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TRADUÇÃO:

REVISÃO INICIAL:

REVISÃO FINAL:

LEITURA FINAL:

FORMATAÇÃO:

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Proprietário da Hard Ink Tattoo, Jeremy Rixey assumiu lutar ao
lado de seu irmão contra as forças que quase matou Nick e sua
equipe das Forças Especiais um ano atrás. Agora, todo seu mundo foi
virado de cabeça para baixo, por nada menos que um quieto loiro de
mente brilhante, que deixa Jeremy tentado a se estabelecer, pela
primeira vez na história.
Vítima de um recente sequestro, Charlie Merritt sempre foi
melhor com computadores do que com pessoas, por isso, quando ele é
atraído para a investigação da equipe de Forças Especiais do seu pai
corrupto e coronel do exército, ele é surpreendido ao encontrar
aceitação e amizade, especialmente desde que seu pai nunca aceitou
quem Charlie era.
Ainda mais surpreendente é a tensão quente que Charlie sente
pelo sexy tatuado Jeremy, o oposto de Charlie em quase todos os
sentidos.
Com a tragédia e caos em torno deles, a instantânea tentação
entre Jeremy e Charlie não pode ajudar, mas se perguntam por que
eles estão se esforçando para serem bons.

O amor não conhece as diferenças, ele só conhece


a alegria de encontrar no outro tudo o que sua alma
precisa para se sentir completa.

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Jeremy Rixey ficou na frente das ruínas da metade do edifício do
armazém que possuía no leste de Baltimore, que foi sua casa durante
os últimos quatro anos, e se perguntou o que diabos tinha acontecido
com sua vida.
Quando ele cuidadosamente retirava a pilha de escombros, não
culpou Nick, seu irmão mais velho, ou os outros caras da antiga
equipe das Forças Especiais do Exército de Nick pelo que tinha
acontecido. Nem por seu prédio ser bombardeado por seus inimigos
na madrugada da manhã anterior, e nem por ter que fechar sua loja
de tatuagem até que a investigação da equipe finalmente terminasse,
e nem por transformarem sua casa em uma pensão para a equipe,
suas namoradas, e os novos aliados que tinham encontrado no
Motoclube Ravens Riders.
Não. Jeremy não culpava Nick pela conspiração e caos que girava
em torno deles.
Porque Jeremy se sentia em dez tipos de inferno por não ser
capaz de fazer mais para ajudar seu irmão nessa luta. A luta que
percorreu todo o caminho de volta para o Afeganistão, onde os
mesmos idiotas que atacaram seu prédio também haviam emboscado
a equipe de Nick, ferindo ele, matando sete pessoas e, finalmente,
conseguiram expulsar seu irmão e os outros quatro sobreviventes:
Shane McCallan, Edward “Easy” Cantrell, Derek “Marz” DiMarzio, e
Beckett Murda, do Exército.
Na verdade, isso era pior do que não ser capaz de ajudar. Jeremy
era uma responsabilidade a mais.
Observando a pilha de tijolos quebrados, concreto desintegrado, e
aço retorcido sobre o que restava do segundo andar exposto, Jeremy

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enfiou as mãos em seus cabelos e inclinou a cabeça para trás, seu
olhar arrastando para o céu cinzento da manhã que estava visível
através do telhado em ruínas. Nick e todos os outros estavam lá
dentro celebrando a descriptografia de um microchip cheio de
informações críticas para a sua investigação, mas Jeremy
simplesmente não conseguia colocar uma expressão feliz em seu rosto
agora.
Ao invés disso, seu estômago embrulhou com memórias borradas
sugando ele de volta para manhã do dia anterior. Sendo acordado por
tiros. Nick perguntando se Jeremy estava pronto para ajudar a
defendê-los. Correndo para o telhado e trocando tiros com os
bandidos que atiravam de três carros Suburbans pretos abaixo na
rua. O impacto estrondoso de um explosivo batendo no edifício.
E então todo o inferno realmente tinha se soltado.
Por um longo momento, nada parecia acontecer, e, em seguida, o
telhado tinha caído diretamente de baixo de Jeremy. Em um minuto
havido quatro pilares sólidos de cem anos de idade de armazéns sob
seus pés. No próximo minuto... Ele só estava caindo.
Charlie tinha mergulhado para fora do caminho, mas Jeremy
tinha congelado. Um cervo pego pelos faróis. Seu cérebro ainda não
tinha registrado o que estava acontecendo até que alguém apertou e
puxou dolorosamente seu pulso o arrastando de volta em segurança.
Nick tinha lhe salvado. E porque Jeremy teve a necessidade de que o
salvassem, dois membros dos Ravens que tinham estado lá em cima
com ele — homens que eram próximos de Nick — tinham caído e
morrido, tudo porque ele não conseguiu segurar e se pendurar no
pedaço de vergalhão antes de Nick chegar até ele.
Jeremy teria gostado de conseguir pensar em meio a uma crise.
Mas ele não tinha. E homens tinham morrido.

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Isso pesou nos ombros dele. E o peso disso era tão grande que ele
mal conseguia se manter em pé e não cair de joelhos.
Uns tijolos caíram atrás dele.
Jeremy virou para ver Charlie Merritt caminhando lentamente até
ele.
A visão do homem de cabelos loiro disparou duas reações opostas
nas veias de Jeremy. Preocupação, porque Charlie já estava ferido.
Dois de seus dedos haviam sido amputados por sequestradores
apenas duas semanas antes. E alívio, porque Charlie sempre tinha
essa aura de calma em volta dele que era tão pacífica que acalmou
toda a porcaria girando dentro da cabeça de Jer. Que foi irônico pra
cacete, pois Charlie foi vítima de sequestro quando tinha acabado de
saber que seu pai coronel do exército tinha sido assassinado no
Afeganistão.
— Eu sabia que ia encontrá-lo aqui. — Disse Charlie de uma
forma tranquila que ele tinha e seus olhos azuis profundos treinados
em seu andar.
— Sim? Por que isso? — Jeremy perguntou quando ele estendeu
a mão. Charlie agarrou ela quando deu o último grande passo para o
segundo andar. O toque foi preenchido com o fogo lento da atração
que Jeremy tinha sentido pelo outro homem desde que se
conheceram depois de seu resgate.
Os olhos de Charlie encontraram os de Jeremy, penetrantes e
intensos, como se ele pudesse ler cada pensamento não dito de
Jeremy.
— Porque eu sei que isso está te machucando. — As palavras
foram ditas tão baixo que os ventos de Maio assobiando através das
ruínas quase as engoliu, mas isso ainda bateu no peito de Jeremy
como um estrondoso trovão.

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Toda a sua vida, Jeremy tinha sido o único capaz de esquecer e
deixar quase tudo para trás. O único que sempre se encontrava rindo.
Aquele que não se importava com o que as pessoas dissessem sobre
seus piercings no rosto ou sobre as tatuagens que o cobria do pescoço
aos dedos dos pés ou até mesmo sobre sua bissexualidade. Inferno,
ele estava aqui vestido em uma camisa que dizia: Eu estou tentando
desistir de INSINUAÇÕES SEXUAIS. Mas é difícil... TÃO DIFICIL! Mas
sabendo que ele foi responsável pela morte de dois homens o fez
querer rasgar a sua pele.
Com o fundo de seus olhos ardendo, Jeremy virou. Ele tinha
chorado uma vez na frente de Charlie. Ontem. Depois que todo o peso
do ataque tinha batido nele. A última coisa que ele queria era fazer
isso de novo. Porque chorar não era exatamente atraente.
— Tudo isso pode ser corrigido. — Ele falou, acenando vagamente
para os seus arredores.
— Não faça isso. — Disse Charlie, seus tênis arrastando contra a
fina camada de detritos que cobriam o chão de concreto.
Jeremy atravessou a sala e foi em direção aos restos de uma
janela. Dava para o gigante e coberto de cascalho estacionamento do
Hard Ink cheio de carros e caminhões da equipe e cheio do brilho
preto e cromado de mais de uma dúzia de motos. Ele apoiou uma
mão contra o tijolo.
— Fazer o que?
Só que ele sabia exatamente o que Charlie estava falando. Porque
Charlie sempre ia direto ao ponto. Sua timidez significava que ele não
falava muito, especialmente quando eles estavam com toda a equipe.
Mas Charlie era brilhante. Talvez até mesmo um sábio. E quando ele
falava, sempre valia a pena ouvir. E era sempre honesto.
Os dedos de Charlie puxaram o braço de Jeremy, e o calor
infiltrou em seu sangue.

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— Olhe para mim, — Disse Charlie, o comando incomum de suas
palavras fizeram Jeremy virar — Você ajudou a salvar a minha vida.
Você e minha irmã me deram uma casa. Você fez mil sacrifícios
nessas últimas semanas. — O vento soprou os longos fios loiros
escuros através dos intensos olhos azuis de Charlie e ele se
aproximou, quase apoiando Jeremy contra o tijolo. Eles tinham quase
a mesma altura, o que significava que os olhos de Charlie ficaram à
altura dos de Jeremy. E os lábios também. — Você é mais gentil e
generoso do que qualquer um que já conheci. Então não finja que não
te machuca que aqueles caras morreram ontem. E não pense que eu
não sei que se culpa por isso.
Um nó alojou na garganta de Jeremy. Em qualquer outro
momento, ele teria uma piada sobre o quão generoso ele poderia ser.
Concluiria com um balançar de sobrancelha e um convite tácito.
Agora, ele se apoiou no tijolo e deixou seu olhar cair no peito de
homem, focando na camisa que tinha emprestado a Charlie. Lia-se:
Isso é bacon demais! (Dito nunca por ninguém.) Seu sequestro fez com
que retornar à sua casa para pegar qualquer pertence fosse perigoso
demais, então Charlie tinha cavado através das camisas de Jeremy
para encontrar as opções menos insinuativas.
Jeremy estremeceu com um suspiro. É claro que Charlie sabia
como ele se sentia. Porque os dois eram os únicos caras não-militares
dentro do grupo, e que muitas vezes tinham trabalhado juntos. Eles
ajudavam a equipe nos bastidores, fazendo pesquisa de computador
com Marz ou fazendo comunicações e vigilância de vídeo quando a
equipe tinha uma operação de campo.
Quando eles não estavam em serviço, eles caíram no hábito de
sair juntos. Jeremy se ofereceu para manter um olho em um Charlie
muito doente quando ele tinha sido resgatado, e eles tinham acabado

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criando um laço. Por causa do hábito de falar sem parar de Jeremy,
Charlie tinha chegado a conhecê-lo tão bem quanto qualquer um.
A mão ferida de Charlie levantou lentamente, e Jeremy não
perdeu que ele estava tremendo um pouco, uma vez que se
estabeleceu no quadril de Jeremy. O contato roubou a respiração de
Jeremy, já apertada como estava na onda de emoção ameaçando
puxá-lo para baixo. Seu olhar foi até o de Charlie. Se não fosse pela
barba por fazer cobrindo o queixo quadrado do cara e a sabedoria em
seus olhos carregados de dor, seu rosto bonito poderia ter parecido
quase infantil. Mas tão atraente como Jeremy o achava, ele apreciava
ainda mais o bom amigo que Charlie tinha se tornado, como ele
parecia saber o que Jeremy estava pensando sem ele sequer dizer.
— Você deveria estar lá dentro celebrando. — Disse Jeremy, sua
voz crua — Você e Marz fizeram uma coisa incrível essa manhã. —
Uma hora atrás, Marz e Charlie tinham aberto um microchip
fortemente criptografado que continha uma riqueza de informações
que não só pareciam prováveis para ajudar a equipe a limpar seus
nomes, mas provar que o pai de Charlie não tinha sido corrupto,
como eles pensavam — E eu estou tão feliz por você sobre o seu pai.
Uma dor escura atravessou o olhar de Charlie, mas ele finalmente
concordou.
— Não me senti bem sem você lá. — Um leve rubor entrou em
suas bochechas, e caramba, se isso não era tão bonito e tão sexy.
Jeremy não tinha certeza se algo o faria corar.
— Apenas não sou... — Jeremy encolheu os ombros e olhou para
o peito de Charlie novamente. Tendo visto o cara se vestindo mais de
uma vez, ele sabia que a camisa cobria uma musculatura magra que
ia de ombros fortes para quadris estreitos. Jeremy fechou suas mãos
contra o desejo de enterrar os dedos sob a bainha da blusa. Depois de
semanas olhando, e querendo, ele estava morrendo de vontade de

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tocá-lo. Porém, Jeremy achou Charlie difícil de ler, e não queria fazer
nada para assustá-lo — Uma boa companhia agora. Sinto muito se
isso...
Charlie cutucou o queixo de Jeremy com a mão, os dedos mal
tocando a pele coberta de barba de Jer. E então o polegar pousou
suavemente contra seus lábios.
Os batimentos cardíacos de Jeremy chutaram e seus lábios se
abriram. Lentamente, oh, tão timidamente, Charlie acariciou a
almofada macia de seu polegar para frente e para trás neles.
— Charlie. — Jeremy sussurrou enquanto a excitação percorreu
seu corpo, aumentando a batida em seu pulso, tencionando os
músculos, endurecendo seu pau.
A incerteza derramava de Charlie quando a mão do homem
tremeu onde ele o tocou, mas aqueles olhos azuis absolutamente
brilharam de desejo. De jeito nenhum Jeremy tinha imaginando isso.
— Você é sempre uma boa companhia, para mim. — Disse
Charlie em voz baixa, seu olhar caindo para a boca de Jeremy.
Charlie se inclinou mais perto, e mais perto ainda, e Jeremy mal
podia acreditar que o outro homem era o único a iniciar isso. Mas ele
estava emocionado pra caralho.
Prevendo o primeiro contato macio de pele na pele, Jeremy
engoliu em seco e Charlie estava tão perto que sua respiração instável
acariciou os lábios de Jeremy. Seu ritmo era de enlouquecer, mas tão
sexy que Jer mal podia respirar. E, em seguida, as pálpebras de
Charlie se fecharam e ele estava lá...
Buzz, buzz.
Ring, ring.
Charlie saltou para trás, suas bochechas vermelhas brilhantes,
quando ambos os seus telefones celulares exigiram atenção com
impaciência. Frustração rugiu através de Jeremy com a interrupção,

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especialmente porque ele espiou o nome de Nick no identificador de
chamadas.
Jeremy olhou para Charlie enquanto o outro homem verificou seu
telefone. Charlie abaixou a cabeça, desviou o olhar, e abraçou a si
mesmo, e Jer odiava a distância emocional que se derramou na
distância física crescente entre eles. Droga.
De alguma forma, de alguma maneira, Jeremy receberia aquele
beijo.

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Capítulo 02
Respirando pesadamente, Charlie pegou seu telefone do bolso da
frente com as mãos trêmulas. Depois de trabalhar a coragem de beijar
Jeremy, ele não podia acreditar que se acovardou quando seus
telefones tocaram ao mesmo tempo. Ele tinha sido atraído por Jeremy
desde a primeira vez que ele tinha acordado de um sono febril e
encontrou o cara sentado ao lado dele na cama. Mas tinha bastado
Jeremy quase morrer ontem para finalmente convencê-lo a agir sobre
essa atração.
A tela do seu telefone temporário mostrou o número de sua irmã.
— Ei, Becca. — Ele respondeu quando ele vagou para o outro
lado do espaço em ruínas.
— Ei. Onde você foi? — Perguntou ela, com a voz borbulhante e
mais feliz do que tinha ouvido desde que ela tinha projetado seu
resgate duas semanas antes. Depois de tudo que ela passou, ela
definitivamente merecia à felicidade, e Charlie ficou feliz por ela ter
encontrado Nick para compartilhar.
— Verificando a outra metade do edifício com Jeremy. — Apenas
dizer o nome do cara aqueceu suas bochechas. Charlie não era
virgem, mas ele muito menos era particularmente socialmente
habilidoso. Computadores, ele entendia perfeitamente. Jogos e
quebra-cabeças, ele poderia resolver e decifrar sem pensar duas
vezes. Pessoas? Metade do tempo, ele não tinha ideia. Assim, ele não
tinha certeza se ele tinha visto certo o interesse de Jeremy ou não.
Talvez Charlie quisesse algo que não estava realmente lá.
Totalmente possível que isso acontecesse. Afinal, Jeremy era tudo o
que Charlie não era: Extrovertido, confiante, engraçado. O homem
mais sexy que ele já tinha conhecido. Sem mencionar bissexual.

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Então Jeremy poderia literalmente ter qualquer pessoa que quisesse.
Charlie provavelmente estava brincando se pensava que poderia ser
ele, um geek tímido, desajeitado com uma mão mutilada e um monte
de bandidos atrás dele.
Ele era um perdedor.
— Bem, ouça, — disse Becca — Nick não quer ninguém nas ruas
durante o dia. Pelo menos não até o Detetive Vance ter os obstáculos
criados em torno da Hard Ink. Apenas no caso de...
Certo. Apenas no caso de... Qualquer outra coisa acontecer.
Como ser sequestrado, preso em uma conspiração internacional de
tráfico de drogas, e atacado por mercenários não fosse suficiente.
Charlie não podia acreditar que essa era a sua vida agora.
— Sim, tudo bem. Nós vamos voltar. — Disse ele. Isso pregou o
ultimo prego no caixão de sua tentativa fracassada de um beijo. Havia
tantas pessoas que atualmente viviam na metade do prédio que não
tinha sido danificado que era quase impossível ter qualquer
privacidade. Dada à forma como seu pai desaprovava sua
homossexualidade, Charlie teve que assumir que os outros ex-
militares podiam se sentir da mesma maneira. Nick parecia legal com
a bissexualidade de Jeremy, mas, novamente, Jer era do seu sangue.
E Charlie certamente não queria fazer nada que colocasse em perigo o
único lugar seguro para viver que ele – e sua irmã – tinham.
Então, apesar da quase queda de Jeremy tenha feito Charlie
querer agir antes que fosse tarde demais, talvez fosse melhor que
tenham sido interrompidos.
Ele desligou, então se agachou para apertar os cadarços em seu
sapato. Os malditos cadarços nunca ficavam apertados, tudo porque
sua lesão fez qualquer coisa que exigisse destreza com as duas mãos
quase impossíveis.
— O meu era Nick. — Disse Jeremy, chegando mais perto.

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Charlie se manteve focado em seus cadarços, como se ele tivesse
uma chance de amarrá-los por si próprio. Mas era melhor do que
enfrentar Jeremy.
— Sim. Foi Becca. Que ligou pra mim, eu quero dizer. Ela disse
que deveríamos voltar.
— Sim. — Jeremy disse, se agachando bem na frente de Charlie.
Charlie olhou para seus sapatos azul e branco como se fosse uma
longa sequência de código que exigiam a sua concentração total.
— Charlie. — Jeremy disse, o pedido para olhá-lo claro em seu
tom. Mas Charlie não podia. Ele não queria ver a rejeição nos olhos
do outro homem, ou ter ele fazendo uma piada sobre o que quase
aconteceu. Entre ser sequestrado, torturado por uma quadrilha para
obter informações e saber que seu pai não era o que ele pensava,
pouco parecia real para Charlie agora. Para não mencionar o fato de
que a equipe lhe pediu para permanecer “sumido”, porque as
autoridades e seus inimigos estavam o procurando. Assim eles
pensavam que ele estaria mais seguro.
Mas o desejo que Charlie sentia por Jeremy? Isso era real. Parecia
que era a única coisa real. E agora ele não era forte o suficiente para
enfrentar o fato de que isso era quase certamente unilateral.
Jeremy suspirou e gentilmente colocou os dedos no sapato dele.
— Me deixe ajudar.
Uma humilhação aqueceu todo o corpo de Charlie.
— É só que essa bandagem...
— Cara, eu sei. Não se preocupe com isso. — Jeremy fez um
rápido trabalho nos cadarços — Por favor, olhe para mim. — Ele
finalmente disse.
Tudo dentro de Charlie lutou para atender ao pedido até que lhe
deu náuseas. Por que ele não podia ter sido normal, como Becca, ou
Scott, o irmão que haviam perdido anos atrás? Ambos sempre foram

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populares, extrovertidos e confiantes. Eles tiveram toneladas de
amigos e tomaram conta do mundo. Considerando tudo o que tinham
feito deixava Charlie ansioso e nervoso, especialmente após a morte
de sua mãe quando ele tinha apenas doze anos.
— Charlie...
Miau.
Lentamente, os dois olharam para o som e encontraram um
grande gato laranja olhando para eles. Um grande gato laranja, com
apenas um olho funcionando. A pálpebra aparecia afundada e selada
onde deveria ter havido outro olho.
Jeremy virou com um grande sorriso para Charlie. Apesar de seu
desconforto, aquele sorriso fez o calor da pele de Charlie aumentar
muito. As feições de Jeremy, o cabelo desarrumado da cor de
chocolate, os lábios cheios, olhos verdes pálidos, e vários piercings no
rosto, fez com que Charlie sentisse partes igualmente quentes e
instáveis – especialmente quando ele sorria, o que ele fazia o tempo
todo. Pelo menos até o ataque de ontem.
— Cara, — Jeremy sussurrou — Há um gato de um olho só
olhando para nós.
Os cantos da boca de Charlie se arquearam diante de sua
declaração.
— Percebi. Você acha que ele estava no prédio quando ele
desmoronou? — Tinha poeira e pequenos pedaços de detritos
cobrindo seu pelo.
Jeremy assentiu.
— Talvez. Eu o via por perto de vez em quando. Mas ele nunca
chegou tão perto antes. Eu nem sabia que ele tinha um olho só. Pobre
rapaz. — Lentamente, ele estendeu a mão — Vem aqui, gatinho.
O gato ficou tenso e os seus ouvidos se abaixaram. Jeremy se
esticou um pouco mais perto, e o gato correu pelo segundo andar.

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— Droga. — Disse Jeremy.
Charlie se levantou.
— Provavelmente ele está assustado com a explosão.
Jeremy ficou de pé, balançando a cabeça.
— Sim, ele não é o único. Então, sobre isso, obrigado. Ok? —
Aqueles olhos verdes pálidos brilharam com sinceridade.
Charlie franziu o cenho e se perguntou se Jeremy estava
parecendo totalmente normal, porque ele realmente se sentia normal,
ou se ele estava fingindo agir normalmente e ignorando o quase beijo
na sala.
— Uh, claro. — Charlie disse finalmente. Porque ele não tinha
ideia.
— Acho que é melhor voltar. — Disse Jeremy — Descer pode ser
mais difícil que subir, então vamos descer lentamente.
Charlie assentiu, e eles começaram a descer a pilha de
escombros. Á meio caminho do nível da rua, os tijolos deslizaram
abaixo de seus pés, e Charlie quase caiu. Mas Jeremy agarrou a mão
boa no tempo certo e o ajudou pelo resto do caminho.
Charlie tentou ignorar quão maldito bom era ter alguém para
segurar sua mão.
Foi uma reação incomum para ele. Depois que sua mãe morreu,
ele se escondeu de muitas maneiras, incluindo evitando ser tocado.
Seu pai nunca tinha sido meloso, mas sua mãe lhe tinha sufocado
com abraços e beijos. E então ela o deixou.
Becca tentou ser algo parecido com uma mãe para ele. Ela
realmente tinha tentado. Mas a morte de sua mãe lhe fazia sentir
como se ela tivesse deixado ele, ele não podia confiar em ninguém
para amá-lo também. Os computadores eram muito mais confiáveis
que as pessoas.
Quando chegaram à rua, Charlie deslizou sua mão livre da dele.

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— Obrigado. — Ele murmurou.
— Claro. — Disse Jeremy, passando as mãos pelos cabelos
escuros e rebeldes quando ele se virou em direção ao edifício,
passando o olhar sobre as ruínas da fachada mais uma vez.
Tão mau como Charlie se sentia por Jeremy, ele estava feliz em
saber que alguém havia entendido quão profundamente a sua vida
tinha sido virada de cabeça para baixo. Que era outra razão para que
Charlie não devesse ter tentado aquele beijo. Ele nunca tinha feito um
amigo tão facilmente, nem interagia tão confortavelmente como foi
com Jeremy. Esse tipo de amizade era raro e não se devia fazer nada
para prejudicá-la.
— Ok. — Jeremy disse para si mesmo. Ele se virou para Charlie,
então olhou novamente.
O gato alaranjado estava no topo da pilha de tijolos.
Jeremy estendeu as mãos como se o gato compreendesse os
gestos.
— Bem, você vem conosco, ou o quê?
O gato colocou as patas no topo dos tijolos como se para testar a
estabilidade. Mas ele parou na metade do caminho para baixo e os
olhou com desconfiança.
— Talvez se nós caminhássemos, ele vá nos seguir. — Disse
Charlie. Talvez o gato quisesse estar perto deles, mas não sabia como
confiar neles para realmente chegar perto. Jesus, isso soou familiar.
— Sim. — Jeremy disse, se aproximando do lado de Charlie. Eles
caminharam ao redor do entulho para a calçada que corria ao longo
do lado da rua do armazém em forma de L. Quando viraram a
esquina ao longo do lado não danificado, Jeremy olhou por cima do
ombro. — Você é um gênio. Nós estamos sendo perseguidos. — Ele
piscou.
Charlie olhou por cima do ombro.

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Com certeza, o gato estava vindo atrás deles, ocasionalmente
parando para avaliar seus arredores. Na outra extremidade do
edifício, eles acenaram para a câmera e esperaram o portão elétrico
abrir para deixá-los entrar, em seguida, viraram à esquerda no
caminho de cascalho. Alguns momentos depois, o gato espiou ao virar
da esquina.
Jeremy riu. Um dos sons favoritos de todos os tempos de Charlie.
Esse homem encontrou alegria em grande parte das pequenas coisas
da vida, e Charlie não podia deixar de admirar isso.
Eles viraram a esquina de volta para a entrada da Hard Ink, a loja
de tatuagem de Jeremy, e Jeremy digitou um código-chave que
destrancou a porta.
— Entre, rápido. — Disse Jeremy, e então ele se inclinou sob a
porta e a manteve aberta algumas polegadas. Ele gesticulou para
Charlie segui-lo e subiram os degraus de metal e concreto.
Mais uma vez, o gato seguiu os dois e parou no fundo da
escadaria.
Dessa vez, Charlie sorriu.
— O que você acha que Eileen vai fazer? — Eileen era uma filhote
de pastor alemão de três pernas que Becca tinha resgatado das ruas.
E a cadela era incrível.
— Não sei. — Disse Jeremy, enchendo seus olhos verdes com um
sorriso — Mas vai ser divertido de assistir. — Ele balançou as
sobrancelhas.
Duas portas depois estavam no patamar do segundo andar. Eles
transformaram o espaço do armazém cavernoso que tinha sido um
ginásio, em uma sala de guerra para a equipe e sala de jantar de
todos. Jeremy abriu a porta e deixou ela aberta.
Eles se esconderam atrás de uma estante grande cheia de
equipamentos de ginástica. Momentos depois, o gato enfiou a cabeça.

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Beckett Murda surgiu ao lado deles.
— O que está acontecendo? — Perguntou ele com uma voz
profunda, sem brincadeiras. O cara era estilo linebacker1 grande e
sempre sério. Se Beckett não tivesse envolvido em seu socorro,
Charlie estaria ainda mais intimidado por ele.
— Sshh. — Jeremy disse, ele não se intimidou pelo tamanho do
cara — Você verá. É só assistir.
O gato entrou, olhando eles com seu único olho amarelo grande,
e se escondeu deles atrás de outra estante.
— Sério? — Disse Beckett.
Jeremy sorriu e acenou com a cabeça.
— Cara. É um gato de um olho só. Ele se encaixa bem.
As cicatrizes ao redor do olho direito de Beckett se tornaram mais
pronunciadas quando seu olhar se estreitou, mas a porta do ginásio
se abriu de novo, cortando tudo o que ele estava prestes a dizer.
— Ei. Por que as portas estão encostadas? — Perguntou Kat,
chutando a porta aberta — A de baixo também estava encostada. Já
fechei. — A irmã mais nova de Jeremy chegou três dias antes e
Charlie não tinha nada além de respeito por ela, especialmente depois
que ela se instalou no topo do edifício ontem para ajudar a defendê-
los durante o ataque.
— Porque nós encontramos um gato. — Jeremy disse,
emocionado. Charlie olhou para longe por um momento, porque ele
tinha certeza de que todo mundo saberia como ele se sentia se
olhassem para Jeremy quando ele estava todo entusiasmado com
alguma coisa. O cara irradiava uma energia positiva que fazia Charlie
se sentir... Vivo.
Com a sobrancelha arqueada, Kat franziu o cenho para Beckett.

1 Posição do jogo de futebol americano, são defensores que se posicionam logo atrás da linha de defesa, ficando a umas 4 jardas da
linha de scrimmage. O objetivo geral dos linebacker é defender seu território contra passes curtos, fazer tackles, principalmente nos
Running Backs do time adversário, e atacar o Quarterback rival.

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— Você encontrou um gato, Trigger2? — Perguntou ela, o apelido
que resultava do fato de que Beckett havia, aparentemente, puxado a
arma para Kat a primeira vez que se encontraram.
Beckett olhou, balançou a cabeça, e se afastou.
Kat riu.
— Ele é tão fácil de irritar.
— O gato estava na outra metade do prédio. — Disse Jeremy —
Ele tem um olho só.
— Da explosão? — Perguntou Kat. Ela era bem mais baixa do que
Jeremy, mas fora isso, a semelhança familiar era clara. Cabelo
castanho chocolate, olhos verdes, uma especialidade em sarcasmo.
— Não. Parece que ele tem sido assim há algum tempo. Mas ele
nos seguiu para casa. Não é impressionante? — Perguntou Jeremy.
Kat riu.
— Você sempre foi o rei dos animais vadios, Jeremy. — Ela deu
um tapinha no braço dele, ficando nas pontas dos pés beijou sua
bochecha — Uma das muitas coisas que eu amo sobre você. Espero
que Nick não se importe. — Ela piscou e se afastou.
— Merda, não diga a ele ainda. — Jeremy falou.
Ela acenou.
— Boa sorte com isso.
Mais pessoas entraram no quarto, incluindo Nick. A semelhança
familiar entre os irmãos era clara, embora Nick fosse cerca de um
milhão de vezes mais sério do que Jer. Que, apesar do fato de que
Nick tinha pessoalmente carregado o corpo semiconsciente de Charlie
da sua prisão duas semanas antes, o fez muito intimidador, também.
Além disso, Charlie não podia se parar, e se perguntava o que o cara
iria pensar de seu interesse em seu irmão.

2 Tradução é: Gatilho. Referente ao movimento da arma. Foi deixado em inglês porque ficaria estranho a tradução.

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— Aí está você. — Disse Nick para Jeremy — Não posso acreditar
que você fugiu do nosso café da manhã comemorativo. Becca até
mesmo colocou lascas de chocolate nas panquecas.
Jeremy encolheu os ombros e o humor de momentos antes
desapareceu de seu rosto.
— Desculpa.
— Não se preocupe. — Disse Nick — Mas estamos nos reunindo
assim que todos terminarem de comer. Você vem?
— Sim, claro. — Disse Jeremy.
Charlie balançou a cabeça, sabendo que ele estaria ajudando
Marz a configurar computadores adicionais para que mais pessoas
pudessem trabalhar nos documentos que tinham descoberto no
microchip.
— Então vamos lá. — Disse Nick — Porque nós temos trabalho a
fazer.

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Capítulo 03
Jeremy queria desesperadamente alguns momentos mais
tranquilos com Charlie. Ele não achava que tinha imaginado o
embaraço do rapaz depois que seus telefones haviam interrompido o
quase beijo. Inferno, Charlie não tinha sequer conseguido olhar para
ele. Então Jeremy realmente tinha que dizer a ele que a única coisa
que lamentava era que não tinha acontecido.
Porque o coração de Jeremy ainda estava batendo rápido com o
quão perto tinha estado de ter algo que tinha procurado por semanas.
Se fechasse os olhos, quase podia sentir a respiração de Charlie
provocando seus lábios. E desde que ele estava bem atrás do banco
de Charlie na grande mesa improvisada de Marz, ele realmente podia
sentir o cheiro fresco, limpo do sabonete Ivory com o qual ele tinha
tomado banho.
Mas não havia uma maldita coisa que Jeremy poderia fazer agora.
Não quando eles estavam cercados pela equipe de Nick, todas suas
namoradas, e um punhado dos Ravens também. A única pessoa
ausente no seu grupo habitual era Ike Young, que havia trabalhado
como um tatuador para Jeremy nos últimos dois anos e também era
um Corvo. Ike tinha facilitado a aliança entre o clube de moto e a
equipe e foi trazendo o resto do clube para ajudá-los mais tarde nessa
manhã. Essa aliança tinha finalmente dado a Nick e seus rapazes a
mão de obra que precisavam para lutar contra a Gangue de Church
que tinha sequestrado Charlie, e uma empresa de segurança
chamada Seneka que eles só recentemente perceberam que estava de
alguma forma envolvida nisso.
— Ok, vamos começar. — Disse Nick, de pé em frente à mesa de
Marz. Seu olhar passou por cima do grupo — Nós temos muito em

23
nossos pratos hoje. — Ele contou nos dedos — Primeiro Marz e
Charlie vão fazer uma rede com mais computadores essa manhã para
que mais de nós possamos ler ao mesmo tempo os documentos que
descobrimos. Eu gostaria de todas as mãos envolvidas nisso, para que
possamos passar o máximo possível nos próximos dias e verificar o
que temos e como podemos usá-lo.
Acenos por toda a sala. Todos se ofereceram para ajudar. Jeremy
estava apenas contente de ter algo que pudesse fazer que realmente
contribuísse.
— Em segundo lugar, temos uma série de medidas de segurança
para colocar no lugar hoje. O detetive Vance estará aqui em breve
para montar bloqueios nas estradas em todo o bairro. A história
oficial é que um grande vazamento de gás causou a explosão de
ontem e a área deve ser isolada, enquanto as autoridades avaliam a
segurança e realizam manutenções. Ele acha que devemos manter
essa segurança por algumas semanas, especialmente porque essa
área é tão pouco povoada e não há muitas pessoas para protestar
contra as barreiras.
Kyler Vance era um detetive da polícia de Baltimore. Ele havia
conquistado a confiança da equipe depois de que o amigo de longa
data de Nick, investigador particular Miguel Olivero, atestou a favor
do cara. Vance tinha provado sua confiabilidade quando apareceu
para ajudar durante o ataque. Quando Miguel tinha sido morto a tiros
quando seus inimigos fugiram, Vance havia prometido ajudá-los como
podia, começando com a formação de uma história para cobrir a
explosão do edifício e da criação de um perímetro de segurança.
Nick suspirou e franziu a testa. Uma onda de tristeza atava o
estômago de Jeremy. Miguel tinha sido um bom amigo e uma espécie
de mentor para Nick desde sua dispensa do Exército. Mas essa
situação não permitia tempo para luto, não é? O pensamento de

24
Jeremy se voltou para Emilie Garza, que estava sentada em uma
cadeira dobrável atrás de Marz. Menos de vinte e quatro horas antes,
ela havia encontrado o corpo morto de seu irmão Manny em uma
sarjeta fora da Hard Ink. Seu irmão tinha trabalhado para os seus
inimigos, Seneka, que foi o que levou Marz para Emilie em primeiro
lugar. Mas Manny aparentemente tinha se tornado uma deficiência,
porque Seneka tinha o despejado na rua durante o ataque. Jeremy
não tinha certeza de que já tivesse visto nada mais angustiante que a
reação de Emilie.
— Em terceiro lugar, — Nick disse finalmente — Beckett está indo
configurar câmeras snipers3 em edifícios abandonados em toda a rua,
então nós temos uma chance melhor de ver o que está vindo para
nós. — Nick se virou para Jeremy — Você tem mais conhecimento do
que qualquer um dos arredores. Você vai ajudar Beckett?
— Absolutamente. — Jeremy disse, dando ao outro homem um
aceno de cabeça. Nesse ponto, não havia realmente nada que Nick
poderia pedir que Jeremy não desse para manter seu irmão e seus
amigos seguros. A língua de Jer tocou nas perfurações gêmeas em
seu lábio inferior quando ele começou a sessão de refletir sobre os
locais. Ele tinha explorado alguns dos edifícios abandonados no
bairro ao longo dos anos, e um lugar saltou à mente como uma boa
possibilidade.
Gesticulando em direção a Dare Kenyon, o presidente dos Ravens
Riders, Nick continuou:
— Kenyon vai ajudar com isso também, já que seus caras vão
tomar turnos com a gente. E ele vai trabalhar uma agenda detalhada
de segurança utilizando os seus homens e os nossos.
Alto, com cabelos longos e escuros, Dare sempre parecia sério e
reservado. Houve um silêncio sobre ele que revelava que estava

3 Telêmetros laser de uso militar que determinam a distância com grande precisão. Geralmente usado como câmera de uma arma.

25
sempre olhando, sempre observando, sempre avaliando. Ele era
agradável com Jeremy nas poucas ocasiões em que se encontraram,
Dare exalava uma vibração letal de perigo, que impunha respeito, se
não um pouco de medo — O resto do clube estará aqui em algumas
horas. — Disse ele, seu rosto em uma careta escura. Os Ravens
estavam em guerra depois que dois de seus homens morreram ontem.
Se eles soubessem que era por causa de Jeremy... — Então, nós
vamos estar em funcionamento até mais tarde hoje. — Nick assentiu
— Aprecio...
— Temos companhia. — Disse Marz, se estendendo e olhando
para um dos monitores. O olhar de Jeremy seguiu para a tela, que
mostrou Ike entrando pelo portão em sua Harley. Um capacete
escondeu a identidade de um passageiro atrás dele — Ike está aqui.
— Já? — Dare perguntou, franzindo o cenho ainda mais quando
ele trocou olhares com outro Corvo.
Momentos depois, Ike veio através da porta do ginásio, sua
cabeça calva tornando-o identificável, mesmo à distância. Jessica
Jakes que colocava piercing e fazia o que precisava fazer na Hard Ink
Tattoo o seguindo. Que diabos ela estava fazendo aqui?
A expressão de Ike estava tão irritada que era quase glacial,
enquanto Jess, geralmente cheia de gás, foi subjugada. Quase...
assustada?
Jeremy deu a volta na mesa. Além de terem sido seus
empregados nos últimos dois anos, eles também tinham se tornado
bons amigos. E algo estava definitivamente muito errado.
— O que está acontecendo? — Perguntou Jeremy, olhando de Ike
para Jess — Por que você está aqui? — Ele perguntou a Jess. Ele
tinha fechado sua loja para manter seus funcionários e clientes
seguros, então a última coisa que esperava era vê-la de volta aqui.

26
Ela colocou o cabelo ondulado preto atrás de uma orelha, o que
destacou uma das faixas vermelha brilhante que corria através dele, e
olhou para Ike.
— Alguém entrou na casa de Jess na noite passada. — Disse Ike
— Saquearam o lugar.
Jesus. Será que a loucura nunca iria parar?
— Você está bem? — Jeremy perguntou enquanto Nick deu um
passo ao lado dele.
Ela soltou um suspiro e assentiu.
— Eu me escondi em um espaço apertado na parte de trás do
meu armário do quarto até eles saíram, e então eu chamei Ike. —
Seus olhos castanhos cortaram para Jeremy — Eu sabia que vocês
estavam escondidos aqui depois do que aconteceu ontem.
Nick assentiu.
— Será que eles levaram alguma coisa?
Ike olhou para Nick com um olhar frio.
— Só seu computador.
— Isso não faz sentido. — Disse Jeremy, culpa inundando seu
intestino por uma razão totalmente nova.
— A menos que alguém saiba que ela trabalha para você. — disse
Nick. — E pensou que ela poderia saber algo sobre mim e sobre a
equipe.
— É por isso que eu a trouxe aqui. — Disse Ike — Eles não
roubam o suficiente para configurar um assalto, e a forma como eles
deixaram o lugar parecia que eles estavam procurando alguma coisa.
Jess se abraçou, a posição destacando a tatuagem colorida que
ela tinha em seus braços, um monte delas Jeremy e Ike que fizeram.
— Mas é isso. Eu não sei de nada. Inferno, nem sabia o que todos
vocês estavam fazendo aqui até que Jeremy me disse há alguns dias.

27
Sim, e essa conversa não tinha ido bem. Ele e Nick haviam
mentido para Jess e Jeremy tinha odiado. Eles tinham pensado que
ela estaria mais segura se ela permanecesse no escuro sobre a
investigação e sobre os inimigos da equipe. Em retrospectiva, Jeremy
deveria ter sabido melhor. Jess tinha deixado claro como cristal o que
ela achava do seu sigilo.
— Você viu as pessoas que arrombaram a sua casa? Eles
disseram alguma coisa? — Perguntou Nick.
— Eu não vi ninguém. — Disse Jess — Mas quando procuraram
em meu armário, um deles disse que precisavam de mim, seja lá o
que isso signifique.
Becca surgiu ao lado de Nick, e Jeremy pela milionésima vez
estava feliz que eles se encontraram em meio de todo esse caos.
Porque Becca era incrível e tão boa para o seu irmão.
— Isso parece o que aconteceu ao meu apartamento e ao de
Charlie uma vez. Alguém procurando por nós e por informações que
pensavam que nós tínhamos.
— Eu estava pensando a mesma coisa. — Disse Charlie em voz
baixa de seu assento na mesa.
— Merda. — Nick falou — Sim.
— Droga. — Ike disse em um tom próximo a um rosnado. Ele
esfregou as mãos sobre a cabeça careca.
O lábio inferior de Jess tremeu.
— E agora?
Jeremy não tinha visto Jess assim há anos, não desde que seu
pai tinha morrido dentro de alguns meses do seu início na Hard Ink, e
ele não conseguia segurar o sentimento de querer fazê-la se sentir
melhor por pelo menos um segundo. Ele puxou ela em seus braços e
acariciou a mão contra seu cabelo sedoso. Ela era tão pequena que a
cabeça apenas tocou a parte inferior do queixo.

28
— Por enquanto, fique aqui. Vou ajudá-la a deixar o seu lugar do
jeito que estava assim que isso acabar. Ok?
Com um aceno rápido Jess confirmou.
— Obrigada.
— Não é nada, Jess. — Seus músculos tremiam dentro do abraço
de Jeremy, e ficou claro que ela estava tentando com todas as forças
segurar sua emoção. Mas depois de ter sua casa arrombada e de ter
sido jogada na rua no meio da noite, quem iria culpá-la por cair em
pedaços? Ninguém aqui, isso era certo. Jeremy olhou para Ike. —
Obrigado por estar lá para ela homem.
Seu rosto ainda estava definido em uma carranca profunda, o
cara deu um único aceno apertado. Jeremy não ficou surpreso com o
quão bravo Ike parecia. Ele sempre foi o protetor de Jess.
— Sinto muito que você foi sugada nessa confusão. — Disse Nick,
se curvando para olhar em seus olhos.
— Obrigada. — Jess sussurrou. E a civilidade da sua troca,
quando eles normalmente se provocam até o enlouquecimento,
provou quão grave essa situação era.
Ike foi para Dare, e eles apertaram as mãos.
— Quando Jess chamou, eu vim para a cidade mais cedo. Mas os
outros caras virão por volta das onze.
Dare movimentou a cabeça, e olhou para Beckett.
— Isso vai nos dar tempo para configurar os vigias.
— Entendido. — Disse Beckett.
— Esperem um minuto. — Disse Nick — Antes que todos se
espalhem, quero que Marz mostre a vocês algo que ele vem
trabalhando. Marz?
— Vou projetar algumas imagens naquela parede. — Disse ele,
apontando para o trecho de tijolo que corria ao longo do lado da sua
mesa. Easy, e sua namorada Jenna e Beckett saíram da frente —

29
Essas são imagens que peguei a partir do vídeo de vigilância durante
o ataque de ontem. — Marz era o especialista em computadores da
equipe, e o cara de toda a equipe de Nick que Jeremy conseguiu
conhecer melhor. Ele era hilariante, dedicado ao ponto de até mesmo
passar noites em claro quando fazia as pesquisas que precisavam, e
quase sempre era otimista.
Imagens granuladas apareceram na parede ao lado de um
quadro gigante cheio com mapas, perguntas e listas de informações.
— Bem, isso não era uma ideia muito brilhante não é? — Disse
Marz, rindo para si mesmo.
O tijolo obscureceu as imagens que para Jeremy não puderam
realmente se distinguir sobre o que eram. Mas todas as paredes em
volta eram iguais, até o teto.
— Que tal isso? — Disse Jeremy, voltando para Marz — Posso
pegar sua cadeira?
— Claro, parceiro. O que você tem em mente? — Marz perguntou
enquanto se levantava. O ligeiro coxear era o resultado da prótese que
ele usava. A emboscada, que matou muitos dos caras na equipe de
FE4 de Nick, tinha reivindicado a metade inferior da perna direita de
Marz também.
Jeremy subiu na cadeira, pegou o pequeno cubo do projetor, e
direcionou para o chão de concreto de cor clara, bem no centro do
grupo. Muito mais claro.
— Você é um gênio Jeremy. — Marz disse, sorrindo.
— Mas, é claro. — Jeremy balançou as sobrancelhas e levantou o
projetor para ampliar a imagem. Todos se reuniram ao redor, os da
frente ficando de joelhos para que as pessoas de trás deles pudessem
ver.

4 Sigla para “Forças Especiais”.

30
— Ok, essas primeiras mostram que as placas dos três
Suburbans estão todas apagadas. — Disse Marz, alternando entre as
imagens. Cada um mostrou uma versão das coisas antes de seus
atacantes aparecerem com suas placas escuras — Portanto, não há
ligações ai. A apenas uma com informações. — Marz olhou por cima
do ombro para Emilie. A dupla trocou algum tipo de comunicação
silenciosa e, por fim, Emilie assentiu e desviou o olhar — Essa
imagem, — Marz disse, trocando de novo — mostra o momento em
que os atacantes dispararam contra um dos seus próprios parceiros.
— Um raio de luz era visível no lado mais distante no Suburban do
meio.
— Manny. — Nick disse em voz baixa, seu tom cheio de remorso
por Emilie. Mesmo que seu irmão tivesse sido seu inimigo, eles todos
acharam uma maneira de expressar suas simpatias por ela. Emilie
não tinha tido qualquer conhecimento das atividades criminosas de
Manny até que Marz e a equipe disseram a ela.
Marz assentiu.
— Sim. Isso foi claramente uma execução. — Pelo que Jeremy
havia compreendido, tanto as autoridades como a Gangue do Church,
estavam à caça de Manny depois que ele tinha ido para uma farra e
matado um policial e vários capangas da Church, então esses caras,
aparentemente, tinham decidido que ele havia se tornado um
problema. Era assustador imaginar o que eles fariam com Nick e a
sua equipe se isso era o que faziam com um dos seus próprios. Marz
colocou as imagens seguidas novamente — Agora, essa é a melhor
coisa que eu achei na revisão de todas as filmagens.
A imagem mostrava um homem disparando a partir do assento
traseiro de um dos Suburbans, uma arma automática em suas mãos.

31
— Se você olhar para o bíceps do rapaz, você verá que há uma
marca. — Disse Marz — Passei pelo menos uma hora tentando
ampliar e esclarecer que marca era essa, e isso é o que eu consegui.
A nova imagem que apareceu em destaque foi tirada de um
detalhe que era a marca. Todo mundo se inclinou. Parecia ser a
silhueta da cabeça de um homem.
— Sei que não é grande, mas quando emparelhei o alargamento
com essa imagem... — Um logotipo da cabeça com capacete de um
motoqueiro de perfil apareceu ao lado de fotografia de Marz — Acho
que se torna claro o que estamos olhando.
Murmúrios foram levantados no meio dos companheiros de Nick.
— Uma tatuagem do logotipo de uma empresa. — Disse Nick —
Filho da puta.
— Isso é a melhor evidência que temos, bem ali, — Disse Beckett,
se inclinando para comparar as imagens — que Seneka estava por
trás do ataque de ontem. O que só faz sentido se eles também
estavam envolvidos no que aconteceu conosco no Afeganistão.
Passando a mão escura sobre seu cabelo cortado rente a cabeça,
Easy assentiu.
— Sim. Porque, caso contrário, o que teria motivado Seneka para
atacar?
— Exatamente. — Disse Marz — Então, agora nós identificamos
Manny como agente da Seneka e pelo menos um dos outros atacantes
também.
— Finalmente estamos passando de provas puramente
circunstancial para um material concreto que podemos usar para
pegá-los. — Disse Shane, raiva fazendo o seu sotaque do sul um
pouco mais proeminente do que o habitual.
Marz assentiu e esfregou as mãos.

32
— Agora o que precisamos para colocar todos os detalhes juntos é
a informação no chip do coronel. — Todos assentiram ao redor —
Então, Charlie e eu vamos começar a trabalhar em uma rede de
máquinas e vou criar um sistema organizacional para manter o
controle de quais arquivos foram lidos.
— Podem fazer. — Disse Nick — Para todos os outros que não
tem uma tarefa imediata, essa manhã podem descansar. Ler esses
arquivos pode durar dias.
O grupo se dividiu em conversas paralelas, e Jeremy continuou a
segurar o projetor quando algumas pessoas da parte de trás vieram
para um olhar mais atento. Quando eles terminaram, ele finalmente
voltou o projetor para a mesa, baixou as mãos para os lados, e as
sacudiu para relaxar. Seus ombros tinham começado a doer por
segurar o projetor na mesma posição por tanto tempo. Olhando para
baixo, seu olhar se prendeu a Charlie, que estava dando ao corpo de
Jeremy uma boa e longa olhada.
Jeremy sentiu como uma carícia física, os olhos azuis de Charlie
pareciam se agarrar aos quadris, virilhas e coxas de Jeremy.
Puta merda. Existia tanto desejo irradiando do outro homem que
levou tudo o que Jeremy tinha para não descer da cadeira, puxar
Charlie em seus braços e beijá-lo até que nenhum deles conseguisse
respirar.
O olhar de Charlie foi para cima e colidiu com o de Jeremy. O
rosto do homem loiro ficou vermelho tomate e ele de repente fingiu
estar ocupado com alguns papéis sobre a mesa. O sangue correu para
o sul através do corpo de Jeremy, e ele pulou pra baixo da cadeira
antes que sua ereção se tornasse óbvia para todos na sala.
Havia apenas uma pessoa que ele gostaria de ter feito sua ereção
óbvia. Se ele não encontrasse uma maneira de ter Charlie sozinho em
breve, ele ia perder o controle. Ele realmente ia.

33
Jeremy esfregou as mãos sobre o rosto. Quando ele as deixou
cair, ele encontrou Jessica de pé ao lado dele, seu olhar colado ao
monitor do computador e a boca aberta.
Ele olhou para ela e para a tela, ainda preenchida com a imagem
da tatuagem aumentada ao lado do logotipo da Seneka e então
franziu a testa.
— Qual é o problema?
— Hum, eu não sei... — Ela balançou a cabeça — Isso não pode
estar acontecendo.
Um pavor frio serpenteou pela coluna de Jeremy.
— O que, Jess?
Ike apareceu do outro lado da mesa.
— O que está acontecendo? — Perguntou ele.
Foi então que Jeremy viu algo que ele nunca tinha visto antes: as
bochechas de Jess se encheram com um calor rosa brilhante. De
todas as coisas o que diabos a faria corar?
— Eu, uh... Sai com um homem que tinha uma tatuagem como
essa. — Ela finalmente disse.
— O quê? — Ike quase rugiu — Quando?
O estômago de Jeremy fez um lento caminho deslizando para o
chão. Por favor, diga que foi há muito tempo. Por favor, diga que foi...
— Sexta à noite. — Ela disse, as palavras quase num sussurro.

34
Capítulo 04
O estômago de Charlie ficou atado quando Jeremy gemeu. No
tempo que ele e Jer passaram juntos, Charlie tinha ouvido um milhão
de histórias de Jess, sobre como ela e Jeremy tinham se encontrado,
as brincadeiras que ela tinha jogado pra cima dele, ou que ele e Nick
tinham jogado sobre ela, e inúmeras histórias engraçadas de
convivência. Ela falou sobre eles o suficiente para que Charlie
assumisse que tinha alguma coisa acontecendo entre Jeremy e ela,
mas quando ele perguntou, Jeremy riu e disse que ele pensava nela
como uma irmã. Nada mais.
Mas isso era um pouco difícil de ter em mente quando ele a
abraçou e segurou alguns minutos antes, e quando ele puxou ela em
seus braços, como estava fazendo exatamente agora.
— Jesus, Jess. — Jeremy falou asperamente — De jeito nenhum
que isso tudo seja uma coincidência.
— Eu não sabia. — Ela disse, com uma voz firme.
— Claro que não. Não se preocupe. Hey Nick? — Disse Jeremy,
acenando para ele.
Franzindo a testa, Nick saiu de seu grupo e foi para eles.
— Qual o problema? — Perguntou Nick.
— Isso é estupidamente embaraçoso. — Disse Jess, enterrando
seu rosto no pescoço de Jeremy. E pro inferno se Charlie não se
sentia com um burro pelo ciúme que estava deslizando em seu
intestino. Mas, caramba, o que ele não daria para ficar no abraço
apertado de Jeremy...
Nick, Ike, e Jeremy formaram um círculo em volta de Jess, de tal
forma que Charlie não podia ouvir tudo o que estava sendo dito. Mas
ele ouviu o suficiente para ter a essência que um cara com uma

35
tatuagem da empresa Seneka tinha encontrado com ela em um bar
local na sexta-feira à noite, eles beberam alguns drinks e
conversaram, e então ela o trouxe para casa. E foi assim que ela viu
sua tatuagem.
— Então, você pode identificar esse cara se o visse de novo? —
Perguntou Nick.
— Claro. — Disse Jess.
— Era provavelmente por isso que eles vieram procurá-la na noite
passada. — Disse Ike — No outro dia do ataque ao Hard Ink, eles
foram amarrar as pontas soltas.
Uma rocha deslizou no estômago de Charlie, e ele se sentiu ainda
pior por seu ciúme momentos antes. Jess estava em apuros real.
— Jesus. — Nick passou a mão pelo cabelo — Isso é o que porra
parece.
— Eu estou levando-a daqui. — Disse Ike após outro momento.
— Mas ela ficará segura aqui. — Disse Jeremy — Com todos nós.
Ike negou com a cabeça.
— Vocês não têm combatentes suficientes por aqui. E eles estão
ativamente à procura de Jess. Não estou dando nenhuma chance de
encontrarem ela.
Charlie sabia exatamente o que se sentia ao ser alvejado e
perseguido. Depois que ele invadiu o banco em Cingapura, onde seu
pai tinha uma conta no valor de doze milhões de dólares e tentou
descobrir quem ou o que era o depositante WCE, ele percebeu que
alguém estava procurando por ele de volta. Ele tinha feito às malas
naquela noite e foi embora. Ele tinha passado a maior parte da
semana se deslocando de um motel para outro próximo até que
finalmente o pegaram, colocando-o na parte traseira de uma van, e o
jogaram no inferno.

36
— Merda. — Disse Nick — Talvez seja a hora de enfrentar essa
questão de uma vez por todas.
— Que questão? — Perguntou Jeremy.
Nick enfiou as mãos pelo cabelo e soltou um suspiro.
— Se devemos ou não enviar todos os civis para longe até que
isso acabe.
— O quê? — Disse Becca, chegando por trás Nick — Se eu cair na
coluna de civis, eu não quero ir a qualquer lugar.
As palavras dela chamaram a atenção, porque o quarto acalmou
de repente.
— O que está acontecendo? — Perguntou Shane, seu braço em
volta dos ombros de Sara. Com a ajuda de toda a equipe, ele tinha
resgatado Sara e sua irmã Jenna das garras da Gangue de Church
um pouco mais de uma semana antes, e agora Shane e Sara eram
inseparáveis.
— Nós temos uma situação e temos que tomar uma decisão. —
Disse Nick quando todos estavam reunidos em torno da mesa de Marz
novamente. — Parece que Seneka tem um alvo em Jess, por alguns
dias agora e ontem à noite ela sofreu um arrombamento em sua casa.
Essa situação está ficando cada vez mais terrível. Ike quer levar Jess
para fora daqui até a poeira baixar. O que me faz pensar se não
deveríamos enviar todos os civis para longe. Só até isso acabar.
O estômago de Charlie revirou. Será que eles o consideram um
civil? Ou ele iria ficar já que Marz precisava de sua ajuda com o lado
da cibernética de sua investigação? Uma coisa era certa, Charlie não
queria ir. Ele não queria deixar o grupo que havia salvado ele. E ele
com certeza não queria deixar Jeremy, o mais verdadeiro amigo que
ele teve em um longo tempo.
O silêncio se estendeu por um longo momento, e então todos
começaram a falar ao mesmo tempo.

37
— Eu não vou sair desde que há uma chance de qualquer um de
vocês precisarem de tratamento médico. — Disse Becca. Ela era uma
enfermeira do Pronto-Socorro e tinha trabalhado com Shane que
tinha treinamento médico do Exército, sempre que algum deles se
machucou. O que era frequente. Inferno, Shane e Easy ainda usavam
ataduras de ferimentos a bala que tinha recebido em um tiroteio com
o irmão de Emilie em sua casa dois dias antes.
— Nós podemos ser civis, Nick, — Kat disse — mas ainda
podemos ajudar. Você vai precisar de ajuda nos poleiros dos
atiradores, por exemplo.
Sara empurrou os cabelos vermelhos e longos atrás das orelhas.
— Não quero sair. Pensei que o objetivo do bloqueio do Detetive
de Vance era para que todos nós pudéssemos ficar aqui. Juntos.
Entre ambos os homens e mulheres, um coro de acordo se
levantou em apoio à permanência.
— Ok, ok. — Disse Nick — Não quero nos dividir também, mas
valeu a pena a discussão. — Ele puxou Becca contra ele e beijou sua
testa. Alívio inundou Charlie com as palavras de Nick.
— Bem, eu não me importo de ir. — Disse Jess, olhando de Nick
para Jeremy — Sinto muito. Mas a noite passada realmente me
assustou. Eu tinha tanta certeza que eles iam me encontrar, e
então... — Ela balançou a cabeça — Eu não posso sequer imaginar o
que teria acontecido se eles tivessem.
— Mas para onde você vai? — Perguntou Jeremy, pegando sua
mão.
— Para o meu lugar fora da cidade, — Disse Ike. — Ninguém além
dos Ravens sabe sobre ele, por isso é uma boa casa e segura.
Jess assentiu.
— Você tem certeza que você não se importa, Ike?
Seu olhar se estreitou e sua mandíbula ficou marcada.

38
— Vamos. Agora.
Jess se virou para Jeremy.
— Tenha cuidado. — Ela sussurrou enquanto jogou os braços em
volta do pescoço dele. Ela fez o mesmo com Nick.
Ike foi em direção a Dare, mas Charlie não conseguiu ouvir a sua
troca. E, em seguida, Ike e Jess disseram suas despedidas finais e
saíram.
— Jesus. — Jeremy disse, esfregando a testa.
Charlie desejou que ele fosse corajoso o suficiente para ir para o
cara e lhe oferecer um abraço, porque parecia que ele estava
morrendo por um.
— Sinto muito. — Disse Charlie, olhando para o belo rosto de
Jeremy.
Jeremy lhe deu um aceno de cabeça.
— Obrigado. Isso não acaba, não é?
Charlie levantou para ficar na frente de Jeremy, e ele teve de
enrolar os punhos contra o desejo de descansá-los no peito de Jeremy
ou enrolá-las em torno de seu pescoço.
— Vai acabar uma hora. Não desista.
Os olhos verdes e pálidos de Jeremy olharam para Charlie por um
longo momento, e então ele respirou fundo e assentiu.
— Não vou. Obrigado. — Jeremy lhe deu um olhar que parecia
que queria dizer algo mais, mas em vez disso ele simplesmente lhe
bateu no ombro.
O calor do toque de Jer, casual como era, acendeu um fogo lento
por todo o corpo de Charlie. Depois de ficar tão perto de beijar
Jeremy, ele não conseguia controlar seu desejo quando o outro
homem estava envolvido.
— Tudo bem, vá relaxar por um tempo. — Disse Nick, tirando
Charlie de seus pensamentos — Marz e Charlie vão deixar você saber

39
quando eles estiverem prontos para as pessoas mergulharem nos
documentos. E Beckett, Jeremy, e Dare vão configurar os snipers. —
Nick passou a mão pelo cabelo. Seu outro braço permaneceu em volta
de Becca.
Pela primeira vez, Charlie invejava o que eles tinham, como era
fácil, como era natural, como era aberto. Por mais que Nick fosse um
osso duro de roer como era, ele nunca hesitou em mostrar sua afeição
na frente dos outros caras.
Charlie queria isso. Ele queria a aceitação, esse desejo, essa
união. Apenas uma vez em sua vida.
O quarto finalmente ficou livre, exceto para Marz, Emilie, Nick e
Kat, que permaneceram no outro lado da mesa.
— Ei, Charlie? — Disse Kat — Você tem um minuto?
Ele teve que resistir ao impulso de olhar ao redor e se certificar de
que ela estava realmente falando com ele. Ele não podia imaginar o
que Kat queria.
— Uh, com certeza. — Charlie virou a mesa, mas ela o chamou
para segui-la para o outro lado da sala onde eles estariam mais
sozinhos.
— Só queria perguntar se Jeremy está bem. — Disse ela, a
preocupação enchendo seus olhos. Eles eram um verde mais
brilhante do que os de seus irmãos, e o calor se arrastou até o
pescoço de Charlie com a comparação.
— Acho que ele está. — Charlie disse.
— Ele está se culpando pela morte dos Ravens quando o teto
desabou? — Charlie não tinha certeza do que sua expressão
demonstrou, mas, em seguida, Kat franziu o cenho e disse: — Merda.
Ele está, não é?
— Sim. Mas tentei falar com ele sobre isso. E vou continuar
falando. — Disse Charlie.

40
Kat apertou seu braço.
— Por favor, faça isso. Obrigada. Você é bom para ele.
— O que? Por que você... — Ele balançou a cabeça quando as
paredes pareciam se fechar sobre eles.
— Ah, sinto muito. Eu não queria envergonhá-lo. Eu apenas
pensei... — Ela encolheu os ombros.
— O quê? — Perguntou ele, o calor enchendo seu rosto.
Ela olhou para ele um longo momento, e depois se aproximou
— Se vocês dois estão interessados um no outro, eu acho isso
muito legal. Isso é tudo.
Reações distintas percorreram Charlie; surpresa, animação com
sua aprovação e aceitação, e embaraço por que ela tinha notado seu
interesse. Todos notaram?
— Uh. Ok.
— Você é muito bonito. — Disse ela — Não me admira que ele
goste de você.
Por que o chão não se abria para engoli-lo agora? Exceto, que ele
não podia ouvir a resposta para a pergunta que ele estava morrendo
de vontade de perguntar.
— Por que você acha isso?
Ela sorriu.
— A maneira como ele gravita para você. A maneira como ele olha
para você, especialmente quando você não está olhando. E o fato de
que ele falou com você sobre o que aconteceu ontem, quando ele não
falou comigo ou com Nick. E nós dois tentamos.
— Oh. — O cérebro de Charlie lutou para processar tudo o que
ela tinha dito.
— Vou falar com você mais tarde. — Ela disse, quando ele não
disse mais nada.

41
Por um longo momento, Charlie estava ali, realmente pasmo. Kat
pensou que Jeremy gostava dele? E que Charlie era bom para Jeremy?
Seu estômago revirou novamente.
— Ei, Charlie? — Marz chamou do outro lado do ginásio.
As palavras o tiraram de seu estupor e Charlie cruzou o espaço e
esperava que os outros não percebessem quão chocado ele sentia.
— Eu estou aqui. — Disse ele.
— Bom que esteja. — Disse Marz — Então me ajude a chutar
alguns traseiros de computador?
Charlie sorriu. Marz sempre teve um jeito com as palavras, e sua
natureza descontraída e alegre deixava Charlie à vontade. Assim como
o fato de que ambos trabalhavam no mesmo campo. Deu a ele um
ponto de interesse em comum com Marz que Charlie não encontrou
com muitas pessoas na vida.
E foi aí que Charlie percebeu que uma das piores situações de
sua vida – ser sequestrado e torturado – o levara a uma das melhores
situações. Antes de ser pego pela Gangue do Church, a maior parte
da vida de Charlie consistia em fazer seus serviços de consultoria de
segurança de computadores de seu apartamento no porão. Ele tinha
estado sozinho quase todo o tempo. Agora, ele tinha mais amigos e,
francamente, mais do que qualquer interação humana básica que ele
já tivera tido em toda sua vida. E ele não queria perder isso.
— Sim. — Disse Charlie — Detonador de computadores presente.

— Essa foi à segunda localização que eu tinha em mente. — Disse


Jeremy a Beckett quando eles entraram no quarto andar do armazém
abandonado na diagonal da intersecção da Hard Ink. Eles já tinham

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escolhido o primeiro local que era o quinto andar de outro prédio
abandonado que ficava a uma quadra da rua e permitia uma visão
panorâmica da Eastern Avenue, a principal artéria do bairro de
Jeremy.
Beckett e Dare cruzaram para as janelas, que há muito tempo
haviam perdido seus painéis de vidro. Beckett assentiu.
— Ponto de vista perfeito da Hard Ink e dá possibilidade de duas
direções.
Dare assentiu.
— Você pode até ver os obstáculos. — Disse ele, apontando para
algo ao longe.
Jeremy se aproximou e viu um caminhão de descarga de roupas a
cerca de três quarteirões para baixo. Adivinhando que era o Detetive
Vance que tinha seguido o combinado. Olhando para Dare, Jeremy
percebeu que seu olhar tinha travado em algo muito mais perto. A
avalanche de escombros ainda empilhados na frente da seção
reduzida do edifício da Hard Ink.
Uma rocha formou no intestino de Jeremy. Desse ponto de vista,
todo o edifício era visível a partir do telhado para baixo. Seu estômago
revirou como se tivesse acabado de estar na crista da mais alta, da
mais nítida colina em uma montanha russa. Porque ele estava em pé
sobre uma parte do telhado que não existia mais. E ele quase caiu
para a morte.
Assim como outros dois homens tinham estado.
As palavras saíram da boca de Jeremy antes mesmo de ter
pensado em dizê-las.
— Sinto muito que seus homens morreram Dare. É tudo culpa
minha.
Os olhos quase negros de Dare olharam para Jeremy.
— O que você quer dizer?

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Longe de Dare, os olhos azuis de Beckett olharam para Jeremy,
deixando claro que Beckett também esperava pela resposta.
— Eu congelei. Quando aconteceu. Se eu tivesse reagido mais
rápido, inferno, se eu tivesse reagido, Nick poderia ter chegado a eles
e não precisa chegar a mim. — Uma leveza estranha caiu sobre
Jeremy na admissão de sua culpa para o homem mais propenso a
querer fazer algo para ele, assim como seus músculos se prepararam
para as consequências.
Dare estreitou seu olhar, mas, em seguida, ele sacudiu a cabeça.
— A vida faz algumas merdas ás vezes. Harvey e Creed tiveram
seu destino. Isso não é culpa sua. — Ele se afastou da janela, como se
isso resolvesse a questão.
Jeremy deu um longo suspiro. De alguma forma, ele se sentiu ao
mesmo tempo aliviado e confuso. Aliviado por não ter nenhuma
justiça do motoclube sobre ele, mas confuso pra caralho do porquê de
sua confissão e o aparente perdão de Dare não terem feito ele se
sentir muito melhor.
Beckett olhou para ele por um longo momento, um olhar azul
penetrante que fez Jeremy querer se contorcer. Finalmente, Beckett
se afastou.
— Sim. Acho que você acertou essa localização. Nem mesmo
precisa o trabalho de ver outro local. — Eles tiveram que transportar
os detritos para longe das duas janelas que eles queriam usar no
outro edifício, e escorar o teto sobre a janela que lhes deu a melhor
visão da rua da Hard Ink.
Só então, um rugido distante retumbou de algum lugar próximo.
— Parece que o resto do clube chegou. — Dare disse — Deu?
Beckett assentiu.
— Jeremy e eu podemos cuidar do posicionamento entre os
espaços.

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— Bom o suficiente. — Dare disse, e então ele desapareceu na
escada. O som de suas botas ecoaram contra o concreto e o aço.
Esfregando uma mão pelo cabelo loiro escuro curto, Beckett se
virou para ele.
— Você, uh, falou com alguém? Sobre isso? — Ele perguntou,
apontando para a janela.
Jeremy franziu a testa e abaixou seu queixo. Nick e Kat tinham
ido ao seu quarto para tentar falar com ele ontem à tarde, mas, na
verdade, o que eles queriam era falar para ele que não era sua culpa?
Mas quem mais sobrava para conversar?
Charlie. E Charlie tinha estado lá, então ele sabia o que tinha
acontecido. Tinha experimentado em primeira mão. Sabia o que era.
Balançando a cabeça, Jeremy enfiou as mãos nos bolsos das
calças jeans e disse:
— Não muito.
Beckett suspirou.
— Olha, sou uma merda em... você sabe... — Ele acenou como se
procurasse a palavra e esperasse que Jeremy fosse entender.
— Interação social? — Jeremy ofereceu com uma piscadela.
Com uma risada, Beckett assentiu.
— Sim, isso. A porra do sarcasmo dos Rixey. Nunca termina, né?
Jeremy sorriu, não só porque Beckett tinha involuntariamente
aliviado seu humor, mas porque ele sabia que outra Rixey tinha
descarregado todos os tipos de sacarmos dos Rixey em Beckett nos
últimos dias. A irmã dele.
— Não, Trigger. — Disse ele, usando o apelido de Kat para o
grandalhão — Nunca acaba.
— Ah, pelo amor de Deus. Maldito Trigger. Não foi minha culpa
que ela...

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— Eu sei. Eu sei. — Disse Jeremy, rindo. — Sabe que quanto
mais você se irritar, mais ela vai ir atrás, certo? É parte da diversão.
Beckett fez uma careta, a expressão aprofundando as cicatrizes
em torno de seu olho direito.
— Sim, bem... ela não me chateia. Portanto isso não é um
problema. — Ele foi para a escada — Vamos.
— Uh-huh. — Jeremy murmurou para si mesmo, ainda sorrindo
— Se você diz.
— Eu digo. — Disse Beckett, começando a descer — Podemos
parar com o momento de segredinhos agora?
Jeremy manteve sua diversão para si mesmo quando seguiu
Beckett para baixo, porque lhe parecia que Kat já tinha chegado
muito longe, debaixo de sua pele e o grandalhão só não sabia.
Não que Jeremy podia falar alguma coisa quando ele mesmo
deixou alguém ficar sob sua pele. Porque Charlie estava
definitivamente sob a sua. A única diferença era que Jeremy queria
Charlie lá e absolutamente planejava fazer algo sobre isso.

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Capítulo 05
Depois dele e Beckett terem carregado todos os suplementes em
sacos de dormir: snipers, água mineral, lanches, munições, e
binóculos – ambos de regulação e de visão noturna – Jeremy voltou
para o ginásio para ver em quais outras coisas ele poderia ajudar. E
descobriu quatro novos computadores configurados em um par de
mesas dobráveis e Becca, Sara, Jenna, e Kat já na leitura dos
documentos sobre elas.
Quem ele não encontrou foi Charlie.
— Precisa de mim para qualquer coisa agora, Marz? — Perguntou
Jeremy.
O cara passou a mão pelo cabelo marrom e, em seguida, ele
sacudiu a cabeça.
— Não. Parece que temos tudo sobre controle por pelo menos uns
cinco minutos. — Marz piscou.
— Nick está com Vance? — Perguntou, querendo algo para fazer.
Contribuir de alguma forma.
— Sim. A cidade enviou uma equipe inteira de trabalhadores e
parece que eles estão fazendo um bom progresso. — Marz estalou um
pretzel em sua boca — Os observadores estão todos prontos?
Jeremy assentiu.
— Prontos para ir.
— Me mostre onde. — Marz disse, saindo para o lado para que ele
pudesse ver a tela do computador. Um mapa do bairro apareceu.
— O que são aqueles pequenos ícones? — Perguntou Jeremy,
olhando para cerca de meia dúzia ou mais de círculos pretos que
corriam pela rua.

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— Nossas câmeras de segurança. — Ele comeu outro pretzel, em
seguida, esfregou as mãos — Ok. Onde eles estão?
Jeremy apontou os dois locais, e Marz os marcou com um
símbolo de globo ocular.
— Muito sugestivo.
— Certo? — Disse Marz com uma risada.
— Então, uh, onde está Charlie? — Perguntou Jeremy.
— A mão dele estava incomodando. Assim que botamos os novos
computadores em funcionamento, Becca e eu o encurralamos para
fazer uma pausa. — Disse Marz — O cara sofreu uma amputação há
apenas duas semanas. Ele precisava de algum tempo de inatividade.
— Oh. Droga. Espero que ele esteja bem. — Jeremy disse, a
preocupação rastejando em seu intestino. Ele passou muitas horas ao
lado da cama de Charlie nos dias após o seu resgate. O local da
amputação tinha sido infectado e Charlie tinha muito rapidamente
ficado em uma febre alta que os fez perceber que precisava de
tratamento adicional. Tinha sido sério, e muito assustador por alguns
dias.
— Ele tomou alguns medicamentos, então tenho certeza que
estará. Mas aposto que ele iria gostar de alguma visita. — Marz disse,
sorrindo.
Jeremy estava imaginando isso, ou aquele sorriso estava apenas
um pouco mais sugestivo do que o normal? Jeremy arqueou uma
sobrancelha para ele, e Marz riu. Balançando a cabeça e dando
risadas, Jeremy disse:
— É uma coisa boa que sou a suprema grande companhia então.
— Ele se virou para ir.
— Não faça nada que eu não faria. — Disse Marz, seu tom
gotejando com insinuações.
Jeremy sorriu por cima do ombro.

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— Você meio que deixa o campo de jogo bem amplo, não é?
Marz riu e concordou.
Enquanto era sempre muito bom ter o apoio de um amigo,
Jeremy realmente não ligava para o que pensavam sobre quem ele se
relacionava. Antes ele dava atenção ao que pessoas idiotas acham
sobre ele sair com homens. Mas acabou desistindo de dar atenção a
elas. Você vai em frente, tendo bons momentos, cuidando da sua
própria vida, quando a intolerância de alguém aparece e lhe bate na
cara. Como no tempo que ele ainda trabalhava para a loja de outra
pessoa, quando um cliente se recusou a deixar Jeremy fazer a sua
tatuagem porque tinha visto ele com outro homem. Essa merda não
apenas doeu, isso fodeu com a sua subsistência. Felizmente, o seu
empregador e mentor Aleck — o cara que fez ele ver que seu
conhecimento em arte encontrava uma saída na tatuagem — e sem
aguentar essa merda de comportamento, pediu ao idiota para sair.
Não que Jeremy esperava que acontecesse algo parecido com
esses caras. Não quando Nick tinha sido sempre tão legal com o que
Jeremy escolheu ser. E não quando toda a equipe tinha aceitado tão
bem Charlie — porra, arriscaram suas vidas para salvá-lo — mesmo
sabendo que ele era gay e que seu pai era o ex-comandante da equipe.
Nenhum deles tinha pensado duas vezes. Na verdade, as únicas
murmurações que Jeremy tinha ouvido foram de decepção pela
opinião do coronel.
Ainda assim, não iria colocar a carroça na frente dos bois, ia?
Provavelmente sim. Mas tinha um jeito de corrigir isso, não tinha?
De volta ao seu apartamento, Jeremy entrou no grande espaço
aberto que compunham a combinação de cozinha e sala de estar.
Com suas paredes de tijolos expostos, teto industrial inacabado, e
sofás de couro grandes; o seu quarto era o seu lugar favorito em todo
o lugar. Transformar uma fábrica abandonada em um apartamento —

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até agora — era algo que o deixou extremamente orgulhoso. Ele
precisou desenhar, pintar, reformar e construir a partir do zero, mas
sempre amou pôr a mão na massa, e comprar esse edifício tinha
pressionado cada um desses botões.
Normalmente, as grandes janelas que se estendiam até o teto
significavam que também estava recebendo bastante luz, mas tinha
cortinas opacas suspensas para mascarar a sua presença no edifício
dos olhos externos. Jeremy não podia imaginar — ou, pelo menos,
não queria imaginar — o que poderia ter acontecido durante o ataque,
se não tivesse tomado à precaução de fazer com que parecesse que a
outra metade do prédio era a parte habitada e essa metade estava
abandonada e vazia.
Passando a grande ilha da cozinha, Jeremy seguiu para o
corredor que levava a todos os quartos. Seu pulso acelerou com a
ideia de ver Charlie, de tocá-lo, beijá-lo. Afinal Jer quase tinha
morrido ontem, então já era tempo para isso, maldição.
Ele parou na frente da porta do quarto de Charlie, respirou fundo
e bateu.
A porta se abriu e mostrou o brilho ofuscante de uma lâmpada de
cabeceira que era a única luz no quarto.
— Hey. — Disse Charlie. Ele baixou o olhar e deu um passo para
trás, como se estivesse convidando Jeremy para entrar, mas
desconfortável por fazer isso.
Jeremy não estava aceitando isso nem mais um segundo. Em
dois passos tinha Charlie em seus braços, corpos juntos, e sua boca
firmemente, possessivamente, e sem reservas reivindicando Charlie.
Enterrando as mãos nos longos fios do cabelo macio de Charlie,
Jeremy devorou seus lábios e quase gemeu quando ele abriu a boca,
permitindo que Jeremy aprofundasse o beijo. Charlie tinha gosto doce
de tentação, inocência, e Jeremy queria consumir até a última gota.

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Ele acariciou e chupou a língua de Charlie, apertou as mãos em seu
cabelo, e puxou seus corpos apertados até que Jeremy só podia sentir
o seu gosto e cheiro.
Charlie gemeu profundamente em sua garganta, e o som foi um
tiro certo direto para o pau de Jeremy, o deixando duro em um
instante. Jeremy não estava sozinho nisso. A maneira como eles
estavam pressionados juntos tornou claro que Charlie queria isso
tanto quanto ele. Quando as mãos de Charlie foram para os quadris
de Jeremy, lentamente em seguida, tatearam seus braços e depois
sua bunda, Jeremy gemeu e finalmente teve que quebrar o beijo ou
corria o risco de acabar antes mesmo de realmente ter começado.
— Jesus, Charlie. Eu estava morrendo para fazer isso por tanto
tempo. — Disse Jeremy, segurando a bochecha de Charlie. A barba
por fazer fazia cócegas na palma da mão de Jeremy, e essa aspereza,
a dureza, era uma das coisas que ele mais amava sobre estar com um
homem.
— Você estava? — Charlie murmurou, sua mão boa apertando a
camisa de Jer.
— Sim, porra. Só não tinha certeza de por onde começar até essa
manhã. — Jeremy capturou o lábio inferior de Charlie entre o seu e
chupou puxando-o até que o quadril de Charlie empurrou contra o
dele. O movimento esfregou seus pênis através dos jeans, e o atrito
era tanto que roubava o fôlego, mas não era o suficiente.
Jeremy mordiscou e beijou a mandíbula de Charlie, a garganta, o
ponto sensível atrás da orelha. A mão de Charlie agarrou a cabeça de
Jeremy, segurando-o e incentivando-o a não parar.
— Ah, Deus. — Charlie gemeu — Jeremy.
Porra, Jeremy adorava o som de seu nome nos lábios de Charlie.
Ele passou a língua pelo lado da garganta de Charlie até que alcançou
o tendão que se estendia até o ombro.

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— Nós podemos... uh...
Jeremy se afastou para que pudesse olhar nos olhos de Charlie.
— O que?
O olhar de Charlie correu em direção à porta aberta. Ele nem
sequer tinha de expressar as palavras, porque o desconforto dele ficou
aparente.
— Droga, sinto muito. Não estava pensando... — Jeremy disse
quando foi e fechou a porta — Pelo menos, não sobre isso. — Piscou.
Um calor correu para as bochechas de Charlie.
— Está bem. É só que... — Ele encolheu os ombros. — Eu...
Querendo deixá-lo à vontade, Jeremy colocou sua mão ao redor
do pescoço de Charlie.
— Não há necessidade de explicar, Charlie. Não tenho nenhum
interesse em partilhar o meu primeiro beijo com você com mais
ninguém também.
Charlie sorriu, e era uma coisa tão rara de se ver. Isso iluminou
totalmente Jeremy por dentro.
— Você está bem com isso? E você está se sentindo bem? Marz
disse que sua mão estava doendo. — Jeremy disse, não queria levar
Charlie a qualquer lugar que não estivesse pronto para ir,
especialmente se ele não estivesse se sentindo bem.
— Estou bem. — Disse Charlie, deixando cair seu olhar — Não
quero que isso acabe. Sinto muito se você ficou preocupado com...
Jeremy beijou Charlie novamente, cortando as palavras e
esperando, ao mesmo tempo, dissipar suas preocupações. Porque
Jeremy não estava preocupado. Não por um longo tempo. Ele
empurrou Charlie um passo para trás, depois outro, até que suas
costas bateram na parede. O mais delicioso gemido se derramou para
fora da boca de Charlie. Jeremy poderia ter vivido com aqueles
gemidos e não se importaria.

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O beijo foi aumentando de intensidade. Eles mordiscaram,
sugaram, penetraram, e recuaram até que ambos estavam sem fôlego
e quentes e tão excitados que quase machucava. As mãos deles
agarraram e acariciaram e exploraram seus quadris pressionando e
empurrando. Os sons das respirações ofegantes e dos gemidos
encheram a sala.
— O que você quer, Charlie? — Jeremy sussurrou ao redor da
boca dele em seu beijo.
— Eu... eu não tenho certeza... — Disse ele, seus olhos azuis
implorando. — Somente... Mais.
Jeremy apertou os lábios no ouvido de Charlie.
— Posso te tocar?
Charlie assentiu.
— Sim.
— Em qualquer lugar? — Perguntou Jeremy.
Um arrepio passou sobre o corpo de Charlie. E maldição se isso
não era sexy pra caralho.
— Por favor. — Ele sussurrou.
Lentamente, Jeremy passou as mãos pelo peito de Charlie, então
em seus braços, até que ele finalmente poderia fazer o que desejava
fazer essa manhã: tirar a blusa dele e tocá-lo pele com pele.
Charlie respirou fundo com o contato, e o som um tanto excitado
o advertiu para não ir muito rápido. Ele não tinha ideia de que tipo de
experiência Charlie pode ter em seu currículo, mas não perecia o tipo
de cara que curtia sexo casual. Ao contrário de Jeremy, para quem o
sexo era, sem dúvida, a sua forma favorita de exercício. Não há uma
razão melhor para se ficar quente e suado.
Ele arrastou as pontas dos dedos subindo o estômago de Charlie
em seu peito, amando a sensação de seus músculos saltando e se
contorcendo, até que expôs seus mamilos, um fino cabelo louro claro

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cobriu o centro do peito do homem, e Jeremy lambeu os lábios
quando um desejo de saborear o inundou.
— Tira isso. — Disse Jeremy. Eles tiraram a camisa juntos.
— A sua também. — Charlie disse, suas palavras instáveis como
se ele estivesse nervoso, ou inseguro.
Jeremy abandonou sua camisa em um instante, e sua pele se
aqueceu com a forma como o olhar de Charlie pareceu beber toda a
arte que cobria o corpo de Jer.
— Olhe para mim. — Disse Jeremy, os olhos azuis travando nos
seus — Como posso deixa-lo à vontade? Porque você não tem que
ficar desconfortável comigo. Tem algo a dizer? Vou ouvir. Quer algo?
Peça. Precisa de algo? Terei prazer em lhe dar. Toda vez.
— Ok. — Disse Charlie, sua língua passando rapidamente sobre
seu lábio inferior — Então não pare.
O sorriso dele foi imediato.
— Não vou. — Disse Jeremy, pressionando um beijo nos lábios de
Charlie, no pescoço e na clavícula. Sua língua estalou em um mamilo
duro, ao mesmo tempo em que suas mãos caíram no botão das calças
jeans de Charlie. Jeremy arrastou o zíper para baixo. Lentamente.
Juntos, eles empurraram os jeans e boxers para baixo.
— Oh, Deus. — A cabeça de Charlie caiu contra a parede,
enquanto sua ereção saltou na mão de Jeremy.
E pela. Porra. Do inferno.
Charlie era grande.
Ele tinha uns bons vinte e cinco centímetros de longo pau duro e
quente. Foi como aprender que os unicórnios eram reais.
— Jesus, Charlie. — Jeremy murmurou, foi para trás o suficiente
para olhar para baixo entre eles — Seu pau é uma coisa bonita do
caralho. Vou precisar das duas mãos para lhe acariciar corretamente.
— Ele agarrou o pênis de Charlie apertado em ambas às mãos e

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torceu seus pulsos enquanto acariciava. Jeremy não poderia evitar,
mas se perguntou como seria ter esse monstro dentro dele. Porque
enquanto saboreou o prazer do pênis de outro homem em sua boca,
ele nunca tinha ido tão fundo antes. Ele nunca tinha sentido tanto
por um homem para dar essa parte de si.
O gemido que rasgou da garganta de Charlie quando Jeremy
trabalhou as mãos para cima e para baixo no seu eixo era a coisa
mais doce.
— Espere, espere, espere. — Disse Charlie — Vai me fazer gozar.
Jeremy sorriu e deu a Charlie um beijo prolongado.
— Esse é o plano.
— Mas eu... — Charlie engoliu em seco e sua mão puxou a calça
jeans de Jeremy — Quero que você goze também.
— Sim?
— Sim. — Disse Charlie. Ele conseguiu abrir o botão do jeans de
Jeremy com apenas um braço, e, em seguida, Jeremy empurrou seu
jeans para baixo sobre seus quadris. O olhar de Charlie monitorava
cada movimento seu — Oh, inferno, você está sem cueca. E você tem
uma... um... — Os olhos arregalados dele foram para Jeremy.
Jeremy piscou e levou seu pau na mão, acariciando-o quando
Charlie observava. Ele era menor que Charlie, mas mais grosso, e
tinha dois anéis, uma barra circular azul e do outro lado um anel
prisioneiro do grânulo prata, pendurado da ponta do seu pênis.
— Um Prince Albert5. Bem, dois deles.
— Isso não dói? — Ele perguntou e seu olhar travou no
movimento da mão de Jeremy.
— Não é tão ruim. E isso me fez muito mais sensível o que valeu a
pena. — Jeremy sacudiu o polegar sobre os piercings em um
movimento ascendente.
5 É um tipo de piercing genital ou adorno em forma de anel colocado na extremidade da glande através da uretra, saindo pelo freio,
logo abaixo da glande por um pequeno orifício. Não é necessário ser circuncidado para ter um, mas o prepúcio pode atrapalhar na
manutenção e no uso cotidiano.

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— Eu posso... — Charlie estendeu a mão para ele.
— Sim. Me toque. — Disse Jeremy, puxando os dedos de Charlie
mais perto. Um gemido rasgou a garganta de Jeremy no primeiro
aperto quente e firme da mão de Charlie ao redor de seu pênis — Sim,
me foda.
Sua mão agarrou o duro comprimento de Charlie novamente, e
em seguida, eles se alternaram acariciavam um enquanto o outro
observava suas mãos se movendo com beijos de roubar o folego até
que Jeremy tinha certeza que o quarto girou em torno deles.
O liquido pré-semen revestiu sua ponta, e da forma como o
polegar de Charlie tocou sobre a cabeça do pau de Jeremy, ficando
mais rápido a cada vez, levou Jeremy para o limite.
— Deus, não vou durar muito mais tempo. — Disse Jeremy, sua
outra mão apertando as bolas de Charlie.
— Nem eu. — Charlie choramingou — É muito bom.
Jeremy sugou profundamente a língua de Charlie em sua boca,
imitando o que queria fazer com o pau do homem na próxima vez.
Porque definitivamente haveria uma próxima vez.
O gemido que começou baixo na garganta de Charlie mostrou que
ele estava no limite também e Charlie puxou a boca da de Jeremy.
— Oh Deus, vou gozar.
— Olhe para mim quando gozar. — Disse Jeremy, seu coração
correndo absolutamente rápido — Porque vou chegar lá com você.
— Wow, agora, agora. Jeremy. — Os olhos de Charlie ardiam de
desejo e prazer quando o orgasmo tomou conta dele. Ele gozou contra
a mão de Jeremy, seu braço, seu estômago.
Assistindo o êxtase de Charlie e sentindo o calor de sua semente
manchar sua pele era mais do que Jeremy poderia aguentar. Ele
gozou em um estrangulado grito, e viu quando seu sêmen marcou a
pele clara de Charlie.

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Deus, isso era tão sexy, caralho.
A satisfação masculina profunda rugiu através dele e isso o fez
querer marcar e reivindicar Charlie novamente e novamente. De
qualquer forma. De toda forma. Um pensamento estranho para
alguém que nunca tinha tido mais do que encontros casuais com
homens antes.
Charlie desmoronou contra a parede, com o peito arfando e seu
rosto mais descontraído do que Jeremy tinha visto em muito tempo.
Talvez nunca tivesse visto.
Jeremy sorriu enquanto beijava a bochecha de Charlie, no
pescoço, no mamilo. E então se inclinou sobre ele o suficiente para
que pudesse beijar a ponta do amolecido pau de Charlie. Ele chupou
a cabeça na boca e passou a língua contra e Charlie quase dobrou em
cima dele. Jeremy riu e se levantou, prendendo o outro homem na
parede. Ele deu a Charlie um longo e profundo beijo molhado.
— Desculpa. Só precisava de um sabor. Para ficar na mente.
— Na sua mente? — Charlie perguntou com a voz entrecortada.
— Até a próxima vez. — Disse Jeremy. — Porque agora que vi seu
pau, não vou ser capaz de viver sem senti-lo na minha garganta.
Um arrepio percorreu o corpo de Charlie.
— Jesus, Jeremy. Então... você quer... — Ele encolheu os
ombros. — Você quer ficar junto de novo?
— Cara. — Jeremy se inclinou para outro beijo, então descansou
a testa na testa de Charlie — Sim. Mais uma vez. E de novo. E de
novo.

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Capítulo 06
Uma batida soou de algum lugar próximo. Não na porta de
Charlie. Talvez na de Jeremy, que ficava ao lado direito?
De qualquer forma, aquele som acelerou o coração de Charlie por
um motivo totalmente novo. Medo. Medo de ser pego. Talvez isso fosse
ridículo, mas quando seu próprio pai o desaprovava a ponto de cortar
todas as comunicações com ele, isso deixou uma marca duradoura. A
equipe pode ter descoberto que seu pai não era culpado de vender
seus próprios homens, mas isso não absolveu o homem pela forma
como tratou seu único filho sobrevivente.
— Alguém está lá fora. — Charlie sussurrou, puxando sua calça
jeans para cima e se inclinando para pegar sua camisa — Oh. —
Disse ele, lembrando que precisava se limpar. Ele agarrou a toalha do
fundo da porta e se deu uma rápida limpada antes de passá-la para
Jeremy.
Jeremy riu quando ele aceitou a toalha.
— Posso garantir, não importa quem é porque eles já viram um
pênis antes. — Ele abotoou as calças jeans, se limpou com a toalha, e
agarrou sua própria camisa.
Charlie odiava ver toda a bela tinta desaparecer à medida que a
blusa deslizava sobre o torso de Jer, porque o que realmente queria
fazer era passar o resto da tarde explorando isso e aprendendo o que
cada peça significava para Jeremy.
— Ainda assim. — Disse Charlie, desejando que pudesse ser
como Jeremy e não dar a mínima para o que os outros pensam.
Especialmente quando preferiria estar pensando no quão incrível era
estar com Jeremy assim. Quão bem Jeremy o fazia se sentir. Quão

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alucinante era ser tocado e beijado com tal naturalidade. Quão
quente era ver Jeremy gozar.
— Hey. — Jeremy disse, chegando a ficar bem na frente de
Charlie.
Toc, toc.
— Jeremy? — A voz de Nick chegou até eles a partir do corredor.
Uma energia nervosa atravessou Charlie. Depois de tudo o que
Nick tinha feito por ele e dado o quanto parecia se importar com
Becca, Charlie não queria fazer nada para prejudicar seu
relacionamento com Nick. E a aprovação de Kat a eles não significa,
necessariamente, que Nick aprovaria também.
— Nick está chamando você. — Disse Charlie.
As mãos de Jeremy gentilmente agarraram o pescoço de Charlie.
— Bem, quero mais dez segundos com você. — Ele beijou Charlie
suavemente, lentamente, quase com reverência. E Charlie queria
apenas se perder nele. Realmente queria. Fechando os olhos, se
concentrou no incrível contraste entre o puxão suave dos lábios de
Jeremy e a mordida gelada de seu piercing no lábio. Que,
naturalmente, o fez pensar em como seria ter esse piercing no seu
pau. Qual seria a sensação?
Toc, toc.
Charlie se encolheu. A batida foi contra a porta dele dessa vez.
— Desculpe. — Sussurrou para Jeremy quando se moveu para
abri-la.
— Meu irmão escolhe sempre o pior momento. — Jeremy
murmurou.
Charlie abriu a porta.
— Hey Nick. — Disse, esperando que sua tentativa de fingir que o
irmão do cara não tinha acabado de lhe dar um orgasmo alucinante
funcionasse.

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— Ei. Desculpe... Oh, você está ai. — Ele disse, olhando para
Jeremy por cima do ombro de Charlie.
— Em carne e osso. — Disse Jeremy. Ele se encostou ao batente
da porta, a imagem de calma refletido um no outro — E aí? Tudo bem
com os bloqueios nas estradas?
— Sim. Está tudo bem. Acho que vai servir aos nossos propósitos.
— Disse Nick — Mas não é por isso que estou aqui. Na verdade, estou
feliz que encontrei vocês juntos. Tenho um favor a pedir que também
envolve você Charlie.
Charlie olhou de um irmão para o outro, sem ter indício do que
Nick poderia querer que envolveria ele.
— Diga. — Disse Jeremy, sua língua sacudindo com o piercing no
lábio.
O calor atravessou o corpo de Charlie com a visão. Droga. Já
tinha sido difícil de agir como se não estivesse afetado pelo cara
quando pensou que a atração era unilateral. Agora que sabia que
Jeremy o queria, tinha que se controlar quando tudo o que queria
fazer era saltar sobre o cara e fazer a sua promessa de “de novo e de
novo e de novo” se tornar realidade nesse exato segundo. O fato de
que tinha acabado de gozar, aparentemente, não tinha qualquer
relevância para o seu pau, que se agitou com interesse e aprovação
na imaginação de Charlie.
A voz de Nick tirou Charlie de seus pensamentos.
— Eu estava errado sobre o nosso comandante. E quero fazer isso
direito, do jeito que eu puder. — Ele puxou a manga direita de sua
camisa branca lisa. Uma tatuagem rodeava seus bíceps. As silhuetas
pretas de seis soldados ligados pela terra escura em que andavam. Os
olhos verdes de Nick caíram sobre Charlie — Por causa do que pensei
que tivesse acontecido, excluí seu pai quando fiz essa. Quero corrigir
isso. Agora mesmo.

60
— Você quer que eu trabalhe em você? — Perguntou Jeremy,
empurrando o batente da porta.
Nick assentiu.
— Por favor.
Charlie não sabia o que dizer. Era um gesto surpreendentemente
pessoal, e significava muito, apesar de ter seus próprios sentimentos
conflituosos sobre seu pai.
— Isso é... Realmente bom para você, Nick. — Ele finalmente
conseguiu falar.
— É muito atrasado. — Disse ele. Nick olhou para Jeremy —
Então, você está no jogo?
— Absolutamente. — Jeremy seguiu seu irmão para fora da sala,
em seguida, olhou por cima do ombro de Charlie — Vem com a gente?
Charlie estava prestes a protestar quando Nick se virou e acenou
com a cabeça.
— Sim, Charlie. Você deveria vir.
Uma surpresa se enrolou em Charlie — por ter sido incluído e
pela forma que se sentiu bem em ser incluído nisso. Ele passou muito
tempo sozinho na frente de um computador que tinha quase
esquecido como era estar com os outros, e como afastava a solidão e o
enchia de calor. Ele não tinha tido isso há tanto tempo. Boa parte
disso era sua própria culpa. Ele definitivamente reconheceu isso.
Lá embaixo na Hard Ink, Jeremy os levou para uma sala
escurecida e quadrada na parte de trás da loja. Acendeu as luzes, e as
paredes vieram à vida com fotos de tatuagens, grandes desenhos à
lápis, recordações emolduradas, e muito mais.
— Você pode sentar lá, Charlie. — Disse Jeremy com um sorriso.
Ele apontou para uma cadeira dobrável na borda de um balcão. Nick
puxou outra cadeira, essa com braços acolchoados e deu uma volta
para reclinar, colocou no centro da sala e sentou.

61
Jeremy se movimentava com uma eficiência, com uma calma
nascida da experiência. Charlie comparou com a forma que ele ficava
na frente do computador, o que o fez ainda mais fascinado com o que
estava fazendo. Charlie observou Jeremy enquanto ele fazia um
estêncil para adicionar o sétimo soldado à tatuagem atual e teve que
verificar com Nick onde seria, enquanto limpava e preparava o seu
espaço de trabalho. Então derramou tinta preta em um pequeno copo
e montou a máquina de tatuagem.
Em seguida, Jeremy estava sentado numa cadeira de rodinhas ao
lado Nick e perguntou:
— Pronto?
Nick deu um único aceno. E então um zumbido baixo encheu o
quarto quando Jeremy mergulhou a agulha da máquina na tinta e se
inclinou para tatuar.
Verdade fosse dita, Charlie estava sobrecarregado. Tanto pela
importância do outro homem que colocava seu pai em sua pele,
quanto pela forma sexy pra caralho que Jeremy estava enquanto dava
vida à imagem. Será que Jeremy percebia que ficava sacudindo sua
língua contra o piercing no lábio? Porque Charlie estava prestes a
entrar em combustão com a visão disso.
A tatuagem foi feita rápido demais. Charlie poderia assistir
Jeremy tatuando durante o dia todo.
— Perfeito. — Nick disse quando verificou a tatuagem no espelho.
Jeremy enfaixou seu braço — Quer fazer mais uma?
— É como manhã de Natal. — Disse Jeremy — Quando começo,
sempre quero mais uma. O que você tem em mente?
Nick puxou um pedaço de papel do bolso de trás, desdobrou e
entregou para Jeremy.
— Quero isso aqui. — Ele disse, apontando para o topo do
antebraço esquerdo.

62
A expressão de Jeremy amoleceu por um momento, quando lia o
que estava no papel, mas então ele concordou.
— Tudo preto?
— Sim. — Nick disse, sentando novamente.
Eles repetiram o processo com o estêncil novamente, e foi aí que
Charlie finalmente viu o que era. Um sol tribal com a letra B
ornamentada no meio.
Levou apenas alguns segundos para Charlie entender a expressão
de Jeremy. “Sunshine” foi o apelido de Nick para Becca. Nick estava
marcando permanentemente seu corpo para a irmã de Charlie.
— Será que ela sabe? — Charlie perguntou, apontando para o
estêncil.
Nick sacudiu a cabeça.
— Vou fazer surpresa.
— Pode querer uma caixa de lenços à mão quando mostrar. —
Disse Charlie, feliz que Becca tinha alguém que a amava da forma
como Nick amava.
Jeremy riu.
— Né? Estou ficando um pouco marejado por aqui.
Nick o bateu na nuca.
— Cala a boca.
— Cara. Por que você sempre me bate? — Perguntou Jeremy —
Parece um pouco imprudente quando estou prestes a colocar minhas
mãos em você, não acha? Não sou tão nobre a ponto de não tatuar
uma Hello Kitty em sua bunda mal-humorada.
Nick foi o único a rir.
— Faça isso e vai acordar amanhã com a cabeça raspada.
Jeremy ergueu as mãos.
— Isso não é legal. Não se ameaça o cabelo de um homem.

63
Charlie sorriu quando a troca de provocações continuou até que
Jeremy finalmente se estabeleceu e começou a trabalhar. Essa
tatuagem demorou mais do que a primeira, e tinha deixado à pele do
antebraço de Nick vermelho reluzente no momento em que Jeremy
terminou. Mas parecia fenomenal, o preto forte e nítido em seu braço.
Becca iria enlouquecer com isso.
— Grande trabalho como sempre. — Nick disse enquanto Jeremy
enfaixava a segunda tatuagem.
— De nada, cara. — Disse Jeremy. Em seguida, um momento
depois, acrescentou — Está assim tão sério com ela?
Nick sorriu.
— Você esperou até depois que fez a tatuagem para perguntar?
Jeremy deu de ombros, um pequeno sorriso brincando em seus
lábios.
— Sim. Eu absolutamente esperei.
— Sim. Com certeza, cara. Estou muito sério e certo. — Nick
alisou um dedo sobre a fita em seu braço.
— Bem, estou feliz por você. Realmente estou. Becca é a melhor.
— Disse Jeremy.
— Muito melhor do que eu. Mas de alguma forma eu tive sorte. —
Nick foi até a porta e se virou — Vocês dois podem chegar por volta
das sete para aliviar as mulheres da leitura? Elas estavam nisso o dia
todo.
— Claro. — Disse Jeremy.
As palavras de Nick, embora tivessem sido ditas em tom de
brincadeira, deixou Charlie desconfortável.
— Ela não é melhor do que você. — Charlie deixou escapar. Os
olhos verdes e pálidos de Nick viraram para ele. Levantando, Charlie
perguntou por que diabos ele tinha começado isso de qualquer
maneira — O que quero dizer é que você é tão bom quanto ela. Você

64
salvou a minha vida, Nick. E a dela. Porra, tantas pessoas ao redor
aqui tem uma dívida de gratidão pelo que você fez. Então, ela tem
sorte, também. Isso é tudo o que queria dizer. — Charlie fechou suas
mãos contra o impulso de se remexer.
O silêncio parecia se estender para sempre, e, em seguida, Nick
estendeu a mão.
— Obrigado, Charlie. Isso significa muito para mim.
Charlie devolveu o aperto de mão, embora fosse totalmente
estranho dada as ataduras em suas mãos. Elas não podiam ir embora
rápido o suficiente. E, em seguida, Nick tinha ido embora.
Quando Charlie se virou, Jeremy estava bem ali.
— Eu realmente aprecio que você fez isso. — Disse Jeremy,
puxando Charlie em seus braços — Obrigado. Nick é duro consigo
mesmo, sabe?
Dentro do abraço, Charlie apoiou a cabeça no ombro de Jeremy e
devolveu o abraço. E foi um momento tão doce depois de quão
abruptamente as coisas tinham terminado mais cedo.
— De nada. — Disse Charlie. — Isso é uma coisa Rixey? Ser duro
com si mesmo?
Jeremy deu uma risada triste e se afastou o suficiente para olhar
Charlie nos olhos, embora mantivesse uma mão em concha em volta
do pescoço de Charlie. Se sentia reivindicado, querido.
— Talvez.
— Porque o que aconteceu no telhado não foi culpa sua, Jeremy.
E odeio que está se torturando sobre isso. Realmente odeio. — Falou.
— Estou trabalhando nisso. — Disse Jeremy, seu polegar
acariciando de trás para frente o pescoço de Charlie — Estou tão
triste pra caralho sobre a forma como o teto caiu. — Sua voz falhou
na última palavra, e isso quase partiu o coração de Charlie.

65
Charlie puxou Jeremy em seus braços, sua mão acariciando a
nuca de Jeremy.
— Não é culpa sua. — Charlie sussurrou. As mãos de Jeremy
ficaram em punhos na camisa de Charlie e seus músculos se
apertando porque ele estava segurando de volta o que seu corpo
queria fazer.
Alguns momentos passaram, e Charlie apenas segurou Jeremy.
Foi fácil de fazer. Ele queria fazer isso durante semanas. E sabia que
poderia fazer para sempre, se Jeremy deixasse. Porque Jeremy fez ele
sentir o mundo de uma forma que nunca tinha sentido.
Por fim, Jeremy levantou a cabeça em uma respiração profunda.
— Obrigado. — Ele sussurrou contra a garganta de Charlie. Sua
respiração estava quente e delicada.
— A qualquer hora. — Disse Charlie, não querendo que o abraço
chegasse ao fim. Não querendo que o toque chegasse ao fim. Uma
ideia veio à mente, e Charlie correu com ela antes de se dar a chance
de mudar de ideia — Faria você se sentir melhor se eu lhe pedir para
fazer uma tatuagem em mim?
Jeremy levantou a cabeça vestindo um sorriso e uma sobrancelha
arqueada.
— Sério? Porque seria cruel para você me provocar. — Disse ele,
sua expressão se enchendo de humor.
— Eu não sou sempre sério? — Perguntou Charlie.
Jeremy sorriu.
— Seu senso de humor é perversamente seco, Charlie, mas você
definitivamente tem um.
Charlie sorriu e enfiou as mãos nos bolsos das calças jeans.
— É bom saber, eu acho.
— Então o que seria essa tatuagem se você fosse ter uma? —
Perguntou Jeremy, e então ele se inclinou para um beijo.

66
— Mmm. — Charlie murmurou enquanto deixava o beijo distraí-
lo. Quando a ideia lhe surgiu, era tão perfeita como se tivesse meses
de planejamento. Porque havia uma coisa que sempre fazia Charlie
perder as coisas em sua vida. Uma coisa que o impedia de ter as
coisas que ele mais queria. Medo. Talvez se ele fizesse isso poderia
conquistar a liberdade. Ele não podia falsificar esse tipo de coisa —
Tem um pedaço de papel?
Jeremy deu um passo atrás.
— Você está falando sério?
Quanto mais a ideia vinha em sua mente, mais sério isso se
tornava.
— Sim. — Jeremy lhe entregou uma folha de papel e um lápis, e
Charlie se virou para desenhar contra o balcão. Ele converteu as
letras para números em sua mente, em seguida, escreveu elas:
01001110 01101111 00100000 01000110 01100101 01100001
01110010
— Pronto. — Charlie disse quando terminou — Isso é o que
quero.
Jeremy olhou para a sequência de números.
— Um código binário? — Charlie concordou — O que isso
significa?
— Sem medo. — Disse Charlie — Você vai fazer isso?
— Claro que sim. — Disse Jeremy — Onde você quer isso?
— Em algum lugar privado. Aqui, talvez? — Ele perguntou,
apontando para suas costelas.
— É a sua primeira tatuagem Charlie?
— Sim. — E não importa o que aconteceu entre eles, o fato de que
Jeremy estava fazendo sua primeira tatuagem sempre significaria o
mundo para ele.
Jeremy franziu a testa.

67
— Costelas são suscetíveis de doer mais do que alguns outros
lugares. Você está bem com isso?
Charlie pensou sobre isso por um longo momento, mas sua
decisão estava tomada.
— Sim.
Em pouco tempo, ele estava sem camisa sobre uma mesa
acolchoada que Jeremy tinha puxado para o centro da sala e Jeremy
estava lhe perguntando se ele estava pronto para começar.
A primeira mordida da agulha era mais fácil de suportar do que
ele esperava. Então quando Charlie começou a pensar que fazer uma
tatuagem não era grande coisa assim, Jeremy atingiu um lugar que
doeu o suficiente para roubar o fôlego. E então ele passou por esse
lugar novamente.
— Você está bem? — Jeremy perguntou enquanto limpava a
costela de Charlie.
— Sim. — Disse Charlie, amando a ideia de que esse sentimento
estava indo se tornar uma parte dele. Então talvez ele pudesse
realmente viver — Posso te fazer uma pergunta?
— Qualquer coisa. — Disse Jeremy.
Charlie respirou através de uma área particularmente intensa da
tatuagem e, em seguida, perguntou:
— Qual o significado da sua tatuagem No Regreat6?
Jeremy tinha tatuagem nas mãos atrás de cada dedo. De todas as
tatuagens que Jeremy tinha essa foi a que mais o intrigou, porque
Jeremy parecia um cara que estava totalmente satisfeito com a sua
vida, um cara que não tinha arrependimentos.
Jeremy não parou quando falou com uma voz calma e pensativa.
— Quando comecei a trabalhar como um tatuador em primeiro
lugar, um par de coisas aconteceram que me fizeram realmente olhar

6 Sem arrependimentos

68
para a minha vida e pensar sobre quem eu era. — Ele fez uma pausa
para mergulhar a agulha em mais tinta — A primeira era que meu pai
não estava feliz com a minha escolha de carreira. Ele sempre foi
favorável à minha arte, mas ele queria que eu fizesse algo real,
palavras dele. Como ser um artista gráfico ou entrar em uma
faculdade de publicidade. Tivemos um par de brigas por anos sobre
isso. Às vezes me pergunto o que ele iria pensar no fato de que eu
usei o dinheiro do seguro do acidente deles para comprar esse lugar e
abrir minha própria loja.
Charlie não poderia ter sido mais surpreendido ao saber que,
como ele, Jeremy tinha lutado para ter a aprovação de seu pai. Isso o
fez se sentir ainda mais perto de Jer.
— O segundo motivo, — Jeremy disse, continuando — foi que eu
tinha um cliente que se recusou a me deixar fazer sua tatuagem
quando se lembrou de me ver com um cara em um clube. Ficou bem
feio, na verdade, e eu estava honestamente com medo de que meu
chefe ia decidir que eu era um péssimo empregado e chutar minha
bunda. Mas, em seguida, Aleck, meu chefe, acabou por ficar do meu
lado, e ele se tornou um dos meus melhores amigos.
— Você ainda está em contato com ele? — Charlie perguntou,
odiando que alguém tão amável como Jeremy tinha sido tratado tão
mal.
— Ele morreu. Ataque cardíaco. Isso é parte do que me levou a
abrir meu próprio lugar. — Disse Jeremy — E então a última coisa foi
que uma menina que eu realmente gostava não poderia lidar com o
fato de que eu era bissexual e tinha saído com homens. — Uma longa
pausa — Todos os três motivos aconteceram meio que juntos, e eles
sacudiram meu chão por um tempo, sabe?
— Sim. — Disse Charlie. Ele certamente poderia compreender
como as coisas eram, embora fosse difícil imaginar Jeremy, de todas

69
as pessoas, passando por uma crise de confiança. Uma das coisas
que Charlie admirava sobre Jeremy era quão autoconfiante e
confortável ele sempre parecia em sua própria pele. O que Charlie não
daria para ser mais parecido com ele.
— Quando finalmente fiquei bem na minha cabeça com quem e o
que eu era, fiz a tatuagem. Queria me lembrar de viver a vida olhando
para frente, não duvidando de cada decisão que tomei e de cada
passo que dei. — Ele fez outra pausa — Não fui sempre bem-
sucedido, — disse ele em uma voz mais baixa — mas eu tento ser.
Várias emoções quase subjugaram Charlie: admiração, respeito,
afeição, e talvez até mesmo algo mais. Não que Charlie tinha muita
experiência com qualquer coisa a mais, mas seu estômago disse que
ele poderia muito facilmente se apaixonar por Jeremy Rixey. Ou,
talvez, ele já estivesse.
— Eu realmente admiro você, Jeremy. — Disse Charlie.
— Eu realmente admiro você, também, Charlie. — Disse ele.
Cuidadosamente, Charlie levantou a cabeça e olhou por cima do
ombro para onde Jeremy estava sentado.
— Por quê?
Jeremy fez uma pausa e seus olhos verdes absolutamente
brilharam para ele.
— Você está falando sério? — Charlie balançou a cabeça, porque
ele não podia imaginar o que alguém iria encontrar admirável nele —
Porque você é um sobrevivente. E você é corajoso. E você é bom em
uma crise. E você é brilhante. Para começar.
— Oh. — Disse Charlie, colocando sua cabeça para baixo
novamente. Isso é como Jeremy o via? Porque ele com certeza gostava
da visão de Jeremy mais do que a sua própria. Talvez tenha sido algo
mais que pudesse trabalhar. Logo depois de conquistar a coisa do
medo. Não doía sonhar, não é?

70
— Posso dizer uma coisa? — Disse Jeremy depois de um tempo.
— Claro.
— É muito pouco profissional. — Disse Jeremy, com diversão em
seu tom.
— Ok. — Charlie disse incapaz de conter um sorriso.
— Colocar minha tinta em sua pele está me deixando realmente
muito duro.
O coração de Charlie tropeçou uma batida, as palavras
aquecendo o seu sangue e engrossando seu pau.
— Sim?
— Sim. — Depois de um minuto, Jeremy disse — Está feito. —
Ele limpou sua costela e apontou para o espelho — Dê uma olhada.
Charlie saiu da mesa e se aproximou do espelho. A linha de
caracteres pretos esticada para baixo em todo o seu lado direito. Sua
pele era mais clara do que a de Nick, então a tinta preta se destacou
ainda mais. Charlie amou isso imediatamente.
— Está perfeita Jeremy. Exatamente o que eu tinha em mente.
A porta se fechou atrás dele, o que não fez absolutamente nada
para diminuir o pulso acelerado de Charlie. Porque quanto mais ele
olhava para a tatuagem e pensava sobre o fato de que Jeremy tinha
feito isso, apenas a ideia disso também o excitou.
— Estou feliz que gostou. — Disse Jeremy, se ocupando com a
limpeza. Ele acenou para Charlie quando acabou. — Me deixe
enfaixa-la.
Charlie ficou na frente de onde Jeremy estava sentado no banco.
Ele estendeu o braço e Jeremy espalhou uma pomada e lentamente
colocou gaze nas costelas de Charlie.
— Tudo pronto... — Jeremy olhou para o corpo de Charlie — Com
a tatuagem.

71
Capítulo 07
O ar entre eles ficou quente e Charlie estava duro em um
instante.
Jeremy percebeu seu olhar caindo para frente da calça jeans de
Charlie. Sem qualquer aviso, Jeremy agarrou seu pau através da
calça e apertou.
— Quero você na minha boca, Charlie. Estou faminto,
necessitado e desesperado para você gozar na minha garganta. Posso
ter você?
Charlie nunca tinha ouvido ninguém dizer nada tão quente em
toda a sua vida. Com a sala girando em torno dele, Charlie assentiu.
Jeremy tinha os jeans de Charlie aberto e abaixado em torno de
suas coxas dentro de segundos. Jer agarrou seu pau e lhe deu uma
forte e longa lambida, molhando das bolas até a cabeça. Um gemido
foi arrancado de Charlie. Tinha sido um longo tempo desde que ele
tinha recebido esse tratamento, e o fato de que era Jeremy fazendo
isso, o engraçado, sexy e doce Jeremy, ia ser totalmente difícil fazer
isso durar o tempo que queria.
Outra longa lambida em seu comprimento e Jeremy olhou para o
rosto de Charlie, os pálidos olhos verdes absolutamente escaldantes
e, em seguida, Jeremy levou Charlie em sua boca.
As mãos de Charlie voaram para o cabelo de Jeremy.
Jer assentiu e tirou para dizer:
— Você faz o que quiser. Me guie como você gosta. Segure a
minha cabeça. Foda minha boca. O que você quiser, quero. — E então
estava em cima dele novamente, chupando o pau de Charlie
profundamente.

72
Na primeira chupada, Jeremy sugou lentamente, como se para
explorar Charlie e ter uma ideia de seu comprimento. Enquanto ele
vivesse, nunca iria esquecer a reação de Jeremy ao vê-lo pela primeira
vez. Porque, maldição se isso não o fazia se sentir bem sobre si
mesmo por ser tão desejado por alguém como Jeremy. Charlie
acariciou o cabelo de Jer quando ele se estabeleceu em um delicioso
ritmo torturantemente lento, que deu a Charlie muita oportunidade
de sentir o atrito dos piercings no lábio inferior de Jeremy.
Deus, isso era louco. Frio e duro. Quente e macio.
— Tão bom Jeremy. — Charlie gemeu.
E então Jer começou a se mover rápido, sugando mais forte, e
levando-o mais profundo. Passou a língua por todo o lado de baixo do
pênis de Charlie até que ele estava ofegante e apertando as mãos no
cabelo de Jeremy.
Quando Jeremy o levou em sua garganta Charlie tentou resistir, a
profundidade e a sensação de aperto eram tão incrivelmente intensas
que ele gritou e agarrou a cabeça de Jer, segurando ela firmemente a
ele por um longo momento.
Jeremy recuperava o fôlego enquanto se retirava.
— Sim. — Ele gemeu quando olhou para Charlie novamente.
Aqueles olhos, e aquele olhar, eram materiais suficientes para
todos os sonhos de Charlie pelo resto de sua vida.
Alternando entre chupadas rápidas e superficiais, lentas e
profundas, Jeremy o sugou melhor do que qualquer um já fez em toda
a sua vida. E a intensidade das sensações, piercing, olhar, e o puro
conhecimento do que estava fazendo ele sentir isso combinava para
empurrar Charlie rápido demais para o limite.
— Oh, Deus, Jeremy. Vou gozar. Vou gozar. — Ele estava
pendurado no limite por um momento longo e doloroso, e então ele
estava caindo, voando.

73
Olhando para ele, Jeremy levou-o profundamente e engoliu tudo
que Charlie lhe deu. Jer o acariciou com a mão enquanto ele
chupava, puxando o orgasmo até que Charlie mal podia suportar.
Quando o corpo de Charlie finalmente acalmou, eles trabalharam
juntos para puxar o jeans de Charlie em torno de seus quadris. Então
Jeremy se levantou e beijou a bochecha de Charlie, seu queixo, os
lábios.
— Eu amei pra caralho fazer isso.
Charlie segurou o rosto de Jeremy e beijou ele profundamente, se
saboreando dentro da boca do outro homem, sentindo a mordida de
seus piercings, e esperando que pudesse de alguma forma encontrar
uma maneira de comunicar tudo que Jeremy estava fazendo ele
sentir.
Ele poderia começar devolvendo o prazer que Jeremy tinha dado.
Sugando a língua de Jeremy profundamente em sua boca,
Charlie agarrou o botão das calças jeans do outro homem e puxou os
botões abertos. Jeremy engasgou quando Charlie segurou e acariciou
seu pênis. Lembrando a forma que tinha feito Jeremy gemer no início
do dia, Charlie passou o polegar sobre as perfurações na cabeça de
seu pau, amando ser a causa dos sons de prazer arrancados da
garganta de Jeremy.
Ele não queria que isso terminasse nunca.
— Quer saber um segredo? — Charlie sussurrou ainda perto da
boca de dele. Jeremy passou as mãos pelo cabelo de Charlie e seus
lábios se curvaram para cima.
— Claro.
Charlie interrompeu o beijo, mas ficou perto, seu nariz ainda
tocando Jeremy.
— Não tenho um reflexo de vômito. — Bastou dizer isso em voz
alta para o pulso de Charlie acelerar. Ele poderia ter tido um monte

74
de inseguranças, mas havia algumas coisas sobre as quais estava
absolutamente confiante. Dar prazer a outro homem com sua boca
era um desses.
— Jesus. — Jeremy resmungou asperamente — Um pau de vinte
e cinco centímetros e nenhum reflexo de vômito. Tem certeza de que
isso não é apenas um sonho? — Ele piscou.
Sorrindo, Charlie sacudiu a cabeça.
— Eu estive pensando a mesma coisa sobre você.
Jeremy embalou seu rosto e sua expressão ficou séria.
— Sou real, Charlie. Isso que está acontecendo entre nós é real.
Charlie balançou a cabeça quando uma pressão quente encheu
seu peito. Isso significava que ele não estava sozinho nesse
sentimento, que isso era mais do que apenas alguns momentos
roubados? E se ele realmente quis dizer isso, se Jeremy estava
sentindo mais também, Charlie seria corajoso o suficiente para contar
a todos que os dois estavam juntos? Assim como Nick e Becca ou
Marz e Emilie, ou qualquer um dos outros casais que tinham se
reunido aqui desde que esteve aqui?
Ele queria ser corajoso. Queria viver de acordo com a visão de
Jeremy dele.
Sem medo. Certo.
Charlie deu um beijo na palma da mão de Jeremy. Olhando em
seus olhos, ele disse:
— Quero que você foda minha boca. Apenas o pensamento disso
está me deixando duro novamente.
Jeremy engoliu em seco, como se as palavras o impactassem
fisicamente. Ele passou a língua contra os piercings em seu lábio e
seus olhos se estreitaram.
— Como é que você quer? Quer ficar de joelhos aos meus pés
ou...

75
— Posso levá-lo mais fundo se me deitar na mesa e, deitar a
minha cabeça para trás. — Era possível que o coração de Charlie
fosse sair do seu peito. Ele nunca tinha falado assim explicitamente,
diretamente, com essa honestidade, com ninguém antes. Mas as
palavras de Jeremy ainda ecoavam em seus ouvidos, prometendo
ouvir e dar para satisfazer suas necessidades. Isso o fez se sentir
seguro para ser vulnerável. Para ser sincero. Para ser ele mesmo.
— Suba na mesa, Charlie. — Disse Jeremy, sua voz grossa como
cascalho — Agora.
Mantendo o contato visual com Jeremy, Charlie andou para trás
até que suas pernas esbarraram na mesa, e então ele subiu, e se
deitou. Ele se empurrou até a cabeça estar pendurada livremente
sobre a borda, colocando sua boca na mesma altura que os quadris
de Jeremy.
Jeremy chegou mais perto, então se inclinou para beijar Charlie.
Foi um pouco estranho já que ele estava essencialmente de cabeça
para baixo, mas não se importava porque os olhos e a expressão de
Jeremy estavam absolutamente brilhando com luxúria e desejo.
— Abra seu jeans e coloque seu pênis para fora. — Disse Jeremy
— Quero ver o quão quente isso faz você ficar.
As mãos de Charlie obedeceram, uma excitação pungente através
dele ao comando de Jeremy.
— Porra, você está duro, não é? — Jeremy ficou na frente dele e
empurrou suas próprias calças até os joelhos.
A posição deu a Charlie uma bela visão da tinta abundante
cobrindo as pernas de Jeremy. A coxa direita tinha um desenho
geométrico complicado todo preto, enquanto a esquerda tinha uma
colisão de tatuagens que tomavam a coxa até o tornozelo: uma
bússola, um lobo, uma coruja de aspecto feroz, e tudo amarrado
junto com marcações tribais e pontuada por flores coloridas.

76
Jeremy arrastou a ponta do seu pênis grosso sobre os lábios de
Charlie, que abriu como se ele tivesse emitido outro comando.

Jeremy não podia acreditar que ele estava fazendo isso com
Charlie, nem que Charlie tinha sido o único a sugerir isso.
Gentilmente, ele empurrou seu pênis na boca de Charlie e a
sensação foi fenomenal pra cacete. Quente. Molhada. Apertada. E ter
Charlie todo espalhado na frente dele, seu pau duro empurrando
contra sua barriga, deixou o que estavam fazendo muito mais intenso.
Balançando os quadris, Jeremy penetrou e se retirou até que o
seu pau estava escorregadio da boca de Charlie e ele estava pedindo
para se mover mais rápido, mais forte, mais profundo.
E ele pensava que ter Charlie na sua mesa o deixava quente.
Nunca seria capaz de olhar para essa mesa novamente sem se
lembrar desse momento. Sem pensar em Charlie.
Charlie chegou com as mãos atrás dele, agarrou os quadris de
Jeremy, o obrigando a ir mais fundo. E a sensação disso era insana,
especialmente quando Charlie engoliu e Jer podia sentir a garganta
dele em torno da cabeça de seu pau. Charlie puxou tão perto que
enterrou o nariz contra as bolas de Jeremy.
— Jesus, Charlie. — Jeremy falou asperamente. Ele apoiou as
mãos contra a borda da mesa — Isso é incrível pra cacete.
Quando Charlie soltou, Jeremy se retirou.
— O que você me disse mais cedo, — Disse Charlie, sua mão indo
para o próprio pênis, acariciando e puxando — Se aplica agora,
também. Faça o que você quer fazer, Jeremy.

77
Jeremy empurrou para a boca do outro homem de novo, e foi
como se algo em seu cérebro explodisse. Não conseguiu se conter.
Não podia ir devagar. Não podia ser gentil. Nem mais um momento.
Jeremy fodia a boca de Charlie, e os gemidos de aprovação
derramando da garganta de Charlie o levaram adiante. Acariciando os
cabelos de Charlie, seu rosto, seu pescoço, se empurrou e se retirou
até que estava gemendo e ofegando e tão apertado que ele pensou que
poderia quebrar. Não apenas por causa das sensações físicas. Mas
por causa de quem estava fazendo ele se sentir dessa forma.
Charlie.
Quando Jeremy disse a Charlie o quanto ele o admirava, ele quis
dizer isso completamente. Mesmo antes de saber que seu pai não era
culpado do que eles tinham suspeitado, Charlie tinha se jogado na
investigação da equipe, ajudando no que podia, se negando sono, e
dando livremente o seu conhecimento. Tudo isso, apesar da forma
como seu pai havia o tratado. Ele teve caráter. Integridade. Força.
E então quando Charlie tinha falado com Nick, sem deixar seu
irmão se pôr para baixo, as palavras dele tinham ido direto para o
coração de Jeremy e reafirmado pela centésima vez o que Charlie
era... Família.
Ele nunca havia sentido isso com qualquer outra pessoa antes.
Homem ou mulher. As emoções alimentavam a necessidade de
Jeremy para se libertar, para deixar ir, para reivindicar ele.
Charlie agarrou a mão de Jeremy e segurou contra a garganta
dele, fazendo-o sentir o movimento de seu pênis profundamente
dentro.
— Foda-se, Charlie. Não quero que isso acabe.
Mas, então, Charlie começou a se acariciar mais rápido, com o
punho apertado e girando ao redor da cabeça inchada. Os sons que
ele fez se tornou mais urgente, mais desesperado, quase doloroso. E

78
então um gemido estrangulado rasgou a garganta de Charlie. Ele
sacudiu a blusa em seu peito e gozou contra o seu próprio ventre.
Era demais.
Jeremy gemeu o nome de Charlie, segurou seu rosto com as duas
mãos, e segurou-o firmemente quando ele se enterrou profundamente
e se estilhaçou em mil pedaços. O orgasmo foi tão intenso que Jeremy
viu estrelas e sua visão ficou manchada.
Quando acabou, Jeremy saiu da boca de Charlie e vestiu a sua
roupa, em seguida, ajudou Charlie a se sentar até ter as pernas
penduradas para fora da borda da mesa. De pé entre os joelhos de
Charlie, Jer pegou as mãos do homem e lhe deu um milhão de
pequenos beijos. Por um longo momento, eles estavam a sós e juntos,
calmamente, suas testas descansando uma contra a outra.
Era familiar.
Estar com Charlie parecia extremamente natural. Como se eles se
conhecessem desde sempre. Como se eles se pertencessem. Como se
fossem não somente os melhores amigos, mas muito mais.
Família.
A constatação de que Jeremy estava tendo esses tipos de
sentimentos sobre um homem era surpreendente só porque todos os
seus outros encontros tinham sido casuais, apenas por diversão.
Mas esse era Charlie. E isso deixava tudo diferente.
Fazia tudo... ser mais.
Jeremy passou os dedos para baixo no belo rosto de Charlie.
— Obrigado por isso.
Charlie deu um pequeno sorriso.
— Você também. Nunca... Fiz isso com alguém com piercing.
— Não? Foi diferente? — Perguntou Jeremy.
Suas bochechas ficaram rosa, apenas um pouco mais do que o
normal, e isso fez com que Jeremy sorrisse.

79
Charlie era adorável, bonito e sexy pra cacete.
— Foi outra sensação. Gelada quando sua pele estava quente. E
mais duro contra a parte de trás da minha garganta do que estou
acostumado. — Charlie olhou para ele por trás do comprimento
alongado do seu cabelo — Realmente gostei. — Disse ele calmamente.
Sorrindo, Jeremy deu um beijo na têmpora de Charlie.
— Também realmente gostei. — Ambos riram — Quero que saiba
uma coisa. — Disse Jeremy, dando uma profunda respiração
enquanto reunia seus pensamentos... E coragem. Mas não queria que
Charlie tivesse qualquer dúvida. Não sobre ele de qualquer maneira.
— Diga.
— Amei as coisas que nós compartilhamos hoje, Charlie. Sério.
Mas o que estou sentindo por você não é apenas físico. É algo mais.
Não sei o que é, mas eu... — Jeremy encolheu os ombros — Não
quero que ache que isso é só sexo para mim.
Charlie soltou uma respiração instável.
— Não é apenas sobre sexo para mim também. Mesmo antes de
hoje, eu não tinha certeza de que já tive um amigo mais próximo que
você. Agora, encontrar um melhor amigo e um amante na mesma
pessoa. Honestamente, nunca sequer ousei sonhar que poderia
acontecer comigo.
O peito de Jeremy preencheu com a mais calorosa E mais doce
sensação. Ele se inclinou e beijou Charlie uma vez, duas, três vezes.
— Hey, Jeremy. — Uma voz apareceu e a porta se abriu. Kat.
O que Jeremy notou mais do que a interrupção dela, foi Charlie
lutando para sair do seu abraço e se deslocando para fora da mesa.
Não que suas ações enganaram Kat nem por um segundo. O
olhar sábio em seus olhos e o sorriso no rosto deixou claro e cristalino
que ela sabia.

80
Uma mágoa perfurou o calor que encheu o peito de Jeremy um
momento antes, e ele tentou empurrá-lo de volta. Charlie era tímido.
Um pouco ansioso. E isso ainda era tão novo entre eles.
— O que foi? — Disse Jeremy, apertando as mãos sobre a mesa
para que pudesse dobrá-la e colocá-la para o canto.
Kat olhou para trás e entre eles por um longo momento, como se
talvez estivesse debatendo se brincava com eles ou não, mas então ela
olhou por cima do ombro e disse:
— Todo o inferno se soltou lá em cima. Você pode querer vir ver.

81
Capítulo 08
Jeremy seguiu Kat e Charlie para o ginásio, perguntando o que
no mundo ela poderia estar falando. Eles não estavam nem no meio
do caminho para porta quando ele soubesse.
Eileen tinha encontrado o gato. Ou vice-versa. De qualquer
forma, o resultado era o mesmo: um pandemônio.
O filhote perseguia o gato em círculos em torno dele, e através do
equipamento de ginásio, o tempo todo latindo e latindo no auge de
seus pequenos pulmões. De vez em quando, o gato ficava
encurralado, e, em seguida, houve uma série de assobios e um grito
agudo como se dissesse a Eileen para tentar a sorte encostando o seu
nariz nele.
Jeremy não conseguiu conter o riso.
— Viu Charlie? Eu disse que seria divertido.
Nick atravessou o ginásio para onde eles estavam.
— O que droga você estava pensando Jeremy? Um gato?
— Ah, vamos lá. Ele estava nas ruínas. Eu não podia deixá-lo lá
fora. — Jer disse, rindo quando o gato finalmente foi para uma
prateleira de equipamento onde Eileen não poderia alcançar. Isso não
impediu a nanica de tentar, apesar de tudo. — Além disso, ele tem
um olho só.
— Sim, percebemos. — Disse Nick.
Eileen continuou latindo para o gato.
Shane, Marz, e Beckett entraram na sala e ficaram ao seu lado.
— Podemos ficar com ele? — Disse Marz. — Porque se nós vamos
ter um cachorro de três pernas e um homem de uma perna só, então,
podemos ter um gato de um olho só também.

82
Jeremy apontou para Marz como se nunca tivesse ouvido nada
mais lógico.
— Viu? Eu também penso assim.
O olhar de Nick se estreitou.
— Cara. A última coisa que precisamos é de um caos induzido
por animais.
— Na verdade, — Disse Kat, acotovelando Nick — Alguns caos
induzidos por animais podem fornecer uma boa distração de outros
tipos de caos que estamos lidando.
Nick revirou os olhos. Shane esfregou as mãos.
— Isso significa que precisamos de um nome. — Os outros caras
todos gemeram por que Shane tinha estado se gabando por semanas
por que Becca tinha escolhido sua sugestão de nome para a cadela.
— O que vocês acham de algo pirata, como Matey ou Patch? —
Disse Kat.
— Esses não são ruins. — Disse Jeremy, sorrindo — Vamos,
vamos ouvi-los.
— Pode ser Willy? — Disse Marz — Você sabe por causa de “Willy,
o Worm, a maravilha de um olho só7”.
Todos caíram as gargalhadas. Até mesmo Charlie não conseguiu
se conter.
— Isso é tão ruim cara. — Disse Kat, fazendo com que eles rissem
ainda mais.
— E sobre Wink? — Disse Nick, ficando cada vez mais no espírito.
— Ou Blink? — Disse Shane.
— Ou Uno? — Beckett disse, tentando conter um sorriso. Risos e
palavras de aprovação seguiam a cada nova sugestão.

7 É uma gíria americana para pênis.

83
Finalmente, os latidos de Eileen pararam, e Jeremy olhou para
encontrá-la enrolada na parte inferior das prateleiras diretamente
abaixo onde o gato se sentou infeliz e olhando ela.
Becca se juntou a eles, seguida um minuto mais tarde por Sara e
Emilie.
— O que vocês estão fazendo? — Perguntou Becca, envolvendo os
braços em torno do estômago de Nick. Ele estava usando uma camisa
preta de manga comprida, o que fez Jeremy pensar que ele ainda não
tinha mostrado sua nova tatuagem.
— Nomeando esse maldito gato. — Disse Nick, causando outra
rodada de risadas.
— Oh, bom. Vamos ficar com ele? — Perguntou Becca.
— Claro que nós vamos ficar. — Disse Jeremy, dando uma
piscadela — E obrigado por estar do meu lado, ao contrário de seu
namorado mal-humorado.
— O que vocês acham de Minion? — Disse Sara — Alguns
daqueles caras pequeninos daquele filme infantil só têm um olho.
Jeremy cruzou os braços e balançou a cabeça.
— Então eu poderia dizer que tenho um servo. Eu gosto disso.
— Que tal Peekaboo8? — Disse Emilie, sorrindo. Jeremy
realmente admirava sua capacidade de encontrar humor nas
tragédias. Tendo chegado perto de perder Nick nessa emboscada um
ano atrás, Jeremy não achava que ele seria capaz de se segurar quase
tão bem como Emilie estava fazendo, se ele perdesse seu irmão —
Você poderia chamá-lo de Boo.
— Isso é tão bonito. — Disse Becca.
— Ou Cyclops. — Disse Charlie. — Cy para abreviação.
Jeremy sorriu para Charlie.
— Essa é boa. Cy. Cy, o Gato. Isso é realmente bom, Charlie.

8 Não existe uma tradução literal pra isso. Peek A Boo seria aquela brincadeira que fazem com os bebês, de cobrir o rosto com as
mãos e depois diz algo tipo "Achooou!”

84
Charlie enfiou as mãos nos bolsos e abaixou o queixo, mas
Jeremy podia ver o sorriso satisfeito que estava tentando esconder.
— Oh, Deus. — Disse Becca — Nós estamos realmente loucos por
pensar nesses nomes.
— O que vocês acham de Popeye? — Shane sugeriu, ganhando
uma nova rodada de riso — Vamos lá, eu sou um gênio.
Só então, a porta do ginásio foi aberta, e um bando de Ravens
entrou com Dare à frente do grupo. Nick deixou o seu círculo para
ficar junto com ele.
— Oh, é melhor eu ir buscar o jantar para todos. Todo mundo
deve estar com fome. — Disse Becca — Com licença.
— Vou ajudar. — Disse Kat para Becca, em seguida, se virou para
o grupo. — É empadão na última vez que verifiquei, cheirava divino.
Fizemos seis grandes panelas, mas não iria me atrasar para o jantar
se quisesse comer algo.
— Então, qual o nome que você mais gosta? — Shane perguntou
para Jeremy — Popeye, certo? É totalmente Popeye.
Jeremy riu.
— Não tenho certeza ainda, mas temos alguns vencedores aqui.
Conversando e rindo, todos se moveram para o apartamento, e
Kat tinha razão, a comida tinha um cheiro fantástico. Becca e Kat se
esforçavam para colocar as bandejas de empadão e tigelas de salada
em uma linha na ilha.
— Como posso ajudar? — Perguntou Jeremy.
— Coloque tudo isso ali? — Disse Becca, apontando para os
cestos de pão de milho e recipientes de papel e utensílios de plástico
empilhados na pia. Ele os moveu para o bar de café com os outros
alimentos. Parecia que estavam alimentando um pequeno exército. E,
na verdade, ele supôs que era isso mesmo.

85
Todos os Ravens e alguns membros da equipe pegaram sua
comida e levaram para o ginásio, onde havia uma grande mesa
improvisada que podia acomodar um número maior. Jeremy e Charlie
acabaram em um dos sofás na sala de estar, os pratos a sua volta,
juntamente com Becca, Kat, Marz e Emilie.
A conversa era fácil e divertida. Natural. Como se todos se
conhecessem desde sempre, não apenas por semanas. Mais uma vez,
Jeremy estava pensando em família. E lamentando o fato de que, em
algum momento, a investigação iria acabar e todos iriam seguir
caminhos separados. Tão grande quanto o edifício Hard Ink foi,
Jeremy nunca tinha sentido que era muito grande, mesmo antes de
Nick ter sido dispensado do Exército e foi morar com ele. Mas agora
que ele dividiu o espaço com todas essas pessoas, ele não tinha
certeza de como ele voltaria a se sentir sem esse barulho e túmulo.
Havia mais alguém preocupado com o que aconteceria quando tudo
isso acabasse? Isso era estúpido, desde que começou a equipe estava
focada somente na investigação de capturar os inimigos; como seus
inimigos pareciam poderosos ninguém sabia quando isso ia acabar. E
quanto mais tempo passava, mais perigosas às coisas ficavam.
Incluindo Charlie. Ele já tinha sido sequestrado e torturado, e
estava no telhado ontem de manhã, também. Deus sabia que Jeremy
deveria estar preocupado com o que aconteceria se tudo isso não
terminasse.
Jeremy voltou seu olhar para Charlie.
Era incrível como, às vezes, coisas ruins resultavam em coisas
boas pra caralho. A maneira que Jer estava se sentindo sobre o cara
era muito além do que bom.
Tão casual como Jeremy sempre tinha sido sobre sexo e como
teve poucos relacionamentos reais, encontrar e querer Charlie era
uma revelação.

86
— O quê? — Charlie perguntou em torno de um pedaço de pão de
milho.
Jeremy sorriu e balançou a cabeça.
— Nada, cara. — Quando terminou o último pedaço de seu pão,
ele pegou Kat sorrindo para ele.
Dessa vez, porém, não era um sorriso sarcástico ou brincalhão.
Estava cheio de calor e felicidade. Ela acenou para ele, seu olhar indo
apenas por um momento para Charlie. E embora não precisasse de
sua aprovação, isso ainda o fazia se sentir feliz. Que sorte. Porque Kat
e Nick sempre o apoiaram. Não importava o que.
Depois do jantar, Jeremy e Charlie ficaram um bom tempo lendo
os documentos. Marz, Emilie, Easy e Jenna ajudaram, enquanto os
outros fizeram escalas nos abrigos como franco-atiradores ou
vigiando o perímetro. Metade dos Ravens tiveram uma rotação na
guarda, enquanto metade dormia em sacos de dormir no chão do
ginásio.
Por volta da uma da manhã, as palavras na tela na frente dele
começaram a ficar borradas.
— Tenho medo que esteja começando a ficar cansado. — Disse
Jeremy em voz baixa — E não quero perder algo importante.
Marz esfregou os olhos.
— Sim. Ficaram nisso tempo suficiente. Podem ir descansar.
— E você? — Disse Charlie. — Você já esteve aqui o dia todo.
— Eu sei, mas...
— Vem comigo. — Disse Emilie, interrompendo. Um olhar passou
entre eles, então Marz concordou e começou a fechar as coisas.
Quando eles calmamente atravessaram o ginásio, Easy caiu ao
lado de Emilie.
— Mais uma vez obrigado por hoje.

87
— Qualquer coisa por vocês. E quero dizer isso de verdade, Easy.
— Ela sorriu para ele e depois para Jenna, que lhe deu um abraço.
— Obrigada, Em. — Disse Jenna, seu cabelo vermelho escuro
contrastando com o cabelo chocolate de Emilie.
Emilie trabalhou como psicóloga clínica, e Jeremy realmente
esperava que essas palavras de agradecimento significassem que Easy
estava recebendo ajuda. Na semana passada Easy tinha admitido a
todo o grupo que estava lutando com sentimentos suicidas. Jeremy
não tinha visto nada mais silencioso do que o quarto em que estavam
na hora que Easy confessou o que estava passando.
Enquanto os outros dois casais foram para o terceiro andar, onde
estavam hospedados em um quarto que Jeremy tinha apenas
parcialmente acabado de reformar, ele e Charlie voltaram para o seu
apartamento.
Sr. Limpeza tinha, aparentemente, vindo antes, pois a bagunça
do jantar tinha sido limpa. Sem dúvida foi graças a Becca e Sara, que
estavam saindo de seu caminho para tentar cuidar de todos.
Eles cruzaram o apartamento tranquilamente e chegaram à porta
do quarto de Charlie.
Fazia muito tempo desde que Jeremy tinha tocado Charlie, ou o
segurado, ou o beijado. Prendendo-o na porta, Jeremy se inclinou
para um beijo longo e persistente. Charlie ficou tenso no início, mas,
em seguida se derreteu no beijo, suas mãos foram aos ombros de
Jeremy, o pescoço, o cabelo dele. Jeremy não sabia o que ele queria,
mas ele sabia o que não queria.
Ele não queria ficar sozinho.
Ele não queria ficar longe de Charlie.
E ele não queria jogar com essa coisa.
— Venha para o meu quarto comigo. — Disse Jeremy, aninhando
seus lábios contra a orelha de Charlie — Não tive o suficiente de você
ainda.

88
Capítulo 09
O coração de Charlie disparou quando Jeremy fechou e trancou a
porta do quarto. O que foi um pouco ridículo, dado ao tempo que
passaram sozinhos ao longo das duas últimas semanas. Mas agora,
as coisas pareciam diferentes. As coisas eram diferentes. Porque eles
admitiram ter sentimentos um pelo outro, porque eles tinham estado
juntos, porque Charlie queria estar com Jeremy em todos os sentidos
que podia.
O que deixou ele um pouco inseguro. Normalmente, ele acabava
se esticando na cama de Jeremy, as costas apoiadas em travesseiros
empilhados contra a parede. Mas ele não tinha certeza se isso
significaria algo diferente para Jeremy agora.
Então ele esperou Jeremy assumir a liderança. De pé no centro
do quarto verde escuro, uma parede coberta com mais dos desenhos
que tinha visto lá embaixo na Hard Ink, Charlie puxou as mãos pelos
cabelos. Foi apenas tempo suficiente para que ele pudesse puxar a
parte superior do cabelo em um nó se ele quisesse, o que ele fez por
vezes, quando trabalha no computador.
— Qual é o problema? — Jeremy disse, andando até ele. Suas
mãos se estabeleceram nos quadris de Charlie, o que enviou um raio
de energia elétrica através de seu sangue.
— O que você quer dizer? Nada. — Disse ele, tentando parecer
relaxado.
Jeremy sorriu.
— Não fique nervoso. Não temos que fazer nada. Só queria estar
com você. Nada tem que mudar entre nós, sabe? Ainda sou apenas
Jeremy. E você ainda é apenas Charlie.

89
Essa garantia derreteu mais as incertezas de Charlie e ele deu
uma respiração profunda.
— Sim. Obviamente. Eu sinto muito.
Balançando a cabeça, Jeremy segurou sua mão ao redor da parte
de trás do pescoço de Charlie. Jer parecia gostar de tocá-lo dessa
forma, o que era bom, porque Charlie amava absolutamente a forma
como se sentia com isso. Como se Jeremy estivesse reivindicando ele,
confortando-o e puxando-o mais perto de uma só vez.
— Não se preocupe com isso. Apenas fale para mim, ok?
— Ok.
— Mas você sabe... — Jeremy disse com um sorriso — Se você se
sentir à vontade para me beijar, isso seria bom também.
Charlie deu uma pequena risada, toda a sua tensão se esvaindo.
— Eu poderia estar sentindo essa necessidade no momento.
O polegar de Jeremy acariciou o lado do pescoço de Charlie e seu
olhar se estreitou.
— Você está, né?
Concordando, Charlie decidiu colocar sua tatuagem em prática.
Ele se inclinou, passou a língua contra o piercings no lábio de
Jeremy, e beijou-o. Enfiando as mãos nos cabelos de Jeremy, ele
empurrou profundamente sua língua na boca do outro homem,
degustando, explorando, acariciando.
Jeremy deu tudo o que ele pedia, e logo estavam respirando com
dificuldade, e segurando apertado, e moendo um contra o outro até
que Charlie tinha que parar para respirar.
— Deita comigo? — Jeremy sussurrou.
— Sim. — Disse Charlie, deixando Jeremy levá-lo para a grande
cama queen-size. Eles se estenderam no suave edredom de flanela
xadrez.

90
Jeremy empurrou Charlie de costas e subiu em cima dele. O peso
do outro homem era fenomenal quando o pressionou na cama macia.
— Gosto de olhar você aqui. Na minha cama. — Disse Jeremy.
— Gosta? — As bochechas de Charlie ficaram vermelhas com o
comentário, mas só porque ele amava isso.
Jeremy assentiu.
— Me ter em cima de você machuca suas costelas? — Charlie
tinha colocado o curativo na loja de Jer e seguido suas instruções
horas antes, mas a tatuagem iria levar mais de duas semanas para
cicatrizar, aparentemente.
— Não. — Disse Charlie, rapidamente deslizando as mãos até as
costas de Jeremy para encorajá-lo a ficar exatamente onde ele estava.
Porque Charlie teria sofrido qualquer coisa para mantê-lo lá para
sempre — Me beije, Jeremy.
— Com prazer. — Jeremy disse, chupando o lábio inferior de
Charlie em sua boca. Beijos lentos, profundos e rapidamente
passaram a ser rápidos e frenéticos. Seus corpos se mexeram e se
pressionaram. Suas mãos agarraram e puxaram. Seus paus duros
friccionados através de seus jeans até que Charlie tinha de repente
certeza de uma coisa.
— Não quero gozar com roupas. — Ele murmurou e seu cérebro
lutava para descobrir exatamente o que ele queria. E como encontrar
a coragem para expressar isso.
Jeremy puxou de volta, o pálido olhar verde absolutamente em
chamas.
— Então como você quer gozar?
Charlie engoliu em seco e seu pulso disparou ainda mais rápido.
Porque seu corpo, coração e cabeça estavam todos de acordo, e ele
sabia o que ele queria: de Jeremy, com Jeremy.
Tudo.

91
— Eu quero...
— Diga isso, Charlie. Me diga e vou dar a você. — Jeremy beijou-o
com os olhos abertos, e era tão íntimo, tão perto. Mais perto do que
ele já sentiu outra pessoa.
— Quero você em mim. — Charlie disse finalmente, deixando ele
tonto no momento da admissão.
Jeremy o beijou longo e forte.
— Tem certeza? — Ele perguntou quando finalmente parou para
respirar — Não temos pressa.
— Tenho certeza. — Disse Charlie, clareza, finalmente, descendo
sobre ele — Me sinto tão perto de você. Quero sentir isso em todos os
sentidos.
— Deus, quero você. — Jeremy lhe em um beijo. Charlie não
tinha certeza se era o beijo ou as palavras que mais roubou seu
fôlego. Tudo o que sabia era que nunca tinha sentido tanto, nem tão
intensamente, como se sentia naquele momento. Afeição. Desejo.
Amor.
Amor?
Ele poderia realmente estar apaixonado?
Jeremy ficou sob os joelhos, o quadril montado em Charlie, e
puxou sua camiseta cheia de insinuações sobre sua cabeça. E Charlie
estava cativado pela visão de Jeremy sobre ele. Pela maneira sexy que
Jeremy sacudiu seu cabelo escuro. Pelas milhas de tatuagem que
cobriam seus ombros musculosos e estômago magro. Até o atrito
causado pelo peso de Jeremy sentado deliciosamente no colo de
Charlie.
As mãos de Charlie foram para as coxas fortes de Jeremy,
enquanto olhava para ele.

92
— Deus, você é tão quente. — O sorriso que Jeremy lhe deu teve
seu batimento cardíaco aumentando juntamente com o calor e a dor
em seu pau.
Jer pegou a camisa de Charlie, e juntos a tiraram. Em seguida,
Jeremy estava sobre ele, beijando seu pescoço, o peito, o estômago.
As pontas dos dedos hábeis encontrando e provocando seus mamilos
até que Charlie estava ofegante e se contorcendo e morrendo por
mais. Quando as mãos de Jeremy finalmente foram para o botão e
zíper da calça jeans de Charlie, ele quase gritou de alívio.
Escorregando para extremidade da cama, Jeremy puxou fora o resto
da roupa de Charlie e depois tirou a própria.
Lentamente, como uma caçada de um leão, Jeremy se arrastou
até a cama, parando para beijar o tornozelo de Charlie, para passar a
língua contra o ponto fraco sob o joelho, para arrastar os dentes até o
interior de sua coxa, para morder o osso do quadril.
— Você está me matando, Jeremy. — Charlie murmurou quase
desesperado.
Sua risada era tão irritante e igualmente sexy.
— Acho que você pode suportar. — Ele sussurrou com sua boca
pairando sobre o pênis de Charlie. Ele deu uma longa lambida lenta
por todo o comprimento e teve Charlie gemendo e agarrando o cabelo
dele. Jeremy ficou por apenas um momento, chupando o pau no
fundo e esvaziando suas bochechas enquanto se retirava. E então se
estendeu sobre o corpo de Charlie novamente e beijou-o tão
completamente, tão apaixonadamente, tão intensamente que fez
Charlie sentir como se nunca tivesse sido beijado antes.
Charlie agarrou a cabeça de Jeremy.
— Quero você agora. — Ele sussurrou.

93
Jeremy estendeu a mão para sua mesa de cabeceira e abriu a
gaveta. Pegou um preservativo e uma garrafa de lubrificante e colocou
na cama ao lado deles.
— Vire e fique de joelhos. — Disse ele.
Com o coração trovejando contra seu peito, Charlie ficou em suas
mãos e joelhos. Tinha passado um tempo desde a última vez que fez
sexo, razão pela qual estava absolutamente faminto por isso agora.
Apesar de quão incrível suas atividades anteriores tinham sido, não
havia nada como alguém enrolado firmemente em torno de você
enquanto estava profundamente dentro de você.
Mãos corriam sobre suas costas, lhe acariciando a espinha e
parando em sua bunda.
— Você é tão bonito, Charlie. — Disse Jeremy, pressionando um
beijo contra suas costas — Não me deixe fazer qualquer coisa que
estiver doendo, ok?
— Você não vai. — Disse Charlie, sorrindo por cima do ombro.
Ele adorava a maneira como Jeremy dava elogios tão livremente, tão
casualmente, como se fossem simplesmente fatos. Charlie nunca
tinha experimentado nada parecido.
Charlie observou Jeremy pegar o lubrificante e revestir dois de
seus dedos. A antecipação fez o estômago de Charlie virar e depois
Jeremy estava tocando com esses dedos lisos, circulando e
provocando e acariciando contra a abertura de sua bunda. Um dedo
penetrou, fazendo Charlie gemer de prazer. Jeremy acariciou suas
costas e as bochechas de sua bunda enquanto ele transava com ele
com o dedo, primeiro um, depois dois. Ele torceu o pulso e
aprofundou seus dedos, preparando Charlie para mais. Para ele.
O terceiro dedo fez Charlie arquear suas costas com um gemido,
mas ele estava feliz que Jeremy estava tomando tempo para deixá-lo

94
pronto. A circunferência de Jeremy exigia isso. E Charlie queria ser
capaz de tomar cada centímetro da espessura dele.
— Deus, isso é bom.
— Sim? — Disse Jeremy, acariciando seu próprio pênis, fazendo a
ponta do mesmo arrastar contra a coxa de Charlie — Sua bunda é
apertada pra caralho, Charlie. Vou amar isso.
Suavemente, Jer retirou seus dedos e pegou o preservativo.
Enrolou seu comprimento e se mudou para trás de Charlie. O clique
da tampa lubrificante soou, seguido pelo atrito molhado de Jeremy se
acariciando novamente.
E, em seguida, Jeremy estava bem ali, empurrando sua abertura,
e lentamente, tão lentamente, se afundando profundamente.
Charlie não tinha certeza de qual gemido foi mais alto. Tudo o
que podia pensar era na queimadura quente da invasão de Jeremy. A
maneira que o pau dele o enchia. A forma como ele entrou alargando
ele. A forma como fez doer da maneira mais tortuosamente incrível.
— Jesus, Charlie. — Jeremy mordeu fora — Está tudo bem?
— Sim, sim. — Ele murmurou, baixando os cotovelos enquanto a
mão de Jeremy pressionava suas costas.
A lenta retirada enviou um incêndio de dor e prazer pelo corpo de
Charlie, e ele agarrou seu próprio pau.
Quando o pênis de Jeremy penetrou profundamente mais uma
vez, um pouco mais rápido dessa vez, duas coisas aconteceram. Os
piercings entraram em Charlie, acrescentando uma sensação
totalmente nova para a já incrível sensação de ser fodido. E a dor se
dissipou num piscar de olhos, deixando Charlie se afogando em um
mar de prazer tão nítido, tão quente, tão alucinante, que ele teve que
apertar o rosto no travesseiro para abafar o gemido que saiu dele.
Por um breve momento, seu cérebro se lembrou de ter cautela
porque Nick e Becca estavam ao lado direito, mas, em seguida,

95
Jeremy afugentou sua capacidade de pensar racionalmente quando
agarrou os quadris de Charlie e acelerou suas investidas.
— Você me leva tão bem, Charlie. — Disse Jeremy, sua voz rouca.
— Isso é porque preciso de você. — Charlie conseguiu falar, um
gemido rasgando sua garganta enquanto Jeremy se afundava dentro
dele. Os piercings sacudindo juntos, quase criando uma vibração
cada vez que Jer ia mais profundo, e foi do caralho, foi selvagem.
— Preciso de você, também. — Disse Jeremy. Ele afundou e
colocou seu peito contra as costas de Charlie, com os braços
próximos ao redor do estômago de Charlie. A posição fez Jer ir ainda
mais fundo, e Charlie adorava a sensação de estar completamente
cercado, completamente coberto, totalmente detido.
Os quadris de Jeremy empurravam e se retiravam enquanto ele
ainda estava curvado em torno dele. Foi tão profundo que um prazer
beirando a dor inundou Charlie, empurrando ele a um passo gigante
em direção ao fim.
— Se deite, babe. — Disse Jeremy, pressionando um beijo no
pescoço de Charlie.
Espere. Babe9? Será que Jeremy simplesmente o chamou de babe?
O coração de Charlie se derreteu quando ele se colocou em uma
posição de bruços e o peso de Jeremy seguiu-o para baixo, realmente
cobrindo-o da cabeça aos pés. Era uma das posições favoritas de
Charlie por causa da proximidade, o peso do corpo de Jeremy, e a
profundidade que ela permitiu.
Jeremy agarrou apertado no ombro de Charlie com uma mão e
gentilmente virou o rosto de Charlie para ele com a outra, permitindo
dar beijos quentes, curtos demais enquanto se moviam e se
contorciam juntos.
— Me sinto tão bem. — Disse Charlie.

9 Babe, é usado para uma pessoa sexualmente linda. Tem o significado principal de gato(a), bonito(a). E também usado, como no
caso, em uma conotação carinhosa, não somente sexual.

96
O outro homem beijou ele com um gemido, seu corpo se movendo
mais rápido, mais forte, mais profundo. Quando Jeremy pegou o
ritmo, ele forçou os quadris de Charlie para moer na cama novamente
e novamente. O atrito contra o seu pau era incrível e o atormentava e
se certificava de levá-lo a gozar antes que ele estivesse pronto para
isso ter acabado.
Charlie gemeu e esticou um braço para agarrar a bunda de
Jeremy.
— Mais forte. Bem assim. Vai me fazer gozar.
— Sim, caralho. — Jeremy fez uma série de impulsos, pontuando
e duros.
Isso era exatamente o que Charlie precisava. A queimadura mais
requintada atravessou a parte inferior do corpo dele, e então ele
estava sufocando o grito no travesseiro e gozando no espaço apertado
entre o estômago e a cama. A sensação ainda mais intensa por causa
da plenitude que o pênis de Jeremy fornecia.
— Tão bom pra caralho, tão bom pra caralho. — Jeremy disse
asperamente — Posso sentir você. Deus.
— Jeremy. — Charlie falou quando os espasmos finalmente
desaceleraram.
Com um gemido desesperado, Jeremy empurrou para os joelhos
até que montou as coxas de Charlie. Ele agarrou o traseiro de Charlie
em ambas as mãos, os polegares segurando-o aberto. Jer diminuiu o
ritmo e fez seus golpes mais devagar, puxando quase todo o caminho
antes de mergulhar todo o caminho novamente.
— É tão quente me assistir deslizando em você. — Jeremy disse
asperamente.
Só de imaginar como parecia, o pau de Charlie mexeu novamente.
— Me sinto melhor ainda. — Ele conseguiu dizer.

97
— Porra. — Jeremy disse, caindo para frente novamente. Apoiou
seu peso em seus braços — Não posso segurar por mais tempo.
— Não segure. — Disse Charlie — Goze em mim.
— Merda, Charlie. — Os quadris de Jeremy voaram o som de sua
pele batendo juntos e altos no quarto — Estou gozando. — Jer se
movia enquanto gozava, um longo gemido derramando de sua boca, e
Charlie sentiu o empurrão do pau do outro homem dentro dele.
Sabendo que um homem como Jeremy encontrou prazer e
demonstrou isso com intensa sonoridade fez Charlie se sentir como se
estivesse flutuando.
— Jesus. — Jeremy sussurrou enquanto seu orgasmo passava.
Ele descansou sua testa contra o cabelo de Charlie, em seguida,
mudou o peso de seu corpo para o lado enquanto gentilmente retirava
seu pênis. Ele saiu da cama por tempo suficiente para jogar o
preservativo no lixo e para pegar uma toalha dobrada da cômoda —
Vira. — Disse ele enquanto ele voltava para a cama.
Charlie não conseguia parar de olhar para o rosto de Jeremy
quando o outro homem se ocupava com a limpeza do estômago de
Charlie e da roupa de cama, porque ele tinha uma expressão que era
tão relaxada, tão satisfeita que Charlie mal podia acreditar que tinha
sido o único a colocá-la lá. Deixou Jeremy bonito, realmente, e isso
fez o coração de Charlie parecer muito grande para o peito.
Por fim, Jeremy deitou ao lado de Charlie puxando ele em seus
braços. O rosto de Charlie veio descansar no ombro de Jeremy, a
frente de seu corpo pressionado totalmente contra a lateral de Jer. O
momento foi preenchido com o carinho mais doce. Jeremy puxou o
braço de Charlie sobre o peito, em seguida, acariciou
preguiçosamente sua pele. Ele acariciou os cabelos de Charlie,
deixando Charlie sonolento contra a sua vontade. E ele pressionou
beijos contra a testa de Charlie, uma e outra e outra vez.

98
— Fica aqui comigo essa noite? — Perguntou Jeremy.
Diferentes reações percorreram Charlie. Uma satisfação profunda
na alma porque Jeremy queria que ele ficasse. E ansiedade sobre o
que aconteceria se alguém os visse sair juntos na parte da manhã.
Charlie poderia segurar a barra de sair do armário? Será que alguém
se importava? Será que causaria os problemas que ele temia que
pudesse causar?
Não tenha medo.
O problema era que ele estava com medo. Ele não queria estar.
Ele odiava estar, na verdade. Mas talvez ele pudesse fingir. O mínimo
que ele podia fazer era tentar.
Charlie balançou a cabeça e deu um beijo no pescoço de Jeremy.
— Eu vou ficar. — As palavras desencadearam uma sensação de
vibração no peito de Charlie.
— Que bom, — Disse Jeremy — Porque eu não quero deixá-lo ir.

99
Capítulo 10
Charlie não conseguia dormir.
Toda vez que o calor de Jeremy atraiu-o para a inconsciência, ele
era sacudido de volta, com os olhos em direção à direita para o
despertador ao lado da cama, seu cérebro preso em um estado
frustrante de alerta causado pela preocupação sobre o que
aconteceria na parte da manhã.
Ele não queria sair. Não queria perder sequer um único momento
com Jeremy. Não queria desistir dessa proximidade incrível, algo que
ele nunca tinha tido antes. Então ficou, apesar de sua exaustão,
apesar de sua incapacidade de relaxar, apesar da adrenalina que seu
cérebro estúpido manteve bombeamento através de seu sistema.
Quando o relógio virou às 6:00 da manhã, Charlie se levantou.
Ele procurou na escuridão por suas roupas, capaz de achar os dois
pares de jeans espalhados pelo chão distante porque Jeremy tinha
um telefone celular no bolso. Usando a luz do celular para localizar
sua camisa e sapatos, rapidamente colocou as roupas. Quase
prendeu a respiração, em um esforço para ficar quieto, e então foi na
ponta dos pés descalços do outro lado do quarto, lentamente girou a
maçaneta e abriu a porta só o suficiente para espiar o lado de fora.
Charlie quase bateu em Nick e Becca.
— Merda. — Ele sussurrou tão assustado que deixou cair os
sapatos e o sangue subiu nas orelhas.
— Desculpe. — Disse Becca com uma risada.
As sobrancelhas arqueadas, Nick lhe dando um olhar avaliador.
Um calor surgiu no pescoço de Charlie, e ele se inclinou para
recuperar seus tênis. Ele estava tão, tão pego.

100
— Então, uh, vocês acordaram cedo. — Ele sussurrou para o
casal. Seu olhar patinou da porta do quarto de Jeremy, ainda a meio
caminho aberta.
Os olhos de Nick se estreitaram, mas uma sugestão de um sorriso
brincou em torno de sua boca.
— Você passou... Passou a noite com Jeremy?
Os olhos de Becca se arregalaram e um sorriso lento subiu em
seu rosto.
As paredes se fecharam ao redor de Charlie. Seu peito estava
apertado e o ar de repente se tornou muito pouco. Apressadamente,
ele se inclinou para agarrar a maçaneta da porta e fechar a porta.
— Claro que eu não passei a noite com Jeremy.
Cruzando os braços, Nick sorriu.
— Então o que você estava fazendo?
Os pensamentos de Charlie giraram e seu estômago queimou com
culpa por ter mentido para sua irmã e o homem que salvou sua vida.
— Eu, uh, estava indo pegar uma camisa limpa dele. Eu pensei
que ele estaria acordado. — Ele finalmente conseguiu.
— E você precisava de seus sapatos para que? — Perguntou Nick.
Totalmente confuso agora, Charlie sacudiu a cabeça.
— Eu não sei. Por que isso importa?
Nick levantou as mãos como se estivesse se rendendo.
— Não importa. Não se preocupe. Só pensei que talvez vocês
dois... — Ele encolheu os ombros. — Estivessem juntos.
Oh Deus, oh Deus, oh Deus. Charlie se sentiu totalmente
encurralado. Ele não só não tinha certeza de que estava pronto para
que os outros soubessem, como o fato que ele e Jeremy nunca tinham
falado sobre a possibilidade de ir a público em primeiro lugar. E se
Jeremy não quisesse que ninguém soubesse?

101
— Não, — Charlie deixou escapar, um calor queimando em seu
estômago — Nós não estamos juntos.
— Oh. Vocês não estão? — Becca perguntou seu tom cheio de
decepção.
Mas Charlie não conseguia pensar sobre isso, não poderia
analisar o que significava, não quando estava lutando para respirar.
— Não. Pela última vez, não estamos juntos. Tenho que ir tomar
banho. — Disse ele. Ele correu pelo corredor até o banheiro e se
trancou lá dentro.
Ele nem sequer acendeu a luz. Tudo o que podia fazer era se
encostar contra a parte de trás da porta, os sapatos ainda agarrados
ao peito. Ele acalmou as cordas de sua mente para que ele pudesse
respirar novamente.
O que diabos aconteceu?
Você se apavorou. Isso é o que diabos aconteceu. Idiota.
Charlie soltou uma respiração profunda, seus pulmões,
finalmente, abriram o suficiente para trabalharem novamente.
Uau. Ele nunca mais tinha tido um ataque de pânico tão ruim
desde a manhã em que os bandidos da Gangue do Church tinham
pegado ele em seu quarto de motel, forçaram um pano preto sobre
sua cabeça, o amarraram, e jogaram ele na parte traseira de uma
van. Claro, isso fazia muito mais sentido nessa situação do que agora.
Acendendo a luz, Charlie se virou e descansou as costas contra a
porta. Por que ele não poderia ser normal?

— Você sabe que deixará as coisas muito mais difíceis para si


mesmo. Vivendo assim. — Seu pai tinha dito em seu último argumento
sobre a longa lista de coisas decepcionante que encontrou sobre
Charlie. Era um argumento que eles tinham discutido tantas vezes. A
partir do momento em que Charlie tinha saído aos dezenove anos para

102
a última vez. E no topo da lista do querido velho pai de PORQUE
CHARLIE ERA UMA DECEPÇÃO COMO FILHO E UM SER HUMANO era
por causa da orientação sexual de Charlie.
— Se as coisas são mais difíceis, elas são mais difíceis. Mas eu
não estou escolhendo essa vida, coronel, — Disse Charlie, sabendo que
seu uso de sua patente iria irritá-lo — É quem eu sou.
— Você podia tentar.
— Eu sou gay! — Charlie abriu os braços — Não há nada a tentar.
Isso é apenas quem eu sou. Sou gay. Sou tímido. Sou um solitário. Sou
uma fera do computador. Sou a porra de um esquisito...
— Olhe a linguagem, Charlie. Mostre um pouco de respeito. —
Disse o pai.
— Oh. Como você me mostra?
— O respeito é ganho.
— E não posso ganhar o seu por que eu sou gay, né? Vá se foder.
— Ele disse antes de sair. Seu pai havia corrido atrás dele, mas
Charlie não tinha olhado para trás.

Vá se foder. Essas foram às últimas palavras que disse a seu pai.


Menos de um ano depois, Becca tinha aparecido em seu apartamento
e entregado a notícia de que seu pai tinha morrido no Afeganistão.
Charlie atirou seus sapatos no chão do banheiro e agarrou seu
cabelo.
O homem estava morto. E Charlie tinha vinte e seis anos de
idade. Por que diabos seu pai ainda tinha tanto poder sobre ele?
Charlie não tinha certeza se estava mais chateado com ele próprio ou
com o fantasma de seu pai.
Tudo o que sabia era que, até agora, ele estava fazendo um
trabalho de merda em viver como estava escrito na sua tatuagem.
Sua tatuagem.

103
Jeremy.
Merda.
Mesmo nervoso como estava sobre a reação de todos, Charlie se
sentiu como no inferno por negar Jeremy, por dizer que não estavam
juntos. A culpa foi estufando seu estômago até que estava enjoado.
Mas ele poderia fazer isso direito.
Tudo o que ele tinha a fazer era falar com Jeremy. Dizer a ele por
que estava nervoso. E ver onde Jer ficava sobre a questão de mostrar
para os outros. Por tudo que Charlie sabia talvez Jeremy quisesse
mantê-los em segredo por agora também. Afinal, eles eram totalmente
novos nisso e ainda iriam descobrir coisas por si próprios.
Se inclinando sobre a pia, Charlie jogou água fria no rosto.
Apenas fale com Jeremy.
Charlie acenou para seu reflexo no espelho.
Isso deixaria tudo melhor.

Jeremy estava na escuridão e ficou olhando para a porta por um


longo tempo após a conversa desaparecer. Ele tinha despertado
quando Charlie tentou escapar de seu quarto, e saído da cama
quando tinha ouvido Nick dando fazendo interrogatório no corredor.
Que era quando ele tinha ouvido Charlie dizendo que eles não
estavam juntos. Duas vezes. Três vezes, dependendo de como via.
Depois do que eles tinham compartilhado ontem à noite, cacete,
depois de ontem Charlie nem sequer os reconheceu para Nick e
Becca? Ambos que, obviamente, sabiam que Charlie era gay e Jeremy
era bissexual. Merda, tanto tempo que ele e Charlie passaram juntos,
Jeremy não achou que ele iria mentir para qualquer pessoa e isso foi
uma verdadeira surpresa.

104
A princípio, a negação de Charlie tinha desencadeado uma dor
desconfortável no de Jeremy. Ser negado assim era tão ruim.
Charlie era tímido, Jeremy estava bem ciente. Mas não era como
se o cara ainda estivesse no armário.
Mas, em seguida, Jeremy tinha sentado na beira da cama por um
longo tempo, a cabeça entre as mãos, repetindo o que ouvira. E
quanto mais vezes ele fez isso, pior se sentia. Não apenas por ser
negado, mas por ser rejeitado.
Seu coração foi ferido, como se ficasse de repente e violentamente
vazio. E então ele percebeu por que.
Ele estava apaixonado por Charlie.
Estava apaixonado, e Charlie estava negando para as pessoas
mais próximas em suas vidas que eles estavam mesmo juntos.
Porra.
E aqui Jeremy tinha pensado que seria o único a ter problemas a
chegar a um acordo com a escolha de se comprometer com um
homem. Afinal, Jeremy estava andando totalmente num terreno novo
não apenas considerando ter um relacionamento com um homem,
mas na verdade desenvolvendo sentimentos por esse cara. Todo um
caminho novo.
E ele tinha. Jeremy estava completamente dentro.
Caído de amor por Charlie.
Jeremy ficou lá tanto tempo girando sobre o que tinha ouvido e o
que significava e o que fazer sobre isso, que era bem depois de sete
horas antes que tivesse seus problemas solucionados, limpos, quando
foi para o ginásio.
O que significava que ele não tinha oportunidade de ter uma
conversa privada com Charlie sobre qualquer coisa. E, por enquanto,
estava muito bem para Jeremy.

105
Porque ele estava ferido, o que deixava ele irritado. Era
provavelmente melhor relaxar por um tempo antes de tentar falar
honestamente sobre tudo com o homem que amava.
Quando entrou no ginásio, a primeira coisa que viu foi Eileen,
deitada de costas, com as pernas apontando para cima em todos os
lugares, quando ela olhou para Cy, em cima de uma prateleira alta de
equipamentos e encarando o cachorro. Cy. Jeremy não tinha sequer
percebido que tinha se resolvido em um nome para o seu mais novo
animal até pouco tempo. O nome que Charlie propôs. Claro.
Cruzando o ginásio para a área de trabalho no canto de trás da
sala, Jeremy colocou os olhos em Charlie, pela primeira vez desde a
noite passada. E apenas vê-lo fez seu corpo ficar sem controle.
Um desejo quente cravou seu pulso, porque estar dentro de
Charlie na noite passada tinha sido incrível pra cacete. O anseio da
alma profunda fez sua pulsação acelerar com vontade de toca-lo
novamente, estar com ele, reclamá-lo de uma vez por todas. E seu
peito perfurado e ferido sacudiu tudo de novo enquanto seu cérebro
inutilmente repetia as palavras que tinha ouvido.
— Hey, — Jeremy disse quando se aproximou da mesa de Marz —
Desculpe por estar atrasado. Dormi muito. — Por mais difícil que
fosse, Jeremy não olhou para Charlie.
Agindo tanto casual como podia, ele contornou a nova mesa de
computadores e se sentou em frente à Becca e Nick.
— Não se preocupe. — Marz disse em sua maneira jovial normal.
— Vou mergulhar de volta onde parei na noite passada. — Disse
Jeremy, se ocupando com a abertura dos arquivos que ele precisava e
fingindo ler suas notas a partir da noite anterior.
— Tudo bem? — Perguntou Nick.
— Sim, claro. — Disse Jeremy. Quando percebeu que Nick estava
olhando para ele, ele finalmente olhou para cima — O que?

106
Por um longo momento, Jeremy tinha certeza que Nick estava
indo perguntar qual era o problema. Malditos irmãos perceptivos
poderiam ser realmente irritantes quando você não queria que
fossem. Mas Nick apenas deu de ombros.
— Nada.
Jeremy deu um significante olhar para ele e voltou a olhar de
volta para baixo novamente, mas seu olhar o traiu, desviando na
direção de Charlie.
Charlie estava olhando para ele, e todo o seu rosto se iluminou
quando fizeram contato com os olhos dele, os lábios se levantando em
um pequeno sorriso.
Bem, isso é confuso pra caralho.
Jeremy conseguiu dar um único aceno de cabeça e abaixou o
queixo, embora ele não perdesse a dor intermitente através dos olhos
de Charlie com a falta de qualquer saudação normal. Mas Jeremy não
tinha nada para colocar uma cara feliz essa manhã, não quando era
possível que tivesse caído de amor com um homem que não estava
nem perto de estar lá com ele.
A manhã inteira foi assim. Jeremy estava certo que Charlie estava
olhando para ele, e ele olhava para ele apenas para olhar rapidamente
para longe. Ou Jeremy iria se encontrar olhando para Charlie, apenas
para fingir que ele estava absolutamente absorto no que estava lendo
em seu monitor quando Charlie o havia notado.
— Pausa pra comer? — Perguntou Marz.
Franzindo a testa, Jeremy olhou para o pequeno relógio digital no
canto inferior da tela de seu computador para descobrir que já era
perto das doze.
— Vou fazer alguns sanduíches se quiserem. — Charlie ofereceu
— Posso trazer tudo de volta aqui com algumas bebidas. Como vocês
quiserem.

107
— Isso seria incrível. — Disse Marz.
Charlie se levantou e pregou Jeremy com um olhar.
— Quer ajudar? — Ele levantou a mão.
O coração de Jeremy tropeçou em uma batida. A conversa que
queria ter com Charlie não poderia ser comprimida em dez minutos
que seria necessário para fazer o almoço. Supondo que eles iriam
estar sozinhos lá na cozinha. Mas ele também não queria ser colocado
na posição de fingir que nada estava errado.
— Desculpe, mas estou quase terminando com uma seção de
documentos e eu, uh, realmente gostaria de terminá-lo.
Se sentia como um burro por essa desculpa, tanto mais por que
as palavras pareceram desinflar Charlie. O cara abraçou a si mesmo.
— Ah, com certeza. Claro.
— Estou em um bom ponto para parar. — Disse Becca — Então,
vou ajudar. — Ela se levantou, sorriu para Charlie, e deixaram a sala.
Jeremy tentou se concentrar na leitura, mas se encontrou relendo
as mesmas linhas mais e mais. Até o momento que chegou ao final do
documento informativo que estava trabalhando, e não tinha ideia do
que dizia.
Ele suspirou, e Nick e Marz se viraram para ele.
— O que está acontecendo? — Nick perguntou assim como Marz
disse: — O que há com você e Charlie?
Nick e Marz iriam lhe incomodar sobre isso?
Me mate agora.
— Nada. — Jeremy disse, desviando seu olhar para a tela. Se
fizesse contato visual com qualquer um deles, iria revelar mais do que
queria revelar.
Um minuto se passou, ou talvez dois. Jeremy olhou para cima
para encontrar Nick sorrindo para ele.
— Cara, — Disse Nick — Você está tão cheio de merda agora.

108
— Realmente, — Disse Marz — A tensão tem sido tão grossa aqui
toda a manhã que tem sido difícil respirar.
Ooooou talvez ele já tivesse revelado demais. Jeremy gemeu e
abaixou a cabeça para trás. Ele apertou as palmas de suas mãos em
seus olhos.
— Porra.
— Isso tem alguma coisa a ver com Charlie de pé envergonhado
saindo de seu quarto hoje cedo da manhã? — Perguntou Nick.
— Sério? Isso é incrível. — Disse Marz.
Jeremy olhou para seu irmão e viu quando o sorriso de Marz
caiu.
— Espere. Por que é tão ruim assim? — Perguntou Marz.
— Não é. — Jeremy disse finalmente.
— Então... Vocês estão juntos? — Nick perguntou com um tom
cuidadoso, como se soubesse onde as minas estavam nessa conversa.
Soltando uma respiração profunda, Jeremy deu de ombros.
— Eu pensei que nós estávamos.
A lâmpada passou por trás dos olhos de Nick, e a simpatia que
Jeremy viu ali parecia como todos os tipos de besteiras.
— Oh. Oh inferno. Você ouviu...
Jeremy cruzou os braços e balançou a cabeça.
Do outro lado do ginásio, a porta se abriu e um grupo inteiro de
pessoas entrava. Charlie, Becca, Kat e Beckett trazendo os pratos de
comida. Emilie, Shane e Sara trazendo nos braços latas de água e
refrigerante em garrafa. Atrás deles vinham, Jenna, Dare, e alguns
outros Ravens.
— Venham até aqui. — Becca chamou — O almoço está servido.
Nick se levantou, deu a volta ao banco de Jeremy, e lhe bateu no
ombro.
— Apenas fale com ele. — E então ele se foi.

109
— Isso mesmo. — Marz disse enquanto se levantava — Odeio ver
duas das minhas pessoas favoritas tão infelizes.
Jeremy assentiu. Ele ficou lá por alguns minutos debatendo o
que fazer. Nick e Marz estavam certos. Eles precisavam conversar.
Assim que seu turno terminasse, Jeremy levaria Charlie para seu
quarto e botaria isso para fora de uma vez por todas.
Ia ser um longo dia de merda até então, apesar de tudo. Viva.
Jeremy se levantou para ver Cy observá-lo de debaixo da mesa de
Marz. Agachado, Jeremy estendeu a mão.
— Psst, psst. Vem cá, Cy.
O gato piscou uma vez, duas vezes, e em seguida, deu alguns
passos cautelosos para frente.
— Está tudo bem. — Disse Jeremy — Vamos.
Jeremy não tinha certeza quanto tempo ele ficou lá tentando
convencer o gato a confiar nele. Cy iria dar alguns passos, hesitava,
em seguida, dar um pouco mais. Mas, finalmente, milagrosamente,
estava perto o suficiente para esticar e cheirar sua mão.
— Viu? Tá tudo bem.
Cy o cheirou novamente, em seguida, esfregou a cabeça contra
toda a palma de Jeremy, fechou os olhos como se se sentisse tão bem,
como se estivesse morrendo de vontade de ser um animal de
estimação, mas tinha tido muito medo de deixar alguém fazer.
Ele tinha acabado de tomar tempo e paciência e um pouco de
persuasão.
Quando Cy esfregou seu corpo contra as pernas de Jeremy, essas
palavras se estabeleceram em seu cérebro. E se aquilo era o que era
necessário pra Charlie também? Droga, ele realmente não queria
esperar até a noite para esclarecer as coisas. A tensão entre eles
estava comendo-o por dentro, e Jeremy odiava aqueles flashes de dor
que tinha visto no rosto de Charlie mais de uma vez.

110
Gentilmente, Jeremy deslizou as mãos em torno de Cy, testando
para ver se o gato permitiria ser pego. Ele permitiu. E isso fez Jeremy
sorrir.
— Tenho você, gatinho. Não se preocupe. — Disse Jeremy,
acariciando a cabeça macia do gato. Em algum momento, ele precisa
de um banho e uma viagem ao veterinário para ser examinado, mas
agora, tudo o que ele parecia precisar era um pouco de amor.
Lentamente, Jeremy se levantou, o gato escondido contra o peito,
e se virou para encontrar Charlie em pé cerca de quatro metros de
distância.
— Você conseguiu deixá-lo acariciá-lo. — Disse Charlie, sem fazer
muito contato visual.
— Sim. Seu nome é Cy, por sinal. — Jeremy se aproximou do
outro homem, seu estômago apertando com pesar pela parede
invisível que parecia estar entre eles.
— Sim? — Um sorriso cruzou o rosto de Charlie, então
desapareceu novamente.
— Quer ver se ele vai deixar você tocá-lo, também? — Perguntou
Jeremy.
— Oh. Não quero assustá-lo. — Disse Charlie, sua voz tão plana
que estava quebrando o coração de Jeremy.
Jeremy encolheu os ombros.
— Não se preocupe com isso. Se assustar, vamos tentar de novo
outra vez. Acho que ele realmente quer um pouco de amor, apesar de
tudo.
Charlie lentamente fechou a distância entre eles. Quando ele
parou bem na frente de Jeremy, ele estendeu a mão e deixou Cy
farejá-lo, e, em seguida, o gato deixou Charlie chegar tão longe como
acariciando a cabeça algumas vezes.

111
As gargalhadas irromperam sobre a mesa, e o gato correu dos
braços de Jeremy. Cy não era mais que um flash laranja quando ele
correu através da sala para seu esconderijo.
— Viu? Ele deixou você acaricia-lo. — Disse Jeremy.
Charlie ergueu o olhar, e seus olhos eram de um azul profundo
incrível.
— Jeremy?
— Sim?
Existiam algumas emoções que Jeremy não sabia ler na
expressão de Charlie até que finalmente franziu a testa e balançou a
cabeça.
— O que foi Charlie? — O corpo de Jeremy ficou tenso e seu
coração começou a afundar. O que quer que Charlie estivesse
trabalhando para dizer não parecia que ia ser bom. Filho da puta.
— Somente... Droga... — Ele puxou seu cabelo loiro e baixou o
olhar novamente.
— Char...
— Foda-se. — Disse Charlie. E então ele deu um passo até o
corpo de Jeremy, agarrou seu rosto, e beijou-o roubando de Jeremy o
ar que ele precisava para respirar.

112
Capítulo 11
Era perfeitamente possível que Charlie tivesse um ataque
cardíaco. Porque ele estava beijando Jeremy para todo mundo ver,
assim como sempre desejou que pudesse ser corajoso o suficiente
para fazer.
E depois a torcida e os assobios começaram da mesa. Não havia
volta agora, não que Charlie quisesse. De modo nenhum.
Mas isso não impediu o pulso de Charlie de correr com tanta
força que podia sentir batendo contra a sua pele em todos os lugares.
Ele só não tinha sido capaz de deixar a distância entre ele e
Jeremy por mais um minuto. E ele não poderia estar sendo governado
pelo medo por nem mais um segundo de sua vida.
No instante em que seus lábios se chocaram contra Jeremy,
Charlie percebeu algo que nunca tinha conhecido antes. Conquistar o
medo não significa não ter medo, isso significava ter medo de alguma
coisa e fazer de qualquer maneira. Significava dizer não ao medo, mas
você não pode me governar não, você não pode me segurar, não pode
me privar das coisas que eu mais quero. Não mais.
Se houver consequências por amar alguém tão incrível como
Jeremy Rixey, Charlie levaria cada uma. Porque Jeremy valia o risco.
Quando Jeremy gemeu no beijo e os seus braços foram em torno
de Charlie, o coração de Charlie cresceu tão grande dentro do peito
que doía da forma mais bonita. Ignorando seu público, ele despejou
tudo o que tinha no beijo até que houvesse apenas eles, nesse
momento, nesse beijo.
Por fim, eles se separaram seus rostos ainda se tocando.
— Já era a maldita hora. — Marz gritou para mais risadas.

113
Jeremy riu e fez Charlie sorrir, mesmo que seu rosto estivesse em
chamas e o quarto girando em torno dele e sentisse o chão ondulando
um pouco sob seus pés.
— Você está bem? — Perguntou Jeremy, sua mão escorregando
no pescoço e no corpo de Charlie.
— Estou agora. — Disse Charlie, tomando um profundo fôlego —
Sinto muito se não queria que ninguém soubesse sobre nós, mas eu...
Jeremy beijou ele, cortando suas palavras, e depois se encostou à
testa de Charlie.
— Não me importo com quem sabe, Charlie. Não me importo se
todos no mundo inteiro sabem. Eu só me preocupo com você.
O alívio veio através das veias de Charlie.
— Podemos conversar, por favor?
— Claro que sim, podemos conversar. — Jeremy pegou Charlie
pela mão, os dedos entrelaçados, e levou-o para a porta. Á meio
caminho para o quarto, Jeremy dispensou uma nova rodada de
aplausos e assobios.
Charlie parou e olhou através da sala. Eles estavam todos
sorrindo para eles. Toda a equipe e todas as suas namoradas. Até
mesmo o par de Ravens que ele não sabia que estava lá. Sorrindo e
rindo, como se estivessem feliz por eles. E isso fez Charlie mais feliz
do que jamais tinha estado em sua vida, feliz por ter encontrado
alguém como Jeremy, feliz por ter encontrado todas essas pessoas
loucas, feliz por ter tido a chance.
— Hey Shane? — Charlie falou — O nome do gato é Cy.
— O quê? — Disse Shane, se atirando de sua cadeira — Essa
merda não é justa!
Mais riso os seguiu para fora da porta e para o silêncio do
corredor.

114
— O meu quarto? — Perguntou Jeremy, digitando o código para a
porta do quarto com sua mão livre. Sua outra mão ainda segurava
apertado a de Charlie.
— Claro. — Disse Charlie.
No quarto de Jeremy, eles ficaram sentados na beira da cama,
coxa com coxa. Ambos começaram a falar ao mesmo tempo.
— Eu fiz uma coisa estúpida essa manhã. — Charlie começou.
— Escute, eu ouvi o que você disse. — disse Jeremy.
Uma longa pausa, e então Charlie disse:
— Oh, Deus. Você me ouviu? — A culpa apertou seu intestino.
— Sim. — Disse Jeremy.
Charlie pegou as mãos de Jer.
— Eu sinto muito. Me assustei. Nós não tínhamos falado sobre a
possibilidade de ir a público, então eu não sabia... — Ele balançou
sua cabeça — Eu congelei. Deixei que o medo tivesse o melhor de
mim e eu menti sobre nós. Eu sinto muito.
Para surpresa de Charlie, Jeremy sorriu.
— Eu diria que você combateu o medo agora.
Eles riram, e Charlie sacudiu a cabeça.
— Por favor, diga que você me perdoa.
— Claro que sim. — Disse Jeremy — Não é mesmo uma questão.
— Eu prometo que nunca vou te negar de novo, Jeremy. Eu não
poderia, porque eu... Uh... — Seu coração tropeçou uma batida, mas
ele veio até aqui, e agora era hora de ir até o fim. Para ser totalmente
honesto. Ele devia isso a Jeremy depois de contar essa mentira
horrível que não estavam juntos. E ele se devia, também.
— O quê? — Disse Jeremy, indo perto o suficiente para que ele
pudesse acariciar os nós dos dedos pelo rosto de Charlie.
— Amo você. — Charlie sussurrou.
Os olhos verdes pálidos de Jeremy arregalaram.

115
— O que você disse?
Oh Deus. Será que foi demais? Cedo demais? Charlie baixou o
olhar e balançou a cabeça, seus pensamentos todos mexidos.
— Uh...
— Olhe para mim, Charlie. Por favor? — Disse Jeremy,
empurrando o queixo com os dedos. Quando Charlie finalmente
cedeu, os olhos de Jeremy foram preenchidos com tanta suavidade e
calor — Você me ama?
Charlie conseguiu um aceno de cabeça, porque ele não queria
mentir pra esse homem.
— Sim.
— Você me surpreende uma e outra vez. — Disse Jeremy com um
sorriso crescente — E eu adoro isso pra cacete.
— Você adora? — Charlie perguntou com sua garganta apertada.
— Eu adoro, porque eu também te amo, Charlie.
Todo o corpo de Charlie tremeu com a revelação de Jeremy,
porque eram palavras que ele nunca pensou que iria ouvir sendo
dirigidas a ele.
— Ah, não chore, babe. — Disse Jeremy, limpando a umidade
que ele nem percebeu saindo do canto de um olho.
— Amo quando você me chama assim. — Disse Charlie.
— Bem, isso é bom. — Disse Jeremy — Porque eu gosto de te
chamar assim. Babe. — Ele piscou.
— Jeremy? — Charlie disse, seus pensamentos giraram e suas
emoções o oprimiram.
— O que?
Por um longo momento, Charlie se esforçou para dar sentido à
confusão em sua cabeça, e então as palavras se derramaram:

116
— Eu teria sofrido qualquer coisa se isso me levasse até você.
Dou graças a Deus que estou vivo, não porque me libertei daqueles
homens horríveis, mas porque isso me trouxe até aqui. Bem aqui.
— Porra, Charlie. — Jeremy disse, seus olhos intensos. — E eu
teria dado qualquer coisa para você não ter passado por isso tudo.
— Eu não mudaria uma coisa do que aconteceu, — disse Charlie.
— Porque você é tudo para mim, e você valeu tudo isso.

— Me sinto da mesma maneira. — Disse Jeremy, seu coração


mais cheio do que jamais estivera em sua vida. Ele beijou Charlie
uma vez, duas vezes, encorajando-o a se reclinar na cama. — No
entanto, você está aqui, está no lugar certo onde estava destinado a
estar. Ao meu lado, nos meus braços, na minha cama.
— Sim, — Charlie sussurrou — Eu te amo tanto. — Ele passou os
braços em torno de Jeremy e puxou-o apertado.
A porra do coração de Jeremy disparou, e ele derramou cada
pequeno pedaço da euforia que sentia em seu beijo. Suas mãos
agarraram e apertaram, seus lábios puxaram e arrastaram, as suas
línguas circularam e acariciaram até que seus pênis estavam duros e
seus quadris estavam moendo juntos.
— Quero você, Charlie. — Jeremy murmurou, puxando o outro
homem em uma posição sentada para que ele pudesse tirar a camisa.
Jeremy deslizou para fora da cama e tirou os sapatos, e Charlie
seguiu o exemplo.
As roupas voaram entre risos lúdicos e beijos desesperados, suas
respirações ofegantes e gemidos que derramaram pelo quarto.

117
Jeremy puxou Charlie bem apertado e agarrou os dois paus nas
mãos, acariciando os dois enquanto eles se beijaram e chuparam e
gemeram.
— Eu quero o seu pênis na minha boca, — Disse Jeremy, junto à
mandíbula de Charlie — enquanto o meu está na sua.
Charlie balançou a cabeça, pegou a mão de Jeremy, e os guiou de
volta para a cama. E Jeremy adorava absolutamente quando Charlie
tomava a iniciativa como agora, porque ele sabia que não era fácil
para o outro homem fazer isso. Seu Charlie era muito mais valente do
que ele pensava e se dava o crédito.
Seu Charlie. Deus, Jeremy adorava pra cacete o som disso.
Charlie se fixou no centro da cama e Jeremy subiu sobre ele,
seus joelhos em ambos os lados da cabeça de Charlie. Jeremy pegou o
longo pau de Charlie, assim como Charlie rodou sua língua em torno
da ponta de seu. Eles sugaram o outro fundo, e Jeremy se deleitava
com cada gemido que derramava da boca do outro homem.
Jeremy balançou os quadris, fodendo a boca de Charlie e
sentindo os músculos da sua garganta trabalhar em torno de seu
pênis. Charlie levou tudo, suas mãos massageando as bolas de
Jeremy e apertando suas nádegas. Jeremy chupou um de seus
próprios dedos, molhando-o com sua saliva, e depois o colocou contra
a abertura de Charlie até que Charlie estava levantando seus quadris
e oferecendo os mais sexys gemidos suplicantes.
Quando Jeremy finalmente o penetrou, Charlie sugou o pênis de
Jeremy tão forte e tão profundo que Jeremy teve que lutar contra um
grito.
Uma coisa era cristalina. Jeremy não ia ser capaz de passar
muito tempo na boca de Charlie sem gozar muito cedo.
— Porra, porra, porra. — Charlie respondeu asperamente.
Jeremy se soltou e girou.

118
— Eu quero você. — Disse ele, afirmando e levando a boca até a
de Charlie para um beijo. Jer se deslocou para a ponta da cama e
agarrou um preservativo e lubrificante da cabeceira, em seguida, se
virou para ver Charlie deitando sobre seu estômago.
Que foi quando Jeremy percebeu que não era o que ele queria.
— Eu nunca fiz isso antes. — Disse Jeremy. Ele tinha se
envolvido em jogo anal antes, é claro, e ele tinha uma amante que
tinha uma grande fascinação por brinquedos, mas ele nunca tinha
sido penetrado pelo pênis de outro homem. Apesar de quão
aventureiro Jeremy geralmente era, ele nunca sequer considerou.
Os olhos azuis de Charlie chicotearam para onde ele se sentou na
beira da cama, e o homem loiro sorriu.
— Eu imaginei. E isso funciona bem, porque eu também nunca
fiz. A menos que você deseja contar uma tentativa realmente estranha
com uma garota quando eu tinha dezessete anos.
Jeremy acariciou as costas de Charlie. Seu coração acelerou e
seu estômago virou e ele estava possivelmente mais excitado do que
nunca tinha estado em sua vida, mesmo que ele tivesse um pouco de
medo, ou talvez mesmo por causa disso.
— Eu nunca estive sério o suficiente sobre qualquer homem que
eu estive pronto para dar essa parte de mim.
— Eu entendo. — Disse Charlie.
— Eu estou agora. — Disse Jeremy, olhando para o outro homem
direto no olho.
Charlie ficou imóvel e com a boca aberta. Lentamente, ele mudou
para uma posição sentada.
— Jeremy, você não tem que provar nada para mim.
— Não, não é nada disso. — Disse Jeremy, sentindo a certeza
com a ideia no fundo — Eu só gostaria que houvesse uma pessoa que
conhece cada parte de mim. E quero que essa pessoa seja você.

119
— Oh, meu Deus. — disse Charlie. — Você tem certeza?
Jeremy sorriu.
— Absolutamente.
— Você percebe que não tenho experiência. E eu provavelmente
vou durar cerca de 36 segundos? — Disse Charlie, suas bochechas
indo cor de rosa.
Jeremy riu e Charlie se juntou a ele.
— Não me importo com nada disso. — Jeremy disse finalmente.
— Você poderia?
— Sim, — Charlie sussurrou — Uh, qual é a posição que você
quer...?
Escalando para cima da cama, Jeremy entregou o lubrificante e
os preservativos para Charlie e ficou em suas mãos e joelhos.
Charlie se moveu para trás de Jeremy, fazendo com que o coração
de Jeremy batesse rápido.
O clique da tampa de lubrificante. E então Charlie circulou dois
dedos contra o cu de Jeremy enquanto ele esfregava o polegar
alisando a pele entre a sua abertura e suas bolas.
Jeremy gemeu quando Charlie lentamente inseriu um dedo
enquanto ainda aplicava pressão contra a sua divisória. A outra mão
de Charlie acariciou suas costas, seu traseiro, sua coxa, relaxando
Jeremy enquanto Charlie o preparava. Embora, merda, não houvesse
qualquer dedo que iria prepará-lo para o tamanho do pau de vinte e
cinco centímetros de Charlie. De verdade.
Charlie levou seus pensamentos para longe quando ele
acrescentou outro dedo liso e, em seguida, os esfregou contra um
lugar dentro de Jeremy que o fez ofegar.
— É demais? — Charlie perguntou com seus dedos acariciando
sua próstata novamente e novamente.

120
— Merda, não. — Jeremy disse asperamente — É realmente
muito intenso.
Charlie riu. E maldição se isso não fosse porra sexy.
Depois de alguns minutos, Charlie adicionou um terceiro dedo. O
alongamento o picando, mas, em seguida, Charlie chegou debaixo
Jeremy e agarrou seu pênis. O afago facilitou a queimadura, ou talvez
fosse apenas por que o seu corpo se acostumou a isso, mas de
qualquer forma, Jeremy se sentiu mais quente e mais necessitado do
que jamais havia sentido em sua vida.
— Agora, Charlie. — Disse ele. Charlie aliviou os dedos livres, e
Jeremy gemeu — Mais lubrificante, por favor. Talvez toda a garrafa.
— Ele olhou por cima do ombro para o outro homem e piscou.
Charlie sorriu debaixo dos longos fios de cabelo e mordeu o lábio.
— Não se preocupe Jeremy. Vou cuidar direito de você. — Ele
rolou sobre o preservativo e alisou o seu longo comprimento —
Pronto?
— Quero você, Charlie. Sim.
Quando ele sentiu a cabeça do pênis de Charlie ali, Jeremy
respirou fundo e se dobrou para baixo, sabendo que iria ajudar a se
abrir à invasão de Charlie. Os primeiros centímetros queimaram, mas
Charlie foi lento, afundando mais e mais até que Jeremy gemeu com a
sensação quente e louca de plenitude. Finalmente, Charlie fez uma
pausa, se mantendo no fundo quando ele pegou o pau de Jeremy. A
combinação de prazer com a dor era inebriante e avassaladora, e o
prazer ganhou terreno quando Charlie começou a se mover em uma
série de estocadas rasas e retiradas.
— Droga, Jeremy. Você é tão apertado que posso ter sido otimista
com os trinta e seis segundos. — Disse Charlie com uma voz tensa.
A única risada explodiu de Jeremy.
— Pense em algo que não é sexy.

121
— Você está superestimando totalmente a minha capacidade de
pensar no momento. Merda. — Ele disse, seus quadris balançando
contra a bunda de Jeremy.
Jeremy olhou por cima do ombro.
— Aconteça o que acontecer, já está perfeito, baby. — E Jeremy
falava sério, porque a intimidade de suas ações significava tanto para
Jeremy que ele nunca poderia se arrepender. Nem por um instante.
Charlie agarrou o quadril de Jeremy com uma mão e acariciou
suas costas com a outra enquanto se acomodava em uma lenta
moagem, profunda. A vulnerabilidade do ato, a plenitude que isso
fazia Jer sentir, e os sons incríveis que saiam da garganta de Charlie
tudo combinado para deixar Jeremy duro e quente e dolorido.
— Quero tocar mais de você. — Charlie respondeu asperamente
— Deite-se de lado?
Eles se separaram quando trocaram de posição e, em seguida, o
estômago de Charlie estava apertado contra as costas de Jeremy.
Charlie adicionou mais lubrificante e, em seguida, empurrou
novamente.
Jeremy respirava através da queimada inicial até que Charlie se
estabeleceu em um ritmo que deixou Jeremy ofegante e gemendo e se
acariciando o tempo todo com quadris de Charlie.
— Me deixe. — Charlie sussurrou, roçando a mão. Ele beijou o
ombro de Jeremy, as costas, o braço quando ele pegou o pênis de
Jeremy e transou com ele assim tão bem — Amo você, Jeremy.
Eram as palavras que fizeram o efeito final. Jeremy estava de
repente no limite e caindo rápido.
— Porra, vou gozar.
— Sim? — A mão de Charlie apertou e se moveu mais rápido em
torno de seu pênis.

122
E então o orgasmo de Jeremy começou nas costas dele, roubou o
fôlego, e rugiu através dele. E era como se nunca tivesse gozado
antes, porque ser preenchido de forma tão completa adicionou outro
patamar de intensidade para a sua libertação. Charlie acariciou ele e
gozou por tanto tempo e com tanta força que ele ficou tonto.
Charlie gemeu, os seus quadris se movendo mais forte, mais
rápido.
— Te amo, te amo. — Ele murmurou, em seguida, seu pênis
estava empurrando dentro de Jeremy. Essa sensação era tão
inesperadamente sexy que Jeremy se encontrou pressionando de
volta para o pau de Charlie, levando ele ainda mais profundo, dando-
lhe cada gota de prazer que ele podia.
Charlie soltou um longo suspiro contra as costas de Jeremy e
envolveu os braços em volta do peito dele. Ele apertou Jeremy tão
forte que era difícil respirar, mas Jeremy não teria trocado por nada.
Essa proximidade. Essa intimidade. Essa porra de perfeição absoluta.
Após um longo momento, Charlie se retirou do corpo de Jer. Ele
saiu da cama para retirar o preservativo, e Jeremy odiava cada
segundo de separação do homem que possuía seu coração.
Charlie voltou para a cama e se aconchegou nele, apertando seu
estômago nas costas de Jer novamente.
— Como foi? — Charlie sussurrou.
Precisando ver os belos olhos de Charlie, Jeremy virou no abraço
apertado de seus braços. Seus rostos estavam pertos, suas
respirações se misturavam e as pernas entrelaçadas.
— Foi incrível. Perfeito. — Jeremy disse, roubando um beijo suave
— Mas provavelmente não serei capaz de sentar por um dia ou dois.
— Ele piscou.
Charlie sorriu.

123
— Bem, — Ele disse, olhando para Jeremy através de fios de
cabelo loiro que tinham caído em seu rosto — Toda vez que você
sentir uma pontada lembre que era porque eu estava dentro de você.
— Droga, Charlie. Isso é sexy pra caralho. — Disse Jeremy,
beijando-o profundamente e amando totalmente a ideia do lembrete.
Por um tempo, eles estavam em silêncio, apenas olhando nos
olhos um do outro, sem falar ou beijar, apenas tocando e olhando e
estando presente no momento.
Como poderia esse dia ficar melhor?
De repente, Jeremy sabia exatamente o que iria torná-lo melhor.
— Há mais uma coisa que eu quero. — Disse ele em voz baixa,
seu coração batendo um pouco mais rápido.
— O que é? — Charlie perguntou, preguiçosamente acariciando
os dedos contra as costas de Jeremy.
— Que você fique aqui comigo. — Disse Jeremy, essa ideia estava
profunda dentro de seu peito. Só de pensar em ter suas coisas
misturadas com as de Charlie, em acordar com ele, em tê-lo em seus
braços todas as manhãs era o suficiente para fazer seu pau ficar duro
novamente — Nós não temos que fazer imediatamente se você
precisar de tempo para se adaptar a nós, mas...
— Sério? — Charlie perguntou, algo próximo à excitação
enchendo sua expressão — Você realmente... Me quer... Para...
— Charlie Merritt, — Jeremy disse, tomando seu rosto em sua
mão — Me ouça bem e acredite nisso. Quero você em todos os
sentidos. E vou lhe dizer e lhe mostrar a cada dia se isso é o que é
preciso para fazer você acreditar. — Jeremy beijou uma vez, duas
vezes, sabendo que a falta de aceitação de seu pai fez com que Charlie
ficasse assim, provavelmente exigiria um lote inteiro de segurança.
Jer ficaria muito feliz em lhe dar.
Charlie assentiu.
— Então eu gostaria de morar aqui com você. — Sua expressão
ficou séria — Só quero dizer uma coisa, Jeremy. Seu irmão pode até

124
ter me salvado, mas você é o único que me salvou de uma vida
solitária que não valia a pena viver. Eu te amo.
— Também te amo. E nunca estará sozinho novamente, Charlie.
Prometo isso a você. — Disse Jeremy, puxando-o para outro beijo.
— Então, quando você quer que eu mova as minhas coisas pra
cá? — Perguntou Charlie.
Jeremy estava fora da cama com um pulo. Ele jogou o jeans de
Charlie para ele enquanto ele saltou para vestir o seu próprio. A
maior e mais feliz gargalhada saindo da boca de Charlie. Jeremy
nunca o tinha ouvido rir tão livremente antes, e era seu novo som
favorito. Ele viveria para dar a Charlie motivos para sorrir assim uma
e outra vez.
— Então, isso significaria agora? — Charlie perguntou, se
sentando e ainda com um grande sorriso.
— É melhor acreditar. — Disse Jeremy. A investigação da equipe
pode ser incrivelmente complicada e seus inimigos extremamente
poderosos, mas não importa o que, Jeremy teria o homem que amava
a seu lado — Quero fazer você ser meu em todos os sentidos que
posso Charlie. E eu quero fazer agora.

Fim

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Cinco soldados desonrados.
Ex-Forças Especiais.
Uma última missão.
Esses são os homens da Hard Ink.

Beckett Murda odeia viver no passado. Mas sua investigação


sobre a emboscada que matou metade da sua equipe das Forças
Especiais e terminou sua carreira no Exército lhe dá pouca escolha.
Apenas quando sua equipe aprende quão poderosos seus inimigos
são, o fodido Beckett encontra uma complicação maior ainda: a
sedutora e ousada Katherine Rixey.
Kat, a durona e obstinada procuradora, faz uma visita aos seus
irmãos na Hard Ink Tattoo seguindo em frente depois de um péssimo
rompimento e se encontra olhando para o cano da arma de um
estranho. Beckett é musculoso e sexy pra caralho, mas ele também é
o homem mais irritante da fase da terra. Pior, os irmãos de Kat estão
em guerra com os criminosos que seu escritório está investigando.
Quando Kat se junta à luta, ela cai direto na mira de Beckett e em
seus braços. Sem mencionar na mira de seus inimigos.
Agora Beckett e Kat devem deixar de lado suas diferenças para
trabalharem juntos, porque a única coisa mais doce do que a justiça é
encontrar um amor e nunca deixa-lo ir.

Aguarde...
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