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Responsabilidade Civil

A Responsabilidade Civil alude acerca da reparação dos danos causados, seja por
omissão ou ação, que venham a prejudicar outra pessoa. Bem como danos morais,
materiais ou estético.
Além disso, a responsabilidade se difere da obrigação, uma vez que a obrigação é sempre
um dever jurídico originário; responsabilidade é um dever jurídico sucessivo, consequente
à violação do primeiro.
Outrossim, a responsabilidade pode ser classificada em objetiva e subjetiva. A objetiva
acontece quando há prejuízo para alguém, mesmo que não haja culpa. A subjetiva é todo
dano que seja provido de culpa e dolo.
A responsabilidade civil decorre de um ato ilícito, mas também pode decorrer de um ato
lícito. Assim, o ato ilícito pode manifesta-se tanto no âmbito civil, como penal. No caso da
responsabilidade penal, o agente infringe uma norma de direito público. O interesse lesado
é o da sociedade. Na responsabilidade civil, o interesse diretamente lesado é o privado. O
prejudicado poderá pleitear ou não a reparação.
Nessa premissa, para que ocorra uma responsabilidade civil é necessário requisitos:
Conduta humana voluntária (condutas involuntárias e inconscientes ainda que causem
dano não são capazes de induzir responsabilidade civil), dano, nexo causal ( elo entre o
dano e o agente) e culpa.
Ainda assim, a responsabilidade civil pode ser contratual - quando um contrato é
violado necessita de indenização, a extracontratual deriva-se dos deveres jurídicos
originários do ordenamento jurídico.
Contudo, quem responde pelos prejuízos dos incapazes são seus responsáveis, essa
indenização deve ser realizada de forma subsidiaria, equitativa e condicional. Por fim, o
artigo 932 do CC tem a seguinte redação: “Art. 932: São também responsáveis pela
reparação civil: I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia; II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas
mesmas condições; III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV – os donos de
hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para
fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V – os que gratuitamente
houverem participado nos produtos do crime, até́ a concorrente quantia”.
O componente objetivo da culpa é o dever infringido. Para Savatier, "culpa é a inexecução de
um dever que o agente podia conhecer e observar." A imputabilidade do agente é o elemento
subjetivo da culpa. Clóvis Beviláqua, ao definir a culpa, enfatiza seu aspecto objetivo: "Culpa,
em sentido amplo, é toda violação de um dever jurídico." Art. 1.548. A mulher ofendida em sua
honra tem direito a exigir do ofensor, se ele não puder ou não quiser compensar o dano
através do casamento, um dote correspondente à sua posição e status: I – se, virgem e menor,
for desonrada; II – se, mulher honesta, for violentada, ou coagida por ameaças; III – se for
seduzida com promessas de casamento; IV – se for sequestrada".
O dote nada mais era do que uma compensação capaz de reparar o prejuízo moral ou
material sofrido pela mulher, ou ambos, como estabelecido na doutrina. A alteração no direito
penal ocorreu com a revogação dos crimes de sedução e rapto pela Lei n. 11.106, de 28 de março
de 2005, abolindo a expressão "mulher honesta". No campo do direito civil, as mudanças
também ocorreram, não apenas no direito de família, mas também na responsabilidade civil.
O Código Penal tipifica calúnia, difamação e injúria como crimes contra a honra. A calúnia, de
acordo com o art. 138 do estatuto penal, ocorre quando se imputa falsamente a alguém um
crime. A difamação, conforme o art. 139, envolve a imputação de um fato ofensivo à reputação
de alguém. A injúria acontece quando a dignidade e o decoro de alguém são ofendidos. A Lei de
Imprensa (Lei n. 5.250, de 9-2-1967), que permitia o arbitramento de danos morais de até
duzentos salários mínimos (arts. 51 e 52), foi revogada. O teto era aplicável apenas à calúnia,
sendo de cem salários mínimos para difamação e cinquenta salários mínimos para injúria.
A cobrança de "dívida já paga" ou de um valor "maior do que o devido" é sancionada com
maior rigor. O art. 940 estabelece que, no primeiro caso, o devedor deve pagar "o dobro do que
cobrou", ou seja, ele perde o valor do crédito mais a mesma quantia. No caso de cobrar mais do
que é devido, ele deve reembolsar "o equivalente ao que exigiu, a menos que tenha ocorrido
prescrição." A doutrina do abuso do direito pode levar à responsabilização por danos mesmo
quando o agente age dentro do seu direito, desde que não ultrapasse os limites da equidade. A
boa-fé é fundamental nesse princípio, impedindo que alguém se beneficie de sua própria má
conduta. O atual Código Civil incorporou princípios como socialidade, eticidade e
operabilidade, que influenciaram os princípios contratuais, como a onerosidade excessiva, a
função social dos contratos e a boa-fé objetiva. A boa-fé atua como um limite, proibindo o
exercício de direitos subjetivos quando há abuso da posição jurídica. Os conceitos de
suppressio, surrectio e tu quoque são relacionados à boa-fé objetiva e preenchem lacunas
contratuais, trazendo deveres implícitos às partes do contrato. Suppressio refere-se à
renúncia tácita de um direito ou posição jurídica devido à sua não utilização ao longo do
tempo.
O casamento é sempre antecedido por um compromisso entre duas pessoas de sexos
diferentes, que era chamado de sponsalia pelos romanos, gerando efeitos legais. Se um dos
noivos injustificadamente desfaz o noivado, poderá perder ou ter que pagar em triplo ou
quádruplo as arras esponsalícias. Para preparar o casamento, os noivos fazem despesas
diversas, como adquirir enxoval, alugar ou comprar propriedades e pagar adiantamentos
para bufês, decoração da igreja e salão de festas, entre outros. Se um dos noivos se
arrepender sem motivo justificado, o prejudicado tem o direito de buscar reparação
judicial.
A expressão "concubinato" costumava ser usada com o mesmo significado atual de
companheirismo ou união estável: uma união de longa duração entre pessoas que não são
casadas legal ou presumidamente. A união livre difere do casamento principalmente
porque permite que os deveres conjugais sejam descumpridos. Portanto, a doutrina
clássica esclarece que o concubinato pode ser encerrado a qualquer momento,
independentemente da duração, sem que o concubino abandonado tenha direito a
indenização por simplesmente encerrar o relacionamento sem motivo justificado.
Quanto à indenização em casos de separação judicial com violação dos deveres conjugais, a
lei brasileira não prevê sanções pecuniárias para o cônjuge culpado por danos materiais ou
morais causados ao cônjuge inocente. No entanto, a jurisprudência tem reconhecido a
diferença entre a pensão alimentícia que o cônjuge culpado deve ao cônjuge inocente,
substituindo o dever de sustento, e a indenização por danos morais sofridos pelo cônjuge
inocente.
A palavra "ambiente" refere-se ao local que envolve seres vivos ou objetos. Embora a
expressão "meio ambiente" seja redundante, ela é amplamente usada e abrange a natureza,
bens culturais relacionados e o ambiente artificial. No campo da responsabilidade civil, a
Lei de Política Nacional do Meio Ambiente estabeleceu a responsabilidade objetiva do
causador de danos ao meio ambiente, protegendo não apenas interesses individuais, mas
também supraindividuais, como os interesses difusos que afetam toda a comunidade.
No Brasil, que tem uma alta taxa de casos de AIDS, as consequências civis e criminais da
transmissão da doença são significativas. A transmissão da doença por bancos de sangue,
hospitais e laboratórios é comum e pode resultar em responsabilidade profissional e
contratual. Contratos de consumo eletrônico internacional seguem a lei do domicílio do
proponente, e a responsabilidade extracontratual pode surgir de vários atos ilícitos, como
violação de propriedade intelectual, invasão de privacidade e transmissão de vírus, com o
agente identificado sendo responsável pelos danos causados a terceiros.
A atividade nuclear é regulamentada por convenções, tratados e leis de nações
tecnologicamente avançadas, resultando no direito nuclear, que abrange princípios e
normas para o uso pacífico da energia nuclear. Devido aos riscos das atividades
nucleares, as convenções internacionais e leis optaram pela responsabilidade objetiva,
baseada na teoria do risco. No Brasil, a Lei n. 6.453/77 destaca a responsabilidade civil do
operador de instalação nuclear, independentemente de culpa, em caso de acidente
nuclear.
Em relação às usinas, a empresa exploradora é responsável por danos causados, sem a
necessidade de comprovar a culpa, seja por vazamento, abalroamento ou transporte de
material atômico. Também há responsabilidades de terceiros, como pais, empregadores
e donos de estabelecimentos, mesmo na ausência de culpa, pelas ações de menores de
idade, empregados ou hóspedes. Em situações mais complexas, pode haver
responsabilidade por atos de terceiros ou coautores, sendo todos solidariamente
responsáveis por danos causados.
Portanto, a responsabilidade civil abrange diversas situações, incluindo ações de
menores, responsabilidade de empregadores e hospedeiros, e casos de responsabilidade
objetiva em atividades nucleares.

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