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A NOVA HISTORIA ANOVA HISTORIA Dirigida por Jacques Le Goff e Roger Chartier Jacques Revel ALMEDINA “COIMBRA 18 F, Furet © J, Le Goff. «lHomme sauvage et Homme quotidien», in Mélarges en Dhonneur de Fernand Braudel, Toulouse, Privat, 1973, pp. 227-244, E-LeRoy Ladunte: le Terrtotre de Thstorien, . 1 (Paris, Gallimard, 1973), \W(Paris, Gallimard, 1978). J. Le Goffe P. Nora: Faire de histoire, 3 vol Paris, Gallimard, 1974). Trabalos que stam a histria nova no conto da produc Mitrice dosnt aos nero de Nowe Crigue did por F. Hicker © A essanov Augourdnshroire (Parks Editon Secale) Werigualment obra cocina: Einologie et Histo (Sank Edttons Socal 197) Sarde Palade store (Pars, A. Clin, 1968). 1. GlenssonVingreny ant de reterche historique en France (19401965), vol (Pars, 1965 [New Trends in History (Coléquio de Prinoeton, Estados-Unidos, 1968). M. Ballard: New Movements in the Study and Teaching of Blistory (Lon- dres, M. Temple Smith, 1970), E-Gilberte'S. R. Grauibanl: Historical Studies Today (New York, W. W, Norton, 1972) L. Allegra eA. Torre; La nascité della storia soziale in Francia della Comune alle «Annales» (Tari, Einaudi, 1977, Destacamos duas obras no conformistase que diferem uma da outra, 41. Chesneaux: Du passé faisons table rase? (Pars, F. Masper0, 1976). Nesta obra, ¢ autor Contesta a justo titulo facto de alguns autores recusa- rem a histéria em nome de uma ideologia libertiria que situa 0 peso do pasado n0 nlimero dos instrumentos do poder das lasses dominantese na {Qual sublinha a novessidade de delinir carrectamente os problemas pragas fo conkecimento do passado; mas apela para uma pratica revoluciondria da historia que derruba toda a visio cientiiea da historia, confunde historia viva com historia pensada ¢ establecerelagdes ambiguas entre os histo- adores e os povos em luta: um facto que a reninia do historiador a0 ‘Seu oficio the Taz correr © risco de fazer a pior utlizacto ideoldgica da historia. Tem, todavia, o mérito de levantar 0 problema da relaglo entre a produgio historicae a socledade que a produ. . Veyne: Comment on écrit Uhstoire. Essai dépistémologie (Paris, Le Seuil 191). (bra ineomoda, de ums cultura desencorajadora, cintlante de inelgéncia € de formulas, que confere 20 seu autor um lugar sipartee que revela relagdes ‘complexas com a historia nova. Se a recusa do dogmatismo (sobretudo mmarxista) ¢ do determinismo vulgar, se a defesa de uma histéria que absorve sociologia e antropologiaindicam tendéncias profundas da historia ova, em compensacio 2 nogao ambigua de intriga, a predleewio pela cexplicaglo de tipo psicol6gico,o recurso privilegiado as nodes e 30 Voom blir floséfico, uma fobia do econdmico em si mesmo evocam um dis- {curso subjacente’de'tipo tradicional. Mas foi esta obra que imps Paul ‘Veyne como um dos raros historadores epistemélogos. = ACONTECIMENTO, pics, .24, 421.028 85, 950181 8 Drange ee» eno — nero io — a Depa ces meena en — Sites ake sense PO am srk oma i de Ani co i Lae nd fog ra ene grave da inc omnes HS Ses goa srs cata Seas tases sar prc, eon, cone eine hin ee Hk sae gis cot dco gorau detain ce aad) ee near ioe rae emcee te eae colette no seem gaat anh pi. 3 clon cen, Cote oun aon FR fp impresario Cede SEES OR OR iar < com, pl ss den ane ci oreo mers ogg no or AA histéria dos acontecimentos ¢ fundamentalmente a histéria politica, durant largo tempo votada exclisivamente h narrasdo descriva epsicols ‘ica, ndo analitica, ej no seu atigo de 1903, Simiand denunciava o «idolo pollico» a0 lado’ do idolo individual © do idolo eronol6gica. Assim se explic, sem davida, que desde o inicio dos «Anate» facto politica tenka estado ausente das’ preocupagées desta revista Esta elisto © ainda: hoje notével na produsio historca da vanguarda (mesmo que a historia politica Continue provavelmente maioritaria na produgao universitaria global), Mas existe tammbem um acontecimento social um acontecimento eeonomnico, Um (Parks PLE 1888p 80) Fh dn Cai PA scontecimento cultural sos quss a nov histria opts o su interes pelos ‘iNernon pos csigos de Butuagdo (a conjuntura)e, de modo mais mar ante, plas esruturas de longa dura. Fm #0 Mediterraneo.» (1949), "Brae! fa de uma dura as dhmensde: um tempo quase estat falque ¢aquele em que se organzam as relages do omen com © mel: tim tempo snimado por longos movimentos rimades, 0 das economiss © ‘iss socedades, finalmente, 0 tempo do. acontecmente, 0 tempo curt, ‘Coma aptagio de supericey que so adgute sentido quando reacionado om a dalética dos tempos pofundos, Menos de rm dcénio mats tarde, siege comida ental hen an Easton em {ongo adguire para cle um duplo priviegio: 0 do ponte de vita (perate lima melhor observagdo dos fendmenos de mass) © ¢ da operavalade {pode transformarse'no elo de um didlogo entre as céncan humana). ‘ffodaneasigneativa que € provaveimente earactersics de toda uma hi {oriograliapreocupads.com & consrugio de modelos, com a identiteaco Ge continuidades € pouco tena, no undo, pelt anise das modiieagoes Ferd oacontecimento desaparecido do horizonte dos histriaderes? Sem davida que ndo, na medida em que a nova histriassty, no que le tom de cosencial sobre o pensamento contemporineo, ni medida tarmber fr que'a abordagem haoriea do police (urante mito Tempo figura privgiada no. imbito do acontecmento, conforme dsemos) tende & Fenovar-seinpirandose nas preoeupagdes © nos métodcs da historia sei bu da antropologa. Mas 0 que aconiceeu fundamenalmente Toi que. SEontecineto igo de set ce feo et aot Cone et disso coneinca, P. Nora dedcouse recenemente & anise dese «Tepes0 do scontecinenow gn carttenra a socedadescontemporinease: +A hs {ona conterporinea vin morte 9 acontecimento «natal» onde ¢ podia idealmente permtar uma informagao por um lato ea entrimos no fe mado da inflagdo dos acontecimenteseYernos que, a bemou a ral inegrar Cit ila rama da oa etic gta. Mulia, des tnedidamente exagerado pelos meos de comunicagdo que o produzem®:& no Tometments aoe per dea magid e ascdade ts qual ee desmpenha 0 papel de memériac Je mit. Analsar 0 acone- ‘Gmnento contempordneo, x sv esrfra ¢ of seus Mecanismo, agulo que tek se integra Ge signficaglo socal dexara de ser endo a tnlerrogagto SGbre uma Trana do tempo histrico mas sea, sim, ear 0 funcions- tnento de uma secedade saves das representagées paras € deformadas {ue ela prod por’ propria JR Bhim: Var li dos texts cdo, alga orienta Commnatons (a 1 1972 rion speciale «L-extuement»); Eon fa Rumer dros (ars Ls Sel, 1989) Di, Malddr, Robin: «Du spesace au mur de TWGemen Chart, Mal 1968en nies E5°C (3 1916, pp 552588), ‘hod. Toa fe Pretec PEsenemen Para Haye, Novton, 1973); 5S GiitisBbenemen, technique danas de Factual (861. ACULTURAGAO, rissa a7 50.580 Tendo surgido nos eseritos de antropélogos nort-americanos no final do ulo passado ma nogdo de sacuituraelo» sb a partir de 1930 comecou a inspira’ estudos importantes em cigncias soviais. Naseida no campo da lntropologi, iia despertar 0 inteesse de um numero czescente de histo ‘adores, paricularmente especialstas da América, da Asia e da Africa ontinente que fornovera os principals exemplos aqui ctados. De inicio, esta nogdo teve que combater 2 propria tradigio da antropologia| Srobretide, que oe depprender da etcola dfusionista, Habstwadns a eons Serar como estaticas as +sociedades radicionais», a maior parte dos antro- Dologos tinhaen uma concepeao neyativa de tudo 0 que fosse mudangs fssimiando mudanga e destrigzo, evolugio e desagrepacao, mutagio € “esintegragao, E certo que a definigio. dada pelos dfusionstas, da: nogdo ‘de witeas Clturaisy reabilitava 2 mudanga: o estabelecimento dos «tragos Culturase espeeificos de uma rea e a comparagio das areas levantava recesariamente a questio da dfusdo, de uma area para outra, de determi- fhados tragos cultura respeitantes cultura material ou a criagdes eit fui Alguns (rabalhos desbravavam TetTenos que iriam revelar-se fecun- flow: assim aconteceu coma distinglo operada por C.. Wiser entre ‘cdifusio onganizada, resultado de um conditionalsmo,c dius esponts- ‘nea, assim como a operada mais tarde por A. L. Kroeber entre @«difusio Por contacto» ~ repredugao de um trago cultural sob a forma exacta que tle tinna na sociedade dadora—¢-a wdifusio por estimulagion — repro- ducto, ndo do trago cultural, mas do principio em que ele se baseav CContudo, os difutonistas esforeavarn-te por eaptar este movimento de ‘ora apenas no seu wlerminus ad quem», desprezando o dinamismo e & ‘Complenidade dos processos da mudana: tal eguivalia a considerar que os rages culturais podiam ser lancados de uma cultura para outra como se ‘sam medas de Teno com uma forquilha, © problema 1. se Pee utancamente ue «nog de acta se defini com pr Gato no seo dos anropologos americana ¢ afcanstas. Dando dela Sins deingdo hoje conserada csi, Redd, Linon ¢ Herskovitsm Upesentam aceftragao como sendo 0 teonjunto. des fenémenos que 22S do fat deo gros de indidues de curs deers entra Tem om contacto, como © deto, com ss modicagtes strpdas ns “patcrnsycutras orgias de um ods dow grupos. Ha que distin- 122i acltragig¢ dang coral de que ela ¢ apenas una fea, Sfeamaglo que no € mas que Uma das suas fases_Deveros ainda distin da dfusto que, emborasujaem todos os casos de aura, Sant pode seotec sem que aja contac ene grupos may tab Consul apenas um aspect da aturagion. Os antropoiogs britnicos freteriam expresso ins mbigua de ecoriacto cultura que designava Ein as modalades como o provso eax cansequencas 0 intercimbio ‘Situral Noma seh de aigos considerados Tundamentas, publeados em Gea de 1984 a 19Soe, procurourse dehmitaribe 0 campo e faa de eco, indica metodos de abordagem. De um modo mas strive do Gus o kam feto Linton e Redfly aquees anopologos imitavam & SPisQraguo hs transformagSes das sosodadesaficanas sob a acgio da ACU Peon ee ‘owt antral Sean WD Homi antropnce 1 ie aKvIn ae The Stal of Cire ey cater eaentramy Poe mento do «comércio. legitimo», intervencionismo _desenvolvido das Europeus — Dike ehegou 4 conclusao de que a causaidade externa era 0 factor determinante e dominante na acultragio dis sociedades costeias, Os jf numerosos estudos originados. por esta tesem esforgaranse por , em 1911, «A Terra e a evolo huianaw em 1922, «Luteron fem i928. Mi. Bloch, por sua ver, depos deter defen, em 1935, una ee ‘uaramente cuta, «Reise Servos unt capitulo da storia dow Cape- {osm pubiara em 1924 oa nova bibloteca da Paculade de Letras de 59 Esrasburg) uma das suas obratprimas, «Os Res Taumaturgosn, depois Somara os caminhos de uma histora rural comparada que sera 0 ear cm 19s dos «Caraceres onginas da hata rurlrancsam ota colar, gente histonadores era pose, em Estasburgo, devido & Visage de {im meio intelectual bro sobre o intereanbiointrasepinar. Com lo, fs Universite rcongultadar rabatnsvar adel pedo Hep Bau o'pdiog Chars onde." sonlogo Maurice Halts Gab Le Bras, fundador da socologiarliposa,¢ 0 prupo dos histor Tes que compendia, alzm de Febvre ede Bloch, Ane Piganiol, Chars: ‘Edmond Percin e mais tarde Georges Lelebve. Todos ez, ali, colabora- yam mais ou menos etretamente nos AaB co: pre: nimete fl Publicado em 18d Janero de 925 — SEE Sporn hs tlm mnie se mre ig Habra meron Ug ati aie ot wy a vcmn Fe mn rts ar ANA 36 des de produgio e andlise da sua estrutura cujas caracteristicas fazem inter- Vir factores ou principios nfo. econémicos: insergao destas unidades nos Sistemas economcos c sua articulagdo com os outros sistemas; organizagao dds tracas dos produtos, dos bens © dos prdpros intervenientes (sobretudo fs mulheres), etc. outros tantos problemas partlhados agora por histori dores e antropologos. Lines Valensi Laturas: ‘Van der Pas: Economic Anthropology 1940-1973. An Annotated ‘Biblagraphy (1973), ° - elt. Un domaine contest, Panhropotogte économique (Paris, Mouton, 1974), tn) = Palllowe outros: Anthropologie conomigue,courants et problemes (Paris, F Maspeo. 1976). ANTROPOLOGIA FISICA: ver Corpo ANTROPOLOGIA HISTORICA: veo sigs = pins spits ¢ aa A antropologia historica por André Burguiére Obrigado, pelos grandes acontecimentos que tem que narrar, a feseutar tudo © que no Ihe parece ser de alguma importincia, sé ladmite em cena 0s reis, os ministros, os generais © toda uma classe de homens famosos cujos talentos ou erros, cargos ou intrigas leva- ram a desgraga ou & prosperidade do Estado. Mas nio ¢ capaz de hos apresentar o burgués na sua cidade, o camponés na sua cabana, 6 fidalgo no seu castelo, o Francés, enfim, no meio do seu trabalho, dos seus prazeres, no scio da familia e dos filhos.» Quem assim se exprime sobre as insuficitncias do historiador ndo € Lucien Febvre ‘mas Legrand d'Aussy, contemportineo quase obscuro da época das Iuzes, na adverténcia 8 sua « Historia da vida privada dos Franceses» G vols.) que publica em 1782. Estas poucas linhas referenciam bas- tante bem © campo abandonado pela histéria dos acontecimentos © recentemente recuperado pela investigagZo historica. Na verdade, depois que se constituiu a escola dos Anais, assistimos no ao nas- ‘cimento mas ao renascimento de uma hist6ria antropologica HISTORIA DE UM CONCEITO Quanto a este aspecto, ésignificativa a obra de Legrand d’Aussy: de toda uma projectada histria social dos costumes dos Franceses (as poucas linhas ja citadas sio disso uma prova), apenas conseguiu coneluir a primeira parte, uma «hist6ria da alimentacio (em trés volumes), aliés bastante informada e bastante moderna; & a0 mesmo tempo uma historia dos produtos, das téenicas_e dos comportamen- tos alimentares. O autor segue um plano temético, demonstrando assim uma abordagem mais estrutural que abordagem dos aconte- cimentos. Para ele, a historia dos costumes nao se exprime através de um eneadeamento de fendmenos pitorescos ¢ de inovagdes mas sim por uma constante mistura de comportamentos herdados (¢, por tanto, de permanéncias) © de fendmenos de adaptagio ou de invengao, 38 A antropologia histérica Os precursores No tempo de Legrand d’Aussy, este género de assunto estava ja em vias de desaparecer do campo histérico ou, pelo menos, de passar para timo plano. Desde o final do sculo’ XVit que a cultura eru- dita, principaimente a dos beneditines de Saint-Maur e dos conti- nuadores de Bolland abandona o comentario das fontes relativas as Escrituras em favor da edigdo das fontes piblicas. A administra ‘edo real encorajae facilita este desenvolvimento de uma investigacao cientifiea sobre a histéria do Estado. Casamento duradouro: Estado constitui fundos de arquivos piiblicos que do aos historia- dores os meios para uma investigagio positiva (baseada nas fontes) 8 historiadores concentram a sua atengo nos acontecimentos ¢ engrenagens da vida piblica, Por tiltimo, 0 movimento filos6fico, desenvolve na sua grande maioria uma concepea0 idealistae politica dda sociedade: 0 homem é um animal social cujas determinag6es sio ‘2uiadas por uma necessidade de liberdade, de equidade e de raciona- lidade. A historia das sociedades deve limitar-se & historia da vida publica (historia politica, historia do Estado, historia das diferentes InstituigSes) e das formagées culturais (arte ¢ literatura) na medida fem que 0 homem apenas na vida piblica adquire dimensio social E cesta a concepgdio que inspira tanto «O Espirito das Leis», ¢ 40 Discurso sobre a grandeza e a decadéncia dos Romanos» como 40 Século de Luls XIV», os trabalhos da wEnciclopédia» ou, mais tarde, a obra de um Mablym ou de um Condoresta, Rousseau é um ‘caso parte. Embora o essencial da sua reflexdo histérica (a que & cexpressa no «Contrato Social») se aplique ao universo politico, ele considera a sociedade como uma produco da historia (e uma pro- ddugdo infeliz), endo como a propria substancia da historia. Assim como pressupde uma histéria original, pré-social da humanidade assim também concebe a possibilidade de uma histéria antropolé- gica. Mas, para ele como para Buffon, apenas nos povos sem hists- fia, ou seja, entre os selvagens pode’ ser encontrada esta historia antropol6gica. Se estes povos sem escrita e sem «monumentos» (no século XVII, @ expresso designa tudo aquilo que westeaunha um passado) tem ‘uma historia e se esta histdria pode dar um sentido & sua civilizacio, € no seu modo de vestir e de se alimentar, € na organizaglo da sua vida familiar, nas relagdes entre os dois Sexos, nas suas crengas ¢ ceriménias que hd que procuri-la. Os costumes slo, neste caso, vel- culos da historia porque substituem as instituigdes. A sombra das Luzes, alguns viajantes, médicos eruditos ou adminis- tradores deitam, em finais do século XVill, um olhar etnolégico sobre as sociedades histricas e, em especial, sobre a sua propria Sociedade. Legrand 'Aussy pertence a este meio, Esta corrente ird desenvolverse na épaca da Revoluglo e do Império no empreendi- mento do Gabinete de Estatistica de Chaptal e de Frangois de Neuf- chiteau que tenta, ene ouras, um inventirio dos modes de vida da Franga. Orientando-o para o estudo das sobrevivéncias e do esoté- rico, a Academia etic trarshe-a toda a posibilidade de inflectr @ orientagdo da investigagdo istérica, Nesta corrente, subproduto das Luzes, sobrevive, contudo, uma tra- digo muito antiga ihstrada ainda no sfoulo Xvint por numerosas obras que tinham ccmo titulo «Quadro historico» ow «Historia natural» desta provircia ou daquela nado, tradigo para a qual definir a identidade de uma sociedade ou de'uma regido € reconst- tuir a histéria dos seus costumes e maneiras de vier. Esta preocupagio € tio antiga como o espirito histOrco, Tem sido esquecido que Herédoto, o pai da Historia, no vinquerito» que fer «a fim que 0 tempo nio apague os trabalhos dos homens», enti a necessidade de descrever pormenorizadamente os costumes dos Uidios, dos Persas, des Massagetas ou dos Egipcios para expicar 0 conflito entre Gregos ¢ Birbaros. Aquilo que 0 historiador retém do passado corresponde precisamente quilo que ele quer com- preender ou justificar na sociedade de que participa. O estudo das formas de vida quotidiana fez parte do pensamento historico enguanto este teve como principal preocupacio tracaro itinerério © os progressos da civlizagio. Tornou-se supérfluo a partir do ‘momento em que os Estados-NagGes, constitids de novo, mobili zaram a membria colectiva para justiiear, pelo passado, 0 seu dominio sobre determinado territorio ou a sua maneira de organizar a sociedad © positivismo e uma Na realidade, até ao inicio da IIL" Repablica, coexistem em Franga dduas escolas histéricas: uma mais narrativa, proxima das elites dir- gentes, do debate politico, herdeira dos cronistas, atenta & reconsti- ied da génese das insttuigdes ou dos conllits; a outra mais anali- tica, herdeira da filoscfia das Luzes, atenta & descrigo dos costumes dos comportamentos socias. Se, nas vésperas de 1914, a primeira destas escolas conderou praticamente a outra a seguir os atalhos abscuros do ensaisme e do amadorismo, foi porque ela conseguiu, ‘muito melhor que a sua concorrente, atribuir a si prépria um esta- tuto cientifico. O desenvolvimento das ciéncias sociais mais jovens, como a sociologia, incitava a historia a redefinir a sua identidade a partir de um territério mais limitado e, portanto, a debruar-se sobre ANT \éria do acontecimento 49 Aantropologia histérica a esfera estatal ¢ politica. O ideal cientista que dominava os meios intelectuais levava-a a datar-se de uma metodologia rigorosa segundo o modelo das citncias experimentais: ora o elemento de base da realidade observavel, o equivalente da eélula para o biolo- sista ou do tomo para o fisico era para ela 0 facto histérico, ou seja, 0 acontecimemto respeitante & vida publica. Mas esta tendéncia postivsta ndo é completamente independente da ppressZo politica que entdo se exerce sobre o saber historico. O posi- tivismo envolvente vangloriava tanto mais o trabalho sobre as fon- tes, encarado como a confrontacdo necesséria com os dados experi- mentais do saber historico quanto € certo que o Estado fazia srandes esforgos para reunir © organizar os fundos dos arquivos ppablicos. Para obedecer aos critérios cientificos que atribuiu asi propria, a investigaglo histGrica tende a confundir a meméria social ‘com @ meméria nacional e esta com a meméria do Estado. Todo 0 fenémeno que ndo apareca na cena publica pode ser ignorado pelo historiador, no s6 porque nao corresponde a uma acco consciente voluntaria, mas porque recomenda 0 bom senso que seja ignorado pelo movimento histérico, © caso Michelet no século xix Nao devemos simplifcar excessivamente 0 itinerdrio historiogrifico do século XIX e desprezar em particular a inspiragio romantica, subjacente aos grandes empreendimentos historicos, que culmina na obra de Michelet. O seu projecto de «ressurreicdo integral do_pas- sadow leva-o a descrever as condigdes de existéncia dos humildes, para além das formas ¢ peripécias do exercicio do poder. Quando hos mostra os efeitos de uma moda alimentar, como 0 consumo do café, sobre a sensibilidade e 0 comportamento das elites na soc dade francesa do século XVI ou quando descreve a atmosfera tré- gica do século de Luis XIV dominado pelas crises alimentares ¢ pela miséria do povo, é tomando um atalho essencialmente etnolégico que aborda ¢ trata a realidade historica. Sera de admirar que tenha sido rejitado pela historia positivsta e reinvindicado, em compensa- 40, por Lucien Febvre como um mestre da historia das sensibilid des ¢ das mentalidades? A importancia que atribui & sua intuigio (uma vez que as fontes fornecem apenas os sintomas de uma real dade que se pretende reconstruit) ¢ a0 seu poder de empatia para se ‘meter nas maneiras de ver e de sentir de uma época (procedimento que serd 0 do etndlogo) s6 pode desagradar a uma corrente que pretende fundar o saber histérico num tratamento objectivo e cienti- fico da realidade, Mas € sobretudo pelo seu populismo quase mistico, pelo papel essencial que atribui na historia aos grandes movimentos colectivos, parcialmente inconscientes, ¢ pela sua tendéncia para subestimar acgdo dos grandes e das insttuigdes que Michelet se tomou inaceita- vel pela escola positivista e que, por outro lado, seduziu os fundado- res dos Anais. Aeescola dos «Anais» Porque, sob a redugdo do eampo histérico a0 dominio da vida piibica, exprime-se, claro, uma concepeio redutora e centalzada ‘io apenas do futuro histérico mas da propria socedade. Foi contra esta concepgdo que se constituiu a escola dos Anais. Assim como os impressionistastinham langado como palavra de ordem a troca dos estidios pelo ar live e a pintura da natureza vem directo», também os fundadores dos Anais incitaram 0s historiadores a sairem dos eabinetes ministeriais ¢ das cémaras parlamentares para irem obser- var «em directo» os grupos socials, as estrutura econdmicas, para abordarem, em suma, cada sociedade no sentido da sus maior profundidade, Quem melhor acotheu esta palavra de ordem foram os hstoriadores dios periodos mais afastados. As reticencias dos especialsts da his- t6ria contemporinea nio podem, a bem dizer, ser atribuidas a um conservadorismo politica: grande parte deles (a comecar por Seig- nnobose, 0 inimigo oficial dos Anais) proclamam ideais de esquerda € tendem, na sua pritica de historiadores, a valorizar os movimentos revolucionérios. Mas, por detrés dessas ideias, dissimula-se uma concepeo hierérquica da evolugio historia incarnada necessaria- mente pelos dirigentes — homens do governo ou chefesrevolucioné- rios —e pelasinstituigdes (0 apareiho de Estado, o Parlamento, os partidos politicos, ec.) Uma tal concepedo tem como consequencia due $6 seja atribuida uma dimensio histrica aquilo que, de pesto ou de longe, justfia os detentores do poder © a sua’ visio da soviedade. A posigdo dos Anais, por seu lado, veieula um certo populism: hi «que conceder dieito de cidade historia dos humildes a par com a histéria dos poderosos; o obscuro camponés que chega até uma determinada téenica de rogaduram no seio de um sistema de gestos herdados e de uma paisagem aparentemente imutavel & um agente historico to importante como um general que ganha uma batalha Mas @ referida posicio basciase, com uma maior profundidade, numa concepei0 multidimensional da tealidade social, tendo cada dimensdo (ou antes; cada nivel) vocagéo tanto para tragar a sua ANT orn en ergs 1, 52 Aantropologia histérica disciplina, ou antes, de uma melhor economia do corpo, tentando obter uma neutralidade para preservar a homogeneidade ¢ a flexibi- lidade do tecido social. Na Franca do Antigo Regime, pelo contré- rio, solicitada por um modelo religioso ascético e repressivo, sobre- Vive ainda nos vompoueses © nas classes populares urbana 0 Tecurso 1 uma linguagem somética, & expresso, servindo-se do corpo, das pulsdes recalcadas quando se trata de resolver uma situagio de angistia ou de conflito, Emmanuel Le Roy Ladurie analisou exce- lentemente este facto a propésito dos Camisardos, deixando-se guiar pelos primeiros escritos de Freud; poderia ser tentado um estudo do ‘mesmo tipo relativamente a outros fenémenos de transes, como as convulsdes» de cemitério de Saint-Médard, avatar do jansenismo popular parisiense. Comportamento e organizacao da sociedade Norbert Hliasm, numa sua obra exemplar, propés uma hipétese geral sobre a evolugdo dos modelos de comportamento e, em particular, ddas relagdes com 0 corpo na civilizagdo europeiae, A partir do século XVI, um processo civilizacional teria imposto, as classes diri- gentes de inicio e depois, progressivamente, a toda a sociedade, pelo canal dos modelos educativos (especialmente os numerosos tratados de «civismo infantil»), uma atitude de pudor e de autodisciplina no que respeita as funges fisiologicas © de desconfianga relativamente ‘40s contactos fisicos. A ocultagao e a distanciago dos corpos tradu- Ziria, nas condutas individuais, a presso organizadora ¢, portanto, modernizadora exercida sobre a sociedade pelos Estados burocrit cos recentemente constituidos; a separaclo das classes etirias, a ‘marginalizacio dos desviados, o encarceramento dos pobres ¢ dos loucos, © declinio da solidariedade local pertencem a um mesmo movimento global, difuso e grandemente inconsciente da remodela- go do corpo social Esta historia complexa da socializagio do corpo é actualmente pro- longada por investigagdes a montante (ou seja, no periodo medie- val): uma determinada forma de convivencia fisica familiar como 0 despiolhamento, rito de sociabilidade que, no século XIN, se verif ccava em todas as camadas sociais (como podemos ver em Montai lou) € que, no inicio do século XVi, se tornou estritamente popular para mais tarde, no século Xu, ser uma reminiscencia incongruente «e desprezada, sobrevivendo apenas na populaco rural; ou, pelo con- trario, um certo gesto com 0 braco, exprimindo a resignagio ou 0 insulto, que figura com uma constincia espantosa, do séeulo XItl 20 século XX, no reportério semiol6gico do corpo. O inguérito sobre a historia dos gestos, levado a cabo por Jacques Le Goff, iria tornar Site oga Gina Games Setno, possivel a descoberta, de tEenicas de uso e de linguagem corporal través da evolucto dos estilos de comportamento, quais mecanis- mos de remanéncia e de inflexfo, de concorréncia, de resisténcia ou de imitagao que caracterizam a historia social do corpo. Histéria dos comportamentos sexuais Nenhum problema ilustra melhor do que a historia dos comporta~ rmentos sexuais a dificuldade em atribuir @ antropologia historica lum dominio e um objecto especificos. Nenhuma outra investigagao tem tanto a esperar deste tipo de abordagem. Como inscrever sexualidade no campo de estudos do historiador? Como uma pré- fica? As fontes demogréficas ou judiciais fornecem-nos um certo rnlimero de pontos de referencia a partir dos quais podemos reconsti- tuir a evolugdo das priticas sexuais: 0 regis sistematico dos nasci- rmentos, em Franga, nos registos paroquiais a partir de meados do século XVIl, permite-nos tragar a curva dos nascimentos ilegtimos € das coneepgdes pré-nupeiais até final do Antigo Regime, & escala de luma pardquia, de uma micro-regio ou de uma cidade, © seguir deste modo ‘as flutuagBes da sexualidade extraconjugal. Exactidio, alii, muito relativa: J.-L, Flandrinm aventou a hipétese (para dizer 4 verdade, dificilmente verificével por testemunhos mais directos que (08 adistinguos subtis dos casuistas do século XVI) de que teriam coexistido dois tipos de comportamentos sexuais mesmo nos tempos ‘mais rigorosos do Antigo Regime: um comportamento conjugal que respeitava a interdigdo relativa s préticas eontraceptivas e um compor- tamento extra-conjugal (quer anterior quer exterior ao casamento) ‘que praticava a contracepeio. As distingdes feitas pelos casuistas feomo Sanchez, que atribuia uma maior gravidade a0 pecado de ‘Onan (isto é, &s priticas contraceptivas) quando era cometido aden- ‘0 do casamento, teria encorajado implicitanente este dimorfismo, Mesmo se considerarmos separadamente a possibilidade de um ‘comportamento especifico da sexualidade extraconjugal, € evidente {que o registo dos nascimentas ilegitimos nunca é t20 digno de con- flanga como 6 dos nascimentos leitimos: abortos, infanticidios mas, sobretudo, partos clandestinos e, nos casos de adultério, falsa pater hidade dissimulam em todas as épocas uma parte importante destes, haseimentes, qualquer que seja a vigilancia exercida pela justiga ou pela comunidade. Estudos como o.de J. Depauwa sobre 0 material das declaragdes de gravidez na cidade de Nantes permitem-nos uma abordagem mais exacta do fendmeno e autorizam uma andlise mais subtil: se assiti- mos, na segunda metade do século XVIl, a um desenvolvimento da ANT ePaper team 54 A antropologia histérica sexualdade extraconjugal, vise os registos paroguiais por um nitido aumento da taxa de nastimentos legis, convent sobre, td, notar as novs tndéncias desta leitmiladetadusiado on nove clima afectivoe moral: ests nascimenton sto cada er menos O fruto de amores da criadsgem ow de aventuras i marge dae convenincias sociais sem qualquer hipotese de acabarem en cara mento. Corepondeny plo conti, eee era pis enti ndividuos de meiossociaiscompative, igagbes que podesam ter sido seladas pelo casamento. » eases ave Pod Transformacao dos comportamentos sexual no final do século xv! 20 valor das oss curs demogrfes Se o tusinenonleghinss en ess force pene ine Gio de tendencies uma solo pasha de le Iidade a tata dav cones preps cane anemia Siete" Or gue tlss cus ean aa money moncgrata de prog rials ou urban gue pono sea inte sobre a deentes rpc dn Fang ds Anton Regine ine com pogenas eens ene unr 6 ute tl norman, Ta person por exemple © uma Bass Ste mus confrmita eretagescxiemarens aes See Ginenton epimose decency pc nupas nn sasnda see data Witeno inn dose Suir em compare raat de meade do sao Me gone todas gta ft sane junto da iegiimiade cdi Concepts re mpes Fe Uma income! transonmagio Jo eomporamentos eda mol Mas como interpreta et chlo? Estaremos pert a emer: Gi dma nova Ca seul eduma nova stad ou pore tm Simpl enfagusimento dos pcos au norms ‘eticadsgndacomegus pls eloma eatlee™A senna ou ates «erica dos egos progas no aus eee #0 stelo te pine meade do eu vt impede de brlongar a cuvetn montane Polemes datos cond sea ANT privilegiados da sociabiidade mascuia, geridos ou pelo menos con- Trolads pehs autoridades municipal, onde as volagoes io fre {huntes ¢frouxamente reprimidas. N30 podemes, por timo, con ‘ifrar sem importnca o tom deeavolto com que os texts da Epona se exrimem sobre a coisas do amor. bastard € uma tara tengo e dvulgada, Tudo indica que rina na sociedade uma ceria Terie de costumes. O enceramento progress dos bordel na Sends mea do seeulo Xv. 0 apareeimento de uma leilago wna represva relatvamente os sascimentos legimos Si, entre Suto ov indcos de um endurecimento moral de ura limitagio forgada da exualidads na vida conjugs. As pratias, na verdad, tEnsentdo se relacionadas com 0 Siigo ge as inpirou. Mas em thr media aria eas dependents da abendante ieratura eo- ica eneepaa dedi a moral conjugal e endear ua atc sexuis permits ¢ gua sinters? ii branes ensio sobre a hstria da sexualdade, Miche! Foucault miro fecentemente a que ponto a cilizagao ocidental Creer enorperara a sevualade num ineemingveldscusom Pretendemes dite com sto que ela sepultou as pris sob ua Ihalanche de cementaiosreosoy, urgios, medics, politics, thas que fer da necesiade de falar da sexualidade, ou ej de simul tuneamene a disimular © a confessan, uma forma de prazr, uma manent dea vive, © que nio signin que todos 0s tpos de ds Cuno sobre ete asso comunigucm entre si. Nada prova, por Skemp. qe os debites entre telogos exulticos e iors do SGoulo NUtl-ou até os radmetos de tologa do casamento ensinae Gov aos cigos menorestenhar vido «minima audiencia por parte dia massa populacional no cada. ‘Acontracepgao ¢ uma pratica antiga cri isbio pretender expats a8 aleraies dos comport Seitor suas por uma movlicagio das mentaidades egos Tomo womoexemple oaparement do eomportaentos mal tinunes Pile ars, no eu Hur «A Hist das populages reas: ensue ate pant a vida fio prime a realar a ‘dos comportamentos demogrificos que ele moral ¢ do estilo dos comportamentos através de outras fontes importante mudan ‘ap, i pouco quantificdves, tas como as fontesjudiiais (reas religions arrpotn Teal d seeulo Xie, Como os primeiros estudos porme- RP iy iy (ou municipais) ou os tstemunhos. As investigagdes de I Rosaue Koss | Nomdos sore evolugdo da fecundidade legtima indicavam uma tana Sobre a delinguéncia sexual nas cidades do Rodano, partcularmente Possess | uptura por altura da Revoluedo Francesa, alguns historiadores no “1*™ tos clos XV e XVI, propdem a imagem de uma sotiedade permis. si Se St see psan farct do. ebith controlow frances um prodito da Bim eng! siva em relagdo a sexualidade adolescente ¢ masculina: a prostitui- Ps¢wvien “™"” Revolucdo. A diminuigao geral do sentimento religioso em fins do steulo XVII teria levado os casais a libertarem-se das interdigdes Ordenadas pela Igreja contra as praticas contraceptivas. A Revolu- io, muito divulgada, nio s6 ndo € apelidada de infamia como esta até frequentemente instalada em estabeleeimentos ofciais, lugares 56 A antropologia historica glo Francesa ¢ especialmente o recrutamento, arrancando os jovens aos horizontes do seu campandrio, teria contribuido largamente para a difusdo das técnicas contraceptivas niio magica, tais como 0 se declaram chocados ¢ surpreendidos quando, na confissio, sto interrogados acerca das suas praticas contraceptivas. Nao foi a des- cristianizaglo que favoreceu a difusto da contracepgio mas, pelo contririo, foi a adopgao de um comportamento maltusiane que, em ‘muitos eases, eriou um problema de conscitncia ¢ afastou da Igreja ddeterminadas camadas da populagio. ‘coitus interruptus» particularmente denunciaco pelos tedlogos. © desenvolvimento das investigagdes da demowrafia histérica obriga- 0s hoje a situar muito mais longe no tempo a difusio das praticas contraceptivas. Flas surgem na Bacia parsinse nos dois ltimos As nterdiges religiosas tem pouco peso decénios do século xVit, entre 0s eamponess, mas, sem divida, ina difusdo da contracep¢ao pars bina aoe cine séeulo nas. Sidades Lous Henry julgara ‘Os numerosos estudos feitos pelos dembgrafos e pelos socidlogos fide, neste sspeston umn papel ploneivo: de lato, a aaocraane sobre a introduezo do «birth control» nalgumas populacdes do Ter- (eames Sienna arta: on, west terest

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