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CÓDIGO: 41098
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Tradicionalmente são referidas quatro grandes teorias clássicas que marcaram
a progressão da teoria em antropologia: o evolucionismo, o difusionismo, o
funcionalismo, e o estruturalismo (Sousa, 2019, p. 62).
No período da “pré-história” da antropologia, vigoravam duas ideias sobre o ser
humano: a de que a humanidade tinha várias origens e por isso as raças eram espécies
diferentes – o poligenismo; e a ideia que a humanidade tinha uma única origem – o
monogenismo. Darwin estabeleceu a ideia que todos os seres vivos descendem de uma
só origem. Com uma única origem, as diferenças entre as sociedades eram diferentes
patamares e ritmos de evolução (Cunha, 2016, p. 38). Guiados pela ideia que as
sociedades e culturas evoluem tal como as outras espécies, os evolucionistas passaram
a olhar para o Outro para procurar e comparar essas diferenças e ritmos de evolução,
e a metodologia evolucionista baseava-se numa abordagem dedutiva e no método
comparativo (Sousa, 2019, p. 64). Com método científico, “na segunda metade do
seculo XIX, antropologia emergiu como ciência marcada pelo triunfo das ideias
evolucionistas” (Batalha, 2004, p. 34). A contribuição da escola evolucionista foi da
maior importância para o desenvolvimento da ciência antropológica (Santos, 2002, p.
97).
Ao dar carácter científico aos seus estudos, a teoria evolucionista foi decisiva
para que a antropologia, enquanto episteme, se afirmasse social e academicamente. As
restantes abordagens teóricas, como o difusionismo, funcionalismo e estruturalismo,
surgiram progressivamente, de forma não forçosamente sequencial, como reação e
crítica a outras teorias existentes, num processo contínuo de construção de
conhecimento.
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Hodiernamente, a atividade antropológica de recolha de informação através da
observação participante, ainda continua a ser um dos principais métodos de
investigação antropológica.
Além das escolas clássicas suso referidas, surgiram outras escolas e teorias que
procuram explicações para a diversidade cultural que observam, apreciando as
fragilidades de outras teorias para propor novas abordagens ou novas correntes de
pensamento. Propõe-se uma brevíssima súmula geral.
Para o evolucionismo, a cultura e as sociedades evoluíram tal como as outras
espécies, a partir de formas mais simples para outras mais complexas (Batalha, 2004,
p. 35). Assim, as sociedades e as culturas, evoluindo de forma uniforme e progressiva,
passariam por um conjunto de três estádios, começando pela mais simples, a selvajaria,
passando pela barbárie, e terminando na mais complexa, a civilização.
O difusionismo, também conhecido por historicismo, foi uma reação ao
evolucionismo (Sousa, 2019, p. 68). Segundo os difusionistas a semelhança de
características culturais numa determinada área era explicada pela difusão a partir de
um centro (Batalha, 2004, p. 38). Se para a escola inglesa o centro da difusão tinha sido
o Egipto, a escola germano-austríaca defendia que a difusão tinha tido início em vários
locais.
O particularismo histórico é considerado um ramo do difusionismo (Batalha,
2004, p. 71). Associado a Franz Boas (1858-1942), defendia que cada cultura é única,
e assim devia ser observada e compreendida, de forma holística e com trabalho no
terreno, pois os comportamentos das outras culturas só podem ser compreendidas no
contexto cultural onde ocorrem (Sousa, 2019, p. 72).
A escola do configuracionismo, também conhecido como culturalismo
americano, surgiu pela insatisfação de vários discípulos de Boas com o particularismo
histórico, e destaca a relação da cultura com a personalidade dos seus membros, estuda
como os indivíduos adquirem a cultura e como esta se relaciona com a personalidade
individual (Sousa, 2019, p. 75).
O funcionalismo estuda a sociedade em termos de organização e funcionamento
do sistema social, procura descrever as instituições culturais, explicar a sua função e
demonstra a sua contribuição para a estabilidade social (Sousa, 2019, p. 85). Está
associado a duas escolas. No funcionalismo psicológico de Malinowski (1884-1942), as
instituições culturais funcionam para responder às necessidades físicas e psicológicas
das pessoas em sociedade. O funcionalismo estrutural de Radcliffe-Brown (1881-1955),
procura compreender como as instituições culturais mantinham o equilíbrio e a coesão
das sociedades.
No estruturalismo, a cultura, expressa através dos rituais, da arte, e do
quotidiano, é a manifestação de uma estrutura mental inerente à espécie humana,
estrutura profunda na mente humana, única e universal (Batalha, 2004, p. 44). Existem
elementos universais nos mecanismos do pensamento humano, e o estruturalismo
procura descobrir a regras estruturantes das culturas na mente humana. As diferentes
línguas e mitos de cada cultura, são o “produto de padrões universais de pensamento
inconsciente” (Sousa, 2019, p. 91).
Novas abordagens e diferentes perspetivas. Assoma um neoevolucionismo, com
abordagens diferentes de como a cultura se adapta e evolui com resultado da interacção
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com os ecossistemas. Emerge um neofuncionalismo que considera que a organização
social e a cultura resultam da adaptação ao meio ambiente. Desponta o neomarxismo
ou dinamitismo, que analisa a dinâmica das sociedades. O neodarwinismo introduz a
genética no estudo da evolução da sociedade ao seu meio ambiente. O pós-
estruturalismo sucede ao estruturalismo, desconstruindo a estrutura, criticando a
tradução do significado do que se observa e a verdade com uma construção histórica
da sociedade. O desenvolvimento de uma antropologia feminista enfatiza o papel da
mulher nas sociedades. A dicotomia da antropologia interpretativa e da antropologia
científica, visões diferentes que podem ser complementares.
E numa luta fratricida, as diferentes teorias e escolas reagem aos paradigmas
das outras, criticam-se mutuamente, estimulam-se, renascem. As teoria e escolas
devoram-se mutuamente e asseguram, pela sua luta, a continuidade da evolução do
saber na antropologia.
REFERÊNCIAS:
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