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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES

CONTÁBEIS
AULA 1
Prof.ª Aline Andrade Barbosa da Silva

CONVERSA INICIAL

Com este material, pretendemos a assimilação de temáticas-chave de nossos estudos. Nesta

aula, especificamente, queremos que sejam capazes de compreender a importância da estrutura,

análise e interpretação das demonstrações contábeis e as demonstrações e informações contábeis

obrigatórias e não obrigatórias. De igual modo, trataremos sobre a diferenciação entre medidas

GAAP e não GAAP, e o método empregado para realização da ADC. Bom aprendizado!

CONTEXTUALIZANDO

Martins, Diniz e Miranda (2020) afirmam que a Contabilidade pode ser compreendida como uma

espécie de modelo de representação simplificada da realidade econômico-financeira de uma

entidade. Tal ciência tem como objetivo funcional atender as demandas de diversos usuários, os quais

se utilizam da informação contábil para a tomada de decisões.

Como estudado anteriormente, a Contabilidade se utiliza de quatro técnicas para alcance de


seus objetivos, a saber: 1) Escrituração; 2) Demonstrações Contábeis; 3) Auditoria; e 4) Análise das

Demonstrações Contábeis. Esta última é pontuada pelos autores mencionados anteriormente como

uma prática de investigação, que visa concluir a posição da empresa de acordo com a necessidade

específica dos seus utilizadores informacionais.

Evidentemente, cada usuário da contabilidade possui um interesse. Sendo assim, o objetivo da

ADC pode se tratar do retorno do investimento para investidores; da capacidade de honrar

compromissos futuros para credores por empréstimo; como também da política de incentivos fiscais

para o Governo e seus órgãos reguladores.

Com vistas à realização da tarefa correta pelos analistas das demonstrações contábeis, é que se

faz imprescindível que este tenha pleno conhecimento das normas de contabilidade, faça a
escrituração dos fatos administrativos com desenvoltura pela movimentação do patrimônio da

entidade, assim como tenha conhecimento dos meios de apuração do resultado do exercício, saiba

preparar as demonstrações contábeis e tenha ciência da estrutura de cada uma delas.

Sendo assim, de modo a atender às expectativas de informação dos seus usuários, é que a ADC

surge como uma ferramenta que capacita o analista a ser um interpretador dos empreendimentos

societários, de modo a utilizar a linguagem dos negócios (contabilidade) para tanto. Diante disso,

seguimos para tratar da importância da estrutura, análise e interpretação de demonstrações.

TEMA 1 – IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA, ANÁLISE E


INTERPRETAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES

As demonstrações contábeis são instrumentos de prestação de contas e de fornecimento de

informações econômico-financeiras e servem de fundamento para a avaliação de investimento ou

para concessão de crédito. Em face disso, é importante que sua estrutura seja conforme a exigência

da legislação. Além disso, os demonstrativos financeiros são relevantes meios de gerir a empresa,

pois facilita a tomada de decisão mais segura e evita riscos desnecessários.

Uma estrutura correta viabiliza o manejo correto dos relatórios financeiros, como também

permite que a análise das demonstrações contábeis seja feita em base confiável. A relevância da

análise das demonstrações financeiras emergidas da contabilidade subside no processo gerencial, em

que se torna possível tomar decisões mais assertivas para o negócio. Assim, os relatórios de análise

necessitam ser elaborados de maneira transparente e objetiva, de forma a considerar metas

predefinidas, para que sejam melhor interpretados por seus usuários.

Nesse contexto, torna-se pertinente a interpretação dos demonstrativos contábeis, fruto da

própria análise. A Análise das Demonstrações captura dados constantes nas respectivas

demonstrações, com a finalidade de calcular índices. Estes tornam viáveis a avaliação de solvência, da

estrutura patrimonial e da expectativa de gerar lucros por parte da entidade.

Por meio da ADC, é possível verificar a performance da gerência econômico-financeira da

companhia em relação a períodos anteriores, de modo a compará-los com objetivos

predeterminados.
Ademais, a ADC permite a realização de confronto com as perspectivas dos segmentos ou da

região em que a empresa está inserida, de maneira a fornecer uma visão mais ampla aos gestores

que tomam decisões de financiamento e investimentos, assim como a implantação de medidas em

contextos de mercado não favoráveis.

Para Alves e Laffin (2018), as análises colaboram não apenas para a avaliação e tomada de

decisão pela empresa, como também para a análise da competitividade do segmento, para, assim,

fazer uma melhor avaliação do mercado.

Sabemos que os demonstrativos contábeis são peças elaboradas com dados oriundos dos

registros contábeis da organização. Por conta disso, faz-se necessário para análise destes que o

analista conheça em detalhes os elementos componentes. De posse desse conhecimento, será

possível analisar, interpretar e elaborar pareceres sobre as demonstrações contábeis.

Em virtude disso, há necessidade de se aprender primeiro noções básicas de contabilidade, para

somente depois ministrar os conteúdos específicos de análise das demonstrações contábeis.

TEMA 2 – DEMONSTRAÇÕES E INFORMAÇÕES (RELATÓRIOS,


PARECERES) CONTÁBEIS OBRIGATÓRIAS

De acordo com os arts. 176 e 177 da Lei n. 6.404/1976, o conjunto de demonstrações contábeis

obrigatórias que devem ser divulgadas ao final de cada exercício financeiro pelas sociedades

anônimas e sociedades de grande porte são: a) balanço patrimonial; b) demonstração dos lucros ou

prejuízos acumulados ou demonstração das mutações do patrimônio líquido; c) demonstração do

resultado do exercício; d) demonstração dos fluxos de caixa; e e) demonstração do valor adicionado.

O pronunciamento técnico n. 26, emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis de acordo

com International Accounting Standard (IAS) n. 1, adiciona como compulsória a demonstração do

resultado abrangente. Nas próximas linhas, detalharemos os conceitos e casos práticos de cada um

dos relatórios contábeis obrigatórios para melhor entendimento.

2.1 BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial (BP) é uma das mais relevantes demonstrações contábeis e retrata

qualitativa e quantitativamente a posição financeira e patrimonial de uma entidade em dado


momento (Silva, 2019). Os elementos listados nessa demonstração são: Ativo, Passivo e Patrimônio

Líquido. As contas similares desses grupos podem ser agrupadas, contanto que se indique a natureza

da informação e não ultrapasse 10% do valor do grupo de contas a que se refere.

O Ativo é composto pelos bens e direitos da empresa e está subdivido nos seguintes

componentes: Ativo Circulante, que são aqueles que podem ser realizados até 12 meses após a data

de divulgação do balanço, e os demais ativos são classificados no Ativo não Circulante, segregado
em: i) realizável a longo prazo; ii) investimentos; iii) imobilizado; e iv) intangível.

O realizável a longo prazo é constituído, por exemplo, de derivados de vendas, adiantamentos

ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou investidores, que não

sejam relativos à atividade usual da companhia.

Já os investimentos tratam-se, por exemplo, das participações permanentes em outras

sociedades. O imobilizado, por sua vez, é composto por bens corpóreos designados para a

manutenção das atividades da companhia. Por fim, o intangível é representado pelo conjunto de

bens incorpóreos da entidade, tais como marcas, patentes, licenças, softwares, franquias, fundo de

comércio adquirido, direitos autorais e direitos de propriedades industriais e de serviço.

O Passivo é definido como sendo a obrigação presente, resultante de eventos passados, cuja

liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de fluir benefícios econômicos para a

entidade. O CPC n. 26, que trata da Apresentação das Demonstrações Contábeis, classifica os itens do

passivo na categoria circulante quando: espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional

normal da entidade; está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; deve ser

liquidado no período de até 12 meses após a data do balanço; ou a entidade não tem direito

incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos 12 meses após a data do balanço

(Silva, 2019, p. 46).

O Patrimônio Líquido é formado por cinco contas principais: 1) capital social que trará a

discriminação do capital subscrito reduzido do montante a integralizar; 2) reservas de capital e de


Lucros, em que se contém as seguintes reservas: i) reserva legal; ii) reservas para contingências; iii)

reservas estatutárias; iv) reservas de lucros a realizar; e v) reserva de incentivos fiscais; 3) ajustes de

avaliação patrimonial; 4) prejuízos acumulados; e 5) ações em tesouraria, que se trata das ações

readquiridas da própria companhia. Após a elucidação desses conceitos relativos ao BP,

apresentamos um desenho da demonstração, a fim de fixar o conteúdo da estrutura.


Figura 1 - Estrutura do Balanço Patrimonial

Fonte: elaborado a partir de Silva, 2019.

Vejamos um caso prático de Balanço Patrimonial da Companhia Ambev do exercício de 2020.

Figura 2 – Balanço Patrimonial: Ambev 2020l


Fonte: Ambev, 2020.

2.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

A Demonstração do Resultado do Exercício tem como objetivo principal apurar o rédito

(lucro/prejuízo) das empresas. O resultado é calculado com base na dedução de receitas e despesas
do período. As receitas são os aumentos nos benefícios econômicos na figura de saída de recursos

ou aumento de ativos e diminuição de passivos.

E as despesas são os decréscimos nos benefícios econômicos sob a forma de aumento de ativos
ou diminuição de ativos. Ambas as classificações também não podem ser resultantes de transações

com os sócios e devem ser estimadas em base confiável. A seguir, podemos visualizar a estrutura de
uma DRE de uma companhia que divulga seus relatórios financeiros em Bolsa de Valores.

Figura 3 – Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício


Fonte: Ambev, 2020.

2.3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE

A demonstração do Resultado Abrangente apresenta as receitas e despesas e outras mutações


ocorridas no Patrimônio Líquido decorrentes de transações com os sócios. Os resultados abrangentes

comportam: ganhos e perdas atuariais em planos de pensão; ganhos e perdas oriundos de conversão
de demonstrações contábeis à moeda estrangeira; ajuste de avaliação patrimonial relativo aos

ganhos e perdas na remensuração de ativos mantidos para venda e ajuste de avaliação patrimonial
relativo à efetiva parcela de ganhos e perdas de instrumentos de hedge em hedge de fluxo de caixa. A

estrutura do demonstrativo mencionado pode ser visualizada na figura a seguir.

Figura 4 – Estrutura da Demonstração do Resultado Abrangente


Fonte: Ambev, 2020.

2.4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A Demonstração dos Fluxos de Caixa é um dos principais relatórios para fins gerenciais (Marion,

2019, p. 51). Companhias abertas são obrigadas a publicar esse demonstrativo, como também
companhias fechadas com patrimônio líquido acima de 2 (dois) milhões de reais.

A DFC apresenta as variações ocorridas em caixas e equivalentes de caixa por meio de


pagamentos e recebimentos, segregados conforme a atividade: operacional, de investimentos e de
financiamento. Uma exemplificação desse relatório contábil-financeiro é evidenciada adiante.

Figura 5 – Demonstração dos Fluxos de Caixa


Fonte: Ambev, 2020.

2.6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

A Demonstração do Valor Adicionado apresenta a riqueza gerada e sua distribuição entre


empregados, governo, acionistas e financiadores de capital. Sua utilidade se respalda na visão

macroeconômica que essa demonstração traz, pois o valor adicionado representa a contribuição da
empresa no Produto Interno Bruto nacional. Dito isso, apresentamos a estrutura da DVA da

Companhia Ambev.

Figura 6 – Estrutura da Demonstração do Valor Adicionado


Fonte: Ambev, 2020.

Após esses breves conceitos, seguimos para a apresentação das Demonstrações e Informações

Contábeis não obrigatórias.

TEMA 3 – DEMONSTRAÇÕES E INFORMAÇÕES CONTÁBEIS NÃO


OBRIGATÓRIAS

As sociedades anônimas de capital aberto têm integrado um contexto muito frágil devido ao

número recorrente de escândalos contábeis. A fim de contornar esse cenário, as empresas têm

acionado a divulgação das demonstrações não obrigatórias, com vistas a atingir uma visão de

empresa transparente pelos usuários da informação.

Ademais, há por parte do mercado financeiro uma exigência cada vez maior para que as
entidades adotem uma posição de clareza das suas divulgações (Silva, 2019). Na sequência,
explicaremos as definições atinentes aos principais demonstrativos e informações não obrigatórias,
de modo a incluir, igualmente, Relato Integrado e Global Reporting Initiative (GRI).

3.1 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DOS RECURSOS

Com o advento da Lei n. 11.638/2008, a publicação da Demonstração das Origens e Aplicações

dos Recursos deixou de ser compulsória. A DOAR indica os fluxos financeiros que aumentaram ou

diminuíram o Capital Circulante Líquido. Os acrescimentos representam as origens, e os decréscimos


as aplicações de recursos. A composição da DOAR, conforme preconizava a lei societária, pode ser

visualizada na figura a seguir.

Figura 6 – Estrutura da Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos

ORIGENS DOS RECURSOS

Lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de

exercícios futuros.
Realização do capital social e contribuições para reservas de capital.

Recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo prazo, da redução do ativo realizável a

longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado.

APLICAÇÃO DOS RECURSOS

Dividendos distribuídos.

Aquisição de direitos do ativo imobilizado.


Aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido.

Redução do passivo exigível a longo prazo.

EXCESSO OU INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS EM RELAÇÃO ÀS APLICAÇÕES

SALDOS DE ATIVO E PASSIVO CIRCULANTE, MONTANTE E SALDO DE CAPITAL

Fonte: elaborado a partir de Silva, 2017.

3.2 BALANÇO SOCIAL E RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

O Balanço Social, também conhecido como Relatório de Sustentabilidade ou Relatório da

Responsabilidade Social, é um fruto da Contabilidade Social e deve ser divulgado anualmente pela
empresa que busca evidenciar aos usuários um conjunto de informações associadas aos projetos

ambientais e ações sociais.

De acordo com Colares et al. (2012), o BS contém sete seções. A primeira diz respeito à base de

cálculo para indicadores de sustentabilidade. A segunda seção refere-se aos indicadores sociais
internos, em que se demonstra os dispêndios da entidade com o corpo funcional.

Na sequência, os indicadores sociais externos retratam a participação da empresa na sociedade

por vias de educação, cultura, saúde, saneamento, entre outros. A quarta parte está associada aos

indicadores ambientais que representam o montante de investimentos sustentáveis com a produção

interna e projetos externos.

No quinto componente, são detalhados os indicadores do corpo funcional. O sexto item contém
informações importantes acerca da prática de cidadania. Finalmente, a sétima parte separa um

campo para informações de natureza qualitativa, no que diz respeito à responsabilidade social

corporativa, ética e transparência.

Figura 7 - Estrutura do Balanço Social


Fonte: Copel, 2020.

3.3 EBITDA

EBITDA constitui a sigla para Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, cuja

tradução significa Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações (LAJIDA). Sua

veiculação no território brasileiro é voluntária, mas normalmente é realizada pela maior parte das
companhias abertas.

A finalidade do EBITDA consiste em evidenciar o potencial de geração operacional de caixa que

uma empresa é capaz de produzir, antes de levar em conta o custo de empréstimos ou

financiamentos. Em outros termos, o EBITDA considera que parte das receitas de vendas podem

ainda não ter sido recebidas, e parte das compras ainda não terem sido pagas. Isso significa que se
todas as operações fossem à vista, o LAJIDA representaria o valor do caixa produzido pelos ativos,
anteriores à receita e despesas financeiras e dos impostos sobre o lucro.

No cenário brasileiro, por meio da Instrução CVM 527, a Comissão de Valores Mobiliários
brasileira visa uniformizar a divulgação do EBITDA. Tal norma demonstra que a apuração da medida

deve ser divulgada com base nos números fornecidos nas demonstrações contábeis, conforme o

pronunciamento técnico CPC n. 26, que trata da Apresentação das Demonstrações Contábeis. Em

vista disso, não podem participar do cálculo do indicador valores que não estejam nas
demonstrações contábeis, principalmente, na Demonstração do Resultado do Exercício.

Vejamos um exemplo de divulgação do EBITDA da companhia paranaense de energia:

Figura 8 – Divulgação do EBITDA da companhia paranaense de energia

Fonte: Copel, 2021.

O EBITDA da companhia, em 2019, foi de R$2.606,30, de modo a representar um acréscimo de

30,7% em relação a 2018, com R$1.994,20.

3.4 RELATO INTEGRADO

Sob a iniciativa do movimento internacional, conhecido como Accounting for Sustainability (A4S),
e da Global Reporting Initiative (GRI) foi constituído o International Integrated Reporting Council (IIRC).
A missão do IIRC é liderar o processo de criação da estrutura conceitual para auxiliar as organizações

no processo de integração das informações financeiras, sociais, ambientais, entre outras.

O Relato integrado proporciona uma abordagem mais objetiva e efetiva ao desenvolvimento de

relatórios corporativos, de modo a aumentar a qualidade da informação fornecida aos detentores de


capital financeiro. Também permite a destinação de capital de forma mais eficaz e mais proveitosa.

Assim, o Relato integrado é um processo baseado em pensamento integrado, que resulta em um

relatório integrado periódico por uma organização sobre a geração de valor ao longo do tempo e as

respectivas comunicações sobre aspectos da geração de valor (curto, médio e longo prazo).

A preocupação básica do RI consiste em evidenciar o alinhamento da empresa com o modelo de

sustentabilidade vigente. No RI, a geração de valor é descrita de acordo com os seguintes itens:

Figura 9 – Geração de Valor no Relato Integrado

Fonte: Copel, 2020.


Crédito: dizain/shutterstock; thodonal88/shutterstock; Trueffelpix/shutterstock; VectorMine/shutterstock; bsd
studio/shutterstock; e pogonici/shutterstock.

O objetivo fundamental do RI consiste em explicar aos fornecedores de capital financeiro como

uma companhia que gera valor ao longo do tempo. Um relato integrado traz benefícios para todos

os usuários que dele se utilizem, tais como colaboradores, clientes, legisladores, reguladores,
fornecedores, por exemplo.

A Estrutura Internacional do RI adota uma visão baseada em princípios. A ideia é achar um


equilíbrio que evidencie a grande quantidade de circunstâncias de diversas entidades e que permita
um grau razoável de comparabilidade entre empresas para atender importantes necessidades de

informação.

O RI não impõe indicadores de desempenho específicos, metodologias de mensuração ou

evidenciação de assuntos individuais, mas abrange um reduzido número de exigências a ser


aplicadas antes que o RI possa ser entendido como alinhado à Estrutura.

O RI pode ser construído para atender as necessidades de órgãos reguladores, como também
pode ser um relatório independente ou ser uma parte distinta de outro relatório. Deve englobar,

provisoriamente, uma declaração dos responsáveis pela governança da entidade, para fins de

explicação.

Recentemente, em janeiro de 2021, o IIRC divulgou revisões da estrutura do RI para viabilizar

relatórios mais eficazes e úteis no processo de tomada de decisões. Esta foi a primeira revisão
proposta desde 2013.

Saiba Mais

Saiba mais acessando o framework do Relato Integrado pelo link.

Disponível em: <http://relatointegradobrasil.com.br/home/framework/>. Acesso em: 1 fev.

2022.

3.5 GLOBAL REPORTING INITIATIVE

Esta é uma organização internacional não governamental, com sede em Amsterdã, na Holanda,

que tem como meta expandir mundialmente regras para elaboração de relatórios de sustentabilidade
divulgados de forma optativa. O modelo adotado pela GRI é o único formato aceito

contemporaneamente para publicação de balanços dessa natureza (Silva, 2020).

O Relatório de Sustentabilidade (GRI) é um instrumento relevante destinado à gerência

apropriada de indicadores do tripé da sustentabilidade (ambiental, social e econômico) dentro das

organizações. A GRI desenvolve e melhora progressivamente a Estrutura de Relatórios de

Sustentabilidade, além de criar competência para sua adoção, cujo elemento principal consiste nas
Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade divulgada em 2002.
Mesmo não sendo um relatório obrigatório, há pelo menos cinco razões que levam a maior

parte das entidades a utilizar a GRI em seus relatórios anuais, sejam eles integrados, de

sustentabilidade ou de outros tipos. A primeira consiste no reconhecimento global, haja vista a

metodologia GRI ter se espalhado mundialmente.

Assim, divulgar utilizando essa metodologia constitui uma garantia de que a estrutura e os
indicadores (denominados na metodologia de itens de divulgação), sejam reconhecidos por

investidores e outras partes interessadas em qualquer território nacional.

A segunda razão é porque a GRI facilita a comparação dos resultados. Por ser adotado em quase

todos os países e segmentos, mantendo o mesmo conjunto de itens e informações, a metodologia

viabiliza que a companhia possa confrontar seu desempenho com outras empresas no mesmo
cenário nacional, setor, de maneira a facilitar o processo benchmarking, ou seja, o processo de

avaliação da companhia referente à concorrência, por meio do qual é realizada uma comparação do

desempenho, ações e processos de cada empresa.

O terceiro motivo consiste em aprimorar a gestão da sustentabilidade. A metodologia GRI não se

atém a um formato para divulgação dos resultados. Ao contrário, o principal objetivo é melhorar a

gestão mediante a divulgação e transparência.

Além disso, ajuda na identificação e gestão de impactos. Um dos exercícios fundamentais


promovidos pelo relato da sustentabilidade empregando a metodologia GRI é de mapear os

principais impactos da companhia, com foco na gestão e nos resultados sobre a sociedade e o

ambiente, ao longo de toda a cadeia de valor. Em vista disso, compreender seus efeitos e como são

administrados são o ponto inicial para uma gestão sustentável de um empreendimento.

Por fim, a GRI identifica o mapeamento e contribuição dos stakeholders (usuários interessados
nas informações divulgadas). Compreender quem são eles e estabelecer uma linha de comunicação é

primordial para que a companhia seja capaz de estabelecer soluções que sejam sustentáveis.

O objetivo do relatório de sustentabilidade é auxiliar os negócios empresariais e os governos do

cenário mundial a compreenderem e administrarem corretamente o impacto que causam no mundo

em termos de mudanças climáticas, direitos humanos, governança e bem-estar social.

As informações do relatório apresentam bons canais para a construção de uma sociedade e

economia que colabore com todos. A prática de relatar o desempenho de sustentabilidade auxilia a
identificar e gerenciar cenários de riscos nas companhias, além de melhorar as relações com
stakeholders e criar uma imagem mais positiva.

Os elementos que devem ser apresentados são quatro. O primeiro capítulo é constituído do

“Prefácio: o Desenvolvimento Sustentável e o Imperativo de Transparência”. Esse capítulo consiste em

uma breve introdução sobre a organização GRI, a definição de desenvolvimento sustentável e as

proposições do modelo de Relatório de Sustentabilidade.

O segundo capítulo trata da “Introdução: Visão Geral da Elaboração de Relatórios de


Sustentabilidade”. Nessa parte é definida a finalidade de um relatório de sustentabilidade,

orientações sobre a estrutura de relatórios GRI, orientações sobre as diretrizes e sua aplicação na GRI.

O terceiro capítulo, por sua vez, é a “Parte 1: Definição de Conteúdo, Qualidade e Limite do

Relatório”. Esse capítulo trata dos princípios que garantem a qualidade do relatório.

O quarto capítulo, denominado “Parte 2: Conteúdo do Relatório”, aborda o perfil, desempenho

econômico, desempenho ambiental, desempenho social, práticas trabalhistas e trabalho docente,

entre outros. Por fim, o último capítulo trata do “Esclarecimentos Gerais sobre a Elaboração de
Relatórios”, tais como coleta de dados, forma, periodicidade e verificação.

Depois dessas definições sobre as demonstrações obrigatórias e não obrigatórias, a

continuidade desta aula pontuará acerca das medidas GAAP e non-GAAP, adotadas pela análise das

demonstrações contábeis.

TEMA 4 – MEDIDAS GAAP E NON-GAAP

Medidas GAAP são aquelas que estão de acordo com os princípios de contabilidade, bem como

as normas delas emanadas. Para estes estudos, citam-se os indicadores de liquidez, endividamento,
de rentabilidade e de atividade.

Já as medidas non-GAAP consistem em indicadores de desempenho ajustados das medidas

contábeis. Estas, não obrigatórias e provenientes da Contabilidade Gerencial, podem ser

exemplificadas pelo volume de vendas, mix de mercado, número de clientes e EBITDA.

Há várias distinções entre as duas medidas. Os indicadores GAAP seguem um padrão e podem
ser utilizados para comparar entidades, já os indicadores non-GAAP não seguem regras herméticas e
são mais trabalhosos de serem empregados para comparação.

Ademais, as medidas non-GAAP não ponderam efeitos não recorrentes e não desembolsáveis no
resultado das companhias. De igual modo, as medidas GAAP são auditáveis e as medidas non-GAAP

são não auditáveis, por não acompanharem as normas dos US GAAP ou IFRS.

Os GAAP outorgam um nível de uniformidade às empresas que possuem operações e políticas

caracterizadas pela heterogeneidade essencial. Dessa forma, nem sempre é possível captar
informações da performance da empresa, de modo a surgir uma lacuna que demanda o surgimento
de indicadores personalizados de desempenho. Assim, aparecem as medidas non-GAAP, como

opções associadas à rentabilidade das entidades que estão à margem dos princípios de contabilidade
geralmente aceitos.

Os indicadores non-GAAP incluem e excluem certos itens do resultado que são ditos como
transitórios ou não monetários, de modo a não considerar ganhos ou despesas que não estão
relacionadas às atividades básicas da companhia ou que não modificam o caixa durante o período.

Por isso, tais indicadores são publicados sem obrigatoriedade. Na sequência, veremos a abordagem
de algumas dessas medidas.

No cenário atual, a maior parte da discussão no que diz respeito a tais medidas referem-se à
qualidade e intenção dos gestores com a sua divulgação. Estudos revelaram duas principais razões
que justificam a publicação. A primeira seria a liberdade de escolha dos gestores, a qual envolve a

capacidade deles em serem altruístas. A ideia por trás dessa escolha é trazer informações mais
detalhadas para os investidores potenciais.

A segunda motivação relaciona-se ao oportunismo, isto é, os administradores podem resolver


dar maior destaque aos indicadores non-GAAP nos demonstrativos financeiros com a ideia de alterar
a percepção dos acionistas. Ademais, existe uma reincidência em retirar diferentes elementos ao

apurar os indicadores non-GAAP. Isso pode atrapalhar a compreensão pelos investidores.

Assim, as medidas non-GAAP contribuem com os gestores com a oportunidade de redefinição

de ganhos GAAP, de modo a excluir receitas e despesas que podem se realizar no futuro, fato que
representa informações adicionais sobre a natureza lucrativa (Doyle; Jennings; Soliman, 2013).

4.1 INDICADORES GAAP


4.1.1 Índices de liquidez

Os índices de liquidez demonstram a realidade financeira de uma entidade face aos


compromissos financeiros e indicam sua capacidade de sanar dívidas, de maneira a assinalar também

a perspectiva de continuidade. São quatro os índices de liquidez: a) liquidez corrente; b) índice de


liquidez seca; c) liquidez imediata; e d) liquidez geral. Vejamos suas respectivas definições e fórmulas
de cálculo a seguir.

A liquidez corrente sinaliza quanto a companhia possui de recursos de curto prazo (Ativo
Circulante) para cada real de obrigações de curto prazo (Passivo Circulante), ou seja, a capacidade de

pagamento no curto prazo e sua expectativa em financiar suas demandas por capital de giro. Nesse
caso, se o índice for superior a 1, isso indica que o Capital Circulante líquido será positivo e que
haverá de capacidade de honrar as obrigações de curto prazo por meio dos recursos de curto prazo.

A utilidade desse tipo de indicador está na combinação dele com outros índices, a fim de
ratificar as conclusões obtidas pelos analistas, que analisará tendências para os próximos anos da

realidade econômico-financeira da entidade. Apesar disso, há uma fraqueza nesse tipo de indicador,
pois este não consegue capturar as diferenças temporais existentes entre constituintes do Ativo
Circulante e Passivo Circulante.

Em outras palavras, o índice não leva em consideração se um título vencerá em poucos meses,
em relação a outra conta que também foi utilizada na base de cálculo do indicador. Outro ponto

descrito por Martins, Diniz e Miranda (2020) é que o índice de liquidez corrente sofre consequências
dos métodos de avaliação de ativos, em especial, o de estoques.

Com vistas a suprir essa deficiência, foi criado o índice de liquidez seca, que indica a parte das
dívidas de curto prazo que poderiam ser extintas por meio de componentes de maior liquidez no
ativo, isto é, sem considerar os estoques.

Da mesma forma que a liquidez corrente, o índice de liquidez seca é largamente utilizado pelos
analistas das demonstrações contábeis e seu proveito cresce com o emprego de outros indicadores,

para verificar projeções das empresas e compará-las com outras de mesmo segmento. No entanto, as
contas a receber (Ativo Circulante) podem representar valores altos, de maneira a incorrer em uma
falha desse índice. Sendo assim, surge o índice de liquidez imediata.
O índice de liquidez imediata demonstra a parte das obrigações de curto prazo que poderiam
ser pagas instantaneamente por meio de saldos de caixa e equivalentes de caixa. Esse índice sofre
interferências temporais, tendo em vista que o numerador é mais passível de transformar-se em

dinheiro do que as obrigações de curto prazo – que podem levar mais tempo para serem pagas. O
indicador também pode ser relevante para a análise de bancos comerciais, haja vista o volume de
saques e depósitos em dado período.

Por fim, o índice de liquidez geral que indica o quanto a empresa possui de recursos de curto e
longo prazo (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) para cada valor de obrigações de curto e

longo prazo (Passivo + Passivo não Circulante). De acordo com Martins, Diniz e Miranda (2020), tal
índice evidencia o potencial de saldar compromissos futuros da empresa.

4.1.2 Estrutura patrimonial

Os índices empregados na análise de estrutura patrimonial instituem relações entre recursos


próprios e de terceiros. O objetivo consiste em mostrar a dependência da organização frente a

recursos de terceiros. Os índices dessa análise são: i) endividamento; ii) composição do


endividamento; iii) imobilização do PL; e iv) imobilização dos recursos não correntes.

O índice de endividamento evidencia quanto a entidade possui de obrigações com terceiros


(Passivo + Passivo não Circulante) para cada montante de capital próprio (Patrimônio Líquido). Tal

indicador sinaliza a dependência que a entidade tem frente a terceiro.

A análise do endividamento pode ser baixa, razoável ou ruim. Mas também é necessário analisar
a qualidade da dívida, tendo em vista que pode se tratar de endividamento alto com custo baixo e,

portanto, um investimento lucrativo. Entretanto, endividamentos altos de curto prazo podem


interferir na rentabilidade da empresa, inclusive na sua continuidade.

Martins, Diniz e Miranda (2020) declaram que a composição do endividamento é interessante


para investigar a solvência da empresa, isto é, a capacidade da empresa de pagar o que deve. Tal
índice demonstra quanto da dívida total (Passivo Circulante + Passivo não Circulante) com terceiros é

exigível no curto prazo (Passivo Circulante). Assim, uma companhia com menores níveis de
endividamento no curto prazo certamente oferecerá menores riscos.

O índice de imobilização do Patrimônio Líquido indica a parte do capital próprio que está
aplicada em ativos de baixa liquidez – Imobilizados, Investimentos ou Ativos Intangíveis. São ativos
de baixa liquidez os Ativos não Circulante deduzidos dos ativos realizáveis a longo prazo. A ideia aqui
é financiar o Ativo Circulante com capital próprio para minimizar a dependência de recursos de
terceiros.

A Imobilização de Recursos não Correntes demonstra o percentual de recursos de longo prazo


utilizados nos itens de ativos de menor grau de liquidez, tais como imobilizado, investimentos e

intangível. Esse índice, quando superior a 1, significa que a empresa está imobilizando recursos de
curto prazo (Passivo Circulante).

4.2 INDICADORES NON-GAAP

Em face do exposto, os indicadores non-GAAP são métricas alternativas na maioria dos casos de

lucratividade, que supostamente enriquecem as informações financeiras que os investidores recebem


sobre o desempenho de uma empresa. Dito de outra forma, são informações adicionais gratuitas

para fornecer insights sobre a empresa.

São exemplos de indicadores non-GAAP o volume de vendas, o mix de vendas, clientes perdidos,
custos de perdas de materiais e EBITDA. Reforçamos que o material não esgota as medidas não

obrigatórias, mas apenas coloca as mais relevantes para este estudo.

4.2.1 Volume de vendas

O volume de vendas é um indicador que ajuda a auxiliar na avaliação da taxa de clientes


atendidos e indica a quantidade de itens vendidos dentro de certo momento em confronto com

outras janelas de tempo. A atividade que intensifica as análises do volume de vendas são o adequado
controle da entrada de fluxo de caixa, bem como a elaboração de relatórios detalhados sobre vendas
realizadas.

Nessa linha de pensamento, qual a relação entre volume de vendas e margem de contribuição?
Qual a vantagem existente em utilizar esses dois indicadores? Como isso pode ser importante para o

comércio varejista?

Saiba Mais
Conheça sete indicadores de desempenho do varejista <https://www.pricefy.com.br/blog/co
nheca-7-indicadores-de-desempenho-do-varejista>. Acesso em: 29 jan. 2022.

4.2.2 Mix de mercado

Consiste na atuação da empresa em dois ou mais nichos de mercado, haja vista a possibilidade

de um nicho ser passível de enfraquecimento ao longo do tempo. Kotler e Keller (2012) declaram que
as principais formas de nicho de mercado são as que se seguem.

Especialista em usuário final: a empresa tem como especialidade atender um certo tipo de
consumidor final.
Especialista de nível vertical: a empresa tem como especialidade algum nível da cadeia de

valor-distribuição.
Especialista em porte de cliente: a empresa tem como centralidade vender a clientes de

pequeno, médio ou grande porte.


Especialista em cliente específico: a empresa limita a venda a um ou a alguns clientes.
Especialista geográfico: a empresa realiza suas vendas apenas em certa localidade, região ou

área do mundo.
Especialista em produto ou em linha de produtos: a empresa tem como especialidade a
venda de um produto ou de uma linha de produtos.

Especialista em atributos do produto: a empresa tem especialidade de produzir certo tipo de


produto ou característica de produto.
Especialista em customização: a empresa personaliza seus produtos para cada cliente.

Especialista em preço-qualidade: a empresa atua nos extremos de baixa ou de alta qualidade


no segmento.

Especialista em serviço: a empresa dispõe-se a ofertar um ou mais serviços que não são
prestados por outras organizações.
Especialista em canal: a empresa se especializa em atingir apenas um canal de distribuição.

Dessa maneira, ao conhecer um nicho de mercado específico, a companhia estimulará uma


vivência diferenciada do consumidor com seus produtos. Isso permite que empresa ganhe valor de

mercado e ampliará a visibilidade de sua marca.

4.2.3 Clientes perdidos


Também conhecido como Churn Rate, é um indicador relacionado ao pós-venda em que se
verifica a quantidade de clientes perdidos, sob a forma de perda na receita mensal do período.

Vejamos um exemplo:

Em junho de 2020, uma universidade tem 60.000 estudantes de graduação e pós-graduação.

Com a crise pandêmica, 1.500 discentes evadiram da graduação, por falta de condições em arcar com
a mensalidade.

Dessa forma, o Churn Rate (número de clientes perdidos) dessa escola para o mês de junho do

referido ano é: 1.500/60.000 x 100 = 2,5%. Mas quando chegou em julho de 2020 a universidade
teve 2.000 novos matriculados na graduação? Para isso, existe o Churn Rate Negativo.

O Churn negativo seria: [60.000 – 60.500/ 60.000] x 100 = (-500/60.000) x 100 = 0,0083333
x 100 = -0,83333%.

4.2.4 Custo de perdas de materiais

Os indicadores de perdas de materiais são indicadores de estoque que buscam converter a

avaliação de desempenho do estoque em valores. Os principais interessados nesse indicador são os


gestores das organizações, tendo em vista que estes podem indicar grande volume de recursos
desperdiçados e, consequentemente, compromete as vendas da empresa.

As perdas podem acontecer por elementos, tais como fraudes, roubo, erros na armazenagem
dos itens estocados, excesso de estoque, prazo de validade, avarias, entre outros. Para calcular esse

indicador de estoque, temos o seguinte exemplo:

Perdas = estoque total - total de vendas - estoque atual

Para manter o indicador de custos de perdas de materiais baixo, é salutar investir em


ferramentas que melhorem a estrutura do setor e uma gerência eficaz dos estoques.

TEMA 5 – MÉTODO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS: OBSERVAÇÃO, EXAME E INTERPRETAÇÃO

Nesta parte da aula, será sintetizado o método proposto por Martins, Diniz e Miranda (2020)
para análise das demonstrações contábeis. Os passos contemplados para isso são observação, exame
e interpretação e serão explicados de forma objetiva a seguir.

5.1 OBSERVAÇÃO

A observação trata-se da leitura das demonstrações, a fim de constatar se as informações são

confiáveis, isto é, se a contabilidade e gestão da empresa são conhecidas pelo analista por sua
qualidade no conhecimento técnico. Posteriormente, o analista deve conhecer com profundidade o
segmento de negócio, tendo em vista que isso é crucial para a compreensão do que ocorre com a

empresa. Nesse caso, deve-se conhecer a legislação e as normas que regulam seu setor, a política
econômica do período de análise investigado, como também o impacto trazido para o contexto em

que a entidade está inserida.

Em seguida, determinam-se as contas ou grupo de contas que mais se sobressaem nos


demonstrativos contábeis, pelo valor, representatividade ou magnitude. A ideia nessa etapa é

identificar anomalias que ocorreram no patrimônio empresarial. Aqui é válido utilizar-se de notas
explicativas para eventuais esclarecimentos das contas identificadas. Assim, o processo de

observação é um dos mais importantes, pois permite o relato da situação financeira, se realizada de
forma eficaz.

5.2 EXAME

O exame consiste em fornecer sentido lógico ao que foi observado. Para tanto, é feita a

padronização e simplificação das demonstrações contábeis, com reclassificações das contas e síntese
de contas de valores menos significativos. Para Martins, Diniz e Miranda (2020, p. 74),

também é importante que os valores constantes nas peças contábeis sejam convertidos em uma

moeda de poder aquisitivo constante, para que os efeitos inflacionários sejam expurgados e

mantido o poder aquisitivo da moeda, notadamente quando se trabalha com períodos mais longos.

Os tipos de análise financeira podem ser classificados tanto quanto ao local, tanto quanto ao
método de análise. No que tange ao local, têm-se a análise externa e a interna. A primeira consiste na
análise de demonstrativos por pessoas de fora da entidade, tais como credores, investidores e

agências governamentais e possui algumas limitações, como o fato de não poder ser realizada de
maneira minuciosa.
Já a segunda é feita por pessoas de dentro da empresa, ou seja, por funcionários e gestores da
empresa. Como sabemos, tais usuários terão mais informações acerca da empresa. Essa análise é

mais consistente, haja vista que é desenvolvida com base no registro completo de informações.

No tocante ao método utilizado pela análise, existem três tipos de análise: horizontal, vertical e

horizontal conjugada com a vertical. A análise horizontal é desempenhada em função de vários anos.
A análise vertical, por conseguinte, é realizada para verificar a situação de uma conta ou grupo
dentro de um determinado ano. A análise horizontal quando combinada com a vertical é executada

por meio da verificação de uma conta ou grupo de contas ao longo de certo número de anos.

Os instrumentos originados pela etapa de exame são os índices, que são relevantes à

averiguação do desempenho anterior da empresa analisada. Estes servem para fornecer indícios do
estado econômico-financeiro, por meio da relação entre dois índices e podem ser expressos por

razão pura (proporção entre duas contas ou grupos), multiplicador (para medir quantas vezes uma
conta é maior do que outra) e percentagem (para indicar quantos por cento uma conta representa de
outra).

Cada método adotado para o exame possui privilégios. Em vista disso, cabe ao analista decidir
qual é o mais adequado e pertinente para sua situação.

5.3 INTERPRETAÇÃO

A interpretação constitui a descoberta de significado do exame. Não basta saber calcular os

índices, mas é de suma importância saber como fazer a leitura destes, a fim de usá-la para o processo
decisório. Segundo Martins, Diniz e Miranda (2020), há várias formas de interpretar os índices: a) um

único índice: quando é analisado apenas um indicador; b) grupos de índice: quando é desenvolvida
com base em grupos de índices; c) comparação histórica e sazonalidade: quando é feita com
fundamento em informações históricas, com vistas a verificar tendências; d) comparação de índices

entre e dentro da empresa; e) comparação com outras empresas; e f) comparação com a própria
empresa.

TROCANDO IDEIAS
Para realizar a análise das demonstrações contábeis, é necessário o conhecimento das dinâmicas

das demonstrações contábeis e dos índices dela provenientes. Os indicadores GAAP e non-GAAP são
uma nomenclatura recente e estão adequados aos princípios de contabilidade geralmente aceitos e
às práticas de gestão, respectivamente.

Enquanto os indicadores GAAP da ADC são os clássicos da literatura contábil da área, como
endividamento, liquidez, entre outros, os indicadores non-GAAP são as medidas fornecidas pela

Contabilidade Gerencial. Em face disso, qual a principal diferença entre as medidas GAAP e non-
GAAP? A resposta prevista pode ser encontrada na próxima seção Na Prática.

NA PRÁTICA

Resposta esperada: as medidas GAAP seguem um padrão e podem ser utilizadas para confrontar

companhias de diversos segmentos, as medidas non-GAAP não seguem regras e são mais difíceis de
serem empregadas para confrontação de desempenhos empresariais.

FINALIZANDO

Este material teve como objetivo apresentar os conceitos iniciais pertinentes à análise das
demonstrações contábeis. Estamos chegando ao final da nossa aula, que apresentou os tipos de
demonstrações contábeis, tipos de informações não obrigatórias e tipos de medidas GAAP e non-

GAAP. As temáticas tratadas durante a aula foram as que se seguem.

Importância da estrutura, análise e interpretação de demonstrações.

Demonstrações e informações (relatórios, pareceres) contábeis obrigatórias.


Demonstrações e informações contábeis não obrigatórias.
Medidas GAAP e non-GAAP.

Método de Análise das Demonstrações Contábeis: observação, exame e interpretação.

Aprendemos apenas os conceitos introdutórios e estamos somente começando! Futuramente,

estudaremos sobre as Análises Vertical e Horizontal, bem como a interpretação dos índices de
liquidez e de endividamento e a Geração de Valor ao acionista. Bons estudos e até a próxima!
REFERÊNCIAS

ALVES, A.; LAFFIN, N. H. F. Análise das contas financeiras. Grupo A, 2018. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595027428/>. Acesso em: 29 jan. 2021.

BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm>. Acesso em: 29 jan.

2022.

BRASIL. Lei n. 11.638, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm>. Acesso em: 29 jan. 2022.

COLARES, A. C. V. et al. O balanço social como indicativo socioambiental das empresas do Índice
de Sustentabilidade Empresarial da BM&F Bovespa. Revista de contabilidade do mestrado em

ciências contábeis da UERJ, v. 17, p. 83-100, 2012.

COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1): apresentação

das demonstrações contábeis. Brasília, DF, v. 2, 2011.

DOYLE, J.; JENNINGS, J.; SOLIMAN, M. Do managers define non-GAAP earnings to meet or beat

analyst forecasts?. Journal of Accounting and Economics, 56 (1), 40–56, 2013.

MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

MARTINS, E.; DINIZ, J. A.; MIRANDA, G. J. Análise didática das demonstrações contábeis. 3. ed.
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_____. Análise avançada das demonstrações contábeis: uma abordagem crítica. 3. ed. São
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SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2019.

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