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Livro Texto - Unidade I
Livro Texto - Unidade I
Administração
Autor: Prof. Livaldo dos Santos
Colaboradores: Prof. Santiago Valverde
Profa. Ana Paula de Andrade Trubbianelli
Professor conteudista: Livaldo dos Santos
O professor Livaldo dos Santos é Mestre em Ciências Sociais – Administração de Empresas pela UNG –
Universidade de Guarulhos‑SP; pós‑graduado em Administração de Empresas, pela Universidade São Judas
Tadeu‑SP e administrador profissional formado pelas Faculdades Integradas Tibiriçá‑SP – habilitação em
Comércio Internacional. Leciona há mais de 18 anos e, em cursos superiores, há mais de 16 anos. Também é
professor em cursos de pós‑graduação, pela FAAP, há 8 anos.
Consultor e assessor de empresas, com experiência empresarial de mais de 30 anos, concentrando seus
serviços às empresas nas áreas de Gestão Estratégica, Estrutura e Reestruturação Organizacional, Reengenharia
de Processos e Sistemas de Informação, tendo como clientes empresas de diversas áreas e bancos. Empresário
com experiência no Varejo e em Prestação de Serviços.
152 p. il.
CDU 658.01
U512.26 – 21
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Alessandro de Paula
Amanda Casale
Sumário
Fundamentos de Administração
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 O FENÔMENO ADMINISTRATIVO................................................................................................................ 13
1.1 A administração..................................................................................................................................... 13
1.2 O administrador..................................................................................................................................... 14
1.2.1 Conceituação e caracterização do agente da ação administrativa.................................... 14
1.2.2 Perfil do administrador.......................................................................................................................... 16
1.2.3 Competências pessoais do administrador..................................................................................... 19
1.2.4 Os dez papéis do administrador segundo Henry Mintzberg.................................................. 19
1.2.5 O futuro do administrador ................................................................................................................. 23
1.2.6 Ética profissional...................................................................................................................................... 25
2 EVOLUÇÃO DA TEORIA E DA PRÁTICA NAS ORGANIZAÇÕES......................................................... 28
2.1 Histórico e perspectivas...................................................................................................................... 28
2.1.1 A influência de filósofos....................................................................................................................... 28
2.1.2 Influências institucionais...................................................................................................................... 31
2.1.3 Influências da Revolução Industrial................................................................................................. 32
2.1.4 Os avanços da administração através da história...................................................................... 33
3 A ABORDAGEM CLÁSSICA E A HUMANÍSTICA..................................................................................... 34
3.1 Teoria científica da administração................................................................................................. 34
3.1.1 O primeiro período de pesquisas de Taylor................................................................................... 36
3.1.2 O segundo período de pesquisas de Taylor................................................................................... 37
3.1.3 Os quatro princípios da administração científica....................................................................... 40
3.2 Teoria clássica da administração..................................................................................................... 41
3.2.1 Os catorze princípios gerais da administração............................................................................ 41
3.2.2 Funções da organização........................................................................................................................ 42
3.2.3 Funções administrativas....................................................................................................................... 43
3.3 Teoria das relações humanas............................................................................................................ 44
3.3.1 Fases da análise do caso Hawthorne............................................................................................... 44
3.3.2 Organização informal............................................................................................................................ 47
3.3.3 Estilos de liderança.................................................................................................................................. 48
3.3.4 Considerações e críticas à escola das relações humanas........................................................ 49
4 DA TEORIA BUROCRÁTICA À TEORIA NEOCLÁSSICA.......................................................................... 50
4.1 Teoria burocrática................................................................................................................................. 50
4.1.1 Características da burocracia.............................................................................................................. 51
4.1.2 Os tipos de poder..................................................................................................................................... 52
4.1.3 Pecado pelo excesso ou pela falta – disfunções burocráticas............................................... 53
4.2 Teoria de sistemas................................................................................................................................. 54
4.2.1 O sistema e seus elementos................................................................................................................. 56
4.2.2 Dimensões dos sistemas....................................................................................................................... 57
4.2.3 Propriedades dos sistemas................................................................................................................... 58
4.2.4 Sistema de informações gerenciais.................................................................................................. 58
4.3 Teoria neoclássica.................................................................................................................................. 59
4.3.1 Características da teoria neoclássica............................................................................................... 60
4.3.2 A estrutura organizacional.................................................................................................................. 62
4.3.3 Os tipos de organização........................................................................................................................ 63
Unidade II
5 ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS E TEORIA COMPORTAMENTAL............................................... 69
5.1 Administração por objetivos – APO............................................................................................... 69
5.2 Teoria comportamental...................................................................................................................... 72
5.2.1 A motivação............................................................................................................................................... 72
5.2.2 Teoria da hierarquia das necessidades de Maslow..................................................................... 74
5.2.3 Teorias motivacionais............................................................................................................................. 75
5.2.4 Teoria dos dois fatores de Herzberg................................................................................................. 78
5.2.5 Teorias X e Y de McGregor................................................................................................................... 79
6 A ORGANIZAÇÃO – PARTE 1........................................................................................................................ 81
6.1 Projeto organizacional........................................................................................................................ 81
6.1.1 Configuração organizacional.............................................................................................................. 82
6.1.2 Dimensões do projeto organizacional............................................................................................. 82
6.2 Elaboração da estrutura organizacional...................................................................................... 84
6.2.1 Fatores condicionantes da estrutura............................................................................................... 85
6.2.2 Componentes da estrutura – sistema de responsabilidade.................................................... 88
Unidade III
7 A ORGANIZAÇÃO – PARTE 2......................................................................................................................102
7.1 Componentes da estrutura – sistema de autoridade...........................................................102
7.2 Componentes da estrutura – sistema de decisões................................................................105
7.3 Componentes da estrutura – sistema de comunicação......................................................106
7.4 Níveis de influência da estrutura organizacional..................................................................108
7.5 Áreas funcionais da organização..................................................................................................109
7.5.1 Áreas funcionais fins............................................................................................................................109
7.5.2 Áreas funcionais meios........................................................................................................................ 110
7.6 Descrição de atividades por área funcional.............................................................................110
7.6.1 Área funcional: marketing................................................................................................................. 110
7.6.2 Área funcional: produção....................................................................................................................111
7.6.3 Área funcional: administração financeira....................................................................................111
7.6.4 Área funcional: administração de materiais............................................................................... 112
7.6.5 Área funcional: administração de recursos humanos............................................................ 113
7.6.6 Área funcional: administração de serviços................................................................................. 114
7.6.7 Área funcional: gestão empresarial................................................................................................ 115
8 PRÁTICAS ADMINISTRATIVAS....................................................................................................................115
8.1 Gestão estratégica..............................................................................................................................115
8.1.1 Análise do mercado.............................................................................................................................. 118
8.1.2 Barreiras..................................................................................................................................................... 119
8.2 Estilos de liderança.............................................................................................................................122
8.3 Desenvolvimento organizacional (DO).......................................................................................125
8.4 BSC – balanced scorecard................................................................................................................126
8.5 Balanço social.......................................................................................................................................127
8.5.1 Linha do tempo..................................................................................................................................... 129
8.6 Normas ISO............................................................................................................................................130
8.7 Gestão de processos...........................................................................................................................131
8.7.1 Importância do estudo de processos............................................................................................ 132
8.7.2 O fluxograma.......................................................................................................................................... 134
8.7.3 Perspectiva do cliente......................................................................................................................... 135
8.8 Gerência de projetos..........................................................................................................................135
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina lança a vocês, futuros profissionais, um desafio: o de apoderar-se, no que se refere
ao ato de administrar, de suas bases histórica, teórica e prática. Pode soar aparentemente simples, mas
trata-se de tarefa que traz em si a complexidade de todo um universo de conhecimentos e posturas em
cultura administrativa.
Para possibilitar a vocês a apreensão bem-sucedida dos conteúdos, o curso se dispõe a tornar viável
o entendimento do papel da administração e do profissional no contexto organizacional.
Além disso, o curso busca suscitar a discussão, entre os alunos, da evolução do pensamento
administrativo e suas características dentro de um contexto histórico social e econômico. O processo de
ensino-aprendizagem é conduzido de forma que seja permitida aos alunos a compreensão a respeito
dos diversos tipos de organizações existentes – organizações estas que são desenvolvidas para atender
às necessidades organizacionais no decorrer do tempo.
É ideal que o curso possibilite a aquisição de uma visão mais integrada do processo gerencial e do
papel dos dirigentes dentro do contexto das organizações, assim como é importante que haja o debate
sobre cada prática administrativa descrita neste curso, de forma que os futuros profissionais estejam
municiados de instrumentos para a prática administrativa.
INTRODUÇÃO
Esta disciplina estabelecerá uma parceria entre o seu intelecto e as descobertas históricas sobre
este fenômeno que se iniciou quando o homem teve a necessidade de organizar o trabalho para lascar
a pedra e construir uma “machadinha de pedra lascada”. Dizem que deve ter sido um pouco antes da
elaboração da primeira organização, mas será que isto importa?
Todos aqueles que necessitam atuar e interferir na condução dos trabalhos em uma organização,
quer seja ela uma empresa privada ou pública, pequena ou grande, comercial ou religiosa, entre uma
imensa gama de tipos existentes, deverão ser considerados gestores.
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Os gestores necessitam dos conhecimentos fundamentais para identificar, analisar e realizar os
objetivos humanos que só são atingidos por meio de uma organização. Esta disciplina apresentará os
seguintes fundamentos:
Fenômeno Abordagens
administrativo teóricas
A organização
Planejamento Ferramentas
empresarial de gestão
A divisão dos temas em cada unidade apenas irá confirmar o que foi dito no parágrafo
acima. Se, a princípio, a abordagem é a de introduzir o fenômeno administrativo e apontar as
primeiras referências e influências, sejam estas de natureza filosófica, institucional ou referentes
à Revolução Industrial, na sequência serão abordadas algumas das principais correntes teóricas
em administração.
Depois, o enfoque dessas correntes teóricas terá prosseguimento, para, em seguida, adentrarmos
no estudo de perfis organizacionais. Para finalizar, será considerado o tema das organizações, além de
serem apontadas práticas comuns e consagradas em ambiente organizacional.
10
Figura 2 – A disciplina Fundamentos de administração está disponível para os alunos da Unip no Brasil e, também, no Japão
11
Unidade I
12
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Unidade I
1 O FENÔMENO ADMINISTRATIVO
1.1 A administração
Administrar vem do latim, composta por: ad, que significa tendência para, direção para; e minister,
que significa subordinação ou obediência, ou aquele que realiza uma função sob o comando de outrem,
isto é, aquele que cumpre uma obrigação de trabalho a outro.
O conceito geral de administrar consiste em versões diversas, cada uma com um viés diferente,
porém, de forma convergente e complementar.
São várias as definições de administração. Há quem a julgue uma ciência e quem a defina como arte.
De modo geral, todas giram em torno do mesmo tema.
Com base nos conceitos apresentados, foi concebida uma definição de administração: “consiste em
tomar decisões relativas ao estabelecimento de objetivos estratégicos, táticos e operacionais, elaboração
de estratégias de curto, médio e longo prazos e criação de sinergia entre as partes organizacionais, visando
atingir os objetivos organizacionais. As estratégias consistem na alocação dos recursos necessários:
recursos humanos, materiais e tecnológicos, que serão comandados por pessoas de forma a atingir a
eficácia, alcance dos objetivos, por meio da eficiência, aplicação racional dos recursos”.
13
Unidade I
1.2 O administrador
Ao analisar a atuação do administrador, Stoner (1999) propõe uma classificação de acordo com
o nível que ocupa na organização: gestores de primeira linha, gestores médios e altos gestores, bem
como pelas responsabilidades por atividades organizacionais que lhes são atribuídas: administradores
funcionais e gerais.
Os administradores gerais atuam em micro e pequenas empresas, sendo responsáveis por todas ou,
pelo menos, por um grupo de áreas funcionais da empresa, bem como por todas as equipes alocadas para
estas funções. Têm uma atuação mais generalizada, que implica multiespecialização, grande vivência e
formação eclética.
De acordo com pesquisa realizada em empresas, estas são algumas características vistas como
fundamentais ao perfil de um bom administrador moderno:
São características desafiadoras. Não é fácil desenvolvê‑las. E sustentá‑las é ainda mais complicado.
Essa é exatamente a missão do administrador, vencer todos os seus desafios e mostrar sua capacidade
de se manter e crescer nos mais diferentes cenários. Somente assim o administrador será considerado
capaz de administrar.
Quanto mais treinadas essas habilidades, melhores serão os resultados alcançados pelo profissional
e sua organização. Todo gerente realiza uma série de tarefas. Ele planeja, organiza, preenche vagas,
coordena, motiva, controla e lidera. Entre estas atividades, a mais importante talvez seja o planejamento
– pois, antes de planejar, o gerente precisa definir seu objetivo, montar a equipe ideal para atingi‑lo,
determinar as tarefas e os responsáveis por elas e os procedimentos esperados de cada um. Somente a
partir dessas ações poderá controlar e liderar o processo.
Segundo Katz (1986), o administrador de sucesso depende de como consegue lidar com as
situações negociais, a compreensão dos ambientes externos e internos da organização, da forma
como lida com as pessoas em todos os níveis de atuação organizacional, assim como da sua
compreensão e capacidade de lidar com o trabalho a ser realizado. Deve desenvolver a capacidade
de transformar os conhecimentos teóricos e situacionais em ações, nos níveis estratégico, tático
e operacional.
O nível estratégico relaciona‑se à atuação institucional, que abrange decisões e ações que envolvem
a empresa como um todo. Compreende a definição e monitoramento dos objetivos organizacionais
globais, que vão direcionar a organização como um todo em busca de atingir grandes alvos, geralmente
de longo prazo.
Por exemplo, a empresa pode definir como um objetivo estratégico: atuar significativamente no
mercado exterior, iniciando‑se pela UE – União Europeia.
O nível tático está relacionado à atuação de cada área funcional (comercial, produção, financeira etc.),
e a definição das contribuições cada uma para a consecução dos objetivos estratégicos estabelecidos, no
nível imediatamente superior.
Exemplo de objetivo tático: A área comercial define como um dos seus objetivos, “pesquisar e definir
novos nichos de mercado no continente europeu”. Outro objetivo pode ser o de “analisar as necessidades
não satisfeitas dos europeus, referentes aos produtos e serviços oferecidos pela empresa”.
15
Unidade I
Observação
Estratégico
Tático
Operacional
Saiba mais
Para um bom desempenho como gestor, o administrador deve desenvolver habilidades necessárias
para o trato organizacional e negocial. De forma geral, as características básicas de um bom
administrador são:
• Comunicação escrita: habilidade para expressar com clareza as próprias ideias ao escrever.
• Impacto pessoal: habilidade para passar uma boa impressão e infundir confiança.
• Resistência ao estresse: habilidade para bom desempenho sob condições de forte pressão
psicológica.
Segundo Katz (1986), as três categorias de habilidades imprescindíveis para o bom desempenho do
administrador são as técnicas, as humanas e as conceituais.
Conceituais
Estratégico
Tático Humanas
Operacional
Técnicas
Níveis Habilidades do
organizacionais administrador
17
Unidade I
A exigência técnica diminui, mas continua presente no nível tático, devido ao relacionamento direto
com o nível operacional, de forma a instruir e transmitir as diretrizes para o estabelecimento de objetivos
e metas; bem como do acompanhamento e controle das execuções deste nível.
Já no nível estratégico, como se pode notar na figura anterior, a necessidade de habilidade técnica
é quase inexiste, dada a distância administrativa deste nível e a execução direta do trabalho operacional.
Segundo Chiavenato (2000), a habilidade técnica
As habilidades humanas estão afeitas ao trabalho com pessoas e às relações interpessoais e grupais.
Respondem pela integração e interação da equipe de trabalho, facilitando o clima de cooperação e
participação. Os líderes com boas habilidades humanas desenvolvem boas equipes e atuam de maneira
eficiente e eficaz. Segundo Chiavenato (2000), habilidade humana “[...] consiste na capacidade e
facilidade para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e motivações e liderar
grupos de pessoas.” Estas habilidades são necessárias em todos os níveis da organização, pois o gestor
necessita de eficiência nas relações interpessoais com a sua equipe, desde a necessidade de estimular a
participação de todos os colaboradores, no estabelecimento de objetivos e estratégias organizacionais;
bem como na discussão com a equipe operacional sobre uma necessidade técnico‑operacional que irá
viabilizar uma meta fabril.
18
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Costuma‑se afirmar que o bom gestor tem que ter atitude. Isto é, ele tem que ser um agente de mudança
na organização e estar à frente do desenvolvimento da organização nos aspectos relacionados à estratégia,
processos, cultura, criatividade e inovação, de forma a aumentar ou manter a competitividade diante do
conturbado, dinâmico e volátil ambiente organizacional. Segundo Chiavenato (2000), a atitude representa
o estilo administrativo. Ou seja, a forma adotada para liderar, comunicar e motivar as pessoas para fazer
acontecer o que for necessário. Em poucas palavras, ter atitude significa “saber fazer acontecer”.
Diante do exposto, deduz‑se que, para ter atitude, o gestor necessita adquirir primeiro o conhecimento,
que é o “saber”. Compreende a complexa postura de aprender a aprender. É o conjunto de experiências
aprendidas, ideias, informações e conceitos negociais a serem utilizadas no exercício da profissão. A atualização
e reciclagem constantes são a normalidade para o administrador que não quer ter conhecimentos ultrapassados
diante das constantes, intensas e grandes mudanças que ocorrem no ambiente empresarial. O conhecimento
conceitual é imprescindível, mas não é garantia de sucesso profissional. Além deste, o profissional deve ter
uma boa educação geral e formação cultural abrangente. Não basta ter o conhecimento, pois existem muitos
profissionais com uma bagagem invejável, porém não sabem ou não conseguem transformá‑lo em ações
efetivas. O conhecimento consiste no know‑how, ou “saber‑como” ou “saber”.
Para completar a trilogia que forma as competências pessoais do administrador, deve‑se cuidar para
desenvolver a perspectiva. Ou seja, a competência de “saber fazer”. Consiste em conseguir transformar o
conhecimento em ação. Realizar a potencialidade do conhecimento disponível por meio da visualização de
oportunidades, transformando‑as em resultados concretos para o negócio. São produtos, serviços, soluções
criativas para problemas e o desenvolvimento e aplicação de inovações tecnológicas. A capacidade de
analisar as situações problemáticas, observar, identificar as causas, planejar e controlar a execução dos
procedimentos para solucioná‑las, viabiliza a atuação do profissional à frente das organizações.
Conhecimento
Competências
pessoais
Perspectiva Atitude
Mintzberg (apud STONER, 1999) estudou e definiu o que pode ser chamado de papéis dos
administradores nas empresas. Divididos em três categorias: papéis interpessoais, papéis informacionais
e papéis decisorial. São os papéis desempenhados, cotidianamente, pelos administradores profissionais.
19
Unidade I
Interpessoais
Categorias Informacionais
de papéis
Decisoriais
A. Papéis interpessoais
A.1 Símbolo
A.2 Líder
Papel inerente à função básica do administrador, representado a todo o momento, pois ele é
responsável por seus atos e de todos seus subordinados. A liderança deve exercer sua influência para
direcionar os esforços de forma sinérgica, motivando a equipe por meio de aconselhamento, treinamento,
orientação e uma comunicação eficiente e eficaz.
Possibilita os relacionamentos que são necessários para o desenvolvimento de toda a empresa e com
equipes de outras empresas parceiras. Intercâmbio interpessoal que estreita as parcerias e gera novos
negócios ou mantém os negócios existentes.
Símbolo
Interpessoais Líder
Elemento de
ligação
20
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
B. Papéis informacionais
B.1 Monitor
Utiliza‑se de fontes de informações como pessoas, banco de dados, revistas e relatórios. Capta
informações dentro e fora da empresa, procura quantidade e qualidade para se informar o máximo
possível nas mais variadas fontes de informação. A gama, continuidade e confiabilidade das informações
disponibilizadas é que determinarão a efetividade deste papel.
B.2 Disseminador
B.3 Porta‑voz
Monitor
Informacionais Disseminador
Porta-voz
21
Unidade I
C. Papéis decisoriais
São tangentes às análises dos dados e informações disponíveis e das escolhas que os gestores
devem fazer. Como diz o velho ditado, “administrar é tomar decisões”, os papéis desta categoria
respondem pela função central do administrador. Para a devida representação, o gestor deve
desenvolver as suas habilidades interpessoais para motivar e comprometer os colaboradores para
que participem do processo decisório, bem como as habilidades conceituais, que o subsidiarão com
análises do ambiente, o entendimento global do negócio e o pensamento estratégico empresarial
necessário.
Com todos os dados e informações disponíveis, cabe aos gestores tratarem, analisarem e tomarem
as suas decisões. Como têm responsabilidade integral, é necessário cautela e preparo para tomá‑las.
Nesta categoria, são quatro os papéis decisórios: os de empreendedor, solucionador de problemas,
alocador de recursos e negociador.
C.1 Empreendedor
Tem fé inabalável e, por isso, concebe e cria novas possibilidades de negócios para a empresa. Elabora
projetos, cria empreendimentos e novos produtos, assumindo riscos calculados e desenvolvendo a
sua equipe ao propiciar que desenvolvam suas novas ideias. Papel que o administrador assume ao
tentar melhorar seus negócios propondo maneiras inovadoras ou novos projetos que aumentem a
competitividade da empresa.
C.4 Negociador
A utilização de boas técnicas de negociação é uma constante na sua prática profissional. Devido às
urgências de disputas e compartilhamento dos recursos, deve negociar interna e externamente para a
obtenção dos melhores resultados para sua empresa e seus parceiros de negócio, em geral.
22
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Empreendedor
Solucionador de
problemas
Decisoriais
Alocador de
recursos
Negociador
Nos países subdesenvolvidos, a situação é ainda pior. É longo o caminho que precisam percorrer
para alcançar o nível de automação do Primeiro Mundo e, além disso, amargam com frequência
dois tipos de desemprego: conjuntural, causado pelo arrocho no crédito e taxa de câmbio que
limita as exportações; e estrutural, provocado pela mudança no processo de produção ou no mix de
bens e serviços produzidos em certos momentos. Este último, resultante da substituição do homem
pelas máquinas.
23
Unidade I
Observação
A gestão de recursos humanos adquire uma importância nunca dantes obtida, devido à necessidade de
qualificação dos profissionais, via oferecimento de treinamentos, cursos de informática, línguas estrangeiras,
promoção de seminários internacionais e contínuo desenvolvimento pessoal e profissional.
Em uma consideração dos estudos sobre a sociedade do conhecimento e suas implicações nas
mudanças no perfil do administrador profissional, Wick & León (1997) comparam características do
administrador do passado com as do administrador do terceiro milênio. O futuro administrador não
está distante, permanece em constante evolução e está atuando nas organizações enquanto completa
o desenvolvimento de suas futuras habilidades e características profissionais.
24
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Saiba mais
De acordo com o CFA (2008), no Código de Ética Profissional do Administrador, a ética é apresentada
como a explicitação teórica do fundamento último do agir humano, na busca do bem comum e da
realização individual. Sendo assim, o exercício da profissão de administrador implica em compromisso
moral com o indivíduo, cliente, empregador, organização e com a sociedade, o que acarreta deveres e
responsabilidades intransferíveis.
O Código de Ética Profissional do Administrador guia, orienta e estimula novos comportamentos. Está
fundamentado em um conceito de ética, direcionado para o desenvolvimento e serve, simultaneamente,
de estímulo e parâmetro para que o administrador amplie sua capacidade de pensar, visualizando o seu
papel, de forma a tornar suas ações mais eficazes.
O administrador profissional no desempenho de sua profissão deve atentar para o cumprimento dos
deveres instituídos pelo seu código de ética. Deve exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade,
defendendo os direitos, bens e interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua
dignidade, prerrogativas e independência profissional, atuando como empregado, funcionário público
ou profissional liberal. Deve atentar para outras obrigações, como:
• Manter sigilo sobre tudo o que souber em função de sua atividade profissional.
• Conservar independência na orientação técnica de serviços e em órgãos que lhe forem confiados.
• Renunciar, demitir‑se ou ser dispensado do posto, cargo ou emprego, se, por qualquer forma,
tomar conhecimento de que o cliente manifestou desconfiança para com o seu trabalho, hipótese
em que deverá solicitar substituto.
25
Unidade I
• Evitar declarações públicas sobre os motivos de seu desligamento, desde que do silêncio não lhe
resultem prejuízo, desprestígio ou interpretação errônea quanto à sua reputação.
• Esclarecer o cliente sobre a função social da organização e a necessidade de preservação do meio ambiente.
• Manifestar, em tempo hábil e por escrito, a existência de seu impedimento ou incompatibilidade para
o exercício da profissão, formulando, em caso de dúvida, consulta ao CRA no qual esteja registrado.
Como em toda profissão, o exercício desta proíbe atividades com intenções ocultas ou de caráter ilegal,
o que macularia a imagem do administrador profissional, prejudicando a imagem reconhecidamente
elevada pelas organizações e seus acionistas. No exercício profissional do administrador lhe é vedado:
• Permitir a utilização de seu nome e de seu registro por qualquer instituição pública ou privada
onde não exerça pessoal ou efetivamente função inerente à profissão.
• Facilitar, por qualquer modo, o exercício da profissão a terceiros, não habilitados ou impedidos.
• Assinar trabalhos ou quaisquer documentos executados por terceiros ou elaborados por leigos
alheios à sua orientação, supervisão e fiscalização.
• Exercer a profissão quando impedido por decisão administrativa do CFA transitada em julgado.
• Contribuir para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá‑la, ou praticar, no exercício
da profissão, ato legalmente definido como crime ou contravenção.
26
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
• Estabelecer negociação ou entendimento com a parte adversa de seu cliente, sem sua autorização
ou conhecimento.
• Recusar‑se à prestação de contas, bens, numerários, que lhes sejam confiados em razão do cargo,
emprego, função ou profissão, assim como sonegar.
• Deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas do CFA, bem como atender às suas
requisições administrativas, intimações ou notificações, no prazo determinado.
• Pleitear, para si ou para outrem, emprego, cargo ou função que esteja sendo ocupado por colega,
bem como praticar outros atos de concorrência desleal.
• Prejudicar, por meio de atos ou omissões, declarações, ações ou atitudes colegas de profissão,
membros dirigentes ou associados das entidades representativas da categoria.
• Apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições, quando as julgar indignas
do exercício profissional ou prejudiciais ao cliente, devendo, nesse caso, dirigir‑se aos
órgãos competentes, em particular ao Tribunal Regional de Ética dos Administradores e
ao CRA.
• Exigir justa remuneração por seu trabalho, a qual corresponderá às responsabilidades assumidas a
seu tempo de serviço dedicado, sendo‑lhe livre firmar acordos sobre salários, velando, no entanto,
pelo seu justo valor.
27
Unidade I
• Participar de eventos promovidos pelas entidades de classe, sob suas expensas ou quando
subvencionados os custos referentes ao acontecimento.
Saiba mais
A capacidade administrativa do homem é muito antiga. Há 3 mil anos, na construção das pirâmides
do Egito, certamente trabalharam eficientes gerentes e supervisores, capazes de organizar o trabalho
de milhares de pessoas. Exemplos como este são fartos na História. Entretanto, apenas recentemente
houve preocupação com a análise da administração de modo sistemático e coerente. Mas podemos
notar que o estudo da administração pode ser extraído dos principais filósofos e estudiosos do passado
que, em seus estudos de outras ciências, abordavam, inevitavelmente, aspectos políticos que envolviam
as administrações públicas do Estado.
28
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
29
Unidade I
30
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Aos poucos, a Igreja Católica foi estruturando sua organização, sua hierarquia de autoridade, seu
estado‑maior (assessoria) e sua coordenação funcional.
Hoje, a Igreja tem uma organização hierárquica tão simples e eficiente que a sua enorme organização
mundial pode operar sob o comando de uma só cabeça e um só executivo: o Papa. A autoridade
do Papa lhe foi delegada de forma mediata por uma autoridade divina superior. A estrutura da
organização eclesiástica passou a servir de modelo para muitas organizações que, ávidas de experiências
bem‑sucedidas, passaram a incorporar uma infinidade de princípios e normas administrativas utilizadas
na Igreja Católica.
No início do século XIX, Carl von Clausewitz (1780‑1831), general prussiano, escreveu o Tratado sobre
a guerra e os princípios de guerra, sugerindo como administrar os exércitos em guerra. Foi o grande
inspirador de muitos teóricos da administração na organização e na estratégia militares para adaptá‑la
à organização e a estratégias industriais. Considerava a disciplina como um requisito básico e que toda
organização requer cuidadoso planejamento, no qual as decisões devem ser científicas, e não simplesmente
intuitivas. Afirmava, também, que as decisões devem se basear na probabilidade, e não apenas na
necessidade lógica, e que o administrador deve aceitar a incerteza e planejar como minimizá‑la.
31
Unidade I
É possível buscar exemplos de práticas de administração em 3000 a.C., como na construção das
pirâmides do Egito, que envolveu um enorme esforço de coordenação. Mas as teorias e práticas
gerenciais de hoje começaram a surgir apenas a partir da Revolução Industrial, no século XVIII. E,
para entendermos sua concepção e evolução, uma imagem deve vir à mente: a máquina. James
Watt (1736‑1819) inventa a máquina a vapor que, em seguida, é aplicada à produção nas indústrias,
gerando uma nova concepção de trabalho, o que veio a modificar a estrutura social e comercial da
época. Foi um período denominado como Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra e se
alastrou por todo o mundo.
32
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Em toda a sua história, a administração se desenvolveu com uma lentidão impressionante, até
o início do século XX. Após o início do século XX, ela se desenvolveu com uma pujança e inovação
impressionantes.
33
Unidade I
34
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Teve uma carreira vertiginosa na indústria, galgando, em seis anos de profissão, o cargo de
engenheiro‑chefe. Partia da premissa de que o homem deveria ser persistente e realizar os serviços,
mesmo que não o agrade. Como exemplo, obrigou‑se a aprender contabilidade, um trabalho que
desgostava muito, porém, ele o entendia como imprescindível para a eficiência de uma operação
industrial. Em 1911, publicou a obra Principles of scientific management (Princípios da administração
científica), título que rapidamente ganhou fama mundial, sendo traduzido em diversas línguas poucos
anos após a sua publicação.
Saiba mais
Taylor teve os seguintes seguidores: Gantt, Gilbreth, Emerson, Ford, Barth e inúmeros outros.
Sua preocupação original foi tentar eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas
indústrias americanas e elevar os níveis de produtividade pela aplicação de métodos e técnicas da
engenharia industrial.
35
Unidade I
2. Use métodos científicos para determinar a forma mais eficiente de fazer o trabalho; planeje
a tarefa do trabalhador de maneira correta, especificando com precisão a forma pela qual o
trabalho deva ser feito.
Ao aplicar estes princípios, Taylor defendeu o uso de estudos de tempos e movimentos como meio de
analisar e padronizar as atividades de trabalho. O seu enfoque administrativo solicitava observação detalhada
e mensuração do trabalho, mesmo do mais rotineiro, para descobrir o melhor modo de atuação. Sob o
sistema de Taylor, atividades simples como carregadores de barras de ferro e remoção de terra tornaram‑se
objetos de ciência. Ele aconselhou a implantação do sistema de pagamento por quantidade produzida e
do salário‑incentivo para os trabalhadores mais produtivos. A aplicação dos métodos da administração
científica trouxe enorme aumento na produtividade, o que contribuiu para sua rápida utilização.
Ainda hoje, diferentes organizações aplicam os preceitos de Taylor. Como exemplo, podemos citar
a cadeia de lanchonetes McDonald´s. Esta empresa padronizou todos os procedimentos de produção
do lanche, de modo que um produto consumido em Pequim seja absolutamente similar ao consumido
em Fortaleza. Seus funcionários da linha de frente são treinados para ser parte de uma estudada
engrenagem. Assim, quem frita o hambúrguer segue alguns passos predeterminados, como colocá‑lo
na chapa, acionar um botão que soará um apito indicando a hora de virá‑lo; outro apito indicará a hora
de retirá‑lo da chapa e colocá‑lo no pão, no qual já estarão os outros componentes, entre outros. É
uma perfeita linha de montagem, com a mínima interferência do funcionário. Esse modelo de produção
procura automatizar o trabalho humano.
As pesquisas de Taylor começaram por abordar o trabalho do operário. Aos 22 anos, era operário
na Midvale Steel Company. Em dois anos, tornou‑se gerente da fábrica e começou a realizar suas
pesquisas na empresa, onde permaneceu até 1889. Depois entrou para a Bethlehem Steel Works, onde
deu continuidade aos seus estudos. Registrou suas patentes de máquinas, ferramentas e métodos de
trabalho. Mais de 50 registros, afirma Chiavenato (2003).
Nesta fase, Taylor preocupou‑se exclusivamente com o time‑motion study (estudos de tempos e
movimentos) decompondo as tarefas executadas no “chão de fábrica” e racionalizando o trabalho.
Percebeu que uma injusta distribuição do trabalho, pelo desnível de produtividade entre os operários
e a igualdade de remuneração, desestimulava os melhores e mais produtivos trabalhadores, por
sentirem‑se injustiçados em produzir mais e receberem a mesma paga que os colegas.
Este período iniciou‑se com a publicação da obra The principle of scientific management (Princípios
de administração científica) em 1911, que tratou da racionalização do trabalho operário e da devida
estruturação geral da empresa, incluindo a administração geral, também denominada administração
científica, em seus estudos.
Lembrete
37
Unidade I
Segundo Taylor (1990), pode‑se identificar três anomalias na administração industrial da época:
a. Vadiagem sistemática por parte dos operários. Os operários diminuíam a produção à proporção
de um terço de suas reais potencialidades, tentando evitar a redução da remuneração. Dentre as
causas deste fenômeno, apontava‑se:
• Os trabalhos e escolhas efetuadas de forma empírica, por tentativa e erro, que devido à
ineficiência, levam o operário a desperdiçar esforços e tempo.
• Substituição do critério individual do operário por uma ciência – empirismo versus ciência.
• Solução dos problemas de acordo com as leis científicas desenvolvidas, em lugar de deixar
a solução de cada problema a critério do operário – harmonia versus discórdia.
Verifica‑se também a divisão equânime das tarefas diárias entre a direção e os trabalhadores, cada
um com as suas atribuições para as quais estaria mais aparelhado – rendimento máximo versus produção
reduzida, acrescido por Chiavenato (2003).
O resultado destes estudos e trabalhos no intuito de racionalização dos processos de trabalho foi o
que, para alguns, passou a denominar‑se Organização Racional do Trabalho ou ORT. A ORT fundamenta‑se
em aspectos básicos e bem identificados:
38
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Gerente de
produção
Supervisor
Supervisor de Supervisor montagem e
mecânica eletricista qualidade
39
Unidade I
Saiba mais
Leia a seguinte reflexão sobre o período taylorista e a teoria da
administração científica.
Disponível em: https://bit.ly/3v8uS5o. Acesso em: 8 mar. 2021.
• Princípio do controle: Elaborar o relatório de três gerações do controle, ou seja, o que foi
planejado e executado (passado), situação atual do trabalho, o que está certo e o que está
errado (presente) e identificar o que está para executar e as devidas correções de curso (o
futuro). Verificar se o trabalho está sendo executado de acordo com o plano estabelecido.
Princípio do
planejamento
Princípio do Princípio do
controle preparo
Princípio da
execução
40
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
O grande precursor da teoria clássica da administração foi o francês Henri Fayol, seguido pelo
americano F. W. Mooney e o inglês Lyndall Urwick. Eles estudaram e sistematizaram as experiências
bem‑sucedidas nas organizações, sua crença é de que a administração é um processo de planejamento,
organização, direção, coordenação e controle. São deles as bases técnicas e modernas de administração.
As conclusões sobre a hierarquia funcional e o estudo das capacidades, evidenciam‑se pela afirmação
de que a capacidade central dos colaboradores dos níveis inferiores é a profissional e de execução,
enquanto a dos grandes líderes de altos gestores é a capacidade administrativa, delineando‑se a pirâmide
populacional, representativa da distribuição quantitativa e funcional das pessoas na organização.
Esses princípios, muitos dos quais foram anteriormente utilizados por Frederico, o Grande, e outros
especialistas militares para transformar os exércitos em “máquinas militares”, representam o fundamento
da teoria administrativa na primeira metade do século XX. A sua utilização, atualmente, acha‑se muito
difundida em diversos setores. O conceito central da teoria é de que a administração é um processo de
planejamento, organização, direção, coordenação e controle.
II. Hierarquia: a autoridade do superior sobre o subordinado caminha do topo à base da organização;
esta cadeia, resultante do princípio da unidade de comando, deve ser usada como canal de
comunicação e tomada de decisão.
41
Unidade I
III. Amplitude de controle: o número de pessoas que se reportam a um superior não deve ser tão
grande a ponto de criar dificuldades de comunicação e coordenação.
IV. Assessoria e linha: o pessoal de assessoria pode oferecer importante ajuda de orientação, mas
deve ter cuidado para não violar a linha de autoridade.
VI. Divisão do trabalho: a administração deve buscar atingir um grau de especialização, de tal
forma a permitir chegar aos objetivos da organização de maneira eficiente.
VII. Autoridade e responsabilidade: deve‑se considerar o direito de dar ordens e exigir obediência,
chegando a um bom equilíbrio entre autoridade e responsabilidade. Não há sentido dar a alguém a
responsabilidade por um trabalho se essa pessoa não possui a adequada autoridade para executar
tal função.
VIII. Centralização da autoridade: deve variar periodicamente, para permitir a máxima utilização
das capacidades do pessoal.
IX. Disciplina: obediência, empenho, energia, comportamento e atitudes de respeito devem ser
adaptados aos regulamentos e hábitos da organização.
X. Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais: pela firmeza, pelos exemplos,
acordos justos e constante supervisão.
XI. Equidade: tem base na amabilidade e justiça para encorajar o pessoal nas suas
responsabilidades; remuneração justa que leve a um bom moral, sem ocasionar gastos
excessivos.
XIII. Espírito de união: para facilitar a harmonia como uma base de fortificação da organização.
XIV. Ordem: estruturação da organização, definição de um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar.
Essa escola também inovou, em sua época, ao estabelecer as diversas unidades de trabalho que uma
organização comum poderia ter. Estas unidades passaram a ser denominadas Funções da Organização,
que fundamentaram e deram origem às divisões organizacionais e, mais tarde, formaram a base para a
departamentalização funcional.
42
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Administrativas
(Gestão Empresarial)
• Funções administrativas: relacionadas com a integração das outras cinco funções. Coordenam
as demais funções da empresa, posicionando‑se sempre acima delas.
• Funções contábeis: relacionadas com inventários, registros das variações econômicas financeiras,
balanços e custos.
• Funções de segurança: relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas.
As funções administrativas, que devem ser exercidas por especialistas em administração, correspondem a:
Funções
administrativas
As funções administrativas são aplicadas para viabilizar o funcionamento das demais funções da
organização. Nos dias de hoje, estas funções permeiam as atividades de todas as unidades organizacionais.
Cada uma cumpre um papel determinante no exercício da gestão, a saber:
• Prever: Atividade de planejar, de antever as situações futuras desejadas pela organização. Com
base na análise do ambiente externo (oportunidades e ameaças) e do interno (pontos fortes e
fracos) definir os objetivos e estratégias da empresa.
43
Unidade I
• Organizar: A organização formal tem base na divisão racional do trabalho, definição de níveis
hierárquicos de atuação, estabelecimento do sistema de decisões e comunicação da organização,
conjunto de regras e normas que balizarão o funcionamento da empresa.
Primeira fase (1927): Mayo e sua equipe separaram dois grupos de trabalhadoras em dois ambientes
diferentes e variaram a intensidade da luz para determinar a iluminação ideal para a produtividade.
As operárias passaram a responder de acordo com as suas suposições pessoais. Ou seja, entendiam
que a sua produção deveria ser maior se a intensidade de iluminação fosse maior e vice‑versa. O fato
foi comprovado quando as lâmpadas, em determinados períodos, foram trocadas por outras da mesma
potência, sem que as operárias soubessem. O nível de rendimento passou a ser proporcional à intensidade
de luz que as operárias supunham trabalhar. Prevaleceu o fator psicológico, em detrimento ao efeito
fisiológico da iluminação.
44
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
O resultado demonstrou que, qualquer que fosse a intensidade da luz, a produtividade sempre
aumentava.
Por meio de entrevistas, descobriu‑se que elas, também, trabalharam melhor por que:
Segunda fase (abril de 1927): seis operárias foram submetidas a condições especiais de trabalho,
como variações de períodos de descanso e horários flexíveis.
Em uma sala de montagem de relés, foram selecionadas e convidadas seis moças, nem novatas nem
peritas, constituindo‑se o grupo experimental.
Características do experimento:
• Foi incluído um contador de peças individual que marcava a produção de cada moça em uma fita
perfurada.
• O grupo constituído pelo restante do departamento continuava a trabalhar nas mesmas condições
anteriores.
• Além disso, havia um observador que permanecia na sala, examinava e ordenava o trabalho,
assegurando o espírito de cooperação da equipe.
• As moças escolhidas não foram intimadas, mas convidadas para participar na pesquisa.
• Foram esclarecidas quanto aos objetivos da pesquisa, que era: “determinar o efeito de certas
mudanças nas condições de trabalho – períodos de descanso, lanches, redução no horário de
trabalho etc.”
45
Unidade I
• Até a anuência das moças foi requisitada, quanto às modificações que seriam feitas.
Terceira fase (setembro de 1928): iniciou‑se o programa de entrevistas, por meio das quais
pretendiam obter mais conhecimentos sobre as atitudes e os sentimentos dos trabalhadores.
Em 1931, foi adotada a entrevista “não diretiva”, mediante a qual o operário expressava‑se livremente.
Revelou‑se a existência de grupos informais.
Quarta fase (novembro de 1931 – maio de 1932): o objetivo foi analisar a organização informal
dos operários e sua relação com a organização formal da empresa.
• O trabalho é uma atividade grupal: o nível de produção tem maior influência das normas do
grupo que dos incentivos físicos ou fisiológicos.
46
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
• O comportamento dos empregados sofre uma enorme influência das normas e dos valores
desenvolvidos pelo grupo.
• Quanto maior a integração social dentro do grupo de trabalho, maior a disposição de produzir.
• O administrador deve ser treinado para desenvolver sensibilidade e percepção, para compreender
as pessoas.
• Surgiu o papel do “líder”, que facilita a relação das pessoas e orienta o grupo para alcançar os
objetivos da organização.
Segundo Dubin (1998), a organização informal surge das relações humanas. Basta a existência
de duas pessoas para formar um grupo social e estabelecer as relações interpessoais de associação e
cooperação, bem como de conflitos e antagonismos.
Períodos de lazer: Os “tempos Iivres” possibilitam uma intensa interação entre as pessoas e
estabelecem e fortalecem as interrelações. Nos tempos em que o indivíduo não trabalha, permanece
no seu local de trabalho e mantém contato com seus colegas, desenvolvendo relacionamentos
duradouros.
Relação de associação ou dissociação: Por meio da relação pessoal com indivíduos de diferentes
níveis, geram‑se associações pessoais por simpatia e identificação, ou mesmo antagonismos e conflitos
por diferenças insuperáveis no convívio.
Status: No grupo informal, o indivíduo passa a gozar de certo prestígio decorrente de sua
participação e integração com os demais componentes do grupo social. Este status depende da sua
influência nos destinos da vida grupal e independe de sua posição ou cargo formal na estrutura
organizacional.
47
Unidade I
Alterações nos grupos informais: A flutuação pelos níveis funcionais na organização formal
exige que o indivíduo, ao ingressar em um novo nível, reestabeleça novas relações sociais no novo
grupo em que ingressou. As alterações na organização formal tendem fortemente a modificar os
grupos informais.
Transcendência da organização informal sobre a formal: Por ser mais fluídica e não delimitada
por horários, locais físicos e normas preestabelecidas, a organização informal funciona como uma
“liga” social para a estrutura formal da organização. Dizem os estudiosos que a organização formal
não consegue prever e prescrever em relação a todas as situações possíveis do cotidiano empresarial.
Sendo assim, seu funcionamento está diretamente ligado às providências e procedimentos adotados na
estrutura informal existente.
Padrões de desempenho nos grupos informais: O grupo informal estabelece os seus próprios
padrões de desempenho e de trabalho, que podem diferir daqueles estabelecidos pela organização
formal. Enquanto os primeiros se baseiam nos padrões de reconhecimento, valores e interesses do grupo
informal, os últimos derivam dos objetivos e metas estabelecidos em decorrência do planejamento
estratégico da instituição. O desempenho informal e avaliado, recompensado ou punido, de acordo com
as regras de cada grupo social.
Como decorrência da teoria humanística, surgiram os estudos sobre os tipos de liderança possíveis
de serem adotados, dentre eles pode‑se citar três estilos de liderança: autocracia, democracia e liberal
(White; Lippitt, 1975).
Na liderança democrática, o líder exerce um controle brando sobre os liderados. A sua presença entre
os subordinados é constante, dando espaço à participação nas decisões a serem tomadas. É permitido
que o grupo estabeleça a distribuição das atividades, com o acompanhamento e posterior anuência da
liderança. O grupo é incumbido das discussões mais técnicas, que são acompanhadas pelo líder, ficando
48
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
a equipe comprometida com a obtenção dos resultados. As normas, regras e procedimentos normais são
reduzidos, a prática da autogestão e autocontrole é incentivada pelo líder, liberando‑o da necessidade
de exercer um controle maior sobre o liderado.
Na liderança liberal (laissez‑faire) o líder dá liberdade total, não participando das decisões,
exercendo sua liderança somente por meio da disponibilização de recursos para o grupo. A liderança não
costuma tomar conhecimento da divisão e atribuição do trabalho, omitindo‑se também da avaliação do
desempenho e consequente responsabilidade pelo trabalho realizado.
A escola das relações humanas acentuou os elementos emocionais não planejados e irracionais
do comportamento na organização e descobriu o significado, para a organização, da amizade e do
agrupamento social dos trabalhadores. A seguir, apresentam‑se mais algumas considerações sobre a
teoria humanística:
• Concluiu que os trabalhadores não podiam ser tratados, um a um, isoladamente, mas sim como
membros efetivos de grupos de trabalho sujeitos à influência destes grupos e de toda a estrutura
da organização.
• A pesquisa ateve‑se ao ambiente restrito das fábricas, deixando de verificar outros tipos de organizações.
• Trouxe vários abusos e desvios, como manipulação humana por meio de táticas sutis de
comunicação e dinâmica de grupo.
• O cientista social passou a ser um solucionador de problemas, e não um crítico independente das
relações sociais.
Segundo Chiavenato (2001), Mayo denominou estes tópicos fatores de relações humanas e os
considerou fundamentais para a produtividade no trabalho. Para Mayo, os gerentes devem não só
dominar as técnicas da ciência do trabalho e do aumento da produtividade, mas também as habilidades
de relações humanas.
49
Unidade I
A teoria da burocracia estabeleceu uma forma de organização humana do trabalho que tem base
na racionalidade. Propõe a adequação dos recursos materiais, humanos e tecnológicos e dos meios os
meios às metas organizacionais – ou seja, os fins – de forma a aumentar ao máximo o aproveitamento
destes recursos, no trajeto em direção aos objetivos. Eficiência máxima. Ganhou grande impulso a partir
da década de 1940, devido a causas gerais, como:
• Desenvolvimento tecnológico.
50
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Segundo Weber, o tipo ideal de burocracia apresenta dimensões que a tornam funcional e
eficaz:
• Impessoalidade: O relacionamento entre os funcionários deve ser impessoal, de cargo para cargo,
de acordo com as regras de comunicação formal. A ênfase da burocracia não é nas pessoas, mas
sim nos cargos planejados e descritos. Existe um fluxo de entrada e saída de pessoas do quadro da
empresa, porém os cargos permanecem e perpetuam a organização.
• Qualificação e competência técnica: Principal critério para recrutamento e seleção dos participantes.
Prevalece a competência e qualificação em detrimento de preferências de ordem pessoal, no que diz
respeito à escolha dos candidatos. Torna‑se necessária para o exercício da meritocracia, base central
do modelo burocrático, a utilização de testes e concursos para o preenchimento das vagas ou para
promoções. A habilidade de julgamento do superior hierárquico é sempre requisitada para a decisão
sobre promoções, quer sejam por antiguidade ou por mérito funcional.
Para Weber é válida a analogia da organização burocrática com uma máquina fria, impessoal,
programada por regras racionais e lógicas, desconsiderando os interesses pessoais e estruturando, desta
forma, a organização formal.
Saiba mais
Para um melhor aprofundamento no tema da burocracia, é recomendada
a leitura do seguinte texto:
Disponível em: https://bit.ly/3qyKw6A. Acesso em: 8 mar. 2021.
52
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
A. Poder tradicional
Repousa nas tradições existentes desde os tempos antigos e na legitimidade dos indicados pela
tradição para exercer autoridade. Obediência na família, nos feudos, nas tribos e em certos tipos de
sociedades.
B. Poder carismático
No caso da autoridade carismática, a obediência é devida ao líder pela devoção e confiança pessoal
em sua revelação, heroísmo, dentro do círculo em que acreditam em seu carisma. Sua descrição ajusta‑se
à imagem do grande líder religioso, social ou político, do grande condutor de multidões de adeptos.
A ideia de carisma, porém, está associada a qualquer tipo de influência que dependa de qualidades
pessoais.
C. Poder racional
Fundamentada em leis e regras que ditam os direitos e deveres para os integrantes de uma sociedade
ou organização. A autoridade formal em uma sociedade, organização ou grupo que depende de leis
lógicas tem estrutura burocrática: a empresa.
Insubordinação Autocracia
Hierarquia Autoritarismo
Quando a burocracia é utilizada de forma inadequada, quer pelo uso abusivo de seus princípios,
devido à não atualização dos procedimentos ou erro gerencial; quer pela falta de regulamentação,
resultando na liberalidade, gera disfunções graves e difíceis de lidar e contornar no dia a dia das
empresas.
53
Unidade I
Disfunções da burocracia
O relacionamento deixa de ser interpessoal e passa a ser de cargo a cargo. Exemplo: do
Despersonalização do relacionamento diretor financeiro para o diretor de produção.
As regras e normas tornam‑se fins em si mesmas. Em vez de meios, passam a se
Internalização das diretrizes apresentar como objetivos. Exemplo: O funcionário que se preocupa mais em cumprir a
norma do que em prestar um bom atendimento.
Passa a decidir o funcionário que tem maior posição ou cargo mais elevado em vez
do funcionário mais qualificado tecnicamente, porém inferiorizado hierarquicamente.
Uso da categorização como técnica Exemplo: O gerente que toma a dianteira em uma questão técnica e, à revelia dos
especialistas, isoladamente delibera e negocia. Diretor comercial, que sem consultar os
técnicos de produtos, negocia e fecha o negócio e depois...
Geração de papelório, principalmente quanto às comunicações internas, uso excessivo
Excesso de formalismo de CIs, ofícios, memorandos e outros documentos. Exemplo: Comunicação de
antecipação do horário do almoço, por escrito, ao chefe do departamento.
Dada a ênfase nas posições hierárquicas e nas posições ocupadas, passa a existir
reservas especiais em estacionamentos, elevadores, acessos a espaços específicos, bem
Exibição de sinais de autoridade como roupas e outros símbolos de autoridade. Exemplo: “Você sabe com quem está
falando?”
A supervalorização dos regulamentos e normas passam a balizar o desempenho e
limites das ações dos colaboradores, que não se preocupam mais com a superação de
Superconformidade seus próprios limites. Exemplo: O funcionário, ao preparar um documento importante,
verifica que chegou o fim do expediente, 18h, e literalmente desliga o computador,
independente do andamento ou do quanto faltava para a conclusão da tarefa.
A tendência de se defender contra qualquer tipo de influência externa, conduz
fatalmente a dificuldades no atendimento aos clientes e usuários, tomados como
Burocracia como escudo de defesa estranhos ameaçadores, com suas indesejadas pressões. Exemplo: Por trás de um
péssimo atendimento, o funcionário público aponta para a placa com aqueles dizeres
“Desacatar um funcionário, durante o exercício de suas funções...”
Dada certa acomodação e especialização na atividade desempenhada, depois de
longo tempo de experiência, o funcionário começa a visualizar a mudança como uma
Resistência à mudança grande ameaça à sua zona de conforto. Exemplo: “Revolução” e boicote funcional à
implantação de um novo sistema de informações.
54
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Durante o século XVII, houve um grande desenvolvimento das ciências exatas, nos campos de
estudos das ciências relacionadas com a física, mecânica e da matemática. Os pressupostos (métodos,
conceitos e suposições) destas ciências valorizaram‑se muito diante da humanidade e passaram a ser
utilizados na análise dos fatos sociais, em detrimento de outros conhecimentos: teologia, o misticismo
e outras formas de interpretação.
Com base nesta abordagem, surgiu o modelo mecânico de interpretação social, que visualizava
a sociedade como uma máquina complexa, onde os resultados e processos eram relacionados por
uma ação recíproca das causas naturais. Foram identificados os seus elementos componentes, suas
interrelações, bem como, a relação de causas e efeitos entre as entradas e saídas.
Com o progresso das ciências biológicas, alguns séculos à frente, tomou forma o modelo orgânico
da sociedade, que apresentava o princípio da interdependência das partes, analisando a sociedade como
um organismo complexo e vivo.
A partir daí, pode‑se verificar as diversas diferenças características dos dois sistemas:
Mecânico Orgânico
• Foco nos indivíduos e nos seus cargos. • Ênfase nos relacionamentos entre e dentro dos grupos.
• Prevalência da autoridade e dependência. • Confiança e crença recíprocas.
• Rígida adesão à autoridade e responsabilidade dividida. • Interdependência e responsabilidade compartilhadas.
• Divisão do trabalho e supervisão rígida. • Participação e responsabilidade grupal.
• Processo decisório centralizado. • Processo decisório descentralizado.
• Controle rigidamente centralizado. • Compartilhamento de responsabilidade e de controle.
• Solução de conflitos por meio de repressão e/ou • Solução de conflitos por meio de negociação ou solução de
hostilidade. problemas.
Em sua obra General system theory (Teoria geral dos sistemas), Bertalanffy procurou, por meio da
proposição da denominada teoria dos sistemas, uma conceituação geral que unisse e fundamentasse os
diversos campos da ciência, apresentando os pressupostos básicos da sua teoria:
• Esta teoria pode ser um meio importante de objetivar os campos não físicos do conhecimento
científico, especialmente nas ciências sociais.
55
Unidade I
Esta abordagem não lançou novos elementos formadores de uma ou de diversas ciências, mas
sim uma nova abordagem para tratá‑las conjuntamente, o enfoque sistêmico. Este raciocínio não as
modifica; resume‑se a observá‑las sob um mesmo prisma.
• Um enfoque interativo do todo, que não permite a análise de aspectos isolados de um sistema,
em virtude das intrincadas interrelações das partes entre si e com o todo, as quais não podem ser
tratadas fora do contexto total.
• O estudo das relações entre os elementos componentes, em preferência ao estudo dos elementos
entre si, destacando‑se o processo e as possibilidades de transição especificados em função dos
seus arranjos estruturais e da sua dinâmica.
Um sistema pode ser definido de diversas formas. Porém, aqui partir‑se‑á da definição de que o
sistema é um conjunto de partes interagentes, interdependentes e integradas, que formam um todo
unitário com determinado objetivo e que cumpre determinada função.
Objetivos
Entradas Saídas
Processo
Controle
e
Avaliação
Feedback
Objetivos: Razão da existência do sistema, isto é, a finalidade para a qual o sistema foi criado.
Processo: O processo de transformação do sistema, que é definido como a função que possibilita
a transformação de um insumo (entrada) em um produto, serviço ou resultado (saída). Este
processador é a maneira pela qual os elementos componentes interagem no sentido de produzir as
saídas desejadas.
56
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Saídas: Resultados preestabelecidos, gerados pelo sistema e que devem estar em sintonia com os
seus objetivos. São representadas por produtos, serviços e informações destinados a satisfazer o cliente,
que pode ser interno ou externo.
Controles e avaliações: Torna‑se necessário verificar se as saídas estão coerentes com os objetivos
estabelecidos. Para realizar o controle e a avaliação de maneira adequada, são necessários indicadores
de desempenho do sistema, com base nos padrões de desempenho especificados.
Mercado
mão de obra
Governo Concorrência
Fornecedores Consumidores
Empresa
Sistema financeiro Comunidade
Sindicatos Tecnologia
Os sistemas são compostos por partes que se interligam e cumprem, cada uma delas, uma função
específica. Os sistemas são abordados de acordo com a sua posição e função em relação aos outros
sistemas com os quais se relacionam.
57
Unidade I
Por sistema entende‑se sempre aquele que é o foco das atenções e estudo, no momento.
Da mesma forma, se a análise tender para as partes que o compõem, identificar‑se‑ão os subsistemas,
responsáveis em cumprir funções no seu âmbito, viabilizando a consecução de seus objetivos.
Macro ou ecossistema
Sistema
Subsistema Subsistema
Os sistemas são municiados com propriedades que decorrem do seu funcionamento e a busca do
atendimento das necessidades dos seus clientes.
A propriedade da equifinalidade, segundo a qual um mesmo estado final pode ser alcançado
partindo de diferentes condições iniciais e por maneiras diferentes. Não existe uma única forma e
caminho para atingir o mesmo resultado.
Assim que o sistema entra em funcionamento as suas partes ou subsistemas, até então bem
organizados, tendem a desarranjar‑se e direcionar o sistema para a disfunção e o caos, caracterizando‑se
a entropia do sistema. O processo entrópico decorre de uma lei universal da natureza, na qual todas as
formas de organização se movem para a desorganização e morte.
Existe, também, o empenho dos sistemas para se organizarem para a sobrevivência, por meio de
maior ordenação e dispositivos de controle e ajustes (homeostasia). Os sistemas abertos podem gerar
entropia negativa, por intermédio da maximização da energia importada, o que pode ser obtido via
maximização da eficiência com que o sistema processa essa energia.
Entende‑se por dado qualquer elemento identificado em sua forma bruta que por si só não conduz
a uma compreensão de determinado fato ou situação. Exemplo: um nome qualquer, “Jurandir Barbosa”,
inserido em um registro de banco de dados de assinantes de serviço telefônico.
Já a informação é o dado tratado por meio de filtros e interpretação, que permite ao executivo
tomar decisões. Exemplo: consultor “Jurandir Barbosa”, especialista em desenvolvimento de sistemas de
informações executivas e inteligência de negócios.
58
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
• Canalizar todas as forças e energias que ocorrem no sistema para os objetivos preestabelecidos.
• Criar sistemas de retroalimentação que sejam verdadeiras reintroduções no processo, para que este
não perca o seu movimento dinâmico, não haja “estrangulamentos” no sistema de comunicações
da empresa, autorregulando os sistemas.
59
Unidade I
As principais características básicas da teoria neoclássica derivam de uma análise dos acontecimentos
nas empresas, no intuito de detectar o que efetivamente funciona e o que não funciona dos postulados
teóricos enunciados até á época. Dentre as principais características destaca‑se:
A. A prática da administração
A teoria neoclássica se apresenta com forte pragmatismo e ênfase na busca por resultados práticos
na administração. Sem se descuidar do trato com os conceitos teóricos, os autores neoclássicos procuram
desenvolver os seus conceitos de forma prática e utilizável. O enfoque principal é a instrumentalização
da gestão, fornecendo ferramentas aplicáveis pelos gestores à frente das organizações.
60
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
O planejamento é o processo de análise dos ambientes externo e interno. É a partir desta análise
que são definidos os objetivos, atividades e recursos necessários relacionados à empresa. O resultado
do processo de planejamento está intimamente ligado às respostas efetivas das seguintes questões: “O
quê?”, “Quem?”, “Como?”, “Onde?”, “Quando?”, “Quanto?” e “Quanto custa?”.
Os questionamentos devem ocorrer a partir da definição da situação desejada pela empresa (“Onde se
pretende chegar?”), levando em conta a análise da situação corrente (“Onde se está?”) e o levantamento
de alternativas, para se chegar, enfim, a uma decisão, com elaboração de diretrizes e planos de ação
(“Quais as estratégias a adotar?”).
• Estratégico: abrange a organização como um todo, definindo o alvo para o todo organizacional,
de responsabilidade concernente à alta administração e tem uma perspectiva de longo prazo.
• Tático: tangente às contribuições de cada área da organização para a conquista dos objetivos
estratégicos, é de responsabilidade dos gerentes de divisões ou departamentos e a perspectiva é
de médio prazo.
• Operacional: Dentro de cada área funcional da organização, derivam do desdobramento dos seus
objetivos táticos, sendo transformados em metas executáveis pelos colaboradores em geral. A sua
perspectiva é de curto prazo.
A organização é o processo que analisa e define o trabalho a ser executado na empresa, atribuindo
as responsabilidades pela realização. Incumbe‑se da alocação dos recursos a serem disponibilizados,
além de integrar as áreas funcionais da organização.
Já a direção responde pela liderança da equipe para a realização efetiva das atividades, designando
as pessoas envolvidas e preocupando‑se com a utilização eficiente dos recursos disponibilizados para
atingir os objetivos organizacionais. Comanda a organização, gerando unicidade de direção, da mesma
forma que coordena os esforços da equipe por meio da comunicação eficiente e eficaz, gerando
motivação nos colaboradores.
61
Unidade I
• produção
de
quantidade • estoque
• horas trabalhadas
• produto
de
qualidade • projeto de produto ou serviço
• matéria-prima e componentes
Padrões
• tempo-padrão de produção
de tempo • tempo médio de estocagem
• padrões de rendimento
• de produção
de custo • de estocagem
• padrão
• Comunicados simples.
• Instruções.
62
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
• Entendimentos extraestruturais.
• Desentendimentos.
• Eventuais conflitos.
• Lideranças naturais.
O tipo mais antigo é a organização linear, que é o mais simples dos três que iremos discutir.
Abrange desde o alto da pirâmide até a base operacional de menor qualificação, propondo uma relação
vertical de autoridade. Prevalece o princípio de unidade de comando, quando o subordinado recebe
determinações de um único superior – que também as recebe daquele que é o seu superior imediato.
Diretor de
produção
O tipo mais difundido, nos dias atuais, é a organização funcional, que tem base na divisão da alta
administração, da direção e das chefias por funções. Um superior pode atuar em diferentes setores de
trabalho de acordo com as exigências de sua especialização funcional, como também certo trabalhador
pode receber orientações de vários superiores no mesmo nível, dependendo do envolvimento das
diversas áreas ou setores de atividades que desempenha. As atividades são agrupadas de acordo com
as funções clássicas da organização, conforme preconizado na teoria clássica da administração. Este
critério de departamentalização também é o mais usado pelas empresas industriais, especialmente no
nível operacional e da linha de produção em massa.
63
Unidade I
Gerente de
produção
Diretor de
produção
Assessor de
robótica
Resumo
Exercícios
PORQUE
66
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
Os gestores de primeira linha, denominados pelo termo inglês CEO (Chief Executive Officer),
também podendo ser chamados presidente, vice‑presidente, ao ocupar o cargo mais alto na pirâmide
organizacional, são responsáveis pelo direcionamento estratégico global da organização e por seus
recursos disponibilizados.
Análise da alternativa
C) Alternativa correta.
Justificativa: Verifica‑se que a afirmação “... administrar consiste em tomar decisões relativas ao
estabelecimento de objetivos estratégicos, táticos e operacionais, elaboração de estratégias de curto,
médio e longo prazos e criação de sinergia entre as partes organizacionais, visando atingir os objetivos
organizacionais...” é verdadeira, pois o administrador, no exercício da sua profissão – e em função dos
diversos tipos de organização –, definirá as estratégias, elaborará pareceres, relatórios, planos, projetos,
arbitragens e laudos em que se exija a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de organização.
Além destes procedimentos, realizará pesquisas, estudos, análises, interpretação, planejamento, implantação,
coordenação e controle dos trabalhos nos campos de administração geral, como: administração e seleção
de pessoal, organização, análise, métodos e programas de trabalho, orçamento, administração de material
e financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, além de outros
campos em que estes se desdobrem ou com os quais sejam conexos, segundo a lei que instituiu a profissão.
E quanto à afirmativa “Os gestores de primeira linha, aqueles denominados pelo termo inglês CEO
(Chief Executive Officer), também podendo ser chamados presidente, vice‑presidente, ao ocupar o
cargo mais alto na pirâmide organizacional, são responsáveis pelo direcionamento estratégico global da
organização e por seus recursos disponibilizados”?
Os gestores de primeira linha, segundo os estudos até aqui desenvolvidos, situam‑se no plano‑base da
pirâmide organizacional, o nível mais baixo de gerência. Geralmente são identificados como supervisores
e gerenciam apenas trabalhadores operacionais, sendo os CEO, denominação dada aos altos executivos,
que se apresentam como os altos gestores da organização. Assim, esta afirmativa é falsa.
67
Unidade I
Figura 37
I. A teoria clássica, que teve por principal idealizador Henri Fayol, procurou utilizar métodos
quantitativos na busca de soluções para problemas complexos.
II. Todas as teorias apresentadas consideraram a organização como um sistema fechado, sem
necessidade de interação com o ambiente, o qual é estável e previsível, onde os métodos seriam
imprescindíveis e suficientes para gerar eficiência e eficácia.
III. A escola das relações humanas apresentou a existência da organização informal e das necessidades
sociais das pessoas na organização.
IV. A administração científica de Taylor buscou aumentar a eficiência operacional das empresas por
meio da ausência de desperdícios e da divisão do trabalho.
A) II e IV.
B) I, II e IV.
C) I, III e IV.
E) III e IV.
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