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Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5007972-40.2020.4.02.0000/RJ
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL RICARDO PERLINGEIRO
AGRAVANTE: SUSEP-SUPERINTENDENCIA DE SEGUROS PRIVADOS
AGRAVADO: FEDERACAO NACIONAL DOS CORRETORES DE SEGUROS
PRIVADOS, DE RESSEGUROS, DE CAPITALIZACAO DE PREVID PRIVADA DAS
EMPR CORRET DE SEGUROS E RESSEGUROS

EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AGRAVO


INTERNO. ADMINISTRATIVO E PROCESSO
CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA
COLETIVO. SUSEP. ATIVIDADE
FISCALIZATÓRIA. RESOLUÇÃO Nº 382/2020.
COMPETÊNCIA DA CNSP. DECRETO 73/66.
PROBABILIDADE DO DIREITO.
TRANSPARÊNCIA NAS RELAÇÕES DE
SEGURO. AUSÊNCIA DE PUNIBILIDADE.
PERICULUM IN MORA. NÃO VERIFICADO.
PROVIMENTO. AGRAVO INTERNO
IMPROVIDO.

1. Agravo de instrumento contra decisão que, em sede


de mandado de segurança coletivo, deferiu a liminar
para suspender a eficácia do art. 4º, §1º, IV e do art. 9º
da Resolução do Conselho Nacional de Seguros
Privados - CNSP nº 382/2020 que dispõe sobre
princípios a serem observados nas práticas de conduta
adotadas pelas sociedades seguradoras, sociedades de
capitalização, entidades abertas de previdência
complementar e intermediários, no que se refere ao
relacionamento com o cliente, e sobre o uso do cliente
oculto na atividade de supervisão da Susep. Agravo
interno contra decisão que deferiu atribuição de efeito
suspensivo ao agravo de instrumento.

2. A fixação de obrigação de apresentar, previamente ao


contrato de seguro, os valores de corretagem ao
segurado (art. 4°, §1°, inciso IV da Resolução nº
382/2020) diz respeito à medida inscrita nas
competências da CNSP estabelecida no Decreto-lei n°

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73/663. Art. 32, incisos I (Fixar as diretrizes e normas


da política de seguros privados) e XII (Disciplinar a
corretagem de seguros e a profissão de corretor).

3. A obrigação imposta pela Resolução CNSP nº


382/2020 de apresentação prévia dos valores de
comissionamento diz respeito à transparência da
intermediação dos contratos de seguros em benefício de
toda a sociedade seguradora, razão pela qual se insere
no âmbito das competências nos incisos I e XII do
Decreto-Lei 73/66. Não existe limitação legal para a
atuação regulatória somente quanto à relação
securitária, mas sim à toda política de seguros privados.

4. Reforço do agravado, em sede de agravo interno, de


(i) a competência do CNSP estar adstrita à regulação
das operações de seguro, na forma do art. 3º do Decreto-
Lei 73/66, havendo limitação legal para a atuação
regulatória do CNSP em decorrência lógica dos arts. 1º,
2º, 3º e 32 do próprio Decreto-Lei 73/66; e (ii) a
impossibilidade de a autoridade responsável pelo setor
regulado reger as atividades de terceiros que não
diretamente relacionadas às operações de seguro per se,
sob pena de violação ao art. 5º, inciso XIII, e art. 22,
inciso XVI, ambos da Constituição Federal.

5. A imposição Resolução CNSP nº 382/2020 não está


adstrita ao exercício da profissão de corretor, mas no
âmbito da disciplina da corretagem de seguros e de toda
a política de seguros privados, porquanto faz prevalecer
a transparência e o atendimento às normas vigentes e
aplicáveis às operações de seguro.

6. Destaque à Nota Técnica nº 32/2020 da Coordenação


Geral de Estudos e Monitoramento de Mercado da
Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério de
Justiça e Segurança Pública, de que se trata de avanço
em termos de clareza nos valores a serem pagos pelo
consumidor, em respeito ao direito à informação
previsto no art. 6º, inciso II do Código de Direito do
Consumidor, e em termos de estímulo à concorrência do
setor, favorecendo saudável competição entre os agentes
de mercado. Quanto ao “cliente oculto”, tratar-se-ia de
um instrumento eficaz à fiscalização de práticas lesivas
aos consumidores, possibilitando o aperfeiçoamento da
ação fiscalizatória e sancionatória do órgão regulador.

7. Destaque à Nota Técnica nº 32/2020/CGEMM


/DPDC/SENACON/MJ de que a Resolução CNSP. nº

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382 “contribui de forma efetiva para a proteção e defesa


do consumidor de produtos e serviços de seguros, de
capitalização e de previdência complementar aberta”,
reforçando não se tratar de mera imposição atinente ao
exercício da profissão de corretor de seguro.

8. Ausência de perigo de dano. A Carta Circular nº


1/2020/DIR2/SUSEP em 26 de junho de 2020 pela
SUSEP esclarece que, em função da pandemia de
COVID-19, nos primeiros 06 (seis) meses de vigência
da Resolução não seria aplicada nenhuma penalidade
em virtude de eventuais violações, sendo o período até
31 de dezembro de 2020 destinado a uma supervisão
voltada à orientação e à correção de eventuais equívocos
identificados.

9. Não se trata de prazo irrazoável para o cumprimento


das alterações promovidas pela aludida resolução pelo
mercado de corretores. Ademais, os dispositivos
suspensos pela liminar dizem respeito tão somente à
observância de maior transparência. A disponibilização
de informações (art. 4º, § 1º, inciso IV da Resolução
CNSP nº 382/2020) não parece ser medida de difícil
implementação. Quanto à determinação de “cliente
oculto” (art. 9º da Resolução CNSP nº 382/2020), cuida-
se de prática da própria SUSEP, não havendo que se
falar em prejuízo ou dificuldade de atendimento ao
dispositivo.

10. Agravo de instrumento interposto pela SUSEP


provido. Agravo interno interposto pela FENACOR
improvido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as


acima indicadas, a Egrégia 5a. Turma Especializada do Tribunal
Regional Federal da 2ª Região decidiu, por unanimidade, DAR
PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO DA SUSEP E
NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO INTERNO DA FENACOR,
nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado.

Rio de Janeiro, 02 de março de 2021.

Documento eletrônico assinado por RICARDO PERLINGEIRO, Desembargador


Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e

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Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018. A conferência da autenticidade


do documento está disponível no endereço eletrônico https://eproc.trf2.jus.br, mediante o
preenchimento do código verificador 20000409866v3 e do código CRC 21fc5956.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): RICARDO PERLINGEIRO MENDES DA SILVA - CPF: 89913663768
Data e Hora: 11/3/2021, às 18:45:48

5007972-40.2020.4.02.0000 20000409866 .V3

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Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5007972-40.2020.4.02.0000/RJ
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL RICARDO PERLINGEIRO
AGRAVANTE: SUSEP-SUPERINTENDENCIA DE SEGUROS PRIVADOS
AGRAVADO: FEDERACAO NACIONAL DOS CORRETORES DE SEGUROS
PRIVADOS, DE RESSEGUROS, DE CAPITALIZACAO DE PREVID PRIVADA DAS
EMPR CORRET DE SEGUROS E RESSEGUROS

VOTO

Consoante relatado, cuida-se de agravo de instrumento


interposto por SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS –
SUSEP em face de decisão que, nos autos de mandado de segurança
coletivo oposto pela FEDERAÇÃO NACIONAL DOS
CORRETORES DE SEGUROS PRIVADOS, DE RESSEGUROS,
DE CAPITALIZAÇÃO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA DAS
EMPRESAS CORRETORAS DE SEGUROS E RESSEGUROS,
deferiu a liminar para suspender a eficácia do art. 4º, §1º, IV e do art.
9º da Resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP
nº 382/2020, a qual foi proferida nos seguintes termos (Evento 3):

[...] Em exame sumário, observa-se a plausibilidade das


alegações, notadamente quanto à ausência de
competência da Presidência do CNSP, e por
corolário, da Superintendência da SUSEP, nos
termos do art. 33 do Decreto-Lei nº 73/66 e dos art.
21, XIX; 22, § 2º; e 29, III, do Decreto 60.459/67,
para a criação de obrigação profissional não prevista
em lei stricto sensu para os corretores de seguro.

Com efeito, há relevância na alegação da impetrante no


sentido de que “a regulamentação do CNSP sobre os
aspectos da profissão de corretor, em atendimento ao
art. 32, inciso XII, do Decreto-Lei 73/66 é meramente
incidental, uma vez que a competência do Conselho
estaria limitada a disciplinar apenas os aspectos
atinentes à operação de seguro, com a vedação
constitucional para a criação, por meio de ato infralegal,
de obrigações diversas daquelas já estabelecidas pela lei
stricto sensu, em respeito ao princípio da estrita
legalidade no que tange à regulamentação de atividades
e profissões”.

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Ademais, em decorrência do cenário jurídico-


econômico decorrente da pandemia do COVID-19,
mostra-se carente de razoabilidade o prazo
assinalado para o cumprimento, pelo mercado de
corretores, das alterações promovidas pela aludida
resolução, haja vista que, nos termos do seu art. 17, ela
entra em vigor na data de hoje, 1º de julho de 2020, o
que também comprova a urgência na concessão da
medida.

Por fim, é bom consignar que não se vislumbra


prejuízo inverso pela concessão da medida liminar
ora pretendida, ressaltando nesse sentido a via célere
do mandado de segurança.

Isto posto, DEFIRO A LIMINAR pleiteada para


suspender, até ulterior decisão neste processo, a eficácia
do art. 4º, § 1º, IV e do art. 9º da Resolução CNSP nº
382/2020.

(grifos nossos)

Na origem, cuida-se de mandado de segurança coletivo,


impetrado pela FENACOR em face de ato supostamente perpetrado
pela SUSEP, consubstanciado na Resolução CNSP n° 382/2020, a
qual “dispõe sobre princípios a serem observados nas práticas de
conduta adotadas pelas sociedades seguradoras, sociedades de
capitalização, entidades abertas de previdência complementar e
intermediários, no que se refere ao relacionamento com o cliente, e
sobre o uso do cliente oculto na atividade de supervisão da Susep”
principalmente quanto ao art. 4º, §1º, inciso IV e ao art. 9º, parágrafo
único, in verbis (Evento 1 – ANEXO3):

Resolução CNSP nº 382/2020

Art. 4º A relação entre o ente supervisionado e o


intermediário não deve prejudicar o tratamento
adequado do cliente, devendo ficar claro para os clientes
qualquer conflito de interesses decorrente desta relação.

§ 1º Antes da aquisição de produto de seguro, de


capitalização ou de previdência complementar aberta, o
intermediário deve disponibilizar formalmente ao
cliente, no mínimo, informações sobre:

[...]

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IV - o montante de sua remuneração pela


intermediação do contrato, acompanhado dos
respectivos valores de prêmio comercial ou contribuição
do contrato a ser celebrado.

Art. 9º O cliente oculto poderá pesquisar, simular e


testar, de forma presencial ou remota, o processo de
contratação, a distribuição, a intermediação, a
promoção, a divulgação e a prestação de informações de
produtos, de serviços ou de operações relativos a
seguro, capitalização ou previdência complementar
aberta, com vistas a verificar a adequação das práticas
de conduta de intermediários e entes supervisionados à
regulação vigente.

Parágrafo único. O ente supervisionado ou o


intermediário não precisam ser avisados sobre a
atividade de supervisão do cliente oculto.

Em suas razões recursais (Evento 1), o agravante aponta


a ausência dos requisitos para o deferimento da medida liminar, em
razão de (i) periculum in mora fabricado; e (ii) legalidade da
Resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados nº 382/2020.
Pleiteia a atribuição de efeito suspensivo ao agravo de instrumento.

Com efeito, a fixação de obrigação de apresentar,


previamente ao contrato de seguro, os valores de corretagem ao
segurado (art. 4°, §1°, inciso IV da Resolução nº 382/2020) diz
respeito à medida inscrita nas competências da CNSP estabelecida no
Decreto-lei n° 73/66, senão vejamos:

Art 32. É criado o Conselho Nacional de Seguros


Privados - CNSP, ao qual compete privativamente:

I - Fixar as diretrizes e normas da política de seguros


privados;

[...]

XII - Disciplinar a corretagem de seguros e a


profissão de corretor;

A obrigação imposta pela Resolução CNSP 382/2020 de


apresentação prévia dos valores de comissionamento diz respeito à
transparência da intermediação dos contratos de seguros em benefício
de toda a sociedade seguradora, razão pela qual se insere no âmbito

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das competências nos incisos I e XII do Decreto-Lei 73/66. Não


existe limitação legal para a atuação regulatória somente quanto à
relação securitária, mas sim à toda política de seguros privados.

Essa foi a posição no âmbito da decisão monocrática em


que deferido efeito suspensivo ao presente agravo de instrumento
(Evento 5 – DESPADEC1).

Contra o decisum, foi interposto agravo interno pela


FENACOR (Evento 12) contra a decisão monocrática porque “não
examinou o tema em sua completude, nem sob o ponto de vista
técnico-normativo e técnico-regulatório, tampouco na perspectiva das
consequências, fáticas, jurídicas e de mercado – todas abordadas na
inicial do mandamus – advenientes da entrada em vigor de ato
infralegal que é, a uma só vez, ilegal e inconstitucional.”

Embora tenha apontado argumentos semelhantes ao


madamus originário de: (i) a competência do CNSP estar adstrita à
regulação das operações de seguro, na forma do art. 3º do Decreto-Lei
73/66, havendo limitação legal para a atuação regulatória do CNSP
em decorrência lógica dos arts. 1º, 2º, 3º e 32 do próprio Decreto-Lei
73/66; e (ii) a impossibilidade de a autoridade responsável pelo setor
regulado reger as atividades de terceiros que não diretamente
relacionadas às operações de seguro per se, sob pena de violação ao
art. 5º, inciso XIII, e art. 22, inciso XVI, ambos da Constituição
Federal, que determina a reserva à lei stricto sensu a disciplina sobre
o exercício profissional; reforço o sentido de se tratar de imposição
que não está adstrita ao exercício da profissão de corretor, mas no
âmbito da disciplina da corretagem de seguros e de toda a política de
seguros privados, porquanto faz prevalecer a transparência e o
atendimento às normas vigentes e aplicáveis às operações de seguro.

Nesse ponto, cabível o destaque à Nota Técnica da


Coordenação Geral de Estudos e Monitoramento de Mercado da
Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério de Justiça e
Segurança Pública, Nota Técnica nº 32/2020/CGEMM
/DPDC/SENACON/MJ (Evento 1 – ANEXO5).

Apontou-se que, embora o item de disponibilização de


informações mínimas ao cliente, antes da aquisição do produto de
seguro, tenha sido objeto de críticas, a determinação representa
avanço em termos de clareza nos valores a serem pagos pelo
consumidor, em respeito ao direito à informação previsto no art. 6º,
inciso II do Código de Direito do Consumidor, e em termos de
estímulo à concorrência do setor, “favorecendo saudável competição
entre os agentes de mercado” (Evento 1 – ANEXO5). Quanto ao
“cliente oculto”, tratar-se-ia de um instrumento eficaz à fiscalização
de práticas lesivas aos consumidores, possibilitando o
aperfeiçoamento da ação fiscalizatória e sancionatória do órgão

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regulador; criando, ainda, um incentivo comportamental para o


respeito à normatização vigente e aos interesses do consumidor, em
função do risco de um ente supervisionado de se expor à supervisão
do cliente oculto.

Sendo assim, entendeu-se que a Resolução nº 382 CNSP


“contribui de forma efetiva para a proteção e defesa do consumidor
de produtos e serviços de seguros, de capitalização e de previdência
complementar aberta”, reforçando não se tratar de mera imposição
atinente ao exercício da profissão de corretor de seguro.

Desse modo, entende-se pela manutenção da decisão


monocrática que deferiu efeito suspensivo ao presente agravo de
instrumento (Evento 3), ensejando, como corolário lógico, o
improvimento do agravo interno interposto pela FENACOR.

Eis que, quanto à presença de periculum in mora


necessário ao deferimento da liminar nos autos originário, destacou-
se não existir risco de punibilidade para os atingidos pela Resolução
CNSP 382/2020, entendimento também a ser mantido.

Apresenta-se como justificativa a Carta Circular nº


1/2020/DIR2/SUSEP em 26 de junho de 2020 pela SUSEP,
esclarecendo que, em função da pandemia de COVID-19, nos
primeiros 06 (seis) meses de vigência da Resolução não seria aplicada
nenhuma penalidade em virtude de eventuais violações, sendo o
período até 31 de dezembro de 2020 destinado a uma supervisão
voltada à orientação e à correção de eventuais equívocos
identificados. A referida carta foi objeto de nota por parte do
Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado do Rio de Janeiro
(SINCOR/RJ), conforme Evento 1 – ANEXO7.

De modo que não se detecta perigo de dano ou risco ao


resultado útil ao processo o fato de se estar diante de prazo irrazoável
para o cumprimento das alterações promovidas pela aludida resolução
pelo mercado de corretores, ante o cenário jurídico-econômico
decorrente da pandemia do COVID-19. Ademais, os dispositivos
suspensos pela liminar dizem respeito tão somente à observância de
maior transparência, razão pela qual a disponibilização de
informações previamente à aquisição de produto de seguro, de
capitalização ou de previdência complementar aberta (art. 4º, § 1º,
inciso IV da Resolução CNSP nº 382/2020) não parece ser medida de
difícil implementação. Quanto à determinação de “cliente oculto”
(art. 9º da Resolução CNSP nº 382/2020), cuida-se de prática da
própria SUSEP, não havendo que se falar em prejuízo ou dificuldade
de atendimento ao dispositivo.

Em conclusão, uma vez ausentes os requisitos


necessários para a concessão da tutela de urgência, nos termos do art.

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300 do CPC, porquanto se identifica (i) legalidade da Resolução do


Conselho Nacional de Seguros Privados nº 382/2020, em razão de o
art. 32, inciso XII, Decreto-lei n° 73, de 1966; e a (ii) ausência de
risco de punibilidade para os atingidos pela citada Resolução; impõe-
se a reforma da decisão que deferiu deferiu a liminar para suspender a
eficácia do art. 4º, §1º, IV e do art. 9º da Resolução do Conselho
Nacional de Seguros Privados - CNSP nº 382/2020. Mantida a
vigência dos dispositivos da referida resolução, dá-se provimento ao
agravo de instrumento interposto pela SUSEP, na forma da decisão
monocrática proferida por esta relatoria no Evento 3. Impõe-se, por
conseguinte, o não provimento ao agravo interno interposto pela
FENACOR.

Face ao exposto, voto no sentido de DAR


PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO DA SUSEP E
NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO INTERNO DA FENACOR.

Documento eletrônico assinado por RICARDO PERLINGEIRO, Desembargador


Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e
Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018. A conferência da autenticidade
do documento está disponível no endereço eletrônico https://eproc.trf2.jus.br, mediante o
preenchimento do código verificador 20000409853v2 e do código CRC a00188b9.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): RICARDO PERLINGEIRO MENDES DA SILVA - CPF: 89913663768
Data e Hora: 22/3/2021, às 14:53:17

5007972-40.2020.4.02.0000 20000409853 .V2

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