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DIREITO PENAL E

PROCESSUAL PENAL
Professor Leonardo dos S. Arpini
prof.arpini lsarpinii@gmail.com

Professor Arpini @prof.arpini


[MARATONA AGENTE PF]
• Temas que serão abordados em nossa revisão:
• DIREITO PENAL:
• Princípios do direito penal. Lei penal no tempo. Tempo do crime.
• Aplicação da lei penal. A lei penal no espaço. Lugar do crime.
Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. Norma penal.
• O fato típico e seus elementos. Crime consumado e tentado. Ilicitude e
causas de exclusão. Excesso punível.
• PROCESSO PENAL:
• Princípios processuais penais. Aplicação da lei processual Penal.
Disposições preliminares do CPP.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
• Princípios:
Princípio da legalidade - Art. 5º - XXXIX – “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.

Desdobramentos do princípio da legalidade:


RESERVA LEGAL
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ANTERIORIDADE
TAXATIVIDADE
RESERVA LEGAL: representa a exigência de lei no sentido formal para a criação de crimes no mundo jurídico.
ANTERIORIDADE: a lei penal deve ser anterior à conduta do agente.
TAXATIVIDADE: lei penal com conteúdo certo e determinado, tanto no preceito primário como secundário.

1) Ano: 2013 Banca: CESPE


Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguintes.
O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal
natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.

( ) Certo
( ) Errado

Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
DESDOBRAMENTOS MATERIAIS
LIMITES AO CONTEÚDO DOS TIPOS PENAIS.
INSIGNIFICÂNCIA: condutas consideradas insignificantes são indiferentes para o direito penal. Porém, é necessário
verificarmos (no caso concreto) a incidência do princípio e, para isso, o STF elencou alguns vetores para nortear a
verificação:

Ausência de Periculosidade Social


Reduzido grau de Reprovabilidade do fato
Mínima Ofensividade da conduta
Ínfimo grau de Lesão Jurídica.

Para facilitar nossa memorização, fixe o mnemônico “PROL”.

Ainda, é de suma importância que você memorize as seguintes súmulas:

STJ, 589 – Não cabe o princípio da insignificância em infrações praticadas mediante violência doméstica ou familiar contra a
mulher.
STJ, 599 – Não cabe o princípio da insignificância em crimes contra a administração pública.
STJ, 606 – Não cabe a insignificância no crime de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência.
2) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE
Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de crimes, penas,
imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.

É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o prejuízo seja em
valor inferior a um salário mínimo.
( ) Certo
( ) Errado

ALTERIDADE: o direito penal visa incriminar condutas que atinjam bens jurídicos alheios.
ADEQUAÇÃO SOCIAL: condutas socialmente adequadas não podem ser objeto de criminalização, invocando-o por própria
leniência social.

Veja só como esse conteúdo vem sendo cobrado em concurso:

3) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE


Aplicado no direito penal brasileiro, o princípio da alteridade
A) determina que o juiz analise as especificidades do fato e do autor do fato durante o processo dosimétrico.
B) assevera que a pena não passará da pessoa do condenado.
C) afasta a tipicidade material de fatos criminosos, ao definir que não haverá crime sem ofensa significativa ao bem
tutelado.
D) reconhece que o direito penal deve abarcar o máximo de bens possíveis para promover a paz.
E) assinala que, para haver crime, a conduta humana deve colocar em risco ou lesar bens de terceiros, e é proibida a
incriminação de atitudes que não excedam o âmbito do próprio autor.
LEI PENAL NO TEMPO
Os dispositivos que precisamos ter em mente para mapearmos nosso estudo sobre a lei penal no tempo, são os artigos 2º a
4º do Código Penal e, também o art. 5º, XL da Constituição Federal.

Art. 5º [...]:
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução
e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado – retroatividade penal benéfica.
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Irretroativa

Lei Penal Retroativa (art. 2º, p.ú, CP)


Ultra ativa (art. 3º, CP)
611, STF – Compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei
benéfica na execução penal.
LEI PENAL NO TEMPO
4) Ano: 2012 Banca: CESPE No que concerne aos princípios, direitos e garantias fundamentais, estabelecidos na Constituição Federal de
1988 (CF), julgue os itens a seguir.

A lei penal pode retroagir para beneficiar ou prejudicar o réu.

( ) Certo

( ) Errado
Lex gravior Lex mitior
Novatio legis in pejus Abolitio criminis
Novatio legis incriminadora Novatio legis in melius

Fato • Conduta de ejacular nas


vítimas no transporte público

Lei • Nova lei incriminadora Furto Furto


13.718/18 Nova Lei Penal
Pena 1 a 4 Gravosa Pena 10 a 20
• Tipo penal anos anos
Art. criado.
Portanto a
215-A norma é
irretroativa.
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Veja só este exemplo:

A Lei 12.663/12 (a Lei Geral da Copa) criada para vigorar somente durante o período de realização da Copa do Mundo no
Brasil. A referida lei criou figuras criminosas, mas fixou um contexto temporal para que houvesse a incidência desses crimes
caso a lei fosse violada. O marco temporal estipulado pela lei geral da copa foi dia 31/12/2014. Após essa data a Lei Geral da
Copa parou de produzir efeitos no mundo jurídico.

Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.

5) Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE


Acerca do crime e da aplicação da lei penal no tempo e no espaço, julgue o item que se segue.
A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença — em decorrência do fenômeno da
ultratividade — mesmo já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da consumação do crime.

( ) Certo
( ) Errado
TEMPO E LUGAR DO CRIME.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

Lugar do crime – Para verificar a ocorrência dos crimes à distância.


Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde
se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

LU
6) Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE
LUGAR UBIQUIDADE
Com relação ao tempo e ao lugar do crime,
o Código Penal brasileiro adotou, respectivamente, as teorias do(a)
A) resultado e da ação.
B) consumação e do resultado.
TA
C) atividade e da ubiquidade. TEMPO ATIVIDADE
D) ubiquidade e da atividade.
E) ação e da consumação.
LUTA
Lembre-se desse mnemônico
LEI PENAL NO ESPAÇO
Territorialidade:
Espaço físico (geográfico) Espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à
soberania do Estado (solo, rios, lagos, mares interiores,
baías, faixa do mar exterior ao longo da costa – 12
milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha
de baixo-mar do litoral continente e insular – e espaço
aéreo correspondente.
Espaço físico por extensão ou ficção Para os efeitos penais, consideram-se como espaço físico
por ficção as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
quer que se encontrem, bem como as embarcações e
aeronaves brasileiras (matriculadas no Brasil), mercantes
ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente em alto mar ou no espaço aéreo
correspondente (art. 5º, §1º, CP).
É também aplicável a lei brasileira aos crimes cometidos a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou voo no espaço aéreo corresponde, e
estas em porto ou mar territorial do Brasil (art. 5º, §2º, CP).
CONCLUSÃO
A) Quando navios ou aeronaves forem
públicos ou estiverem a serviço do governo
brasileiro, quer se encontrem em território
nacional ou estrangeiro, são considerados
parte do nosso território.

B) Se os navios ou aeronaves forem privados,


quando em alto-mar ou espaço aéreo
correspondente, seguem a lei da bandeira que
trazem consigo.

C) Quanto aos navios e aeronaves


estrangeiros, em território brasileiro, desde
que privados são considerados parte de nosso
território
EXTRATERRITORIALIDADE – ART. 7º, CP.
Meu caro, em casos excepcionais, a nossa lei poderá ultrapassar os limites do território, alcançando crimes cometidos
exclusivamente em território estrangeiro. Esse é o fenômeno conhecido por extraterritorialidade.

A extraterritorialidade pode ser:


a) Incondicionada: A lei brasileira é aplicada ao crime cometido no estrangeiro
independente do preenchimento de qualquer condição, nas hipóteses do Entrar o agente no
Art. 7º, inciso I, do CP. território nacional.
b) Condicionada: necessita do preenchimento das seguintes condições:
Não ter sido o agente
perdoado no estrangeiro ou, Ser o fato punível
por outro motivo, não estar também no país em
extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
que foi praticado.

Não ter sido o agente Estar o crime incluído


absolvido no entre aqueles pelos
estrangeiro ou não ter quais a lei brasileira
aí cumprido pena. autoriza a extradição.
PRINCÍPIOS APLICADOS A EXTRATERRITORIALIDADE
Dispositivo legal Princípio Espécie de
extraterritorialidade
Art. 7º, I, a, b, c Princípio da defesa Incondicionada
Art. 7º, I, d Princípio da justiça Incondicionada
universal
Art. 7º, II, a Princípio da justiça Condicionada
universal
Art. 7º, II, b Princípio da nacionalidade Condicionada
ativa
Art. 7º, II, c Princípio da Condicionada
representação

7) Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE


Acerca da aplicação da lei penal, dos princípios de direito penal e do arrependimento posterior, julgue o item a seguir.
O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido no território da República Argentina fica sujeito à lei
do Brasil, ainda que o agente seja absolvido naquele país.
( ) Certo
( ) Errado
8) Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE
Segundo a atual redação do Código Penal Brasileiro, os crimes cometidos no estrangeiro são puníveis segundo a lei
brasileira se praticados contra a administração pública quando o agente delituoso estiver a serviço do governo brasileiro,
salvo se já absolvido pela justiça no exterior com relação àqueles mesmos atos delituosos.
( ) Certo
( ) Errado

9) Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE


Acerca dos institutos da territorialidade e extraterritorialidade da lei penal, da pena cumprida no estrangeiro e da eficácia
da sentença estrangeira, julgue os itens seguintes.

A lei penal brasileira será aplicada a crime cometido contra a administração pública por servidor público em serviço, ainda
que seja praticado no estrangeiro.

( ) Certo
( ) Errado
FATO TÍPICO.

CONCEITO MATERIAL É baseado com a essência


Conceito de um comportamento
Analítico penalmente relevante

CONCEITO FORMAL Crime é a conduta vedada


por lei, com ameaça de
pena criminal.
Conceito CONCEITO ANALÍTICO Crime é toda a ação ou
de omissão, consciente e
Crime voluntária, estando
previamente definida em
Conceito Conceito lei, cria um risco
Material Formal juridicamente proibido e
relevante.
Conceito Análitico

Teoria
Teoria Bipartida/Dicotômica
Tripartida/Tricotômica
Crime = Fato Típico + Ilícito
Crime = Fato Típico + Ilícito
(antijurídico)
(antijurídico) + Culpável.

10) Ano: 2010 Banca: CESPE / CEBRASPE


Em relação à aplicação da lei penal e aos diversos aspectos do crime, julgue os itens seguintes.

No Código Penal brasileiro, adota-se, em relação ao conceito de crime, o sistema tricotômico, de acordo com o qual as
infrações penais são separadas em crimes, delitos e contravenções.
( ) Certo
( ) Errado
11) Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE
A respeito do direito penal, julgue os itens que se seguem.

Considera-se crime toda ação ou omissão típica, antijurídica e culpável.


( ) Certo
( ) Errado
CRIMES QUANTO AO RESULTADO CRIMES QUANTO O RESULTADO JURÍDICO
NATURALÍSTICO
CRIME MATERIAL – aqui, meu amigo(a), o tipo CRIME DE DANO OU DE LESÃO – aqui, a
penal descreve a conduta e o resultado material, consumação exige que o bem jurídico seja lesionado
razão pela qual, para a existência do crime é pela conduta do agente, p.ex. o crime de homicídio
necessária a produção do resultado. P.ex. para que
ocorra o homicídio, é necessário a morte da vítima.
CRIME FORMAL – já nessa classificação, o crime CRIME DE PERIGO – a consumação ocorre quando
descreve conduta e resultado. Entretanto, o crime é o bem jurídico é exposto à risco, p.ex. o crime de
de consumação antecipada, perfazendo-se apenas contágio venéreo do art. 130 do CP.
com a conduta, sem que o resultado ocorra. P.ex. o
crime de ameaça. O simples fato de ameaçar a vítima
já é suficiente para o crime se consumar, não
necessitando que as ameaças venham a se
concretizar.
CRIME DE MERA CONDUTA – aqui, caríssimo(a), o
tipo penal prevê apenas a conduta, sem fazer menção
a nenhum resultado no mundo exterior. P.ex. o crime
de omissão de socorro (art. 135, do CP).
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Dolo Direto (art. 18, inciso I, primeira parte). Dolo Eventual (art. 18, inciso II, segunda parte).

“Quando o agente quis o resultado”. “Quando o agente assumiu o risco de produzi-lo”.

Nesse caso, o CP adotou a teoria da vontade Nesse caso, o CP adotou a teoria do


assentimento.
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando
o pratica dolosamente.

Elementos do crime culposo: 1. Conduta voluntária


2. Resultado involuntário
3. Nexo causal
4. Tipicidade
5. Quebra do dever de cuidado objetivo por imprudência,
negligência ou imperícia
6. Previsibilidade objetiva do resultado
7. Relação de imputação objetiva.
12) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE
Em relação a crime culposo, assinale a opção correta.
A) O agente de conduta culposa assume o risco do resultado produzido por sua conduta.
B) A conduta culposa é dirigida à prática de um fim ilícito.
C) O agente com culpa consciente prevê, mas não aceita, a superveniência do resultado de sua conduta.
D) O agente de crime culposo não tem previsibilidade objetiva do resultado de sua conduta.
E) A conduta negligente admite, em regra, tentativa no crime culposo.

13) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE


Um indivíduo agiu prevendo o resultado naturalístico adverso de sua ação, mas esperava que este não viesse a ocorrer.

Nesse caso, a conduta do indivíduo corresponde ao conceito jurídico de


A) culpa consciente.
B) dolo eventual.
C) dolo de segundo grau.
D) culpa presumida.
E) dolo de perigo.

14) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE


Acerca do crime doloso e do arrependimento posterior, julgue o item seguinte.

Em relação ao crime doloso, o Código Penal adota a teoria da vontade para o dolo direto e a teoria do assentimento para o dolo
eventual.

( ) Certo
( ) Errado
.
CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA
15) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE
O único tipo de crime que admite tentativa
éo
A) culposo.
B) permanente.
C) preterdoloso.
D) unissubsistente.
E) habitual.

16) Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE


Admite-se a tentativa nos crimes
A) unissubsistentes.
B) culposos.
C) preterdolosos.
D) complexos.
E) omissivos próprios
17) Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE
Acerca dos institutos penais da desistência
voluntária, do arrependimento eficaz e do
arrependimento posterior, julgue o item a seguir.

É admissível a incidência do arrependimento eficaz


nos crimes perpetrados com violência ou grave
ameaça.

( ) Certo
( ) Errado
CRIME IMPOSSÍVEL
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime.

Súmulas importantes sobre o tema:

STF, 145 - Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
STJ, 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de
estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. (Súmula 567, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe 29/02/2016).

18) Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE


Com relação à teoria do crime e culpabilidade penal, julgue o seguinte item.
Se a preparação de flagrante pela polícia impedir a consumação do crime, estará caracterizado crime impossível.
( ) Certo
( ) Errado

19) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE


Acerca de arrependimento posterior, arrependimento eficaz e crime impossível, julgue o item a seguir.
Considere a seguinte situação hipotética.
Um indivíduo realizou práticas abortivas em sua namorada, que não se encontrava grávida.
Nessa situação, restou configurado o crime impossível em face da ineficácia absoluta do meio.
( ) Certo
( ) Errado
ILICITUDE
Ilicitude ou antijuridicidade (que são expressões sinônimas) expressam a contrariedade do fato criminoso ao direito.

Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

O “EXCESSO PUNÍVEL” (art. 23, p.ú., CP), é a desnecessária intensificação de uma conduta inicialmente legítima. O excesso
pode se dar de duas maneiras:
• Voluntário (consciente): ocorre quando o indivíduo se da conta do exagero. Nesse caso, o agente responderá por crime
doloso, pois aqui, o excesso é doloso.
• Involuntário (inconsciente): a pessoa não se da conta que foi além do necessário. O excesso involuntário deriva de um
erro (pode ser evitável – responder por crime culposo quando previsto em lei; ou inevitável – não há dolo ou culpa).
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.

Requisitos do estado de necessidade:

Situação de necessidade: O perigo deve ser atual (presente) e inevitável.


Não provocação do perigo: o agente que se beneficia do instituto do estado de necessidade não pode ser o provocador do
perigo.
Inexigibilidade de sacrifício do bem salvo: A lei considera lícito o estado de necessidade se o agente salva um bem de
maior relevância ou igual.
Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo: Em situações de perigo extremo, essas pessoas podem agir em estado
de necessidade.
.
20) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE
Márcio e Pedro eram amigos havia anos. Tendo descoberto que Pedro estava saindo com a sua ex-esposa, Márcio planejou matar
Pedro durante uma pescaria que fariam juntos. Durante uma tempestade, em alto-mar, Márcio aproveitou-se de um deslize de
Pedro para de fato matá-lo. Logo após a conduta, Márcio percebeu que na canoa onde estavam só havia um colete salva-vidas e
que, em razão disso, a eliminação de Pedro foi sua única chance de sobreviver. A canoa afundou e Márcio sobreviveu ao naufrágio.

Nessa situação hipotética, Márcio


A) cometeu crime de homicídio qualificado.
B) não cometeu crime, porque agiu em legítima defesa da honra.
C) cometeu crime, mas sua conduta será justificada pelo estado de necessidade putativo.
D) não cometeu crime, porque agiu em estado de necessidade.
E) cometeu crime, mas sua pena será diminuída porque agiu em estado de necessidade.

21) Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE


Marco e Matias pescavam juntos em alto-mar quando sofreram naufrágio. Como não sabiam nadar bem, disputaram a única
tábua que restou do barco, ficando Matias, por fim, com a tábua, o que permitiu o seu resgate com vida após ficar dois dias à
deriva. O cadáver de Marco foi encontrado uma semana depois.

A conduta de Matias, nessa situação, caracteriza


A) estado de necessidade.
B) estrito cumprimento do dever legal.
C) legítima defesa própria.
D) exercício regular de direito.
E) homicídio culposo
.
LEGÍTIMA DEFESA
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o
agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.

Requisitos da legítima defesa:

Agressão: atual ou iminente e injusta. Deve se voltar a direto próprio ou alheio


Reação:
Com o emprego dos meios necessários: aquele menos lesivo dentre os meios eficazes à disposição do agente.
Moderação: aquela exercida até fazer cessar a agressão sofrida.

Para que haja a ocorrência da legitima defesa especial é necessário que estejam presentes todos os requisitos previstos no
caput do art. 25, ocasião em que os agentes de segurança pública repelem uma agressão ou perigo de agressão a uma
vítima em perigo na pratica de crime.
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO

São excludentes de ilicitude em branco, ou seja, razão pela qual, seu conteúdo decorre de normas extrapenais.

Diferenças entre Estado de Necessidade


e
Legitima Defesa
22) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE
Julgue o item a seguir, referentes às causas de exclusão da antijuridicidade e da imputabilidade.
Considere a seguinte situação hipotética. Marcelo desfechou seis tiros de revólver contra a sua esposa, de quem estava separado de fato
há mais de 30 dias, sob a justificativa de que a vítima não tinha comportamento recatado e o traía.
Nessa situação, de acordo com o entendimento do STJ, Marcelo agiu sob o pálio da legítima defesa da honra.
( ) Certo
( ) Errado

23) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE


São causas excludentes de ilicitude
A) a embriaguez e a menoridade.
B) o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito.
C) a prescrição e o estado de necessidade.
D) o perdão judicial e a legítima defesa.
E) o estado de necessidade e a anistia.

24) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE


Durante o cumprimento de um mandado de prisão a determinado indivíduo, este atirou em um investigador policial, o qual, revidando,
atingiu fatalmente o agressor.

Nessa situação hipotética, a conduta do investigador configura


A) legítima defesa própria.
B) exercício regular de direito.
C) estrito cumprimento do dever legal.
D) homicídio doloso.
E) homicídio culposo.
CULPABILIDADE

Potencial
consciência
da ilicitude

Culpabilidade

Exigibilidad
Imputabil e de
idade conduta
diversa
IMPUTABILIDADE
Trata-se da capacidade mental do indivíduo de compreender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse
entendimento (ou seja, de conter-se).
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando
lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

A potencial consciência da ilicitude está ligada ao aspecto cultural de saber o que é certo ou errado.
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

Se a coação for moral, não haverá culpabilidade.


Se a coação for física, não haverá conduta (elemento do fato típico) e o fato será considerado atípico.
25) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE
Acerca da parte geral do direito penal, julgue o seguinte item.
O surdo-mudo possui desenvolvimento mental incompleto, sendo, portanto, inimputável, dispensando-se a prova da incapacidade de
compreensão e de autodeterminação decorrente de sua deficiência.
( ) Certo
( ) Errado

26) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE


Pedro, com vinte e dois anos de idade, e Paulo, com vinte anos de idade, foram denunciados pela prática de furto contra Ana. A defesa de
Pedro alegou inimputabilidade. Paulo confessou o crime, tendo afirmado que escolhera a vítima porque, além de idosa, ela era sua tia.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item subsecutivo, a respeito de imputabilidade penal, crimes contra o patrimônio,
punibilidade e causas de extinção e aplicação de pena.

Se, em virtude de perturbação de saúde mental, Pedro não for inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do seu ato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento, a pena imposta a ele poderá ser reduzida.

( ) Certo
( ) Errado

27) Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE


Mário, após ingerir bebida alcoólica em uma festa, agrediu um casal de namorados, o que resultou na morte do rapaz, devido à gravidade
das lesões. A moça sofreu lesões leves.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Porque estava embriagado, Mário deve ser considerado inimputável.

( ) Certo
( ) Errado
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Professor Leonardo dos S. Arpini


[MARATONA AGENTE PF]
• PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS:

1. Princípio do devido processo legal: art. 5º, LIV, CF – ninguém será privado da liberdade ou de seu bens sem o devido
processo legal.
2. Princípio do contraditório e da ampla defesa: art. 5º, LV, CF - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
3. Princípio da presunção de inocência/não culpabilidade: art. 5º, LVII, CF - ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
4. Princípio do “favor rei”/”in dubio pro reo”/”favor libertatis”: tem por fundamento a presunção de inocência – Sua
antítese é o princípio do “in dubio pro societate”.
5. Princípio da vedação das provas ilícitas: art. 5º, LVI, CF - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos;
6. Princípio da persuasão racional ou do livre convencimento motivado: art. 155, do CPP - O juiz formará sua convicção
pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.
7. Princípio da identidade física do juiz: art. 399, §2º, CPP - Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para
a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e
do assistente. § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
8. Princípio da não autoincriminação/nemo tenetur se detegere: art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos,
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado
28) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE
O item subsequente, é apresentada uma situação hipotética em relação a prova testemunhal e provas ilícitas no processo penal, seguida
de uma assertiva a ser julgada.
Um empresário gravou conversa telefônica que teve com um auditor fiscal, sem a sua ciência, na qual foi exigido o pagamento da
importância de R$ 10 mil para que a empresa de que era proprietário não fosse submetida a ação de fiscalização. Nessa situação, a prova
obtida foi ilícita por se tratar de interceptação telefônica sem autorização judicial, assim como por violar o direito à privacidade.

( ) Certo
( ) Errado

29) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE


No que se refere aos direitos individuais e à aplicação dos princípios do contraditório e da ampla defesa, julgue o item a seguir.
É nula a sentença condenatória fundamentada exclusivamente em elementos colhidos em inquérito policial.
( ) Certo
( ) Errado

30) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE


Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o
item que se segue.
A publicidade, a imparcialidade, o contraditório e a ampla defesa são características marcantes do sistema processual acusatório.

( ) Certo
( ) Errado
31) Ano: 2014 Banca: CESPE / CEBRASPE
Acerca do inquérito policial, da ação penal e da competência, julgue os próximos itens.

Em virtude do princípio in dubio pro societate, o juiz não está autorizado a rejeitar denúncia por falta de lastro probatório
mínimo que demonstre a idoneidade e a verossimilhança da acusação.
( ) Certo
( ) Errado
32) Ano: 2014 Banca: CESPE / CEBRASPE
Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento dominante dos tribunais superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos
princípios do processo penal, do inquérito, da ação penal, das nulidades e da prisão.

Conforme o STF, viola o princípio da presunção de inocência a exclusão de certame público de candidato que responda a
inquérito policial ou a ação penal sem trânsito em julgado de sentença condenatória.
( ) Certo
( ) Errado
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO CPP
Art. 1º a 3º do CPP.
Teoria do isolamento dos atos processuais/teoria do efeito imediato/”tempus regit actum”: a lei processual nova não
retroage. Ela aplica imediatamente. Os atos anteriores são válidos. É o sistema adotado no Brasil (art. 2º, CPP), e não
confundir com a lei penal material mais benéfica que retroage em favor do réu.
Exceções ao “tempus regit actum”: a) norma mista: é aquela que possui ao mesmo tempo elementos de direito
material e de direito processual. Neste caso, aplica-se a regra do direito material, ou seja, se for mais benéfico para o réu,
retroage.
Lei processual penal no espaço (art. 1º do CPP): “locus regit actum”. A palavra “todo” vem para encerrar a fase
pluralista do CPP (quando cada Estado tinha o seu). Para SP, MP, AL, PA, GO, que não tinham CPP próprio, se aplicava o
Código Imperial de 1832.
Interpretação do art. 3º do CPP: interpretação extensiva, aplicação analógico e princípios gerais do direito.
33) Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE
No que concerne às disposições preliminares do Código de Processo Penal (CPP), ao inquérito policial e à ação penal,
julgue o próximo item.

Tratando-se de lei processual penal, não se admite, salvo para beneficiar o réu, a aplicação analógica.

( ) Certo
( ) Errado
34) Ano: 2012 Banca: CESPE / CEBRASPE
Com base na aplicação e interpretação da lei processual, bem como do inquérito policial, julgue os itens a seguir.

A lei processual penal não admite interpretação extensiva ou aplicação analógica, mas pode ser suplementada pelos
princípios gerais de direito.

( ) Certo
( ) Errado

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