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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 2

1. TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL .................................................. 3

1.2. Técnicas do TCC ................................................................................................... 3

1.3. Quem precisa fazer Terapia Cognitivo Comportamental ...................................... 4

1.4. Princípios básicos .................................................................................................. 4

1.5. Princípios etiológicos ............................................................................................ 5

1.6. Estrutura da terapia ................................................................................................ 6

1.7. Análise do objectivo .............................................................................................. 7

1.8. Análise dos meios .................................................................................................. 7

1.9. Eficácia .................................................................................................................. 8

1.2.1 Raízes filosóficas ..................................................................................................... 8

Conclusão ......................................................................................................................... 9

Referências bibliográficas .............................................................................................. 10

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Introdução
A Terapia Cognitivo Comportamental ou TCC é uma abordagem da psicoterapia
baseada na combinação de conceitos do Behaviorismo radical com teorias cognitivas. A
TCC entende a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos como aquilo que
nos afecta, e não os acontecimentos em si. Ou seja: é a forma como cada pessoa vê,
sente e pensa com relação à uma situação que causa desconforto, dor, incómodo, tristeza
ou qualquer outra sensação negativa.

A Terapia Cognitiva foi fundada no início dos anos 60 por Aaron Beck, Neurologista e
Psiquiatra norte-americano. Beck propôs, inicialmente, um “modelo cognitivo da
depressão” e que posteriormente evoluiu para a compreensão e tratamento de outros
transtornos.

Essa abordagem é bastante específica, clara e directa. É utilizada para tratar diversos
transtornos mentais de forma eficiente. Seu objectivo principal é identificar padrões de
comportamento, pensamento, crenças e hábitos que estão na origem dos problemas,
indicando, a partir disso, técnicas para alterar essas percepções de forma positiva. A
TCC se destina tanto ao tratamento dos diferentes transtornos psicológicos e emocionais
como a depressão, ansiedade, transtornos psicossomáticos, transtornos alimentares,
fobias, traumas, dependência química, entre outros.

Além disso, a Terapia Cognitivo Comportamental auxilia nas diversas questões que
envolvem nossa vida como um todo, como: dificuldades nos relacionamentos, escolhas
profissionais, lutam, separações, perdas, estresse, dificuldades de aprendizagem,
desenvolvimento pessoal e muitos outros.

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1. TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma forma de psicoterapia que se baseia no
conhecimento empírico da psicologia. Ela abrange métodos específicos e não-
específicos (com relação aos transtornos mentais) que, com base em comprovado saber
específico sobre os diferentes transtornos e em conhecimento psicológico a respeito da
maneira como seres humanos modificam seus pensamentos, emoções e
comportamentos, tem por fim uma melhoria sistemática dos problemas tratados.

Tais técnicas perseguem objectivos concretos e operacionalizados (ou seja, claramente


definidos e observáveis) nos diferentes níveis do comportamento e da experiência
pessoal (al. Erleben) e são guiadas tanto (1) pelo diagnóstico específico do transtorno
mental como (2) por uma análise do problema individual (ou seja, uma descrição das
particularidades do paciente; ver mais abaixo). Nesse contexto representa um papel
importante uma análise aprofundada dos factores de vulnerabilidade (predisposições),
dos factores desencadeadores e mantenedores do problema. A combinação dessas duas
vias permite atingir um relativo equilíbrio entre o método padronizado (determinado
pelo diagnóstico) e as características individuais do paciente (que determinam a análise
do problema). A terapia cognitiva comportamental encontra-se em constante
desenvolvimento e exige de si mesma uma comprovação empírica da sua efectividade.

A terapia cognitiva comportamental possui tanto técnicas da terapia cognitiva como da


terapia comportamental, tendo demonstrado ser uma das técnicas mais eficazes no
tratamento de vários transtornos como depressão e esquizofrenias.

1.2. Técnicas do TCC


Entre as técnicas para mudanças de comportamento dentro da Terapia Cognitivo
Comportamental estão:

1. Reversão de hábitos para aumentar a percepção do paciente sobre cada episódio


que traz desconforto. Gerar a capacidade de interromper isso com uma resposta
mais adequada.
2. Aumentar a consciência para identificar os factores desencadeantes e as
sequências de acontecimentos associados com determinado sintoma ou
comportamento.

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3. Monitoramento e registro de cada ocorrência. Anota-se informações como dia e
hora, localização, pensamentos, sentimentos e emoções que podem ser úteis ao
tratamento.
4. Utilização de uma resposta adequada para controlar a reacção.
5. Controle de stress, ensinando maneiras eficientes de respiração, relaxamento
muscular e técnicas cognitivas para ajudar o controlo da angústia.
6. Prevenção de recaídas, ensinando o paciente a lidar com os factores que
desencadeiam situações negativas.

1.3. Quem precisa fazer Terapia Cognitivo Comportamental


Todos podem fazer a Terapia Cognitivo Comportamental: homens, mulheres, crianças,
adultos, pessoas com algum transtorno mental ou que estão passando por qualquer tipo
de conflito interno. Entretanto, a TCC é altamente recomendada principalmente em
casos de depressão, transtornos de ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo,
síndrome do pânico, fobia social e outras situações que possuem como base
fundamental os comportamentos, pensamentos e emoções da pessoa com relação à vida.

Para quem possui o diagnóstico de problemas psicológicos, normalmente serão


realizadas entre 10 e 20 sessões de Terapia Cognitivo Comportamental. Para cada perfil
de paciente serão aplicadas técnicas diferentes no tratamento. Seu curto tempo de
duração, acção de forma prática para melhorar comportamentos específicos e eficácia
comprovada na cura de transtornos são os principais factores que fazem com que esse
tipo de abordagem seja um dos mais procurados actualmente.

1.4. Princípios básicos


Jürgen Margraf oferece uma lista de nove princípios básicos que caracterizam os
diversos métodos conceituais da TCC:

1. A TCC se orienta no conhecimento empírico da psicologia científica;


2. A TCC se orienta no problema (sintoma) actual do paciente;
3. A TCC baseia-se na análise dos factores de vulnerabilidade (predisposições),
factores desencadeadores e mantenedores dos transtornos mentais;
4. Por se orientar no problema, a TCC é também orientada para um objectivo
definido (a modificação do comportamento problemático);

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5. A TCC é voltada para a acção e não apenas para a tomada de consciência (ing.
insight, al. Einsicht) e uma compreensão mais profunda do problema;
6. A TCC não se restringe à situação terapêutica, mas se estende à vida diária do
indivíduo;
7. A TCC é transparente, tanto quanto a seus objectivos quanto a seus meios;
8. A TCC procura ser uma ajuda para a auto-ajuda, ou seja, acentua a
responsabilidade do próprio paciente no processo terapêutico e;
9. A TCC se esforça por estar em desenvolvimento constante.

1.5. Princípios etiológicos


Os transtornos mentais são vistos como fruto de um desequilíbrio entre os factores
salutogênicos por um lado e os factores patogénicos por outro:

 Factores salutogênicos são aqueles que permitem ao indivíduo ser saudável.


Dentre eles se distinguem determinados factores da personalidade, como os
estilos de coping, os factores de fomento à saúde, que ajudam a mantê-la (ex. a
prática de esportes, uma vida equilibrada etc.), e os factores de protecção, que
ajudam a defendê-la em momentos de estresse (ex. uma boa rede social, bom
acesso à rede de saúde etc.).
 Factores patogénicos são aqueles que levam à doença. Os factores de
vulnerabilidade são as predisposições e tendências pessoais, quer de ordem
genético-biológicas, quer ligadas à história de vida da pessoa, a desenvolver
determinado transtorno mental; os factores desencadeadores são os eventos que
levaram ao aparecimento do transtorno (ex. diferentes tipos de estresse, perda de
entes queridos, acidentes e outros traumas etc.) e os factores mantenedores são
aqueles que propiciam a continuação do transtorno mesmo após os factores
desencadeadores não estarem mais presentes (ex. estresse permanente, tentativas
erróneas do paciente ou de pessoas a ele próximas de lidar com a situação etc.).
Dentre os factores mantenedores a funcionalidade (ou ganho secundário) do
transtorno desempenha um papel importante: Trata-se dos aspectos positivos que
toda doença e transtorno mental, por mais grave que seja, tem para o indivíduo.
Assim determinados transtornos infantis têm como funcionalidade a manutenção
do relacionamento instável dos pais, que permanecem juntos somente por causa
do filho. Como se depreende do exemplo, não se deve confundir a
funcionalidade com má-fé ou intenção maldosa do paciente.

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Tradicionalmente a TCC dedica-se especialmente aos factores mantenedores, sem no
entanto perder de vista os demais factores. Nos últimos anos vem crescendo cada vez
mais a consciência de que sobretudo os factores salutogênicos têm grande importância
na recuperação da saúde e devem ser fomentados.

1.6. Estrutura da terapia


A estrutura da TCC pode ser descrita em uma série de cinco passos:

Apresentação do problema

Primeira orientação a respeito problemática — consiste na colecta e organização dos


dados relevantes para a compreensão do paciente e de seu problema: dados pessoais,
sintomática e seu desenvolvimento, objectivo do paciente, esclarecimento das condições
necessárias para o trabalho psicoterapêutico;

Definição do(s) problema(s) e diagnóstico — definição dos diversos problemas


envolvidos e da relação entre eles, esclarecimentos diagnóstico (ex. possíveis causas
fisiológicas do problema), diagnóstico provisório (segundo CID 10 ou DSM IV) e
definição da indicação psicoterapêutica (ou seja, qual método psicoterapêutico é o mais
indicado);

Escolha do(s) problema(s) a ser(em) tratado(s)

Análise do(s) problema(s)

Análise comportamental — escolha do comportamento problemático, análise da sua


incidência (em que situações, com que frequência, acompanhado de que pensamentos,
emoções, com que consequências);

Análise motivacional — análise do valor do comportamento problemático: que


objectivos são perseguidos com ele? Quais motivos influenciam a vida da pessoa? O
comportamento se origina de conflitos entre objectivos distintos?

Análise sistémica — análise da pertinência do indivíduo a diferentes sistemas sociais,


com regras e exigências distintas e, por vezes contraditórias e a influência dessa
pertinência sobre seu comportamento;

Origem e desenvolvimento do problema: Anamnese, geração de hipóteses sobre a


origem do problema;

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Condensamento do conhecimento ganho até então: geração de um modelo etiológico
individual

1.7. Análise do objectivo


 Pré-requisito da mudança (de comportamento) — consideração dos lados
positivo e negativo do comportamento actual (problemático), definição da
motivação para a mudança, determinação dos factores ambientais que auxiliam a
mudança e daqueles que a atrapalham;
 Determinação dos objectivos — quais os objectivos perseguidos pelas partes
envolvidas (paciente, terapeuta, terceiros), formulação de objectivos e dos
passos necessários para alcançá-los;
 Relacionamento paciente-terapeuta — o relacionamento entre paciente e
terapeuta é tal que permite um trabalho produtivo? Como mantê-lo (ou
modificá-lo)?

1.8. Análise dos meios


Pontos de partida: quais pessoas devem ser envolvidas na mudança? Com quais
situações, problemas, pessoas começar?

Princípios da mudança — com base na análise do problema, quais passos devem ser
dados? Como? Explicação da lógica do tratamento (dos passos a serem dados) ao
paciente

Planejamento concreto da terapia — que novos comportamentos devem ser aprendidos,


em que situação? Como? Definir os parâmetros formais (frequência das consultas,
duração da terapia) e determinar se outros tratamentos (ex. medicamentos) são
necessários. Definir exactamente (de forma observável) o que se considera "sucesso"

Teste e avaliação dos passos definidos — realização dos passos tal qual definidos
anteriormente, sempre levando em conta de que as hipóteses sobre as quais elas se
baseiam são provisórias e, assim, modificáveis sempre que necessário. Avaliação
permanente de cada um dos passos e dos diferentes objectivos alcançados. Término da
terapia.

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1.9. Eficácia
Estudos científicos feitos por Aaron Beck (um dos fundadores da terapia cognitiva) e
vários de seus alunos demonstram a eficácia a longo prazo da terapia cognitiva para
depressão, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobia social,
TOC, agressão sexual, esquizofrenia e transtornos internalizantes na infância. Nos casos
de depressão e pânico os resultados foram especialmente promissores e mais
duradouros.

A TCC também se provou eficaz no tratamento de transtorno bipolar, TDAH aliado à


medicação, anorexia nervosa, transtorno dismórfico corporal, coleccionismo patológico,
jogo patológico, TEPT em crianças que sofreram abuso, TOC em crianças e transtorno
afectivo sazonal.

Estudos na área da psicologia da saúde também têm demonstrado a eficácia da TCC no


apoio psicológico perante condições médicas, incluindo doenças coronarianas,
hipertensão, câncer, dor de cabeça, dor crónica, dor lombar crónica, síndrome da fadiga
crónica, artrite reumatóide, síndrome pré-menstrual e síndrome do cólon irritável.

1.2.1 Raízes filosóficas


Os precursores de certos aspectos fundamentais da TCC foram identificados em várias
tradições filosóficas antigas, particularmente o estoicismo. Os filósofos estóicos,
particularmente Epiteto, acreditavam que a lógica poderia ser usada para identificar e
descartar crenças falsas que levam a emoções destrutivas, o que influenciou a maneira
como os terapeutas cognitivo-comportamentais modernos identificam distorções
cognitivas que contribuem para a depressão e a ansiedade. Por exemplo, o manual de
tratamento original de Aaron T. Beck para depressão afirma: "As origens filosóficas da
terapia cognitiva podem ser rastreadas até os filósofos estóicos".

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Conclusão
Quando pensamento, emoção e comportamento estão em equilíbrio, é muito mais fácil
agir de forma consciente e sem prejuízos. Para isso, é preciso saber distinguir os
sentimentos da própria realidade, entendendo como um influencia o outro e avaliando
de forma crítica a veracidade de nossos pensamentos automáticos. Com isso, é possível
desenvolver habilidades para perceber quando essas suposições aparecem,
interrompendo e modificando suas consequências.

Na Terapia Cognitivo Comportamental, a relação entre paciente e terapeuta deve ser de


colaboração mútua. A eficácia do tratamento se dá, em grande parte, pela qualidade
desta relação. É o bom vínculo que impulsiona o paciente a manifestar melhor os seus
próprios sentimentos durante a sessão. Por isso é tão importante encontrar um bom
psicólogo perto de você. Está em dúvida se deve começar a procurar por uma
abordagem dentro da terapia? Veja alguns depoimentos de pessoas que começaram.

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Referências bibliográficas
Butler AC, Chapman JE, Foreman EM, Beck AT. The empirical status of cognitive-
behavioral therapy: a review of meta-analyses. Clin Psychol Rev. 2006;26(1):17-31.

Robertson, Donald. The Philosophy of Cognitive-Behavioural Therapy: Stoicism as


Rational and Cognitive Psychotherapy: Karnac

«A filosofia do Estoicismo»

T. Beck, Aaron (1979). Cognitive therapy of depression. New York: Guilford Press.
ISBN 0898620007. OCLC 5333645

Robinson, D. N. (1995). An intellectual history of psychology (3rd Ed): University of


Wisconsin Press

Tolin D. F. (2010). «Is cognitive-behavioral therapy more effective than other


therapies? A meta-analytic review». Clinical Psychology Review. 30: 710–720. PMID
20547435. doi:10.1016/j.cpr.2010.05.003

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