Este trecho foi basicamente a introdução do filme, o início dele, onde vimos um personagem que fala associando livremente. Utilizando da escuta flutuante, de um modo geral foi possível notar que ele falava de sua vida superficialmente, de forma apática, e mesmo em momentos que aparentavam ser emocionantes, o personagem não demonstrava reação. Além das percepções anteriores, a fala que me tocou foi quando ele mencionou que não dormia a 6 meses, e quando ele fala sobre suas compras, provavelmente utilizando dessa compulsão para compensar alguma falta em si ou de si próprio.
2° trecho (História de um casamento):
No relato da personagem, alguns pontos me tocaram. O relato sobre o marido não a ver como ela realmente é, e que no começo havia interesse e apoio, e era isso que a interessava. A forma como ela fala que ser mãe e esposa é o suficiente, e que após o nascimento de seu filho, as coisas não aconteceram da forma que ela imaginava. Foi possível observar que há uma busca por validação nesse relato, talvez por uma falta de si, realizando apenas o desejo dos outros e nunca de si própria. Se perdendo na linha entre o que é seu desejo e o que é o desejo do outro; como quando ela mesma diz que não se reconhecia mais, nem seus próprios gostos.
3° trecho (Dor e glória):
O personagem relata sua história brevemente, o trecho mostra que por ter uma voz bonita, desde novo ele é direcionado apenas ao canto, apesar de dizer quando pequeno que não sabia se gostava de cantar. Seus gostos foram reprimidos, as matérias da escola não estavam em seu dia a dia de aprendizado, apenas a música. A parte que me tocou foi quando o personagem fala que nos momentos que sofre de várias dores, ele crê em Deus e reza para Ele, mas quando sente apenas uma, ele é ateu. A partir dessa fala, foi possível notar que apesar de na infância fazer parte do coral da igreja, sua fé não foi manipulada, mas sim seus gostos e desejos. Este discurso trouxe a reflexão de uma possível castração.
4° trecho (Psicopata americano):
A fala do personagem soa como se ele gostasse de falar de si mesmo; uma fala narcísica. Uma das partes tocantes, foi quando ele diz não sentir nada exceto cobiça e ódio, e em outro momento diz que sua dor é aguda e constante, e quer infringir esta dor nos outros. O personagem aparenta querer ver a dor e gostar de causá-la, e em seu discurso parece sentir prazer com isso. Também é possível notar neste discurso que não há um remorso, uma culpa, como se apenas seu desejo importasse. Quando ele fala sobre sua máscara de sanidade estar quase caindo, sobre achar que está beirando a loucura, me despertou a reflexão de que suas 3 instâncias poderiam estar em algum tipo de conflito; seu ID, o Eu, e o Superego. Outra fala que me tocou, foi quando o personagem diz que não se reconhece como ser humano, a forma como ele fala, como se estivesse falando de fora de si; então a ideia de ‘’Eu’’ parece estar/ser turbulenta.