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As Técnicas de Manchas de Tinta
As Técnicas de Manchas de Tinta
Objetivos
Apesar de tantos estudos envolvendo a técnica, tudo indica que Rorschach não os conhecia quando
começou a realizar suas primeiras pesquisas, e seu método é original no que tange ao objeto de estudo.
Enquanto seus antecessores concentravam as análises nos conteúdos da imaginação, Rorschach investiga
como as características da mancha geravam as respostas das pessoas avaliadas, ou seja, ele direciona os
estudos para a percepção da mancha.
Em 1939, foi criado o Rorschach Institute.
Em 1943, acontece o Primeiro Congresso de Rorschach.
Em 1949, foi fundada a Sociedade Internacional de Rorschach. Ainda atuantes e
Em 1949, foi fundada a Sociedade Internacional de Rorschach. Ainda atuantes e
dedicados ao desenvolvimento do teste e de métodos científicos, seus membros têm
suas publicações, eventos e estudos divulgados na página da Sociedade.
Dentre outras organizações voltadas para o tema, destaca-se a Sociedade Francesa de
Rorschach, fundada em 1950,
A partir de 1987 a Sociedade Francesa de Rorschach passou a se chamar Sociedade de
Rorschach e dos Métodos Projetivos na Língua Francesa. Ao longo de sua atuação, essa
sociedade trabalhou no desenvolvimento de ferramentas projetivas, na validação de
seus fundamentos teóricos e no ensino de métodos projetivos. Atualmente, ela
concentra seus esforços no intercâmbio de perspectivas vinculadas aos avanços
intelectuais com diferentes abordagens teóricas, especialmente nas jornadas científicas,
com trabalhos de investigação sobre modelos de interpretação.
No Brasil, a Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos (ASBRo) foi
fundada em 1993, com o objetivo de promover o desenvolvimento das técnicas
projetivas de avaliação psicológica, em especial o Psicodiagnóstico de Rorschach,
buscando integrar a diversidade metodológica e a produção científica nacional acerca
do teste em suas diferentes abordagens e aplicações.
Em 2021, o principal teste com a técnica das manchas de tinta completa seu centenário
e, mesmo sendo alvo de críticas e questionamentos, continua sendo uma forte
referência para a avaliação da personalidade.
Aplicação do teste
O investimento nos estudos e aplicações do método de Rorschach resultou na
produção de sistemas distintos de aplicação, correção e interpretação do teste
baseados nos cartões com as manchas de tinta originais no mundo todo. No Brasil,
contamos com quatro sistemas que apresentam parecer favorável para seu uso por
parte do SATEPSI. São eles:
• Sistema Klopfer;
• Rorschach Clínico.
Não há restrição de idade para a aplicação do teste, podendo ser utilizado em crianças
a partir de 5 anos. Também não há tempo estipulado. Espera-se que adultos levem
entre 40 e 60 minutos para fornecer um protocolo completo e crianças com menos de
10 anos entre 30 e 45 minutos. Em geral, podemos dizer que a aplicação do
Rorschach é feita individualmente, em qualquer pessoa que tenha condições de se
expressar verbalmente e que tenha acuidade visual.
Primeiro momento
O primeiro, para a coleta de respostas. A fase de respostas consiste em entregar o cartão e perguntar:
“O que isto poderia ser?” ou “O que você vê nesta mancha?”. Nesse momento, as respostas são
registradas, assim como as reações do avaliado, sem interferências do avaliador, cronometrando o
tempo que a pessoa demora para responder e o tempo da resposta. Caso a pessoa só verbalize uma
resposta na primeira prancha, pode-se fazer o convite para tentar dar mais respostas.
Segundo momento
Qualidades psicométricas do
Rorschach
O Sistema Compreensivo (SC) entende o
teste como uma tarefa percepto-
cognitiva, na qual se manifestam
processos de tomada de decisão e de
resolução de problemas, reveladores das
estratégias de confronto e da
organização psicológica da pessoa.
Partindo desse ponto é possível
identificar a objetividade do que é
avaliado. Não há algo obscuro a ser
revelado ou mesmo que permita
revelado ou mesmo que permita
interpretações subjetivas das respostas.
Seguindo as normas de administração do
instrumento com rigor, é possível garantir
sua confiabilidade.
Paciente em sessão com terapeuta.
As possibilidades de erro na codificação
são minimizadas com a formação e o
treinamento do administrador do teste. É
preciso que dois administradores
diferentes tenham parâmetros que
produzam classificações iguais para os
mesmos protocolos, e isso só é possível
com regras claras e treinamento.
O Rorschach é alvo frequente de críticas que colocam em xeque a validade do teste. Parece difícil
compreender como, por meio da análise das respostas do que é visto em manchas de tintas, é possível
conhecer tanto sobre a pessoa. Tais críticas negligenciam o desenvolvimento da técnica e todo o esforço de
pesquisadores para psicometrizar o teste.
2. Não diretiva.
3. Registrar precisamente o desempenho do sujeito.
4. Foco na solução de problemas e nos aspectos visuais e perceptivos da tarefa.
Ambos os sistemas fornecem variedade de dados sobre o avaliado e podem ser usados independentemente
Ambos os sistemas fornecem variedade de dados sobre o avaliado e podem ser usados independentemente
da orientação teórica do avaliador. No entanto, quem não tem familiaridade com conceitos psicodinâmicos
pode ter dificuldade com as interpretações do R-PAS. Eles também têm em comum o fato de se basearem no
princípio do desvio.
Qualidades psicométricas do
Rorschach
Você conhece as diferenças dos sistemas de classificação do teste? Com a ajuda do
vídeo a seguir você conhecerá não só as diferenças como poderá avaliar as
contribuições do R-PAS para o reconhecimento psicométrico da técnica.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
B diagnósticos psicopatológicos.
C avaliação neuropsicológica.
D mensuração de QI.
Codi�cação da localização e
determinantes
A seguir apresentaremos as orientações gerais para codificação e interpretação das
respostas no Sistema Compreensivo. O conteúdo é baseado no livro Avaliação do
Rorschach: Sistema Compreensivo e R-PAS (GURLEY, 2018) e não substitui o uso do
manual do teste para garantir o rigor técnico e atender às orientações éticas do
conselho de classe.
Em que parte da mancha está a Que características da mancha Qual é o conteúdo das respostas?
resposta (aquilo que foi visto)? fazem com que pareça com o que
foi visto?
As respostas populares ocorrem com uma frequência de 30% dos protocolos e estão indicadas em tabela do
manual do teste. Quando uma resposta popular é identificada, deve ser colocado o código P após o código
para conteúdo da resposta. Essas respostas informam sobre adaptação social e conformismo. Elas indicam
que a pessoa vê o que a maioria das pessoas veem.
Imaginemos que essa fosse uma das manchas do Rorschach. Uma pessoa, ao ser
indagada sobre o que vê na prancha, fala que viu “uma borboleta” na primeira fase do
teste e, na segunda, afirma que “a borboleta está na mancha toda”, destacando a
forma e descrevendo que “a borboleta está voando com as asas abertas”. Essa
resposta pode ser codificada como W (localização na mancha toda) e FM (devido à
ênfase dada ao movimento de voar da borboleta). A ordem e o uso dos determinantes
dependerão da ênfase, da sequência e da forma como é dada a resposta,
especialmente na primeira fase do teste. Por isso, é de fundamental importância que o
psicólogo registre com detalhe e precisão as respostas dadas. Por último, em relação
ao conteúdo, essa resposta seria codificada com A, por se tratar de um animal.
No final, todos esses determinantes e
códigos são contabilizados e analisados
em função de sua frequência, proporção,
relação entre eles e outros
procedimentos de análise, refletindo
estruturas, formas de organização e
funcionamento do psiquismo.
No próximo passo, o avaliador deve escolher a sequência para interpretação por meio
da identificação das variáveis-chave apresentadas por ordem de importância em uma
tabela de referência no manual. A primeira sequência identificada como positiva deve
ser a de interpretação. As variáveis são: ideação, mediação, processamento da
informação, controles, afetos, autopercepção e percepção interpessoal.
Histórico e fundamentação do
Zulliger
O teste Zulliger ou Z-teste é uma técnica multidimensional para avaliação da
personalidade que mensura constructos psicológicos básicos, informando sobre
processos afetivos/emocionais, processos perceptivos/cognitivos, saúde mental e
psicopatologia. Esse teste psicológico é fundamentado metodologicamente no
Psicodiagnóstico de Rorschach, no entanto, não é um resumo do teste, como
frequentemente é mencionado no senso comum, mas sim uma derivação da técnica
das manchas de tinta.
O primeiro trabalho com manchas de tinta desenvolvido por Zulliger, a partir da técnica
de Rorschach, foi O teste de Rorschach na assistência educacional, em 1932, com a
finalidade de investigar a criatividade e a integração humana.
Continuando os estudos da técnica, no ano de 1938, em coautoria com Hans Behn-
Eschenburg, publicou o BERO (Behn-Rorschach Test), técnica paralela à de Rorschach,
Eschenburg, publicou o BERO (Behn-Rorschach Test), técnica paralela à de Rorschach,
ainda utilizando dez cartões com manchas de tinta aleatórias. O instrumento foi
desenvolvido para aplicação em crianças e publicado pela Hans Huber (Vaz, 2000).
Zulliger atuou nas forças armadas na Suíça em processos seletivos de oficiais durante a
Segunda Guerra Mundial e identificou a inviabilidade das avaliações individuais com 10
cartões naquele contexto. Como tinha que avaliar muitas pessoas rapidamente, ele
realizou uma experiência com 800 pessoas, aplicando três cartões com manchas de
tintas, diferentes do teste original, mas seguindo a mesma estrutura. As aplicações
individuais eram pareadas com as aplicações do Rorschach.
As experiências resultaram, em 1948, no Zulliger Diapositive-Test (Z-Test) para aplicação
coletiva.
Em 1954, no Der Zulliger-Tafeln-Test, adaptado pelo autor para aplicação individual.
O instrumento foi bem recebido pela comunidade científica, acarretando publicações
nos anos de 1955, 1959 e 1962, também pela editora Hans Huber, tornando-se um
importante instrumento de técnica projetiva (VAZ, 2000).
Área organizacional
Área clínica
Na área clínica, o Zulliger pode trazer dados importantes que contribuem com
a predição de transtornos de saúde mental e compreensão dos diferentes
modos de funcionamento da personalidade. No entanto, há outros testes
psicológicos e entrevistas estruturadas mais adequados para esse contexto.
Embora possa trazer informações que auxiliem no diagnóstico nosológico,
essa não é a finalidade do instrumento.
Material e aplicação do Z-teste
A técnica de Zulliger é composta por três cartões medindo 18,5cm por 25cm, com
manchas ambíguas e simétricas, sendo a primeira acromática (nomenclatura da
técnica de manchas de tinta para o uso exclusivo da cor preta nos cartões), que
fornece dados sobre a adaptação da pessoa diante de uma situação nova; a segunda
colorida, incitando respostas que auxiliam na compreensão dos aspectos afetivos; e a
última, em preto e vermelho, informa sobre o relacionamento interpessoal e o
potencial criativo e empático da pessoa avaliada. Na aplicação coletiva, as manchas
desses cartões são reproduzidas em diapositivos (imagem em material transparente)
a serem projetadas em tela branca. Nos dois formatos é utilizada uma folha de
localização e registro das respostas.
Primeiro
O primeiro deles é o Teste de Zulliger no Sistema Compreensivo (ZSC), de Anna Elisa Villemor-Amaral
e Ricardo Primi, de aplicação individual e sem correção informatizada, aplicável a pessoas entre 18 e
83 anos e com o prazo de estudos de normatização encerrando em outubro de 2023, mas com
estudos promissores que indicam o desenvolvimento do sistema.
Segundo
O segundo é o Teste de Zulliger no Sistema Escola de Paris: forma individual, para pessoas entre 18 e
92 anos.
Terceiro
O terceiro é o Z-Teste Coletivo e Individual, de Cícero Emídio Vaz e João Carlos Alchieri, para pessoas
a partir de 16 anos. Ambos têm atualizações recentes.
Coletiva
Nos dois formatos é solicitado que o avaliado preste atenção na imagem e diga o que
ela sugere. É explicado que não há respostas certas ou erradas e que ele pode usar
qualquer área de mancha para responder. As três manchas são apresentadas para que
o avaliado dê suas respostas e, novamente, para a fase de inquérito.
Define onde a pessoa identificou Informam o que a levou a ver tal Descreve o que ela viu.
o que viu. coisa.
Localização
Respostas globais
Detalhes comuns
Detalhes incomuns
Detalhes incomuns
Código Característica
D Detalhe comum.
Dr Detalhe raro.
Dd Detalhe diminuto.
Di Detalhe interno.
O código S é inserido sempre que a pessoa usa o fundo da mancha, ou seja, a área
branca, para dar sua resposta. O S vem antes do outro código quando a ênfase é
maior no branco e depois quando a ênfase está na mancha. Por exemplo, uma
resposta global que incluiu a área branca da mancha recebe o código GS.
Determinantes
Forma
O código F+ é atribuído às respostas consideradas comuns na área em que está localizada e encerra
um conteúdo com forma simples ou, mesmo não sendo em área comum, o avaliado descreve bem o
formato e o identifica na mancha. Por exemplo: “São dois ursos. Está bem claro o formato da cabeça
e das patas”.
Movimento
Para uma resposta ser classificada como Movimento, o avaliado deve ter oferecido
um conteúdo que descreva uma ação. Essas respostas, assim como no Rorschach,
são subclassificadas e recebem um destes códigos: Movimento Humano (H),
Movimento Animal (FM) e Movimento Inanimado (m). Esses códigos são combinados
com +, - e +- para indicar a qualidade formal.
Cor
Essas respostas também podem ser combinadas com a Forma. Quando isso
acontece, o código F aparece antes ou depois do código de cor para indicar a maior
ênfase na cor ou na forma (o principal aparece à esquerda). O que diferencia os
códigos das respostas de cor é o apóstrofo. Sem apóstrofo para cor cromática (C), e
com apóstrofo para acromática (C’).
Sombreado
As respostas de sombreado são classificadas seguindo o mesmo critério do
Rorschach: o uso da diferença das intensidades da cor, ou seja, as sombras e o
contraste entre o claro e o escuro. Elas são divididas em três categorias e também
combinadas com a forma, vindo à esquerda ou à direita do símbolo de sombreado de
acordo com a maior ênfase da característica na resposta.
Conteúdos
Os fenômenos especiais são elementos difíceis de serem quantificados e importantes para a compreensão
da pessoa. São as reações e respostas inesperadas aos diapositivos. A interpretação tem uma dimensão
qualitativa e, embora possam ser vários os fenômenos apresentados, o manual do teste lista os mais
frequentes, por exemplo, o choque ao branco, expresso pela preocupação com o branco ao redor das
manchas; choque cromático e acromático; entre outros.
Considerações �nais
Os testes psicológicos são considerados fontes fundamentais de informação em
processos de avaliação psicológica e, embora não obrigatórios na maioria dos
processos, são exigidos em processos de avaliações compulsórias. As técnicas
projetivas são indicadas por serem eficazes para gerar dados sobre a personalidade e
terem menor possibilidade de manipulação quando comparados com instrumentos de
autorrelato. É mais difícil, para o avaliado que não conhece os instrumentos, tentar
adivinhar o que seria adequado ver em uma mancha de tinta do que tentar acertar
uma afirmativa sobre como se comportar em determinada situação. Por isso, o
cuidado com a segurança e o sigilo das informações dos manuais de testes que
possam facilitar a manipulação dos resultados.
Para conclurir este estudo, o podcast apresenta as técnicas do teste Rorschach e
Zulliger, destacando as suas características, objetivos, qualidades psicométricas,
procedimentos de aplicação e sistemas de classificação, fazendo uma comparação
entre ambas e ressaltando a importância das mesmas na avaliação psicológica.
Explore +
A Revista Diálogos, do Conselho Federal de Psicologia, tem uma edição especial com
a temática Avaliação Psicológica Compulsória, que apresenta diferentes contextos de
avaliação psicológica, os desafios enfrentados e o crescimento do campo de atuação.
O conteúdo é interessante para entender a importância da avaliação psicológica no
exercício profissional e você encontra a publicação disponível no site do Conselho.
Referências
EXNER, J. The Rorschach: a comprehensive system. 4. ed. APA, 2003.
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