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Natal... novo ano...

é tempo
de renascer
“Quanto mais negra é a noite, mais carrega em si o
amanhecer.” (Tiago de Mello).

É tempo de preparação e espera ativa do novo dia,


donde brota, ao alvorecer, o sol invencível, a luz
plena, o grito de espanto diante do calor de Deus
Eterno. Tempo de dar tempo a tanto esquecido e
banalizado: beijos, abraços, lágrimas – há já quem
não saiba chorar, ou mesmo já não tenha lágrimas
para o fazer, dizer o quanto precisamos de alguém,
sem vergonha de parecermos piegas.

É o tempo favorável de perguntar: “há


quantos anos, há quantos longos meses,
desisti de renascer”? Tempo para
contemplar o infinito na história humana, o
inesperado no rotineiro, o divino no
humano, porque o rosto de um Homem, nos
devolve o rosto de Deus. Que paradoxo
gratuito perante a voracidade mercantil dos
nossos dias!

É este Presente Eterno que nos ensina a


verdadeira fraternidade. Ali não se prega
a luta de classes. Lá estão os pobres – os
pastores, e os ricos – os reis Magos.
Todos têm um lugar no coração de Jesus.
Deus não quer, nem a exploração nem a
ganância, nem a revolta nem a inveja.
Quer a harmonia, a justiça e a caridade
entre todos.
Pe. A. Beltrão

Pinga Fogo*

1 - Na sua opinião, que tipo de mensagem Jesus traria aos homens se viesse até nós neste
Natal?

Como os mestres diligentes diante dos discípulos distraídos, repetiria suas lições,
reiterando o amai-vos uns aos outros, como a base para edificação de uma sociedade mais
justa e feliz.

2 - O que envolve o amor é justamente a reciprocidade. Como amar aqueles que não nos
amam? Pior, como amar aqueles que nos causam prejuízos morais e materiais?

Poderíamos responder com outra pergunta, usando as próprias palavras do Mestre: Se só


amardes os que vos amam, que recompensa tereis? O mérito está em amar os que agem
de forma contrária.

3 - Devemos amá-los da mesma forma como amamos os que nos amam?

Problemático ter afeto por eles. O que Jesus pretende é que não os encaremos como
desafetos. Que não os discriminemos, nem os menosprezemos, conscientes de que
também são filhos de Deus, nossos irmãos portanto. E se nos parecer demasiado,
contrariando o juízo do Mundo, recordemos com Jesus: Se a vossa justiça não ultrapassar
a dos escribas e fariseus não entrareis no Reino dos Céus.

4 - Raros se dispõem a esse empenho…

É que não atentam ao fato de que não fazem favor a ninguém. Ensina Jesus: Reconcilia-te
depressa com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele, para que ele não te
entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e te recolham à prisão. Ódio, rancor, mágoa,
ressentimento, constituem a prisão sem grades que oprime muita gente.

5 - E quando os próprios familiares se convertem em inimigos, criando-nos constantes


embaraços?

Jesus, que sabia das coisas, nos dá a fórmula perfeita: perdoar, não apenas sete vezes, mas
setenta vezes sete. Perdão sempre.

6 - Percebe-se que raras pessoas estão dispostas a esse perdão incondicional. Por quê?

Sem dúvida é uma questão de maturidade. Espíritos mais experientes têm melhor
discernimento e maior capacidade de relevar. Não aturar desaforo é atitude típica do
homem comum, sempre intransigente com os outros, indulgente consigo mesmo,
esquecido da severa advertência de Jesus: não julgueis, para que não sejais julgados, pois
com o juízo que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido, hão
de vos medir.

7 - Essa maturidade acontece com o passar do tempo, pela força das coisas, ou pode ser
conquistada?

Se fosse só uma questão de tempo não haveria necessidade da presença de Jesus para nos
ensinar. O amadurecimento pode ser acelerado, a partir da proclamação dos anjos, diante
dos pastores de Belém: Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra aos homens de boa
vontade!

8 - Por que somente aos homens de boa vontade?

A paz é uma conquista pessoal, não um favor divino. Pede empenho de nossa parte, um
combate sistemático às nossas imperfeições, exercitando a bondade, que é a boa vontade
em ação, no sentido de cumprir a recomendação básica de Jesus: tudo o que quiserdes
que os homens vos façam, fazei-o assim também a eles.

* Coluna originalmente publicada na Revista Internacional de Espiritismo, Dezembro de


2004 e reproduzida com autorização do autor

O Natal surge como o aniversário do nascimento de Jesus Cristo, Filho de Deus,


sendo actualmente uma das festas católicas mais importantes.

Inicialmente, a Igreja Católica não comemorava o Natal. Foi em meados do


século IV d.C. que se começou a festejar o nascimento do Menino Jesus, tendo o
Papa Júlio I fixado a data no dia 25 de Dezembro, já que se desconhece a
verdadeira data do Seu nascimento.

Uma das explicações para a escolha do dia 25 de Dezembro como sendo o dia de
Natal prende-se como facto de esta data coincidir com a Saturnália dos romanos
e com as festas germânicas e célticas do Solstício de Inverno, sendo todas estas
festividades pagãs, a Igreja viu aqui uma oportunidade de cristianizar a data,
colocando em segundo plano a sua conotação pagã. Algumas zonas optaram por
festejar o acontecimento em 6 de Janeiro, contudo, gradualmente esta data foi
sendo associada à chegada dos Reis Magos e não ao nascimento de Jesus Cristo.
O Natal é, assim, dedicado pelos cristãos a Cristo, que é o verdadeiro Sol de
Justiça (Mateus 17,2; Apocalipse 1,16), e transformou-se numa das festividades
centrais da Igreja, equiparada desde cedo à Páscoa.

Apesar de ser uma festa cristã, o Natal, com o passar do tempo, converteu-se
numa festa familiar com tradições pagãs, em parte germânicas e em parte
romanas.

Sob influência franciscana, espalhou-se, a partir de 1233, o costume de, em toda a


cristandade, se construírem presépios, já que estes reconstituíam a cena do
nascimento de Jesus. A árvore de Natal surge no século XVI, sendo enfeitada
com luzes símbolo de Cristo, Luz do Mundo. Uma outra tradição de Natal é a
troca de presentes, que são dados pelo Pai Natal ou pelo Menino Jesus,
dependendo da tradição de cada país.

Apesar de todas estas tradições serem importantes (o Natal já nem pareceria


Natal se não as cumpríssemos), a verdade é que não nos podemos esquecer que o
verdadeiro significado de Natal prende-se com o nascimento de Cristo, que veio
ao Mundo com um único propósito: o de justificar os nossos pecados através da
sua própria morte. Nesses tempos, sempre que alguém pecava e desejava obter o
perdão divino, oferecia um cordeiro em forma de sacrifício. Então, Deus enviou
Jesus Cristo que, como um cordeiro sem pecados, veio ao mundo para limpar os
pecados de toda a Humanidade através da Sua morte, para que um dia
possamos alcançar a vida eterna, por intermédio Dele, Cristo, Filho de Deus.

Assim, não se esqueçam que o Natal não se resume a bonitas decorações e a


presentes, pois a sua essência é o festejo do nascimento Daquele que deu a Sua
vida por nós, Jesus Cristo.
Natal dos excluídos

Ontem à noite recebi a visita de um cidadão em minha residência. Com trajes quase de
maltrapilho, com semblante de desespero e não o reconheci inicialmente. Tratava-se de
um antigo funcionário de meu pai, que desesperado pedia uma ajuda. Desempregado, ele
a família passavam necessidades e a mais grave declaração: “estou vendo a hora acabar
com minha vida”. Conversamos e o acalmei. Combinamos algumas coisas e pedi que
fosse para casa.

Confesso que não dormi direito. Fiquei a imaginar quantas pessoas que residem na
periferia de Cajazeiras não estão vivendo o mesmo drama deste pai de família.

Por mais que eu procurasse retirar da minha imaginação tantas mazelas sociais que
existem em minha cidade, mais elas afloravam e se multiplicavam e fiquei fazendo na
minha imaginação uma relação para quem eu poderia enviar os votos de um feliz natal.
Conclui, mesmo sabendo que estas mensagens não chegassem ao seu destino, que as
remeteria através desta coluna: aos 10.700 analfabetos, com mais de 15 anos que existem
no nosso município, uma terrível chaga que macula esta cidade de tantas tradições
educacionais.

Muitos anos de luz e vida às dezenas de recém nascidos que irão falecer antes de
completar um ano de idade, vítimas da ausência de uma política social séria na área de
atendimento à mãe gestante.

Um Ano Novo novo aos menores abandonados que praticam atos criminosos e
perambulam pelas ruas da cidade de dia e de noite, desafiando a sociedade que não busca
soluções para este problema.

Um natal de esperança para as centenas de condenados e encarcerados da cadeia pública


de Cajazeiras, que vivem no mundo do tráfico de drogas e que eles possam diminuir ou
acabar com este tipo de “negócio” e que devolvam os filhos que adotaram pelo vicio ao
seio da sua verdadeira família.

Um natal de luz para as centenas de jovens que se prostituíram e vivem à margem da


sociedade e que fazem do prostíbulo o seu novo lar. Desejo que possam se reencontrar
com sua família ou com uma singular pessoa para viver com dignidade.

Um natal de esperança aos milhares de desempregados de minha querida Cajazeiras, para


que possam conseguir um trabalho e se torne um verdadeiro cidadão.

Um natal de amor às centenas de mães de família que assistiram a partida de seus filhos
para as grandes cidades ou para o corte de cana por falta de oportunidades em nossa terra.

Um natal de paixão pela vida às dezenas de pessoas que durante este ano tentaram o
suicídio, como forma de “escapar” de seus problemas, que possam se reencontrar com a
felicidade e dar um sentido e um caminho a sua vida.

Um Natal com muita sombra e tranqüilidade às inúmeras pessoas que não têm uma
moradia digna, onde possa abrigar suas famílias.
Um Ano Novo com venturas às centenas de pessoas que passam fome na periferia de
nossa cidade. Sim, passam fome mesmo e que não possuem sequer um centavo no bolso
para comprar um pão e vivem de caridade dos outros.

Um Natal com muita saúde aos doentes das enfermarias de nossos hospitais, para que se
restabeleçam e num futuro muito próximo possamos ter uma melhor estrutura nesta área
para que o pobre, ao adoecer, possa ser tratado com mais dignidade e respeito.

Finalmente, aos sem nada, aos sem teto, aos sem terra, aos menores abandonados, aos
condenados a morrerem sem completar um ano de idade, aos encarcerados, às mães de
famílias que sofrem por seus filhos, aos famintos, aos sem saúde pública digna, aos sem
educação, aos desesperados, aos sem destino e aos que não têm um rumo para dar a sua
vida, que possam neste natal, conquistarem um lugar especial no seio da sociedade para
viver dignamente. Que Jesus ilumine os nossos caminhos e que a caridade faça morada,
definitivamente, em nossos corações.

Agradecimentos
Ao Bispo Dom José e a professora Zélia Ribeiro, agradeço pelas belíssimas mensagens
de natal. Retribuo-as, desejando também aos mesmos muita paz e saúde e que no ano
novo tudo de bom aconteça em suas vidas. Paz e saúde!

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