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Aula - 01
Aula - 01
Cleber Masson
Direito Penal
Aula 01
ROTEIRO DE AULA
Tema: Introdução ao Direito Penal
5.3. Garantia
Nesse aspecto, utiliza-se o princípio da reserva legal (legalidade estrita), pois somente a lei pode
criar crimes e cominar penas.
* A partir do momento em que o Estado cria um Código Penal, isso é uma garantia, pois, antes
de punir, ele visa à proteção das pessoas.
* Com a existência de Código Penal e leis penais, as pessoas sabem quais são as condutas que
não devem adotar. Para todo o resto, as pessoas são livres.
* o Código Penal é a garantia do cidadão de que não será punido se não por um dos crimes
previstos na lei penal. Diferentemente do período absolutista, em que o rei poderia ditar os
crimes.
Franz von Liszt dizia: “o Código Penal é a Magna Carta do delinquente” – São os direitos e
as garantias dele. Ele somente poderá ser punido ser praticar uma conduta ali prevista, e com as
regras ali previstas.
6.3. Criminologia
I - Criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar.
✓ Empírica porque leva em conta aquilo que pode ser comprovado cientificamente
✓ Interdisciplinar porque se relaciona com outras áreas do conhecimento humano.
Para que os estados possam legislar sobre Direito Penal, a CF impõe dois requisitos:
1º) Deve se tratar de matéria de interesse específico daquele estado; e
2º) Deve existir autorização da União, exteriorizada por lei complementar.
✓O professor ressalta que é muito raro um estado legislar sobre Direito Penal, pois o
procedimento é bastante complexo e é difícil existir uma questão que interesse a apenas um
estado. Deu como exemplo situação ocorrida em 2006, no estado de SP, que sofreu diversos
ataques do PCC. O Estado pretendeu fazer uma lei penal estadual para tratar do crime
organizado. Entretanto, os demais Estados afirmaram que também tinham interesse na lei, pq tb
possuíam crime organizado. A segunda dificuldade é que a União precisa autorizar por lei
complementar. É muito mais fácil a união legislar diretamente através de lei ordinária, que
valerá para todo o país.
Mediata (secundárias) – Não criam crimes nem cominam penas, pois somente a lei pode fazê-
los, mas auxiliam na aplicação prática do Direito Penal.
A doutrina não é unânime sobre quais são as fontes mediatas.
a) Constituição Federal: como a CF/1988 é analítica, ela contém muitas disposições sobre
Direito Penal. Devido a isso, muitos citam a existência de uma “Constituição Penal”.
✓Constituição Penal é o conjunto de regras e princípios previstos na CF/1988 que tratam sobre
Direito Penal
✓A Constituição Federal não pode ser fonte imediata do Direito Penal, pois essa função é da lei,
que cria crimes e comina penas.
✓Se a Constituição Federal, por meio de emenda, criasse crimes e cominasse penas, isso
poderia ser considerado uma norma constitucional inconstitucional.
c) Doutrina: alguns autores dizem que a doutrina é fonte formal mediata do direito. O
professor, entretanto, acredita que não é o caso, pois, no Brasil, vigora o estado democrático de
direito e qualquer pessoa pode escrever sobre qualquer coisa. Assim sendo, adotar a doutrina
como jurisprudência, na opinião do professor, seria temerário.
Doutrina, segundo o professor, não é fonte do direito porque não possui caráter obrigatório e
não vincula a população.
O tratado internacional de direitos humanos, ainda que não tenha sido aprovado com status de
norma constitucional, terá o status de norma supralegal. Assim sendo, os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos são fontes formais mediatas do Direito Penal, pois eles
auxiliam a aplicação do Direito Penal e não criam crimes nem cominam penas.
e) Princípios gerais do direito: são fontes mediatas do Direito Penal, pois auxiliam a aplicação
do Direito Penal, mas não criam crimes nem cominam penas.
f) Os atos da Administração Pública: podem funcionar como complemento das normas penais
em branco e são fontes mediatas, pois auxiliam na aplicação do direito penal, mas não criam
crimes ou cominam penas.
Exemplo: a relação de quais são as substâncias consideradas drogas no Brasil consta em
Portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, decreto o presidente que estabelece quais
as armas de uso permitido e quais as de uso restrito.
g) Costumes: o costume é a reiteração de um comportamento em face da crença da sua
obrigatoriedade.
O costume possui dois elementos:
1º) elemento objetivo: repetição do comportamento.
2º) elemento subjetivo: crença na sua obrigatoriedade.
Espécies de costumes:
1º) Costume interpretativo (secundum legem): é aquele que auxilia o intérprete a esclarecer o
conteúdo de norma penal.
Exemplo 1: a expressão “mulher honesta era compreendida de diversas formas ao longo do
território nacional.
Exemplo 2: ato obsceno (art. 233, CP). “top less” na praia, não é. Em uma praça, sim.
2º) Costume negativo ou contra legem (desuetudo): é aquele costume contrário à lei, que não a
revoga.
Manifesta-se nas hipóteses de desuso da lei.
Exemplo: a prática da contravenção penal de jogo do bicho, definida pelo art. 58 do Decreto-lei
3.688/1941.
Observação: uma lei somente pode ser revogada por outra lei, nos termos do art. 2º, § 1º, Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Assim, o costume negativo não revoga a lei.
3º) Costume integrativo ou praeter legem: é aquele que visa suprir uma lacuna da lei. Esse
costume somente pode ser utilizado no campo das normas penais não incriminadoras.
Exemplo: circuncisão peniana feita pelos israelitas; trote acadêmico de cortar o cabelo, obrigar a
pedir dinheiro (constrangimento ilegal). Nos três casos, o costume faz excluir o crime.
Observação: o costume integrativo ou praeter legem possibilita o surgimento de causas
supralegais de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade.