O artigo aborda o conceito de responsabilidade civil na área da medicina,
examinando os aspectos legais e éticos relacionados a erros médicos e as implicações para profissionais de saúde e pacientes. O desenvolvimento do conceito de responsabilidade civil tem suas raízes na discussão sobre o Direito Natural, reconhecendo os direitos fundamentais do ser humano e a necessidade de reparação quando esses direitos são violados. O autor enfatiza a importância do consentimento informado, destacando que os pacientes devem ser informados de forma compreensível sobre sua condição médica, tratamento proposto, riscos, benefícios e possíveis complicações. O princípio da culpa é abordado, abrangendo tanto o dolo (ação deliberada de causar dano) quanto a culpa em sentido estrito (imprudência, negligência ou imperícia), sendo essenciais para determinar a responsabilidade civil de um profissional médico. Além disso, é abordada a responsabilidade solidária do hospital em casos de erros cometidos por seus médicos-empregados. A relação entre médicos e seguros de saúde é discutida, indicando que a empresa de seguro geralmente não é responsável pelos atos do médico escolhido pelo paciente. Para hospitais públicos, fundações ou autarquias, a responsabilidade é regida pelo Direito Público, sendo mencionado o princípio da responsabilidade objetiva, que implica que as instituições respondam por danos causados por seus agentes, independentemente de culpa. Também é abordada a questão da indenização por danos morais, dor e sofrimento resultantes de erros médicos. A determinação do montante da indenização é um ponto de debate e é submetido ao julgamento do tribunal. Também se discute prazos de prescrição para acionar a responsabilidade civil. Observa-se que o novo Código Civil estabelece prazos mais curtos para a prescrição de pretensões de reparação civil e cobrança de honorários. O artigo aborda a responsabilidade penal, que origina-se de ações ou omissões que são tipificadas como crimes. São considerados ilícitos penais apenas os crimes e contravenções expressamente enumerados na lei. A descrição detalhada dos atos na lei é essencial para a responsabilização criminal. Existem dois tipos de crime: doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco, e culposo, quando o resultado ocorre por imprudência, negligência ou imperícia. As penas variam em gravidade e podem incluir prisão, restrição de direitos ou multa. Médicos também podem cometer crimes, como auxílio ao suicídio e omissão de socorro. A absolvição penal não implica em absolvição civil, e a responsabilidade civil é independente da criminal. A perícia é fundamental em crimes que deixam vestígios. A lei tem prazos de prescrição, variando de acordo com a pena aplicável, conforme o artigo 109 do CP. O artigo também trata da responsabilidade ética dos médicos e o processo ético- disciplinar conduzido pelos Conselhos Regionais de Medicina. Enquanto o processo civil busca reparação por danos materiais e o processo penal busca proteção da sociedade, o processo ético visa disciplinar a conduta profissional. Esse processo é de natureza moral, mas em ultima instância pode ser contestado judicialmente, conforme a Constituição Federal e a lei 3.268/57. As regras éticas, apesar de não terem força impositiva por si mesmas, ganham força jurídica ao serem respaldadas por sanções previstas na lei. O julgamento ético ocorre a portas fechadas, mas cópias do processo podem ser requisitadas pela justiça comum. Os Conselhos de Medicina são responsáveis por supervisionar e disciplinar a ética profissional médica. A prescrição ética ocorre em 5 anos. O aumento das acusações de "erro médico" tem levado os profissionais de saúde a adotar medidas preventivas para evitar tais situações. A prática médica criteriosa é considerada a melhor forma de prevenção contra essa epidemia de acusações. A implementação de Termos de Ciência e Consentimento para procedimentos médicos, conforme exigido pelo Código de Defesa do Consumidor, é incentivada como uma medida para mitigar esses problemas. É enfatizada a importância de preencher prontuários de maneira clara e legível, pois documentos confusos podem prejudicar a defesa do médico em processos legais. A utilização de linguagem clara nos registros médicos é crucial para evitar interpretações negativas por parte dos juízes. Quando confrontados com ações legais relacionadas a supostos erros médicos, três regras fundamentais são ressaltadas. Primeiro, é destacado o prazo limitado de 15 dias para a defesa, ressaltando a importância de buscar assistência legal imediatamente após receber a citação. Em segundo lugar, é aconselhado não acusar colegas ou terceiros, uma vez que essa prática é mal vista e pode acarretar mais problemas do que soluções. Por fim, é ressaltada a importância de não realizar autodefesa, que é mais eficazmente conduzida por advogados especializados. Assim como somente médicos devem cuidar de pacientes, apenas advogados com a devida expertise devem lidar com a defesa legal.