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Francimário Souto Medeiros - Dissertação (Ppgmat) CCT 2017
Francimário Souto Medeiros - Dissertação (Ppgmat) CCT 2017
por
Campina Grande - PB
outubro de 2017
Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Ciências e Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Matemática
Curso de Mestrado em Matemática
Outubro de 2017
Resumo
4
Abstract
5
Dedicatória
6
Agradecimentos
7
Sumário
Sumário 8
Índice de Notações 9
Introdução 12
1 Preliminares 16
1.1 Espaços de Funções e resultados usados . . . . . . . . . . . . . 16
1.2 Fréchet e Gâteaux diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . 20
1.3 O Teorema do Passo da Montanha . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.4 Convergência fraca e resultados usados . . . . . . . . . . . . . 24
1.5 O Lema de concentração de compacidade de Lions . . . . . . . 25
8
Índice de Notações
• Ω ⊂ RN é um aberto limitado;
• Dado x ∈ RN e A ⊂ RN , definimos
9
• X ֒→ Y denota que X está imerso continuamente em Y ;
10
Espaços de Funções:
• Se 1 ≤ p < ∞, definimos
Z
p p
L (Ω) = u : Ω → R mensurável; |u| < ∞
Ω
munido da norma Z p1
p
|u|p = |u| ;
Ω
• Se 1 ≤ p ≤ ∞, definimos
munido da norma
Z p1
p
kuk1,p = |∇u| + |u|p dx ;
Ω
Z 21
2
kukD1,2 = |∇u| dx .
Ω
11
Introdução
Nos últimos anos, considerável atenção tem sido dada a problemas não-
locais do tipo Kirchhoff. Tais problemas possuem em comum um termo da
forma
M (kuk2 ),
onde M : R+ → R+ é uma função denominada função de Kirchhoff, usual-
mente tomada na literatura como
12
Quando uma corda elástica com extremidades fixas é submetida a vibrações
transversais, seu comprimento varia de acordo com o tempo, o que acarreta
mudanças na tensão da corda. Este fenômeno motivou Kirchhoff em 1876
(veja [13]) a propor uma correção não-linear à equação clássica de d’Alembert.
Depois disso, vários fı́sicos consideraram estas equações em suas pesquisas,
teóricas e/ou experimentais, na teoria de vibrações não-lineares.
Entre os primeiros estudos envolvendo equações do tipo Kirchhoff, especi-
ficamente equações hiperbólicas quasilineares, estão Bernstein [7] e Pohozaev
[29]. Entretanto, o problema (1) só veio receber grande atenção após Lions
[19]. Em seu trabalho, Lions utilizou pioneiramente argumentos de Aná-
lise Funcional não-linear para atacar problemas não-locais do tipo Kirchhoff.
Para um panorama geral, consulte Arosio [5].
Nesta dissertação, estudamos a existência de soluções não-negativas para
classe de problemas
Z
2
− a + b |∇u| dx ∆u = µg(x, u) + u5 em Ω
(Pµ ) Ω
u = 0 sobre ∂Ω,
13
problemas como (PBN ) apresentam maior dificuldade para demonstrar a exis-
tência de solução do que aqueles que envolvem apenas crescimento subcrı́tico.
Vale ressaltar que a originalidade do trabalho de Brezis & Nirenberg veio do
fato de usarem funções extremais da desigualdade de Sobolev para localizar,
adequadamente, o nı́vel do passo da montanha associado ao problema.
Os problemas (Pµ ) e (Pλ,µ ) possuem, além das dificuldades oriundas
das não-linearidades crı́ticas, aquelas provenientes dos coeficientes não lo-
cais M (kuk2 ). Em problemas do tipo Kirchhoff, tais coeficientes têm efeitos
em resultados de existência de solução, o que os tornam ainda mais atraentes.
Alguns resultados interessantes podem ser vistos em [1, 2, 3, 10, 11, 14, 15,
16, 17, 18, 21, 22, 23, 24, 25, 27, 32, 34].
Esta dissertação está dividida da seguinte maneira:
No Capı́tulo 1, apresentamos pré-requisitos necessários para um bom en-
tendimento do texto, como por exemplo, as noções de sequência e de funcional
Palais-Smale, o Teorema do Passo da Montanha e o Lema de Lions acerca
de concentração de compacidade.
No Capı́tulo 2, consideramos a classe de problemas (Pµ ) e demonstramos a
existência de soluções fracas não-negativas não-triviais. São levados em conta
dois conjuntos de hipóteses para a não-linearidade g. Em cada um desses
conjuntos é comum o fato de g ser superlinear e subcrı́tica. Por exemplo,
supondo adicionalmente as duas hipóteses abaixo:
• Existe 4 < θ < 6 tal que
Naimem demonstrou (Teorema 2.1 desta dissertação) que (Pµ ) possui uma
solução fraca não-negativa para todo µ > 0.
Alguns resultados interessantes para (Pµ ) foram obtidos em [2, 10, 11, 32].
Em [11, 32], ambos consideram g(x, u) = |u|q−1 u, para 0 < q < 1. Figueiredo
e Santos Junior em [11] demonstraram a existência de infinitas soluções para
(Pµ ), se µ > 0 é suficientemente pequeno. A teoria do gênero de Krasnoselskii
e o Lema de concentração de compacidade de Lions são os ingredientes prin-
cipais. Sun e Liu em [32] demonstraram a existência de uma solução positiva
para (Pµ ), também se µ > 0 é suficientemente pequeno. A demonstração
utiliza o método de Nehari, o Princı́pio Variacional de Ekeland e o Lema
de concentração de compacidade. Os resultados obtidos por Alves, Corrêa
14
e Figueiredo em [2] e Figueiredo em [10] estão relacionados com o Teorema
2.2 desta dissertação, o qual afirma que, sob um conjunto de hipóteses para
a não-linearidade g mais fraco do que o descrito acima, a saber,
• Existe 2 < θ < 6 tal que
g(x, t)t − θG(x, t) ≥ 0, ∀x ∈ Ω, t ≥ 0,
existe uma constante µ∗ ≥ 0 tal que o problema (Pµ ) tem uma solução não-
negativa para todo µ > µ∗ . Em particular, Figueiredo em [10] considera o
caso em dimensão geral (N ≥ 3 e Ω ⊂ RN ), onde utiliza um método de
truncamento apropriado para demonstrar um resultado análogo ao Teorema
2.2 para esse problema não-local mais geral. Outros trabalhos importantes
envolvendo expoente crı́tico no R3 que podem ser citados aqui são Li [15, 16]
e Nie [25]. Considerando Ω = RN , alguns resultados importantes foram
obtidos em [3, 27, 34].
No Capı́tulo 3, consideramos a existência de soluções em H01 (Ω) para
a classe de problemas (Pλ,µ ). Supondo 0 < λ < aλ1 e q = 1, onde λ1 é
o primeiro autovalor de (−∆, H01 (Ω)), seguindo Naimen [23] demonstramos
que a existência de soluções não-negativas não-triviais para (Pλ,µ ) ocorre
se, e somente se, µ > bS 2 , onde S é a melhor constante da imersão de
Sobolev H01 (Ω) ֒→ L4 (Ω). Além disso, na última seção deste capı́tulo, ainda
seguindo Naimen [23], demonstramos a existência de soluções não-negativas
não-triviais para (Pλ,µ ) no caso restante, isto é, quando 1 < q < 3. Neste
caso, em particular, utilizamos como ferramenta um importante resultado de
Jeanjean em [12] para assegurar a ocorrência de sequências (P S) limitadas.
Além de Naimen, Nie [25] também trata de problemas tipo Kirchhoff com
expoente crı́tico em R4 . A classe (Pλ,µ ) também é considerada por Figueiredo
[10], nos casos N ≥ 3 e Ω ⊂ RN . Em seu trabalho, Figueiredo mostra que
(Pλ,µ ) com 1 < q < 3 e µ > 0 possui solução, se λ > 0 é suficientemente
grande.
Para finalizar a dissertação, construı́mos dois apêndices para abarcar cál-
culos que julgamos muito técnicos para constar do corpo do texto. No Apên-
dice A, demonstramos que os funcionais energia presentes nos Capı́tulos 2 e
3 são continuamente diferenciáveis e, adicionalmente, estabelecemos a equi-
valência entre os pontos crı́ticos de tais funcionais com as soluções fracas do
problemas considerados. Isso assegura que o método variacional pode ser
efetivamente utilizado. No Apêndice B, calculamos em detalhes o valor de
uma integral importante para a demonstração do Lema 3.10 no Capı́tulo 3.
15
Capı́tulo 1
Preliminares
com a norma Z p1
p
|u|p = |u| dx .
Ω
com a norma
|u|∞ = ess sup |u|.
Ω
16
(ii) Existe v ∈ L1 (Ω) tal que, para todo j,
17
Se u ∈ W 1,p (Ω), o vetor
Podemos mostrar que ambos L2 (Ω) e H 1 (Ω) são espaços de Hilbert com
normas provenientes dos produtos internos
Z
(u, v)2 = uv dx, ∀u, v ∈ L2 (Ω)
Ω
e Z
(u, v)1,2 = ∇u · ∇v + uv dx, ∀u, v ∈ H 1 (Ω),
Ω
respectivamente.
O seguinte subespaço de H 1 (Ω), qual seja,
k·k1,2
H01 (Ω) = C0∞ (Ω) ,
Podemos mostrar que a constante ótima para esta desigualdade é λ11 , onde λ1 é o
2
18
define uma norma sobre H01 (Ω), denominada norma do gradiente, equivalente
à norma herdada de H 1 (Ω). É esta a norma que consideraremos sobre H01 (Ω).
u = u + − u− ,
(u− , u+ )2 = 0,
19
Este também é um espaço de Hilbert com norma proveniente do produto
interno Z
(u, v)D1,2 = ∇u · ∇v dx, ∀ u, v ∈ D1,2 (RN ).
RN
Podemos mostrar que
∗
D1,2 (RN ) ֒→ L2 (RN ),
mas não compactamente, e que a melhor constante
Z
|∇u|2 dx
R N
S= inf 2 (1.1)
u∈D 1,2 (RN )
Z 2∗
2∗
u6=0 u dx
RN
3
para esta imersão é realizada pela função
N −2
[N (N − 2)] 4
U (x) = N −2 .
[1 + |x|2 ] 2
20
Exemplo 1.1. Sejam X = H um espaço de Hilbert e
J(u) = kuk2 , ∀u ∈ H.
De fato, como
Daı́
kJ ′ (uj ) − J ′ (u)kH ′ ≤ 2kuj − uk,
donde segue que
J ′ (uj ) → J ′ (u) em H ′ , j → ∞,
mostrando a continuidade de J ′ .
2. O produto IJ é diferenciável em u e
21
4. Se A ⊆ R é um aberto, f : A → R é diferenciável em I(u0 ) ∈ A, então
a composição K(u) = f (I(u)) é definida em uma vizinhança aberta V
de u0 , é diferenciável em u0 , e
Definição 1.5. Dizemos que (uj ) é uma sequência (P S)c para J ou uma
sequência (P S) no nı́vel c para J
J(uj ) → c e J ′ (uj ) → 0, j → ∞.
22
Enunciamos agora uma condição de compacidade sobre o funcional J
devida a Palais & Smale [26].
Definição 1.6 (Condição (P S)). Dizemos que J é um funcional (P S) ou
satisfaz a condição (P S) se toda sequência (P S)c para J (qualquer c ∈ R)
possui uma subsequência convergente.
Observação 1.3. Uma condição de compacidade mais fraca sobre J é a
seguinte: fixado c ∈ R, dizemos que J é um funcional (P S) no nı́vel c ou
satisfaz a condição (P S)c se sequências (P S)c para J possuem subsequências
convergentes.
A proposição abaixo é evidente.
Proposição 1.9. Suponha que J satisfaz a condição (P S). Se existe uma
sequência (P S)c para J, então c é um valor crı́tico de J.
Definimos agora uma importante condição geométrica.
Definição 1.7 (Geometria do passo da montanha). Dizemos que J satisfaz
a geometria do passo da montanha se existem u0 , u1 ∈ X e r > 0 com
ku1 − u0 k > r tais que
inf J(u) > max {J(u0 ), J(u1 )} .
ku−u0 k=r
onde
Γ = {γ ∈ C ([0, 1], X) ; γ(0) = u0 e γ(1) = u1 } .
23
1.4 Convergência fraca e resultados usados
xj ⇀ x, j → ∞,
se
hxj , yi → hx, yi, j → ∞, ∀ y ∈ H,
onde h·, ·i denota o produto interno sobre H.
Z Z
(∇uj · ∇v + uj v) dx → (∇u · ∇v + uv) dx, ∀ v ∈ H 1 (Ω).
Ω Ω
xjk ⇀ x em H, k → ∞.
24
1.5 O Lema de concentração de compacidade
de Lions
e denotamos por
k·k∞
C0 (Ω) = K(Ω) .
ηu : C0 (Ω) → R
Z
ϕ 7→ ηu (ϕ) = ϕ|u|p dx,
Ω
é uma medida finita sobre Ω, a qual também denotaremos por ηu = |u|p dx.
Exemplo 1.5. Sejam p ∈ [1, ∞), (uj ) uma sequência em Lp (Ω) e η ∈ M(Ω).
Então, Z
|uj |p dx ⇀ η ⇐⇒ ϕ|uj |p dx → η(ϕ), ∀ϕ ∈ C0 (Ω).
Ω
25
Definição 1.11. Dizemos η ∈ M(Ω) é não-negativa se
η(ϕ) ≥ 0, ∀ϕ ∈ C0 (Ω).
∗
Sabemos que a imersão D1,2 (RN ) ֒→ L2 (RN ) não é compacta. Em [20],
Pierre Louis Lions, forneceu uma descrição completa desse fato no que é hoje
o seu mais celebrado Teorema. Uma demonstração dele pode ser encontrada
em Struwe [31].
Teorema 1.15 (Lema de concentração de compacidade de Lions). Seja (uj )
uma sequência em D1,2 (RN ) tal que
uj ⇀ u em D1,2 (RN ), j → ∞.
Suponha que
ηj = |∇uj |2 dx ⇀ η, j → ∞,
∗
νj = |uj |2 dx ⇀ ν, j → ∞,
2. Além disso, X
η ≥ |∇u|2 dx + η k δ xk ,
k∈I
26
onde S é a constante de Sobolev definida em (1.1). Em particular,
X ∗
(νk )2/2 < ∞.
k∈I
Observação 1.4. Devido à imersão H01 (Ω) ֒→ D1,2 (RN ), utilizaremos adi-
ante que se (uj ) é uma sequência limitada em H01 (Ω), então (uj ) é uma
sequência limitada em D1,2 (RN ). A Proposição 1.14 assegura então que o
Lema de concentração de compacidade de Lions pode ser aplicado a sequên-
cia (uj ).
27
Capı́tulo 2
2.1 Introdução
e mais um par adequado de hipóteses para cada uma das seções deste ca-
pı́tulo, as quais serão enunciadas abaixo. A classe de problemas acima foi
considerado por Naimen em [22].
28
Observação 2.1. A hipótese (g2 ) significa que
g(x, t) g(x, t)
lim+ =0 e lim = 0, ∀x ∈ Ω,
t→0 t t→∞ t5
ou seja,
e
∀ ε > 0, ∃ R > 0 tal que t > R ⇒ g(x, t) < εt5 , ∀x ∈ Ω.
Na segunda seção deste capı́tulo, além das hipóteses (g1 ) e (g2 ), conside-
ramos também as hipóteses:
onde Z t
G(x, t) = g(x, s) ds.
0
g(x, t)
lim =∞
t→∞ t3
uniformemente em ω.
29
Teorema 2.1. Sejam a, b > 0. Então, se g satisfaz (g1 ) − (g4 ), o problema
(Pµ ) tem solução não-negativa para todo µ > 0.
Na terceira seção deste capı́tulo, além das hipóteses (g1 ) e (g2 ), conside-
ramos também as seguintes hipóteses:
g(x, t) > 0, ∀x ∈ ω, t ∈ I.
Observação 2.3. As hipóteses (g5 ) e (g6 ) são mais fracas que (g3 ) e (g4 ),
respectivamente. De fato, é óbvio que (g5 ) é mais fraca que (g3 ). Sobre a
hipótese (g6 ) ser mais fraca que (g4 ), considerando o item 2 da Observação
2.2, existe R > 0 tal que g(x, t) > t3 > 0, se x ∈ ω e t > R. Isso mostra que
(g6 ) é válida para ω dado em (g4 ) e I = (R, ∞).
Teorema 2.2. Sejam a, b > 0. Então, se g satisfaz (g1 ), (g2 ), (g5 ) e (g6 ),
existe uma constante µ∗ ≥ 0 tal que o problema (Pµ ) tem uma solução não-
negativa para todo µ > µ∗ .
Z
2
− a+b |∇u| dx ∆u = µg(x, u) + u5+ em Ω
(Pµ )A Ω
u = 0 sobre ∂Ω.
30
Proposição 2.3. Seja u ∈ H01 (Ω) uma solução não-trivial de (Pµ )A . Então,
u é solução não-negativa não-trivial de (Pµ ).
Tomando h = u− , obtemos
Z Z Z
2
∇u · ∇u− dx − µ g(x, u)u− dx − u5+ u− dx = 0.
a + bkuk
Ω Ω Ω
Afirmamos que Z
g(x, u)u− dx = 0.
Ω
e assim Z
2 2
a + bkuk |∇u− | dx = 0,
Ω
ou seja,
a + bkuk2 ku− k2 = 0.
31
2.2 Existência de soluções para o problema
(Pµ) sob as hipóteses (g1) − (g4)
a b 1
Z Z
I(u) = kuk2 + kuk4 − µ G(x, u) dx − u6+ dx, u ∈ H01 (Ω),
2 4 Ω 6 Ω
Z t
onde G(x, t) = g(x, s) ds.
0
De (g1 ) e (g2 ), o funcional I está bem definido, é continuamente Fréchet-
diferenciável em H01 (Ω) com derivado dado por
Z Z Z
I (u)v = (a+bkuk ) ∇u·∇v dx−µ g(x, u)v dx− (u+ )5 v dx, u, v ∈ H01 (Ω).
′ 2
Ω Ω Ω
Portanto,
max g(x, t) ≤ cδ 5
(x,t)∈Ω×[δ,R]
obtemos
g(x, t) ≤ cδ 5 ≤ ct5 , ∀x ∈ Ω, t ∈ [δ, R]
e assim, em qualquer caso,
32
onde c = c(ε). Daı́, para x ∈ Ω, t ∈ [0, ∞),
Z t
G(x, t) = g(x, s) ds
0
Z t
≤ εs + cs5 ds
0
ε 2 c 6
= t + t,
2 6
de onde segue que
ε
G(x, t) ≤ |t|2 + c|t|6 , ∀x ∈ Ω, t ∈ R. (2.2)
2
Como H01 (Ω) ⊂ L2 (Ω) e H01 (Ω) ⊂ L6 (Ω), da desigualdade acima segue a boa
definição do funcional I. A demonstração que o funcional I é continuamente
Fréchet diferenciável com diferencial dada pela fórmula na página anterior
será verificada no Apêndice A.
Nosso objetivo é encontrar um ponto crı́tico não-trivial do funcional I.
Daqui em diante, usaremos frequentemente o seguinte fato: para todo ξ > 0,
existe uma constante C = Cξ > 0 tal que
g(x, t) ≤ ξ|t|5 + C|t| ∀x ∈ Ω, t ∈ R. (2.3)
Isto também é consequência das hipóteses (g1 ) e (g2 ). De fato, de (g2 ),
dado ξ > 0, ∃ R > 0 tal que
t > R ⇒ g(x, t) < ξt5 , ∀x ∈ Ω.
Ainda de (g2 ), existe δ > 0 tal que
0 < t < δ ⇒ g(x, t) < Rt, ∀x ∈ Ω.
Escolhendo C > R suficientemente grande satisfazendo
max g(x, t) ≤ Cδ,
(x,t)∈Ω×[δ,R]
obtemos
g(x, t) ≤ Cδ ≤ Ct, ∀x ∈ Ω, t ∈ [δ, M ]
e assim, seja qual for o caso,
g(x, t) ≤ ξ|t|5 + C|t|, ∀x ∈ Ω, t ∈ R.
33
Lema 2.4. Seja g satisfazendo as hipóteses (g1 ) e (g2 ). Então, existem
constantes α, ρ > 0 tais que
I(u) ≥ α, ∀u ∈ H01 (Ω) com kuk = ρ.
Demonstração. Seja λ1 > 0 o primeiro autovalor do problema
−∆φ = λφ em Ω
φ = 0 sobre ∂Ω.
aλ1
De (2.2), tomando ε = , existe uma constante c > 0 tal que
4µ
aλ1 2
|G(x, t)| ≤ |t| + c|t|6 , ∀x ∈ Ω, t ∈ R. (2.4)
8µ
Da desigualdade de Poincaré (Proposição 1.4) segue que
Z
λ1 u2 dx ≤ kuk2 , ∀u ∈ H01 (Ω). (2.5)
Ω
a b 1
Z Z
2 4
I(u) = kuk + kuk − µ G(x, u) dx − u6+ dx
2 4 Ω 6
Z Ω
a b aλ 1
Z Z
2 4 1 2 6
≥ kuk + kuk − u dx − c u dx − u6 dx
2 4 8 Ω Ω 6 Ω
a b aλ 1
Z
1
≥ kuk2 + kuk4 − u2 − cc1 kuk6 − c1 kuk6
2 4 4 Ω 6
a b a
≥ kuk2 + kuk4 − kuk2 − ckuk6
2 4 4
a b
≥ kuk2 + kuk4 − ckuk6
4 4
a 2 b 4
= ρ + ρ − cρ6 ,
4 4
para alguma constante c > 0. Como a > 0, tomando ρ > 0 suficientemente
pequeno, concluı́mos que existe uma constante α > 0 tal que
I(u) ≥ α, ∀u ∈ H01 (Ω) com kuk = ρ.
34
Lema 2.5. Suponha que g satisfaça as hipóteses (g1 ) e (g2 ). Então existe
v0 ∈ H01 (Ω) \ {0} com v0 ≥ 0 cumprindo
kv0 k > ρ e I(v0 ) ≤ 0.
Demonstração. Tome uma função não-trivial qualquer v ∈ H01 (Ω) com v ≥ 0.
Note que de (g1 ), temos que
Z s Z s
G(x, s) = g(x, t) dt ≥ 0 = 0,
0 0
Logo, quando t → ∞, segue que I(tv) → −∞, e daı́ existe t0 > 0 tal que se
v0 = t0 v, então
kv0 k > ρ e I(v0 ) ≤ 0.
Definimos agora
Γ = γ ∈ C [0, 1], H01 (Ω) |γ(0) = 0, I (γ(1)) ≤ 0, γ(1) 6= 0
e
c = inf max I(u).
γ∈Γ u∈γ([0,1])
35
Lema 2.6. Considere g satisfazendo (g1 ), (g2 ) e (g3 ) e suponha que (uj ) é
uma sequência (P S)d para I com
a b 1
d < Ck + Ck2 − 3 Ck3 , (2.6)
2 4 6S
onde
1 3 p 3 2
Ck = bS + (bS ) + 4aS 3 .
2
Então, passando a uma subsequência se necessário, existe uma função u ∈
H01 (Ω) tal que
(uj )+ → u+ em L6 (Ω), j → ∞.
Demonstração. Sejam
a b 1
d < Ck + Ck2 − 3 Ck3 ,
2 4 6S
e (uj ) ⊂ H01 (Ω) uma sequência (P S)d para I. Primeiramente afirmamos que
(uj ) é limitada em H01 (Ω). De fato, como
I(uj ) → d em R e I ′ (uj ) → 0 em H −1 (Ω),
de (g1 ) e (g3 ) temos, para j ∈ N suficientemente grande, temos
1 1
d + 1 ≥ I(uj ) − I ′ (uj )uj + I ′ (uj )uj
θ θZ
a b 1
Z
2 4
= kuj k + kuj k − µ G(x, uj ) dx − (uj )6+ dx
2 4 Ω 6 Ω
1
Z Z
2 4 5
− akuj k + bkuj k − µ g(x, uj )uj dx − (uj )+ uj dx
θ Ω Ω
1 ′
+ I (uj )uj
θ
1 1 2 1 1
≥ a − kuj k + b − kuj k4
2 θ 4 θ
Z Z
1 1 1
+µ g(x, uj )uj − G(x, uj ) dx + − (uj )6+ dx
Ω θ θ 6 Ω
−kuj k
1 1 2 1 1
≥ a − kuj k + b − kuj k4 − kuj k.
2 θ 4 θ
Como b > 0, podemos garantir que (uj ) é limitada em H01 (Ω). Nos cálculos
acima, utilizamos que
I ′ (uj ) → 0 ⇒ |I ′ (uj )uj | ≤ kI ′ (uj )kkuj k ≤ kuj k
36
para j ∈ N suficientemente grande, ou seja,
1 1 1
−kuj k ≤ − kuj k ≤ I ′ (uj )uj ≤ kuj k ≤ kuj k
θ θ θ
1
⇒ I ′ (uj )uj ≥ −kuj k.
θ
Pela reflexividade de H0 (Ω), existe u ∈ H01 (Ω) tal que (a menos de sub-
1
sequência)
uj ⇀ u em H01 (Ω).
Pelas imersões compactas de Rellich-Kondrachov, temos
37
Como I ′ (uj ) → 0 em H −1 (Ω), temos que
e Z
lim g(x, uj )uj φ = o(1), ε → 0. (2.10)
j→∞ Ω
Primeiramente verificaremos que (2.9) é válida. De fato, notando a limitação
de (uj ) em H01 (Ω), a convergência de (uj ) para u em L2 (Ω) e utilizando as
desigualdades de Hölder e Cauchy-Schwartz, obtemos
Z
2
lim a + bkuj k (∇uj · ∇φ)uj dx
j→∞ Ω
Z 1/2 Z 1/2
2 2 2
≤ c lim |∇uj | dx |uj | |∇φ| dx
j→∞ Ω Ω
Z 1/2
≤ c |u|2 |∇φ|2 dx
Ω ∩ B2ε (xk )
" Z 1/3 #1/2 "Z 2/3 #1/2
2 3 2 3/2
≤ c u dx |∇φ| dx
Ω ∩ B2ε (xk ) Ω ∩ B2ε (xk )
Z 1/6 Z 1/3
6 3
≤ c u dx |∇φ| dx
Ω ∩ B2ε (xk ) Ω ∩ B2ε (xk )
Z 1/6
6
≤ c u dx ,
Ω ∩ B2ε (xk )
38
onde para a última desigualdade, usamos que |∇φ| ≤ 2/ε. Logo,
Z
2
lim a + bkuj k (∇uj · ∇φ)uj dx = o(1), ε → 0.
j→∞ Ω
Isso garante (2.9). Agora vamos verificar que (2.10) é válida. De (2.3), para
ξ > 0, obtemos
Z
lim g(x, uj )uj φ dx
j→∞ Ω
Z Z
6 2
≤ lim ξ uj φ dx + Cξ uj φ dx
j→∞ Ω Ω ∩ B2ε (xk )
Z Z
6 2
≤ lim ξ uj dx + Cξ uj φ dx
j→∞ Ω Ω ∩ B2ε (xk )
Z
≤ Cξ + Cξ u2 φ dx,
Ω ∩ B2ε (xk )
39
Combinando (2.7) com (2.11), deduzimos que
η 3
k
0 ≥ (a + bηk ) ηk − ,
S
de onde se segue
1 3 p 3 2
ηk ≥ bS + (bS ) + 4aS 3 = Ck . (2.12)
2
Por outro lado, combinando mais uma vez (2.7) com (2.11), obtemos
1/3 1/3
0 ≥ a + bSνk Sνk − νk .
1/3
Fazendo a substituição yk = Sνk , concluı́mos que
3
Ck
νk ≥ . (2.13)
S
Como
1 ′
d = lim I(uj ) − I (uj )uj
j→∞ θ
1 1 2 1 1
≥ lim a − kuj k + b − kuj k4 +
j→∞ 2 θ 4 θ
Z Z
1 1 1 6
+µ g(x, uj )uj − G(x, uj ) dx + − (uj )+ dx ,
Ω θ θ 6 Ω
40
Fazendo ε → 0 e utilizando (2.12) e (2.13), obtemos
1 1 1 1 2 1 1
d ≥ a − ηk + b − ηk + − νk
2 θ 4 θ θ 6
1 1 1 1 2 1 1 1
≥ a − Ck + b − Ck + 3 − Ck3
2 θ 4 θ S θ 6
a b 2 1 3 1 2 Ck
= Ck + Ck − 3 Ck − aCk + bCk − 3
2 4 6S θ S
a b 1
= Ck + Ck2 − 3 Ck3 ,
2 4 6S
onde a última igualdade se deve a
Ck
aCk + bCk2 − = 0.
S3
Mas isto é uma contradição com a hipótese inicial dada para d. Portanto
I = ∅. Consequentemente,
Z Z
6
(uj )+ dx → u6+ dx, j → ∞,
Ω Ω
41
Logo,
u = u+ ,
isto é, u ≥ 0.
uj ⇀ u em H01 (Ω), j → ∞,
uj → u em Lp (Ω), j → ∞ (1 ≤ p < 6),
(uj )+ → u em L6 (Ω), j → ∞.
Como
I ′ (uj )(uj − u) = o(1), j → ∞, (2.14)
obtemos de (2.14)
Z
2
0 = lim ∇uj · (∇uj − ∇u) dx −
a + bkuj k
j→∞ Ω
Z Z
5
− µ g(x, uj )(uj − u) dx − (uj )+ (uj − u) dx . (2.15)
Ω Ω
Afirmamos que
Z
g(x, uj )(uj − u) dx = o(1), j → ∞ (2.16)
Ω
e Z
(uj )5+ (uj − u) dx = o(1), j → ∞. (2.17)
Ω
42
obtemos
Z
lim sup g(x, uj )(uj − u) dx
j→∞ Ω
Z Z
5
≤ lim sup ξ |uj | |uj − u| dx + C |uj ||uj − u| dx
j→∞ Ω Ω
" Z 5/6 Z # 1/6
≤ ξ lim sup u6j dx (uj − u)6 dx
j→∞ Ω Ω
" Z 1/2 Z 1/2 #
+ C lim sup u2j dx (uj − u)2 dx .
j→∞ Ω Ω
donde segue que (2.16) é válida. Agora verificaremos que (2.17) é válida. Da
desigualdade de Hölder, da limitação de ((uj )+ ) em L6 (Ω), do Lema 2.6 e do
fato que
(uj )5+ (uj − u) = (uj )5+ ((uj )+ − u),
temos
Z
lim sup (uj )5+ (uj − u) dx
j→∞ Ω
Z
= lim sup (uj )5+ [(uj )+ − u] dx
j→∞ Ω
Z 5/6 Z 1/6
≤ lim sup (uj )6+ dx [(uj )+ − u] dx 6
j→∞ Ω Ω
= 0,
43
Daı́, da convergência fraca uj ⇀ u em H01 (Ω),
Z Z
2
lim kuj k = lim kuj k − ∇uj · ∇u dx + ∇uj · ∇u dx = kuk2 .
2
j→∞ j→∞ Ω Ω
As hipóteses (g1 ), (g2 ) e (g3 ) foram utilizadas pra mostrar que se o nı́vel
de uma sequência (P S) para o funcional I satisfaz (2.6), então I é (P S) neste
nı́vel. Utilizaremos agora a hipótese (g4 ) para garantir o nı́vel c do passo da
montanha correspondente a I satisfaz (2.6). Em consequência, o funcional I
será (P S)c .
Para isto, seja ω 6= ∅ dado pela hipótese (g4 ). Consideremos x0 ∈ ω. A
menos de translação, podemos supor x0 = 0. Para cada ε > 0, definimos
uma função corte de Talenti em Ω como
ε1/2 τ (x)
uε (x) = ,
(ε2 + |x|2 )1/2
onde τ : Ω → R é tal que τ = 1 em alguma vizinhança de x0 = 0 e spt τ ⊂ ω.
Analogamente as estimativas feitas por Brezis & Nirenberg em [8], obtemos
Z
|∇uε |2 dx = K1 + O(ε),
ZΩ
u6ε dx = K23 + O(ε2 ), (2.18)
Z Ω
u2ε dx = O(ε),
Ω
quando ε → 0, onde K1 , K2 > 0 são constantes tais que S = K1 /K2 . Defi-
nindo
uε (x)
vε (x) = Z 1/6 , x ∈ Ω, (2.19)
u6ε dx
Ω
concluı́mos que Z
|∇vε |2 dx = S + O(ε),
ZΩ
vε6 dx = 1, (2.20)
ZΩ
vε2 dx = O(ε),
Ω
44
quando ε → 0.
g(x, t) ≥ h(t) ≥ 0, ∀x ∈ ω, t ≥ 0
e, além disso,
ε−1
ε−1/2
Z
2
lim ε H s2 ds = ∞. (2.21)
ε→0 0 (1 + s2 )1/2
a b 1
Z Z
2 4
I(tvε ) = ktvε k + ktvε k − µ G(x, tvε ) dx − (tvε )6+ dx
2 4 Ω 6 Ω
at2 bt 4
t 6 Z
Z
= kvε k2 + kvε k4 − µ G(x, tvε ) dx − vε6 dx
2 4 6 Ω
2 4 ZΩ
at 2 bt 4 t6
= kvε k + kvε k − µ G(x, tvε ) dx − .
2 4 Ω 6
Defina
at2 bt4 t6
Z
f (t) = I(tvε ) = kvε k2 + kvε k4 − µ G(x, tvε ) dx − (2.22)
2 4 Ω 6
e tome tε ≥ 0 tal que
f (tε ) = max f (t).
t≥0
g(x, tε vε )vε
Z
2 2 4
⇒ aAε + btε Aε − tε = µ dx.
Ω tε
45
Contudo, sabemos que g(x, t) ≥ 0, ∀x ∈ Ω, t ≥ 0. Portanto,
I(tvε ) ≤ I(tε vε )
at2ε bt4ε t6ε
Z
2 4
= kvε k + kvε k − − µ G(x, tε vε ) dx
2 4 6
2 4 6 Z Ω
aTε bTε 2 Tε
≤ Aε + A − − µ G(x, tε vε ) dx. (2.24)
2 4 ε 6 Ω
Lembremos que
1 3 p 3 2 3
Ck = bS + (bS ) + 4aS
2
e observemos também que
1 p 1 p
Tε2 Aε = Aε bA2ε + (bA2ε )2 + 4aAε = bA3ε + (bA3ε )2 + 4aA3ε ,
2 2
De (2.20), temos Aε = S + O(ε), donde segue que
De
1 2 p
Tε2 = bAε + (bA2ε )2 + 4aAε
2
e
Ck 1 3 p 3 2 1 p
= bS + (bS ) + 4aS 3 = bS 2 + (bS 2 )2 + 4aS ,
S 2S 2
obtemos
Ck
Tε2 = + O(ε). (2.26)
S
46
Daı́, por decorrência de (2.24), (2.25) e (2.26), deduzimos que
a b 2 1 3
Z
I(tvε ) ≤ Ck + Ck − 3 Ck + O(ε) − µ G(x, tε vε ) dx. (2.27)
2 4 6S Ω
g(x, tε vε )vε
Z
dx → 0, (2.29)
Ω tε
g(x, tε vε )vε
Z
dx → 0,
Ω tε
g(x, tε vε )vε
Z
aAε + bt2ε A2ε − t4ε =µ dx,
Ω tε
47
de (2.20) e (2.29), obtemos
2 4
2
aS + bS lim tε − lim tε = 0,
ε→0 ε→0
isto é,
1 p 1/2
2 2 2
tε → bS + (bS ) + 4aS , ε → 0. (2.30)
2
Portanto, das hipóteses sobre g, de (2.20) e (2.30), concluı́mos que
Z Z
−1 −1
ε G(x, tε vε ) dx ≥ ε G(x, tε vε ) dx
Ω Z ω
−1
≥ ε H(tε vε ) dx
ω
ε1/2 τ (x)
Z
−1
≥ ε H Cε 2 dx
ω (ε + |x|2 )1/2
Z r
ε1/2
−1
≥ Cε H Cε 2 2 )1/2
s2 ds
0 (ε + s
Z r
ε−1/2
ε
2
≥ Cε H Cε 2 )1/2
s2 ds
0 (1 + s
Z C
ε−1/2
ε
2
≥ Cε H 2 )1/2
s2 ds,
0 (1 + s
para alguma constante C > 0, onde Cε denota uma constante que converge
para algum valor positivo quando ε → 0, e na última desigualdade fizemos
um dimensionamento adequado para ε. Se C ≥ 1, então (2.28) é facilmente
verificada por (2.21). Contudo, se C < 1, temos que
C 1
ε−1/2 ε−1/2
Z Z
ε ε
2 2 2
ε H s dx = ε H s2 ds
0 (1 + s2 )1/2 0 (1 + s 2 )1/2
Z 1
ε−1/2
ε
2
−ε H 2 )1/2
s2 ds.
C
ε
(1 + s
Definindo 1
ε−1/2
Z
ε
2
Bε = ε H s2 dx
C
ε
(1 + s2 )1/2
48
e utilizando (2.3), para ξ > 0 obtemos
1
ε−1/2
Z
ε
2
|Bε | = ε H s2 ds
C (1 + s2 )1/2
" εZ 1 6 1 2
#
ε−1/2 ε−1/2
Z
ε ε
≤ ε2 ξ 2
s ds + Cξ 2
s ds
C
ε
(1 + s2 )1/2 C
ε
(1 + s2 )1/2
≤ C
Da hipótese (g4 ) segue que, para todo M > 0, existe R > 0 tal que
t > R ⇒ g(x, t) ≥ M t3 , ∀x ∈ ω,
daı́,
H(t) = inf G(x, t) ≥ M t4 , ∀t > R. (2.31)
x∈ω
Observe que existe uma constante C > 0, que independe de ε > 0, tal que
ε−1/2
> R, ∀ s ≤ Cε−1/2 ,
(1 + s2 )1/2
49
para todo M > 0 e ε > 0 pequeno. Portanto,
" Z −1 #
ε −1/2
ε
lim inf ε2 H 2 )1/2
s2 ds ≥ CM
ε→0 0 (1 + s
para todo M > 0 e alguma constante C > 0 que não depende de M . Isto
conclui a demonstração.
Como observamos antes, existe uma sequência (uj ), a qual é (P S)c para I.
Do Lema 2.5 e da definição da classe de caminhos Γ, temos que
∀ ε > 0, ∃ tε > 0 tal que γε (t) = t(tε vε ), 0 ≤ t ≤ 1,
pertence a Γ. Dos lemas 2.8 e 2.9, existe uma constante ε0 > 0 tal que
a b 1
max I(tvε ) < Ck + Ck2 − 3 Ck3 , ∀ ε ∈ (0, ε0 ).
t≥0 2 4 6S
Fixe 0 < ε < ε0 . Então,
a b 1
c ≤ max I(γε (t)) = max I(svε ) ≤ max I(svε ) < Ck + Ck2 − 3 Ck3 .
t∈[0,1] s∈[0,tε ] s≥0 2 4 6S
Do Lema 2.7, segue que I satisfaz a condição (P S)c . Logo, existe u ∈ H01 (Ω)
e uma subsequência de (uj ), ainda denotada por (uj ), tal que
uj → u em H01 (Ω).
Portanto,
I(uj ) → I(u) e I ′ (uj ) → I ′ (u).
Daı́,
I(u) = c e I ′ (u) = 0,
mostrando que u ≥ 0 é uma solução fraca não-trivial de (Pµ ).
Do Teorema 2.1 segue o próximo corolário:
Corolário 2.10. Seja a, b > 0. Então, se 3 < q < 5 e g(x, t) = |t|q−1 t, o
problema (Pµ ) possui uma solução não-negativa para todo µ > 0.
Demonstração. Assuma 3 < q < 5 e g(x, t) = |t|q−1 t. Podemos ver facilmente
que g satisfaz as hipóteses (g1 ) − (g4 ). Segue, portanto, do Teorema 2.1 que
(Pµ ) tem solução para todo µ > 0.
50
2.3 Existência de soluções para o problema
(Pµ) sob as hipóteses (g1), (g2), (g5) e (g6)
a b 1
Z Z
2 4
u6+ dx u ∈ H01 (Ω) .
Iµ (u) = kuk + kuk − µ G(x, u) dx −
2 4 Ω 6 Ω
−2 ≤ ψ ′ ≤ 0, em [0, ∞).
Dado T > 0 defina o funcional corte ΦT (u), o qual é C 1 (H01 (Ω)), como
kuk2
ΦT (u) = ψ .
T2
51
Podemos verificar que JµT está bem definido e é continuamente Fréchet-
diferenciável (vide Apêndice A). A diferencial de Fréchet de JµT (u) é dada
por
kuk2
Z
T ′ 2 b 4 ′
(Jµ ) (u)h = a + bkuk ΦT (u) + kuk ψ ∇u · ∇h dx −
2T 2 T2 Ω
Z Z
−µ g(x, u)h dx − u5+ h dx, (2.32)
Ω Ω
Observe que
kuk2
4 ′
kuk ψ ≤ 8T 4 . (2.34)
T2
De fato, se
kuk2 > 2T 2
temos que ψ = 0, donde concluı́mos que ψ ′ = 0 e assim (2.34) é válida. Caso
contrário, kuk2 ≤ 2T 2 e observando que
kuk2
′
ψ ≤ 2,
T2
temos
kuk2
4 ′
kuk ψ ≤ 2kuk4 = 2(kuk2 )2 < 2(2T 2 )2 = 8T 4 ,
T2
kuk2
b 4 ′ a
a+ 2
kuk ψ 2
≥ , (2.35)
2T T 2
1 1 4 1 1
8b − T ≤a − T2 (2.36)
θ 4 2 θ
e
1 1 1 1
a − − 2b − T 2 ≥ 0. (2.37)
2 θ θ 4
52
Vamos verificar a validade de cada uma dessas relações. De (2.34), temos
que
kuk2
4 ′
kuk ψ 2
≥ −8T 4
T
o que, combinado com (2.33), acarreta
kuk2
b 4 ′ b
a+ 2
kuk ψ 2
≥ a− 8T 4
2T T 2T 2
= a − 4bT2
a
≥ a − 4b
8b
a
= a−
2
a
= .
2
Logo, obtemos (2.35). Agora vamos verificar (2.36). De fato, observamos que
1 1 4 1 1
8b − T = 8b − T 2T 2
θ 4 θ 4
1 1 a(θ − 2)
≤ 8b − T2
θ 4 4b(4 − θ)
4−θ (θ − 2)
= 2a T2
4θ (4 − θ)
(θ − 2)
= a T2
2θ
1 1
= a − T 2,
2 θ
mostrando (2.36). Além disso, (2.37) segue de (2.36), pois
1 1 2 1 1
0 ≤ a − T − 8b − T4
2 θ θ 4
1 1 2 1 1
≤ a − T − 2b − T4
2 θ θ 4
1 1 1 1
= a − − 2b − T 2 T 2.
2 θ θ 4
Como T 2 ≥ 0, segue a validade de (2.37). Notamos também que se u ∈ H01 (Ω)
com kuk < T , então
kuk2
ΦT (u) = ψ = 1,
T2
53
acarretando
JµT (u) = Iµ (u).
Portanto, se u é um ponto crı́tico de JµT com kuk < T , então u também é
um ponto crı́tico de Iµ . Demonstraremos adiante a existência de um ponto
crı́tico não-trivial u de JµT com kuk < T .
Doravante, por simplicidade, denotaremos JµT e ΦT (u) apenas por Jµ e
Φ(u) respectivamente.
Começaremos a demonstração do Teorema 2.2 com os próximos dois le-
mas, que tratam da geometria do passo da montanha do funcional Jµ .
Lema 2.11. Suponha que a função g satisfaz as hipóteses (g1 ) e (g2 ). Então,
existem constantes α, ρ > 0 tal que
Jµ (u) ≥ α, ∀ u ∈ H01 (Ω), com kuk = ρ.
Demonstração. A demonstração é análoga àquela do Lema 2.4. De fato,
tomando u ∈ H01 (Ω) com kuk = ρ, obtemos
a b 1
Z Z
2 4
Jµ (u) = kuk + kuk Φ(u) − µ G(x, u) dx − u6+ dx
2 4 Ω 6 Ω
a 1
Z Z
≥ kuk2 − µ G(x, u) dx − u6+ dx
2 Ω 6 Ω
a 2 6
= ρ − cρ ,
4
para alguma constante c > 0. Portanto, tomando ρ suficientemente pequeno,
concluı́mos que existe uma constante α > 0 tal que
Jµ (u) ≥ α.
Lema 2.12. Suponha que g satisfaça as hipóteses (g1 ) e (g2 ). Então, existe
uma função v0 ∈ H01 (Ω) tal que kv0 k > ρ e Jµ (v0 ) ≤ 0.
Demonstração. Tome uma função não-trivial qualquer v ∈ H01 (Ω) com v ≥ 0
e considere t > 0. Então,
at2 bt4 t6
Z Z
2 4
Jµ (tv) = kvk + kvk Φ(u) − µ G(x, tv) dx − v 6 dx
2 4 Ω 6 Ω
2 4 6 Z
at bt t
≤ kvk2 + kvk4 − v 6 dx,
2 4 6 Ω
Portanto, I(tv) → −∞, quando t → ∞. Segue daı́ que existe uma constante
t0 > 0 tal que se v0 = t0 v, então kv0 k > ρ e Jµ (v0 ) ≤ 0.
54
Como na seção anterior, definimos
e
cµ = inf max Jµ (u).
γ∈Γ u∈γ([0,1])
Demonstração. Tome uma função ζ ∈ C0∞ (ω) com ζ(0) = 1, e uma constante
k tal que 0 < k < 1/2. Defina
v = ζ|x|−k , x ∈ ω.
a b 1
Z Z
2 4
Jµ (tv) = ktvk + ktvk Φ(u) − µ G(x, tv) dx − (tv)6+ dx
2 4 6
Z Ω Ω
at2 bt 4
t 6 Z
≤ kvk2 + kvk4 − µ G(x, tv) dx − v 6 dx.
2 4 ω 6 Ω
Defina
at2 bt4 t6
Z Z
f (t) = kvk2 + kvk4 − µ G(x, tv) dx − v 6 dx.
2 4 ω 6 Ω
Tome tµ > 0 (os lemas 2.11 e 2.12 nos permitem tomar tal valor) de tal forma
que
f (tµ ) = max f (t).
t≥0
µ
Z Z
⇒ akvk2 + bt2µ kvk4 − g(x, tµ v)v dx − t4µ v 6 dx = 0. (2.38)
tµ ω Ω
55
Contudo, sabemos que g(x, t) ≥ 0, ∀ x ∈ Ω, t ≥ 0. Portanto, temos que
Z
2 2 4 4
akvk + btµ kvk ≥ tµ v 6 dx.
Ω
Analogamente ao que foi feito no Lema 2.8, podemos garantir que existe uma
constante C > 0 tal que tµ ≤ C, para todo µ > 0. Afirmamos que
tµ → 0, µ → ∞.
De fato, se isso não acontecesse, existiriam uma sequência (µj ) e β > 0 tais
que
µj → ∞ e tµj → β, j → ∞.
Portanto, utilizando o Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue,
obtemos
1 1
Z Z
g(x, tµj v)v dx → g(x, βv)v dx.
t µj ω β ω
Tendo em vista a hipótese (g6 ) e a definição de v, segue que
Z
g(x, βv)v dx > 0
ω
at2µ bt4µ
0 < cµ ≤ max Jµ (tv) ≤ max f (t) < kvk2 + kvk4 → 0,
t≥0 t≥0 2 4
o que completa a demonstração.
O próximo lema que demonstraremos garantirá a compacidade local para
o funcional Jµ .
Lema 2.14. Considere g satisfazendo (g1 ), (g2 ) e (g5 )′ e seja (uj ) uma sequên-
cia (P S)d para Jµ com
3/2
1 1 aS
d< − ,
θ 6 2
56
Demonstração. Seja (uj ) ⊂ H01 (Ω) uma sequência (P S)d para o funcional Jµ
com 3/2
1 1 aS
d< − .
θ 6 2
Primeiramente afirmamos que (uj ) é limitada em H01 (Ω). De fato, como
Jµ (uj ) → d e Jµ′ (uj ) → 0,
de (g1 ), (g5 )′ e (2.32) obtemos
1 1
d + 1 ≥ Jµ (uj ) − Jµ′ (uj )(uj ) + Jµ′ (uj )(uj )
θ θ Z
a b 1
Z
2 4
≥ kuj k + kuj k Φ(uj ) − µ G(x, uj ) dx − (uj )6+ dx
2 4 Ω 6 Ω
kuj k2
Z
1 2 b 4 ′ 2
− a + bkuj k Φ(uj ) + kuj k ψ |∇uj | dx
θ 2T 2 T2 Ω
Z
1 1
Z
+ 5
µ g(x, uj )uj dx + (uj )+ uj dx + Jµ′ (uj )(uj )
θ Ω Ω θ
kuj k2
1 1 2 1 1 4 b 6 ′
≥ a − kuj k + b − kuj k Φ(uj ) − kuj k ψ
2 θ 4 θ 2θT 2 T2
Z Z
1 1 1
+µ g(x, uj )uj − G(x, uj ) dx + − (uj )6+ dx − kuj k
θ θ 6
Ω Ω
1 1 1 1
≥ a − kuj k2 + b − kuj k4 Φ(uj ) − kuj k,
2 θ 4 θ
para j ∈ N grande, onde usamos na última desigualdade o fato que ψ ′ ≤ 0
em [0, ∞). Contudo, observe que
kuk4 Φ(u) ≤ 4T 4 , ∀u ∈ H01 (Ω). (2.39)
De fato, se
kuk2 > 2T 2
então Φ(u) = 0, donde concluı́mos que (2.39) é válida. Se temos o caso
contrário, kuk2 ≤ 2T 2 , segue que Φ(u) ≤ 1, o que acarreta
kuk4 Φ(u) ≤ kuk4 = (kuk2 )2 ≤ (2T 2 )2 = 4T 4 ,
donde segue, em qualquer caso, que (2.39) é válida. Logo, de (2.39) obtemos
1 1 2 1 1
d+1 ≥ a − kuj k + b − kuj k4 Φ(uj ) − kuj k
2 θ 4 θ
1 1 2 1 1
≥ a − kuj k + 4b − T 4 − kuj k
2 θ 4 θ
57
para j ∈ N grande. Como a, b > 0, podemos garantir que (uj ) é limitada
em H01 (Ω). Consequentemente, como vimos na demonstração do Lema 2.6,
existe u ∈ H01 (Ω) tal que
uj ⇀ u em H01 (Ω),
uj → u em Lp (Ω), com 1 ≤ p < 6,
uj → u q.s. em Ω.
Temos
kuj k2
Z
2 b 4 ′
= lim a + bkuj k Φ(uj ) + kuj k ψ ∇uj · ∇(uj φ) dx −
j→∞ 2T 2 T2 Ω
Z Z
6
− µ g(x, uj )uj φ dx − (uj )+ φ dx (2.41)
Ω Ω
58
Agora,
kuj k2
Z
b
2 4 ′
lim a + bkuj k Φ(uj ) + kuj k ψ ∇uj · ∇(uj φ) dx
j→∞ 2T 2 T2 Ω
kuj k2
Z
2 b 4 ′
= lim a + bkuj k Φ(uj ) + kuj k ψ (∇uj · ∇φ)uj dx
j→∞ 2T 2 T2 Ω
kuj k2
Z
2 b 4 ′ 2
+ lim a + bkuj k Φ(uj ) + kuj k ψ |∇uj | φ dx
j→∞ 2T 2 T2 Ω
a
Z
≥ lim |∇uj |2 φ dx + o(1), (2.42)
j→∞ 2 Ω
59
o que mostra (2.43). Agora mostraremos que
Z
lim g(x, uj )uj φ dx = o(1). (2.45)
j→∞ Ω
para todo ξ > 0, o que mostra (2.45). Portanto, de (2.41), (2.42), (2.45) e
do Lema de Concentração de Compacidade, concluı́mos que
Z
a
Z
2 6
0 ≥ lim |∇uj | φ dx − (uj )+ φ dx + o(1)
j→∞ 2 Ω
Z ZΩ
a 2 6
≥ lim |∇uj | φ dx − (uj )+ φ dx + o(1)
j→∞ 2 Ω Ω
a
Z Z
≥ φ dη − φ dν + o(1),
2 Ω Ω
61
finalizando a demonstração.
kuj k2
Z
2 b 4 ′
lim a + bkuj k Φ(uj ) + kuj k ψ ∇uj · ∇h dx −
j→∞ 2T 2 T2 Ω
Z Z
5
− µ g(x, uj )h dx − (uj )+ h dx = 0
Ω Ω
, Z
A b 2 ′ A
⇒ a + bAψ + Aψ ∇u · ∇h dx =
T2 2T 2 T2 Ω
Z Z
= µ g(x, u)h dx + u5+ h dx
Ω Ω
Tomando h = u− , concluı́mos que
Z
A b 2 ′ A
a + bAψ 2
+ 2
Aψ 2
|∇u− |2 dx = 0
T 2T T Ω
De fato, como
a
A2 ≥ 4T 4 ; T2 ≤ ; ψ ′ ≥ −2
8b
temos que
A b 2 ′ A A 2b 2
a + bAψ + Aψ ≥ a + bAψ − A
T2 2T 2 T2 T2 2T 2
b 2
≥ a− A
T2
b
≥ a − 2 4T 4
T
= a − 4bT 2
a a
≥ a − 4b · = > 0.
8b 2
62
Portanto, Z
k∇u− k2 dx = 0 ⇒ ku− k2H 1 (Ω) = 0 ⇒ u− = 0.
0
Ω
Logo, u = u+ , isto é, u é não-negativa.
Lema 2.15. Considere g satisfazendo as hipóteses (g1 ), (g2 ), (g5 )′ e (g6 ). En-
tão, existe uma constante µ∗ > 0 tal que o funcional Jµ tem um ponto crı́tico
não-trivial para todo µ > µ∗ .
uj ⇀ u em H01 (Ω)
uj → u em Lp (Ω), ∀ 1 ≤ p < 6 ,
(uj )+ → u em L6 (Ω)
kuj k2
Z
2 b 4 ′
a + bkuj k Φ(uj ) + kuj k ψ ∇uj · ∇(uj − u) dx −
2T 2 T2 Ω
Z Z
−µ g(x, u)(uj − u) dx − u5+ (uj − u) dx = o(1). (2.49)
Ω Ω
e Z
(uj )5+ (uj − u) dx = o(1), quando j → ∞. (2.51)
Ω
63
Portanto, de (2.49), (2.50) e (2.51),
kuj k2
Z
2 b 4 ′
0 = lim a + bkuj k Φ(uj ) + kuj k ψ ∇uj · ∇(uj − u) dx.
j→∞ 2T 2 T2 Ω
kuj k2
2 b a
a + bkuj k Φ(uj ) + 2
kuj k4 ψ ′ ≥ + bkuj k2 Φ(uj )
2T T2 2
a
≥ > 0.
2
Logo, Z
2
lim kuj k − ∇uj · ∇u dx = 0.
j→∞ Ω
uj → u em H01 (Ω).
a b 1
Z Z
2 4
kuk + kuk Φ(u) = µ G(x, u) dx + u6+ dx + cµ .
2 4 Ω 6 Ω
a b µ 1
Z Z
2 4
kuk + kuk Φ(u) ≤ g(x, u)u dx + u6 dx + cµ . (2.52)
2 4 θ Ω θ Ω +
64
Por outro lado, como u é um ponto crı́tico de Jµ e u6+ = u5+ u, obtemos
kuk2
Z Z Z
b
a + bkuk2 Φ(u) + kuk4 ψ ′ |∇u|2 dx = µ g(x, u)u dx + u6+ dx,
2T 2 T2 Ω Ω Ω
ou seja,
kuk2
1
Z Z
a b b µ
kuk2 + kuk4 Φ(u)+ kuk6 ψ ′ = g(x, u)udx + u6+ dx (2.53)
θ θ 2θT 2 T2 θ Ω θ Ω
65
Capı́tulo 3
3.1 Introdução
66
Teorema 3.1. Seja q = 1, a, b > 0, 0 < λ < aλ1 e µ > 0. Então, a classe
de problemas (P )λ,µ possui solução não-negativa não-nula se, e somente se,
µ > bS 2 .
Z
2
− a + b |∇u| dx ∆u = ν (λuq + µu3 ) em Ω,
(P )λ,µ,ν Ω
u>0 em Ω,
u=0 sobre ∂Ω,
onde ν ∈ (δ, 1], para algum 1/2 < δ < 1. Com a ajuda de um resultado de
Jeanjean [12], demonstraremos o seguinte teorema:
Além disso, suponha que uma das seguintes hipóteses abaixo é válida:
Então, (P )λ,µ,ν possui uma solução não-negativa não-trivial para quase todo
ν ∈ (δ, 1]. Além disso, podemos encontrar uma sequência crescente (νj ) ⊂
(δ, 1] tal que νj → 1 quando j → ∞ e (P )λ,µ,νj tem uma solução uj que possui
uma das seguintes propriedades:
67
Observação 3.2. Faremos uma observação sobre as condições (C1 ) − (C3 ).
Considere 1 < q < 3 e µ satisfazendo (3.1). Defina
aµ 2 λ q+1 µ(2bS 2 − µ) 4
g(t) = t − (q+1)/2
t + t,
2(µ − bS 2 ) (q + 1)Sq+1 4S 2 (µ − bS 2 )
onde Z
|∇u|2 dx
Ω
Sq+1 = inf 2 .
u∈H01 (Ω)\{0}
Z q+1
|u|q+1 dx
Ω
68
Teorema 3.3. Assuma que a, b, λ, µ > 0 satisfazem as mesmas hipóteses
do Teorema (3.2) e, além disso, assuma também que Ω ⊂ R4 estritamente
estrelado. Então, (P )λ,µ possui uma solução.
a b λ µ
Z Z
2 4 q+1
Iλ,µ (u) = kuk + kuk − u+ dx − u4+ dx, u ∈ H01 (Ω).
2 4 q+1 Ω 4 Ω
Podemos verificar que Iλ,µ está bem definido e pertence a C 1 (H01 (Ω)). Além
disso, todo ponto crı́tico de Iλ,µ é uma solução fraca não-negativa de (P )λ,µ .
Similarmente, podemos definir as soluções fracas de (P )λ,µ,ν e o seu funci-
onal associado Iλ,µ,ν . Dizemos que u ∈ H01 (Ω) é uma solução fraca de (P )λ,µ,ν
se u satisfaz
Z Z Z
2 q
∇u·∇h dx−ν λ u+ h dx + µ u+ h dx = 0, ∀h ∈ H01 (Ω).
3
a + bkuk
Ω Ω Ω
Podemos verificar que Iλ,µ,ν está bem definido e pertence a C 1 (H01 (Ω)). Além
disso, todo ponto crı́tico de Iλ,µ,ν é uma solução fraca não-negativa de (P )λ,µ,ν .
A seguinte proposição será extremamente importante para a demonstra-
ção dos teoremas deste capı́tulo.
Proposição 3.4. Seja d ∈ R e (uj ) ⊂ H01 (Ω) ⊂ D1,2 (R4 ) uma sequência
(P S)d limitada para o funcional Iλ,µ , isto é,
• Iλ,µ (uj ) → d em R,
′
• Iλ,µ (uj ) → 0 em H −1 (Ω),
• kuj k é limitada.
69
Então, ou (uj ) tem uma subsequência que converge forte em H01 (Ω) ou, em
caso contrário, existe uma função não-negativa u0 ∈ H01 (Ω) tal que uj ⇀ u0
em H01 (Ω), um número k ∈ N, e além disso, para cada i ∈ {1, 2, . . . , k},
uma sequência de valores (Rji )j∈N ⊂ R+ , pontos (xij )j∈N ⊂ Ω e uma função
não-negativa vi ∈ D1,2 (R4 ) satisfazendo
" k
!#
X
− a + b ku0 k2 + kvi k2D1,2 (R4 ) ∆u0 = λuq0 + µu30 , em Ω, (3.2)
i=1
" k
!#
X
− a + b ku0 k2 + kvl k2D1,2 (R4 ) ∆vi = µvi3 , em R4 , (3.3)
l=1
k
X
2
• kuj k = ku0 k + 2
kvi k2D1,2 (R4 ) + o(1)
i=1
e
k
• Iλ,µ (uj ) = I˜λ,µ (u0 ) + I˜λ,µ
X
∞
(vi ) + o(1),
i=1
(3.5)
70
Notamos que (3.2), a equação para o limite fraco u0 de uj , depende da
informação não-local de todas as “bolhas”
k
X
b kvi k2D1,2 (R4 ) .
i=1
Isto garante que se b > 0 e (uj ) não possui uma subsequência que converge
forte em H01 (Ω), então o limite fraco u0 de uj nunca será um ponto crı́tico
de Iλ,µ . Isto é diferente do caso b = 0. Também enfatizamos que em vista de
(3.4), a “energia” do limite fraco u0 tem o termo misto
k
!
b X
kvi k2D1,2 (R4 ) ku0 k2 .
4 i=1
3.2 O caso q = 1
Lema 3.5. Sejam a, b, λ, µ > 0 com λ < aλ1 e µ > bS 2 . Então, I é (P S)d
para
(aS)2
d< .
4(µ − bS 2 )
71
Demonstração. Considere (uj ) ⊂ H01 (Ω) uma sequência (P S)d para I com
(aS)2
d< .
4(µ − bS 2 )
Inicialmente, afirmamos que (uj ) é limitada em H01 (Ω). De fato, como
I(uj ) → d, da definição de I e da desigualdade de Poincaré, obtemos
1 1
d + 1 ≥ I(uj ) − I ′ (uj )uj + I ′ (uj )uj
4 4Z
a b λ µ
Z
2 4 2
= kuj k + kuj k − (uj )+ dx − (uj )4+ dx
2 4 2 Ω 4 Ω
a b λ µ
Z Z
2 4 2 4
− kuj k + kuj k − (uj )+ dx − (uj )+ dx
4 4 4 Ω 4 Ω
1
+ I ′ (uj )uj
4
a λ 1
Z
2
= kuj k − (uj )2+ dx + I ′ (uj )uj
4 4 Ω 4
a aλ 1
≥ kuj k2 − kuj k2 + I ′ (uj )uj
4 4aλ1 4
a λ
≥ 1− kuj k2 − kuj k,
4 aλ1
para n ∈ N suficientemente grande. Como λ < aλ1 , segue que (uj ) é limitada.
Agora, suponhamos por absurdo que não possamos extrair uma sub-
sequência de (uj ) que converge fortemente em H01 (Ω). Logo, pela Propo-
sição 3.4, existem uma função não-negativa u0 ∈ H01 (Ω) tal que uj ⇀ u0
em H01 (Ω), um número k ∈ N, e além disso, para cada i ∈ {1, 2, . . . , k},
uma sequência de valores (Rji )j∈N ⊂ R+ , pontos (xij )j∈N ⊂ Ω e uma função
não-negativa vi ∈ D1,2 (R4 ) satisfazendo (3.2) e (3.3) tal que, passando a uma
subsequência, é válido
k
˜ 0) + I˜∞ (vi ) + o(1),
X
I(uj ) = I(u (3.6)
i=1
72
Primeiramente, mostraremos (3.7). De (3.2) (com q = 1) e escrevendo
k
X
2
A = ku0 k + kvi k2D1,2 (R4 ) ,
i=1
obtemos
Z Z Z
(a + bA) ∇u0 · ∇h dx = λ u0 h dx + µ u30 h dx, ∀ h ∈ H01 (Ω).
Ω Ω Ω
Como λ < aλ1 , segue que (3.7) é válido. Vamos agora demonstrar (3.8). De
(3.3), analogamente ao que fizemos acima para (3.2), obtemos
Z
2
(a + bA)kvi kD1,2 (R4 ) − µ vi4 dx = 0. (3.10)
R4
73
Assim, de (3.10) e da imersão contı́nua D1,2 (R4 ) ֒→ L4 (R4 ), segue que
Z
2
0 = (a + bA)kvi kD1,2 (R4 ) − µ vi4 dx
R4
k
!
X
≥ akvi k2D1,2 (R4 ) + b ku0 k2 + kvl k2D1,2 (R4 ) kvi k2D1,2 (R4 )
l=1
−2
−µS kvi k4D1,2 (R4 )
≥ akvi k2D1,2 (R4 ) + b ku0 k + 2
kvi k2D1,2 (R4 ) kvi k2D1,2 (R4 )
−µS −2 kvi k4D1,2 (R4 )
≥ akvi k2D1,2 (R4 ) + bkvi k4D1,2 (R4 ) − µS −2 kvi k4D1,2 (R4 )
≥ akvi k2D1,2 (R4 ) − S −2 (µ − bS 2 )kvi k4D1,2 (R4 ) .
d = lim I(uj )
j→∞
k
˜ 0) + I˜∞ (vl )
X
= I(u
l=1
˜ 0 ) + I˜∞ (vi )
≥ I(u
(aS)2
≥ ,
4(µ − bS 2 )
74
um absurdo. Portanto, (uj ) possui uma subsequência que converge forte em
H01 (Ω), ou seja, I é (P S)d , desde que
(aS)2
d< .
4(µ − bS 2 )
(aS)2
sup I(tvε ) < ,
t≥0 4(µ − bS 2 )
Lema 3.7. Sejam a, b, λ, µ > 0 com λ < aλ1 e µ > bS 2 . Então o funcional
I satisfaz a geometria do passo da montanha. Mais precisamente:
(a) Existem constantes α, ρ > 0 tal que I(u) ≥ α para todo u ∈ H01 (Ω) com
kuk = ρ,
(b) Existe uma função e0 ∈ H01 (Ω) tal que ke0 k > ρ e I(e0 ) ≤ 0.
a b λ µ
Z Z
2 4 2
I(u) ≥ kuk + kuk − u dx − u4 dx
2 4 2 Ω 4 Ω
a b λ µ
≥ kuk2 + kuk4 − kuk2 − 2 kuk4
2 4 2λ1 4S
a λ 1
kuk2 − 2 µ − bS 2 kuk4
= 1−
2 aλ1 4S
a λ 1
ρ2 − 2 µ − bS 2 ρ4 .
= 1−
2 aλ1 4S
76
Como λ < aλ1 , segue a validade de (a). Agora verificaremos a validade de
(b). Suponha ε ∈ (0, ε1 ) e t ≥ 0, onde ε1 > 0 é dado como no Lema 3.6,
diminuindo se necessário. Utilizando (3.13), obtemos
at2 bt4 λt2 µt4
Z Z
2 4 2
I(tvε ) = kvε k + kvε k − vε dx − vε4 dx
2 4 2 Ω 4 Ω
2 4 4
at bt µt
≤ kvε k2 + kvε k4 −
2 4 4
a(S + O(ε2 )) 2 (µ − bS 2 + O(ε2 )) 4
= t − t
2 4
aS 2 aO(ε2 )) 2 (µ − bS 2 ) 4 O(ε2 ) 4
= t + t − t − t
2 2 4 4
(µ − bS 2 ) 4
≤ aSt2 − t,
8
onde para a última desigualdade usamos a hipótese µ > bS 2 . Segue da
desigualdade acima que I(tvε ) → −∞ quando t → ∞. Assim, escolha t0 > 0
suficientemente grande e tome e0 = t0 vε . Portanto, temos uma função e0 ∈
H01 (Ω) que satisfaz a condição (b).
Prova do Teorema 3.1. Como o Lema 3.7 garante que a geometria do passo
da montanha é satisfeita, definimos
Γ = γ ∈ C [0, 1], H01 (Ω) |γ(0) = 0, γ(1) = e0
e
c = inf max I(u) > 0.
γ∈Γ u∈γ([0,1])
77
Por outro lado, como 0 < λ < aλ1 e µ ≤ bS 2 , segue que
λ 1
kuk2 + 2 bS 2 − µ kuk4 = 0,
a 1−
aλ1 S
Daı́, u = 0. Logo, devemos ter µ > bS 2 e a demonstração está completa.
Então, para quase todo ν ∈ J, existe uma sequência (uj ) ⊂ X tal que
78
1. (uj ) é limitada;
2. Iν (uj ) → cν ;
3. Iν′ (uj ) → 0 em X ′ .
Com a ajuda do Teorema 3.8, podemos obter sequências (P S) limitadas
para Iν para quase todo ν ∈ (δ, 1]. O próximo lema mostra a compacidade
local para o funcional Iν .
Lema 3.9. Sejam b > 0, µ > 0 e δ ∈ (1/2, 1) satisfazendo
(aS)2
d< ,
4(νµ − bS 2 )
a menos de subsequência, temos que (uj ) converge fortemente em H01 (Ω) .
Observação 3.6. Aqui usamos a hipótese µ < 2bS 2 , que é um ponto dife-
rente do caso q = 1.
Demonstração. Suponha, por contradição, que não possamos extrair uma
subsequência de (uj ) que converge fortemente em H01 (Ω). Portanto, analo-
gamente ao Lema 3.5, existe uma função não-negativa u0 ∈ H01 (Ω) tal que
uj ⇀ u0 , um número k ∈ N, e além disso, para cada i ∈ {1, 2, . . . , k},
uma sequência de valores (Rji )j∈N ⊂ R+ , pontos (xij )n∈N ⊂ Ω e uma função
não-negativa vi ∈ D1,2 (R4 ) satisfazendo
" k
!#
X
− a + b ku0 k2 + kvl k2D1,2 (R4 ) ∆vi = νµvi3 , em R4 , (3.14)
l=1
79
onde o(1) → 0, quando j → ∞, e definimos
" k
!#
a b νλ
Z
˜
X
Iν (u0 ) = + 2
ku0 k + 2
kvi kD1,2 (R4 ) 2
ku0 k − uq+1
0 dx
2 4 i=1
q + 1 Ω
νµ
Z
− u4 dx,
4 Ω 0
" k
!#
a b νµ
Z
I˜ν∞ (vi ) =
X
2
+ ku0 k + kvl k2D1,2 (R4 ) kvi k2D1,2 (R4 ) − vi4 dx.
2 4 l=1
4 R4
(3.16)
Observe inicialmente que, como 1 < q < 3, não é óbvio que a desigualdade
I˜ν (u0 ) ≥ 0
(aS)2 abS 2
I˜ν∞ (vi ) ≥ 2
+ 2
ku0 k2 , (3.17)
4(νµ − bS ) 4(νµ − bS )
80
para todo i ∈ {1, 2, . . . , k}. Como
δ < ν ≤ 1 ⇒ bS 2 < µδ ≤ µν ⇒ νµ − bS 2 > 0,
deduzimos que
(a + bku0 k2 )S 2
kvi k2D1,2 (R4 ) ≥ . (3.19)
νµ − bS 2
Logo, de (3.16), (3.18), (3.19), e escrevendo
k
X
2
A = ku0 k + kvl k2D1,2 (R4 ) ,
l=1
obtemos
1
Z
˜∞ ˜∞
Iν (vi ) = Iν (vi ) − 2
(a + bA)kvi kD1,2 (R4 ) − νµ 4
vi dx
4 R4
a b νµ
Z
2
= + A kvi kD1,2 (R4 ) − v 4 dx
2 4 4 R4 i
a b νµ
Z
2 4
− + A kvi kD1,2 (R4 ) − v dx
4 4 4 R4 i
a (a + bku0 k2 )S 2
≥ ·
4 νµ − bS 2
(aS)2 abS 2
= 2
+ 2
ku0 k2 ,
4(νµ − bS ) 4(νµ − bS )
para todo i ∈ {1, 2, . . . , k}, o que mostra (3.17). Utilizaremos (3.19), observe
que
k
!
a b
I˜ν (u0 ) =
X
ku0 k2 + ku0 k2 + kvl k2D1,2 (R4 ) ku0 k2
2 4 l=1
νλ νµ
Z Z
q+1
− u dx − u4 dx
q+1 Ω 0 4 Ω 0
a b b
≥ ku0 k2 + ku0 k4 + ku0 k2 kvi k2D1,2 (R4 )
2 Z 4 4 Z
νλ νµ
− uq+1
0 dx − u4 dx
q+1 Ω 4 Ω 0
aS 2 bS 2
a 2 b 4 b 2 4
≥ ku0 k + ku0 k + ku0 k + ku0 k
2 4 4 νµ − bS 2 νµ − bS 2
νλ νµ
− (q+1)/2
ku0 kq+1 − 2 ku0 k4
(q + 1)Sq+1 4S
81
bS 2 b2 S 2
1 2 b νµ
= a + ku0 k + + − ku0 k4
2 4(νµ − bS 2 ) 4 4(νµ − bS 2 ) 4S 2
νλ
− (q+1)/2
ku0 kq+1
(q + 1)Sq+1
bS 2 νµ(2bS 2 − νµ)
1 2
= a + ku 0 k + ku0 k4
2 4(νµ − bS 2 ) 4S 2 (νµ − bS 2 )
νλ
− (q+1)/2
ku0 kq+1 . (3.20)
(q + 1)Sq+1
d = lim Iν (uj )
j→∞
k
= I˜ν (u0 ) + I˜ν∞ (vl )
X
l=1
82
segue que
(aS)2 aµ 2 µ(2bS 2 − µ)
d ≥ + ku 0 k + ku0 k4
4(νµ − bS 2 ) 2(µ − bS 2 ) 4S 2 (µ − bS 2 )
λ
− (q+1)/2
ku0 kq+1 .
(q + 1)Sq+1
83
Se (C3 ) vale: Sabemos que
(aS)2 aµ
d ≥ + ku0 k2 + K2 ku0 k4 − λK3 ku0 kq+1
4(νµ − bS ) 2(µ − bS 2 )
2
(aS)2 aµ
≥ + ku0 k2 − λK3 ku0 kq+1 .
4(νµ − bS ) 2(µ − bS 2 )
2
(aS)2
d≥ ,
4(νµ − bS 2 )
uma contradição. Logo, (uj ) possui uma subsequência que converge forte-
mente em H01 (Ω).
Neste caso, sendo ν ∈ (δ, 1], existe uma constante ε2 > 0 tal que
(aS)2
sup Iν (tvε ) < , ∀ε ∈ (0, ε2 ),
t≥0 4(νµ − bS 2 )
84
Demonstração. Primeiramente, afirmamos que
Z
vεq+1 dx = α2 ε3−q + O(ε2 ), ε → 0,
Ω
onde α2 é alguma constante (veja Apêndice B). Daı́, utilizando (3.13), obte-
mos
at2 bt4 νλtq+1 νµt4
Z Z
2 4 q+1
Iν (tvε ) = kvε k + kvε k − vε dx − vε4 dx
2 4 q+1 Ω 4 Ω
2 2 2
a(S + O(ε )) 2 b(S + O(ε )) 4
= t + t − C(α2 ε3−q + O(ε2 ))tq+1
2 4
νµ 4
− t
4
a(S + O(ε2 )) 2 (νµ − bS 2 + O(ε2 )) 4
= t − t − C(α2 ε3−q + O(ε2 ))tq+1 .
2 4
Considere a função real
Portanto, disso e dos cálculos acima feitos para Iν (tvε ), existe uma constante
ε2 > 0 suficientemente pequena e constantes 0 < τ0 < T0 tais que se ε ∈
(0, ε2 ), então
(aS)2
Iν (tvε ) < ,
8(νµ − bS 2 )
para todo 0 ≤ t ≤ τ0 e todo t ≥ T0 . Desse modo, consideraremos apenas
t ∈ (τ0 , T0 ). Nesse caso, temos que
aS 2 (νµ − bS 2 ) 4
Iν (tvε ) ≤ t − t − Cα2 ε3−q + O(ε2 )
2 4
(aS)2
≤ − Cα2 ε3−q + O(ε2 ),
4(νµ − bS 2 )
para alguma constante C > 0 que não depende de ε ∈ (0, ε2 ). Então, como
1 < q < 3, tomando ε2 > 0 menor se necessário, concluı́mos que
(aS)2
sup Iν (tvε ) < ,
t≥0 4(νµ − bS 2 )
85
Vamos então finalmente demonstrar o Teorema 3.2.
Prova do Teorema 3.2. Sejam b, µ > 0 satisfazendo
bS 2
< µ < 2bS 2 ,
δ
para algum δ ∈ (1/2, 1). Suponha que ν ∈ (δ, 1] e que uma das hipóteses
(C1 ), (C2 ) e (C3 ) do Lema 3.9 seja válida. Para usar o Teorema 3.8, devemos
mostrar a geometria do passo da montanha do funcional Iν , a qual deve ser
independente de ν ∈ (δ, 1]. Para fazer isto, primeiramente suponha ρ > 0 e
tome u ∈ H01 (Ω) com kuk = ρ. Como ν ≤ 1, as imersões H01 (Ω) ֒→ Lq+1 (Ω)
e H01 (Ω) ֒→ L4 (Ω) acarretam
a b νλ νµ
Z Z
2 4 q+1
Iν (u) = kuk + kuk − u+ dx − u4+ dx
2 4 q+1 Ω 4 Ω
a b λ µ
Z Z
2 4 q+1
≥ kuk + kuk − u dx − u4 dx
2 4 q+1 Ω + 4 Ω +
a b λ µ
Z Z
2 4 q+1
≥ kuk + kuk − |u| dx − |u|4 dx
2 4 q+1 Ω 4 Ω
a b λ µ
≥ kuk2 + kuk4 − (q+1)/2
kukq+1 − 2 kuk4
2 4 (q + 1)Sq+1 4S
a λ (µ − bS 2 )
= kuk2 − (q+1)/2
kuk q+1
− 2
kuk4
2 (q + 1)Sq+1 4S
a 2 λ q+1 (µ − bS 2 ) 4
= ρ − (q+1)/2
ρ − ρ.
2 (q + 1)Sq+1 4S 2
e
cν = inf max Iν (u).
γ∈Γ u∈γ([0,1])
Observe que de (3.21), temos que cν > 0 para todo ν ∈ (δ, 1]. Consequen-
temente, utilizando o Teorema 3.8, obtemos uma sequência (P S)cν limitada
do funcional Iν , para quase todo ν ∈ (δ, 1]. Além disso, dos lemas 3.9 e 3.10,
e da definição de cν , a menos de subsequência, uma tal sequência converge
fortemente para alguma função não-trivial em H01 (Ω). Logo, o funcional Iν
tem um ponto crı́tico não-trivial, para quase todo ν ∈ (δ, 1]. Tomemos uma
sequência crescente (νj ) ⊂ (δ, 1] tal que νj → 1, quando j → ∞, e Iνj tendo
um ponto crı́tico não-trivial uj com seu valor crı́tico cνj . Observe que da
continuidade, cνj → c1 , quando j → ∞ (vide [12]). Então,
λ µ
Z Z
q+1 4
I1 (uj ) = Iνj (uj ) + (νj − 1) (uj )+ dx − (uj )+ dx
q+1 Ω 4 Ω
= c1 + o(1),
onde o(1) → 0, quando j → ∞. Analogamente,
I1′ (uj ) = Iν′ j (uj ) + o(1) = o(1),
87
Enunciaremos agora uma importante proposição que foi enunciada pri-
meiramente por Pohozaev [28] e uma demonstração pode ser encontrada em
[6].
Proposição 3.11 (Identidade de Pohozaev). Seja f : R → R uma função
contı́nua e considere Z t
F (t) = f (s) ds.
0
problema
−∆u = f (u) em Ω,
u = 0 sobre ∂Ω,
então
2
N −2 ∂u
Z Z Z
2
|∇u| dx − N F (u) dx = − ̺(x) · x dσ,
2 Ω Ω ∂Ω ∂̺
onde ̺(x) denota o normal exterior de ∂Ω em x.
Mostraremos agora que sob a hipótese de que Ω seja estritamente es-
trelado, podemos assegurar a limitação da sequência de soluções (uj ) na
demonstração do Teorema 3.2.
Prova do Teorema 3.3. Suponha Ω ⊂ R4 é estritamente estrelado e tome
uma sequência de valores (νj ) ⊂ (δ, 1] e soluções correspondentes (uj ) ⊂
H01 (Ω) como na demonstração do Teorema 3.1. Nosso objetivo é mostrar que
(uj ) é limitada em H01 (Ω). Argumentaremos por contradição. Suponha que
kuj k → ∞, j → ∞.
Defina
uj
wj = .
kuj k
Então, wj ≥ 0, kwj k = 1 e, consequentemente, a menos de subsequência,
existe uma função não-negativa w0 ∈ H01 (Ω) tal que wj ⇀ w0 em H01 (Ω).
Note que wj satisfaz
Z
a νj λ
Z Z
q
+b ∇wj · ∇h dx = wj h dx + νj µ wj3 h dx, (3.22)
kuj k2 Ω ku j k 3−q
Ω Ω
88
para todo h ∈ H01 (Ω). Como Ω é estritamente estrelado, pela Proposição 3.11,
obtemos que w0 = 0. Além disso, utilizando o argumento para a descrição de
sequências (P S) em Struwe [30], concluı́mos que existe um número k ∈ N tal
que, para todo i ∈ {1, . . . , k}, existe uma sequência de valores (Rji )j∈N ⊂ R+ ,
pontos (xij )j∈N ⊂ Ω com
89
Apêndice A
onde Z t
H(x, t) = h(x, s) ds, , ∀x ∈ Ω, t ∈ R,
0
90
• O funcional Jh é Gâteaux-diferenciável.
Observe que
Z
Jh (u + tv) − Jh (u) = H(x, u(x) + tv(x)) − H(x, u(x)) dx.
Ω
Logo,
onde
Assim,
H(x, u(x) + tv(x)) − H(x, u(x))
= h(x, θx (t))v(x),
t
implicando que
91
onde t0 ∈ R . Logo,
H(x, u(x) + tv(x)) − H(x, u(x))
≤ a|v(x)| + 2s b|u(x)|s |v(x)| + 2s b|t0 |s |v(x)|s+1
t
≤ C(|v(x)| + |u(x)|s |v(x)| + |v(x)|s+1 ).
Pelas imersões contı́nuas de Sobolev, temos que |v| ∈ L1 (Ω). Como |u|s ∈
s+1
L s (Ω) e |v| ∈ Ls+1 (Ω), temos por Hölder que |u|s |v| ∈ L1 (Ω). Analoga-
mente, concluı́mos que |v|s+1 ∈ L1 (Ω). Assim, existe g ∈ L1 (Ω) tal que
Devemos mostrar que se (uk ) é uma sequência em H01 (Ω) e u ∈ H01 (Ω) são
tais que
uk → u em H01 (Ω), k → ∞,
então
(Jh′ )G (uk ) → (Jh′ )G (u) em [H01 (Ω)]′ , k → ∞.
92
Observe que
Z
|[(Jh′ )G (uk ) − (Jh′ )G (u)]v| ≤ |h(x, uk ) − h(x, u)||v| dx
Ω
Como
s+1
v ∈ Ls+1 (Ω) e h(·, uk ) − h(·, u) ∈ L s (Ω),
concluı́mos utilizando a desigualdade de Hölder e a imersão contı́nua de So-
bolev que
mostrando que
Além disso,
s+1
|h(x, uk )| ≤ a + b|uk |s ≤ a + bws ∈ L s (Ω), ∀k.
93
Afirmação 1: O funcional energia I considerado no Capı́tulo 2
pertence a C 1 (H01 (Ω)) e satisfaz
Z Z Z
I (u)v = (a+bkuk ) ∇u·∇v dx−µ g(x, u)v dx− u5+ v dx, u, v ∈ H01 (Ω).
′ 2
Ω Ω Ω
De fato,
a b 1
Z Z
I(u) = kuk2 + kuk4 − µ G(x, u) dx − u6+ dx, u ∈ H01 (Ω),
2 4 Ω 6 Ω
onde Z t
G(x, t) = g(x, k) dk.
0
Ou seja,
I(u) = ψ1 (u) − µψ2 (u) − ψ3 (u), u ∈ H01 (Ω),
onde
a b 1
Z Z
ψ1 (u) = kuk2 + kuk4 , ψ2 (u) = G(x, u) dx e ψ3 (u) = u6+ dx.
2 4 Ω 6 Ω
g1 (x, t) = t5+ , ∀x ∈ Ω, t ∈ R,
como N = 3,
94
como querı́amos demonstrar.
kuk2
Z
′ 2 b 4 ′
Jµ (u)v = a + bkuk ΦT (u) + kuk ψ ∇u · ∇v dx −
2T 2 T2 Ω
Z Z
−µ g(x, u)v dx − u5+ v dx, u, v ∈ H01 (Ω).
Ω Ω
De fato,
a b 1
Z Z
2 4
Jµ (u) = kuk + kuk ΦT (u) − µ G(x, u) dx − u6+ dx, u ∈ H01 (Ω),
2 4 Ω 6 Ω
2
onde ΦT (u) = ψ kuk
T2
, sendo ψ : [0, ∞) → R uma certa função suave. Ou
seja,
Jµ (u) = ϕ1 (u) + ϕ2 (u), u ∈ H01 (Ω),
onde
b a 1
Z Z
ϕ1 (u) = kuk4 ΦT (u), e ϕ2 (u) = kuk2 − µ G(x, u) dx − u6+ dx.
4 2 Ω 6 Ω
kuk2
Z
′ 2 b 4 ′
ϕ1 (u)v = bkuk ΦT (u) + 2
kuk ψ 2
∇u·∇vdx, ∀u, v ∈ H01 (Ω).
2T T Ω
Além disso, como já vimos no caso anterior, temos que ϕ2 ∈ C 1 (H01 (Ω)) com
Z Z Z
ϕ2 (u)v = a ∇u · ∇v dx − µ g(x, u)v dx − u5+ v dx, ∀u, v ∈ H01 (Ω).
′
Ω Ω Ω
kuk2
Z
′ 2 b 4 ′
Jµ (u)v = a + bkuk ΦT (u) + kuk ψ ∇u · ∇v dx −
2T 2 T2 Ω
Z Z
−µ g(x, u)v dx − u5+ v dx, u, v ∈ H01 (Ω).
Ω Ω
95
Afirmação 3: Os funcionais energia Iλ,µ e Iλ,µ,ν considerados no
Capı́tulo 3 pertencem a C 1 (H01 (Ω)) e satisfazem
Z Z Z
q
Iλ,µ (u)v = (a+bkuk ) ∇u·∇v dx−λ u+ v dx−µ u3+ v dx, u, v ∈ H01 (Ω),
′ 2
Ω Ω Ω
e
Z Z Z
′ q
Iλ,µ,ν (u)v = (a+bkuk ) ∇u·∇v dx−νλ u+ v dx−νµ u3+ v dx, u, v ∈ H01 (Ω).
2
Ω Ω Ω
Ou seja,
I(u) = ψ1 (u) − λψ4 (u) − µψ5 (u), u ∈ H01 (Ω),
onde
a b 1 1
Z Z
ψ1 (u) = kuk2 + kuk4 , ψ4 (u) = uq+1
+ dx e ψ5 (u) = u4+ dx.
2 4 q+1 Ω 4 Ω
Definindo
g2 (x, t) = tq+ , ∀x ∈ Ω, t ∈ R,
e
g3 (x, t) = t3+ , ∀x ∈ Ω, t ∈ R,
como N = 4 e 1 ≤ q < 3,
|g2 (x, t)| ≤ |t|q e |g3 (x, t)| ≤ |t|3 , ∀x ∈ Ω, t ∈ R,
tomando h = g2 e h = g3 em (A.1), concluı́mos que ψ4 , ψ5 ∈ C 1 (H01 (Ω)) com
Z Z
′ q ′
ψ4 (u)v = u+ v dx e ψ5 (u)v = u3+ v dx, ∀u, v ∈ H01 (Ω).
Ω Ω
96
Apêndice B
Mostraremos que
Z
vεq+1 dx = αε3−q + O(ε2 ), ε → 0,
Ω
Temos
τ (x)q+1
Z Z
q+1 q+1
|uε | dx = ε 2 2 q+1
dx
Ω Ω (ε + |x| )
τ (x)q+1 − 1 1
Z Z
q+1 q+1
= ε 2 2 q+1
dx + ε 2 2 q+1
dx.
Ω (ε + |x| ) Ω (ε + |x| )
Afirmamos que
τ (x)q+1 − 1
Z
q+1
ε dx = O(ε2 ), ε → 0.
Ω (ε2 + |x|2 )q+1
97
De fato, seja a bola Br1 = Br1 (0) ⊂ Ω tal que τ = 1 em Br1 . Então,
τ (x)q+1 − 1
Z
2 2 q+1
dx = 0.
Br1 (ε + |x| )
τ (x)q+1 − 1 |τ (x)q+1 − 1|
Z Z
q+1 2
ε dx ≤ ε dx
Ω\Br1 (ε2 + |x|2 )q+1 Ω\Br1 (ε2 + |x|2 )q+1
1
Z
≤ ε2 dx
Ω\Br1 |x|2(q+1)
2
= Kε ,
Ou seja,
1
Z
q+1
ε dx = O(ε2 ), ε → 0.
RN \Ω (ε2 + |x|2 )q+1
98
Por conseguinte,
1
Z Z
q+1 2 q+1
|uε | dx = O(ε ) + ε dx, ε → 0.
Ω RN (ε2 + |x|2 )q+1
onde
1
Z
q+1 dx = M < ∞.
RN 1 + |y|2
Assim,
Z
uq+1
ε dx
M ε3−q + O(ε2 )
Z
q+1 Ω
vε dx = Z (q+1)/4 = Z (q+1)/4 , ε → 0.
Ω 4 4
uε dx uε dx
Ω Ω
M ε3−q + O(ε2 ) M
Z
vεq+1 dx ≤ q+1 = q+1 ε
3−q
+ O(ε2 ).
Ω (M )′ 4 ′
(M ) 4
Daı́, Z
vεq+1 dx = αε3−q + O(ǫ2 ), ε → 0,
Ω
onde α > 0 é constante.
99
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