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TRABALHO DE PESQUISA TampAo Apical pe DENTINA E SUA ReELacAo com A MepicacAo INTRACANAL Dentinat Apical PLUG AND ITS RELATIONSHIP WITH INTRACANAL DRESSING Ronaldo Aratjo SOUZA Jodo da Costa Pinto DANTAS™ SOUZA, R.A.; DANTAS, J. da C.P. Tampao apical de dentina ¢ sua relacdo ‘com a medicacao intracanal. JBE, v2, n.6, p.207-210, jul/set. 2001 A literatura endodéntica tem colocado que, em muitas situagdes, 0 preparo do canal produz raspas de dentina que se depositam nas porgdes finais do canal, 0 que levaria 8 formacao de um tampao apical de dentina. Esta cocorréncia tem sido analisada principalmente sob o prisma da sua possivel influéncia no vedamento apical do canal, portanto, associada & obluracao. 0 objetivo desse trabalho foi analisar a incidéncia de formacao do tampao apical de raspas de dentina e telacioné-la & medicacao intracanal. Para tanto, foram utilizados vinte canais de dentes humanos extraidos que, aps © preparo, foram analisados quanto a capacidade dos instrumentos teem acesso ou nao ao forame. Os resultados confirmam a formacao do tampao apical de dentina num percentual elevado, o que sugere a possibilidade de interferéncia na acéo de contato da medicacao intracanal com 0 forame apical UNITERMOS: Preparo do Canal; Tampao Apical de Dentina; Medicacao Intracanal INTRODUCAO Apesar da classica postura de se considerar todas as etapas da Endodontia como igualmente im: portantes, tem-se aceito que a fase do preparo do canal desempenha um papel fundamental no sucesso da terapia endodéntica, consideran- do que é diante de um bom prepa- ro do sistema de canais radiculares ‘que se conseguem as melhores res- postas biolgicas (SOUZA, 1998). Esta fase da terapia endod6n- tica tem sido denominada de pre- Paro mecanico, preparo biome- c&nico, preparo quimico-mecanico, limpeza e modelagem, preparo do canal, e tem como objetivo promo- ver a limpeza do sistema de canais e preparar um leito para a obtura- ao (PATTERSON & NEWTON, 1983; DE DEUS, 1992; LEONAR- DO & LEAL, 1992; INGLE & WEST, 1994. LOPES & SIQUEIRA, 1999). Isto significa di- zet que, apés 0 preparo, 0 canal deve estar limpo, livre de residuos de qualquer natureza em toda a sua extenséo, A qualidade do preparo do ca- nal é particularmente desejada no terco apical, sem nenhuma dtivida, 0 terco mais dificil de ser prepara: do e, por isso, tide como a zona ctitica do tratamento endodéntico (DE DEUS, 1992). E sabido, entre- tanto, que durante a instrumen- tagao algumas raspas de dentina sé compactadas na juncao ce- mento-dentina-canal (CDC), for- mando um tampao apical que obs- trui parcial ou totalmente aqueles 1 ou 2mm finais do canal, onde esta contido o coto apical (PATTERSON & NEWTON, 1983; YEE et al., 1984; GEORGE et al., 1987; MYERS & MONTGOMERY, 1991; WEST et al., 1994; LOPES & SIQUEIRA, 1999). * Mestre em Odontologia © especialista em Endodontia Professor da Escola Bahiana de Odontologia CCoordenador dos Cursos de Especializagio © Aperteigoamento wm Endodonta da EAP da ABO - Bahia Especialista om Endodontia Professor de Endodontia da EAP da ABO - Bahia MYERS & MONTGOMERY (1991) observaram a formagao do tampao apical de raspas de dentina em 84,2% dos canais instrumentados a Imm aquém do pice, com extruséo de material em apenas um caso. Por sua vez, EL DEB et al. (1983) afirmaram que a presenca do tampao é significantemente efetiva, em confinar as solugées irrigadoras e os materiais ob- turadores ao canal radicular. Também PATTERSON & NEWTON (1983) observaram a formacao do tam- pao apical de dentina, enquanto que YEE et al. (1984), analisando as suas caracteristicas de formacao e infil- tracdo, observaram que ja a partir do terceiro instru- mento ele comecava a se definir e no quinto era com: pleto, a ponto de nao permit infiltracdo de corante Apesar de varios autores jé terem analisado al- ‘guns aspectos dessa ocorréncia, somos de opiniéo que ainda nao se deu a ela a devida importancia na Endodontia. Tendo em vista que esse actimulo de ras- pas de dentina parece ocorrer numa maior freqiiéncia do que imaginamos e, ainda, que ele pode exercer diferentes papéis na terapia endodéntica, achamos oportuna a realizacao desse trabalho, cujo objetivo é verificar a incidéncia de formacao do tampao apical de raspas de dentina e sua possivel relacao com a ‘medicacao intracanal || [MATERIAL E METODO Foram utilizados 10 canais disto-vestibulares (DV) de molares superiores e 10 canais de pré-molares infe- riotes de dentes extraidos por raz6es diversas. Foi introduzida uma lima K #08 ou #10, até que a sua ponta aparecesse no forame e, dessa medida, reduziu-se 1mm, estabelecendo-se, assim, 0 compri- mento de trabalho (CT) para cada um deles. Os ca- nais que nao permitiam esse procedimento, ou seja, acesso ao forame, eram descartados. Todos eles fo- ram entao preparados com limas tipo K (Maillefer, Ballaigues, Switzerland), iniciando-se pelo instrumen- to que chegasse ao CT ajustado as paredes do canal, ao qual se seguiam mais quatro, em ordem crescente de diametro. Em seguida, foram utilizadas as brocas de Gates-Gliddenn #1 e 2 broca de Batt #012, com recapitulacées feitas com o tiltimo instrumento que trabalhou no CT. Durante toda a instrumentagao, teve- se sempre o cuidado de irrigar com 1ml de hipoclorito de sédio a 1% a cada mudanga de instrumento. Feito 0 preparo nas condicées descritas, cada canal era irri- gado com 2ml de soro fisiolégico, apds o que checa- va-se a paténcia do forame com o mesmo instrumen- to que o tinha feito no inicio da instrumentagao, isto é, as limas K #08 ou #10. Todos os canais foram preparados por um Unico endodontista (JCPD) e em nenhum momento pretendeu-se compactar intencio: nalmente as raspas de dentina no épice, Estabeleceu- se entéo 0 sequinte escore: 0 - para os canais em que © instrumento voltava sem dificuldades ao forame; 1 ~ para os canais em que esse procedimento apresen- tava algum grau de dificuldade e 2 ~ para os canais em que nao se conseguia voltar ao forame, ||| |RESULTADOS Os resultados esto expressos na Tabela 1. Pode- se observar através deles que em oito canais (80%) dos pré-molares houve um bloqueio total do forame (escore 2}, em 2 (20%) esse bloqueio foi parcial (esco- re 1) e em nenhum deles o forame estava acessivel (escore 0). J4 nos canais disto-vestibulares (DV) dos molares, houve um bloqueio total em oito canais (80%), parcial em um (10%) e 0 forame estava aces- sivel em um (10%). TABELA 1: Escore da frequiéncia de formagao do tampao apical de raspas de dentina. Cay) ee 0, 0 1 2 * 0=forame patente 1=bloqueio parcial 2=bloqueio total |||DIscussAo Sem nenhuma duvida, o terco apical é a zona mais critica de um tratamento endodéntico (DE DEUS, 1992). Se o objetivo do preparo é promover limpeza do sistema de canais e criar um leito para a obturacgao, as dificuldades para se conseguir esse objetivo se manifestam definitivamente no terco apical. E nesta porcdo do canal, por exemplo, que a necessidade da medicacao intracanal se evidencia de maneira marcante e onde a obturagao deve exercer aquele que é considerado o seu papel mais impor- tante, 0 vedamento apical. Contudo, sabe-se que durante a instrumentagao algumas raspas de dentina sao inadvertidamente compactadas na porcao mais terminal do canal, mais precisamente sobre o coto apical, o que muitas vezes termina por formar um tampao apical de raspas de dentina sobre esse remanescente tecidual (EL DEEB et al., 1983; PATTERSON & NEWTON, 1983; YEE et al., 1984; GEORGE et al., 1987; MYERS & MONTGOMERY, 1991). Desde ja, € interessante res- salvar que a formacao desse tampao nao reflete um preparo de canal mal feito. Esse acimulo de raspas de dentina difere daquele que termina provocando a perda do comprimento de trabalho, esse sim, denun- ciando um mau preparo. O actimulo a que nos refe- 208 AIRE lone Brasteno oe EwoIPeno- Anod-V2-NB- Ser 2001 ‘Tampio_Apical de Dentina e sua Relacéo com a Medicacso Intracanal rimos se forma sobre coto apical, ou seja, justa- mente onde é estabelecido o comprimento de traba tho (CT), sem, contudo, alterd-lo. Deve ser dito que a recapitulacéo durante a instrumentacao do canal nao impede essa ocorréncia, ja que ela ¢ feita para a ‘manutencao do CT, mas ¢ justamente além dele, onde esta 0 coto apical, que ocorre a deposicao das ras- pas de dentina para a formagao do tampao. Além do fato de acharmos que ainda nao se dew a devida importancia a esse fato, um outro fator que nos parece relevante é que os autores que tém estu- dado essa questao tém centralizado seu foco de aten- cao na possibilidade da influéncia que o tampao apical exerceria sobre 0 vedamento do canal. Acre- ditamos que um outro aspecto deve ser analisado. Por si s6, 0 preparo do canal representa um fator desencadeador de resposta inflamatoria, facilmente explicavel pelas agress6es fisica e quimica provocadas respectivamente pelos instrumentos endodénticos e substancias quimicas auxiliares da instrumentacao, No tratamento de dentes com polpa viva, em nome da necessidade da preservacao da vitalidade do coto apical, a postura mais recomendada tem sido a de se estabelecer um comprimento de trabalho de Imm aquém do pice radiografico, como também 0 uso de medicacéo intracanal com aco antiinflamatéria {PAIVA & ANTONIAZZI, 1985; LEONARDO & LEAL, 1992}. Diante da possibilidade de resposta inflamatéria acentuada, um prejuizo para proces- so de reparo e da conseqiiente dor pés-operatéria, esta medicagao, depositada sobre o referido coto, impediria a explosdo da reacao inflamatéria nesse tecido (PAIVA & ANTONIAZZI, 1985; LEONARDO & LEAL, 1992). Nesse sentido, a possibilidade de formagao do tampao apical de dentina deve repre- sentar um papel importante, considerando, por exem- plo, que se aquele remanescente tecidual esta obstruido por ele, total ou parcialmente, 0 contato necessario da referida medicacao nao se dara, o que eliminaria a sua acéo antiinflamatéria, ou nao se daré na sua plenitude, 0 que diminuitia essa acao. 0s resultados do nosso trabalho parecem con- firmar este fato, na medida em que 80% dos canais instrumentados nao permitiram o retorno do instru- mento ao forame, o que tinha sido feito antes do inicio da instrumentagao. Dos vinte canais utilizados no trabalho, nao foi possivel retornar ao forame em 16 deles (escore 2), de onde se deduz um bloqueio total, e em trés deles esse retomno foi conseguido com algum grau de dificuldade (escore 1), 0 que, por sua vvez, teflete um bloqueio parcial do mesmo. Somente ‘em um caso se conseguiu voltar ao forame natural- mente (escore 0). Sendo assim, somente em 5% dos canais tratados haveria um contato pleno da medi cacao intracanal com o coto pulpar, em 15% ele se- ria parcial e nao existiria em 80% das vezes. Segun- do esses resultados, considerando-se as duas situa- G6es juntas, bloqueio total e parcial, em 95% dos canais haveria uma restrico no contato da medica- {640 intracanal com o coto pulpar. Acreditamos que, diante de situagdes como esta, nao ¢ dificil imaginar as limitagdes que sofre uma medicagao que, para exercer a sua acao antiinflamatéria, precisa estar em intimo contato com 0 tecido que se quer proteger. Para mais, é sabido que, devido a caracterist cas anatémicas especificas, determinados canais podem favorecer a ocorréncia desse fendmeno. O que acontece, por exemplo, com canais como 0 mésio- vestibular dos molares, sejam eles superiores ou infe- riores? Mais freqiientemente do que imaginamos, neles é mais marcante a ocorréncia dessa perda de contato com o coto apical por dois fatores que an- dam muito juntos: (1) a formacao do tampao apical de dentina e (2) pequenos desvios provocados pela instrumentagao, diante das dificuldades inerentes ao preparo desses canais (DE DEUS, 1992; WEST et al., 1994; SOUZA, 1995) Voltados para a eventual interferéncia do tam- pao apical de dentina sobre a medicacao intracanal, € nao para a possibilidade da sua acdo como obtu: rador de canal, SOUZA & DANTAS (no prelo), ap6s © preparo feito nas mesmas condigées deste, injeta- ram corante na luz do canal, diretamente sobre 0 tampao apical de dentina, para verificar se acorria a. sua passagem para a regiao do canal cementario. Os resultados demonstram que isso nao ocorreu em cer- ca de 40% dos canais. O fato de nao ocorrer a pas- sagem do corante para o 1mm final do canal, onde estaria o coto apical, parece expressar a dificuldade que a medicacao intracanal teria de, nas condi¢ées clinicas, entrar em contato com aquela regiao do canal e assim exercer a sa a¢ao antiinflamatéria, Talvez os percentuais de formacao do tampio observados nesse trabalho sejam considerados ele- vados e, por isso, associados a técnica de instru- mentacao utilizada, contudo, eles estao de acordo com os resultados encontrados por outros autores (GEORGE et al., 1987; PATTERSON et al., 1988; MYERS & MONTGOMERY, 1991). O preparo dos canais foi feito de maneira que se aproximasse 0 maximo possivel daquele adotado pelos clinicos nos seus consultérios. E possivel que alguns profissionais mais habili- dosos, trabalhando com técnicas mais apuradas, minuam a incidéncia ou até mesmo, eventualmen- te, evitem a formacao do tampao apical, mas essa nao parece ser a realidade de muitos no seu dia-a- dia de consult6rio, facilmente constatavel pela per- da de comprimento de trabalho como consequién cia do actimulo de raspas de dentina nas porcées ANSE, Jona. trasteno oe ErooPeno - Ano? V.2-N6-Juer. 2001 209 Tampao Apical de Dentina ¢ sua Relacdo com a Medicacéo Intracanal finais do canal, freqiientemente relatada por eles. Nesse sentido, um aspecto que deve ser lembrado e que parece confirmar esse fendmeno ¢ a dificulda- de muito comum de se retornar ao canal nos casos de retratamento, particularmente nos casos de ca: naiss curvos, certamente em funcao do aciimulo de raspas de dentina e/ou desvio do canal provocados pelo tratamento anterior. CONCLUsAO Calcados na metodologia aplicada e nos resulta- dos desse trabalho, é licito supor que em algumas si- tuagées clinicas a medicacao intracanal pode sofrer uma restricao total ou parcial, no que concerne @ sua capacidade de exercer acao antiinflamatéria, pela perda de contato com o coto apical proporcionada pelo tampao apical de dentina. Acreditamos que 0 tema em questao é importante e esta aberto a novas investigagées. SOUZA, R.A.; DANTAS, J. da C.P. Dentinal apical plug and its relationship with intracanal dressing. JBE, v.2, 1.6, p.207-210, July/Sept. 2001. Endodontic literature has shown that, frequently, root canal preparation produces dentin chips formation, that, remaining on the apical third of the root canal, results in an apical dentin plug. This ocurrence has been seen Under its influence on final filling. The objective of this paper was to analyse the incidence of apical dentin plug formation and its relationship with intracanal dressing. Twenty canals of extracted human teeth were prepared and analysed to check their access to the apical foramen. Results confirm apical plug formation suggesting the possible interference on the contact of intracanal dressing with apical tissue, UNITERMS: Canal Preparation; Apical Dentin Plug; Intracanal Medication. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS DE DEUS, 0 Endodontic Reo de Jane: Meds 1952. ELDEEB IME, TAUC QUYEN, NT JENSEN. LR The denn! lg tect on ‘eating substances ote cara aon he apcaseal J Endo, v8.09, 9. 355 359, 1985, (GEORGE, JW, MICHANOWICZ, AE: MICHANOWC?, JP. A mathe of cana ‘Pepratonta conto apa xtuson low tenporaizehemopasised gute arena, JEndos, 191823, 1867 INGLE JI: WEST 1D Oburaton fear spe, nINGLE, J AKLANO, [LK Endodontics. 4.0 Bairere Lea Feber Bock, 1984, 928-318 LEONARDO. 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