Herlanda Linguistica 1

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO


CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS

Disciplina:
Linguística 1

Tema:
Expressões idiomáticas

Nome da Estudante:
Herlanda Dinís Cossa

Xai-Xai, Setembro, 2023

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Índice
Introdução

Objectivos

Metodologia

1. Expressões idiomáticas

2. Conteúdos programáticos escassos

3. Por que usar expressões idiomáticas

4. Como usar as expressões idiomáticas

5. Exemplos de expressões idiomáticas

Conclusão

Bibliografia

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Introdução

O presente trabalho busca a reflexão sobre Expressões idiomáticas . Expressões idiomáticas são
recursos da fala e da escrita, que ganham novos sentidos conotativos e ultrapassam seus
significados literais quando aplicados em contextos específicos.

Existe dificuldade em encontrar uma definição para o termo expressões idiomáticas que seja
consensual entre os estudiosos que se ocupam desta temática prende-se com a multiplicidade de
fatores que intervêm nas diferentes propostas de definição, na medida em que tais propostas são
abordadas por diferentes áreas linguísticas, o que leva a que cada uma delas entenda estas
expressões de uma perspetiva diferente.

Objectivos

Geral:

 Compreender as expressões idiomáticas.

Específicos

 Definir as expressões idiomáticas;

 Identificar as expressões idiomáticas;

 Mencionar a importância das expressões idiomáticas;

Metodologia

Para a realização deste trabalho, recorreu-se ao método hermenêutica que ajuda na leitura e
interpretação dos manuais que versam sobre o tema em análise. Foi usado também o método
analítico sintético que propiciou a minuciosa peneiração do conteúdo para a compilação do
trabalho.

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1. Expressões idiomáticas

Expressões idiomáticas são recursos da fala e da escrita, que ganham novos sentidos conotativos
e ultrapassam seus significados literais quando aplicados em contextos específicos. Como por
exemplo “estar com a cabeça nas nuvens” com o sentido de estar distraído. Por isso, a sua
interpretação deve ser feita de maneira geral, sem ter que observar cada elemento que compõe a
sentença. Muitas vezes, essas expressões não podem ser traduzidas e só podemos compreendê-
las avaliando o contexto em que foram utilizadas.

Usamos as expressões idiomáticas a todo instante: nas conversas, nos jornais, nas revistas, nos
programas de rádio e de televisão, nas propagandas, nos livros, nas músicas, nos filmes.

Isso quer dizer que elas não se restringem a situações específicas, muito menos a grupos sociais.
As expressões idiomáticas são uma parte muito importante da comunicação escrita e falada, tanto
formal quanto informal. Quando pensamos na escrita e em questões gramaticais, elas exercem
papéis variados e podem assumir função de orações completas, adjetivos, substantivos, verbos e
interjeições.

2. Conteúdos programáticos escassos sobre as expressões idiomáticas

No âmbito da abordagem pedagógica, as expressões idiomáticas são entendidas como


construções linguísticas que possibilitam o enriquecimento do vocabulário, permitindo ao falante
um conhecimento mais profundo e completo da língua que fala ou que está a aprender. Aliás,
estudiosos como Bruno Lafleur2 sugerem que deve ser reservado no ensino de línguas um lugar
para as expressões idiomáticas de modo a facilitar a sua compreensão e produção.

O mesmo é defendido pelas linguistas portuguesas Guilhermina Jorge e Suzete Jorge que
consideram que «a inserção destas expressões no processo de ensino/aprendizagem só poderá
beneficiar esse processo. Tanto a língua materna como a língua estrangeira encontrarão nas
expressões idiomáticas uma outra maneira de se dizer, oferecendo aos aprendentes uma outra
motivação, uma outra dinâmica da língua.

No que concerne ao ensino de Português como Língua Materna, quando se analisa os conteúdos
programáticos para esta disciplina nos diferentes níveis do sistema de ensino português, percebe-
se que o espaço reservado ao ensino e aprendizagem destas estruturas linguísticas é escasso ou

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nenhum. Esta situação não deixa de ser alarmante, uma vez que se corre o risco de se estar a
perder um elemento fundamental da herança cultural do povo português.

As expressões idiomáticas, pela sua complexidade linguística e relevância comunicativa e


cultural, devem ser trabalhadas de modo natural e explícito desde os primeiros níveis de
escolarização de modo a que não se deixe cair no esquecimento uma parte estruturante e
identificadora da língua portuguesa. Além disso, explorar este tipo de construções em sala de
aula permite desenvolver nos alunos uma consciência crítica sobre a sua língua e cultura. Não se
pode esquecer que os jovens de hoje são também os falantes do amanhã, e o que ganharia a
língua portuguesa se os seus falantes ignorassem a sua vertente mais criativa e original.

3. Uso das expressões idiomáticas

O motivo que nos leva a usar expressões idiomáticas é o desejo de acrescentar algo nas
mensagens, um elemento que a linguagem “convencional” nem sempre é capaz de oferecer.

Acontece que, na prática, as expressões idiomáticas têm diversas funções.

 Dar força a uma frase

As expressões idiomáticas são também um recurso literário, e como tal têm a função de aumentar
o impacto do que foi dito. Veja os exemplos a seguir:

O deputado ficou furioso e começou a desferir ofensas diretas ao seu adversário.

Em um ataque de fúria, o deputado perdeu a linha e vociferou contra o seu adversário.

Percebe que no segundo caso há muito mais potência do que no primeiro? Pois é, assim é
possível chamar a atenção do leitor e acrescentar um estímulo à frase.

 Acrescentar sutileza a uma sentença

Muitas vezes, as palavras podem ser muito duras. As expressões idiomáticas podem ter um efeito
eufemista em diversas circunstâncias. Veja:

O jogador percebeu que estava na hora de se aposentar.

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O jogador percebeu que estava na hora de pendurar as chuteiras.

Não apenas nos textos, mas em situações cotidianas, o uso desse recurso pode trazer sutileza e
evitar ofensas, minimizar um fato ou diminuir a intensidade da interpretação.

 Enfatizar a intensidade dos nossos sentimentos

Outra função das expressões idiomáticas é enfatizar um sentimento. Pense nos exemplos a
seguir:

Meu pai não merece meu perdão. Quando criança, ele me abandonou.

Meu pai não merece meu perdão. Quando criança, ele me deixou a ver navios.

Na segunda frase, há um choque mais profundo para o ouvinte/leitor. Ou seja, o sentimento foi
exaltado.

 Adicionar humor ou ironia ao que escrevemos ou dizemos

O humor é um recurso muito importante em qualquer situação em que exista a comunicação.


Usar as expressões idiomáticas para tornar um discurso mais engraçado é uma ótima forma de
entreter o receptor. Por exemplo:

Lúcia estava muito animada na última festa da empresa.

Lúcia soltou a franga na última festa da empresa.

Pobre Lúcia. Provavelmente teve uma ressaca daquelas no dia seguinte.

 Reforçar um bom domínio do idioma

Certamente, a utilização desse recurso revela que o autor tem muito mais conhecimento acerca
da língua na qual o texto foi proclamado (seja ele verbal ou não verbal). Veja os exemplos a
seguir:

João Paulo presenciou o crime, mas estava disposto a não denunciá-lo.

João Paulo presenciou o crime, mas estava disposto a fazer vista grossa. JP, aliás, seria
enquadrado como cúmplice.

 Ironizar

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A ironia é um valioso recurso linguístico. Muitas vezes, ela pode ser valiosa e tornar o texto mais
rico. Esse é um recurso muito utilizado por colunistas, como Diogo Mainardi e Arnaldo Jabor,
por exemplo.

Você agiu bem. Beijar os pés de quem o apunhalou pelas costas é uma ótima saída.

 Insinuar

Palavras entreditas são aquelas modificadas propositalmente para terem duplo sentido. Elas
servem para evitar situações constrangedoras ou fazer sugestões indiretas.

É claro que eu posso ajudá-lo. Mas sabe como é, uma mão lava a outra.

 Aproximar do leitor

Por fim, as expressões idiomáticas também podem ser um recurso valioso para aproximar-se da
sua persona. A partir do momento em que as conhece bem, é possível utilizá-las para uma
comunicação direcionada.

Graças às dívidas, minha tia está em uma situação muito complicada.

Graças às dívidas, minha tia está pisando em ovos.

4. Como usar as expressões idiomáticas

O segredo para usar essas expressões em seus conteúdos é conseguir adequar a expressão à
linguagem utilizada e às caraterísticas da sua persona. Os termos devem ser incluídos de forma
natural e genuína, sem ser de maneira forçada ou informal demais para o assunto do conteúdo.

Por se tratar de expressões que dizem sobre a cultura de uma região ou de um país, por exemplo,
é sempre bom ter cuidado. Saber se seu público consegue identificar sem grandes esforços o
sentido da frase é o primeiro passo.

Outra boa dica é conferir se já são expressões cristalizadas, ou seja, se o sentido entendido é o
mesmo para todos. Evite usar expressões muito recentes ou restritas dos meios digitais e aposte
em termos mais comuns da fala, alguns mais antigos e com sentidos fáceis de serem
compreendidos.

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Sendo um recurso linguístico avançado, as expressões idiomáticas podem ser desastrosas quando
mal utilizadas. Afinal, a característica principal de uma boa comunicação é que haja
compreensão. Por isso, a seguir veja algumas dicas para evitar ruídos no processo
comunicacional com o receptor:

 Usa-las com moderação

Um texto recheado de expressões idiomáticas pode acabar embaralhando a mente do leitor. Por
isso, é preciso utilizá-las com sabedoria e em momentos específicos. Seu uso deve ser moderado
e, claro, cumprir o objetivo esperado.

 Adequa-las à sua persona

Nem todos os seus leitores estão familiarizados com todas as expressões idiomáticas. Se a sua
audiência é composta por um conjunto de jovens, por exemplo, dificilmente entenderão frases
como “dar jarjão” ou “apanhar a pata”, muito utilizadas antigamente.

 Contextualiza-las

Ao utilizar esse recurso, há um elemento muito importante a ser considerado: o contexto. Pense
duas vezes ao usar ironias, principalmente. Na linguagem textual, especialmente, esse é um
mecanismo que pode ser mal interpretado e ter o resultado contrário.

Leve em consideração também o seu público fiel. Muitas vezes, seus leitores já compreendem o
seu estilo de texto e sabe exatamente o que você quer dizer. Porém, várias pessoas estarão lendo
o seu conteúdo pela primeira vez e podem ter uma má impressão sobre o que você escreve.

 Escolher bem os canais onde utilizá-las

A internet é um ambiente vasto. Saber onde e quando utilizar as expressões idiomáticas é muito
importante para que elas atinjam o seu máximo potencial.

Em redes sociais de caráter informal, elas são muito bem-vistas. Facebook, Instagram e
YouTube, por exemplo.

6. Exemplos de expressões idiomáticas


 A céu aberto: ao ar livre

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 Abandonar o barco: desistir de uma situação difícil
 Abotoar o paletó: morrer
 Abrir mão de alguma coisa: renunciar alguma coisa
 Abrir o coração: desabafar, declarar-se sinceramente
 Abrir o jogo: denunciar ou revelar detalhes
 Abrir os olhos a alguém: alertar ou convencer alguém de alguma coisa
 Acabar em pizza: quando uma situação não resolvida acaba encerrada (especialmente em
casos de corrupção, quando ninguém é punido)
 Acertar na lata: acertar com precisão, adivinhar de primeira
 Acertar na mosca: acertar com precisão, adivinhar de primeira

Essas são algumas das expressões linguísticas mais usadas no português. Há, sim, centenas de
outras, mas nem todas elas são tão conhecidas, já que são usadas em apenas algumas regiões do
país.
Por isso, ao criar o seu conteúdo, é importante pensar se a frase será entendida por leitores que
vivem fora dos nossos limites geográficos. Por exemplo: alguém que vive no sul do Brasil pode
não fazer ideia do que é “quebrar a tripa gaiteira”. Por outro lado, boa parte dos nordestinos vai
entender que essa expressão é o mesmo que gargalhar sem controlo.

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Conclusão

A expressões idiomáticas são formas de expressão próprias de uma língua que refletem a sua
riqueza, uma vez que é através delas que se transmitem as muitas referências culturais de uma
determinada comunidade linguística

As expressões idiomáticas são construções que devem ser encaradas como um todo, sendo que o
seu significado se situa num plano abstrato, diferente do literal. Por exemplo, quando um
determinado falante diz que está com a corda no pescoço, tal não significa que tenham uma
corda atada no seu pescoço, mas apenas que está a atravessar por uma situação desesperada.

Apesar de não haver unanimidade por parte dos investigadores quanto à definição deste tipo de
estruturas linguísticas, a maioria aponta para traços comuns inerentes a estas construções, como a
idiomaticidade (que consiste no conjunto de palavras cujos elementos se encontram intimamente
ligados) e a impossibilidade de decompor o seu significado.

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Bibliografia

Jorge, Guilhermina, Jorge, Suzete. (2015) Dar à língua. Da Comunicação às expressões


idiomáticas. Edições Cosmos, p.19.

Santos, António Nogueira, (2012) Novos Dicionários de Expressões Idiomáticas. Edições João
Sá da Costa, p. 9.

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