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Orçamento do Estado 2023

Lei n.º 24-D/2022, de 30/12

De acordo com as orientações de política fiscal inseridas no Relatório do Orçamento Estado


para 2023, este Orçamento assenta em quatro grandes prioridades:

1 - Reforço dos rendimentos das pessoas;


2 - Promoção do Investimento;
3 - Manutenção do compromisso com finanças públicas sãs;
4 - Prossecução da estabilidade, confiança e compromisso.
A análise que se segue ao OE para 2023 é efetuada por tipologia de imposto e dentro de cada
imposto, sempre que se justifique, é feita uma subdivisão com a análise dos efeitos genéricos
do OE sobre todas as empresas (A), e sobre empresas de sectores específicos (B).

ÍNDICE

1 - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) ................................... 2


2 - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC)..................................... 5
3 - Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) ........................................................... 9
4 - Imposto sobre o Património e transações conexas (IMI, IMT) ............................. 10
5 - Imposto sobre a Mobilidade (IUC, ISV) ............................................................... 11
6 - Impostos sobre o Consumo (IEC (IABA, ISP, IST), I.Selo) ...................................... 12
7 - Benefícios Fiscais (CFI, EBF) ................................................................................ 14
8 - Garantias e regimes processuais (LGT) ............................................................... 16
9 - Segurança Social ................................................................................................ 16
10 - Regimes fiscais diversos ................................................................................... 17
11 - Setores Específicos .......................................................................................... 18

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Análise e efeitos do orçamento de Estado para 2021

1 - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS)

• Regime de tributação de operações com criptoativos (OE 2023 - artº 218)


É criado um regime de tributação das operações com criptoativos. Para esse feito são alterados os
artigos 4º, 5º, 10º, 24º, 31º, 43º nº 6 g), 51º nº 1 b), 52º nº 4, 55º nº 1 d), 101.º-B, artº 124º-A do
Código IRS, cuja análise tem pouco interesse para as empresas.
Maior relevância reveste a alteração ao artº 31º relativo ao regime simplificado de IRS da categoria B
onde que se prevê que a determinação do rendimento tributável e atividades ligadas a “criptoativos” se
apura pela aplicação do coeficiente de 0,15 à venda e de 0,95 à mineração.
Os rendimentos de capitais decorrentes de operações relativas a criptoativos estão dispensados de
retenção na fonte.

• Mais-valias decorrentes de direitos reais sobre bens imóveis (OE 2023 - artº 218)
O saldo, positivo ou negativo, das mais-valias decorrentes de direitos reais sobre bens imóveis,
alienação de direitos da propriedade intelectual e cessão onerosa de posições contratuais relativas a
imóveis é tributável em 50%, independentemente de o sujeito passivo ser residente ou não residente.
(antes abrangia apenas residentes) (artº 22º nº 3 a) e nº 10 C.IRS)
O englobamento dos rendimentos decorrentes de direitos reais sobre bens imóveis e cessão onerosa de
posições contratuais relativas a imóveis obtidos por não residentes passa a ser objeto de englobamento
obrigatório. O englobamento obrigatório determina a inclusão dos rendimentos obtidos fora de
Portugal para aplicação das taxas gerais de IRS aos não residentes (artº 22º nº 10 e 43º nº 10 C.IRS)

• Exclusão da tributação em IRS do autoconsumo ou pequena produção de eletricidade (OE 2023 - artº
218)
São excluídos de tributação até 1.000€, os rendimentos anuais decorrentes de produção para
autoconsumo ou pequena produção a partir de fontes de energia renovável, em ambos os casos apenas
até 1 MW de potência instalada (artº 12º nº 11 C.IRS)

• IRS Jovem (OE 2023 - artº 218)


É reforçado o regime do IRS Jovem, aplicável a jovens entre 18 e 26 anos (30, no caso de
doutoramento) com qualificações de nível 4 (curso profissional) ou superior, aumentando-se a isenção
aplicável aos rendimentos dos jovens para 50% no 1º ano, 40% no 2º ano, 30% nos 3º e 4º anos e 20%
no último ano. (artº 12º-B nº 5 C.IRS)
São aumentados os limites máximos de isenção de 7,5 x IAS (nos anos 1 e 2), 5 x IAS (nos anos 3 e 4) e
2,5 x IAS (no ano 5), para, respetivamente, 12,5 x IAS (no ano 1), 10 x IAS (no ano 2), 7,5 x IAS (nos anos
3 e 4) e 5 x IAS (no ano 5) (artº 12º-B nº 5 C.IRS)

• Taxas (OE 2023 - artº 218)


Os limites dos escalões do IRS são atualizados em 5,1%. (artº 68º nº 1 C.IRS)

• Mínimo de existência (OE 2023 - artº 218)


O regime de mínimo de existência é reformulado, com efeitos a partir de 1 de janeiro de 2024, a fim de
conferir maior progressividade ao IRS e eliminar a distorção de tributação dos rendimentos
imediatamente acima da remuneração mínima mensal garantida. (artº 70º C.IRS)

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Até à entrada em vigor do novo regime, é introduzido um regime de mínimo de existência para vigorar
em relação ao IRS de 2022 e 2023, com regras similares às do novo regime, mas limites distintos. (artºs
224 e 225 OE 2023)

• Taxas liberatórias – Não residentes (OE 2023 - artº 218)


Já eram tributados por retenção na fonte à taxa de 25% os rendimentos do trabalho dependente ou
independente prestados a uma única entidade obtidos por não residentes, não sendo aplicada a
retenção na fonte até ao limite da retribuição mínima mensal garantida. A alteração introduzida criou
um novo limite, autónomo, para não aplicação de retenção na fonte, até às primeiras 50 horas de
trabalho suplementar. (artº 71º nº 7 e artº 101 C.IRS)
Prevê-se, agora, que em caso de pedido de reembolso de retenções na fonte de IRS ao Estado
português, por parte de não residentes, a apresentação do requerimento implica a comunicação
espontânea ao Estado de residência do contribuinte do teor do pedido de devolução formulado e do
respetivo montante. (artº 71º nº 16 C.IRS)

• Deduções à coleta (OE 2023 - artº 218)


São alteradas várias disposições legais relativas às deduções à coleta, nomeadamente os artigos 78º-A,
78º-F, do C.IRS, 41.º-B EBF, cuja análise tem pouco interesse para as empresas.

• Retenções na fonte (OE 2023 - artº 218)


As entidades retentoras passam a apresentar a taxa efetiva mensal de retenção na fonte nos recibos de
vencimento ou pagamento das pensões. (artº 99º nº 9 C.IRS)
Reduz-se para metade da taxa de retenção na fonte autónoma de IRS no trabalho suplementar, a partir
da 101.ª hora. (artº 99º-C nº 10 C.IRS)

• Tabelas de retenção na fonte


Despacho n.º 14043-A/2022, de 05/12/2022
Aprova as tabelas de retenção na fonte sobre rendimentos do trabalho dependente e pensões
auferidas por titulares residentes no continente para vigorarem durante o 1º semestre do ano de 2023.
e
Despacho n.º 14043-B/2022, 05/12/2022
Aprova as tabelas de retenção na fonte sobre rendimentos do trabalho dependente e pensões
auferidas por titulares residentes no continente para vigorarem durante o 2º semestre do ano de 2023.

Despacho n.º 14837-B/2022, de 29/12/2022


Aprova as tabelas de retenção na fonte sobre rendimentos do trabalho dependente e pensões
auferidas por titulares residentes na Região Autónoma dos Açores para vigorarem durante o 1º
semestre do ano de 2023
e
Despacho n.º 14837-C/2022, de 29/12/2022
Aprova as tabelas de retenção na fonte sobre rendimentos do trabalho dependente e pensões
auferidas por titulares residentes na Região Autónoma dos Açores para vigorarem durante o 2º
semestre do ano de 2023

Despacho n.º 442/2022, de 29/12/2022


Aprova as tabelas de retenção na fonte sobre rendimentos do trabalho dependente e pensões
auferidas por titulares residentes na Região Autónoma da Madeira para vigorarem durante o 1º
semestre do ano de 2023
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• Redução das retenções na fonte para titulares de crédito à habitação (OE 2023 - artº 223)
Em 2023, a retenção na fonte sobre rendimentos da Categoria A de IRS é reduzida para a taxa do
escalão imediatamente inferior à correspondente à remuneração mensal e situação familiar aplicável
ao respetivo titular de rendimentos, para sujeitos passivos titulares de crédito à habitação própria e
permanente com remuneração mensal que não ultrapasse 2700 €

• Salário Mínimo Nacional (SMN)


Decreto-Lei n.º 85-A/2022, de 22/12/2022
Atualiza para 760 €, em 2023, o valor da retribuição mínima mensal garantida (RMMG) a que se refere
o n.º 1 do artº 273.º do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12/02.

• Indexante dos Apoios Sociais (IAS)


Portaria n.º 298/2022, de 16/12/2022
Atualiza para 480,43 € o valor do indexante dos apoios sociais (IAS) para 2023.

• Subsídio de refeição – limite IRS


Portaria n.º 280/2022, de 18/11/2022
Subsídio de refeição na função pública sobe de 4,77 euros para 5,20 euros por dia, a partir
den1/10/2022, determinando assim o aumento do valor limite de isenção do subsídio de refeição em
sede de IRS e TSU para em 5,20 €/dia, se pago em dinheiro ou 8,32 €/dia (i.e., 5,20 €/dia acrescido de
60%), se for atribuído em vales ou títulos de refeição (artº 2º nº 3, b) 2 C.IRS)

O que se mantém com o OE 2023:

• Ajudas de custo e kms (DL 106/98, DL 137/2010 e Portaria n.º 1553-D/2008)


Mantêm-se para 2021 os valores limite de isenção nas:
Ajudas de custo - artigo 38.º Dec-Lei n.º 106/98:
a) Membros do Governo — € 69,19;
b) Trabalhadores que exercem funções públicas:
i) Com remunerações base superiores ao valor do nível remuneratório 18: € 50,20;
ii) Com remunerações base que se situam entre os valores dos níveis remuneratórios 9 e 18: € 43,39;
iii) Outros trabalhadores € 39,83.
Subsídios de transporte - artigo 38.º Dec-Lei n.º 106/98:
a)Transporte em automóvel próprio € 0,36 por quilómetro;
b) Transporte em veículos adstritos a carreiras de serviço público 0,11 por quilómetro;
c)Transporte em automóvel de aluguer:
i) Um trabalhador € 0,34 por quilómetro
ii) Trabalhadores transportados em comum:
1) Dois trabalhadores € 0,14 cada um por quilómetro;
2) Três ou mais trabalhadores € 0,11 cada um por quilómetro

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2 - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC)

• Tributação de operações com criptoativos - regime simplificado de determinação da matéria


coletável de IRC (OE 2023 artº 227)
Introduz-se, na tributação no regime simplificado de IRC, o coeficiente 0,95 para a mineração de
criptoativos e adita-se o coeficiente de 0,15 para os demais rendimentos relacionados com criptoativos,
excluindo os decorrentes da mineração, que não sejam considerados rendimentos de capitais, nem
resultem do saldo positivo das mais e menos-valias e dos restantes incrementos patrimoniais. (artº 86º-
B nº 1 e) i) C.IRC)

• Gastos suportados com passes sociais - Majoração (OE 2023 - artº 227)
Aumenta a majoração dos gastos suportados com passes sociais de 30% para 50%, para efeitos da
determinação do lucro tributável. (artº 43º nº 15 C.IRC)

• Prejuízos fiscais (regime geral) - dedução sem limitação temporal (OE 2023 - artº 227)
Deixa de existir a limitação temporal na dedução dos prejuízos fiscais aos lucros tributáveis dos
períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2023, bem como aos prejuízos fiscais
apurados em períodos de tributação anteriores a 1 de janeiro de 2023, cujo período de dedução ainda
se encontre em curso na data da entrada em vigor do OE 2023. (artº 52º nº 1 C.IRC / artº 228º nº 1 OE
2023)
Diminui-se de 70% para 65% da base do lucro tributável para a dedução dos prejuízos fiscais. (artº 52º
nº 2 C.IRC)
Altera-se a limitação à dedução de prejuízos fiscais, quando exista uma alteração da titularidade de
mais de 50% do capital social ou da maioria dos direitos de voto do sujeito passivo, com o objetivo de
limitar a sua aplicação no caso de se concluir que a operação não teve como principal objetivo ou como
um dos principais objetivos a evasão fiscal, o que pode considerar-se verificado, nomeadamente, nos
casos em que a operação tenha sido realizada por razões económicas válidas. (artº 52º nº 8 C.IRC)
É revogada a necessidade de apresentação de requerimento à autoridade tributária para justificação de
interesse económico na operação de alteração da titularidade de mais de 50% do capital social ou
direitos de votos. (artº 52º nº 13 e 14 C.IRC)
A eliminação da limitação temporal na dedução dos prejuízos fiscais abrange também os sujeitos
passivos de IRC que não exercem a título principal atividade comercial, industrial ou agrícola (entidades
do setor não lucrativo), relativamente à determinação do rendimento global, na dedução de prejuízos
fiscais aos rendimentos pelo exercício de atividades acessórias de natureza comercial, industrial ou
agrícola (artº 53º nº 2 a) C.IRC)
A eliminação da limitação temporal dos prejuízos fiscais não se aplica àqueles apurados em períodos de
tributação anteriores a 1 de janeiro de 2023 em que se tenha verificado uma das situações previstas no
n.º 1 do artigo 6.º do regime especial aplicável aos ativos por impostos diferidos (REAID), aprovado em
anexo à Lei n.º 61/2014, de 26/08 (conversão de ativos por impostos diferidos em créditos tributários),
aplicando-se aos prejuízos fiscais apurados nestes períodos de tributação o prazo de dedução em vigor
em 31 de dezembro de 2022. (artº 228º nº 2 OE 2023)
Esta disposição é ainda aplicada à dedução de prejuízos fiscais do RETGS, sempre que o grupo integre
um sujeito passivo em que se tenha verificado uma das situações previstas no n.º 1 do artigo 6.º do
REAID. (artº 228º nº 32 OE 2023)

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• Regime especial de tributação de grupos de sociedades - Regime específico de dedução de prejuízos
fiscais (OE 2023 - artº 227)
Deixa de ser necessário a apresentação de requerimento à autoridade tributária para justificação de
interesse económico na operação de alteração da sociedade dominante, quando se continue com a
aplicação do regime especial e se pretenda efetuar a dedução dos prejuízos fiscais do grupo. (artº 71º
nº 3 C.IRC)
Cessa a possibilidade de dedução de prejuízos fiscais no regime especial de tributação de grupos de
sociedades nos casos das situações (operações de restruturação) previstas nos nºs 3, 4 e 5 do artº 71º
quando se concluir que a operação teve como principal objetivo ou como um dos principais objetivos a
evasão fiscal, o que pode considerar-se verificado, nomeadamente, nos casos em que a operação não
tenha sido realizada por razões económicas válidas. (artº 71º nº 7 C.IRC)

• Transformação de sociedades - Dedução de prejuízos fiscais (OE 2023 - artº 227)


Também nas situações de transformação de sociedades deixa de haver limitação temporal na dedução
de prejuízos fiscais. (artº 72º nº 3 C.IRC)

• Fusões, cisões e outras entradas de ativos - Transmissibilidade de prejuízos fiscais (OE 2023 - artº 227)
Igualmente nas situações de sociedades fundidas podem ser deduzidos dos lucros tributáveis da nova
sociedade ou da sociedade incorporante sem limitação temporal na dedução. (artº 75º nº 1 C.IRC)

• Prejuízos fiscais (regime de tributação de lucros e prejuízos de estabelecimento estável situado fora do
território português) (OE 2023 - artº 227)
É considerado um único prazo de 12 anos para dedução dos prejuízos fiscais dos estabelecimentos
estáveis situados fora do território português nas circunstâncias em que tais prejuízos concorrem para a
determinação do lucro tributável mesmo que o sujeito passivo tenha optado pelo método da isenção.
(artº 54º-A C.IRC)

• Limitação à dedutibilidade de gastos de financiamento – Prejuízos fiscais (OE 2023 - artº 227)
É alterada a possibilidade de diferimento do excesso a reportar e consideração do crédito e respetivo
reporte na dedução na determinação do lucro tributável dos gastos de financiamento líquidos, que não
se aplica quando exista a alteração de mais de 50% da titularidade do capital social ou direitos de voto
do sujeito passivo, no que respeita à exceção dessa limitação quando se conclua que a operação não
teve como principal objetivo ou como um dos principais objetivos a evasão fiscal, o que passa a poder
considerar-se verificado, nomeadamente, nos casos em que a operação tenha sido realizada por razões
económicas válidas. (artº 67º nº 8 C.IRC)

• Taxas - taxa reduzida de IRC para PME – aumento do limiar de matéria coletável (OE 2023 - artº 227)
Aumenta de 25.000 € para 50.000 € de matéria coletável o limiar de aplicação da taxa reduzida de IRC
de 17%.
Alarga-se o âmbito de aplicação desta taxa reduzida a empresas qualificadas como empresa de
pequena-média capitalização (Small Mid Cap, empresa de pequena-média capitalização (Small Mid Cap)
aquela que empregue menos de 500 pessoas – DL 81/2017) (artº 87º nº 2 C.IRC)
É criado um regime transitório de aplicação da taxa reduzida de IRC em operações de reestruturação
(OE 2023 - artº 229)

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• Tributações autónomas (OE 2023 - artº 227)
Introduz-se a aplicação de tributação autónoma de 10% para as viaturas movidas exclusivamente a
energia elétrica com valor de aquisição superior a 62.500 euros (valor sem IVA se dedutível). (artº 88º
nº 20 C.IRC)
Reduzem-se as taxas de tributação autónoma das viaturas ligeiras de passageiros híbridas plug-in, cuja
bateria possa ser carregada através de ligação à rede elétrica e que tenham uma autonomia mínima, no
modo elétrico, de 50 km e emissões oficiais inferiores a 50 gCO2/km, e de viaturas ligeiras de
passageiros movidas a GNV, para 2,5 % (valor de aquisição até 27.500 euros), 7,5 % (de 27.500 euros a
35.000 euros) e 15 % (igual ou superior a 35.000 euros). (artº 88º nº 18 C.IRC)
É criado um regime excecional no âmbito das tributações autónomas de IRC nos termos do qual o
aumento de 10 % nas taxas de tributação autónoma quando o sujeito passivo tenha obtido prejuízos
fiscais não é aplicável, nos períodos de tributação de 2022 e 2023, quando: (OE 2023 - artº 230)
a) O sujeito passivo tenha obtido lucro tributável em um dos três períodos de tributação anteriores e as
obrigações declarativas previstas nos artigos 120.º e 121.º do C.IRC (Mod.22 e IES), relativas aos 2
períodos de tributação anteriores, tenham sido cumpridas nos termos neles previstos;
b) Estes correspondam ao período de tributação de início de atividade ou a um dos dois períodos
seguintes

• Limitação na utilização de benefícios fiscais – Novo incentivo à capitalização das empresas (OE 2023 -
artº 227)
O novo benefício fiscal de incentivo à capitalização das empresas não está sujeito à limitação na
liquidação de IRC prevista no artigo 92.º do CIRC. (artº 92º i) C.IRC)

• Rendimentos auferidos por Residentes - dispensa de retenção na fonte (OE 2023 - artº 227)
Consagra-se a dispensa de retenção na fonte de IRC, quando este tenha a natureza de imposto por
conta, para rendimentos provenientes da propriedade intelectual referidos na alínea a) do n.º 1 do
artigo 94.º, quando obtidos por sociedades que tenham por objeto a criação, edição, produção,
promoção, licenciamento, gestão ou distribuição de obras ou prestações ou outros conteúdos
protegidos por direitos de autor e conexos, incluindo publicações de imprensa. (artº 97º nº 1 i) C.IRC)

• Regime extraordinário de apoio a encargos suportados com eletricidade e gás (OE 2023 - artº 231)
Introdução do regime extraordinário de apoio a encargos suportados com eletricidade e gás, traduzido
na majoração de 20%, para efeitos de determinação do lucro tributável, nos gastos com consumos de
eletricidade e gás natural, na parte que em que excedam os do período de tributação anterior (líquidos
de apoios já atribuídos) suportados por sujeitos passivos de IRC residentes que exerçam, a título
principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, dos sujeitos passivo de IRC não
residentes com estabelecimento estável e dos sujeitos passivos de IRS com contabilidade organizada
(categoria B). Esta majoração é aplicável a partir dos períodos de tributação que se iniciem em, ou após,
de 1 de janeiro de 2022.
No caso de sujeitos passivos que iniciem a atividade durante o período de tributação com início em ou
após 1 de janeiro de 2021 os gastos e perdas incorridos a considerar para efeitos desta majoração
devem ser proporcionais ao período de atividade do sujeito passivo nesse ano.
Excluem-se deste regime extraordinário os sujeitos passivos que desenvolvam atividades económicas
que gerem, pelo menos, 50 % do volume de negócios no domínio da:
a) Produção, transporte, distribuição e comércio de eletricidade ou gás; ou
b) Fabricação de produtos petrolíferos, refinados ou a partir de resíduos, e de aglomerados de
combustíveis.
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O benefício fiscal previsto nos números anteriores não pode ser cumulado com outros apoios ou
incentivos de qualquer natureza relativamente aos mesmos gastos e perdas elegíveis

• Regime extraordinário de apoio a encargos suportados na produção agrícola (OE 2023 - artº 232)
Introdução do regime extraordinário de apoio a encargos suportados na produção agrícola, traduzido
na majoração de 40%, para efeitos de determinação do lucro tributável, nos gastos com aquisições de
bens agrícolas (líquidos de apoios já atribuídos), como adubos e similares, farinhas e outros bens para a
alimentação de animais destinados à alimentação humana, água para rega e garrafas de vidro,
suportados por sujeitos passivos de IRC residentes que exerçam, a título principal, uma atividade de
natureza comercial, industrial ou agrícola, dos sujeitos passivos de IRC não residentes com
estabelecimento estável e dos sujeitos passivos de IRS com contabilidade organizada (categoria B).
Esta majoração é aplicável a partir dos períodos de tributação que se iniciem em, ou após, de 1 de
janeiro de 2022 e ainda no período de tributação de 2023.
O benefício fiscal deste regime extraordinário está sujeito às regras de auxílios de minimis.

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3 - Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

• Férias fiscais do IVA – declaração periódica e pagamento do imposto (OE 2023 - artº 235)
A fim de permitir concretizar o acordo em matéria de férias fiscais dos profissionais ligados à fiscalidade
e contabilidade das empresas:
- a data limite de entrega da declaração periódica do IVA referente ao período de junho e 2.º trimestre
passa do último dia do mês de agosto para o dia 20 de setembro (artº 41º nº 9 C.IVA)
- a data limite do pagamento do IVA referente ao período de junho e 2.º trimestre passa do último dia
do mês de agosto para o dia 25 de setembro. (artº 27º nº 10 C.IVA)

• Aumento do limite para efeitos isenção IVA no artº 53º (OE 2023 - artº 235)
O limite para efeitos isenção IVA previsto no artº 53º (de que beneficiam os sujeitos passivos que não
possuem nem são obrigados a possuir contabilidade organizada para efeitos do IRS ou IRC, não pratiquem
operações de importação, exportação ou atividades conexas, nem exerçam atividade que consista na transmissão
dos bens ou prestação dos serviços do anexo E do C.IVA) em 2023 é de 13.500 €, em 2024 é de 14.500 €, em
2025 e anos seguintes é de 15.000 € (artº 53º nº 1 C.IVA)
Procede-se a adaptação do regime forfetário dos pequenos agricultores, no mesmo âmbito. (artº 53º nº
2 C.IVA)

• Tributação à taxa reduzida IVA (Lista I do C.IVA) (OE 2023 - artº 236)
São alteradas algumas verbas da lista I com taxa reduzida e aditadas outras;
- verba 1.3.2 - adiciona-se conservas à base de peixes e moluscos em singelo ou em molhos
independentemente da embalagem, desde que possuam teor de peixe ou molusco superior a 50%.
- verba 1.4.3 - adiciona-se a margarina e creme vegetal
- verba 1.4.9 - adiciona-se bebidas e iogurtes de base vegetal, sem leite e laticínios, produzidos à base
de frutos secos, cereais, preparados à base de cereais, frutas, legumes ou produtos hortícolas
- verba 2.25 - para beneficio da taxa reduzida, adiciona-se a certificação pelo IHM ou pela Direção
Regional de Habitação dos Açores, quando as empreitadas de construção de imóveis e os contratos de
prestações de serviços com ela conexas sejam promovidas na Madeira ou Açores.
- verba 2.31 - adiciona-se a aquisição de velocípedes.
- verba 2.39 - adiciona-se o acesso à transmissão em direto de espetáculos e eventos de teatros, feiras,
parques de diversões, concertos, museus, cinemas ou outros similares.
- verba 2.40 - adiciona-se o fornecimento e instalação de aquecedores de ambiente local a biomassa
sólida com potência calorífica nominal não superior a 50 kW e caldeiras a biomassa sólida com uma
potência calorífica nominal não superior a 500 kW, aquecedores complementares, dispositivos de
controlo da temperatura e dispositivos solares, aos quais tenha sido atribuída uma etiqueta
energética da UE de uma das 2 classes de eficiência energética mais elevadas e que cumpram os
valores de referência indicativos previstos nos requisitos específicos de conceção ecológica.
- verba 2.41 - adiciona-se as péletes e briquetes produzidos a partir de biomassa.

• Orçamento do Estado para 2021. Alterações em sede de IVA


Ofício Circulado n.º 30230/2021
05/01/2021
Condensa explicações às alterações introduzidas pelo orçamento de estado para 2021 no C.IVA e
demais legislação complementar de IVA.

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4 - Imposto sobre o Património e transações conexas (IMI, IMT)

Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)

Prédios devolutos – taxa agravada (OE 2023 - artº 248)


- Localizados em zonas fora de pressão urbanística: Determina o não agravamento das taxas de IMI
aplicáveis aos prédios urbanos devolutos há mais de um ano, ou prédios em ruínas, como tal definidos
em diploma próprio caso o estado de conservação tiver sido motivado por desastre natural ou
calamidade. (artº 112º nº 3 a) C.IMI)
A verificação dessas causas impede também os municípios de majorar (em 30%) a taxa aplicável
àqueles prédios urbanos degradados. (artº 112º nº 8 C.IMI)
- Localizados em zonas de pressão urbanística:
O tempo de devolução que determina o agravamento (em 25 ou 50%, consoante os caos) da taxa nos
prédios devolutos localizados em zonas de pressão urbanística é reduzido de 2 para 1 ano. (artº 112º-B
nºs 1 e 3 C.IMI)

Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT)

• Isenção pela aquisição de prédios para revenda – 2 anos (OE 2023 - artº 247)
Para prova de que o sujeito passivo exerce normal e habitualmente a atividade de “comprador de
prédios para revenda” necessária à isenção de IMT, passa a exigir-se (mediante certidão passada pelo
serviço de finanças competente) que, em cada um dos dois anos anteriores (anteriormente apenas ano
anterior), foram revendidos prédios antes adquiridos para esse fim. (artº 7º nº 3 C.IMT)

• Valor tributável (OE 2023 - artº 247)


As regras de determinação do valor tributável para efeitos de IMT, no caso de bens móveis dados em
troca de diversas operações sujeitas previstas no artigo 12.º, passam a aplicar-se também a
criptoativos. (artº 12 nº 5 b) C.IMT)
No caso de permutas de imóveis, o valor tributável determinado pela diferença entre os VPT dos
imóveis deixa de poder ser aplicado se esses bens imóveis forem transmitidos no prazo de um ano a
contar da data da permuta. (artº 12 nº 6 C.IMT)

• Taxas (OE 2023 - artº 247)


Os limites dos escalões do valor sobre que incide o IMT são atualizados em 4%, sem alteração das taxas
marginal e média. (artº 17 C.IMT)

• Conteúdo da declaração para liquidação (OE 2023 - artº 247)


Acrescentou-se ao conteúdo obrigatório da declaração para liquidação, a indicação valor da parte
indivisa ou do direito a que o ato ou contrato respeitar e a menção do valor global dos bens ou direitos
transmitidos. (artº 20 nº 1 a) C.IMT)

10
5 - Imposto sobre a Mobilidade (IUC, ISV)

Imposto Único de Circulação (IUC) (OE 2023 - artº 249)


Verifica-se um agravamento, em cerca de 4%, das taxas de IUC, em linha com a inflação prevista para o
ano de 2023. (artsº 9 a 15 do C.IUC Lei n.º 22-A/2007)

Imposto Sobre Veículos (ISV) (OE 2023 - artº 246)


Verifica-se aqui também um agravamento, em cerca de 4%, das taxas de ISV, em linha com a inflação
prevista para o ano de 2023. (artsº 7 e 10 do C.IUC Lei n.º 22-A/2007)
Passam a ser também aplicáveis a veículos adquiridos em sistema de locação operacional os regimes de
isenção previstos no Código do ISV (até ao momento, só os adquiridos em regime de locação financeira
beneficiavam) (artº 45º, nº 3 do C.IUC Lei n.º 22-A/2007)

11
6 - Impostos sobre o Consumo (IEC (IABA, ISP, IST), I.Selo)

IEC - Impostos Especiais de Consumo (artº 243 OE 2023)

• IABA - Imposto sobre as bebidas alcoólicas e bebidas não alcoólicas adicionadas de açúcar
Verifica-se um agravamento, em cerca de 4%, das taxas de tributação aplicáveis às bebidas não
alcoólicas adicionadas de açúcar e bebidas alcoólicas, designadamente, cerveja, espumantes, bebidas
espirituosas e outras bebidas fermentadas tranquilas. (artsº 71º, 73º, 74º, 76º, 87º-C do C.IEC)

• ISP - Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos


Procede ao alargamento do mecanismo de reembolso parcial para o gasóleo profissional ao gás
profissional e às empresas de transporte coletivo de passageiros (reembolso do ISP suportado no
gasóleo classificado pelos códigos de Nomenclatura Combinada NC 2710 19 43 a 2710 19 48 e 2710 20
11 a 2710 20 19) quando abastecido em veículos devidamente licenciados e destinados exclusivamente
àquela atividade. Este benefício passa a aplicar-se igualmente ao gás classificado pelos códigos NC 2711
11 00 e 2711 21 00. (artº 93º-A do C.IEC)

Norma transitória – Eliminação gradual das isenções prejudiciais em matéria de produtos petrolíferos e
energéticos ()
O OE para 2023 inclui uma disposição transitória que visa a sujeição, durante o ano 2023, ao ISP e ao
adicionamento sobre as emissões de CO2, de determinados produtos, nomeadamente os produtos
utilizados na produção de eletricidade, eletricidade e calor ou gás de cidade nos seguintes termos:
i. Produtos classificados pelos códigos NC 2710 19 62 a 2710 19 67 e NC 2710 20 32 e 2710 20 38 que sejam
utilizados na produção de eletricidade, de eletricidade e calor (cogeração), ou de gás de cidade no continente,
propõe-se que passem a ser tributados com uma taxa correspondente a 100% da taxa de ISP e com uma taxa
correspondente a 100% do adicionamento sobre emissões de CO2;
ii. Produtos classificados pelos códigos NC 2710 19 43 a 2710 19 48 e NC 2710 20 11 a 2710 20 19, NC 2710 19 62 a
2710 19 67, NC 2710 20 32 e 2710 20 38 consumidos nas Regiões Autónomas e utilizados na produção de
eletricidade, de eletricidade e calor (cogeração), ou de gás de cidade por entidades que desenvolvam essas
atividades como sua atividade principal, propõe-se que sejam tributados com uma taxa correspondente a 50% da
taxa de ISP e com uma taxa correspondente a 50% da taxa de adicionamento sobre as emissões de CO2.
Estas taxas serão aumentadas, progressivamente, até 100% em 2025.
iii. Produtos classificados pelo código NC 2711, utilizados na produção de eletricidade, de eletricidade e calor
(cogeração), ou de gás de cidade, por entidades que desenvolvam essas atividades como a sua atividade principal,
com exceção dos usados nas Regiões Autónomas, propõe-se que sejam tributados com uma taxa correspondente a
40% da taxa de ISP e com uma taxa correspondente a 40% da taxa de adicionamento sobre as emissões de CO2.
Esta taxa será aumentada até atingir o valor de 50% em 2024.
Durante o ano de 2023, o gás natural (NC 2711 11 00 e 2711 21 00) não está sujeito a estas taxas (sem prejuízo da
trajetória gradual prevista para os anos seguintes).
iv. Produtos classificados pelos códigos NC 2701, 2702, 2704, 2713, 2711 12 11, NC 2710 19 62 e 2710 19 66 e
utilizados em instalações sujeitas a um acordo de racionalização dos consumos de energia (ARCE) propõe-se que
sejam tributados com uma taxa correspondente a 30% da taxa de adicionamento sobre as emissões de CO2.
Estas taxas serão aumentadas, progressivamente, até 100% em 2025.

• IST - Imposto sobre o Tabaco


Verifica-se um aumento generalizado das taxas aplicáveis ao tabaco e produtos à base de tabaco
aquecido em 4%. (artsº 103, 103º-A, 104º, 104º-A, B, C do C.IEC)

12
IS - Imposto de Selo

• Regime de tributação de transmissões com criptoativos (OE 2023 - artº 239)


É criado um regime de tributação das transmissões de criptoativos. Para esse feito são alterados os
artigos 1º a 5º, 14º-A, 42º e 63º-A Código IS e verba 30 da tabela anexa ao CIS, cuja análise tem pouco
interesse para as empresas.

• Isenção de IS para mútuos constituídos no âmbito do regime legal do crédito à habitação (OE 2023 -
artº 242)
Ficam isentos de IS as operações de alteração e prorrogação do prazo, bem como a celebração de
novos contratos para refinanciamento da dívida, que ocorrem entre 1 de novembro de 2022 e 31 de
dezembro de 2023. A isenção é aplicável ao capital em dívida e, no caso de novos contratos para
refinanciamento da dívida e mudança de instituição de crédito mutuante, às garantias prestadas.

13
7 - Benefícios Fiscais (CFI, EBF)

Código Fiscal do Investimento (Decreto-Lei n.º 162/2014)

• Dedução por Lucros Retidos e Reinvestidos (DLRR) (OE 2023 - artº 281)
Este benefício fiscal de dedução é revogado com efeitos a 1/01/2023

• Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI) (OE 2023 - artº 253)


Aumento de 25% para 30% das aplicações relevantes, relativamente ao investimento realizado até ao
montante de 15.000.000 €, para determinação da dedução à coleta de IRC, no caso de investimentos
realizados em regiões elegíveis nas regiões previstas na tabela do nº 1 do artigo 43º do CFI (artº 23º nº
1 i) CFI)

Estatuto dos Benefícios Fiscais (Decreto-Lei n.º 215/89)

• Remuneração convencional do capital social (RCCS) (OE 2023 - artº 281)


Este benefício fiscal da remuneração é revogado com efeitos a 1/01/2023 embora às entradas
realizadas até 31/12/2022 se continue a aplicar, relativamente às importâncias aplicadas até essa
mesma data, a remuneração convencional do capital social. (artº 41º-A do EBF + artº 252º nº 2 OE
2023)

• Benefícios fiscais aplicáveis aos territórios do Interior e às Regiões Autónomas (OE 2023 - artº 250)
Aumenta de 25.000 euros para 50.000 euros de matéria coletável o limiar até ao qual se aplica a taxa
reduzida de IRC de 12,5%. (artº 41º-B nº 1 do EBF)
É alargado o âmbito de aplicação desta taxa reduzida para as empresas qualificadas como empresa de
pequena-média capitalização (Small Mid Cap). (artº 41º-B nº 1 do EBF)
Introduz-se a majoração de 20% com gastos relacionados com a criação líquida de postos de trabalho
para as empresas situadas em territórios do interior, cujos trabalhadores residam, para efeitos fiscais,
em territórios do interior, e aufiram rendimentos de trabalho dependente em resultado dessa criação
de postos de trabalho. (artº 41º-B nº 6 do EBF)

• Isenção de IRS e IRC de rendimentos prediais de programas municipais de arrendamento habitacional


e alojamento estudantil (OE 2023 - artº 250)
Ficam isentos de tributação em IRS e em IRC, pelo período de duração dos respetivos contratos, os
rendimentos prediais obtidos no âmbito dos programas municipais de oferta para arrendamento
habitacional a custos acessíveis e para alojamento estudantil, sendo, para efeitos de IRS, os
rendimentos isentos obrigatoriamente englobados para efeitos de determinação da taxa a aplicar aos
restantes rendimentos, quando o sujeito passivo opte pelo englobamento dos rendimentos prediais.
(artº 71º-B nºs 27 e 28 do EBF)

• Incentivo fiscal à valorização salarial (OE 2023 - artº 251)


É criado um novo benefício fiscal traduzido na majoração de 50% com gastos relacionados com o
aumento salarial (de pelo menos 5,1% face ao ano anterior e acima da RMMG) de trabalhadores com
contrato por tempo indeterminado. Esse aumento tem de ser determinado por instrumento de
regulamentação coletiva de trabalho dinâmica relativos a trabalhadores com contrato de trabalho por
tempo indeterminado.
14
Não se aplica aos sujeitos passivos relativamente aos quais se verifique um aumento do leque salarial
dos trabalhadores face ao exercício anterior.
O montante máximo dos encargos majoráveis, por trabalhador, é o correspondente a quatro vezes a
retribuição mínima mensal garantida (3.040 €) (artº 19º-B do EBF)

• Incentivo à capitalização das empresas (OE 2023 - artº 251 / artº 43º-D do EBF)
É criado um novo benefício fiscal de incentivo à capitalização das empresas (por substituição da
remuneração convencional do capital social e DLRR) traduzido na dedução de uma taxa de 4,5% (7% no
anterior regime) na determinação do lucro tributável por aplicação relativo a aumentos líquidos de
capital próprio elegíveis, durante 10 períodos de tributação (6 períodos, no anterior regime)
Os aumentos líquidos de capital próprio elegíveis são:
- entradas realizadas em dinheiro no âmbito da constituição de sociedades ou do aumento do capital
social da sociedade beneficiária;
- entradas em espécie realizadas no âmbito de aumento do capital social que correspondam à
conversão de créditos em capital;
- prémios de emissão de participações sociais;
- lucros contabilísticos do período de tributação quando sejam aplicados em resultados transitados ou,
diretamente, em reservas ou no aumento do capital.
A taxa é majorada em 0,5% caso o sujeito passivo se qualifique como micro, pequena ou média
empresa ou empresa de pequena -média capitalização (Small Mid Cap).
A dedução não pode exceder, em cada período de tributação, o maior dos seguintes limites: a) 2 000
000 €; ou b) 30 % do EBITDA fiscal, sendo que a parte da dedução que exceda este último limite pode
ser dedutível durante os 5 períodos posteriores com a aplicação do mesmo limite nesses períodos.
O novo benefício fiscal do ICE apenas se aplica às entradas efetuadas nos períodos de tributação que se
iniciem em, ou após, 1 de janeiro de 2023. (OE 2023 - artº 252 nº 1)
Para os aumentos de capital social realizados ao abrigo da remuneração convencional de capital social
até ao final de 2022, continua-se a aplicar esse regime do artigo 41º-A do EBF. (OE 2023 - artº 252 nº 2)

15
8 - Garantias e regimes processuais (LGT)

Lei Geral Tributária (Decreto-Lei n.º 398/98)

• Acesso da Inspeção Tributária ao RCBE (OE 2023 - artº 254)


Com a introdução da alínea g) ao artigo 63.º, n.º 1, da LGT, os serviços de inspeção tributária passam a
poder aceder aos dados constantes do Registo Central do Beneficiário Efetivo. (artº 63 nº 1 g) LGT)

9 - Segurança Social

• Majoração do montante do subsídio social de desemprego subsequente (OE 2023 - artº 84)
É majorado em 25% o referencial de condição de recurso prevista no n.º 2 artº 24.º do Dec-Lei n.º
220/2006, no acesso ao subsídio social de desemprego subsequente para os beneficiários isolados ou
por pessoa para os beneficiários com agregado familiar que, cumulativamente, reúnam as seguintes
condições:
a) à data do desemprego inicial, tivessem 52 ou mais anos;
b) preencham as condições de acesso ao regime de antecipação da pensão de velhice nas situações de
desemprego involuntário de longa duração, previsto no artº 57.º do Decreto-Lei n.º 220/2006

• Majoração do abono de família (OE 2023 - artº 84)


O montante do abono de família para crianças e jovens inseridos em agregados familiares
monoparentais é majorado em 50 % no 1.º escalão de rendimentos e em 42,5 % entre os 2.º e 4.º
escalões de rendimentos, com produção de efeitos a partir de 1 de abril de 2023, com retroativos a 1 de
janeiro de 2023.

• Prazo para a comunicação da admissão de trabalhadores (OE 2023 - artº 269)


A alteração introduzida à al. a) do n.º 2 do artigo 29.º do Código Contributivo, tem como consequência
que a comunicação de admissão de trabalhadores deve ser efetuada nos 15 dias anteriores (antes era
nas 24 horas) ao início da produção de efeitos do contrato de trabalho. (artº 29º nº 2ª) CCSS)

• Diferimento e suspensão de prazos (OE 2023 - artº 270)


As obrigações no âmbito da relação jurídica contributiva e de regularização de dívida à segurança social
cujo prazo termine no decurso do mês de agosto podem ser cumpridas até ao último dia desse mês,
independentemente de ser útil, sem quaisquer acréscimos ou penalidades.
O prazo para entrega em agosto, das declarações de remunerações previstas no artigo 40.º, é estendido
até ao dia 25 desse mês, sem quaisquer acréscimos ou penalidades.
Os prazos relativos aos procedimentos de fiscalização resultantes da aplicação dos regimes
contributivos do sistema previdencial de segurança social são suspensos durante o mês de agosto. (artº
23.º-B CCSS)

16
10 - Regimes fiscais diversos

• Apoio extraordinário ao arrendamento (OE 2023 - artº 273)


É criado um apoio extraordinário para contratos de arrendamento de habitação permanente de
duração superior a 2 anos (artº 72º nºs 2 a 5 C.IRS) traduzido na aplicação de coeficientes de apoio, que
reduzem a taxas especial de IRS aplicável aos rendimentos prediais, passando a tabela a ser a seguinte:
Taxa especial aplicável Coeficientes de apoio

Simultaneamente, é criado um regime fiscal de incumprimento, caso cessem os contratos de


arrendamento antes de decorridos os prazos de duração dos mesmos ou das suas renovações por
motivo imputável ao senhorio. Além da reposição do IRS que foi objeto de redução, acrescem juros
compensatórios. (artº 3º nºs 2 e 6 Lei 19/2022)

• Antecipação de renda e valor máximo de caução (OE 2023 - artº 274)


Com a alteração ao artº 1076 do Código Civil os senhorios deixam de poder pedir aos arrendatários:
- a antecipação de mais do que dois meses de renda;
- uma caução para cumprimento das obrigações respetivas, de valor superior a duas rendas.

• Reembolso excecional de PPR’s (OE 2023 - artº 273)


Durante o ano de 2023 é permitido o reembolso parcial ou total do valor dos planos-poupança para
pagamento de prestações de contratos de crédito garantidos por hipoteca sobre imóvel destinado a
habitação própria e permanente do participante, bem como prestações do crédito à construção ou
beneficiação de imóveis para habitação própria e permanente, e entregas a cooperativas de habitação
em soluções de habitação própria permanente, sendo dispensadas da obrigação de permanência
mínima de cinco anos para mobilização sem a penalização prevista no n.º 4 do artigo 21.º do EBF. (artº
6º nº 2 Lei 19/2022)

17
11 - Setores Específicos

O que se mantém e as novidades em 2023:

Agricultura e Pesca (CAE 01, 03)


• Pequena pesca artesanal e costeira, à pequena aquicultura e à extração de sal marinho - gasolina e
GPL. (OE 2023 - artº 191)
Mantém-se para 2023, para a pequena pesca artesanal e costeira, para a pequena aquicultura e à
extração de sal marinho, um subsídio que corresponde a um desconto no preço final da gasolina ou GPL
consumida equivalente ao que resulta da redução de taxa aplicável ao gasóleo consumido ou GPL na
pesca, por força do disposto na alínea b) do n.º 3 do artigo 93.º do C. IEC.

Setor Energético Nacional (CAE 19 / 35)


• Contribuição extraordinária sobre o setor energético (OE 2023 - artº 261)
Mantém-se em vigor em 2023 a contribuição extraordinária sobre o setor energético, cujo regime foi
aprovado pelo artigo 228.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12.

Fornecedores da indústria de dispositivos médicos (CAE 26600, 46460, 46690)


• Contribuição extraordinária sobre os fornecedores da indústria de dispositivos médicos do Serviço
Nacional de Saúde (OE 2023 - artº 260)
Mantém-se em vigor em 2023 a contribuição extraordinária dos fornecedores do Serviço Nacional de
Saúde (SNS) de dispositivos médicos e dispositivos médicos para diagnóstico in vitro, cujo regime foi
aprovado pelo artigo 375.º da Lei n.º 2/2020, de 31/03, na redação agora conferida pelo artigo 413.º do
OE 2021, que altera, entre outras, as regras de cálculo da contribuição extraordinária, passando a ser
efetuada com base no volume de faturação.

Indústria Farmaceutica (CAE 21)


• Contribuição sobre a indústria farmacêutica (OE 2023 - artº 259)
Mantém-se em vigor em 2023 o regime de contribuição extraordinária sobre a indústria farmacêutica,
aprovado pelo artigo 168.º da Lei n.º 82-B/2014.

Sistemas de depósito de embalagens não reutilizáveis (CAE 37)


• Regulamentação dos sistemas de depósito de embalagens não reutilizáveis (OE 2023 - artº 179)
Até ao final de fevereiro serão publicados os termos e critérios do sistema de depósito de embalagens
de bebidas em plástico, vidro, metais ferrosos e alumínio com depósito não reutilizáveis, conforme
previsto no artigo 23.º -C do Decreto-Lei n.º 152-D/2017, de 11/12

Viagens aéreas (CAE 511)


• Taxa de carbono para o consumidor de viagens aéreas (OE 2023 - artº 184)
Criação de uma taxa de carbono para o consumidor de viagens aéreas em aeronaves com capacidade
máxima de até 19 lugares, a partir de 1/07/2022.

18
Setor Bancário (CAE 64)
• Contribuição sobre o setor bancário (OE 2023 - artº 257)
Mantém-se em vigor em 2023 a contribuição sobre o setor bancário, cujo regime foi aprovado pelo
artigo 141.º da Lei n.º 55-A/2010.

• Adicional de solidariedade sobre o setor bancário (OE 2023 - artº 258)


Mantém-se em vigor em 2023 o adicional de solidariedade sobre o setor bancário, cujo regime foi
aprovado pelo artigo 18.º da Lei n.º 27-A/2020.

Setor Serviços Limpeza e Refeições (CAE 56/81)


• Atualização extraordinária do preço dos contratos de aquisição de serviços (OE 2023 - artº 42)
Nos contratos de aquisição de serviços de limpeza e de serviços de refeitórios, de serviços de segurança
e vigilância humana, de manutenção de edifícios, instalações ou equipamentos e de serviços de
refeitórios com duração plurianual, celebrados em data anterior a 1/01/2023, relativamente aos quais,
comprovadamente, a componente de mão de obra indexada à remuneração mínima mensal garantida
(RMMG) tenha sido o fator determinante na formação do preço contratual e tenham sofrido impactos
decorrentes da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 109-B/2021, de 7/12, é admitida, na medida do
estritamente necessário para repor o valor das prestações contratadas, uma atualização extraordinária
do preço, a ocorrer nos termos do presente artigo, devendo atender -se ao facto de ser expectável uma
variação salarial global e o aumento da RMMG

Justiça (CAE 69 / 84)


• Unidade de Conta processual (UC) (OE 2023 - artº 132)
Mantém-se para 2023 em 102 € o valor da unidade de conta processual (UC).

Sistema Nacional de Ensino (CAE 85)


• Limitação do limite máximo do valor das propinas (OE 2023 - artº 142 e 143)
- No ano letivo 2023/2024, nos ciclos de estudos conferentes de grau superior e nos cursos técnicos
superiores profissionais das instituições do ensino superior público, o limite máximo do valor da
propina a considerar é o mesmo que no ano letivo anterior, e cuja atualização ocorreu com OE 2020
que reduziu o valor máximo da propina de 871 € para 697 €)
- No ano letivo 2023/2024, nos ciclos de estudos conferentes de grau superior, o limite mínimo do valor
da propina a considerar é de 495 €.

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