que o
hospedeiro perceba que ele está ali). Esse dano mecânico é basicamente pela
introdução do gnatossoma (aparelho bucal) na pele.
 Irritação – tanto a irritação quanto a inflamação acontecem devido a inoculação da
saliva. As proteínas da saliva do carrapato vão atuar como corpo estranho e vão levar
a uma reação no hospedeiro causando uma irritação local.
 Inflamação;
 Em alta infestação – anemia e redução de produtividade – a depender da quantidade
de carrapato que o animal esteja portando ele pode apresentar um quadro anêmico.
Em casos de animais de produção ocorre redução da produtividade.
 Podem transmitir uma variedade de agentes patogênicos – protozoários, rickettsias e
filárias – a depender da espécie de carrapato vai ter diferentes agente patogênicos
transmitidos. Ex. babesia, erliquia, nematoides, etc. (isso aqui tá relacionado com a
importância dos carrapatos também).
Família Ixodidae

Carrapatos duros – relacionado a família Ixodidae, recebe esse nome porque o seu
corpo é revestido por uma estrutura chamada de escudo dorsal e esse escudo é composto
por uma estrutura rígida chamada quitina. E tem como função, a proteção. Enquanto a
família Argasidae são chamados de carrapatos moles porque não tem esse escudo.

 Escudo dorsal presente em todos os estádios – esse escudo dorsal está presente em
todos os estágios do carrapato (ovo -> larva -> ninfa -> adultos). Então no caso da
família Ixodidae, em todos os estágios vão encontrar o escudo dorsal quitinizado
diferente da família Argasidae.
 Dimorfismo sexual bem evidente – é possível diferenciar através do escudo dorsal.
Na fêmea o escudo dorsal não reveste o corpo todo, ele é reduzido (isso tem uma
importância fisiológica). Enquanto que no macho todo o corpo é revestido. A fêmea
vai possuir o escudo dorsal reduzido para permitir que ela consiga ingerir uma
quantidade grande de sangue, uma vez que ela precisa obter proteína para fazer a
sua postura de ovos. E como o macho precisa de sangue só para a sua manutenção,
ele não precisa se ingurgitar completamente, então ele tem o escudo completo.
 Divisões aparentes no corpo = Gnatossoma bem evidente e Idiossoma;
 Uma única postura grande durante o ciclo – uma vez que a fêmea foi copulada e saiu
do hospedeiro, ela começa um processo de postura no ambiente (uma única postura
na vida toda). A quantidade vai depender da espécie do carrapato, mas pode variar
entre 2000 até 8000 ovos por fêmea. Depois da postura, ela morre. O macho pode
permanecer no animal e copular outras fêmeas.
 Alimentação lenta – ficam por vários dias se alimentando no animal. Fêmea se
alimenta, faz postura e morre.
 Acasalamento sobre o hospedeiro – eles sempre copulam no corpo do hospedeiro –
fixado –, diferente dos carrapatos moles que sempre copulam no ambiente. A fêmea
geralmente fica com o ventre voltado para o macho (ventre com ventre) porque o
aparelho genital deles fica geralmente na parte ventral (o macho vem com o ventre
dele próximo ao aparelho genital da fêmea e ele não tem o órgão copulador,
diferente de outros artrópodes que possuem o edeago que insere na fêmea. Então
eles produzem o espermatozoide e através do seu aparelho bucal com uma estrutura
chamada de palpo, coletam os espermatozoides (espermatóforos) no aparelho
genital deles e introduzem na fêmea e aí acaba ocorrendo a fecundação. O aparelho
bucal dos carrapatos é formado por três estruturas: palpos, quelíceras (serve para
cortar a pele do hospedeiro) e hipostômio.
 Ciclos com 1 a 3 hospedeiros – por exemplo, o carrapato do bovino é o ciclo de um
hospedeiro, então uma vez que o carrapato sobe na fase de larva ele só vai descer do
bovino quando tiver na fase adulta. Então quando um carrapato realiza todo seu ciclo
em um hospedeiro é chamado de carrapato monoxeno (carrapato dos bovinos e o
carrapato da orelha dos cavalos). Existem carrapatos também que parasitam mais de
um hospedeiro e são chamados de poliixenos, (carrapato dos cães que é o
Rhipicephalus sanguineus e o carrapato estrela que é o Amblyomma). Esses citados
precisam de 3 hospedeiros logo são chamados de trioxeno.
 Gêneros de importância médico veterinária:
 Rhipicephalus – existem duas espécies no Brasil, Rhipicephalus
microplus que acomete os bovinos e Rhipicephalus sanguineus que
acomete os cães.
 Dermacentor – existe apenas uma espécie no Brasil, que é a espécie que
acomete os equinos, Dermacentor nitens.
 Amblyomma – é o carrapato com mais espécie de importância no brasil,
com mais de 33 espécies descritas.
Características de ixodídeos

Reprodução

 Cópula sobre o hospedeiro – a reprodução acontece no tegumento do hospedeiro


 3.000 - 8.000 ovos/fêmea – depende, por exemplo, da quantidade de sangue que a
fêmea ingere.

Respiração

 Larva – tegumento – apesar dos carrapatos possuírem estigma respiratório, quando


eles estão em estágio de larva o estigma não está totalmente pronto, por isso que
nesse estágio eles respiram pela cutícula que é mais fina. Então, a troca gasosa se dá
por tegumento. À medida que a larva muda para o estágio de ninfa, aí sim o estigma
respiratório está totalmente formado e aí a troca gasosa se dá por essa estrutura.
Nos adultos, a mesma coisa.
 Ninfas e adultos – estigmas ou espiráculos respiratórios.

Morfologia geral

O corpo dele é o gnatossoma que é o aparelho bucal. O formato do gnatossoma é utilizado


para diferenciar o gênero do carrapato, mais especificamente a parte inicial do gnatossoma
chamada de base do capítulo.
Existem os palpos maxilares, o
hipostômio que é por onde
ele vai sugar o sangue e na
ponta as quelíceras. O
hipostômio geralmente tem
esses dentículos que favorece
a fixação do carrapato no
hospedeiro. Outra estrutura
que vai ser utilizada para
identificar os carrapatos é a coxa (o primeiro segmento da pata é chamado de coxa e fica
articulado no idiossoma). Em algumas espécies precisa observar o carrapato na sua forma
ventral para ver o tamanho e o formato da coxa. No carrapato dos cães, por exemplo, a
coxa número 1 tem como se fosse um espinho. (Rhipicephalus sanguineaus). Outra
estrutura observada é o formato do estigma e do peritrema (em alguns carrapatos o
peritrema tem formato de vírgula, circular). Alguns carrapatos também possuem uma
estrutura divisória na porção final do corpo chamada de festões (alguns possuem e outros
não) e tem também a região anal. À medida que eles vão se alimentando, defecam sobre o
hospedeiro ou no ambiente. E também tem o poro genital onde acontece a cópula.

Fases de desenvolvimento
Com relação aos estágios de desenvolvimento, passa por ovo (a fêmea deposita os ovos no
ambiente/nunca coloca no corpo do hospedeiro). Em seguida, eclode as larvas. Outra
característica morfológica relevante é que no
estagio de larva se observa 3 pares de patas. É
uma exceção na classificação de aracnídeos que
possuem 4 pares de patas, exceto no estágio de
larva. Depois mudam para o estágio de ninfa,
possuindo já 4 pares de patas, o escudo dorsal
quitinizado ainda está incompleto e aí depois
eles mudam para o último estágio de vida que
são os adultos. Normalmente no estágio de
ninfa, os órgãos reprodutores ainda não estão
completos, é como se fosse uma fase juvenil (órgãos genitais amadurecendo). Depois que
eles estão com esses órgãos prontos aí sim são chamados de adultos.

Rhipicephalus (Boophilus) microplus – “Carrapato do boi”

 Atualmente, após sequenciamento genético, o gênero Boophilus passou a ser


subgênero de Rhipicephalus, sendo então denominado Rhipicephalus (Boophilus)
microplus.
 Atualmente as espécies pertencem ao gênero Rhipicephalus – infesta principalmente
bovinos (faltou bovino ou quando se apresenta em grande quantidade costuma
parasitar outros animais, como seres humanos).
 Infesta principalmente bovinos, excepcionalmente ataca o homem;
 Machos apresentam dois pares de placas adanais desenvolvidas, geralmente com
prolongamento caudal;
 Se distribui nas Américas (erradicado na A. do Norte) e África;
 Elevada importância na pecuária;
O gnatossoma dela é só a parte marrom, o idiossoma é sangue puro. Todo sangue ela vai
metabolizar, transformar em proteínas para realizar a sua ovipostura no ambiente para dar
continuidade ao ciclo. Uma fêmea dessa coloca em torno de 3.000 ovos no ambiente.

Morfologia

Possuem a base do capítulo num formato hexagonal, os palpos são menores que o
hipostômio. Os machos possuem um prolongamento caudal e do lado dos ânus possuem
duas estruturas quitinizadas chamadas de placas adanais (dois pares de placas adanais)
(permitem fazer o diagnóstico de Rhipicephalus microplus). Possuem o estigma e ao redor
dele tem o peritrema que é a superfície que protege e reveste. No caso do carrapato dos
bovinos, o peritrema é circular e aqui é por onde acontece a troca gasosa.
Biologia
É um carrapato monoxeno (de um só hospedeiro), então todo ciclo se dá em apenas um
bovino. Esse ciclo pode ser dividido em duas fases: uma fase
parasitária (acontece no corpo do hospedeiro) e uma fase de
vida livre ou fase não parasitária (acontece no ambiente).

Fase parasitária

Se inicia com a fixação das larvas (estágio inicial) no corpo do bovino, se alimentam +/- 7
dias e muda para ninfa (no corpo do bovino) que também precisa se alimentar de sangue
em média +/- 7 dias e muda para adultos (macho e fêmea). Posteriormente ocorre a cópula
no copo do hospedeiro; ocorre a ingurgitação (alimentação completa) e as fêmeas se
desprendem do bovino e cai na pastagem. Tempo médio=21 dias. O macho pode
permanecer no corpo do bovino e copular com outras fêmeas (uma vez que subiu larva, a
fêmea só desce ingurgitada – um hospedeiro).

Normalmente, existem regiões no corpo do bovino que são mais parasitadas. Como o
bovino tem o comportamento de tremer o corpo, mexer a cauda e lambe (nesses locais as
larvas acabam que não se fixam muito), por isso esses parasitas são comumente
encontrados nas partes ventrais, na região de axila, úbere das fêmeas, períneo, perianal,
orelha, barbela, etc e esses pontos de localização é relevante conhecer na hora de fazer o
tratamento.

Fase de vida livre ou não parasitária

Se inicia com a queda da teleógina (fêmea ingurgitada) no solo que procura um abrigo com
umidade e proteção da radiação solar. Ao encontrar, inicia sua ovipostura (uma fêmea
desse carrapato pode colocar até 3.000 ovos. É uma postura única que leva dias,
dependendo das condições climáticas pode levar de duas semanas ou até mais de um mês).
Essa fase de vida livre depende das condições climáticas. As fêmeas morrem quenóginas
(casquinha do carrapato morto/fêmea que fez ovipostura e morreu). Os ovos que a fêmea
colocou darão origem as larvas e o tempo de eclosão desses ovos também é relativo e
depende das condições climáticas, mas em média é um mês. E aí uma vez que se tem
presença de larva na pastagem, ela procura um hospedeiro para iniciar o ciclo novamente.
Essas larvas tem o comportamento de subir na pastagem chamado de geotropismo
negativo (afastado do solo). É um comportamento evolutivo que os carrapatos tem que
facilitam encontrar o hospedeiro. Tempo médio=depende das condições climáticas.

Importância em Medicina Veterinária e Saúde Pública


 Ampla distribuição geográfica no mundo;
 Causa enorme prejuízo a pecuária (U$ 3,4 bilhões ao ano no Brasil – Grisi et al 2014);
 A lesão causada pela picada do carrapato provoca irritação local e perda de sangue
que favorece a formação de miíases no local.
 A pele irritada predispõe a infecções secundárias.
 Cada fêmea suga, em toda a sua vida, 1,5 mℓ de sangue, o que provoca no
hospedeiro anemia e diminuição na produtividade de carne e leite.
 Desvio de energia: há um esforço do animal para compensar os danos causados pelo
carrapato, o que representa um desvio de energia que seria convertida para a
produção.
 A picada produz lesões que causam a desvalorização do couro.
 Durante a sucção, os carrapatos injetam substâncias tóxicas prejudiciais à saúde dos
bovinos.
 Os ácaros transmitem protozoários do gênero Babesia e a riquétsia Anaplasma.
Esses agentes, juntos, são responsáveis pela tristeza parasitária bovina.
 O ácaro também pode transmitir vírus e outras bactérias.
Vetor

Principais agentes patogênicos transmitidos:

 Protozoários Babesia bovis e B. bigemina – causam a doença chamada babesiose;


 Bactérias Anaplasma marginale e A. centrale – causam a doença chamada
anaplasmose;
 Theileria equi – quando é realizado um pastejo de equinos na mesma pastagem de
bovinos, esse carrapato pode subir no equino, se alimentar do seu sangue e
transmitir um protozoário chamado Theileria equi que causa uma doença chamada
piroplasmose equina. Então além de causar transtornos para a bovicultura, trasmite
um protozoário para equinos.

A Babesia e o Anaplasma são responsáveis pela tristeza parasitária bovina. É uma doença
que cursa com emagrecimento, anemia, tristeza, etc. E se não tratar pode levar a óbito.

Dermacentor nitens – “Carrapato da orelha dos equinos”

 Parasita equídeos – frequentemente encontrado dentro do conduto auditivo dos


equinos, por isso é chamado também de carrapato da orelha dos equinos. Apesar de
ser parasita de equídeos, na ausência desse animal pode ser encontrado em outros
hospedeiros.
 Pavilhão auricular e divertículo nasal – tem predileção por essas áreas, porém se o
animal tiver muito infestado, esse carrapato pode ser encontrado em qualquer parte
do corpo, como por exemplo, na região perianal, por todo o corpo, etc.
 Pode causar ferimentos na pele, infecções secundárias, miíases e perda da orelha – a
importância dele é pelo hematofagismo direto. Em alta carga parasitária o animal
pode se tornar anêmico, pode causar processos de irritação local, etc. (Nos casos
mais graves, quando o equino tem alta carga de carrapatos pode ocorrer um
processo de lesão de cartilagem do conduto e o animal ficar com a orelha caída,
fazendo com que esse cavalo perca o seu valor comercial).
 Vetor de Babesia caballi – esse carrapato também é importante por transmitir a
babesia que causa a piroplasmose equina (junto com a Theileria equi).
Morfologia
 Base do capítulo retangular dorsalmente – a base do capítulo tem o formato
retangular.
 Hipostômio (estrutura medial) com 4 fileiras de dentes/dentículos recorrente de cada
lado;
 Palpos mais curtos que o hipostômio;
 Coxa IV (4) maior que as demais;
 Presença de festões na porção final do corpo;
 Peritrema (depois da pata IV) em forma de ‘disco de telefone’ – principal
característica morfológica.
 Macho sem placas adanais.

Ciclo biológico
Ciclo monoxeno.
Fase parasitária – em média 3 a 4 semanas
Inicia com a fixação das larvas no corpo do equino, se alimentam +/- 7 dias e muda para
ninfa (no corpo do equino) que também se alimenta em média +/- 7 dias e muda para
adultos (machos e fêmeas). Posteriormente ocorre a cópula no corpo do hospedeiro;
ocorre a ingurgitação (alimentação completa) e as fêmeas se desprendem do hospedeiro
para fazer a sua postura.

Fase de vida livre ou não parasitária – em torno de 70 dias

Teleógina (fêmea ingurgitada) no solo, ovipostura (3.000 ovos), morre (quelóginas).

Importância

 Provoca lesão no conduto auditivo de equinos – pode depreciar a cartilagem do


ouvido do animal.
 Predispõe infecções secundárias (pode ter otite) e surgimento de miíases – sua
picada pode originar ferimentos na pele que favorecem o aparecimento de miíases
com lesões e até a perda da orelha, relato comum nos equinos do Brasil central.
 Pode transmitir para os equinos agentes patogênicos, como a B. caballi.

Vetor

 Babesia caballi – babesiose;

Rhipicephalus sanguineus – “Carrapato vermelho do cão”

 É encontrado no cão e outros mamíferos – gatos, coelhos, seres humanos.


 Pode atacar qualquer região do corpo (membros anteriores e nas orelhas);
 Espalham-se pelas habitações, abrigando-se em frestas e forros – apresentam
geotropismo negativo;
 Causa irritação e desconforto – pré-disposição a infecções secundárias.
 Transmite Babesia vogeli (babesiose canina), Ehrlichia canis (erliquiose), Anaplasma
platys (distúrbio no processo de hemostasia) e Hepatozoon canis.
Morfologia

 Base do capítulo hexagonal dorsalmente – gnatossoma com formato hexagonal.


 Coxa I bifurcada – parece que tem dois espinhos por isso é chamada de bifurcada ou
bífida;
 No final do corpo apresenta os festões.
 Macho com um par de placas adanais ao lado do ânus.
 O peritrema que protege o estigma respiratório tem o formato de vírgula bastante
acentuado no macho e pouco acentuado na fêmea.

Ciclo biológico
 É um carrapato que exige três hospedeiros para completar o ciclo (trioxeno), pois
todas as mudas são feitas fora do hospedeiro (pode ser o mesmo animal em
momentos diferentes).
 Fases de desenvolvimento: ovo, larva, ninfa e adultos.
 A larva sobe no animal, alimenta-se até ingurgitar (em torno de 2 a 7 dias), desce do
hospedeiro e muda para ninfa; esta sobe no hospedeiro, alimenta-se até ingurgitar (5
a 10 dias) e desce do animal. No solo, muda para macho ou fêmea (adulto), que
novamente sobe no hospedeiro para fazer o hematofagismo (6 a 30 dias), eles se
alimentam, copulam e a fêmea, depois de ingurgitada, vai ao solo/volta para o
ambiente, onde faz a postura contínua de 2 mil a 3 mil ovos. Após 20 a 60 dias,
dependendo das condições de temperatura e umidade, as larvas eclodem, procuram
o hospedeiro e caso não encontrem hospedeiro pode ficar 8 meses escondida no
ambiente.
 Cópula sempre ocorre no corpo do animal.
 Fêmea faz ovipostura e após a ovipostura ela morre.
 Ciclo= 63 dias;

Importância

 Presença em ambiente domiciliar;


 Envolvimento com doenças fatais para animais de companhia, principalmente a
erliquiose;
 É comum em cães Grandes infestações provocam desde leve irritação até anemia
pela ação espoliadora de sangue.
 O carrapato pode atacar qualquer região do corpo, porém é mais frequente nos
membros anteriores e nas orelhas.
 É considerado o principal vetor da babesiose canina e a transmissão da doença pode
ser por via transovariana ou transestadial. Pode também transmitir vírus e bactérias
e atacar o ser humano, causando dermatites.

Vetor

 Babesia vogeli – babesiose canina;


 Ehrlichia canis – erhlichiose canina;
 Anaplasma platys.
 Hepatozoon canis
Amblyomma sculptum – “Carrapato estrela, carrapato de cavalo, picaço,
carrapato-pólvora, micuim”

 Parasita a maioria dos animais domésticos – tem baixa especificidade e pode


parasitar desde aves até os equinos.
 Pode parasitar o homem;
 Pode transmitir vários agentes patogênicos e a sua picada pode originar ferimentos
na pele de cura demorada;
 Febre maculosa no homem (Rickettsia rickettsii);
 Geralmente com escudo ornamentado (de cor diferente do resto do corpo e muitas
vezes com desenhos e daí vem o nome carrapato estrela).
 Gnatossoma mais longo do que largo e presença de olhos no escudo.
 Festões presentes, placas adanais ausentes no macho e presença de estigmas em
forma de vírgula ou triângulo.
 Aparelho bucal muito desenvolvido causando uma lesão inflamatória grave;

Morfologia

 Rostro longo e bastante desenvolvido;


 Gnatossoma com base retangular;
 Escudo ornamentado;
 Presença de festões marginais no final do corpo;

Ciclo biológico
 É um carrapato que exige três hospedeiros para completar seu ciclo de vida
(trioxeno), pois todas as mudas – de larva para ninfa (a larva se fixa na pele do 1º
hospedeiro e se alimenta em torno de 4 dias. Depois vai para o ambiente e se
transforma em ninfa) e de ninfa (a ninfa vai precisar de um 2º hospedeiro, ela se
alimenta em torno de 4 dias também e depois volta para o ambiente e muda para
adulto) para adulto macho ou fêmea (os adultos vão para o 3º hospedeiro, se
alimentam por um período maior de 7 a 10 dias e aí depois que se alimentaram eles
copulam no hospedeiro. A fêmea volta para o ambiente e faz a sua postura e morre)
– são feitas fora do hospedeiro. O ciclo é trioxeno, semelhante ao do R. sanguineus.
 A fêmea põe de 6 mil a 8 mil ovos em uma única postura.
 O que difere é que o 1º hospedeiro pode ser qualquer animal de sangue quente. Ele
pode parasitar várias espécies, ele é pouco especifico – baixa especificidade (aves,
pequenos mamíferos, equinos ou capivaras).
 O 2º hospedeiro (aves, pequenos mamíferos, equinos e capivaras).
 O 3º hospedeiro (capivara ou equídeos).
 Ciclo sazonal que acontece ao longo da evolução da natureza se mantendo estável
durante o ano e percebe-se que durante os meses de março até julho o que se
encontra normalmente nas pastagens e nos animais é o estágio de larvas, julho até
novembro encontra geralmente os animais com estágio de ninfa e a partir de
novembro até março do outro ano contendo nos animais, os adultos. Uma geração
anual geralmente distribuído dessa forma.

Importância
 Carrapato mais importante na transmissão de patógenos para humanos – carrapato
mais importante na transmissão de patógenos para seres humanos;
 Pouca especificidade parasitária – pode parasitar vários animais;
 Pode transmitir vários agentes patogênicos, como Borrelia (agente da doença de
Lyme) e Rickettsia rickettsi (causadora da febre maculosa), e sua picada pode originar
ferimentos na pele de cura demorada.

Vetor

 Rickettsia rickettsi – febre maculosa;


 Borrelia burgdorferi – doença de Lyme;
 Entre outros agentes...

Família Argasidae

Carrapatos moles – não tem escudo dorsal quitinizado; na verdade, no estágio de larva
eles possuem um escudo bem rudimentar, porém em ninfa e adultos não tem, por isso são
chamados de carrapatos moles.

 Ausência de escudo dorsal em ninfas e adultos;


 Dimorfismo sexual pouco evidente;
 Estigma respiratório entre o III e IV par de patas, enquanto que na outra família fica
após o IV par de patas;
 Alta resistência ao jejum;
 Várias pequenas posturas após curtas alimentações e não morre depois
 Alimentação rápida, no máximo 30 minutos, a exceção são as larvas que pode ficar
até 11 dias no hospedeiro; o Acasalamento fora do hospedeiro;
 Gêneros de importância médico veterinária:
 Argas – que acomete principalmente aves;
 Ornithodorus – mais comum em morcegos, animais silvestres.
 Otobios – raro; pouca frequência em animais domésticos. É um parasita de
orelha de cavalo, bovino;
Argas miniatus

Morfologia

 Achatado dorso-ventralmente;
 Face dorsal separada da ventral por uma borda lateral nítida que rodeia o corpo do
carrapato – todo seu corpo tem uma divisória;
 Idiossoma ovoide – o idiossoma na parte anterior não tem o gnatossoma (ele é
ventral);
 Aparelho bucal na face ventral;
 Estigma respiratório presente, sem peritrema;

 Estigma localizado entre coxa III e IV;


 Dimorfismo sexual não é evidente;

Abertura genital

 Machos: em forma circular


 Fêmeas: em forma de fenda

Biologia

 Não ficam o tempo todo na ave, geralmente ficam nos ninhos ou nos galinheiros
 Vai no hospedeiro geralmente a noite;
 A fêmea se alimenta em quantidade demorada, cerca de 30 min, volta pro ambiente,
faz uma cópula e uma postura.
 Vive por mais tempo, porém coloca uma quantidade menor de ovos, cerca de 600 a
800 ovos em toda a sua vida e em cada postura cerca 100 a 120 ovos.
 Faz várias posturas pequenas;
 Postura intermitente, se alimenta e coloca os ovos.
 Ciclo trioxeno;

Os adultos normalmente ficam nas instalações:

1 – Os adultos vão sobre a ave para se alimentar em torno de 25 min fazendo o repasse
sanguíneo. Ficam geralmente na região do peito ou debaixo das asas porque é uma região
mais fina.

2 – Depois de se alimentarem, eles voltam para o ambiente e aí as fêmeas metabolizam o


sangue e realizam as posturas (em torno de 100 a 150 ovos em cada postura). Esses ovos
que a fêmea colocou vão dar origem as larvas e essas larvas no ambiente precisam ir para
um hospedeiro.

3 – As larvas eclodem na instalação e vão até uma ave para se alimentar em torno de 11
dias.

4 – Se alimentam e posteriormente voltam para o ambiente/galinheiro.

5 – No ambiente mudam de larva para ninfa (protoninfa: ninfa que não se alimentou
ainda);

6 – Protoninfa procura hospedeiro para se alimentar normalmente a noite quando as aves


estão em repouso, cerca de 30 minutos.

7 – Depois de alimentadas, voltam para a instalação e viram adultos.

8 – Recomeça o ciclo;

Ficam muito tempo escondidos e pouco tempo no hospedeiro.

Importância
 Causa irritação das aves;
 Pode causar anemia, lesões hemorrágicas na pele, morte;
 Vetor de Borrelia anserina = borreliose das aves – doença grave que pode levar a
óbito.

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