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Em suma, a super lismo dependente. desenvolvimento relativo na regio latino-americana, como o Bir Denunciar o regime de superexploragio em que a burguesia dependente apoia sua dominacio nao € pressupor ou almejar uma exploragio normal, Antes, a0 contrétio, écolocar que diante da superexploracio o que se apre- senta € a disjuntiva dependéncia e revolucéo. - 106 CAPITULO 4 - DEPENDENCIA, REVOLUGAO E TRANSICAO Nao temos a pr ‘em exame, nem de esgotar o debate em torno dela. Mas e assentada sua exposicao enguanto sfntese de reiplas d ‘modo a unir os fios de sua organicidade tal como a entendemos, A DEPENDENCIA COMO SINTESE DE MOUTIPLAS DETERMINAGOES Con neese de toda categoria no marxismo, adeper nagées. Estas residem no cruzamento de relagies causais inscritas ide abstragio da economia mundial © das formagées econdico-sciais. as tenidéncias de movimento do modo ue determinada,? sem {que setts elementos contratendenciais se apres smo grate sob as mesmas formas que atuam nas economias dominantes, Isto engendra lares, provocando uma diferenciagio das forma- ‘bes ec -o-sociais ¢ dando lugar a0 su eis tendencias es- ‘peeficas& conomia dependente. Essas leis tendenciais espectficas sio wm dos ica, Elas nio estio de > *Na piopost dades que expliqueta ida societal e que, no campos dle leis, A dinenga das cic zadlo cm duas partes. Na primeira mmiegamos por uma Nota Prévia afastando algumas interpre‘ ido 0 que a dependéncia ndo é; prosseguimos expondo a génese da categoria dependéncia no ambito do marxismo e da TMD, inclui do alguns de seus antecedentes tedricos; e nos voltamos para'o exame das conexdes entre os distintos niveis de abstragio de que a cat sasobre 0 ca- ndmico-sociais, Nessa parte tublinhamos alguns dos principais momentos nos escritos © na inte de Ruy Mauro Marini e Vania Bambirra, em consonan- cia com postulados de Lenin, tras de poder n, evidenciar 0 se Nota prévia: 0 que a dependéncia nao é Assim como Marx precisou comecar afistando aspectos ilussrios das formas aparentes para explicar a esséncia do valor, é mister explicitarmos aquilo que a dependéncia ndo é,a fim de fazer a correta apreensio des ncia. Ji demos inicio a esse procedimento no capitulo 1, quando co- locamos que a dependéncia nio se resume e, menos ainda, se define como uma colegéo de formas, Cumpte, agora, desnudar mais algumas camadas realidade aparente, afastando outros aspectos que também se cost o de dependéncia, De maneira muito podemos dizer que a dependéncia nao ¢ si- nnimuo de: a) estagnacionismo; b) dependéncia externa; c) outro modo de produgio; d) categoria tautologicamente definida; atemos brevemente cada uma dessas afirmagées, Nao é nosso ivo nos deter em pormenor no debate com os autores que atribuem algum desses sentidos, mas somente pontuar estes argumentos, afastando Sobre epistemology ip. Te seguimes 198 we se coloca, a partir da mia dependent ‘que, para mais desenwvo ecer sua ruptara rnediante a mpliada da dependéncia.’ 199) rento econdmico dos paises da as relagées econdmicas Tgnorar estas adverténcias é ver que nada tem a ver com a riqueza pela TMD nos proporciona. depentdéncia sob lentes weberianas, ativa que a categoria descoberta f pe igualmente, que a categoria em examen ica, em absoluto, um modo de produgio 3 parte. Nio existe de procugao capitalista-dependente I Pitalismo dependente se esti filando nas formas ¢ tend ‘que o modo de producio capitalista enquanto economia mundial rho complexo de complexos que € a realidade ol ‘Quando, na TMD, se fala em ca- “TMD, oque 6 umm interpretagio equivoeads. Ver nowamente aoa de rodapé mtimeto 16, italsmo sui generis ¢capitlismo deper ninar a realidade espectfica da economia bbulos alternatives ao de economia dependen ‘A categoria dependéncia também no consiste em uma det tentasse taxi-la de partir de uma tautologia. Ora, s6 ‘slo quem retirar fora de contexto a passagem de Dialética da nna qual Marini escreveu que € a partir da divisio internaci “que se configura a dependéncia, entendida como uma relagio de sub inagio entre nagées formalmente independentes, em cujo marco as rel bes sio recriadas para assogurar a reprodusio ampliada da dependen Pingar este trecho e tomé-lo isoladamente € ignorar todas as demais for- mulag6es que se encontram em virios momentos do ensaio fundador da TMD. Mesmo considerando a passagem em si, o sentido univoco desta o 6: 1) nio obstante a emancipacio politica perante as metrépoles co- independéncia juridico-formal ia na América Latina nos prim: se novos ¢ poderosos resultou das guerras de in- 5 vinte e cinco anos do sécu- 10s de subordinagio; 2) estes ‘lo do mercado mundial na esteira da Re .condmicas contraditSrias e especificas) producio ampliada da dependéncia. Ponto. Querer todo o significado de dependéncia é ignorar as m coisa que a situagdo de dependéncia”. Com captar com precisio no que consiste a originalidade do fendmeno , prin- inte, “dscenir 0 momento ens que aoriginalidade implica uma mudanga Desse modo, afastamos aqui um entendimento a questio ologia apresentada por Fernando Henrique Cardoso e Enzo acoclisscxeaconcepgtode sociedadenoindividaa- ‘Socials, st dois excmplos noSros. 201 tento na América Latina. Ensaio de inter= 4 ia publicagio tenha camprido um. i as teorias do desenvolvimento, i con : relagdes entre paises ex de desigualdade e de diver forme apons Com eftito, ee os das em que opera uma dialética eee ee ach ee ee eee awe efi a essencia das relagoes de dependéncia, mas a configuragio das adiante, sobre a legalidade especifica que rege o capitalismo dependente, tendéncas contadivrias da economia mundial sob ale do valor ea d- ‘importante sublinhar, ainda, que a categoria dependéncia nao se finde ferenciacio das formagGes econdmico-sociais no ambito de sua totalidade com 0 marco teérico do siste 10 por vezes tem sido sugerido, jando os limites e possibilidades da aco ise do sister mos sustentando neste livro.!" duas vertentes tedricas, ambas no campo critico, mas que diferem em seus préximo ao de heranga colonial, esta o ponto de vista presstupostos e ni rede de categorias com que operam seus programas de in= léncia a uma insuficiéncia de capitalismo. Voltaremos | vestigagio. Conforme si meeito mente a esse aspecto mais frente, porém deixemos pontuado que, Ge excedente econds 10 ql existem relagSes como « lor, o dvr entre a estrutura produiva eas ico de Paul Baran, da perspectiva da longa duracio dé Fernand Braiidel, do debate marxista sobre a diversidade de modos de pro- desenvolvimento do subdese superesplonagi neces ds , devido a uma maneira particular em que | ‘de Gunder Frank, os quais foram reclaborados para pensar as rclagoes entre piano se repo enquanto totalidade integrase difrenciad, a centro, peiferia e se 0 “processo incessante de acumulagio de aya eguercagoris especfas pas fzer ta aprensiorigoros capital” no capitaismo histtiico.” Com este prisma, sio estudadas as he- to nto € tudo. A dependéncia também nio deve ser confundida, | femonias histéricas do capitalismo, a alternincia de fases de expansio pre- por outro lado, com interdependéncia, como se fossem relagées sociais sob 0 Gominantemente de riqueza produtiva e de riqueza financeira, as elagées . cas mundiais etc. Ougras referéncias da teoria do sistema muni formemente, Assim, € preciso ter presente que tis ob'cidoe Snvéaricos'defacurmla por Beverly Silver, e também os ciclos de Koadratiey, estudados por ferentes expoentes da tcoria do sistesna smundial ado Thestonio dos Santos. Este, a partir de certo momento do itinersrio de sta obra, ao estudo de questoes que se inscrevem na abordagem do sistera-mundo, sem abandonar preocupagées da TMD, mas sugerindo a fusio de ambos 08 cennfoques, de tal mancira que a TMD, para Theotonio, seria um antecedente da teoria do sistema mundial. ‘De nossa parte, enfatizemos mais uma vez, pensamios quc ambas as teo~ ras se inscrevem no campo critico, mas nfo sio a mesma coisa. ATMD tern ‘como fontes a tcoria do valor de Mare a teotia marxista do imperialismo e lnowse slem de permne “rociologiem’: + eq srfodo | | re i Se hope an soi cs : | esse miei na eo depen ice 202 = 203 ha com as categorias marsianas de O capital com a categoria marxista © eeonmiico-social; corn 0 concrito de economia mundial de- volvido por ela mesma (pela TMD), além das categorias descobertas para pensar a realidade regida pelas relagbes de dependéncia ~ caso da teansfréncia como intercdmbio desgual, cla superexploracio, da cisio no ciclo do ca Pital e outras mais, como padrio de reproducio do capital. Além destas dife- rengas, enquanto a teoria do sistema mundial trabalha uma escala de envolvendo 0 que chama de economia-mundo, formada por centro, perife- tia © semiperiferia, a TMD preocupa ‘© modo de producio capitalist, suas leis de tendéncia, as relagdes imperia- Bes através das diferentes formacSes econémico-sociais magbes sociais immperialistas, formag6es sociais dependences, formagbes sociais dependentes que as taque para a apreensio da le capital nas economias depencentes, tendéncias ¢ contradigbes que marcam alta de classes em regides como a América Latina.” Consideremos, por fim, duias acusagdes que se costuma fizer contra a ‘TMD, nos embates entre perspectivas tesricas divergentes no campo mar- xista: uma € a pecha de reformnismo; a outra é da suposta auséncia da futa de classes na categoria dependéncia e no programa de pesquisa da TMD. ‘Ao contrétio destas Icituras, falar em dependéncia nio € pressupor rem almejar a possibilidade ou a viabilidade historica de um capitalismo independente, na realidade latino-americana e nas outras partes do mun- do capitalista regidas por estas relages. Também nio é divisar que se pos- sam alcangat os mesmos niveis tecnoligicos ¢ padrées de consumo das ss dominantes, dentro dos marcos do capitalismo. E, na verdade, icamiente ao examne dessas questbes. B explicar, com rigor crf tico, que as tendéncias dade especttica que rege a reproducio do 204 E sma produtvo se justifea como i dos em 6 dbvio que os diversos au es parcials alguns 35 jo passa ao largo da TMD. Antes, D fl objetivo de ses) acon- lizar, por obra da atuagio. yo da domi Definitivamente, a luta de classes 40 co seu programa de investiga fazer a rigorosa apreensio do terreno em qi tece ¢ das transformagées que devem se mater consciente da classe trabalhadora, a fim de transcender (fo que se vive nas formagGes econdmico-sociais rey 205 Dependénci: perialistas colocam para nossas s Se hd que rastreara origem do termo depei cla encontra-se em Ler nacional ¢ colonia p ho Informe da Comic: info da caracte diferenciagio que es opressoras ¢ nagSes oprimidas ‘Com efeito, depois de 1916 ~ ano superior do capitalismo®— Lenin reformulou trabalho no qual asseverara que a planeta iria muito em breve irradiar uma redugio dos desniveis de desen- volvimento das forcas produtivas, acelerando as contradigd ¢ trabalho e fazendo portador da revolucio mundial Ensaiando agora uma nova apreensio do fe entre as poréncias istas ¢ os palses chat loniais — na terminologia usual ca a a ci a a.andlise da nova revia algumas de s idade. Ao esbogara nogio de dependénca para dar conta de expressir outros elementos ats apenas tangenciados, cle avangava sua teorizagio sobre o do o liame qne vinculava o desenvol corrente, adentrando mais a fundo Le as elos fracos da vocabulo dependé certo & que esta s mente assumiria 0 status de categoria de andlise algumas décadas m tarde, Nao s6 o fendmeno que se vishumabrava ainda nao amadurecera todas suas tendéncias; também sua anglise ~ ¢ a apreensio de seu mo- vimento interno mediante o conhecimento de s x6es ~ precisaria do recurso da retrospeccio hist6rica para se chegar 3 Bambirra, Vani, Astin, p49. soguintes. Ope 3 Van Banb 206 I poi dlstineas rotas e diversos matizes. Um momento digno de nota foi m acontecimento de finais dos anos 1920. Em 1926, Ricardo Paredes, 1édico e cientista social dirigente do Partido Socialista Equatoriano po- izava no VI Congreso da IC contra a insisténcia da organizagio em ir utilizando em seus documentos oficias a clasificacio que definia ‘os paises da América Latina como coloniais e semnicoloniais. Eram tem pos de auge co monolitismo stalinista® na III Internacional. Em conduta Sica e politica marcada por um profiando antidogmatismo e coeréncia ipios dialéticos, Paredes nao se conformava com o abandono ‘mento de Lenin de que o mérodo marxista, antes de qualquer coisa, fundamenta-se na anslise concreta de situagio conereta. E vatici- do termo patses dependentes para certos casos.* Mesmo que os escritos de Paredes nfo tenham passado pelas mos dos fundadores da TMD e nciado-os dirctamente, fato é que constituem um aporte de marca indelével, partilhando algumas das preocupagses que levariam a génese do coneeito de dependéncia no fmbito do marxismo, pelos autores da TMD, décadas depois.” ‘Como escreveu Marini, “as tentativas de construir outra visio da ‘América Latina no representaram uma simples resposta a0 desenvolvi- mentismo. Eram também e, sobretudo, 0 resultado de uma futa travada a’, Segundo Marini, 0 de 1857 fem: Grande op- ce p58) is do macaco™ imo. Mange Equerde Revista da Bi pp 127-1. Trad, Lenndro Konder. joumericna sobre el Progama de Ia 207 na realidade e, contrariando subproduto e alterna da dependéncia c Para os autores da nova esquerda marxista, em cujo seio surgiu a ‘TMD, o subdescnvolvimento nao era um pré-capitalismo ou falta de ca smo, Era tum modo particular de manifestacio das relagdes capi Annagio nio era um todo homogéneo, mas formada por antagonismos de classe. O imperialismo nfo era um fenémeno externo, mas que também fincava rafzes em nossas sociedades, As burguesias intermas nio tinham luma vocagio anti-imperialista, mas eram associadas ¢ integradas — dinadamente ~a0 poder das relagoes imperialists. 4 luta anti-impes niio poderia ser dissociada do enfrentamento ao capit seria encaminhada de maneira consequente enfrentando 0 dato?" ~a burgnesia interna, o s6cio menor do imperialismo ~ para poder ‘encarar a batalha ulterior do antagonista mais poderoso personificado pe- los centros imperialist. Esse conjunto de enunciados te6ricas ¢ po formagSes softidas pelo capitalismo, quanto a dinmica da huta d que requerian uma nove categoria de analise capaz de captar corretamen te seu movimento. De uma patte, era preciso enterrar a caracterizacio de paises coloniais e semicoloniais que vinha acompanhada do diagndstico feudal ou semifeudal ¢ da orientacio estratégico-titica da revolugio por ctapas sclada pela alianga com a burguesia interna, De otra parte, era também necessirio superar os sentidos erréneos que vinham associados 20 uso corrente do termo subdesenvolvimento e 3 erenga cega no trajeto somente “Memria’. En Stil, Joo Pedre e Traspadini, Robert (ngs). Ray Mw Morin a sy Et ty. 6 (Cidade do México: Ediciones Era, 208 = economia politica. Desta feta, 0 se contido no prefixo sub do vocabulo subdesenvolvimento deveria ser extirpado e, uma vez submetido ao escrutinio da critica metodol6gica radical, ceder Iugar 8 sua apreensio dialética nos termos do desenvolei ‘mento do subdesenvolvimento." Estava nascendo uma nova categoria no crisol das ideias forjadas no calor da luta de classes. Nascia a categoria dependéncia. coma for Dependéncia:relago social na imbricagdo da economia mu Para Vania Bambirra, “hé aspectos de importincia verdadeiramente transcendentais que sio comuns, pelo menos para a maior parte dos au-~ tores [da TMD], como é a precisio do proprio conccito de dependéne que, no obstante os diversos matizes na formulagio, em esséncia apor tam para a mesma caracterizagio bisica do fenémeno”.® Quais sio essas caracterfsticas essenciais? Para fazer a corteta apreensio da categoria dependéncia, € preciso le~ var em consideracio seus diferentes nexos nas instincias da totalidade que io a economia mundial e as formagies econdmico-socais e, comparccendo anilise, além da determinagdo negativa da didléica, a dickéica externo-intero, Detenlamos-nos por tm momento nesta diltima, com base nas contribisi- Ges de Theotonio dos Santos: Em primeiro lagar, devemos earactrizar a dependéncia con «fo condicionante [.]. Uma stuagio con imites e possibilidades de ago ¢ comport 7-39), Theotonio dos Samos escreveu 1a do procesto de dacs fevenvolvimenta © do desenvalvimento, Na media em que tos da industralieaao se poe em diva cori ‘modelo de desenvolvimento nacional ¢inde= 1 para superaco dos iatxismoIntinoameicanoy la dependencia, pct; Ourigqes, Nido sta del Depera. Ura hs ok, An er. El derrlo dudes. 209 F nossa segunda conchasio geral introdutéia: a de- na que a redefine em fin- A dependéncia & pois, o modo espeeifico da produgia capitalista em nos- sos paises. £, também, a forma em que se estrt iedades, tuaglo que condiciona nossa desenvolvimenta e Ihe 1 forma especifica no contexto mundial ~ a do des dependence” ido dependente de participar do processo de ‘0 da economia mundial capitalista traz uma face interna 70 modo de producao, é 0 “modo especffico da producio capita ses”. Em outro esi inda, Theotonio sustenta: pa segunda me- ‘uma economia de- estruturss socioeconbmicas exportadoras baseadas nea que origi- na elementos de um incip fe que comega a desenwvolver uma divisi , de servicos ¢ inch -se segundo certas demandas do com do trabalho em escala las, esti a pripria di -sociais e a configuragio de uma legalidade especifica. Sob a divisio com stias esferas que se inter-relacionam contradi- diferenciagio pitti pendent. ‘expressa uma instinci es de dependéncia econémico-social, categoria ci € por vezes referido como formacio socioecondmica ou, sity ‘mento, sua melhor expo a por conseguinte, passout a ser conhecida como a 1agBes que abaream as forgas produtivas, as relagdes de producio, as relagdes de classe re ea configuracio do poder estatal, como expressio hist6rico-concreta do desenvol Diferenciagto das forages econdmico-soxcias e padibes de reprodusdo do capital (© estudo das relagses de dependéncia, para ser realizado com rigor, deve transitar entre os diferentes niveis de abstra¢ao compreendidos por: economia mund ores da TMD, foi Vania Bambirra quem mais se de~ dicou a0 estudo da questio da formacio econémico-social lism dependente latina-americano, duas configuragdes hist6ricas comuns 2 regio. Primeiram mages dependentes-exportadoras, que marcaram as economias da América dina desde as rupturas com as ex-metrépoles ¢ a formagio do mercado ta de meados do século XIX até 0 fses em que este sa). Depois, como dependentes-industiais — naquelas economias que passara 0 de dependénc Essa caracterizacio mais geral é oriunda de seu estudi no mesme volume. partir da Segunda trangeiro".© ‘com paises que tudo espeffio das estruturas dependentes concn jo foi identificar aqueles pafses onde cdomais partes da América -as nas forcas produtivas ¢ nas os paises tipo A que jé desl: tes de 1930 ¢ desdobraram- 213 yr aera Bia existincia culada nesses paises, a expansio dos mereados mac omias fundan nica do setorexportador nna medida em que set jpromoye um nove processo eco- a sociedade, 0 qual &0 process Ou sein, saram, nos patses tipo A, por uma difereniciagio interna, encetan dinimica nova na produgio e circulagio, bem como na estruturacio das Foi isto que permitin que se pudessem aproveitar as con- |juneurasinternacionais excepcionais que foram as duss guerras mundinis fea crise de 1929, quando houve um abalo dos pregos das merc: P ela regio, mas também um tlependéncia no mercado mundial e em cujo perfodo puderam se projetos nacionais industrializantes com hegemonia burguesa nos pafses ‘pudessem ser aproveitadas no processo de industrializacao estava dada por ceistentos nestas sociedades: ‘mercado nacional, “ajo proc-sso produtivo estava organizado com base em relagbes idéncn do sctorpradutor ex ‘apaciade de abso de mio de obra em condicies 215 ‘que teve duns carac- segunda Revolugio 20 setor exportador, imeira Guerra Mundial, a classe empreendedora capaz Weracer e impor sociedade seu Ti, p2. Tid p 64-68." durante om periodo que podees en 6 nessa medida, delzado posto 216 XIX e nio somente no pos-Segunda ¢ terna da economia dependente, em que se jas de valor, a algumas distingdes particulares, exerceu cont sobre a regido entre a Primeira e a Seganda Guerras mundiais, bern con durante a crise de 1929. Se, por um lado, todas as economias depen hhistGrica de formagdes dependentes-exportadoras, nem todas se em formagdes industriais-dependentes, mas somente aquelas que expe taram proceso de industrializacio — paises tipo A ¢ tipo B. As tempo, apenas no tipe A houve um cor a0 surgimento de uma burguesia vinculada a Note-se que a so de estruturas socioeconmicas sempre atenta ao aspecto das mudangas quali no.” Em suma, a chave da explicagdo para a diferen dependentes é 0 estigio em que se encontrava 0 processo de fizagéo quando advém a conjuntura especial na ecor reduziu, em certo grau, alguns lacos de dependéncia; ¢ 0 est se encontrava a industrializacio ~ ou se ela era existente ‘quando advém a nova fase da economia mundial e clas relagbes tas que foi 0 proceso de integracio monopolista do capit 217 fase da integragio dos sistemas de producto), sob o influxo d sgunda Guerra na indtistria manufitureita e © dominio da oracio maltinacional. ‘A metodologia proporcionada pela tipologia da industrializac: lente € complementada pela abordagem do padrio de reprod | esta tiltima esbogada por Marini* e aprofundada por J Osorio. O paaeao de reprodugao do capital 6a categoria da TMD que pe! valor de uso € vulor (processo de valori: entre a economia mundial ea forn ivel de abstrago em que as te dentes podem ser estudadas a partir de dados mais concretos, exami do as mudangas de forma e de grau em que essas tendéneias atuam, bem como as pautas que o capital assume em do padrio tem como fonte esttdados por Marx no Livro Il, buscando fazer a relagio entre 0 l6gico © hist6rico. Ela procura estudar os rastros, pegadas que o capit rvimento oriundo da pulsio por sua autovalorizacio, en; padrdes historicos com pautas especificas nos valores de uso prodi processo de valorizagio e apropriacio. E d& conta de responder in- terrogantes mais abrangentes do que somente a acumuulacio, pois v apropriagio. Finalment goria permite fazer a apreensto da ‘outros padres padeio indus madamente 1930 e até meados dos anos 1950 nas economias dependentes: ipo A. Foi nessas economias que se Iogrou, na con- ain ei i indicadores pars capital estrangri somente 5%. Ao Alo A exonomia angen, Deut ogo 2006p. 177 219 seu esgotamento, a partir de meados do nova cisio, que foi a que se mater cado na fase de integracio 20 capil estrangeiro. ‘Tal situagio as condigoes que propiciaram o pa ado, MS.L_ softe mudangas radicais necessidade de passar a novas fase quinase com uma acelerada monopel 1magio do mercado interno, dinamicos:” redi io regressiva da renda ¢ ploragio em suas diferentes formas; desenvolvimento associado © do ao imperialism; incremento das transferéncias de valor nas for remessas de lucros, royalties e dividendos e do servigo da divid: entte 0 fim dos anos 1970 ¢ comego dos anos 1980 ass assando a marcar 0 fim do padrio de reprodugio em questio ha sequéncia do acontecimento-chave que foi a crise da divida Entre os anos 1980-c 1954), teve origem por sua vez novo padr.io ex: portador de especializagio produtiva, 200 a | } ips economias da regio. Na ‘exportador implicou uma destrui- padrio pressup6s o fim da industriali- , permanecendo em alguns casos © México, porém integradas ou submetidas a0 ual os eixos exportadores constituem, em. s cadeias produtivas globais sob a direcdo de ador modificou todas as formagoes 1s préprios paises do tipo A, como 0 we regressio da inddstria de transto= te como na Argentina. Além dessa nos mereados de destino e como exportadar, destaca-se que 0s de seus setores mais exterior. Ea venda de mercadorias nos mer- vdamental para a viailidade do ual projeto. 7 thi p10, 222 de maior que & a economia mundial. As eis tendenciis do capitalismo na economia dependent esas espefcas Em um de seus primeiros trabalhos & ‘Marini escreveu: de riqueza em tum polo da sociedade ea pay uioria do povo, se expressa aqui com toda br as leis de tendéncia do capit jerfamos chamar de tipi 1cou Marini, elas assumem “sua especificidade propria, [que] acentuou-as até seut limite’. A lei geral,® por exempl cexpressa aqui com toda br —ogue € confirmado seja pelos de desigualdade es de populagies vi ei gerald acunnalago capital m3 captul.23 do Lino Ile Oeil pit). 223 nossa realidade social, ve capitulos anteriores, nie € que procuramos analisar nos mmo dependente, conforme susten~ ‘este desenvolvimento [isto 6, 0 de- is propria, condicionadas por esta sit tuagdo que temos que descobrir para poder atuar conscientemente sobre nossa realidade”.* Segundo Theotonio, o conhecimento dessas leis pro~ prias somente sera al: lo premissas que rompam com as usGrios em que repousam as relagées io do desenvolvimento latino-americano rapassar os limites desta situagio condi- 05 litnites € 05 horizontes tesricos da de dependéncia: “a ca das leis que 0 reger nante, isto € exige dominagio"” Estamos frente ica na qual se exerce com todo vigor 0 sentido dialético das relagSes sociais. Fm outras palavras, a agudizacio das gerais do capital movimento keis especificas ~ nio des- finculadas das tendénc do capitalismo, repetimos mais uma as do capitalismo dependente. Para compreender com rigor essa questio, cabe resgatar um ensina- nto de Lukes na One socal, quando 0 filésofo Iningaro ex= la por um conjunto de totalidades menores, se inscrevem no aubito do todo, como um complexo de complexos, ccuja configuragao © movimento contém, 20 mesmo tempo, elementos de sua legalidade € historicidade. De acordo com Lukics: No método ge acerca das lie Mars estfo contidas todas as questbes do prinetpio o internas ¢ externas dos complexos, j.] Por asa questio de como ex- préprio abyeto, Nesse casa, a opasicio entre a li € 0 movimento A mais geral de todas, 23 do Livvo ‘Marx no con 224 is ‘uma constituigéo interna a anéloga, Por iso, a maioria das so formas de terogenenmente movidor, 08 Ieis proprias do mestno género. A questo da totalidade como co i do valor, suas formas de antes a atengio de Marx em sua Car nes massas de necessidades: aquele complexo que ten oteta extermamente ta ac 135 nfo pode deixar de ter 1m tema que ocupara a Kugelman, de 1868: 1eno meu lito aio houvesse faco das condigies reais erminadas do trabalho social. E fe essa neeaidade de distaaigho do ta nadas nio pode ser superads por i pode modificar-se apenas o zu 2 podem ser superadas. O que pode fem que essas ‘fo social em que a correlagio do bio prvado dos produtos do eratall tra desses produtos. sss diversas e quantitatvamente vidente por si mesmo] qe A citcia consiste em explicar como se manifesta a lei do valor. Se se qui~ seste, portanto, ‘explicar’ de antemio todos of ‘mente, esto em contradigio com ess ei, seria preciso fornecer a antes da cincia. B est, precsamente,o equivoco de Ricardo, quando, dat 1'Sio Palo: Boiternpe, 2012, p. 389 Daayer e Nelo Schneider. ray. “Hirtoricadee universalidae teriea™ menos que, aparente- Pre went do ser ch, Trad, Carlos Nelson Cavtinho, Miso que ainda precisam ser dese adequagio’ leido [JO economista vue de troca diva nao poder das conexdes internas, alardeia, rel do Marx refere-se a lei do valor c turais nunca podem ser superadas, posteriormente a ele, também aju natural no sentido de legalidade wnivocamente relaci sociedades humanas. Esta tornando-se portadora de Oe em marcha a vvalor e suas tendéncias gerais. ‘A segunda questio € a adverténcia de Marx para as confusdes entre € prego ea surpresa daqueles que veem nas diserepincias entre valor o do valor carrega todas as catego og, Carta Kagelman’ 1 de, Hit, Sto Pao, Ate, 1985. Ta necessirio s6 se impée As copas, is tendenciais especificas &s economias os fomiae emprestada uma represenita~ diferetia specifica como te particulares. nnte a colocagio de jem que 0 modo de producto es, leis de movimento que is [a © grande aporte de Mati i dep ho configura 27 dependente, com suas ke integra 0 complexo maior, sus expresses mais modo de producio ca aqui adguirem as eis. Nesta passagem, Po Vani. La Rel Cidade do Mexca: Eltoral Nu 1974 spon figs beaniabambirs>) 228 Jade que 0 autor concluiu 0 pardgrafo sustentan- 1 esséncia da dependéncia”. Considerada 20 is de movimento do capitalismo, a dependéncia, t¢ das tendéncias arroladas na definigio que aca- ficio & 5* edigio de Subdesanollo y revolucén, publicado em smipo depois do texto da citagio anterior, Marini iti igio do trabalho, o divircio entre as fises do ci icio extrema a favor da indstria suntusra, a integragso do ingeiro ot, © que € 0 mesmo, a integracio io dos sistemas de produgio 1 citacio temos jé uma referéncia explicita configuragio 1 proprias ao capitalismo dependente, Com algumas moditicagoes termos, porém inequivocamente referindo-se is mesmas tendéncias, ismo dependen- * ciais especificas 20 1m isso, a centralidade da discussao acerca das I dependente nos fumdadores da TMD. Voltamos a insis- jio contradita o método de Marx, mas se pode ler no propri '¢ agregamtos no intento de alcangar a precisio teérica que se tenden- ciais particulates: a transfeéncia de valor como intercmbio desigual, a superex- itp NIK 229 entre a estru= ido e do valor apro- na economia mundial. ida Na segunda, a superexpl consumo ¢ do cimbio de vvigoram sob as relagSes por sua vez, a ypera nas economias funcio de clemenio dependents, A terceira, a |, consiste da exasperacio da circulagio que ca- ‘Com isso, as leis tendenci enquanto manifestagdes nega! suas tendéncias mais gerais, exacerl relagées agudizadas, & base da novos, exercendo determinags 230 aque leve 3 superacio do relagdes de dependéncia 'Na Figura 9, estio repre pitalismo dependen exposto, Figura 9 ~ Leis tendenciais especificas no capialismo dependent tos particulares. ta da teoria da transigio, das cenfientada de maneire consequente pelas relagées de dependéncia a dependéncia, para nés, nunca se limitou 3

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