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Disciplina: Psicologia Desenvolvimento II

Professor: Joice Pacheco

Saúde Mental dos Idosos no Processo de Envelhecimento:


Desafios, Prevalência e Estratégias de Intervenção
Carlos Charlys da Maia, Crisllen Gutierrez, Maria Isabel Abreu, Nayara Maia, Samara Gabriella, Tatiana Vieira Sotero e
Yasmin Avila. Acadêmicos do curso de Psicologia, do terceiro período, Centro Universitário Católica de Santa Catarina,
campus Joinville

1. Introdução
A saúde mental desempenha um papel significativo no processo de
envelhecimento. Estudos têm demonstrado que idosos podem enfrentar uma série
de transtornos, incluindo depressão, ansiedade, demência e outras condições que
afetam negativamente a qualidade de vida e a capacidade de realizar atividades
diárias. A depressão é uma das condições mais comuns nessa faixa etária, e pode
manifestar-se por meio de sintomas como tristeza, perda de interesse em
atividades, falta de apetite e falta de energia. A ansiedade também é bastante
prevalente entre os idosos, podendo apresentar sintomas como medo, preocupação
excessiva e tensão. A demência, por sua vez, é uma condição que afeta a
capacidade cognitiva e pode causar problemas de memória, comunicação e
comportamento. Segundo Borim, F.S.A el at. (2013).
Com o aumento da expectativa de vida dos idosos, crescem as prevalências
de doenças crônicas, os riscos de limitações físicas, de perdas cognitivas, de
declínio sensorial e de propensão a acidentes e a isolamento social. Além dos
aspectos físicos, a saúde mental também é comprometida, com consequente
deterioração da saúde dos idosos. Os quadros psiquiátricos nos idosos incluem,
destacadamente, a demência, estados depressivos, transtornos ansiosos e mesmo
quadros psicóticos 3, sendo, entretanto, a depressão o mais importante problema de
saúde mental nessa faixa etária.

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Além dos transtornos mentais específicos, outros fatores relacionados à
saúde mental também podem afetar o processo de envelhecimento. Por exemplo, o
isolamento social pode levar a problemas de saúde mental e física em idosos,
enquanto o estresse pode contribuir para o desenvolvimento de condições como
hipertensão, doenças cardíacas e outras doenças crônicas.

2. Metodologia
Um estudo que analisou 51 casos de suicídio entre idosos em dez cidades
brasileiras, por meio de autópsias psicológicas, concluiu que doenças graves,
transtornos mentais, depressão, conflitos familiares e conjugais são as principais
causas de suicídio nessa fase da vida. Sabe-se, portanto, que sintomas depressivos
podem desencadear crises suicidas quando associados a vulnerabilidades
socioambientais, psicológicas, familiares e de saúde (Minayo & Cavalcante, 2012;
Barrero, 2012; Pinto et al., 2012).
Diante disso, é crucial reconhecer a importância da saúde mental no
processo de envelhecimento e buscar estratégias efetivas de prevenção e
tratamento adequadas para essa população. Essas estratégias podem envolver
terapias, medicamentos, atividades em grupo e outros recursos que possam auxiliar
na melhoria da qualidade de vida dos idosos e promover seu bem-estar emocional.
É fundamental sinalizar a importância de ações efetivas de prevenção e promoção
da saúde mental, a fim de proporcionar apoio à pessoa idosa, fazendo com que se
sintam úteis, ativas e integradas socialmente.

3 3. Características relacionadas à saúde mental do idoso:

3.1 .Estudos indicam que a prevalência de transtornos mentais em


idosos é maior em comparação com outras faixas etárias. Por
exemplo, um estudo realizado em São Paulo constatou uma
taxa de prevalência de depressão de 19,8% entre idosos,
enquanto para adultos foi de 12,9% (MELLO et al., 2013).

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3.2 Maior vulnerabilidade ao estresse: Os idosos podem enfrentar
dificuldades para lidar com eventos estressantes, como perda
de entes queridos, aposentadoria, mudanças físicas e
emocionais, entre outros.

3.3 Maior probabilidade de isolamento social: A solidão e o


isolamento social são comuns entre os idosos e podem ter um
impacto negativo na saúde mental

3.4 Maior risco de suicídio: Os idosos apresentam maior risco de


suicídio em comparação com outras faixas etárias. Segundo o
Ministério da Saúde, o suicídio é a terceira causa de morte
entre pessoas com mais de 70 anos no Brasil (BRASIL, 2019).

Além disso, existem diversas dificuldades enfrentadas pelos idosos em


relação à velhice, que podem variar de acordo com suas escolhas de vida,
sociedade em que vivem, cultura local e percepções sociais sobre o
envelhecimento. Essas dificuldades podem incluir isolamento, comportamento
depressivo, perda de prestígio no ambiente familiar e de trabalho, doenças,
demência, exclusão social, abandono, solidão, tristeza, entre outras. Muitas dessas
dificuldades são consequências de eventos anteriores e podem depender das
escolhas e recursos disponíveis para os idosos, como apoio financeiro, afeto da
família e participação em grupos de terceira idade. As dificuldades enfrentadas
pelos cuidadores estão relacionadas ao ato de cuidar, à falta de paciência e à falta
de formação para desempenhar essa função, especialmente quando realizada de
forma não remunerada por parentes do idoso. No caso dos cuidados profissionais,
especialmente para idosos dependentes, os desafios enfrentados pelos
profissionais são diversos e complexos, exigindo uma colaboração efetiva entre
diferentes profissionais e setores para aumentar a resolubilidade.

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É necessário as práticas de saúde direcionadas aos idosos, levando em
consideração aspectos estruturais, administrativos, sociais e políticos, a fim de
promover mudanças nas condições essenciais para lidar com a demanda diária,
tanto nas unidades de saúde quanto nos domicílios.
O processo de envelhecimento é único e está permeado por medos,
angústias, perdas e declínios, mas a forma como as pessoas vivem a velhice e se
preparam para o envelhecimento tem um grande impacto na saúde mental dos
idosos, pois a saúde mental desempenha um papel preponderante no
envelhecimento.
Em um estudo feito por Jardim, Medeiros e Brito (2006), 10 idosos
descreveram a percepção frente à velhice. Os autores identificaram que a relação
com a família e a socialização é de fundamental importância, pois é uma forma
positiva de enfrentamento da velhice e do envelhecimento propriamente dito,
referindo-se a importância da atividade física, do relacionamento social, do cuidado
da mente e corpo para um envelhecimento saudável e com menos agravos a saúde
física e mental.
Os idosos brasileiros estão construindo seu espaço de sociabilização e
inclusão social, e se percebe um crescimento dos movimentos de
aposentados e de terceira idade. O primeiro é um movimento mais político
congregado por homens, enquanto que o segundo, sociocultural, reúne
mais mulheres. Esses espaços de sociabilização são importantes na
construção social da identidade do idoso durante a velhice, pois permitem
uma interação dos mesmos, na busca de uma positivação da velhice que
afaste a solidão e o preconceito, permitindo um envelhecimento ativo e
independente.

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Segundo Oliveira et al. (2006), os sintomas de ansiedade estão associados a
várias limitações diárias na vida dos idosos e também estão relacionados a outras
comorbidades, como transtorno depressivo maior. Cordeiro et al. (2020), em um
estudo realizado no interior de São Paulo, demonstraram que a terceira causa mais
frequente de busca por idosos na Estratégia de Saúde da Família (ESF) está
relacionada a sintomas de transtornos mentais e comportamentais. Entre esses
idosos, 55% receberam prescrições medicamentosas de ansiolíticos e 29,7% de
antidepressivos. Considerando que a ESF é uma porta de entrada para a
assistência à saúde, é importante destacar a necessidade de maiores investimentos
e atenção à promoção da saúde mental e à prevenção de problemas psíquicos em
idosos brasileiros.
Os participantes entrevistados relataram que a qualidade de vida está
relacionada ao sentimento de bem-estar com a própria realidade de vida,
manifestando satisfação em ter a família reunida, trocar afeto e sentir-se parte de
um grupo. No entanto, a diminuição da renda financeira, a perda do status social e
outras mudanças podem facilitar o surgimento de problemas mentais nos idosos.
(Linari, 2004).
Um estudo de Casemiro e Ferreira (2020) demonstrou que os grupos de
convivência favorecem a saúde mental e contribuem para um envelhecimento bem-
sucedido, uma vez que os idosos se sentem socialmente amparados, engajados em
atividades prazerosas e trocam experiências positivas. A dificuldade na mobilidade
social das pessoas idosas contribui para um desempenho empobrecido em sua vida
diária, desmotivador e com poucas expectativas de melhoria. Isso também aumenta
as situações de desproteção e insegurança entre os idosos, que muitas vezes não
se sentem confiantes em seus bairros, nas ruas e nos poucos ambientes de lazer e
cultura oferecidos socialmente.

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Conclusão

A saúde mental dos idosos no processo de envelhecimento apresenta uma


série de desafios significativos. A depressão, a ansiedade e a demência são
transtornos comuns que afetam negativamente a qualidade de vida e o bem-estar
emocional dessa população. Fatores como isolamento social, preocupações
financeiras e eventos estressantes ampliam os riscos para problemas de saúde
mental nessa fase da vida. Estratégias de prevenção e tratamento adequadas,
como terapias, medicamentos e atividades em grupo, são essenciais para promover
a saúde mental dos idosos. Além disso, a promoção de um envelhecimento ativo,
com o envolvimento em grupos sociais, a valorização da autonomia e o apoio
familiar, desempenham um papel crucial na manutenção do bem-estar mental e
emocional. É fundamental que a sociedade, os profissionais de saúde e os
cuidadores estejam cientes da importância da saúde mental dos idosos, buscando
criar um ambiente favorável, que promova a inclusão social, a valorização dos
idosos e a oferta de serviços especializados para atender às suas necessidades
específicas.

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