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Julia Gomes Soares

HEMORRAGIAS NA 2ª METADE DA GESTAÇÃO


Principais causas COMPLICAÇÕES
• Descolamento prematuro de placenta (DPP)
Alterações Útero-placentárias
• Placenta prévia
→ sangue atinge a zona de clivagem e inicia a
• Rotura uterina
separação → vasos maternos se abrem → invasão do
• Rotura do seio marginal
espaço retroplacentário
• Rotura de vasa prévia
- hipertonia uterina: não é possível separar o
• Hemorragias: patologias vulvares, vaginais e/ou
momento de contração e relaxamento (constante
cervicais
contração uterina pela irritação miometrial)
- hematoma retroplacentário (sangramento oculto em
Grávida com sangramento e útero abaixo da cicatriz
20% dos casos e hemorragia externa em 80%)
umbilical → primeiro pesquisar as causas de
- cratera na placenta com coágulo retido
hemorragias da 1ª metade da gestação
(patognomônico de DPP)
útero acima do umbigo → pesquisar hemorragias da
2ª metade da gestação
DPP + colo do útero dilatado → realizar a
amniotomia (romper a bolsa): permite a saída do
*Sempre descartar causas extra-uterinas (neoplasias,
sangue retido, impedindo sua infiltração no
varizes, patologias vulvares) → exame especular
miométrio = preservação da função reprodutiva
DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA
Útero de Couvelaire (apoplexia uteroplacentária)
O DPP é a separação da placenta implantada no corpo Presença de coloração azulada-marmórea pela
do útero numa gestação de 20 ou mais semanas expansão sanguínea ou equimose na matriz uterina,
completas (antes disso é considerado abortamento) trompas, ovários, ligamentos largos, peritônio pélvico,
• 80% dos casos = hemorragia (sangue escuro) provocando ATONIA UTERINA
• 20% = hemorragia oculta (contida) → causa uma
irritação do miométrio, cursando com contração Alterações renais (devido a hemorragia, choque)
uterina e dor - necrose cortiço-renal bilateral aguda
- IRA
→ O quadro da DPP tem início súbito e é progressivo.
Alterações de hemocoagulação (presente em 40%
INCIDÊNCIA dos casos graves de DPP)
- 0,5 a 3,5% da gestações Ocorre devido à depleção de fibrinogênio e outros
- responsável por 15-25% das mortes perinatais defeitos na hemóstase, frequentes na forma grave
- multíparas com hemostasia oculta
- com menos de 20 anos - ↓ fibrinogênio e dos fatores V, VIII e plaquetas
- história de DPP na gravidez anterior (risco 10x maior) *perda da capacidade de trombotamponamento

ETIOPATOGENIA QUADRO CLÍNICO


Hipertensão (50% dos casos graves) • dor abdominal súbita e intensidade variável
- PAD > 95mmHg, toxemia gravídica (pré-eclâmpsia) • hipertonia uterina de consistência lenhosa
• pulso paradoxal de Boero (pulso cheio, que não
Fator mecânico: brevidade de cordão (cordão condiz com o quadro de hemorragia)
enrolado várias vezes, torna-se menos extenso), • hipotensão arterial
retração uterina súbita (polidramnia, gemelar) • morte fetal

Fator placentário:
PÓS PARTO
- necrose da decídua basal na margem placentária
• atonia uterina
- grandes enfartes decorrentes de tabagismo
• hemorragias incoercíveis
- anemia e má nutrição na gravidez
• sinais de discrasia
Julia Gomes Soares

Após o nascimento, o útero que estava em PLACENTA PRÉVIA


hipertônico perde a capacidade de contração É toda placenta inserida no segmento inferior do
(acometimento das fibras contráteis do miométrio) útero
→ hipotonia / atonia uterina
Também pode ser chamada de Ovo invertido ou
A contração uterina é fundamental para a Placenta baixa / viciosa / segmentária
hemostasia pós-parto através do
miotamponamento, assim, sua ausência cursa com CLASSIFICAÇÃO
quadro de hemorragias incoercíveis, levando a • placenta prévia central-total (todo o colo do útero)
quadro de choque hipovolêmico e óbito • placenta prévia central-parcial
• placenta prévia marginal: borda da placenta toca o
*há formação de coágulos, que consomem ainda colo do útero, mas não ultrapassa
mais fatores de coagulação = distúrbio de • placenta prévia lateral ou inserção baixa: borda da
coagulação placenta termina a 2cm do colo do útero

A sintomatologia do DPP é diretamente proporcional FATORES DE RISCO


ao grau de descolamento • Idade
• Paridade
CLASSIFICAÇÃO • Endometrite
• Placentas grandes (gravidez múltiplas)
Grau 1 - leve: hemorragia incerta, sem dor, diagnóstico
• Cesarianas, Cirurgias uterinas
é retrospectivo pelo exame da placenta (apenas um
• Abortamento
achado)
• Curetagens
Grau 2 - intermediário: sinais clássicos de DPP,
• DIP
presença de hipertonia uterina, com o feto ainda vivo
Grau 3: já ocorreu o óbito fetal Qualquer processo cicatricial na cavidade uterina
- IIIA: sem coagulopatia ”atrai” a implantação do trofoblasto para o local.
- IIIB: com coagulopatia
ACRETISMO PLACENTÁRIO
DIAGNÓSTICO Se a penetração da decídua for superficial, a placenta
sai normalmente após a saída do bebê.
• clínico pela exclusão de placenta prévia
• Penetração atinge a camada basal, parte da placenta
- paciente com dor abdominal súbita, hipertensa,
é eliminada e parte fica retida (placenta acreta), sendo
sangramento, abdome rígido, BCF podem não ser
necessário a sua extração manual.
inaudíveis
• Penetração acometendo o miométrio (camada mais
• USG: hematomas retroplacentários
interna da cavidade uterina) = placenta increta
• Casos mais graves podem cursar com perfuração
PROGNÓSTICO
uterina, invasão de bexiga, intestino = placenta
• Mortalidade materna de ~3% - distúrbios de decreta
coagulação, estado de choque, IRA
- Pode haver sequelas devido à hipovolemia ex. SINTOMATOLOGIA
Síndrome de Sheehan (necrose hipofisária) → • Hemorragia vermelho vivo indolor (sem irritação
sintomatologia pela queda de estrogênio e ADH miometrial), em pequenos volumes, de repetição
• Óbito fetal em 100% dos casos graves de DPP, 65% • Discinesias: útero não contrai em determinada área
dos moderados e 24% dos casos leves • Apresentações anômalas: feto não consegue
*a prematuridade é a principal causa de óbito fetal penetrar na pelve adequadamente
• Maior chance de infecções ascendentes (placenta
TRATAMENTO exposta aos germes da vagina)
• com o feto vivo: cesariana
• acelerar o parto vaginal em casos selecionados *Reposição sanguínea até o momento do parto
• regularizar a volemia *Deve ser realizada cesariana em caso de placenta
• tratamento dos distúrbios eletrolíticos e CID prévia central-parcial ou total. Já na marginal ou
• tratamento cirúrgico lateral, pode ser realizado o parto vaginal.
Julia Gomes Soares

PATOGENIA DA HEMORRAGIA - endometrites


Perda das relações vilodeciduais (perda do suporte - perfurações traumáticas
entre a placenta e a parede uterina) - rotura anterior
- mini-cesárea
DIAGNÓSTICO
• Cicatrizes ginecológicas
• Anamnese
- miomectomias
• Exame obstétrico
- metroplastia
• USG
- conização
• Dopplerfluxometria
• Pressões exercidas sobre o útero
*Evitar o toque vaginal → realizar o exame especular
- Manobra de Kristeller
- macrossomia fetal
HOSPITALIZAÇÃO
- polidrâmnio
• Idade gestacional
- gravidez múltiplas
• Intensidade d sangramento
• Tipo de placenta prévia
O aumento exacerbado do volume uterino pode ser
• Trabalho de parto
um fator predisponente à rotura uterina,
Toda mulher com sangramento na 2ª metade da principalmente se associado a cicatrizes
gestação deve ser hospitalizada
A rotura uterina pode acontecer durante o trabalho
COMPLICAÇÕES de parto (contrações dolorosas) → alívio súbito da dor
• Hemorragia grave (parada da contração pela rotura uterina), sinais de
• Acretismo placentário hipovolemia, queda da PA, subida da apresentação
• Amniorrexe prematura em direção à cavidade abdominal (não identificado ao
• Descolamento da placenta toque vaginal)
• Apresentações anômalas
• Sofrimento fetal agudo DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL (abdome agudo
• Placentite hemorrágico)
• hepática
ROTURAS UTERINAS DURANTE A GRAVIDEZ • esplênica
• aneurisma
FATORES DE RISCO

> Útero sadio TRATAMENTO


• histerorrafia
• Roturas espontâneas • histerectomia em caso de prole definida
- distócia mecânica
- mais comum em multíparas, pois a cada gestação, o
útero fica mais frágil
- nível socioeconômico (desnutrição)
- idade
• Roturas provocadas
- útero-tônico: ocitocina, prostaglandinas
• Manobras obstétricas
manuais
instrumentais: embriotomias, fórceps, vácuo-extração
• Traumatismo

> Útero cicatricial


• Cicatrizes obstétricas
- tipo de incisão: verticais tem mais chance de romper
- histerorrafias

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