Você está na página 1de 62

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

BRUNO GOMES ARAÚJO

ESTUDO DE CONFIABILIDADE APLICADO AO AUMENTO DA


DISPONIBILIDADE DA INSTALAÇÃO DE UM LABORATÓRIO DE UMA
INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA

FORTALEZA
2021
BRUNO GOMES ARAÚJO

ESTUDO DE CONFIABILIDADE APLICADO AO AUMENTO DA DISPONIBILIDADE


DA INSTALAÇÃO DE UM LABORATÓRIO DE UMA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Elétrica do Departamento de
Engenharia Elétrica da Universidade Federal
do Ceará, como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Me. Carlos Gustavo Castelo


Branco.

FORTALEZA
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

A687e Araújo, Bruno Gomes.


Estudo de confiabilidade aplicado ao aumento da disponibilidade da instalação de um laboratório de uma
indústria alimentícia / Bruno Gomes Araújo. – 2021.
60 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia,


Curso de Engenharia Elétrica, Fortaleza, 2021.
Orientação: Prof. Me. Carlos Gustavo Castelo Branco.

1. Sistema de aterramento IT. 2. Estudo de caso. 3. Análise de viabilidade. 4. Confiabilidade. I. Título.


CDD 621.3
BRUNO GOMES ARÁUJO

ESTUDO DE CONFIABILIDADE APLICADO AO AUMENTO DA DISPONIBILIDADE


DA INSTALAÇÃO DE UM LABORATÓRIO DE UMA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Elétrica do Departamento de
Engenharia Elétrica da Universidade Federal
do Ceará, como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Elétrica.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof. Me. Carlos Gustavo Castelo Branco (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________
Prof. Dr. Raimundo Furtado Sampaio
Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________
Eng. Leonardo Duarte Milfont
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus.


Aos meus pais Glaucivânia e José Edson por todo o esforço e dedicação
investidos na minha educação.
Ao meu irmão Pedro pela atenção e amizade quando mais precisei.
À minha namorada Larissa que sempre esteve ao meu lado durante a graduação.
Ao professor Carlos Gustavo Castelo Branco, pela excelente orientação.
A todos os meus professores do curso de Engenharia Elétrica da Universidade
Federal do Ceará pela excelente qualidade técnica de cada um.
Aos meus companheiros da Empresa Júnior Tecsys, por me presentear com
enriquecedoras experiências.
Por último, aos meus amigos da turma de graduação em ordem alfabética: Caio
Nobre, José Airton Borges, Leonardo Andrade, Matheus Alencar, Matheus Torres e Pedro
Tino Pinheiro, que viveram comigo este período, dividindo alegrias e tristezas. Sem vocês
seria impossível concluir esse curso.
Muito obrigado!
RESUMO

Este trabalho objetiva apresentar um estudo de viabilidade para implantação de soluções


elétricas, em princípio o sistema de aterramento IT com monitoramento de corrente, que
otimizem aspectos de segurança e confiabilidade de uma instalação industrial situada no
município de Maranguape no estado do Ceará. Estudo este motivado ao constatar-se a baixa
confiabilidade e segurança da instalação elétrica industrial da Cooperativa Agrícola Mista de
Maranguape, bem como a investigação limitada de soluções que visassem otimizar esses
tópicos da instalação elétrica. O trabalho contemplou a caracterização da situação do setor
laboratorial, a modelagem e o cálculo da confiabilidade operacional do setor laboratorial, a
análise da implementação do sistema IT e do retrofit, e a comparação destas soluções. A
escolha do laboratório industrial da planta se deu pelo histórico de falhas e tendo em vista que
este realiza as análises físicas, químicas e biológicas de todos os lotes fabricados diariamente,
via processo de amostragem e, portanto, pode ser caracterizado como setor vital. Ao fim do
trabalho foi possível concluir que, para o caso estudado, o projeto de sistema de aterramento
IT se apresentou como uma solução implementável tecnicamente, se apresentando como uma
medida preditiva confiável para um setor cuja a operação é vital para o processo produtivo da
indústria, contudo, dada a constatação dos problemas existentes atualmente na instalação e
tendo em vista a diferença considerável do custo de investimento entre as soluções abordadas,
fez-se a recomendação de adotar o retrofit da instalação elétrica como melhor solução.

Palavras-chave: Sistema de aterramento IT. Estudo de caso. Análise de viabilidade.


Confiabilidade.
ABSTRACT

This work aims to present a feasibility study for the implementation of electrical solutions, in
principle the IT grounding system with current monitoring, which optimize safety and
reliability aspects of an industrial installation located in the municipality of Maranguape in the
state of Ceará. This study was motivated by verifying the low reliability and safety of the
industrial electrical installation of the Agricultural Cooperative of Maranguape, as well as the
limited investigation of solutions that aimed to optimize these topics of the electrical
installation. The work included the characterization of the situation of the laboratory sector,
the modeling and calculation of the operational reliability of the laboratory sector, the analysis
of the implementation of the IT system and the retrofit, and the comparison of these solutions.
The choice of the plant's industrial laboratory was due to the history of failures and bearing in
mind that it carries out the physical, chemical and biological analyzes of all batches
manufactured daily, via the sampling process and, therefore, can be characterized as a vital
sector. At the end of the work it was possible to conclude that, for the case studied, the IT
grounding system project presented itself as a technically implementable solution, presenting
itself as a reliable predictive measure for a sector whose operation is vital for the industry's
production process however, given the verification of the problems currently existing in the
installation and in view of the considerable difference in the investment cost between the
solutions addressed, the recommendation was made to adopt the retrofit of the electrical
installation as the best solution.

Keywords: IT Earthing system. Case study. Viability analysis. Reliability.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1  Curva da banheira ......................................................................................... 19

Figura 2  Sistemas de aterramento ............................................................................... 20

Figura 3  Circuito equivalente de uma porção do aterramento .................................... 21

Figura 4  Modelo de solo homogêneo aproximado por fatias ..................................... 23

Figura 5  Perfil de potencial no solo ............................................................................ 24

Figura 6  Esquema elétrico simplificado do sistema de aterramento IT ...................... 24

Figura 7  Resistência de isolamento ao longo do tempo .............................................. 26

Figura 8  Sistema de localização de falhas de isolamento ........................................... 26

Figura 9  Sobretensões transitórias provenientes de faltas para a terra ....................... 28

Figura 10  Diagrama unifilar do sistema IT da estação ................................................. 30

Figura 11  Quadro elétrico com DSI no museu natural de Frankfurt ............................ 31

Figura 12  Monitoramento da isolação no sistema fotovoltaico .................................... 33

Figura 13  Esquema de aterramento IT .......................................................................... 34

Figura 14  Esquemas de instalação de DPS ................................................................... 37

Figura 15  Fluxograma simplificado do processo industrial .......................................... 39

Figura 16  Laboratório industrial ................................................................................... 40

Figura 17  Equipamentos laboratoriais .......................................................................... 41

Figura 18  Diagrama de blocos da taxa de falha ............................................................ 43

Figura 19  Confiabilidade do sistema para as próximas 1000 horas .............................. 43

Figura 20  Impacto previsto na confiabilidade operacional ........................................... 44

Figura 21  Diagrama elétrico do sistema IT 1 ................................................................ 50

Figura 22  Quadro de distribuição do laboratório industrial .......................................... 52

Figura 23  Conexão elétrica do aterramento .................................................................. 52

Figura 24  Diagrama elétrico em planta baixa do laboratório industrial ....................... 54


LISTA DE TABELAS

Tabela 1  Valores da tensão de contato limite UL (V) .................................................. 35

Tabela 2  Tempos de seccionamento máximos no esquema IT (segunda falta) ........... 36

Tabela 3  Valor mínimo de UC Exigível do DPS .......................................................... 38

Tabela 4  Histórico de falhas dos equipamentos no setor laboratorial .......................... 41

Tabela 5  Equipamentos laboratoriais críticos .............................................................. 45

Tabela 6  Especificações do transformador de separação ............................................. 46

Tabela 7  Especificações do DSI ................................................................................... 47

Tabela 8  Especificações do anunciador de falhas ........................................................ 47

Tabela 9  Divisão dos circuitos dos sistemas IT ........................................................... 48

Tabela 10  Condutores de fase, neutro e proteção dos sistemas IT ................................ 48

Tabela 11  Dispositivos de disjunção dos sistemas IT .................................................... 49

Tabela 12  Levantamento de materiais ........................................................................... 51

Tabela 13  Especificações do DR instalado .................................................................... 53

Tabela 14  Especificações do DR tipo B ......................................................................... 53

Tabela 15  Divisão dos circuitos ..................................................................................... 54

Tabela 16  Levantamento de cabos ................................................................................. 55

Tabela 17  Levantamento de materiais ........................................................................... 55

Tabela 18  Características das soluções abordadas ......................................................... 57


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


Abracopel Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade
DPS Dispositivo de Proteção contra Surtos
DR Dispositivo Diferencial Residual
DSI Dispositivo Supervisor de Isolamento
EPE Empresa de Pesquisa Energética
GFDI Ground Fault Detector Interrupter
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MRT Monofilar com Retorno por Terra
NBR Norma Brasileira Regulamentar
PID Potential Induced Degradation
SIC Sistema Interconectado Central
TMEF Tempo Médio Entre Falhas
UFC Universidade Federal do Ceará
LISTA DE SÍMBOLOS

K Constante de proporcionalidade
Hz Hertz
Ω Ohm
ρ Resistividade do solo
λ Taxa de falhas
W Watt
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14
1.1 Motivação .......................................................................................................... 14
1.2 Objetivos ........................................................................................................... 15
1.2.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 15
1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 15
1.3 Organização do texto ....................................................................................... 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 16
2.1 Confiabilidade de sistemas elétricos ............................................................... 16
2.2 Sistema de aterramento ................................................................................... 20
2.2.1 Resistência de aterramento ............................................................................... 21
2.2.2 Princípio de funcionamento do sistema de aterramento IT ............................ 24
2.2.3 Dispositivo supervisor de isolamento ................................................................ 25
2.2.4 Desvantagens do sistema de aterramento isolado ............................................ 27
2.2.5 Sistema de aterramento IT em uma estação de tratamento de efluentes ........ 29
2.2.6 Sistema de aterramento IT em um museu de história natural ........................ 30
2.2.7 Sistema de aterramento IT em um sistema fotovoltaico .................................. 32
2.2.8 Sistema de aterramento IT segundo a ABNT 5410 .......................................... 33
2.2.8.1 Seccionamento automático da alimentação do sistema IT ................................ 34
2.2.8.2 Proteção contra sobretensões temporárias no sistema IT ................................. 37
2.3 Considerações finais ......................................................................................... 38
3 ESTUDO DE CASO ......................................................................................... 39
3.1 Caracterização do laboratório industrial ....................................................... 40
3.2 Cálculo da confiabilidade operacional ........................................................... 41
3.3 Proposição de soluções ..................................................................................... 44
3.4 Sistema de aterramento IT .............................................................................. 45
3.4.1 Levantamento das cargas críticas ..................................................................... 45
3.4.2 Dimensionamento do transformador de separação ......................................... 46
3.4.3 Dimensionamento do dispositivo supervisor de isolamento ............................ 46
3.4.4 Dimensionamento do anunciador de falhas ..................................................... 47
3.4.5 Divisão dos circuitos elétricos ........................................................................... 47
3.4.6 Dimensionamento dos condutores .................................................................... 48
3.4.7 Dimensionamento das proteções ....................................................................... 49
3.4.8 Diagrama elétrico .............................................................................................. 49
3.4.9 Levantamento de materiais ............................................................................... 50
3.5 Retrofit da instalação elétrica ......................................................................... 51
3.5.1 Instalação elétrica ............................................................................................. 51
3.5.2 Dispositivo residual diferencial ......................................................................... 53
3.5.3 Quadro de cargas ............................................................................................... 53
3.5.4 Planta baixa da instalação ................................................................................ 54
3.5.5 Levantamento de materiais ............................................................................... 55
3.6 Comparação entre soluções ............................................................................. 56
4 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS .............................................. 58
4.1 Conclusões ......................................................................................................... 58
4.2 Trabalhos futuros ............................................................................................. 59
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 60
14

1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

De acordo com o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2020, o mais recente


realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), aproximadamente 15,9% da energia
elétrica gerada no ano de 2019 foi destinada a instalações de caráter industrial. A parcela
correspondente é equivalente a 76.737 GWh.
Em contrapartida o número total de acidentes de origem elétrica somente aumenta
anualmente. De acordo com o a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da
Eletricidade (2021, p. 51),

A série histórica de dados mostra uma escalada crescente de acidentes de origem


elétrica no país, com incremento de 60% em 2019 em relação a 2013, ano de início
da pesquisa. Em números absolutos, esse percentual representou um aumento de 624
acidentes. Anualmente, os acréscimos para os períodos 2013-2014, 2014-2015,
2015-2016, 2016-2017, 2017-2018 e 2018-2019 foram, respectivamente, 17,82%
(185), 2,04% (25), 5,68% (71), 5,15% (68), 2,66% (37) e 16,71% (238).

Além do conhecimento dos riscos associados ao uso, as instalações elétricas,


especialmente as instalações industriais, devem seguir as medidas de prevenção contra
acidentes com eletricidade prescritas na Norma Regulamentadora nº 10, relacionada a
segurança em instalações e serviços em eletricidade, e nas normas técnicas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ABNT NBR 5410, para instalações elétricas de baixa
tensão, ABNT NBR 14039, para instalações elétricas de média tensão, e ABNT NBR 5419,
para a proteção contra descargas atmosféricas.
A maioria dos sistemas ou componentes apresentam operação anormal mesmo
antes da ocorrência de uma falha e o diagnóstico prévio destas anormalidades podem
identificar se o equipamento em questão necessita de manutenção. De acordo com Marçal
(2000), em decorrência do monitoramento e análise desses sintomas, é possível predizer o
estado de funcionamento futuro, possibilitando a programação de manutenções futuras.
Ao constatar a baixa confiabilidade e segurança da instalação elétrica industrial da
Cooperativa Agrícola Mista de Maranguape, notou-se a viabilidade de elaborar um estudo de
caso com ênfase na melhoria da qualidade do serviço de energia elétrica na indústria.
Portanto, constata-se a importância do estudo de soluções disponíveis no mercado que
possibilitem o incremento da disponibilidade de instalações elétricas industriais, bem como
em que setores estas poderiam ser empregadas, por meio da análise de viabilidade destas
15

soluções, com base no impacto destas na confiabilidade operacional do sistema. Como um


incentivo a mais que ratifica a importância do projeto, observou-se que existem poucos
estudos voltados para esta área, o que pode incentivar outros estudantes a explorarem mais o
tema, como com os demais correlacionados.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Este trabalho tem por objetivo apresentar o estudo de viabilidade para


implantação de soluções elétricas, em princípio o sistema de aterramento IT com
monitoramento de corrente, que otimizem aspectos de segurança e confiabilidade de uma
instalação industrial.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Definir e caracterizar a situação do setor industrial abordado;


b) Modelar e quantificar a confiabilidade operacional do setor abordado;
c) Propor e analisar a implementação de soluções;
d) Comparar as soluções propostas;
e) Definir a viabilidade das soluções abordadas.

1.3 Organização do texto

Este trabalho foi desenvolvido em 4 capítulos, assim dispostos:


a) Capítulo 1: introdução do trabalho, acerca da segurança de instalações
elétricas e da confiabilidade de sistemas elétricos. Além da motivação do
trabalho, objetivos do trabalho e da descrição dos capítulos que o compõem;
b) Capítulo 2: revisão bibliográfica, acerca dos temas de confiabilidade e sistema
de aterramento IT, constando as definições, tipos e caraterísticas.
c) Capítulo 3: estudo de caso relacionado ao tema, por meio do projeto elétrico
do sistema de aterramento IT e retrofit numa planta industrial;
d) Capítulo 4: A conclusão, desenvolvida a partir das observações dos projetos
realizados.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Confiabilidade de sistemas elétricos

Um dos conceitos importantes da segurança de um sistema elétrico é aquele que


caracteriza a confiabilidade de um equipamento elétrico. Tratando-se de um dos aspectos
mais difundidos no campo da probabilidade, a confiabilidade tem ao longo dos anos gerado
muitas interpretações, principalmente quando se trata de avaliar o conceito de confiabilidade
dentro de abordagens matemáticas ou na visão coloquial desse termo. Algumas definições
são clássicas com respeito à confiabilidade; são apresentadas a seguir:
a) U. K. Ministry of Defense (1979): A aptidão de um item para executar ou ser
capaz de executar uma determinada função sem falhar sob as condições
estabelecidas por um período de tempo ou de operação é também expressa
como uma probabilidade (CARTER, 1986);
b) U.S. Militar Handbook (1970): Confiabilidade é a probabilidade de que um
item realizará sua função sob as condições estabelecidas de uso e durante um
determinado período de tempo (CARTER, 1986);
c) European Organization for Quality Control (1965): Confiabilidade é a medida
da habilidade de um produto funcionar sucessivamente quando requerido por
um período determinado em um ambiente especificado. É medido como uma
probabilidade (CARTER, 1986).
d) Associação Brasileira de Normas Técnicas: Capacidade de um item
desempenhar uma função requerida sob condições especificadas, durante um
dado intervalo de tempo (NBR 5462, 1994).
A confiabilidade definida como uma probabilidade é muito atrativa porque nos
habilita a quantifica-la de maneira que nos leva a um entendimento de probabilidade contida
no assunto de estatística.
Uma definição interessante de confiabilidade foi apresentada por Almeida (1989),

Confiabilidade R(t) é a probabilidade de que um equipamento não deixará de operar


em um dado intervalo de tempo t, ou seja, o mesmo não está no estado de falha.
Entende-se por falha, uma degradação que ocasiona uma paralisação no
funcionamento do equipamento.

A característica de anormalidade através de graus de degradação neste


funcionamento, em que a operação não é interrompida, mas a variação nos componentes
17

produz uma mudança nas características de funcionamento do sistema além do limite


desejável e para o qual foi projetado, é um problema de qualidade de serviço. A frequência na
qual as falhas ocorrem é usada como um parâmetro para uma formulação matemática da

confiabilidade e é chamada de taxa de falhas (λ).

Esta taxa é a relação entre a quantidade dos componentes em falha e o número de


componentes sobreviventes no instante t. É a frequência de falha por item no intervalo de
tempo Δt em relação à população sobrevivente no intervalo Δt. Esta é uma probabilidade
(instantânea) de falhas para um dado equipamento. Outro parâmetro empregado é o Tempo
Médio Entre Falhas (TMEF). O TMEF é uma medida do intervalo de tempo médio em que
um sistema ou item tem um desempenho como especificado antes que uma falha ocorra. É
aplicável a componentes reparáveis, sendo calculado pela equação 1 (SMITH, 1993).


𝑇𝑀𝐸𝐹 = ∫ 𝑡. 𝑓(𝑡). 𝑑𝑡 (1)
0

Em que f(t) representa a função de densidade de falha.


Seixas (2002) define o TMEF como o inverso da taxa de falhas (λ), conforme a
equação 2.
1
𝑇𝑀𝐸𝐹 = (2)
λ

Considerando-se uma função acumulada de falhas como F(t), tem-se que a função
densidade de falhas, que representa a variação da probabilidade de falhas por unidade de
tempo, é definida pela equação 3 (SMITH, 1993).

𝑑𝐹(𝑡)
𝑓(𝑡) = (3)
𝑑𝑡

A função de distribuição acumulada em um intervalo de tempo t1 até o tempo t2 é


definida na equação 4 (SMITH, 1993).

𝑡2
𝐹(𝑡2 ) − 𝐹(𝑡1 ) = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 (4)
𝑡1

Em confiabilidade, a preocupação é com a probabilidade de um item sobreviver a


dado intervalo de tempo estabelecido, isto é, não haverá falhas no intervalo de t1 a t2. A
18

confiabilidade é dada pela função contabilidade R(t), conforme a equação 5 (SMITH, 1993).

∞ 𝑡
𝑅(𝑡) = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 = 1 − ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 = 1 − 𝐹(𝑡) (5)
𝑡 −∞

F(t) é a probabilidade de falha do sistema, definida na equação 6 (SMITH, 1993).

𝐹(𝑡) = 1 − 𝑅(𝑡) (6)

A taxa de falha é a probabilidade de ocorrer uma falha em um intervalo t a t+dt,


dado que houve falha em t. Essa função também conhecida como função de risco, é
representada matematicamente na equação 7 (SMITH, 1993).

𝑓(𝑡) 𝑓(𝑡)
𝜆(𝑡) = = (7)
𝑅(𝑡) 1 − 𝐹(𝑡)

Analisando-se a confiabilidade no contexto de sistemas, uma metodologia de


tratamento de confiabilidade é feita utilizando as formas de conexões das partes dos sistemas.
Em geral essas partes estão conectadas de acordo com funcionalidade do sistema podendo ser
em série, em paralelo e conexão mista. Os sistemas das instalações, de acordo com a sua
complexidade, têm, de forma geral, seus componentes interligados de forma mista, ou seja,
com ligações série-paralelo.
Segundo Billinton e Allan (1983) e Seixas (2002), para o caso de a operação do
sistema depender de todas as partes do mesmo, o sistema está em série. Considerando n
componentes em série, a confiabilidade resultante é dada na equação 8.

𝑅𝑆 (𝑡) = ∏ 𝑅𝑖 (𝑡) (8)


𝑖=1

Em que Ri é a confiabilidade do componente i e n é o número de unidades em


série.
No caso em que a operação do sistema ocorrer for necessária apenas a operação
de um componente, o sistema é dito em paralelo, ou seja, o sistema é totalmente redundante,
ou ainda, o sistema só estará em falha se todos os seus componentes falharem. A
confiabilidade resultante é dada pela equação 9. Em que Ri é a confiabilidade do componente
i e n é o número de unidades em paralelo.
19

𝑅𝑝 (𝑡) = 1 − ∏(1 − 𝑅𝑖 (𝑡)) (9)


𝑖=1

As falhas podem ser classificadas em três tipos básicos (O’CONNOR, 1985):


a) Precoce: Falhas que podem ser totalmente depuradas através de um rigoroso
controle na fabricação e mediante testes antes do envio do produtor ao
consumidor. São elas: o uso demasiadamente intenso, as anormalidades de
fabricação ou projeto defeituoso.
b) Desgaste: Em alguns casos pode-se reduzir ou eliminar as falhas por desgaste
mediante um sistema de manutenção preventiva. Acontecem devido ao
envelhecimento do equipamento ou desgaste real.
c) Casuais: Não é fácil a eliminação deste tipo de falhas, porém em alguns casos,
deve ser feito um acompanhamento de componentes adequados, através de
projetos. São falhas que ocorrem ao acaso, em intervalos que atuam sobre
algum ponto fraco e produzem a quebra.
A curva da banheira, apresentada na Figura 1, reflete o comportamento da taxa de
falha de um sistema por um longo período de tempo. Esta curva pode ser tratada como um
modelo teórico e bastante aplicável a diversos tipos de componentes que, por algum motivo,
não puderam ser devidamente testados após a montagem do sistema e apresentam um modo
de falha predominante. Diversos autores como Bergamo (1997); Blanchard (2003); Mathew
(2004) e Morais (2004) consolidaram a aplicabilidade da teoria do histórico de confiabilidade
dividido em três fases diferentes. De acordo com a Teoria da banheira todo componente tende
a falhar no período inicial e final de sua vida.

Figura 1 – Curva da banheira

Fonte: Lafraia (2001).


20

2.2 Sistema de aterramento

Para que um sistema de energia elétrica opere corretamente, assegurando a


continuidade do serviço, com um desempenho seguro do sistema de proteção e, mais ainda,
para garantir os limites, dos níveis de segurança pessoal, é fundamental que o sistema de
aterramento opere corretamente, a Figura 2 ilustra um diagrama unifilar e seus diferentes tipos
de sistemas de aterramento.

Figura 2 – Sistemas de aterramento

Fonte: Shipp e Angelini (1998).

Os principais objetivos do sistema de aterramento são:


a) Garantir a resistência de aterramento a mais baixa possível;
b) Manter os potenciais produzidos pelas correntes de falta dentro de limites de
segurança;
c) Facilitar a sensibilização dos dispositivos de proteção para correntes de fuga
para a terra;
d) Proporcionar um caminho para a corrente de descargas atmosféricas;
e) Propiciar o uso da terra como retorno, em casos de sistema MRT;
f) Escoar as cargas estáticas das carcaças dos equipamentos.
Historicamente, a seleção do método de aterramento remonta ao início do século
XX, quando foram propostos dois métodos: solidamente aterrado e não aterrado. Sendo a
principal vantagem do método solidamente aterrado o considerável nível da corrente de falta
para a terra, a ponto de sensibilizar os dispositivos de proteção, contudo possuindo o revés da
21

possibilidade de ocorrência de arcos em áreas perigosas. Tendo em vista a continuidade do


serviço, o método não aterrado se apresenta como uma solução sugerida, pelo menos até a
primeira falha à terra (SHIPP; ANGELINI, 1998)

2.2.1 Resistência de aterramento

A principal característica que norteia análise do aterramento é a oposição a


condução da corrente pela terra, podendo esta ser modelada por uma configuração de
resistores, indutores e capacitores, que por fim, se traduz através de uma impedância,
denominada impedância de aterramento. De acordo com Visacro (2002), “tal impedância
pode ser conceituada como a oposição oferecida pelo à injeção de uma corrente elétrica no
mesmo, através de eletrodos, e se expressa quantitativamente por meio da relação entre a
tensão aplicada ao aterramento e a corrente resultante”.
Na maioria das situações de projeto, o dimensionamento do aterramento é
realizado de modo a atender solicitações lentas, como as correntes de curto-circuito, com
frequências mais expressivas próximas à do sistema de alimentação, 60 Hz. Considerando
isso, é válido analisar o modelo nessas situações, onde, devido à baixa frequência, os efeitos
indutivos e capacitivos, representados nas reatâncias série e susceptância paralelo, são
desprezados. Ignora-se também a resistência dos eletrodos, devido à baixa resistência dos
usuais condutores metálicos e a ausência do efeito pelicular nessa faixa de frequência. Por
fim, obtêm-se um modelo puramente resistivo, constituído por um único elemento, designado
de resistência de aterramento, como é possível observar na Figura 3.

Figura 3 – Circuito equivalente de uma porção do


aterramento em condições de baixa frequência

Fonte: Visacro (2002).

Conforme a equação 10 (VISACRO, 2002), pode ser demonstrado que a


resistência de aterramento é diretamente proporcional à resistividade do solo. A constante de
proporcionalidade K é influenciada apenas pelas características geométricas dos eletrodos.
22

𝑅𝑇 = 𝐾. 𝜌 (10)

A resistividade do solo é definida, na equação 11 (VISACRO, 2002), como a


oposição de faces opostas de um cubo de dimensões unitárias preenchido com solo. Sendo a
sua unidade o Ω.m.

𝑙 𝐴
𝑅=𝜌 𝑜𝑢 𝜌=𝑅 (11)
𝐴 𝑙

Existem alguns parâmetros que influenciam de maneira mais considerável o valor


de resistividades do solo, tais como:
a) Tipo de solo;
b) Umidade do solo;
c) Concentração e tipos de sais dissolvidos na água;
d) Compacidade do solo;
e) Granulometria do solo;
f) Temperatura do solo;
g) Estrutura geológica – Anisotropia – Estratificação do solo.
O aterramento elétrico compreende a ligação elétrica de um equipamento ou
componentes de um sistema elétrico à terra via condutores adequados. Como comentado
anteriormente, o sistema de aterramento comporta-se como um circuito RLC. Contudo, em
condições de frequências baixas, esta impedância pode ser reduzida para uma resistência.
A estimação do valor desta resistência de aterramento pode ser equiparada à
relação entre o valor da tensão no eletrodo e o valor da corrente injetada no solo através da
equação 12 (VISACRO, 2002).

𝑉𝑇
𝑅𝑇 = (12)
𝐼

Sendo esta oposição à passagem da corrente composta por três componentes


principais:
a) Resistência própria do eletrodo e das conexões elétricas, comumente considerado
de valor muito baixo, em função da baixa resistência dos eletrodos.
b) Resistência de contato entre o eletrodo e a terra que o circunda, considerada de
valor muito baixo se o eletrodo não possuir cobertura isolante.
23

c) Resistência da terra adjacente ao eletrodo, considerada a principal componente do


valor total da resistência de aterramento, e que depende da resistividade do solo e
da distribuição geométrica dos eletrodos.
A fim de determinar a influência da resistência da terra, de maneira simplificada,
pode se considerar o modelo proposto na Figura 4, onde considera-se o fluxo de corrente de
condução para um solo de características homogêneas por meio de um eletrodo. Neste
modelo, o solo é aproximado por um conjunto de fatias hemisféricas de mesma espessura e
resistividade, onde cada fatia do solo representa um determinado valor de resistência
A soma de todas as fatias até uma distância infinita equivale a resistência de
aterramento. Dado que as espessuras de todas as fatias são iguais, quanto mais perto do
eletrodo uma fatia está, menor será sua resistência. Portanto, o fator determinante do valor da
resistência será a distância da terra ao eletrodo, onde as contribuições de fatias muito distantes
do eletrodo serão desprezíveis.

Figura 4 – Modelo de solo homogêneo aproximado por fatias

Fonte: Kindermann (1995).

O fluxo de corrente através do eletrodo se distribui radialmente e atravessa todas


as fatias, até o infinito, portanto, a queda de tensão em cada fatia de solo descresse à medida
que se afasta do eletrodo, dado que a resistência vai aumentando. Considerando-se uma tensão
nula no infinito, o valor da tensão aumenta à medida que se aproxima do eletrodo. E por fim,
o crescimento do potencial possui derivada crescente, dado que a contribuição para a
composição do potencial aumenta está quando mais próxima do eletrodo, conforme a Figura
5.
24

Figura 5 – Perfil de potencial no solo

Fonte: Kindermann (1995).

2.2.2 Princípio de funcionamento do sistema de aterramento IT

No sistema de aterramento IT, conforme ilustrado na Figura 6, a alimentação dos


circuitos é proveniente de um transformador independente. Como nenhum condutor à jusante
do transformador está conectado à terra, conferindo alta impedância entre as partes, o nível da
corrente de falta das condutoras para terra é muito baixo. A corrente de falta varia conforme a
resistência de isolamento e da capacitância dos condutores para a terra.

Figura 6 – Esquema elétrico simplificado do sistema de aterramento IT

Fonte: Schäuble e Hierholzer (2016).

O seguinte caso exemplifica o funcionamento prático do sistema: O usuário que


entre em contato com uma parte energizada de um sistema elétrico IT de baixa tensão, 220
25

volts entre fases do secundário do transformador, não sofrerá um choque elétrico. Sob estas
condições, apenas uma corrente imperceptível fluirá através da pessoa. A tensão de toque
máxima não será atingida devido à baixa queda de tensão ao longo do condutor de proteção.
Portanto, uma primeira falha não é capaz de seccionar a proteção do sistema IT, e em
sequência, caso o sistema possua um dispositivo supervisor de isolamento (DSI), este
detectará e sinalizará a falha de isolamento ocorrida, afim de alertar a equipe responsável da
necessidade de manutenção.

2.2.3 Dispositivo supervisor de isolamento

Uma característica do sistema de aterramento IT é a possibilidade de


monitoramento da resistência de isolamento do sistema, ou seja, a resistência entre o sistema
elétrico e o sistema de aterramento. Para isso é utilizado o DSI, um dispositivo capaz
supervisionar a resistência de isolamento em ohms, indicando um baixo isolamento em níveis
preditivos, o que gera para a manutenção um ganho em tempo e segurança, e a possibilidade
de programar a manutenção de busca de falhas de isolamento. O princípio de medição do DSI
é um princípio ativo que detecta falhas de isolação simétricas e assimétricas conforme normas
construtivas da IEC 631557-8. Uma deterioração simétrica ocorre quando a resistência de
isolamento de todos os condutores e elementos do sistema supervisionados decrescem em
simetria. As falhas assimétricas ocorrem quando a resistência de isolamento decresce
substancialmente mais de um conduto que outro.
Considerando-se a segurança humana, o valor mínimo de resistência de
isolamento é parametrizado em 50 kΩ. Para fins de manutenção preditiva, é necessário
parametrizar um valor de pré-alarme, a fim de sinalizar a deterioração do isolamento, sendo
este valor indicado em catálogos de fabricantes como 1,5 vezes o valor crítico de isolamento
do sistema conforme exemplificado na Figura 7. Portanto, tomando o valor de 50 kΩ como
crítico, o valor de pré-alarme deverá ser 75 kΩ.
26

Figura 7 – Resistência de isolamento ao longo do tempo

Fonte: Bender (2017).

Outro ponto crítico para as manutenções é a busca das falhas de isolamento à


terra. Existem métodos de localização de falhas fixos ou portáteis que localizam falhas à terra
sem a necessidade de desligamento, conforme a Figura 8.

Figura 8 – Localização de falhas de isolamento

Fonte: Castellari (2011).

Em que:
a) DSI: Dispositivo supervisor de isolamento;
b) GS: Gerador de sinais (portátil ou fixo);
c) LF: Localizador de falhas (portátil ou fixo);
27

d) TM: Transformador de medição (fixo);


e) APM: Alicate portátil de medição.

2.2.4 Desvantagens do sistema de aterramento isolado

A opção pelo método de aterramento isolado é baseada no argumento de que a


corrente de falha no sistema é pequena e insignificante, de modo a não causar efeitos adversos
consideráveis se a falha não for eliminada. Portanto, as faltas para a terra podem ser ignoradas
até o momento conveniente para encontrá-las e eliminá-las.
Essa percepção é válida caso se limite o exemplo ao citado anteriormente, contudo
em sistemas elétricos reais existem outras possibilidades, as vezes pouco abordadas, por
exemplo:
a) Múltiplas faltas à terra;
b) Sobretensões transitórias.
A ocorrência de múltiplas faltas à terra em um sistema de aterramento isolado é
um ponto a ser considerado, caso em que a operação do sistema é comprometida devido todas
as fases do sistema possuírem tensão em relação à terra. Um fator agravante é a degradação
acelerada do sistema de isolamento devido as sobretensões geradas pelas sucessivas falhas à
terra durante o período de vários anos.
A instabilidade do neutro em sistemas de neutro isolado, ou simplesmente,
sistemas isolados, é fundamental para o entendimento das causas de sobretensões, inclusive
aquelas devidas aos fenômenos de ressonância e de curtos intermitentes.
De acordo com a teoria, as sobretensões transitórias causadas por ressonância são
limitadas somente pela resistência ôhmica do circuito ressonante. Na prática, podem chegar
de 3 a 10 vezes a tensão de fase, ou de 10 a 20 vezes a tensão de fase (BEEMAN, 1995), ou
até o rompimento da isolação, o que provoca um curto sólido fase-terra, ou outro tipo
qualquer de curto-circuito sólido, extinguindo-se a estabilidade de neutro, porém, deixando a
sua consequência, que é o rompimento da isolação numa ou, simultaneamente, em várias
partes do sistema elétrico. O limite para as sobretensões causadas pelos curtos intermitentes
não tem um limite teórico, pois as sobretensões podem ser tanto maiores quanto mais
carregada estiver a capacitância das fases do sistema elétrico. Na prática, as sobretensões
devidas aos curtos intermitentes em sistemas isolados podem chegar de 5 a 6 vezes a tensão
de fase (BEEMAN, 1995), ou até romper a isolação que, em particular, atinge primeiramente
os pontos mais fracos do sistema, tais como, os enrolamentos de máquinas elétricas. A
28

solução para limitar estas sobretensões é simplesmente o aterramento do neutro, tanto


solidamente quando por uma impedância.
Este fenômeno é melhor descrito na Figura 9. Onde no ponto A no tempo,
imediatamente antes de uma falha à terra, o ponto neutro do sistema está próximo do
potencial do solo devido à carga eletrostática na capacitância em derivação entre o sistema
elétrico e o aterramento.

Figura 9 – Sobretensões transitórias provenientes de faltas para a terra

Fonte: Shipp e Angelini (1998).

Caso a fase A fique aterrada, as tensões do sistema seriam deslocadas conforme o


exemplificado no ponto B. No instante após a falha, a corrente de carga capacitiva da fase A
passa pelo zero, sendo então extinta deixando e uma carga presa na derivação capacitiva entre
a fase A e a terra. Sem caminho para esta carga se dissipar, o sistema tende a permanecer na
posição mostrada no ponto B.
Embora o neutro do sistema esteja em um novo ponto de referência, a onda
senoidal continua a girar. Após meio ciclo, 180 graus, a fase A se encontra acima do plano do
solo no ponto C. A tensão instantânea no solo neste momento é o dobro da tensão de pico
normal entre fase e neutro em relação à terra. A falta à terra reestabelece a distância,
instantaneamente puxando a fase A para o potencial de aterramento. As componentes de alta
frequência, provenientes da não linearidade do arco, tenderam a excitar a
indutância/capacitância do sistema, resultando em uma oscilação de alta frequência entre
29

+200% e -200%. Quando o arco se extingue, as relações de tensão do sistema tendem a


permanecer em uma nova posição em relação ao potencial de aterramento, como mostrado na
parte inferior do ponto C. Com a extinção da corrente de arco, uma nova carga presa na fase
A, de -200%, se aplica.
O processo em questão se repete a cada ½ ciclo do sistema, ocasionando uma
sobretensão que normalmente é cessada por volta de 700%, quando a maioria das isolações
são danificadas. O processo descrito na Figura 9 mostra o processo chegando ao limite
máximo ao longo de 3 arcos, contudo o processo pode ser mais demorado devido ocasionais
dissipações das cargas retidas na capacitância.

2.2.5 Sistema de aterramento IT em uma estação de tratamento de efluentes

Uma instalação de tratamento de águas residuais tem uma tarefa importante no


tratamento de águas residuais de vários municípios. A Estação de Tratamento de Águas
Residuais da Ilha Annacis, na Colúmbia Britânica, é a segunda maior estação de tratamento
do Canadá e possui um dos mais altos níveis de automação de tratamento de processos do
setor. Esta estação de tratamento de águas residuais, mantida pela MetroVancouver, trata
aproximadamente 175 bilhões de litros de águas residuais por ano. A planta fornece
tratamento secundário de águas residuais para mais de 1 milhão de residentes em 14
municípios (SOLANKI; MOJTAHED, 2019).
O foco do MetroVancouver era maximizar a eficiência econômica de suas bombas
e filtros que desempenham um papel fundamental no tratamento da água, mantendo um
rigoroso padrão de segurança elétrica em todo a instalação. Para eles alcançarem isso,
precisaram implementar uma tecnologia que lhes permitisse monitorar o nível de segurança
de seus sistemas elétricos associados às bombas e filtros da planta.
Um exame mais detalhado do sistema elétrico mostra que as bombas e filtros são
alimentados por inversores de frequência variável que permitem equipe de operação da
estação controlar a velocidade e o torque do motor ajustando a entrada frequência. A
dificuldade com os inversores é que existem retificadores, filtros e inversores no circuito, o
que pode causar falhas CA ou CC, se houver uma falha de isolamento. Além disso, os
inversores podem inadvertidamente criar harmônicos ou sinais de baixa frequência que podem
influenciar negativamente as medições de isolamento.
Para mitigar o efeito de harmônicos no sistema, foi implementada uma entrada de
12 pulsos e inversores de entrada de 18 pulsos para operar as bombas e filtros. Tecnicamente,
30

um inversor de entrada de 12 pulsos é alimentado por 2 transformadores secundários e um


inversor de entrada de 18 pulsos é alimentado por 3 transformadores secundários. O propósito
de ter vários transformadores alimentando o inversor de frequência é a obtenção das saídas de
fase deslocadas, permitindo que mais pulsos sejam criados. Teoricamente, o aumento dos
pulsos reduz a distorção harmônica total da entrada para saída, mas na prática, ainda existem
alguns harmônicos presente apesar disso.
A solução selecionada, sistema de aterramento isolado, pode detectar com
segurança falhas CA e CC enquanto está sendo imune aos harmônicos dos inversores além de
possibilitar o monitoramento do sistema tanto on-line quanto off-line. Este dispositivo de
monitoramento de falta à terra entrega ao setor de manutenção, tempo para encontrar e
corrigir a deterioração do isolamento nos estágios iniciais, o que reduz mais danos e evita
paradas caras e não programadas dos inversores. A Figura 10 ilustra o diagrama unifilar
simplificado do sistema IT supracitado.

Figura 10 – Diagrama unifilar do sistema IT da estação

Fonte: Solanki e Mojtahed (2019).

2.2.6 Sistema de aterramento IT em um museu de história natural

O museu de história natural de Frankfurt abrange 6000 metros quadrados,


tornando-o um dos maiores museus de história natural da Alemanha. Exposições e museus
são a vitrine da pesquisa através da qual é possível compartilhar os mais recentes achados
31

científicos com seus visitantes, fornecendo uma visão dos tempos passados. O museu
compartilha pesquisas e descobertas de’ todas as áreas da biologia, paleontologia e geologia
com o público através de exposições raras, geralmente espetaculares, como dinossauros
(HEINER; BÜLOW, 2015).
Cada exposição conta sua pequena história e dá uma impressão sobre a hora e o
lugar do achado. É válido dizer que estes exemplares expostos são únicos, portanto, objetos de
grande valor que precisam de proteção, especialmente contra incêndio, porque são únicos e
insubstituíveis. No armazém da coleção do Instituto em Frankfurt os principais achados de
todo o mundo estão disponíveis para fins de pesquisa. Mais de 22 milhões de objetos são
armazenados, e estão disponíveis como referência para cerca de 200 cientistas visitantes a
cada ano. O Arquivo de Pesquisa Senckenberg é, portanto, uma das coleções mais importantes
de seu tipo (HEINER; BÜLOW, 2015).
Uma disponibilidade operacional abrangente requer um alto grau de segurança
elétrica como fonte de energia. Mesmo com planejamento, execução e manutenção
cuidadosos, as instalações elétricas estão sempre em risco devido a fatores como umidade,
envelhecimento, sujeira, mecânica danos ou outras falhas passíveis de ocorrência. Neste
cenário, falhas de isolamento não detectadas podem ter efeitos desastrosos ou levar a altos
custos de manutenção, por exemplo, reparos, substituição de dispositivos ou serviço em
período não planejado.
Portanto, o objetivo do setor de manutenção deve ser detectar falhas no tempo e
eliminar as causas, a fim de alcançar a melhor segurança operacional e em última análise,
reduzir custos. Uma solução para esse panorama foi a implementação do sistema de
aterramento isolado, sistema IT, com dispositivo supervisor de isolamento conforme a Figura
11.

Figura 11 – Quadro elétrico com DSI no museu natural de Frankfurt

Fonte: Heiner e Bülow (2015).


32

Além da maior confiabilidade, o sistema de alarme de incêndio foi um ponto


chave para a decisão de instalar sistemas de IT no armazém do museu. Nos sistemas de
aterramento IT, o nível de corrente de fuga para a terra não representa um risco significativo
de incêndio.
Para os custos operacionais de segurança e manutenção, o dispositivo supervisor
de isolamento oferece ao setor de manutenção do museu a vantagem do monitoramento
permanente da isolação, mesmo com cargas desconectadas. Reduzindo os ensaios periódicos
de alto custo, conforme prescrito para sistemas aterrados.

2.2.7 Sistema de aterramento IT em um sistema fotovoltaico

Para garantir o suprimento de eletricidade na mina na superfície da montanha a 42


km a leste da cidade de Caldera, o Grupo CAP planejou a construção de uma das maiores
usinas fotovoltaicas da América Latina em Copiapó, no coração do deserto de Atacama.
A “PAC Solar Amanhecer” no Chile tem mais de 310.000 módulos fotovoltaicos
espalhados por uma área de 250 hectares. Foi construída em apenas seis meses e foi
comissionada em maio de 2014. A energia gerada pela usina é injetada na maior rede
integrada do Chile, a SIC (Sistema Interconectado Central). Com um investimento de US
$ 250 milhões e uma instalação com capacidade de 100 MWp, a usina fotovoltaica produz
370 GWh de energia limpa todos os anos e reduz a emissão de gás carbônico em
aproximadamente 135.000 toneladas anuais.
Esta grande usina fotovoltaica foi construída de modo que o polo negativo da
bateria fotovoltaica fosse aterrado. O aterramento funcional é preferido quando a degradação
dos módulos fotovoltaicos devido ao efeito PID (Potential Induced Degradation) deve ser
evitado. O efeito PID, ou degradação induzida por potencial, é um efeito que afeta os módulos
fotovoltaicos e leva a uma perda crescente de desempenho ao longo dos anos.
O aterramento funcional é realizado usando um GFDI (Ground Fault Detector
Interrupter) - um dispositivo que interrompe o aterramento em caso de sobrecorrente devido a
primeira falha e, subsequentemente, deixa a bateria fotovoltaica isolada. No passado, os
incêndios ocorriam frequentemente ao usar baterias fotovoltaicas grandes e aterradas
funcionalmente, apesar do uso de um GFDI. Portanto, o padrão NEC 2014 agora requer o
monitoramento do isolamento para a parte de corrente contínua de sistemas fotovoltaicos
(baterias fotovoltaicas) na seção 690.5, que trata da proteção contra faltas para terra conforme
a Figura 12.
33

Figura 12 – Monitoramento da isolação no sistema fotovoltaico

Fonte: Nuño (2017).

O monitoramento do isolamento é realizado periodicamente sempre que o


aterramento funcional não é garantido pelo GFDI. Frequentemente, o monitoramento do
isolamento é realizado no período da manhã antes do sistema fotovoltaico ser iniciado.
O procedimento de medição do dispositivo de monitoramento que foi
especificamente adaptado para flutuações lentas de tensão, é ideal para atender às demandas
da moderna instalação fotovoltaica. Devido às dimensões extremamente grandes da usina e às
medidas de supressão de interferência eletromagnética, os valores de capacitância parasita
para o solo chegam até 2000 μF, sendo estes valores considerados durante o monitoramento
da isolação através do ajuste automático para otimizar o tempo de medição.

2.2.8 Sistema de aterramento IT segundo a ABNT 5410

Segundo o item 4.2.2.2.3 da ABNT 5410, o sistema de aterramento IT é


caracterizado por possuir todas as partes vivas isoladas da terra ou possuir um ponto da
alimentação aterrado através de impedância. Sendo as massas da instalação obrigatoriamente
aterradas, dentro das seguintes possiblidades:
a) Massas serem aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da alimentação,
caso este exista;
b) Massas serem aterradas em eletrodos de aterramento próprios, caso não exista
eletrodo de aterramento da alimentação, ou porque o aterramento das massas
seja independente do eletrodo de aterramento da alimentação.
34

Para a implementação do sistema de aterramento IT com um transformador não


aterrado, os esquemas exemplificados na Figura 13 representam as possibilidades de
implementação, com massas coletivamente aterradas ou massas com eletrodos de aterramento
separados. Sendo o primeiro caso preferível para casos em que as massas se encontram
distantes entre si, já o segundo caso é mais eficiente para sistemas onde as massas se
encontram próximas.

Figura 13 – Esquema de aterramento IT

Fonte: ABNT 5410 (2008).

2.2.8.1 Seccionamento automático da alimentação do sistema IT

O item 5.1.2.2.4.4 da ABNT 5410, considera que numa instalação IT, a corrente
de falta, no caso da primeira falha de isolamento à massa ou à terra, é de pequena intensidade,
não sendo, portanto, indispensável o seccionamento automático da alimentação, se satisfeita a
condição da inequação 13.

𝑅𝐴 . 𝐼𝑑 ≤ 𝑈𝐿 (13)

Em que:
a) RA é a resistência do eletrodo de aterramento das massas, em ohms;
b) Id é a corrente de falta, em ampères, resultante de uma primeira falha de
isolamento entre uma fase e uma massa. É válido ressaltar que o cálculo da
corrente de falta deve considerar as correntes de fuga naturais e a impedância
global de aterramento;
c) UL é a tensão de contato limite.
35

Os valores da tensão de contato limite, UL, são normativos e dados no anexo C da


ABNT 5410, em função da situação da pessoa que entre em contato com a parte viva. Segue
na Tabela 1 os valores indicados.

Tabela 1 – Valores da tensão de contato limite UL (V)


Natureza da corrente Situação 1 Situação 2 Situação 3
Alternada, 15 Hz – 1000 Hz 50 25 12
Contínua sem ondulação 120 60 30
Uma tensão contínua é considerada sem ondulação caso a taxa de ondulação não
seja superior a 10% em valor eficaz, e o valor de crista máximo não deve
ultrapassar 140 V para um sistema em corrente contínua com 120 V nominais.
Fonte: ABNT 5410 (2008).

Em que:
a) Situação 1 compreende as condições de influência externa BB1, BB2, BC1,
BC2 e BC3;
b) Situação 2 compreende as condições de influência externa BB3 e BC4;
c) Situação 3 compreende a condição de influência externa BB4.
Segundo a Tabela 1, é possível notar que a tensão de contato limite varia com as
influências externas no momento do contato, sendo imprescindível o correto
dimensionamento do sistema de aterramento para cada caso de modo que mesmo com o
sistema de aterramento IT em falta o valor de contato limite não seja atingido.
O mesmo item ainda prevê a obrigatoriedade de um sistema supervisor de
isolamento, DSI, para indicar a ocorrência de uma primeira falta à massa ou à terra. Sendo
este dispositivo incumbido de acionar um sinal sonoro e/ou visual, que deve perdurar
enquanto a falta persistir. Caso existam as duas sinalizações, sonora e visual, é possível
admitir que o sinal sonoro seja cancelado, mas não o visual, que deve durar até que a falta seja
cancelada.
Caso ocorra uma segunda falha no sistema, o seccionamento automático da
alimentação deve ser dimensionado segundo as regras definidas para o esquema TN ou TT,
em função de como as massas estão aterradas:
a) Caso a proteção envolva massas vinculadas a eletrodos de aterramento
distintos, primeiro exemplo da Figura 13, as condições aplicáveis são aquelas
prescritas para o esquema TT.
b) Caso a proteção envolva massas que estejam todas interligadas por um
condutor de proteção, as condições aplicáveis são aquelas no esquema TN.
36

Para fins de seccionamento automático na ocorrência de uma segunda falha,


podem ser utilizados os seguintes dispositivos de proteção:
a) Dispositivos de proteção a sobrecorrente;
b) Dispositivos de proteção diferencial-residual (DR).
Considerando que estes obedeçam aos seguintes tempos de seccionamento
máximos exigidos durante uma segunda falha no esquema IT, conforme a Tabela 2.

Tabela 2 – Tempos de seccionamento máximos no esquema IT (segunda falta)


Tensão nominal do circuito Tempo de seccionamento (s)
Neutro não distribuido Neutro distribuido
U (V) UO (V)
Situação 1 Situação 2 Situação 1 Situação 2
208, 220, 230 115, 120, 127 0,8 0,4 5 1
380, 400 220, 230 0,4 0,2 0,8 0,5
440, 480 254, 277 0,4 0,2 0,8 0,5
690 400 0,2 0,06 0,4 0,2
Fonte: ABNT 5410 (2008).

Em que:
a) U é a tensão nominal entre fases, valor eficaz em corrente alternada;
b) UO é a tensão nominal entre fase e neutro, valor eficaz em corrente alternada.
Como é possível observar na Tabela 2, para sistemas com tensão entre fases igual
à 220 volts o tempo de seccionamento pode variar bastante, sendo os valores mínimo e
máximo respectivamente de 0,4 segundos e 5 segundos conforme a situação da falta e as
condições de instalação do neutro.
É válido ressaltar que mesmo havendo a possiblidade de implementação do
dispositivo residual de alta sensibilidade, com corrente diferencial-residual inferior a 30 mA,
para o seccionamento do sistema IT, o item 5.1.3.2 da ABNT 5410 reforça que não existe
exigência quanto ao uso deste dispositivo para instalações concebidas em esquema IT,
visando garantir a continuidade do serviço.
Contudo, no item 5.3.4.3.3 da ABNT 5410, admite-se também a possiblidade de
omissão da proteção contra sobrecargas, caso o circuito em questão seja protegido por
dispositivo de corrente diferencial-residual que seguramente atue na ocorrência de uma falta.
Sendo possível, para os casos particulares em que o condutor neutro não é distribuído a
omissão do dispositivo de proteção em uma das fases, considerando que exista dispositivo de
corrente diferencial-residual.
37

2.2.8.2 Proteção contra sobretensões temporárias no sistema IT

Determinadas ocorrências podem fazer com que os circuitos sejam submetidos a


sobretensões que podem atingir o valor da tensão entre fases, para o caso do sistema IT esta
ocorrência se trata da falta à terra envolvendo qualquer dos condutores de fase em um
esquema IT.
Para mitigar estes efeitos, faz se uso do dispositivo de proteção contra surtos
(DPS). O item 6.3.5.2.3 da ABNT 5410 prevê as seguintes condições de instalação de DPS ao
longo da instalação para sistemas IT:
a) Para esquema de aterramento IT com neutro o DPS pode ser instalado entre
cada fase e o condutor de proteção e entre o neutro e condutor de proteção
(esquema de conexão 2), ou entre cada fase e o neutro e entre o neutro e o
condutor de proteção (esquema de conexão 3);
b) Para esquema de aterramento IT sem neutro o DPS pode ser instalado entre
cada fase o condutor de proteção (esquema de conexão 1).
Sendo os valores mínimos de tensão de operação contínua (UC) normatizados e
dados no item 6.3.5.2.4 da ABNT 5410, conforme o tipo de aterramento. Segue na Figura 14
os esquemas de instalação do DPS.

Figura 14 – Esquemas de instalação do DPS

Fonte: ABN'T 5410 (2008).


38

Conforme segue na Tabela 3, é possível notar que para o esquema IT sem neutro
distribuído o valor mínimo de tensão de operação contínua do DPS a ser instalado entre os
condutores de fase e o condutor de proteção deve ser somente igual ou maior ao valor da
tensão eficaz entre fases.

Tabela 3 – Valor mínimo de UC exigível do DPS


DPS conectado entre Esquema de aterramento
IT com IT sem
Fase Neutro PE PEN TT TN-C TN-S neutro neutro
distribuido distribuido
X X 1,1UO 1,1UO 1,1UO
X X 1,1UO 1,1UO √3UO U
X X 1,1UO
X X UO UO UO
Fonte: ABNT 5410 (2008).

Em que:
a) U é a tensão nominal entre fases, valor eficaz em corrente alternada;
b) UO é a tensão nominal entre fase e neutro, valor eficaz em corrente alternada.

2.3 Considerações finais

Esta revisão foi utilizada como insumo para a construção desse estudo. A partir
dessa análise teórica, foi possível a escolha das técnicas e normas adequadas para o estudo de
caso. Além de fornecer subsídio para construir a metodologia que irá coordenar o uso das
ferramentas e orientar as ações determinar a melhor solução para o caso estudado.
39

3 ESTUDO DE CASO

A agroindústria do setor de laticínios analisada neste trabalho fica localizada no


município de Maranguape, situado no estado do Ceará, região metropolitana,
aproximadamente 30 km de Fortaleza. A Cooperativa Agrícola Mista de Maranguape Ltda. é
uma empresa que processa leite para produção de queijo, manteiga, requeijão, doce de leite e
bebidas lácteas, apresentando a seguinte produção média mensal:
a) Leite pasteurizado: 1.170.200 litros;
b) Queijo: 9.433 quilos;
c) Manteiga: 34.697 quilos;
d) Requeijão: 176.124 quilos;
e) Doce de leite: 20.191 quilos;
f) Bebidas lácteas: 230.671 litros.

A Figura 15 ilustra o fluxograma simplificado do processo industrial.

Figura 15 – Fluxograma simplificado do processo industrial

Fonte: Autor
40

3.1 Caracterização do laboratório industrial

O setor abordado será o laboratório industrial da planta, que tem por objetivo
realizar as análises físicas, químicas e biológicas de todos os lotes fabricados diariamente, via
processo de amostragem. O espaço físico do laboratório compreende duas salas, próximas ao
setor de pasteurização, providas de equipamentos elétricos dispostos, em sua maioria, em
bancadas metálicas, conforme segue na Figura 16.

Figura 16 – Laboratório industrial

Fonte: Autor.

A motivação inicial de se abordar o setor laboratorial se deve a sua importância


dentro do processo industrial. Conforme é possível observar, todos os setores de
beneficiamento operam paralelamente às análises realizadas pelo laboratório, somente sendo
possível o andamento do processo produtivo após a emissão de laudos atestando que os
insumos em processo de produção se encontram dentro dos padrões exigidos. Faz-se,
portanto, crucial uma alta disponibilidade do setor, de modo a não comprometer o fluxo de
produção, estoque e distribuição dos produtos.
É válido também observar que nesse ambiente, durante as análises, os usuários
estão em contato direto com partes metálicas, seja dos equipamentos ou da bancada, que
regularmente se encontram úmidas ou molhadas devido à natureza das atividades.
Em relação à instalação elétrica do setor, se trata de uma instalação da década de
60, quando foi fundada a empresa. Conforme o responsável pelo setor de manutenção da
41

empresa, não existem registros das reformas da instalação, contudo, conforme este a última
foi realizada em 2011, afim de reorganizar o quadro de cargas e realizar a substituição de
componentes obsoletos, tais como: cabos, quadro de distribuição e disjuntores.
O segundo motivo para a escolha do setor para objeto de estudo se deve a
presença de falhas de segurança. Atualmente o setor se encontra sem o DR do quadro de
distribuição, pois, o DR instalado atualmente foi desativado em função dos constantes
seccionamentos, o que ocasionava diversas interrupções da operação do setor e
consequentemente na produção industrial, segue na Figura 17 os equipamentos do laboratório.

Figura 17 – Equipamentos laboratoriais

Fonte: Autor.

3.2 Cálculo da confiabilidade operacional

Dado que um dos objetivos do trabalho é abordar soluções que impactem


positivamente no aspecto de confiabilidade da instalação estudada, torna-se imprescindível
modelar o sistema do laboratório industrial e determinar a confiabilidade operacional. A fim
de determinar a confiabilidade operacional do sistema laboratorial foram coletadas as falhas
que ocasionaram paradas nos equipamentos do setor laboratorial no período de 3 (três) meses,
compreendido entre 01 de janeiro de 2020 e 31 de março de 2020. Segue na Tabela 4 as
principais informações destas falhas.

Tabela 4 – Histórico de falhas dos equipamentos no setor laboratorial (continua)


Tempo de
Nº Equipamento Descrição da falha Data
manutenção (h)
Analisador Placa de controle
1 02/01/2020 0,5
ultrassônico 2 danificada.
2 Banho maria 1 Curto-circuito interno. 03/01/2020 1
Crioscópio Placa de controle
3 07/01/2020 2
eletrônico danificada.
Resistência elétrica
4 Banho maria 2 08/01/2020 2
danificada.
42

Tabela 4 – Histórico de falhas dos equipamentos no setor laboratorial (conclusão)


Tempo de
Nº Equipamento Descrição da falha Data
manutenção (h)
Centrífuga Curto-circuito monofásico
5 09/01/2020 0,5
clínica 2 no circuito elétrico.
Destilador de Resistência elétrica
6 10/01/2020 1,5
água danificada.
Estufa de Resistência elétrica
7 16/01/2020 1,5
microbiologia 2 danificada.
Destilador de Curto-circuito monofásico
8 20/01/2020 2
água no circuito elétrico.
Estufa de Resistência elétrica
9 03/02/2020 2
microbiologia danificada.
Destilador de Resistência elétrica
10 13/02/2020 1
água danificada.
11 Banho maria 2 Curto-circuito interno. 15/02/2020 1
Estufa de Controlador de
12 19/02/2020 1,5
microbiologia 1 temperatura danificado.
Resistência elétrica
13 Banho maria 1 25/02/2020 0,5
danificada.
Resistência elétrica
14 Autoclave 27/02/2020 1
danificada.
Estufa de Curto-circuito
15 02/03/2020 1
microbiologia 2 monofásico.
Centrífuga
16 Curto-circuito interno. 06/03/2020 0,5
clínica 1
Analisador Placa de controle
17 13/03/2020 2
ultrassônico 1 danificada.
Crioscópio
18 Curto-circuito interno. 14/03/2020 1
eletrônico
Curto-circuito monofásico
19 Banho maria 1 16/03/2020 1
no circuito elétrico.
Controlador de
20 Banho maria 2 23/03/2020 1,5
temperatura danificado.
Centrífuga
21 Curto-circuito interno. 25/03/2020 1,5
clínica 1
Centrífuga Curto-circuito monofásico
22 30/03/2020 0,5
clínica 2 no circuito elétrico.
Fonte: Autor.

Para o cálculo da confiabilidade do setor laboratorial, é utilizado o modelo de


distribuição exponencial, em que a função de perigo é constante e dada pela equação 14.

1
λ(t) = (14)
𝑇𝑀𝐸𝐹

E a função de densidade de probabilidade é dada pela equação 15.

R(t) = 𝑒 −𝜆𝑡 (15)


43

Em posse das equações acima e do histórico de falhas dos equipamentos


laboratoriais é possível calcular a taxa de falha de cada equipamento do setor. Segue na
Figura 18 o diagrama de blocos dos equipamentos conforme sua configuração série-paralelo
atual no processo industrial.

Figura 18 – Diagrama de blocos da taxa de falha

Fonte: Autor.

Em posse das taxas de falha de cada equipamento, e considerando as ligações em


série e paralelo, é possível determinar a função confiabilidade do sistema. Considerando a
hipótese que a implementação da solução selecionada eliminará as falhas relacionadas à
instalação elétrica, é possível supor que esta característica afeta diretamente a confiabilidade
do sistema. Isto posto, é possível determinar o máximo impacto da implementação desta
solução na confiabilidade do setor laboratorial, caso este em que todas as falhas ocasionadas
por curtos-circuitos monofásicos sejam eliminadas. Segue na Figura 19 a função
confiabilidade do sistema para as próximas 1000 (mil) horas.

Figura 19 – Confiabilidade do sistema para as próximas 1000 horas

Fonte: Autor.
44

Conforme é possível observar na Figura 20, caso a implementação da solução


solucione as falhas ocorridas na instalação elétrica, isto se reflete positivamente na
confiabilidade do setor laboratorial ao longo do período analisado, fortalecendo a hipótese
inicialmente proposta. Neste caso específico, o ganho máximo de confiabilidade se dá
aproximadamente entre 102 (cento e duas) e 170 (cento e setenta) horas quando a diferença
entre as confiabilidades alcança o valor de 19%.

Figura 20 – Impacto da solução na confiabilidade operacional

Fonte: Autor

3.3 Proposição de soluções

Em vista deste cenário, levanta-se inicialmente a possibilidade de implementar um


sistema de monitoramento de corrente de fuga utilizando um dispositivo supervisor de
isolamento, para isso é necessário modificar o sistema de aterramento do setor para o sistema
IT. Esta proposição surgiu dado que esta solução já é atualmente empregada em instalações
médicas, em que os aspectos da confiabilidade e da segurança são de suma importância,
portanto, o foco inicial do estudo seria analisar se esta solução específica se enquadraria e
seria viável do ponto de vista técnico. Contudo, durante o desenvolvimento do estudo, notou-
se imprescindível abortar soluções alternativas, considerando a possibilidade da proposta
inicial não se mostrar viável sob todos os aspectos.
Considerando a atual situação, uma solução viável seria o retrofit do sistema
elétrico do laboratório, já que existe a possiblidade das interrupções do DR se tratarem de
45

falhas de isolamento dos componentes em função do natural desgaste deste ao longo de sua
vida útil, ausência ou má instalação do aterramento, falta de equipotencialização dos
equipamentos e das bancadas, e por fim, existe a possibilidade da substituição do DR
instalado. Portanto, as soluções são:
a) Sistema de aterramento IT com monitoramento de corrente;
b) Retrofit do sistema elétrico.

3.4 Sistema de aterramento IT

3.4.1 Levantamento das cargas críticas

O ponto de partida do estudo foi determinar os equipamentos críticos do


laboratório, ou seja, aqueles cuja a indisponibilidade inviabilizaria a rotina de operação do
setor, além de serem utilizados em áreas molhadas. Segundo os responsáveis, os seguintes
aparelhos de análise se enquadram nesse grupo, conforme a Tabela 5.

Tabela 5 – Equipamentos laboratoriais críticos (continua)


Potência Corrente Tensão
Potência Fator de
Equipamento Cód. aparente nominal nominal
ativa (W) potência
(VA) (A) (V)
Analisador
A1 20,00 15,00 0,75 0,10 220
ultrassônico 1
Analisador
A2 20,00 15,00 0,75 0,10 220
ultrassônico 2
Analisador
A3 20,00 15,00 0,75 0,10 220
ultrassônico 3
Autoclave B1 3000,00 3000,00 1,00 13,64 220
Banho maria 1 C1 150,00 150,00 1,00 0,68 220
Banho maria 2 C2 150,00 150,00 1,00 0,68 220
Centrífuga
D1 260,00 200,00 0,85 1,20 220
clínica 1
Centrífuga
D2 260,00 200,00 0,85 1,20 220
clínica 2
Crioscópio
E1 650,00 500,00 0,77 2,95 220
eletrônico
Destilador de
F1 3500,00 3500,00 1,00 15,91 220
água
Estufa de
G1 125,00 125,00 1,00 0,57 220
microbiologia 1
46

Tabela 5 – Equipamentos laboratoriais críticos (conclusão)


Potência Corrente Tensão
Potência Fator de
Equipamento Cód. aparente nominal nominal
ativa (W) potência
(VA) (A) (V)
Estufa de
G2 125,00 125,00 1,00 0,57 220
microbiologia 2
Estufa de
G3 1000,00 1000,00 1,00 4,55 220
secagem
Total 9029,39 8995,00 0,99 41,04 220
Fonte: Autor.

3.4.2 Dimensionamento do transformador de separação

A especificação do transformador a ser utilizado segue a seção 6.5.1 da ABNT


NBR 13534, que trata das recomendações para esse tipo de equipamento em sistemas IT
hospitalares. O modelo de transformador presente na Tabela 6 atende os critérios citados, e
portando será adotado no sistema IT projetado.

Tabela 6 – Especificações do transformador de separação


Descrição Valor
Modelo TSW-100-220
Fabricante WEG
Grau de proteção IP23
Classe de isolamento F (155 ºC)
Isolação do sistema <0,5 mA
Elevação de temperatura 100 ºC
Frequência 60 Hz
Potência monofásica 10 kVA
Tensão secundária Até 230 V
Tensão de curto-circuito <3%
Corrente a vazio <3% x In
Classe de isolação 0,15 kV
Fonte: Autor.

3.4.3 Dimensionamento do dispositivo supervisor de isolamento

Cada sistema IT é provido de um dispositivo supervisor de isolamento, conforme


da seção 5.1.3.1.5 da ABNT NBR 13534, que no item aa, trata das recomendações para esse
tipo de equipamento em sistemas IT. O modelo de DSI presente na Tabela 7, atende os
critérios citados, e portando é adotado no sistema IT projetado.
47

Tabela 7 – Especificações do DSI


Descrição Valor
Modelo DSIW
Fabricante WEG
Alimentação auxiliar 115–230 V / 50–60 Hz
Tensão da linha monitorada 24 a 230 V / 50–60 Hz
Corrente de medição máxima 1 mA
Tensão de medição máxima 24 V
Impedância interna 200 kΩ
Medida de isolamento 0 a 999 kΩ
Medida de impedância 0 a 999 kΩ
Grau de proteção IP50 / IP20
Isolação 2,5 kV / 60 segundos
Fonte: Autor.

3.4.4 Dimensionamento do anunciador de falhas

O dispositivo anunciador de falhas possui a função de sinalizar os alarmes do


dispositivo supervisor de isolamento. Enquanto o DSI monitora o nível de isolamento e
sobrecarga nas instalações elétricas IT, a sinalização dos alarmes de baixa isolação será
realizada no interior da sala com o dispositivo anunciador de falhas, por meio de LEDs e
sinais sonoros. Cada sistema IT disporá de um anunciador de falhas, segue na Tabela 8 as
especificações técnicas do anunciador de falhas.

Tabela 8 – Especificações do anunciador de falhas


Descrição Valor
Modelo ANFW
Fabricante WEG
Botões TESTE; SILENCIAR
Tensão de alimentação 12-24 Vca/cc
Consumo máximo 1,5 VA
Grau de proteção IP40; IP20
Temperatura de operação -10 a 60 °C
Isolação 2500 Vrms
Fonte: Autor.

3.4.5 Divisão dos circuitos elétricos

Considerando a potência instalada dos equipamentos considerados críticos, 9,03


kVA, é possível projetar 2 sistemas IT alimentados cada um por 1 transformador de separação
de 10 kVA, conforme a divisão de circuito proposta na Tabela 9.
48

Tabela 9 – Divisão dos circuitos dos sistemas IT


Potência Potência Corrente
Circuito/Trafo Equipamentos aparente ativa nominal
(VA) (W) (A)
1C/T1 A1, A2, A3, C1, C2, G1, G2 596,32 595,00 2,71
2C/T1 B1 3000,00 3000,00 13,64
3C/T1 D1, D2, E1 1170,00 900,00 5,32
R1/T1 Reserva 2000,00 2000,00 9,10
R2/T1 Reserva 2000,00 2000,00 9,10
Total/T1 8495,09 8495,00 38,61
1C/T2 F1 3500,00 3500,00 15,91
2C/T2 G3 1000,00 1000,00 4,55
R1/T2 Reserva 2000,00 2000,00 9,10
R2/T2 Reserva 2000,00 2000,00 9,10
Total/T2 8500,00 8500,00 38,64
Fonte: Autor.

3.4.6 Dimensionamento dos condutores

Os condutores foram determinados com base na metodologia proposta na NBR


5410. O fator de correção geral englobará os fatores de correção de agrupamento, temperatura
e resistividade dos condutores. O fator de resistividade é considerado igual à 1 dado que o
método de instalação B1 não envolve condutores diretamente ao solo. Segue abaixo os
critérios adotados para cada circuito dos sistemas IT.
c) Os condutores do alimentador dos transformadores T1 e T2 serão unipolares
de cobre, isolação de PVC, classe de isolação de 0,6/1kV, temperatura
ambiente de 35º C em eletroduto de seção circular aparente, método B1;
d) Os condutores dos circuitos que derivam dos transformadores T1 e T2 serão
unipolares de cobre, isolação de PVC, classe de isolação de 0,6/1kV,
temperatura ambiente de 35º C em eletroduto de seção circular embutido em
alvenaria, método B1.

Tabela 10 – Condutores de fase, neutro e proteção dos sistemas IT (continua)


Corrente Fator de Corrente
Fase Neutro Proteção
Circuito/Trafo nominal correção corrigida
(mm²) (mm²) (mm²)
(A) geral (A)
1C/T1 2,71 0,658 4,12 2x2,50 NA* 1x2,50
2C/T1 13,64 0,658 20,73 2x4,00 NA 1x4,00
3C/T1 5,32 0,658 8,09 2x2,50 NA 1x2,50
R1/T1 9,10
R2/T1 9,10
Total/T1 38,61 0,658 58,68 1x16,00 1x16,00 1x16,00
1C/T2 15,91 0,658 24,18 2x4,00 NA 1x4,00
49

Tabela 10 – Condutores de fase, neutro e proteção dos sistemas IT (conclusão)


Corrente Fator de Corrente
Fase Neutro Proteção
Circuito/Trafo nominal correção corrigida
(mm²) (mm²) (mm²)
(A) geral (A)
2C/T2 4,55 0,658 6,91 2x2,50 NA 1x2,50
R1/T2 9,10
R2/T2 9,10
Total/T2 38,64 0,658 58,72 1x16,00 1x16,00 1x16,00
*
Fonte: Autor. não se aplica

3.4.7 Dimensionamento das proteções

O dimensionamento dos disjuntores presentes nos sistemas IT projetados segue as


premissas contidas nas seções 5.3.4.1, para corrente nominal, e 5.3.5.5.1, para capacidade de
interrupção do dispositivo, da NBR 5410 e 6.3, sobre dispositivos de proteção, seccionamento
e comando, da NBR 13534. Segue na Tabela 11 os dispositivos selecionados.

Tabela 11 – Dispositivos de disjunção dos sistemas IT


Corrente Corrente Corrente Capacidade
Tensão Número
Circuito/Trafo nominal disjuntor condutor interrup.
nominal de polos
(A) (A) (A) Curto (kA)
1C/T1 2,71 16,00 24,00 220 5 2
2C/T1 13,64 20,00 32,00 220 5 2
3C/T1 5,32 16,00 24,00 220 5 2
R1/T1 9,10
R2/T1 9,10
Total/T1 38,61 60,00 76,00 220 5 1
1C/T2 15,91 20,00 32,00 220 5 2
2C/T2 4,55 16,000 24,00 220 5 2
R1/T2 9,10
R2/T2 9,10
Total/T2 38,64 60,00 76,00 220 5 1
Fonte: Autor.

3.4.8 Diagrama elétrico

Em posse das especificações dos equipamentos e dos circuitos foi possível montar
o diagrama elétrico dos sistemas IT, conforme a Figura 21, contemplando as conexões do DSI
com o transformador de separação, com o anunciador de falha, e com os disjuntores:
a) Terminais 1, 2, 3 e 4: Alimentação do DSI 115V/230;
b) Terminais 6 e 9: Conectados ao aterramento;
c) Terminais 8 e 7: Conectados à uma fase da rede isolada;
50

d) Terminais 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 18: Comunicação com o anunciador;
e) Terminais 19, 20, e 21: Comunicação RS485;
f) Terminais 25, 26, 27, 28, 29 e 30: Entradas para sensores de temperatura;
g) Terminais 31 e 32: Entrada para transformador de corrente;
h) Terminais 34, 35 e 36: Relés auxiliares.

Figura 21 – Diagrama elétrico do sistema IT 1

Fonte: Autor

3.4.9 Levantamento de materiais

Em posse do projeto, foi possível levantar os principais equipamentos a serem


utilizados. Para a obtenção do investimento a ser realizado foi necessário fazer pesquisas de
mercado. Para o presente projeto a distribuidora Carmehil forneceu os valores para a
aquisição dos materiais a serem utilizados. A Tabela 12 reuni os valores dos custos.
51

Tabela 12 – Levantamento de materiais


Descrição Quantidade Valor Subtotal
Transformador de separação
2 unid. R$ 8.182,61 R$ 16.365,22
TSW-100-220 10 KVA
Dispositivo supervisor de
2 unid. R$ 4.029,77 R$ 8.059,54
isolamento DSIW
Anunciador de falhas ANFW 2 unid. R$ 761,29 R$ 1.522,58
Disjuntor bipolar 16 A 3 unid. R$ 38,78 R$ 116,34
Disjuntor bipolar 20 A 2 unid. R$ 42,22 R$ 84,44
Disjuntor monopolar 60A 2 unid. R$ 65,66 R$ 131,32
Quadro de sobrepor metálico
2 unid. R$ 619,37 R$ 1.238,74
80x60x20cm
Barra trilho DIN 2m R$ 9,78 R$ 19,56
Borne de passagem 2,5mm² 25 unid. R$ 6,33 R$ 158,25
Barramento 12 bornes verde 1 unid. R$ 24,48 R$ 24,48
Barramento 12 bornes azul 1 unid. R$ 24,48 R$ 24,48
Terminal pino 1,30-2,60mm² 100 unid. R$ 0,37 R$ 37,00
Total R$ 27.781,95
Fonte: Autor.

3.5 Retrofit da instalação elétrica

3.5.1 Instalação elétrica

Como informado anteriormente, a instalação elétrica estudada foi construída na


década de 60, e a última reforma na instalação elétrica foi realizada em 2011, a fim de
reorganizar o quadro de cargas e realizar a substituição de componentes obsoletos.
Inicialmente, foi realizada uma vistoria para constatar a atual situação da instalação elétrica.
Durante a vistoria da instalação alguns problemas puderam ser identificados na
instalação. Segue na Figura 22 o estado atual do quadro de distribuição do laboratório. Segue
abaixo os pontos observados:
a) Diferença entre os circuitos do quadro de cargas e do quadro instalado;
b) Ausência do disjuntor geral no quadro instalado;
c) Ausência de circuito independente para iluminação.
52

Figura 22 – Quadro de distribuição do laboratório industrial

Fonte: Autor.

O próximo pronto a ser analisado foram as condições do sistema de aterramento.


Como foi possível observar, existe conexão elétrica entre o quadro geral de baixa tensão da
indústria e a malha de aterramento, conforme é possível observar na Figura 23, quadro este de
onde deriva o circuito que alimenta o quadro de distribuição do laboratório, contudo não foi
observada a existência de condutores de proteção de todos os circuitos, e por fim não foi
observada a existência de condutores de equipotencialização das massas da instalação elétrica.

Figura 23 – Conexão elétrica do aterramento

Fonte: Autor.
53

3.5.2 Dispositivo residual diferencial

Ao analisar o DR atualmente instalado é valido considerar que se trata de um


equipamento corretamente dimensionado, conforme a Tabela 13. Se trata de um equipamento
de classe AC construído para detectar correntes alternadas, contudo caso existam
componentes contínuas pulsantes ou contínuas constantes uma possibilidade seria a
substituição por um DR de classe A ou B, construído para estes fins.

Tabela 13 – Especificações do DR instalado


Descrição Valor
Modelo 5SM1 342-0MB
Marca Siemens
Polos 4
Corrente nominal 25 A
Tensão de operação 380 / 220 VCA
Corrente nominal residual 30 mA
Tipo AC
Fonte: Autor.

Tendo em vista que a única característica que necessita ser modificada de ser o
tipo, o DR atual pode ser substituído pelo DR presente na Tabela 14.

Tabela 14 – Especificações do DR tipo B


Descrição Valor
Modelo ACTI IID
Marca Siemens
Polos 4
Corrente nominal 25ª
Tensão de operação 380 / 220 VCA
Corrente nominal residual 30 mA
Tipo B-SI
Fonte: Autor.

3.5.3 Quadro de cargas

O passo seguinte foi analisar o atual diagrama elétrico do laboratório, e como é


possível observar na Tabela 15, não foi constatada a existência de componentes
incorretamente dimensionados, contudo durante a vistoria foi possível notar diferenças entre o
quadro elétrico instalado e o projeto disponível.
54

Tabela 15 – Divisão dos circuitos


Potência Corrente Corrente
Fase Neutro Proteção
Circuito aparente Fase nominal disjuntor
(mm²) (mm²) (mm²)
(VA) (A) (A)
1C 596,32 A 2,71 16,00 1x2,50 1x2,50 1x2,50
2C 3000,00 A 13,64 20,00 1x4,00 1x4,00 1x4,00
3C 1170,00 C 5,32 16,00 1x2,50 1x2,50 1x2,50
4C 3500,00 B 15,91 20,00 1x4,00 1x4,00 1x4,00
5C 1000,00 C 4,55 16,00 1x2,50 1x2,50 1x2,50
6C 990,00 C 4,5 16,00 1x4,00 1x4,00 1x4,00
7C 990,00 C 4,5 16,00 1x4,00 1x4,00 1x4,00
8C 400,00 B 1,82 10,00 1x1,50 1x1,50 1x1,50
Total 11154,42 ABC 16,95 25,00 3x4,00 1x4,00 1x4,00
Fonte: Autor.

3.5.4 Planta baixa da instalação

Realizada a inspeção e análise da instalação elétrica do laboratório, é possível


propor o diagrama elétrico em planta baixa afim de corrigir os problemas identificados,
conforme a Figura 24.

Figura 24 – Diagrama elétrico em planta baixa do laboratório industrial

Fonte: Autor.
55

3.5.5 Levantamento de materiais

O levantamento de materiais considerou a implementação do retrofit nos tópicos


abordados anteriormente, ou seja, o retrofit da instalação elétrica, do sistema de aterramento e
do dispositivo diferencial residual. O retrofit da instalação será composto basicamente pela
renovação da instalação elétrica por novos componentes, quanto ao retrofit do aterramento se
tratará da correta equipotencialização das bancadas, algo inexistente atualmente, e o retrofit
do dispositivo diferencial residual consistirá na substituição do modelo atual do tipo AC para
um modelo do B.

Tabela 16 – Levantamento de cabos


Seção Cor
Circuito
(mm²) Vermelho (m) Azul (m) Verde (m) Preto (m)
1C 2,50 38,0 38,0 38,0 0,0
2C 4,00 12,5 12,5 12,5 0,0
3C 2,50 12,0 12,0 12,0 0,0
4C 4,00 10,0 10,0 10,0 0,0
5C 2,50 6,0 6,0 6,0 0,0
6C 4,00 6,0 6,0 6,0 0,0
7C 4,00 7,5 7,5 7,5 0,0
8C 1,50 27,0 26,0 26,0 18,5
1,50 mm² 27,0 26,0 26,0 18,5
2,50 mm² 56,0 56,0 56,0 0,0
4,00 mm² 36,0 36,0 36,0 0,0
Fonte: Autor.

Em posse do quadro de cargas e da planta baixa da instalação, foi possível


levantar os componentes a serem utilizados. Para a obtenção do investimento a ser realizado
foi necessário fazer pesquisas de mercado. Para o presente projeto a distribuidora Carmehil
forneceu os valores para a aquisição dos materiais a serem utilizados. A Tabela 17 reuni os
valores dos custos.

Tabela 17 – Levantamento de materiais (continua)


Descrição Quantidade Valor Subtotal
Cabo unipolar 1,50 mm² vermelho 27,0 m R$ 1,57 R$ 42,39
Cabo unipolar 1,50 mm² azul 26,0 m R$ 1,57 R$ 40,82
Cabo unipolar 1,50 mm² verde 26,0 m R$ 1,57 R$ 40,82
Cabo unipolar 1,50 mm² preto 18,5 m R$ 1,57 R$ 29,05
Cabo unipolar 2,50 mm² vermelho 56,0 m R$ 2,48 R$ 138,88
Cabo unipolar 2,50 mm² azul 56,0 m R$ 2,48 R$ 138,88
Cabo unipolar 2,50 mm² verde 56,0 m R$ 2,48 R$ 138,88
Cabo unipolar 4,00 mm² vermelho 36,0 m R$ 3,94 R$ 141,84
Cabo unipolar 4,00 mm² azul 36,0 m R$ 3,94 R$ 141,84
Cabo unipolar 4,00 mm² verde 36,0 m R$ 3,94 R$ 141,84
56

Tabela 17 – Levantamento de materiais (conclusão)


Descrição Quantidade Valor Subtotal
Eletroduto flexível ¾” 58 m R$ 1,79 R$ 103,82
Eletroduto PVC rígido ¾” 3m 3 unid. R$ 10,89 R$ 32,67
Luva para eletroduto roscável ¾” 4 unid. R$ 1,25 R$ 5,00
Curva para eletroduto roscável ¾” 4 unid. R$ 2,42 R$ 9,68
Caixa de embutir octogonal 4x4 8 unid. R$ 3,25 R$ 26,00
Caixa de embutir retangular 4x2 21 unid. R$ 1,42 R$ 29,82
Quadro de sobrepor metálico
1 unid. R$ 619,37 R$ 619,37
80x60x20cm
Barra trilho DIN 2m R$ 9,78 R$ 19,56
Disjuntor tripolar 25A 1 unid. R$ 55,16 R$ 55,16
Disjuntor monopolar 20A 2 unid. R$ 9,15 R$ 18,30
Disjuntor monopolar 16A 5 unid. R$ 9,15 R$ 45,75
Disjuntor monopolar 10A 1 unid. R$ 9,15 R$ 9,15
Terminal pino 1,30-2,60mm² 100 unid. R$ 0,37 R$ 37,00
Barramento 12 bornes verde 1 unid. R$ 24,48 R$ 24,48
Barramento 12 bornes azul 1 unid. R$ 24,48 R$ 24,48
Subtotal R$ 2.055,48
DR tetrapolar tipo B 25A 1 unid. R$ 4.452,81 R$ 4.452,81
Total R$ 6.508,29
Fonte: Autor.

3.6 Comparação entre soluções

Este tópico tem por objetivo comparar as soluções abordadas anteriormente sob os
aspectos do investimento financeiro necessário para implementar cada solução, do impacto na
manutenção da instalação, e do grau de especialização envolvido na implementação da
solução e do acompanhamento da instalação após a implementação.
Sob o aspecto do investimento necessário, a implementação do sistema IT se
apresenta como a de maior valor tendo em vista os custos com os equipamentos do sistema IT
tais como o dispositivo supervisor de isolamento e o transformador de isolação, em
contrapartida a implementação do retrofit sem a troca do DR apresenta o menor custo.
Sob o aspecto da manutenção, a implementação do sistema IT permitiria a
possibilidade de se realizar manutenções preditivas na instalação, dada a necessidade do
sistema ser confiável, otimizando este processo e tornando possível antever falhas e trata-las
de forma mais eficiente, contudo, isto só seria válido caso a instalação se encontrasse em boas
condições, algo não constatado durante as inspeções. Dado que foi constatado problemas no
quadro de distribuição, a inexistência do aterramento e equipotencialização das bancadas, as
incoerências entre o quadro de cargas disponível e o quadro elétrico instalado, e o histórico de
seccionamento do DR é válido considerar que o retrofit da instalação elétrica com ou sem a
57

substituição do modelo do DR trará benefícios aos processos de manutenções preventivas e


corretivas já realizadas atualmente.
Sob o aspecto do grau de especialização envolvido no processo de implementação
e acompanhamento do sistema após a implementação, é válido considerar que a solução que
envolve o sistema IT adiciona a necessidade de treinamento da equipe de manutenção, em
contrapartida a execução do retrofit não adiciona novos componentes à instalação,
consequentemente o atual nível de qualificação da equipe de manutenção se mostra suficiente.
A Tabela 18 apresenta o resumo de cada solução em relação aos aspectos abordados.

Tabela 18 – Características das soluções abordadas


Solução Investimento Manutenção Especialização
Requer um maior grau
de especialização para
Apresenta um custo Permite a implementação
operação, sendo
Sistema IT de investimento de de manutenções
necessário o treinamento
R$ 27.781,95. preditivas na instalação.
da equipe de manutenção
industrial.
Não requer um maior
Retrofit Apresenta um custo Otimiza as manutenções
grau de especialização
sem troca de investimento de preventivas e corretivas
da equipe de manutenção
do DR R$ 2.055,48. já realizadas atualmente.
industrial.

Não requer um maior


Retrofit Apresenta um custo Otimiza as manutenções
grau de especialização
com troca de investimento de preventivas e corretivas
da equipe de manutenção
do DR R$ 6.508,29. já realizadas atualmente.
industrial.
Fonte: Autor.
58

4 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

4.1 Conclusões

Este trabalho tratou de avaliar a implementação de soluções que otimizassem os


aspectos de segurança e confiabilidade em uma indústria alimentícia, através de um estudo de
caso do setor laboratorial desta. Diante desse cenário, o trabalho contemplou a caracterização
da situação do setor laboratorial, a modelagem e o cálculo da confiabilidade operacional do
setor laboratorial, a análise da implementação do sistema IT e do retrofit, e a comparação
destas soluções. O setor em questão influencia diretamente todo o processo produtivo,
necessitando, portanto, ser confiável, e apresentar características agravantes caso ocorra o
choque elétrico, tais como bancadas laboratoriais metálicas e constantemente molhadas em
função das análises ali realizadas.
As possíveis desvantagens do sistema IT citadas na seção 2.2.4 desse trabalho,
tais como ocorrência de segunda falha de isolação e sobretensões transitórias, não se
aplicariam em sua totalidade nesse setor. A indústria em questão possui uma equipe de
manutenção elétrica presente durante todo o processo produtivo, o que possibilitaria a
localização da primeira falha antes da ocorrência da segunda falha, e tendo em vista que todos
os equipamentos instalados no setor são monofásicos, como mostrado na Tabela 5, é possível
desconsiderar as sobretensões transitórias devido ao neutro flutuante de um sistema isolado.
Ao fim da realização do projeto descrito na seção 3.4 foi possível concluir que não foram
constatados impeditivos técnicos para a implementação do sistema IT no setor.
Por fim, foi possível concluir que, para o caso estudado, o projeto de sistema de
aterramento IT se apresentou como uma solução implementável tecnicamente, se
apresentando como uma medida preditiva confiável para um setor cuja a operação é vital para
o processo produtivo da indústria, além de agregar um maior nível de segurança ao sistema
elétrico, contudo, dada a constatação dos problemas existentes atualmente na instalação e
tendo em vista o valor R$ 27.781,95, maior investimento em relação à outras soluções
abordadas, faz-se a recomendação de adotar o retrofit da instalação elétrica como melhor
solução, e caso o problema existente com o DR continue sendo recorrente é recomendada a
troca deste pelo DR disposto na Tabela 14.
59

4.2 Trabalhos futuros

Em função da indisponibilidade de algumas informações e do tempo para


conclusão deste trabalho, recomenda-se para trabalhos futuros a incorporação da análise de
retorno financeiro das soluções propostas, a análise de indicadores de disponibilidade e
mantenabilidade, e a cotação da mão-de-obra necessária para a implementação de cada
solução.
Por fim, sugere-se também por meio das estatísticas de Anderson-Darling a
análise do modelo de distribuição a ser utilizado, comparando as distribuições de Weilbull,
exponencial, normal e lognormal.
60

REFERÊNCIAS

A. F. SPIRANDELI, S. F. P. SILVA, A. B. SOARES. Aspectos fundamentais para projeto


e implantação de instalações elétricas hospitalares. IX Simpósio de Engenharia Biomédica
– SEB, 2016.

ALMEIDA, A, T., Critérios para estabelecimento de índices e níveis de desempenho


operacional. In: X Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica,
Brasil, 1989.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA OS PERIGOS DA


ELETRICIDADE. Anuário estatístico Abracopel de acidentes de origem elétrica, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410. Rio de Janeiro, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462. Rio de Janeiro, 1994.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13534. Rio de Janeiro,


2008.

BERGAMO, V. F., Confiabilidade Básica e Prática. São Paulo: E. Blücher, 1997.

BENDER. Product overview. Gruenberg, 2017.

BILLINTON, R, ALLAN, R.N., Reliability Evaluation of Engineering Systems: Concepts


and Techniques, Pitman Advanced Publishing Program, 1983.

BLANCHARD, B. S.; FABRYCKY, W. J., Logistics Engineering and Management. 6th


ed. New Jersey: Prentice-Hall, 2003.

CARTER, A. D. S., Mechanical reliability. 2ª. ed.. Houndmills, MacMillan Education, 1986.

CASTELLARI, Sergio. Sistemas de supervisão de isolamento e localização de fugas a


terra em circuitos de comando e controle em corrente contínua. São Paulo: Editora
Lumière, revista GTD energia elétrica, ed. 46, p. 46-50, 2011.

COTRIM, A. A. M. B. Instalações Elétricas. 5ª. ed. São Paulo: Pearcon, v. I, 2012.

D. Beeman. Industrial Power Systems Handbook. McGraw-Hill, 1995.

D.D., Shipp. F.J., Angelini. Characteristics of Different Power Systems Neutral


Grounding Techniques: Fact & Fiction. Pittsburgh: IEEE 1998 Industry Applications
Society Techinical Conference, 1998.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2020:


ano base 2019. Brasília, 2020.

HEINER, Carnein. BÜLOW, René. The Stone Age meets modern network protection
technology: Naturmuseum Senckenberg. Gruenberg: The magazine for electrical safety:
MONITOR 1/2015, 2015.
61

INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC TS 60479-1. Genebra,


2016.

INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC 631557-8. Genebra,


2010.

KINDERMANN, Geraldo. CAMPAGNOLO, Jorge Mário. Aterramento Elétrico. 3ª. ed.


Porto Alegre: Sagra – D.C. Luzzatto, 1995.

LAFRAIA, J.R.B., Manual de Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade.


Qualitymark, Petrobrás, 2001.

MARÇAL, Rui F. M. Um método para detectar falhas incipientes em Máquinas


Rotativas baseado em Análise de Vibrações e Lógica Fuzzy. 2000. 124 f. Tese (Doutorado)
– Programa de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica, de Minas e dos Materiais,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2000.

MATHEW, S., Optimal inspection frequency: a tool for maintenance


planning/forecasting In: International Journal of Quality & Reliability Management. v. 21, n.
7. Bradford: Emerald Group, 2004.

MORAIS, V. C., Metodologia de priorização de equipamentos médico-hospitalares em


programas de manutenção preventiva. Campinas: Unicamp, 2004.

O´CONNOR, P.D.T., Pratical Reliability Engineering, John Wiley & Sons, 2. ed., 1985.

SCHÄUBLE, Robert. HIERHOLZER, Bernd. High availability – Pumped storage hydro


power station Bad Säckingen. Gruenberg, 2016.

SEIXAS, Eduardo. Confiabilidade aplicada na Manutenção. Rio de Janeiro: Qualytek,


2002.

SMITH, A.M., Reliability-centered maintenance. New York: McGraw-Hill, 1993.

SOLANKI, Sonny. MOJTAHED, Amir. High availability for reliable operation in waste
water treatment facilities. Gruenberg, 2019.

TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1984.

NUÑO, Thomas. “Amanecer Solar CAP” in Chile: The largest photovoltaic system in
Latin America. Gruenberg: The magazine for electrical safety: MONITOR 2/2017, 2017.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Biblioteca Universitária. Guia de normalização


de trabalhos acadêmicos da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2013.

VISACRO FILHO, Sílvério. Aterramentos elétricos: conceitos básicos, técnicas de


medição e instrumentação, filosofias de aterramento. São Paulo: Artliber Editora, 2002.
62

WERLANG, Ana Beatriz Carvalho. GELLER, Illana. Uma Análise da Relação entre o
Consumo de Energia Elétrica e o Crescimento Econômico no Mundo. Rio de Janeiro:
URFJ/Escola Politécnica, 2018.

Você também pode gostar