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ecohig title. 1 he amee antaneiro: Ps aveidon bid: bnoogh ee i ASS A isso dispensa estudos e atencdo dos cientistas. Sua présenca ) Cee Creat cine ee eee Walfrido Moraes Tomas e Guellity Marcel Fonseca Pereira Ov houver stémago do campos e va: 0. Felizmente, tal aga; agu = grande e tinga u I6 ards no passado cia co. Em guarani, o nome € guazu-fi a mais gante, dgeis, le cor parda clara. Logo _veloz e ti = branco ov Ume car te, a espécie é chamada ——_aparéncia de: ita suo do sua galhada; um pou. Ozotoceros bezoarticus. Ozotoceros _diferenciacéo de outras espécies da mais @ frente uma fémea deriva do grego e quer dizer chi familia Cervidae presentes no Pan: deitada no capim, as vezes, ramificados e bezoarticus tem ori- _tanal, como o veado-catingueiro, 0 acompanhada por um filhe gem na palavra persa pédshar, cujo veado-mateiro e 0 cervo-do-pan. mais adiante aindo, trés ov quatro significado é antidoto, remetendo _tanall: ele ostenta anéis brancos ao levantam suas cabecas a & crenga no uso medi ° eis. Alérm tempo, alertas, devolvendo massa consistente de pelos e fibras, 0 fo também olhares curiosos aos humanos de muitos vezes mineralizada, produ- tem ventre, peito e traseiro brancos, 6 0 vead ida mago dos ruminantes. que caude negra em sua pelo, uma das espécies de mamife- No Europa, a palavra persa derivou parte superior e branca na parte ros nativos mais facilmente a para bezoar. E quando os euro inferior. Quando absixada, a fas no Pantanal. Também chamado — chegaram & América, p negra da cauda se destaca sobre o de veado-branco ou veado-ga- avolorizar como medicamento 0 __traseiro branco. E quando o animal Revista Ciéncia Pantanal 57 foge em disparada, os longos pelos brancos da pare inferior de cauda ficam erigados e bem evidentes. As orelhas so relativamente peque- nas e lanceoladas, internamente co- bertas de pelos brancos. Seus chifres so em forma de galhada, podendo se dividir em oté nove pontas. Em geral, possuem trés ramos principais, sendo os demais menores e irregu- lares. Vivem em grupos de dois a cinco individuos, mas podem somor mois de 20 veados, em locais onde o climento tem melhor qualidade. Os campeiros j6 foram considera- dos os mais especiolizados pasta- dores entre 0s cervideos brasileiros, porque se alimentariam basicamen- te de capim. Entretanto, estudos da Embrapa Pantanal mostraram que Go @ bem assim: esses veados se enquedram mais como podadores, or consumirem muito mais plantas de folhas largas, frutos e flores do que graminecs. Isso explica 0 foto de os ambientes de maior capaci- dade de lotacéo por gado bovino, 1a paisagem do Pantanal, também suporiarem grande quantidade de veados-campeiros. Como preferem alimentos diferentes, bois campei- ros simplesmente néo competem entre si por recursos e podem convi- ver em relative harmonia. A convivéncia s6 ndo é completa porque existe doengos cruzadas entre as duas espécies, com poten- cial para ofetar a reprodugéo ou mesmo a sobrevivéncia dos veados. Isso esté em estudo pela Embrapa, pois alguns aspectos dessa relagao epidemiolégica podem ser relevon- tes também para a sanidade do rebanho bovino. E quontos veados-campeiros vive no Pantanal? Levantamentos aé- reos sisteméticos realizados entre 1991 @ 2004, pela equipe de Vide Selvagem da Embrapa Pantanal, evidenciaram mais de 130 mil individvos. E a estimativa é de que essa populacéo tenha crescido, nos Ulfimos 15 anos, favorecida por cheias menos intensos. No Panta- nal também foram encontradas os mais altas densidades (animais por quilémetro quadrado) em toda Grea de distribuigGo da espécie, na América do Sul. Todas as variantes de veado-cam- peiro (subespécies) estéo listadas como ameacadas de extingdo. A situacéo 6 especialmente critica no pompa da Argentina e no Un quai, onde ocorrem as subespécies Ozotoceros bezoarticus celer @ O. b. uruguayensis, respectivamente. ‘A subespécie do Planalto Cen- tral brasileiro e sul do pais (O. b. bezoorticus) também se encontra em situagao de risco. J6 0 estado de conservacéo da subespécie do Pantanal - a mesma do Chaco da Argentine, do Paraguai e da Boli- via: O. b. leucogaster ~ 6 0 mais confortével. Embora esteja inserida na lista brasileira de espécies ame- cocadas desde 2014, nada indica a existéncia de alguma ameaga premente, capaz de afetar essa populacdo nos préximos 30 anos. Um aspecto interessante do veado- campeiro no Pantanal é @ preciso Acreditava-se que 0 compeito 36 comia gromineos, mos ele prefere as folhos largos. de seu ciclo reprodutivo, algo mais comum em espécies de éreas tem- peradas do Hemisfério Norte, ra- rissimo em éreas tropicais. A partir de abril, comecam a cair os chifres (presentes apenas nos machos}. As novas galhadas se formam entre junho e julho. Em agosto, os chifres param de crescer e 0 velame que (08 recobria comeca a se des- prender. O fenémeno é bastante sincrénico e previsivel, abrangendo 100% dos machos adultos. E dé a impressdo de ser comandado pelo fotoperiodismo: o duracéo da luz do dia parece desencadear proces- 505 hormonais que levam & queda ou co cumento na testosterona e & consequente queda ou crescimento dos novos chifres. Tal conexéio da troca das galha- das com 0 fotoperiodismo ficou evidente quando veados-campei- ros da subespécie pantaneira (O. b, leucogaster), capturados no Paraguai, foram levados para um zoolégico da Alemanha. Lé eles possaram a trocar as galhadas no final do ano, quando & inverno e os dias so mais curtos na Europa, € ganhar novos chifres na primavera do Hemisfério Norte, quando os dias se tornam gradualmente mais Fauna native // Veado-campeiro patriméni longos. O ciclo dos machos esté diretamente relacionado ao ciclo reprodutivo da espécie. As fémeas déo 6 luz a partir de agosto, com pico de nascimentos em setembro, no Pantanal. O final da gestacéo, portanto, ocorre no momento em que os machos esto formando chifres novos e com niveis mais bai- x0s de testosterona (o horménio da libido). As fémeas entram no cio no final do ano, opés desmamarem os filhotes, quando entio os dias s60 mais longos e a testosterona dos machos est no auge, dando inicio a. um novo ciclo. Alguns fatores ambientais ainda po- dem estar estreitamente relaciona- dos com esses ciclos, jé que o final da gestacéo ocorre quando as me- thores postagens comecam a surgir em grande parte do Pantanal, com © recuo das cheias (exceto nas éreas mais baixas, onde o veado-cam- peiro proticamente néo ocorre). Ao final da estacGo seca (setembro, outubro e novembro}, quando vém as primeiras chuvas e os filhotes so desmamados, as fémeas entram em condigGo reprodutiva (dezembro, janeiro, fevereiro). Os ciclos reprodutivos também refletem no comportamento do veodo-campeiro. Quando em Apesar de habi- tar Greas secas, o veado depende das cheias para Leola Lo mord plantas de que se alimenta pontaneiro fose de formago de chifres, por exemplo, eles tendem o andar em grupos s6 de machos. Deis fato- res talvez expliquem isso: eles se toleram melhor porque a libido esté diminuida e, estando juntos, 0 risco de predagéo menor. Sempre haveré um individuo com cabega erguida e vigilante, permitindo cos demais se dedicarem a pastar por mais tempo, algo importante num momento em que a demanda por minerais ¢ energia é relevante para «@ formacéo dos chifres ‘As fmeas, « partir de maio, come- am a expulsor de perto de si os machos jovens. Tendem, entéo, 0 andar solitérias ov acompanhadas de fémeas mais novas. Grupos mis- tos, de machos e fémeas, séo mais, observados apés 0 nascimento dos filhotes. Alguns jogos simulando lutas, corridas para expulséo de outros machos e embates entre machos so observados a partir de novembro, aumentando em infensi- dade em dezembro e janeiro, épo- ca de reprodugdo. Os machos mais velhos tentam prevenir 0 acesso de machos mais novos a fémeas, num esforgo para garantir descendents. Quanto a0 habitat, apesar de ser uma espécie que frequenta dreas se- cas, 0 veado-campeiro depende bas- tante das cheias do Pantanal. Por um lado, as cheias podem limitar sua distribuigéo dentro da planicie, pois © espécie no est6 adaptada para viver em terrenos permanentemente Gmidos ou alagados, nem naqueles com inundacées generalizadas e de longa duragéo. Por outro lado, as cheias sazoncis limitam a invaséo de espécies lenhosas (érvores e arbus- tos} nos compos, fazendo com que ‘05 ambientes permanegam abertos ¢ com vegetacao mais baixa, além de fovorecer o crescimento de plantas consumidas pelo veado-campeiro. A falta de cheias tem efeitos contré- rios: em médio e em longo prazos, 0s compos podem “sujar”, redu- zindo sua qualidade para 0 veado. ‘A climinagéo do fogo tem papel semelhante: leva ao adensamento do vegelagéo e desfavorece o cam- peiro. Vale lembrar que 0 Pantanal 6 uma grande savana inundével @ 0 fogo é um fator ecolégico natural. Porém, seu uso no manejo da vegetagéo pantaneira muitas vezes & feito de modo errado, em periodos errados e com frequén: cia maior do que seria natural. O efeito 6 « degradacéo da vegeta- Go, inclusive para o gado, pois tal intervengéo do homem favorece plantas mais rdsticas e de menor qualidade como alimento. Sem conlar os impactos negativos, nos ombientes e na biodiversidade, ¢ sue contribuigéo para as mudancas climéticas globais. A grande questao que fica é se as modificagées da paisagem para formacéo de pastos podem afe. tor os veados-campeiros. Hoje i& 6 comum avisté-los em éreas de pastagens plantadas, de braqui- Gria, ¢ isso pode ser interpretodo como se a espécie fosse favorecida pelos alteracées na estrutura e no composigéo da vegeiacéo. Entre- fanto, estudos demonstram que os veados néo comem braquiéria. No verdade, eles buscam plantas que nascem e sobrevivem em meio ao pasto cultivado, especialmente os de folha larga, como malva, mer- COrio e outras. Afinal, esse veado é um podador e néo um pastador. O fato de a pastagem geralmente ser plontada em éreas de cerra: do e campo suio leva a formacéo de uma vegetacéo artificialmente mais aberta, como a das vazantes, preferida pela espécie. Entretanto, Go hé garantia de disponibilidade de seus recursos forrageiros pre- ferencicis. E 0s efeitos disso sobre a reprodugéo, o crescimento e a sobrevivéncia do veado-campeiro ‘inda néo séo conhecidos. @ Revista Ciéncia Pantanal 59 OUTROS V Se Cord ex[ eee tI) ees Ta teT (oa See Col elit Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) E 0 maior cervideo da América do Sul. Os maiores Se Re ei nea ee Pee ea cea Ol mere nen tae ae Mes Rec Mc tec ce ee Pena ecu a eRe omelet eny Pee teeta set eed Ueto eg Coenen ner et eect eCity Cote elt ike leelae teu ee ee sae occ ee eee eect eee lee) eee on ees yee ee Raa renee eau Rec ects net hc Sil Nestea sea eM LulceleetstoMel Moats Tod feo ER A (OS ecco Ucn CAR CIO) GMC CR lates oe eau Reel estore) Cee eC OR CE eee ceo eens ee once Coa ic eeta ences Saree Chie Ceci n een cca Peeic tent ekccucicc acento meee tere eer tell ue MEL Tle BLL) ecto Mou Rc ue eR Sue Rec eMac a frutos, flores, gramineos, leguminosas e outros arbustos e ervas, além de fungos Le aR Roll Mme Nol CR eRe Ne Ea menor dos quatro espécies de ocorréncia no Pantanal. Possui 1,00 m de com- a en i: aed coer tte ake ea Pere Rein eta Ye Me tee et ent ete eaten eee Uta en etc te grandes e arredondadas, diferentes das orelhas do Pete en een ete ese usam florestas, matas ciliares, matas de galeria, cerra- dos abertos, campos, capoeiras e areas degradadas. Geralmente solitarios, eventualmente podem ser vistos Reece oie ant rm ce nse eae te Seer encontrar

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