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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO

CARLOS – FUPAC UNIPAC LAFAIETE

Nome: Juliana Vitoria Costa Morais

Matrícula:232-001311

Professor: Antônio Januzzi

Disciplina: Direito Penal

§ 8º - Princípios básicos do direito penal


O direito penal tem princípios básicos amplos. Esta é uma aceitação que é o resultado de
conquistas históricas progressivas. Na opinião de Battista, isso não pode ser ''deduzido'' das
'' características'' do direito penal ou de suas conexões com outros campos do direito (ja que
o fragmento do direito penal) e não pode ser '' arbitrariamente tomado como uma medida
arbitrária'', Premissa, mas como norma jurídica''. O ponto para explicar e reconstruir é
estabelecer uma expressão lógica.

Estes princípios são axiomáticos e a sua extensão lógica é suficientemente ampla para
incluir todos, desde legisladores a juízes e guardas prisionais, e também devem ser
considerados por estudiosos da área.

Nilo Batista descarta princípios ''finalista'' e princípios relacionados á punição e enfatiza


cinco princípios com base do direito penal:

1) O principio da legalidade

2) O principio da intervenção mínima

3) O principio da lesividade

4) O principio da humanidade

5) O principio da culpabilidade

§ 9º - O princípio da legalidade
O princípio da legalidade surgiu durante a revolução burguesa como resposta aos abusos do
absolutismo, mas também foi limitado. O poder do Estado é um espaço exclusivo de
coerção criminosa e protege os indivíduos desse poder na medida em que limita as suas
ações. depois disso isso porque não está incluída a pena ilegal e, por se tratar de uma pena
legal, não há garantia de função constitutiva.

Batista o divide em quatro funções:


1) proibir a retroatividade da lei penal ( nullum crimen nulla poena sine lege praevia). A lei
penal somente retroage para beneficiar o acusado.

2) proibir a criação de crimes e penas pelo costume (crimen nulla pena sine lege scripta).
Os costumes possuem uma função integrativa no âmbito jurídico-penal - como exemplo a
elucidação do que é “ato obsceno” nos arts. 233 e 234, do CP -, porém não podem criar ou
definir crimes nem agravar penas.

3) proibir o emprego da analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas (nullum
crimen nulla pena sine lege scricta). A analogia só é permitida in bonam partem, ou seja,
para beneficiar o réu.

4) proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen null a poe na sine lege
certa ). Os tipos penais devem ser claros e precisos, sob o risco de darem margem ao
arbítrio.

§ 10 - O princípio da intervenção mínima

O princípio da intervenção mínima também demonstrou conquistar a classe burguesa contra o


poder penal ilimitado exercido pelo sistema de punição absoluta. Segundo
ele, as sanções penais devem ser utilizadas quando outras formas ultima ratio
(por exemplo, administrativos e civis) não são suficientes.
Duas características do direito penal estão associadas a este principio: fragmentariedade e
subsidiariedade, segue-se que o direito penal deve preocupar somente com as mais graves ( ou seja,
apenas com as partes mais indesejadas e não com todas elas), da segunda que '' fragmento''
intervenção só se faz necessária quando fracassam as demais barreiras, protetoras do bem jurídico
do outros ramos do direito.
A subsidiariedade levanta questões sobre a autonomia do
direito penal. Porque o direito penal é autônomo para quem o vê como
constitutivo, mas não para quem o vê apenas como sancionador, já que a
primeira onda acontece no Brasil.

§ 11 - O princípio da lesividade
De acordo com o principio da lesividade, apenas os atos que violem os diretos dos outros podem ser
punidos e e não apenas os atos pecaminosos ou morais.

Batista aponta quatro funções principais desse princípio

1) proibir a incriminação de uma atitude interna: pensamentos, ideias, convicções não devem ser
punidas, o que não significa, contudo, que o direito penal não se interessa pela atitude interna do
homem, a qual é considerada, por exemplo, na culpabilidade, no dolo e na culpa.

2) proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor: a autolesão
não é [ou não deveria ser] punível (p. ex. suicídio, automutilação, [uso de drogas]).
3) proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais: O direito penal atua sobre a conduta
e não sobre o ser; é (deve ser) sempre um direito do fato e não do autor.

4) proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico: condutas desviadas
são aquelas que não constituem crime mas são fortemente desaprovadas pela coletividade. Usar cabelo punk,
barba grande, etc., não pode ser objeto de apreciação penal.

Em seguida, o autor discorre sobre o conceito de bem jurídico e as diversas


controvérsias em torno de sua definição. Afirma que “o bem jurídico põe-se como sinal da
lesividade do crime que o nega, ‘revelando’ e demarcando a ofensa”, o que, por um lado contribui
para a limitação legal da intervenção penal e, por outro, a legitima. Situa-se, portanto, na fronteira
entre a política criminal e o direito penal.
São bens jurídicos tutelados pelo ordenamento brasileiro a vida, o patrimônio, a
honra, a fé pública, etc.

§ 12 - O princípio da humanidade

Embora este seja um principio no domínio da política criminal, é aplicado positivamente em alguns
ordenamentos jurídicos, como lll ( proibição da tortura e dos tratamentos cruéis ou degradantes )
XLVL ( individualização da pena) e XLVLL ( proibição da pena de morte, cruéis ou perpetuas ) do
art. 5º da CF. O principio da humanidade também está ligada ao processo histórico de deixa a pena
iguais, através do desenvolvimento dos princípios da legalidade, da intervenção mínima e do dano
racionalidade, proporcionalidade. As punições devem ser razoáveis no sentido de que sejam
compatíveis com as pessoas e com as suas preferências em mudanças. Portanto, acredito que a
coerção não pode ser uma simples retaliação. A questão é que esse personagem pertence a um
castigo que não é o dele, ou ao castigo puramente negativo da semimorte. Porque fazer isso não é
diferente de vingança. A proporcionalidade vem da racionalidade. A punição deve ser proporcional.
Caso contrário, causará mais agitação social do que o próprio crime

§ 13 - O princípio da culpabilidade
O princípio da culpa isenta a obrigação objetiva da jurisprudência penal. É a ligação subjetivo entre
o autor e o resultado de sua conduta, que só será punível se for repreensível. Assim, não basta que o
autor tenha causado o resultado ele deve tê-lo desejado ou contribuído para isso com sua culpa. Este
princípio exige, por isto a subjetividade da responsabilidade penal, sendo imprescindível, no direito
penal e no processo penal, a demonstração da culpa, que em nenhum caso deve ser “presuntiva 2”.
Da mesma forma, afirma a personalidade da responsabilidade penal, da qual se deduz o caráter
inconsequente da pena (a pena é pessoal, não pode ultrapassar a pessoa do autor e dos participantes
do crime e o mecanismo de individualização. da sanção a sanção aplicada deve ter em conta a
pessoa específica a quem se dirige).
Nilo Batista finalmente apresenta o atual debate sobre a chamada co-culpabilidade, teoria segundo a
qual, para julgar o caráter repreensível de um comportamento é necessário avaliar a experiência
social específica do acusado como as oportunidades oferecidas para ele. ao longo da sua vida,
considerando que a sua falta é também a falta do Estado e da sociedade como um todo.

Tempo e espaço
PARTE GERAL
Título I - Da aplicação da lei penal
Anterioridade da lei
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
As ideias de igualdade e liberdade moldaram o Direito Penal, tornando-o menos cruel do que durante o
Estado Absolutista. Isso transfere restrições à interferência do Estado nas liberdades individuais. Muitos
desses princípios limitados foram incluídos nos Códigos Penais das Nações Democráticas, garantindo
respaldo constitucional como uma garantia máxima de respeito pelos direitos fundamentais do cidadão.
Princípio da legalidade ou da reserva legal
O princípio da reserva legal é um imperativo rígido, sem propostas, que reflete uma conquista na consciência
jurídica e responde às exigências de justiça. Apenas regimes totalitários têm esse princípio desconsiderado.
Pelo princípio da legalidade, somente a lei tem o poder de criar normas de conduta criminal. Isso significa
que nenhum ato pode ser considerado crime ou punido como tal, a menos que exista uma lei prévia que o
defina como um crime e estabeleça a pena correspondente de maneira clara e precisa.
Princípio da irretroatividade da lei penal
o princípio da irretroatividade vige somente em relação à lei mais severa. Admite-se, no direito intertemporal,
a aplicação retroativa da lei mais favorável (art. 5º, XL, da CF). Assim, pode-se resumir a questão no seguinte
princípio: o da retroatividade da lei penal mais benigna. A lei nova que for mais favorável ao réu sempre
retroage.
Princípio da intervenção mínima
O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima ratio, orienta e limita o poder
incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio
necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se para o restabelecimento da ordem jurídica
violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as
penais. o Direito Penal deve ser a ultima ratio, isto é, deve atuar somente quando os demais ramos do Direito
revelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes na vida do indivíduo e da própria sociedade.
Princípio da fragmentariedade
significa que o Direito Penal não deve sancionar todas as condutas lesivas dos bens jurídicos, mas tão
somente aquelas condutas mais graves e mais perigosas praticadas contra bens mais relevantes. “Faz-se uma
tutela seletiva do bem jurídico, limitada àquela tipologia agressiva que se revela dotada de indiscutível
relevância quanto à gravidade e intensidade da ofensa” (Luiz R. Prado).
Princípio de culpabilidade
Observa-se ao fato ocorrido se é possível ou não a aplicação de uma pena ao autor de um fato típico e
antijurídico, isto é, proibido pela lei penal. Para isso, exige-se a presença de uma série de requisitos —
capacidade de culpabilidade, consciência da ilicitude e exigibilidade da conduta —, que constituem os
elementos positivos específicos do conceito dogmático de culpabilidade. A ausência de qualquer desses
elementos é suficiente para impedir a aplicação de uma sanção penal . o princípio de culpabilidade impede a
atribuição da responsabilidade objetiva. Ninguém responderá por um resultado absolutamente imprevisível se
não houver construido, pelo menos, com dolo ou culpa. Nullum crimen, nulla poena sine culpa. não há pena
sem culpabilidade
Princípio de humanidade
proibição de tortura e maus-tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar sua
infraestrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação e a dessocialização dos condenados
são indução dos princípios de humanidade. o poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a
dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físicopsíquica dos condenados.
Princípio da adequação social
Somente condutas que tenham certa relevância social; caso contrário, não poderiam ser crimes. Deduz-se,
consequentemente, que há condutas que por sua “adequação social” não podem ser consideradas criminosas
e, por isso, não se revestem de tipicidade. há um descompasso entre as normas penais incriminadoras e o
socialmente permitido ou tolerado. Por isso, segundo Stratenwerth, “é incompatível criminalizar uma conduta
só porque se opõe à concepção da maioria ou ao padrão médio de comportamento”. Como “princípio geral
de interpretação” não só da norma mas também da própria conduta contextualizada, é possível chegar a
resultados fascinantes; por exemplo, no caso do famigerado “jogo do bicho”, pode-se afastar sua aplicação
em relação ao “apontador”, por política criminal, mantendo-se a norma plenamente válida para punir o
“banqueiro”, cuja ação e resultados desvaliosos merecem a censura jurídica.
Princípio de insignificância
Segundo este princípio, é imperativa uma efetiva proporcionalidade entre a gravidade da conduta que se
pretende punir e a drasticidade da intervenção estatal. Amiúde, condutas que se amoldam a determinado tipo
penal, sob o ponto de vista formal, não apresentam nenhuma relevância material. Nessas circunstâncias,
pode-se afastar liminarmente a tipicidade penal, porque em verdade o bem jurídico não chegou a ser lesado.
Assim, a irrelevância ou insignificância de determinada conduta deve ser aferida não apenas em relação à
importância do bem juridicamente atingido, mas especialmente em relação ao grau de sua intensidade, isto é,
pela extensão da lesão produzida.

Lei penal no tempo


Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Lei excepcional ou temporária


Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência.
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Eficácia da lei penal no tempo
A irretroatividade da lei penal implica que uma nova lei penal não pode ser aplicada a atos infracionais que
ocorreram antes de sua entrada em vigor. Isso garante a segurança jurídica e a proteção dos direitos dos
cidadãos.
No entanto, a retroatividade benéfica é uma exceção a esse princípio. Isso significa que, se uma nova lei for
promulgada e por mais branda do que a lei anterior, ela poderá ser aplicada retroativamente, beneficiando o
réu. Isso é para garantir que o réu seja tratado com base na lei mais favorável a ele.
Em resumo, a lei penal geralmente não é retroativa, mas pode ser aplicada retroativamente se isso for
beneficiário do réu.
Crimes permanentes e continuados
Esses tipos de crimes envolvem atividades criminosas que se estendem no tempo, seja porque o resultado da
violência é duradouro (crimes permanentes) ou porque o agente comete uma série de atos violentos
semelhantes em um período contínuo
Lei intermediária: dupla extra-atividade
De acordo com os princípios gerais do Direito Penal intertemporal, deve-se aplicar a lei mais favorável.
irretroatividade, como também não pode ser aplicada a lei da época do fato, mais rigorosa. Por princípio
excepcional, só poderá ser aplicada a lei mútua, que é a mais favorável. Nessa hipótese, a lei interdisciplinar
tem dupla extra-atividade: é, ao mesmo tempo, retroativa e ultraativa
Conjugação de leis: aspectos mais favoráveis
A uma flexibilidade do sistema legal para garantir a aplicação de dispositivos legais que sejam mais
benéficos para o cidadão, mesmo que isso envolva a combinação de partes de diferentes leis para cumprir os
princípios constitucionais de justiça e proteção dos direitos individuais
Leis excepcionais e temporárias
As leis temporárias são aquelas que têm uma vigência predefinida, previstas para situações regulares
transitórias e especiais que, em condições normais, não exigem regulamentação. Por outro lado, as leis
especiais são aquelas criadas para serem aplicadas durante situações de emergência, com sua vigência
determinada pelo legislador
Tipicidade: elemento temporal
As leis temporárias e especiais têm o que é conhecido como ultra-atividade. Isso significa que o momento em
que o ato é incidente, seja durante o período previsto pelo legislador (no caso das leis temporárias) ou durante
uma situação de emergência (no caso de leis temporárias) caso das leis de proteção), faz parte dos elementos
temporais que caracterizam o próprio tipo penal
Retroatividade e leis penais em branco
Leis penais em branco são aqueles cujo conteúdo se apresenta de forma incompleta, vaga ou lacunosa,
exigindo complementação por meio de outras normas jurídicas, muitas vezes de natureza não penal
Retroatividade e lei processual
A lei processual não possui retroatividade. É relevante ressaltar que o princípio "tempus regit actum" se
aplica às normas que regem a execução dos atos processuais, ou seja, aqueles destinados à regularização
processual e à organização judiciária em termos gerais
Em qualquer cenário em que uma lei processual, promulgada após a ocorrência do crime, resulte na redução
de garantias ou direitos fundamentais, ou imponha qualquer forma de restrição à liberdade, o princípio
"tempus regit actum" não terá efeito. Nessas situações, a legislação em vigor no momento da prática do crime
prevalecerá. Isso pode ocorrer, por exemplo, em questões relacionadas à prescrição, prisão preventiva,
detenção provisória, e assim por diante
Tempo do crime
Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado
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Teoria da atividade
Prefere-se adotar a teoria da atividade, uma vez que é nesse instante que o indivíduo manifesta sua vontade
violando o ato legal. Essa abordagem evita o cenário ridiculo em que uma ação que tenha sido realizada em
conformidade com a lei vigente pode ser posteriormente considerada criminosa devido a um resultado que
ocorre sob a influência de outra legislação.
Há algumas exceções à teoria da atividade
O Código tem algumas abordagens à regra da teoria da atividade. Por exemplo, a prescrição de um crime
começa a contar a partir do dia em que o crime é violação. Para crimes permanentes, a contagem começa
quando a situação de permanência cessa, e nos casos de bigamia, falsificação ou alteração de registros civis, a
contagem começa na data em que o fato se torna conhecido, conforme estipulado no artigo 111
Territorialidade
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido no território nacional.
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente,
no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
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Princípios dominantes
A lei penal é aplicada em todo o território de um país, mas em algumas situações especiais, quando a
criminalidade transcende as fronteiras ou afeta vários países, é necessário definir como a lei deve ser aplicada
nesses casos
Princípio da territorialidade
Pelo princípio da territorialidade, a lei penal brasileira se aplica a crimes ocorridos no Brasil, não importando
a nacionalidade das pessoas envolvidas ou o que foi afetado. Isso é a regra principal para saber onde nossa lei
penal vale. O Código Penal brasileiro segue essa regra geral, com algumas abordagens para acordos
internacionais
O princípio da territorialidade da lei penal se baseia na soberania política do Estado. Isso significa que cada
Estado tem controle total sobre o que acontece em seu território, toma decisões independentes e detém o
poder exclusivo dentro de suas fronteiras
Princípio real, de defesa ou de proteção
Esse princípio permite que o Estado aplique suas leis criminais para proteger certos bens importantes, mesmo
que o crime tenha ocorrido em outro lugar ou que o infrator seja de outra nacionalidade. Isso se baseia na
nacionalidade do bem jurídico afetado, e não na localização do crime ou nacionalidade do autor
Princípio da nacionalidade ou da personalidade
Este princípio estabelece que a lei penal do país de origem do autor do crime é aplicada, não importando onde
o crime aconteceu. Isso significa que um Estado pode exigir que seus cidadãos no exterior sigam suas leis.
Existem duas formas de aplicar esse princípio: considerando apenas a nacionalidade do autor do crime ou a
nacionalidade da vítima. Isso ajuda a evitar que os cidadãos evitem vítimas de crimes cometidos em outros
países que não se encaixem na lei local
Princípio da universalidade ou cosmopolita
Este princípio estabelece que as leis penais se aplicam a todas as pessoas, independentemente de onde
estejam. Isso é fundamental na cooperação penal internacional, permitindo que todos os países punam crimes
abrangidos por tratados e acordos internacionais. Significa que as leis nacionais se aplicam a todos os atos
criminosos
Princípio da representação ou da bandeira
Este princípio é secundário, e é aplicado quando há falta de leis ou interesse em punir. Nesse caso, a lei do
Estado onde a embarcação ou aeronave é registrada, ou cuja bandeira ela representa, é usada para lidar com
crimes ocorridos a bordo, de acordo com o artigo 7º, II, c do Código Penal
Princípios adotados pelo Código Penal brasileiro
O Código Penal brasileiro segue principalmente o princípio da territorialidade, mas também aborda
abordagens com base em diferentes princípios, tais como: real ou de proteção, universal ou cosmopolita,
nacionalidade ativa, nacionalidade passiva e representação.
Conceito de território nacional
O conceito de território nacional, em termos jurídicos, refere-se à área sujeita à soberania do Estado. Isso
inclui o solo, o subsolo, as águas territoriais (rios, lagos e mar) e o espaço aéreo correspondente. Além disso,
também se consideram parte do território nacional, por meio de uma convenção legal, as embarcações e
aeronaves. Em um sentido mais estrito, o território compreende o solo contínuo com fronteiras reconhecidas,
águas interiores, mar territorial (incluindo a plataforma continental) e o espaço aéreo correspondente.
Quando se estabelecem limites em regiões montanhosas, dois critérios podem ser usados: seguir a linha das
cumeadas ou o divisor de águas. Em relação às fronteiras delimitadas por rios em contextos internacionais,
podem ocorrer diferentes cenários: a) se o rio pertencer a um dos Estados, a fronteira seguirá a margem
oposta; b) se o rio pertence a ambos os Estados, há duas opções: 1) a fronteira pode ser uma linha média no
leito do rio, equidistante das margens; 2) a fronteira pode seguir a linha de maior profundidade do rio,
conhecida como talvegue. Em geral, os mesmos critérios que mencionamos acima são usados quando as
fronteiras passam por um lago.
É possível que um rio que sirva de limite entre dois Estados seja compartilhado por ambos os países. Nessa
situação, o rio é considerado indivisível, e cada Estado mantém a sua soberania sobre ele.
O mar territorial inclui a faixa costeira, abrangendo o leito e subsolo, incluindo a plataforma continental. O
governo militar distribuiu os limites do mar territorial brasileiro em 200 milhas a partir da linha da maré
baixa da costa continental e insular (Decreto-lei n. 1.098/70). No entanto, a maioria dos outros países não
oferece esse limite, e, em vez disso, o limite de 12 milhas foi previsto previamente pela Lei n. 8.617, de 4 de
janeiro de 1993.
Os navios podem ser classificados como públicos ou privados. Os navios públicos incluem aqueles de guerra,
em atividades militares, em serviços públicos (como polícia marítima e alfândega), e aqueles usados por
Chefes de Estado ou representantes diplomáticos. Já os navios privados compreendem os navios comerciais,
de turismo, entre outros.
Espaço aéreo
O espaço aéreo é definido por três teorias: a) absoluta liberdade do ar, onde nenhum Estado exerce controle
sobre o espaço aéreo, permitindo a utilização por qualquer Estado sem restrições; b) soberania limitada ao
alcance das baterias antiaéreas, que representam os limites práticos do controle do Estado; c) soberania sobre
a coluna atmosférica, onde o país abaixo detém controle completo sobre seu espaço aéreo, delimitado por
linhas imaginárias perpendiculares, que incluem o mar territorial. As aeronaves, a exemplo dos navios,
também podem ser públicas e privadas. E a elas se aplicam os mesmos princípios examinados quanto
aos navios
Lugar do crime
Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
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1 Dificuldades para apurar o lugar do crime
Determinar onde o crime ocorreu pode ser desafiador, mas é uma tarefa fundamental para aplicar o princípio
da territorialidade e suas abordagens, além de estabelecer os princípios que regulam a competência e
jurisdição. Diversas teorias tentam definir o local do crime.
Teoria da ação ou da atividade
O local do delito é onde ocorreu a ação criminosa. No entanto, essa teoria tem a desvantagem de não
considerar o papel do Estado onde o bem jurídico afetado está localizado e onde o crime causou seus maiores
danos
Teoria do resultado ou do evento
O local do crime é onde o evento ou resultado ocorreu, ou seja, onde o crime foi consumado,
independentemente da ação ou intenção do agente. A crítica a essa teoria está relacionada à exclusão do
Estado onde a ação ocorreu, que tem um interesse legítimo na repressão do ato.
Teoria da intenção
O local do delito é o lugar onde, de acordo com a intenção do agente, o resultado deveria acontecer. No
entanto, essa teoria se mostra convincente em casos de crimes culposos e preterdolosos.
Teoria do efeito intermédio ou do efeito mais próximo
O lugar do delito é onde a ação do agente afeta a vítima ou o bem jurídico, levando em consideração a
energia envolvida.
Teoria da ação a distância ou da longa mão
se refere ao local onde um crime aconteceu. É onde ocorreu a ação criminosa, chamada de "ato executivo" do
crime
Teoria limitada da ubiquidade
O lugar do crime pode ser tanto onde a ação ocorreu quanto onde se viu o resultado.
8 Teoria pura da ubiquidade, mista ou unitária
O local do crime pode ser tanto onde a ação ocorreu quanto onde o resultado foi observado, ou até mesmo
onde o interesse jurídico foi afetado. Isso é a teoria seguida pelo Direito brasileiro, que afirma: "O crime é
considerado como tendo ocorrido no lugar onde a ação ou omissão aconteceu, total ou parcialmente, bem
como onde o resultado ocorreu ou deveria ocorrer" (art. 6º do Código Penal )
A abordagem doutrinária mista resolve os problemas dos conflitos de ocorrência negativa, onde o estado
onde o resultado ocorreu segue a teoria da ação, e vice-versa. Ela também trata dos casos de crimes à
distância, nos quais a ação e o resultado ocorrem em lugares diferentes. A possibilidade de dois julgamentos
é resolvida pela regra do artigo 8º do Código Penal, que prevê a compensação de penas, uma forma especial
de redução da pena.
A definição do local do crime, conforme estabelecido no artigo 6º, apresenta uma possível lacuna quando, por
exemplo, apenas "parte" do resultado ocorre no território brasileiro, e a ação ou omissão ocorreu fora do país,
sem a intenção do agente de que o resultado ocorresse aqui. O texto legal faz referência a "parte" da ação ou
omissão, mas não aborda o resultado da mesma forma, e "parte" do resultado não pode ser considerada igual
ao resultado completo.
Extraterritorialidade
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I — os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município,
de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu
serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II — os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em
território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça
DOUTRINA
1 Extraterritorialidade
As circunstâncias em que a lei penal brasileira se aplica fora do território nacional são definidas no artigo 7º e
representam abordagens à regra geral da territorialidade estabelecidas no artigo 5º. Essas abordagens são
definidas em duas categorias: a) extraterritorialidade incondicionada; b) extraterritorialidade condicionada.
A lei brasileira é aplicada sem condições quando se trata de crimes cometidos fora do território nacional,
mesmo que o agente tenha sido julgado em outro país. Esta aplicação baseia-se nos princípios de defesa e
universalidade. As situações de extraterritorialidade incondicional envolvem crimes como aqueles: a) contra a
vida ou liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a confiança do governo federal,
estadual ou municipal, incluindo empresas e instituições públicas; c) contra a Administração Pública, quando
o autor estiver a seu serviço; d) genocídio, quando o agente é brasileiro ou residente no Brasil.
Em um Estado Democrático de Direito, é fundamental considerar as decisões judiciais de outros Estados
Democráticos de Direito. Pelo menos, uma sanção imposta no exterior deverá ser considerada, mesmo que
seja de um tipo diferente. Felizmente, o artigo 8º ajuda a corrigir essa questão, permitindo a compensação da
pena cumprida no exterior.
A lei brasileira se sob certas condições (conforme o artigo 7º, II e §§ 2º e 3º do Código Penal), com base em
princípios aplicados como a universalidade, personalidade, bandeira e defesa. A extraterritorialidade
condicionada envolve casos de crimes: a) que o Brasil se comprometa a punir por meio de tratado ou
convenção; b) homicídios por brasileiros; c) ocorridos em aeronaves ou embarcações brasileiras, sejam
mercantes ou de propriedade privada, no exterior, desde que não tenham sido julgados lá; d) homicídios por
estrangeiros contra brasileiros fora do Brasil.
A primeira situação de extraterritorialidade condicionada ao respeito à cooperação internacional em questões
criminais, com o objetivo de prevenir e punir crimes que afetam a comunidade internacional como um todo.
Os tratados e convenções internacionais celebrados pelo Brasil e aprovados pelo Congresso Nacional têm
força de lei no país e devem ser seguidos obrigatoriamente.
A segunda situação de extraterritorialidade condicionada envolve crimes de crimes contra brasileiros no
exterior. Com base no princípio da nacionalidade, o Estado tem o direito de exigir que os seus cidadãos no
estrangeiro cumpram as leis do país. Portanto, a lei brasileira se aplica, independentemente de onde o crime
ocorreu. Além disso, o Brasil nunca extradita cidadãos brasileiros natos. Portanto, para evitar a impunidade, a
aplicação da lei brasileira é abrangente quando a extradição não é concedida.
O terceiro cenário aborda crimes ocorridos em aeronaves e embarcações brasileiras, independentemente de
serem comerciais ou privados, quando estão no exterior e ainda não foram julgados lá (artigo 7º, c). Nesse
caso, o agente está sujeito à jurisdição do Estado onde o crime ocorreu. No entanto, se esse Estado não
aplicar as suas leis, o Brasil pode intervir para evitar que o crime fique impune. Isso se baseia no princípio da
representação e é aplicado apenas quando há falta de leis locais (lacuna) ou desinteresse em analisar o caso.
A lei brasileira também será aplicada quando um estrangeiro cometa um crime contra um fora brasileiro do
Brasil, desde que atenda às disposições mencionadas acima e, adicionalmente: a) não tenha sorte pedido de
extradição ou o pedido tenha sido negado; b) receba uma solicitação do Ministro da Justiça (artigo 7º, § 3º).
Condições para aplicação da lei brasileira São as seguintes: a) entrada do agente no território nacional; b) o
fato ser punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime
incluído entre aqueles em que a lei brasileira autoriza a extradição; d)
o agente não ter sido absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido
a pena; e) não ter sido perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo,
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável (art. 7º,
§ 2º).
Lei penal em relação às pessoas
O princípio da territorialidade, como discutimos, permite abordagens para tratados, convenções e normas de
direito internacional, resultando em imunidades diplomáticas. Também existem abordagens originadas de
regras de direito público interno, que dão origem às imunidades parlamentares. Tanto as imunidades
diplomáticas quanto os parlamentares não dependem da identidade da pessoa que cometeu um crime, mas
sim das funções que ela pode exercer
Extradição
A extradição é “um compromisso decorrente da cooperação global na luta contra o crime
Extradição é o ato de enviar um indivíduo que está refugiado em um país para que seja julgado ou cumpra a
pena imposta em outro país. Em resumo, é quando um Estado entrega uma pessoa acusada de cometer um
crime ou já condenada como criminosa à jurisdição de outro Estado que pode julgá-la e puni-la.
A extradição pode ser: a)ativa, envolvendo o Estado que a solicita; b) passivamente, envolvendo o Estado que
concede uma extradição; c) voluntário, quando o indivíduo concordar com a extradição; d) imposta, quando o
indivíduo se opuser à extradição; e) reextradição, quando o Estado que recebeu a extradição (requerente) se
tornar objeto de um pedido de extradição por parte de um terceiro Estado.
As condições para a concessão da extradição vêm enumeradas no art. 77 (condições negativas) e no art. 78
(condições positivas) do Estatuto do Estrangeiro.
a) Brasileiro nato - A principal restrição se refere à não extradição de nacionais: um brasileiro nato não pode
ser extraditado em nenhuma circunstância.
b) Brasileiro naturalizado - Pode ser extraditado por crimes comuns cometidos antes da naturalização ou por
envolvimento cometido em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas semelhantes (conforme o artigo 5º, LI, da
Constituição Federal e o artigo 77, I, do Estatuto do Estrangeiro). O nacional não extraditado responderá
perante a Justiça brasileira (conforme o artigo 7º, II e § 2º do Código Penal).
c) Alguns crimes especiais: a lei brasileira não é clara quando se trata de crimes religiosos, fiscais e
puramente militares. Na verdade, estabelece um sistema facultativo, embora a opinião predominante na
doutrina e controvérsia seja de não conceder a extradição por tais delitos. No entanto, a situação é diferente
no caso de crimes políticos ou de opinião, nos quais a Constituição proíbe expressamente a extradição
(conforme os artigos 5º, LII, da Constituição Federal e 77, VII, do Estatuto do Estrangeiro). Para mais
informações, consulte nosso Manual sobre crimes políticos.
Para conceder a extradição, são necessários os seguintes requisitos: 1) Uma análise prévia pelo Supremo
Tribunal Federal 2) A existência de um tratado ou convenção convencionada com o Brasil, ou, na ausência
disso, uma garantia de reciprocidade; 3) A existência de uma sentença condenatória definitiva ou uma ordem
de prisão preventiva; 4) O indivíduo a ser extraditado deve ser estrangeiro; 5) O ato pelo qual a extradição é
solicitado deve constituir um crime de acordo com as leis brasileiras e com o país solicitante.
Procedimento do processo de extradição
Ao iniciar o processo de extradição, o indivíduo a ser extraditado deverá ser detido e colocado sob custódia
do Supremo Tribunal Federal (STF). Nestes casos, não se permite prisão domiciliar, liberdade condicional,
prisão em albergue, ou outras medidas alternativas. Na prática, o STF considera essa detenção como uma
forma de prisão preventiva, embora seja de natureza obrigatória. Além dessa prisão obrigatória (que alguns
veem como administrativa), o Estado estrangeiro pode solicitar a prisão preventiva do indivíduo a ser
extraditado e tem 90 dias para formalizar o pedido de extradição, a menos que um tratado bilateral estabeleça
um prazo diferente (por exemplo, entre o Brasil e a Argentina, esse prazo é de 45 dias).
processo de extradição tem prioridade no Supremo Tribunal Federal, sendo apenas precedido por habeas
corpus, que é a prioridade máxima. A defesa do indivíduo a ser extraditado concentra-se principalmente em
três aspectos: a) erro na pessoa a ser extraditada; b) problemas formais nos documentos apresentados pelo
Estado estrangeiro; c) ilegalidade no pedido de extradição.
Se os princípios, requisitos e demais condições legais condicionais nas leis de cada país, tratados, convenções
ou princípio de reciprocidade forem atendidos, a extradição de um estrangeiro não pode ser recusada
Deportação e expulsão
A deportação e a expulsão são medidas administrativas para forçar um estrangeiro a deixar o país. A
deportação envolve uma remoção compulsória do estrangeiro para seu país de origem ou outro que concorde
em recebê-lo. Isso ocorre quando um estrangeiro entra ou permanece no país de forma irregular. Um
deportado pode ser autorizado a retornar sob certas condições.
A expulsão acontece quando um estrangeiro representa uma ameaça à segurança nacional, ordem política ou
social, tranquilidade pública, moralidade, economia popular ou quando seu comportamento prejudica
osiinteresses nacionais. A expulsão pode ser aplicada a estrangeiros que tenham cometido fraude para entrar
ou permanecer no Brasil, tenham desrespeitadas proibições específicas por lei para estrangeiros, entre outros
casos.
A expulsão não é uma pena, mas uma medida preventiva de polícia aplicada pelo Estado para proteger a
soberania nacional. A decisão sobre a conveniência da expulsão é tomada pelo Presidente da República, e
existem causas que podem impedir a expulsão, conforme definido no Estatuto do Estrangeiro. Além disso, o
Decreto n. 98.961, de 15 de fevereiro de 1990, trata da expulsão de estrangeiros condenados por tráfico de
entorpecentes e drogas afins.
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,
ou nela é computada, quando idêntica.
DOUTRINA
Quando a pena aplicada no exterior for diversa, pelo mesmo crime,
será atenuada a pena aplicável no Brasil; quando se tratar de pena
idêntica, haverá dedução da pena a cumprir, uma espécie de detração
penal. Trata-se, na verdade, de um reconhecimento do democrático e
universal princípio ne bis in idem.
Se uma pena imposta no exterior por diferente pelo mesmo crime, a pena no Brasil será reduzida. Se a pena
por a mesma coisa, a pena a ser cumprida
Eficácia de sentença estrangeira
Art. 9º A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
consequências, pode
ser homologada no Brasil para:
I — obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições
e a outros efeitos civis;
II — sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único. A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da
Justiça.
DOUTRINA
1 Limites dos efeitos de sentença estrangeira
A execução de uma pena é um ato de soberania, portanto, os efeitos de poucas sentenças estrangeiras no
Brasil são extremamente limitados, geralmente se resumindo a apenas dois casos, que também são comuns.
Assim como as leis estrangeiras não são aplicadas no Brasil, as decisões judiciais estrangeiras também não
Contagem de prazo
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
comum.
Os prazos processuais começam no primeiro dia útil após o dia inicial e terminam no dia final (conforme
artigo 798, parágrafo suspensão devido a férias, domingos ou feriados. Essas regras aplicam-se a todos os
prazos materiais, como execução de penas, sursis, prescrição, livramento condicional, decadência, entre
outros. Por exemplo, um prazo de dez dias que começa no dia cinco e termina no dia 14, às 24 horas.
Quando o mesmo prazo estiver previsto em dois códigos (CP e CPP,
v. g.), aplica-se a contagem que for mais favorável ao acusado. Isso
ocorre, por exemplo, na prescrição, decadência etc.
1º, do CPP). Em contrapartida, nos prazos penais materiais, o primeiro dia é contado, e o último dia é
excluído. Os prazos penais não sofrem interrupção ou
Frações não computáveis da pena
Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na
pena de multa, as frações de cruzeiro.
As penas privativas de liberdade e restritivas de direitos não levam em consideração as frações de dias, ou
seja, não se preocupam com as horas e minutos nas penas. No entanto, as frações de mês e ano não podem ser
ignoradas. As frações de mês são convertidas em dias, e as frações de ano são convertidas em meses.
Nas penas pecuniárias, as frações da unidade da moeda nacional (seja o cruzeiro ontem, o real hoje, ou
qualquer outro no futuro) não são consideradas. Este princípio aplica-se também à prestação pecuniária e à
perda de bens e valores, mesmo que legalmente considere a natureza pecuniária.
Legislação especial
Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo
diverso.
O sistema penal do Brasil é constituído pelo Código Penal, Código de Processo Penal e diversas leis
especiais. As normas gerais do Código Penal se aplicam às leis especiais, a menos que exista uma disposição
expressa em contrário. Em outras palavras, a regra é aplicada como normas gerais, e a exceção não é
aplicável apenas quando houver uma disposição específica na legislação especial.
Título II - DO CRIME
Relação de causalidade
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Superveniência de causa independente
§ 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

No caso de uma causa posterior que seja em grande parte independente e que, por si só, tenha causado o
resultado, a imputação é restauração. No entanto, os eventos acima mencionados são atribuídos à pessoa que
cometeu.

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