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HERMENÊUTICA

Assim, a hermenêutica, ao sustentar com seus fundamentos as

técnicas ou áreas de interpretações, pode perfeitamente ser entendida

como método, isto é, como um conjunto teórico que, ao justificar a

compreensão e a interpretação entre os interlocutores, exige os

estudos dos contextos socioculturais em que esses interlocutores se

encontram.

Pelo fato de a hermenêutica tratar dos discursos tanto por aqueles

que elaboram quanto pelos que recepcionam o que é enunciado pelo

discurso, é que, no limite das considerações, ela, hermenêutica, é uma

disciplina filosófica. Assim, inicia-se o seu estudo pelas considerações

do significado do logos na filosofia de Platão e de Aristóteles.

Do logos ao conceito: a concepção de Platão


Assim, pode-se compreender que o logos é efetivamente dar a razão,

ou, melhor ainda, explicar a razão das coisas sem deixar portas

abertas para outros sentidos ou significados.

De um modo geral, a palavra logos é muito mais do que uma

palavra, é um termo que sofreu profundas transformações ao longo da

História e, ao mesmo tempo, foi usado por diversas formas de

conhecimento.

O logos e o discurso sofista


O convencimento é o objetivo da argumentação que,

imperiosamente se impunha para os discursos nas assembleias, em

outras palavras, o discurso destacava-se pelo interesse ou necessidade

política, ou, mais ainda, o fundamental era seduzir pela oratória sem
preocupação com a real exposição da ideia, se verdadeira ou falsa.

O pensamento dos filósofos sofistas concentrava-se muito mais no

uso relativo da linguagem, o que efetivamente importava era a

palavra. No entanto, é necessário esclarecer que a palavra, no contexto

sofista, tinha o caráter da relatividade. O que significa tal relatividade

da palavra?

Tudo era relativo, então, determinava-se o sentido que se queria dar

para a mesma palavra, ou mais que isso, a palavra sofria da ausência

de um sentido único para todos os contextos, melhor ainda, para cada

contexto a palavra tinha um sentido.

Valia, para o sofista, tão somente o quê e a quem se destinava a

palavra, portanto o relativo, aqui, deve ser entendido como relativo

aos interesses; interesses esses que, de um modo geral, eram expostos

nas assembleias, por consequência, relativas ao poder de sedução do

orador, isto é, em como ele argumentava.

Doxa e episteme
A preocupação platônica não era o conhecimento denominado doxa,

isto é, o conhecimento resultado da opinião, mas o conhecimento que

Platão buscava era a episteme. Episteme na esfera do conhecimento

como resultante da razão, conhecimento esse expresso pelo logos,

portanto um conhecimento universal, e não o conhecimento dos

particulares, ou mesmo dos singulares.

No discurso sofista, o ser não era apreendido pela palavra, isto é, o

discurso que tanto encantava os atenienses, segundo Platão, não

expunha o universal e, por conseguinte, a interpretação oferecida pela

oratória sofista não permitia a apreensão efetiva do ser pela palavra.

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