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wt ALFREDONAFFAH NETO privado de clinia tomar-se,finalmente,aquilo que sempre foi em feseénci, detde a sus origem: m teatro teraputico aberto a todos, ‘um psicodrama pico. "Mas, poder-se-is perguntar: sso ainda pode ser chamado de Psicologia clinica? E como fice a velha definigo da Psicologis como ciéneia do comportamento? E uma pergunta pare a qual, 90 ‘moments, nfo tenho resposta. Talvez porque, enquanto quero, fla nunca tenha, de Tato, me prescupado.* De uma coisa, tentretanto, eu se se «Psicologia nto puder ser iso, entBo cle no ime interes Ela que fque com os sous velhos conceitos enear- ‘quilhador reaciondrios, fazendo as eabegas do mundo, até que parece todos a sua vrulénca, Ela que apodtesa 6o se proprio veneno. E que morra. Testo dito. {28 € posi! que ox outos moras deste tino poser lage mir zvopre esa gues, O papel do psicélogo na organizacio industrial (notas sobre o “lobo mau” em psicologia)* Wanderey Codo ‘0 movimento socal nos ttimos tempos tem se mestrado com tefncia inequivoca a uma concentragio urbana industrial, gragas a0 desenvolvimento do captalsmo no Brasi, cada ver mals € mais ‘operirios concentram-se em grandes indSstias,o que por si s6 & telovante para os psiélogos, incumbidos por mitsio e profissto a ‘compreender e/ou transformat 0 compertamento humane. Mas, além do argumento meramentecstatstico, hi uma azRo xinda mais forte e igualmente evident. «indisiria 6 0 motor da sociedade, 0 Tocus onde se geram as elas entre as pessoas, entre as classes. A tuagio do pscSloge dentro ds indistria devera ser a menina dos olhos deste prfisional, os postos mais cobigados entre os ext antes. A realidace nfo esta. ‘Ao contririo, quanto mals cresce a importincia ds indstia nna socedade contemporinea, mais crescem as crficas que a Psicologia, principalmente no imbito acadmico, faz 2 stuagto do psicdlogo na indéstria. Embora seja muito difcl operaionalizar festa formulagSes, sete-se caramente que os professors € anos ‘de Psicologia relerem se # esta especlalidads como uma espéce de irma menor da Psicologia, um misto de asco e comiserapdo comum 2 ade (prendada) que se refere a uma fia que se prosttui. ooromenta do Wanaeey Cade, "A Tarstermasto 60 Conpornet femdom PUL Sbo Pol, 18 © exame desta contradio nos obriga @recorrer 8 teoria pritica do psiblogo industrial assim como as ertcas que so fits sua atuagto, ‘A comesar pela funglo tebriea do psiblogo industrial: ‘0 departamento de selogio de pessoal se orienta pelo pressuposto fundamental de “combiner os individuos com as ccupagdes com as quis se habilt".' © pré-requisto basico para 0 cumprimento deste papel & que haja uma determinagdo expicta de fungSes, um fMuxograma da empresa, tanto a nivel de tarefa quento a nivel de produto. A partir dal, a selec deve elaborarteses eapazes dz Seteciarhabuidades e/0u caracerstieas que possam prevero grau ‘de adeptagdo do individuo a tarefa, objetirando, por um lado, fuumentar a satisagdo no trabalho e, por outro, sumentar a produtvidade redurindo orurn-over. Paralelamente 20 desenvolvimento dos métodos de selesio, ‘deve ocorrer, como aconsefham os manuals de Psicologia Fadustre, uma aaliacdo periédica de desempenho, com a functe de orientat 8 postive promoxdes ©, a0 mesmo tempo, funcionar como teste periéico, avaliando os critics da seleqdo e retoalimentando 0 Sistema. O resultado previsto 8 oaumenta da eicineia,partindo do pressuposto de que um individvo desempenha tanto melher quant melhor adsptado esver sua fungto. No treinamento mantm-se os motivos « mudam os mésodos, ‘Tratae de ensinar ao trabalhador at especifcdades de ‘um trabalho determinado, aumentando seu rendimento na medida em ‘que capacita parao trabalho. ‘Quer na seleeto, quer no reinemento, o prineiplo que vgora & ‘de manter 0 homem certo no lugar certo, ¢, também. adequar 0 Thomem & méquins, reduzindo 29 minimo a probablidede de e179. Sobre sertica da fungloteériea do psidlogo industria, jt se ‘ransformou em agar comum as afirmagses de que estas atvidades, deteriat aacintamente acima, Ho intrincecamente zeacionkras, © psicblogo se coloca a servigo da indéstria como instrumento ‘dicional de exploragdo do trabalhador, ao invés de transformer a estruturaprodutiva para que venha a satisfazer as necesidades do ser bumano; transforma o ser humane a imagem e semelhanga da inddstria. invertendo, portanto, sua missto de contribu para a (Tien, Jengpn 9 MeComick, Eat J, Psclogte Industri, Sto Pos Gs Heda, 8 p13 APRAXISDO PSICOLOGO » feicidade do homem ¢ corrboranco na allenagto do trabalhador \cansformande-o.em é6ci e pacato objeto de exploragio do Cepital ‘Alguns eiticos mais afoitos chegam a responscilizar toda Pcologia, acusando-a de estar a sevign das classes dominantes servindo como instrumentodestas contra otrabalhader. De passagem, é bom fisar que no privilégo ds Psicologia ‘muito menos da Psicologia Industrial, 0 seu compromisso com a classes dominantes, E fato, j& sobelamente conhecido, que ‘dominio de uma classe sobre a outre traz como éecorréacia dominio das idéias da classe que esti no poder. que a eigncia nt ‘scape através de algum etercieio magico de neutalidade. Pel ‘contro, a0 produzin conkecimento que necestaiamente impic poder, a ciéncia€ spropriada peas classes dominantss e utilizad. ‘em seu beneficn, No entanto, a0 constatarmos esta relago entre cincia ‘poder, nto podemos corer 0 isco e “jogar a cranga fora com {gua do bank. Vejamos: so psicélogs, a0 declarar que a Psico Jogia Industrial esté a servigo da grande indistra, se recuse teabathar na dea, estéfazendo coro pelo avesso a yeas cantlena ve proclamam a neutralidade da cifaca, isto sim, produ ideolégico tpico das classes dominantes. Em outras palavras 4 erlice que produz a mio intervengio & ume crticn eaolha ‘ovarde, que lava as mos a0 recusa em invertero papel da ciéncia jque no se submete a correr ov risoos do poder para tenta subvertlo. E verdade que © paletiogo industrial 6 um empregado patrio, conratado para fazer frente ao operiri, Por isto mesmo, psiclogo conscientedeveria estar na indistra refletindo conscen temente para teatar subverter suas funder. Franzindo o nariz ¢ recasando « cumprir to "vil papel", 0: defensores deste tipo di critica fazer coro exatamente 20 sistema, pois reivindicam pele avesso a neutralidade da eifncia, que deaunciam como falsa, « pPoupam os inéustriais do iacSmodo de ter entre suss fleras um profssional preocupado com a defesa dos direitos do trabalhador Imaginemos que um operirio, so tomar consciéncia ds exploracdo aque ésubmetido, se recusasse a trabalharna fabrica a invés de organizar sua classe dentro da fabrica. Triste ¢ irénice conluio entre 4 conscigncia e 4 covardia, em uma palayee, fale {pseude)conscéncia, qu se traduzem omissio. “Mas nto € apenas so plano genérico que estas erticas s smostram débeis, Tvemos oportunidade de fazer um estado do cas 16 ‘wanpeniey.coDo de uma indistra, relatado em um trabalho anterior, que aponta paras funebes que 0 psicdlogo exeror de fato na indistra, Possuimos razbes para supor que os dados eoletados seam passives ‘de generalizagio, guardando precaugto para as possiveis mudangas ‘que ocorram de uma ibrica paracutra, mas que, em nossa opinio, to alteram o conteido bisico das cbservagées que realizamos. Vejamos, entho, quais sto de fato as eribuigdes do psiclogo 1a indir ‘Em se tratando de selepto, «industrial geralment divide seus fncionsrios em duas categoria: a dos horistas e a dos mensalistas. Os primeiros sto os encarregades dietamente di produ, ope- ios mals ou mencs qualfcades, e ot segundos sto funsionarios do que chamamos de tecnoburocracie, diversos escrtirios de ‘controle, engenheiros,psicélogos ete. Cabe ressaliar que os horstas apresentam a maioria esmagadora (70-90%) do total dos empre- ‘gados da fabrics. ‘Pra os opertrios iterelmente nto ha seleg, ado se aplicam testes psicolgicos nem de personalidade nem de inteligencia, apenas uma entrevista que indaga coisas como o lugar onde 6 operirio mora, o mimero de filhos que tena, dependéacia do sslirio e experiénein anterior, entendida no sentido de j& ter trabalhado em uma fébrice antes “para nio se desiudit” pelayras da pscblogs que entrevistamor. Diga-se de passagem, no paderia ser de outra forma porque é préprio pedido de mAo-de-obra nto discrimina com detalhes a funglo que ooperdrio deve realizar. NafSbrica que extudaros hia vitios tabalhos diferentes coloesdos sob 0 mesmo tisle: “mon- tador”; quem define que tipo de trabalho o recém-chegado fark 6 0 chefe de soqto onto a selegdo de pessoal. De montador o operéro pode passar a virias outras fungbes até atingr a de encarregado do pessoal. Todas estas promogbes 880 feitae por entérioe estabelccidor © daterminados pelo chefe de producto, nto passando, portanto, peo crivo da selepo de pessoal. Para os menslistas, encarrogados om dltima insincia de controlar o comportamento do operéro, 0 departamento de seleg30 jf segue risca os manuais de Psicologia Industrial, so aplicados 0s testes beseads em descrigdo de fungto, ete. 0 departamento de treinarento segue as mesmas detrzes bastoas, grande parte aa sua atoncio ¢ dedienda a cursos de reagoes snumanas ede lideranga,avalas30 de desempeaho (aplicado apenas 0 mensalistas), cursos de inglés para os gerentes APRAXISDO PsicoLod0 ro Para os operiris, 0 departamento de treinamento se limita a algumas insrugtes de como funciona a fébrica, chamada pompo- samente de "semana do integragd0", ¢ 10 adestramento, ctf instPugdo dura, no caso de tarefas mais completas, em média 1S ‘minutos ¢ € felts por uma ex-operiria promovida 4 instrutora. Depois dst, basta que o operrioreproduza sob supervis a tarefa até que aleanceo ritmo exigido pela producto. ‘A Tlbriea, como se v8, prescinde da intervensto do pricSlogo 1 escola de sus funcionsriose na maneteng2o de um bor anda mento da producto. Isto & possivel devido. a dols mecanismnos bisicos:primeiro, através daimervengdo da Engenharia Industria, que se dedica ao estado pormenorizado do trabalho, visendo ‘maximizacto dos lueros por meio da simplificagio ad extremum da atividade do operito, o que a80 sb agilies, pela diviso do trabalho na Tinh de montagem, 1 consecugto do produto final, como também, e mo menos importante, torna 0 opericio facimente substtuvel (eis aqui 0 verdadcio agente de controle do compor- tamento dentro da fibria); e, segundo, por um exérito industrial de reserva farto € acotovelado as portas da fabrica 2 espera de

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