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Ai se sêsse
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse
01. O poema foi construído com formas do português não padrão, tais como “juntim”, “nois”,
“tarvês”. Essas formas legitimam-se na construção do texto, pois
Mudança linguística
Ataliba de Castilho, professor de língua portuguesa da USP, explica que o internetês é parte da
metamorfose natural da língua.
- Com a internet, a linguagem segue o caminho dos fenômenos da mudança, como o que
ocorreu com “você”, que se tornou o pronome átono “cê”. Agora o interneteiro pode ajudar a
reduzir os excessos da ortografia, e bem sabemos que são muitos. Por que o acento gráfico é
tão importante assim para a escrita? Já tivemos no Brasil momentos até mais exacerbados por
acentos e dispensamos muitos deles. Como toda palavra é contextualizada pelo falante,
podemos dispensar ainda muitos outros. O interneteiro mostra um caminho, pois faz um
casamento curioso entre oralidade e escrituralidade. O internetês pode, no futuro, até tornar a
comunicação mais eficiente. Ou evoluir para um jargão complexo que, em vez de aproximar as
pessoas em menor tempo, estimule o isolamento dos iniciados e a exclusão dos leigos.
Para Castilho, no entanto, não será uma reforma ortográfica que fará a mudança de que
precisamos na língua. Será a internet. O jeito eh tc e esperar pra ver?
02. Na entrevista, o fragmento “O jeito eh tc e esperar pra ver?” tem por objetivo
C) evidenciar uma forma de exclusão social para as pessoas com baixa proficiência escrita.
D) explicar que se trata de um erro linguístico por destoar do padrão formal apresentado ao
longo do texto.
(Enem 2015)
Compro um barato.
- Barato? Admito que você compre uma lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É
fazer pouco-caso de mim.
- Ih, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe que barato é o melhor que tem, é um
barato!
- Deixe eu escolher, deixe...
- Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que a senhora me deu no Natal!
- Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe lhe deu um blazer furado?
- Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já era, mãe, já era!
03. O modo como o filho qualifica os presentes é incompreendido pela mãe, e essas escolhas
lexicais revelam diferenças entre os interlocutores, que estão relacionadas
A) à linguagem infantilizada.
B) ao grau de escolaridade.
C) à dicotomia de gêneros.
Antiga viola
O recortado e catira
O churrasco no galpão
O baião é lá do Norte
Paulista é o cateretê
Tempo de boiadero
Do folclore brasilero.
04. A letra da música de Tonico e Tinoco revela que, entre tantas funções da língua, ela
contribui para a preservação da identidade nacional sertaneja. No texto, o que caracteriza
linguisticamente essa identidade?
(Enem 2014)
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da
língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da língua
em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não!
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um
português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo
do dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o
dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou
do de seus colunistas.
POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado).
05. Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim
sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber
E) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.
(Enem 2014)
Em bom português
No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a
gente é apanhada (aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do
plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma
parte do léxico cai em desuso.
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam
assim:
— Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com um
ator que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho
em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca.
(Enem 2014)
Isso é um desaforo
Vestida de chita
A) “Isso é um desaforo”.
(Enem 2013)
Dúvida
Dois compadres viajavam de carro por uma estrada de fazenda quando um bicho cruzou a
frente do carro. Um dos compadres falou:
08. Na piada, a quebra de expectativa contribui para produzir o efeito de humor. Esse efeito
ocorre porque um dos personagens
(Enem 2012)
09. Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
D) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos
(Enem 2012)
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até
hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua.
Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em
“hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de
sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses
usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o
verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não
faz sentido imaginar que brasileiros angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para
“errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais,
colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas
ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às
vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar
rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é
usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais
falantes de português que em toda a Europa!
10. Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma
padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
A) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, norma padrão, uma vez que o gênero
entrevista requer o uso da norma padrão.
B) apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de
vista difícil de ser verificado na materialidade do texto.
C) propõe que o padrão normativo deve ser usado por coloquial deve ser usada por falantes
não
Escolarizados falantes escolarizados como ele, enquanto a norma coloquial deve ser usada por
falantes não escolarizados.