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PARA 0 ENSINO SUPERIOR MORFOLOGIA CARLOS ALEXANDRE GONGALVES apasocone te 16 settee delaras inguin 17 Sito abo ssemaocade, ‘ua Dr Mio Vicon, 384-Iranga 16 Morfolgia mio etmalogin. SSE tear earyomoon fe a arco U8 Stkcienda comune Con ploptnarrtam u nena tansparénl Copia 120 Sepmentarnecomhecinet encopeio. Paks ns 42 ngs lode 221 det a nar Gone 2019. 26 Ete vero de cone? a 27 Tem —— At 2h inabiaiesoise= te 25 inlet ° 2 hee Tit Desai ae pia 2 212 Deana 21 aro matin 214 flements nae moet, 4S Movtolga consent ra concatna. 4s Alnor, {Li Pasion ce covers, 212 Ebon deelbes 113 Dawelerneas eae Bo devo. 234 Props decontnom Dexe-tera0 415 Apts emolento ra 46 Glners endo de ster 117 Nine ge nimero LL Opi tral a verbo paral. 1) Pardes ro ma esetra do era 210 Leseanagterna tr de vers AM Pala is 15 Fama lene 45 flog pst 4 Formas adroniadas—— 15 Promos contents no consented 40 Recaps {Ut Proceso consents ‘LA Fraps com spire ‘L13 arefini ‘ceo Para saber mats... {3 concen isos 52 trates mvt 3 foe durmgtn = 54 Fomagia de plra Aeferéacos bbliogricas Primeiras palavras ‘Uma dasprincipismistesd Associa rasa deLingistica[ABRALN] {gar oconhecimento da rea em comadas cada ver mals amplas da po ‘ulate, tentando se faze presente na scedade como agente de edcasSo omplet, nde apenas come éo de debates cadmas interns. {sa miso tem se realizado pelo recurso instumentos ecanalsvarados, imediantenicatvas de iferentes naturezas, ete as qusisa promos de fades internacional a producSo de eventos em sedestasonaimente astadas dos principals centro: académios, uso de mia aernatva 20 “texto escrito para populariar as diferentes dscipinas da rea eum empe Io socal articulad com outasinstancls atadémice soci A Coleco Linguistica pra oensno superior, da Pardbola Eola, edtada Tommaso aso e Celio Ferrareiapresenta-e como ua initia an 3: especicamente pense para oferece 20s ales do erin superio quae complet das dcpinas igus, com um olhar para pa fama internacional da rea emeies de dvlgaio adequados 20s nossos pos Por sara, a colegio tem a chancel ABRALIN tava 20 panorama editorial « educational do pas um instrument este, cap de aproximar ainda mas © Bras do padre vigente em sos universtos nteracionais. A ABRAM, sempre tent a ios ris paca ofotalecimento dares no Pals, sem nunca perder de I compromisso com a qualidade, aia e parabeniza a inciatva da bol Editor miouet Ouverna im. Prosiente do ABRAUN objetivo da colesao Linguistica para o ensino superior € 0 de forme: “cer a0 Brasil livros de rferénca,escritos em nossa lingua e por au- es consagrades, como instrumentos de estudo em todos 0s cursos te demandem conhecimentos de base nessa ampla rea de estdos “que éa linguistica. O principal pablico-avoé, portato, constituldo sos alunos universirios, mas leitoresinteressados nos estudos| isticos poderso encontrar, em todas as obras da colesio, tex. ao mest tempo, bm fundamentados eamigiveis. colegio fot lizada de maneira integrada ecoerente,com coordenadas ques ‘em todos os volumes. Iso uiformiza, tanto quanto possi as obras facta o contato dos letores coma oles, das intongBes dos organizadores e do editor foia de olhar para manualistica existente no ambita internacional — em primeira 4 produsto em lingua inglesa, mas também nas linguas alema, ese itallana —, procurando estabelecer contatos entre a pr io brasileira e a nternacional.Primamos para que cada volume ‘escrito por um Gnico autor, de forma que a expos fsse a ‘onginleapossivel ea coerénciainformativa e didtiea envolves- no somenteo momento da onganizago da obra, mas também o exocurio Imtelectual e mater ‘ssas razbes todas, volumes foram elaborades deforma a ‘© que de mals consolidado e consensual existe em tin- som direcionar o conteddo exposto para vertentes 06> 10 reas espeifias.Cremos que a escolha le um arcabougo teirico ‘especifico(geratvisme, cognitivismo,estruturalismo, otimalismo ‘0a arcabougos especiicos de matriz funcionalista)seja um passo ‘ue sé deve ser dado pelos alunos depots de eles constriremt uma sélida base concetuale metodoldgicanadisciplina ede terem to- ‘mado conhecimento da variedade eda riqueza do panorama te ico disponivel em cada diseplia e das motlvaySes dessa varied ‘de, Dessa forma, no caso dos volumes desta coleg, os conceitos ‘as explicagdes sobre a Area indicada no titulo si0 aqueles que s© consolaram ao longo da Linguistica moderna como sendo 08 mais accitos nas diversas vertentes, sempre que isso for possivel, «¢, quando oportino, mostrando possiveis abordagens diferentes As questbes tratadas, Como editores cientifcas da colegae,cremas que onganizare dis- ponibilizar um séido e abrangente conjunto de conhecimentos de Teferéncia nia toler os horizontes dos estudantes oy eliinar 0 ‘objetivo das disipinas. Ao contrério dso, éproporcionatThes uma Formagio de base abertae vt, oferecendo-Ihes formas de avango mals slidas e mais clentiiamenteprodutias ‘Com esse mesmo objetivo, os volumes apresentam sempre uma se- 0 final, imitulada “Para saber mais Nea, oleitor encontrar ex: tensasindicagdes para o aprofundamentobibliogrtio, organzadas de forma tematieae com comentirios para cada obra indicada, Sdo apresentadas obras de referénca em portuguds eem outra lingua, com um duplo objetivo: por um lado, introduzir os leitores aos els- sicose is principais novidades do panorama internacional; por ou tro; estimuli-os ao aprofundamento conceltal e metodolgleo. Mas, as obras de nossa colegio no terminam nos volumes sens ‘A Pardbola mantert uma pina na internet associada a cada vol ‘me para abrigar materiais complementares escolhidos pelos auto res, Nea estaro presentes exercciose,fequentemente, materiais adicionas e de natureza multimiditica: textos de aprofundamento, Doibiografiasuplementar, arquivos de dudlo e video, imagens © ‘ros formatos compatives com os objetivos da cole. Essas pi as sero alimentadas periodiamente, mantondo trabalho vivo a0 a longo do tempo, No aso em que aprofundamentos js tenbam sido previstos desde aelaborajo do volume, osimbol avis etor ‘de que hi mais material no sit para o tema em estuda “Todo esse esorgo, que envolveu una grande equipe de trabalho entre autores, organizadoresaParabola, é uma tentativa de fornecer aa hos edocentes um material consistente, ea despeito de todas si tuldades, de ampliar os horizonts da moderna lngustiea no Bras Desejamosa todos ums excelente eturat ‘Tommaso RASO [UFMG] (Celso FERRAREZ Jn [UNIFAL-MC} cApiruLo Conceitos basicos 1.1 Para inicio de conversa “‘Cheinho, ‘peru; cliquel, muso’ edescupnizago’ so algumas das Jnimeras construcbesrecentes com que nos deparamos nos dias de hoje. Porque e para que modificamos as palavrasexistentes? Como seguimos interpreta aquelas que nunca ouvimos antes? Que tipo ‘eaglo estabelecemes entre diferentes unidadeslexicais? O que as combinagées entre pedacos significatives de palavras? Por determinadas formas, como, por exemplo, *unhudo e "destossit, sents como estranhas e/ow inaceltivels? Com que tipo desig ad contribuem as pequenas pegas que se commbinam was com utras no interior de uina palavea? Essas pergunta, cua respos sabemos intulivamente, constituem problemas centrals de uma le estudos chamada morfologia. Neste capitulo, dams inicio sudo da morfologia instrumentaizando 0 leitor com os pri i concetos desse nivel de desricz linguistic. Assim, busca compreender o que é morfologiaequais sio as unidades com as, als rabalha Comecemos delimitande esse campo de investiga. limitacéo da drea morfologia io éutlizadounicamenteem referénclaoses- ingulstieos; aparece também em vrias Areas ientiieas, como (morfologia vegetal ea geoogia (morologia do solo. Na viiiiaiesszz=zs sii sendeiemniinen . aa. ‘constitu do terme, encontram-se os elementos [morf(o)]. do gre 20 morphé= “forme [logi] do g-lagia = estudo™ Como sev, 0 termo morfologia guanda rolagio direta com a nocio de forma. No escopo dos estudos linguisticos, morfologia € a rea ‘que estuda a forma das palavras em diferentes usos construgdes. Desse modo os estdos morfaldgios abrangom (a} a aalise da es tratura interna das palaras em seus consttuntes menoresdotados \deexpressio econteido,chamados morfemas,(b) sdiferentes fun ‘bes dessasunidades ¢ (eos virios mecanismos responsiveis pela Criagao de novas unkdades.A seguine defnigio, de Cabral (1982: 166), resume bem o que se entende por morfologl: Parte da gramstice que deserve as unidaes minimas de signifi os dstribuigo,vartanes eclassiar,conforme asestratiras ‘one ororem 2 rdem que ocupam, os process na rma de palavresuselase, Paradescrever a morfologia de uma lingua, deve-se defini prime ‘mente, o que se entende por forma linguistic, aqultomada — dif rentemente da acepio mals comum — como sindnimo de unidade dotada de expresso (Forma fonética,realizayo sonora) ¢ conte 4 (signiflcado;fungao). Dessa manera, palaras sto estruturadas| ‘or unidades menores que, concatenadas umas as outras, veiculam ‘onteidos dversos ou apresentam relagbs vaiadas entre si 1.3 Nos meandros da polavra ‘como se pode perce: o centro de interesse da morflogia a pal ‘vr Noentanto, na literatura espedalizada, no ha consenso sobre 0 ‘queseentende por palavra,embor, par os falantes, deforma geal la seja uma unidade ingustica ¥-dotada de sentdots) 7 constituda por segmentos sonoros organlzados numa de- terminada ordem e emits sem interrupedo; ¥ pertencentea uma (01 mals) categoria(s) sinttials); ¥ delimitada, na eserita, por espapos em branco % formadora de enunciados; eli - enuncivel em isolamento, ou seja, produzida sozina, ‘eomo, por exemplo, em resposta a perguntas| Na escrita, 6 relativamente fill dentificar uma palavra em fungo ddehaver recursos gris — como é caso do espaga em branco ou ‘mesmo douso do hifon — que inalizam esses constitintes.Naala, por outro lado, nem sempre se dstingue uma unkdade vocabula de lum grupo depalavras, pols, foneticamente, podem serproduzidos da ‘mesma maneira, como se vé nos exemplos a seguir (Co) cade | ae janiis | amas fase | ale seriora | senha Dae | gee preoe | presner ‘Muitas vere, erangas em fase dealfabetizacio nto conseguem dis tinguir o que é uma palara do que constitu sequéncia sonora emi tida num s6 grupo acentua. Bm casos como os de (01), Segui. a usncia de segmentag, embora tenha relagiodireta com o dom tio da escrit,revela o fto de os redatores se pautarem na cadela {alada para grafar os chads chunk (Bybee, 2010): unidades de ‘rgantzacio da memériaformadas pela junelo de duas ou mals for ‘nas linguisticas emitdas numa ordem rigida tal que, em fungi da requéncia de uso, acabam sendo tomadas em bloco: (01) cerepee | darepene ——comeatna | conenexa Gemenor | dimer poriso. | posse femama | eins Soariede | partie Stew | tera eae | ome 1.4 Vocdbulo formal ¢ vocabulo fonolégico Mattoso Camara Jr (1970) diferenciou 0 voeabulo fonotbgico do ‘vocibulo formal, evitando, com isso, os meandros do conceito de Plavra, No primeieo caso, tem-se uma unidade apenas sonora uma equéncia de silabas pronunciada sob um nico acento, No segundo, ‘ntanto, tee uma unidade semntica que corresponde & um tom lexical. Besse modo, temos um tinico vocabulo fonolgico em Aodas os formas istadas em (01), apesar de serem constttdas de is (04 as) voctbulos formas a ncn emu i ie a vconteddo (significado). Na primeira defin on = tae wulo como uma estrutura prosodic identificada = id ssponde a uma silaba ténica © events eames awa _— jsto é, as mais marcadas em = ea ea 19s fisicos como a duracio (pardimetro Pr aa ae — e recebem, na sua proposta, erage tn dence Ee ts See mite Apts nama es ene fs pres neds aT ona ores que posts, Pots HED. seamato te age Eel wulo mais importante da grupo” — Mattnso Cs re pen ok 5 an a a dee 6s ena de et nda por as, sce ts Tiles pa nce (O segundo tipo de voedbulo, por sua vex corresponde # uma unig de passvel de ser produzida em Isolamento numa enunciagio e & ‘hamado de formal (ou mérfico). Nesse aso, tem-se uma unidade semAntico-texical, um item de dicionsri, que pode ser uma palavra mesmo, ou se, uma unidade de significado externo ou um vorsbul, quer dizer, una unidade de carter mais funcional 1.5 Polavra ¢ vocébulo Naliteraturalingustica os termos palavra e vocdbulo so quase ‘sempre uilizados como sinénimos em referéncia a uma unidade {que transmite um significado elementar, como, 'samba, "pé-de smmoleque, ‘que’ e ‘marla-vai-com-as-outras, Alguns autores, na fentanto, distinguem esses conceit Para Monteiro (1987: 12), [por exemplo, "toda palovra é vocdbul, mas nem todo vocdbulo & palavra’. Desse modo, reserva-se 0 termo palavra Somente para ‘As unidades que apresentam signficaco lexical (ou extralinguis ‘ica). Voesbulos como artigos, pronomes e preposigdes nio sio prlamente palavras;sio"instrumentos gramaticas,cyjo sign 1 (.-) 88 €possivel perceberna relagdo com outros voesbulos” jnteiro, 1987: 12), ras tm significado lexical porque fazem referéncta a fatos do o blopseossocal:entidades coneretas ou abstratas atributos [processos do mundo catidiano (signifeaeao chamada de exer oedbulos, por sua vez tém significado gramatical (ou interno}, esto na base das relagBese ctegorias da Kinga. lsbetntes meposcbes ‘adetios cs eb Beno sé wera primolro piv da falta de correspondéncia um para wm, char Junivoca ou Isomérfica, entre os vocdbulos formal e fonol6- foo sto as palavras funciona Inacentuadas,chamadas clos, Fomo or monossilabos dtonos: os pronomes reflexivos seme" € “fe, asconjungoes ‘qu’ ese 05 artgos'a' eo, as preposistes ‘de Sem Eosasunidades ndo tem acento prprio e precisam de ou tras formas para atulizar os siglficados que tém: sto elementos tue, em fanyao de sua debildade acentwal, aeabam funcionando vaso sflabas tomas em relagdo& palavra aque se juntam no GF Dependendo da posigio em relag a tics, padem equivaler pretinias ou postonicas: (2) arse am 130 130 aoe treat 13 ag sete ‘ata ta 130 ‘Antes de aprofundarmos a questo da falta de equivaléncia entre os ooibuos formal e fonoligic, convém distinguirmos 0s trés possi: ‘eis ips de formas lingustcas 1.6 Os trés tipos de formas linguisticas ‘ho definir 0s entérios utilizados na identiicagho dos vocibulos forinais em portugués, Mattoo Camara Jt (1970, p. 69-71) retoma ‘Bloomfield, dstinguindo as formas livres (free forms, aquelas com lqutonomia discursive que nfo precsam deoutras para atualizar os Signfleados que tem) das presa (Bound forms, as que s6 carrelam “gnificados quando agregadas a outras, no seu interior). Bssas dt nas sao geralmente definidas como “unidades ingstiaswtlizadas tipenas como parts de wna polavr; munca come palavras prprias’ (Katamba, 1993: 23): garotas,sambva-fasmos. As formas press, Cmibora portem sgafiados claros, como o ade feminino e 0 de plural, s6fancionam no interior de outa forma linguistic, nan poder constitu, soznhas,enunciados, pols no so unas in tlependentes Els s tm valor quando artculadas com outras for tna, sendo parte de sua estrutr Para Mattoso Camara J (1970), essa divisiodicotomica nod con ‘a do estudo ds voesbulos em portugués. Ele entia prope um te «iro conceito: ode forma dependente, norio de algum modo ja contemplada na sesdo precedente. partir dessa proposta triparti- a, agrupam-seas formas linglstlea em ts conjuntos bem demi tados livres, press edependentes Be ras res cen oar laments como amano tutce. Al Go, sprecentam enna orale nl, Sonstndo vc lg een O pono es Sonos poreempa cons fms pot pod serps ‘ta. seguinte pergunta: : = de uem othe? Bisa —— Pee brel son oanges socrsasencte ae SU icrinceee ceo ae ees Beir tars cmogine ead rouie noone eae area eee recs cee, els ( x 0 wrexresenoimpertat do nati eo mos ira pessoa do plural), ora a nogBes variadas, de nt sires) ca dotpndtoin oe egret lm, as formas dependentes, assim como as presas, também no funcionarisoladamente. Apesar disso, diferentemente das 9 permitem a interalagao de outas formas ou tém mobilidade ional. Pole-se dizer, portanto, que so formas soltas, no par- fo da arquitetura de palaras morflogicamente complexas. pl, ema mala é posse intercalr os adetivos grande’ e Do mesmo modo, o pronome’se embora ni jome’seembora no uncone oa le aaron eo), eps (hs) ono er laforma verbalaque se subeteonaogicament wa particule ve, que express condlcionaidade (como em 5), Interamente presa. O quadro a seguir resume a diferen- sasentreessas unidades: A ‘noma aera ‘hee rr ns ar ees. 117 Sistema aberto vs. sistema fechado ‘As formas Vngusticas podem ser distibuldas em dois grandes grupos: as que caracterizam um sistema aberto e aquelas que €or responudem a um sistema fechado. No primeiro cas, tem-se umn in ventério lexivel, cpaz de receber novos membros em fungi da cultura, Os elementos do sistema aberto sio as formas livres, cujos| ‘conte so nacionals:dizem respeito ao unlverso biossocial de uma comunidadelinguistica, No segundo caso, tem-se um conjunto mals rgido,fxo, con tuindo um nimero limitado de elementos. As unidades do site rma fechado sio as formas presas e as dependentes, ue abarcam ‘um iventriosigaifcativamente menor de constitutes, as com ‘ocorréncia sem divida alguma mais frequente no discurso, pots ‘cotrespondem & gramstca de uma lingua, em oposi ao seu léxi- 0 (formas livres} Emiora sejam uma constantefonte de confusto nos primelros es ‘gis de alfabetzagao, por sua semelhanga no que diz respeto 3 falta de autonomla acentual ediscursva, formas dependentes so ‘voedbulos formats, pois, ao contrrlo das press, constituem uni dads lexical. As preposigdes a, de "em, ‘com, por’ “para por figurarem com grande frequéncia antes de artigos e pronomes as sumem formas diferentes em funcio do mecanismo chamado de hunking (Bybee, 2010: 34): "Se dois ov mais pedagos menoresocor rerem juntos com algum grau de frequénco, um pedao maior con ‘tendo os menores ser formado”. 1.8 Amélgomos “Oencadeamento das palavras ea repetigao sequencial da relago en {re duas formas (p. x, preposigio + artigo ou pronome) moldam as formas, fazendo emergir tens eistalzados com feigia morfofono- 1igiea propria os chamados amalgams. frequéncia da palavra, a {requéncia no contexto ea previsibildade a partir das unkdades a Jacentesjusticam esses amalgamas eexplcam a “fusdo de dus for- ‘mas aistintas numa s6"(Carone, 1994: 30), de estatuto praticamente futnomo, No quadro a segulIistam-sealgumas possbiidades de fusio preposigi + artigo/pronome existentes na lingua. Observe ‘se: 0 que remanesce da preposigiaé apenas seu onset (unidades Iiblea que precede o nicleo, como 0 /a, de ‘de) — 5033 posigio ‘sti preenchida — ov a coda (unidade silabiea que vem depois do ‘micleo, como a nasa de em), No caso de ‘em, a coda nasal éressila Doles parao onset como em ‘na "neste "nee: por exemplo, ‘Como se observa no quadro 2, quanto mals corpulenta a prepostgto, ‘maforadistinciafnica em relagao ao amalgam. Tal fato se mostra bastante salient na relacaoentre‘por'e “pels, por exemplo, em que Ino ha correspondentes idénticos para os segmentos da rima (parte ta slaba que contém obrigatoriamente 0 nicleo vodlico,seguido, lopctonalmente, de uma cod}, 2h) x aos) as os 7) por al alts) Aine eso re rs gin 19 0 (ndo)isomorfismo entre vocébulo formal © fonolégico ema a seul de José Lino Grinewald, brinea com os limites en- 1 vocSulos formal e onoldgic, uma vex que faz um interessan- ogo entre sabas étonas etnleas cos a acepreeeder fader cconsata-se que todos os olto versos do poema cima so compostos Ue dois vocibulos mérfcos (no primeiro de cada par ‘sempre’ €0ver to que osucede; no segundo, sen eo verbo sepunte. Quanto 208 ee ces nota se que segunda linha decadaparde versosé compost dleapenas um vodbulofonoligco pois iniadapor uma preposio “gue constitu um elie, endo, portant, prosodicamente ners, 1.911 Presenca de diticos iticos,comovimos, siomanasllabos stonos que sempre spo fonetcamente num terme hospedeiro. No poema de Grimewal > dos os casos envolvenda a preposiio ‘sen’ revelam wma situagao “te nio lsomorfismo, isto & de no coinidéncia (falta de univoeida- ‘des relagao de umnpara-um entre os woeabulos formal efonetien No caso da combinacio com ‘sempre; o isomorfismo € restituido, pols hi ds woedbulos formals ara dos fonolgicos, uma vez que prlaverbio édisslbicoe, por isso mesmo, tem acento préprio, es- ee tnaneir, a diferenga entre os pares de versos do poema de Gr real esténa pautaacentual das estrutursspostas em paral: (03) senor tee sempre 2D 13 vias Tos ets Notas, portant que as segments sonotos de cada ina so sim dares mae ua orga acentual noo A primeiraflaba de cada vers0 tem forga 2, por ser uma tonca que no 6a itima do GE, enquant a sla equivaiente na inka de baino inyasayeimente arosent ra a. 4.tendoem vista consti forma dependents em posi prolite, ‘04 seja, ‘sem é uma partcula dtona na condi de siabapretonica. Do mesmo modo, not-se contrast entre s acentos da primeira s- laa do verbo nas linkas pares ea equivalente nas impares:/pre/ é sempre pretOnia (gra 1 de acento) nos verbos eposténica no a \vérbio(grau 0). Em alguns casos a silaba inal do verbo constitu forma press por portar claro significado de anterordade, como em iprever, que significa “ter ideiaantecipada de; antever. Nas figuras Ahab, pdem-s em parllo as pautas acentuas de ‘sempre cer & ‘som preceder” Observe que, somente na primeira caso, ha dois pcos acentuais,perdendoatnica de'sempre’ um grau de acento no GF: compostas,produtos de um proceso de formagao de palavra por so de outraspalavrascomo boss e'dedo-durd,constituem o situagio em que a reagio entre o vocdbulo formal eo vocsbulo lgico nn somdrfea, Por exemplo.asequéncia‘pédecand tem tes anslises formas conforme os empregosem (08) a seguir (08) sso guna um pede cana. rin um renonte pe ecoa, decom, 130 - Jo ponto de vista formal, nO jentanto, ha wma diferensa ‘crucial entre Como se vé, a relagio entre 0 vocabulo formal ¢ o vocibulo fono- ca haven pe dc e"pede cae: NOSE a briundas deestraturas com mais de um acento Por fim, formas pre oer a interpreta & no todo, Pols pa evocano um inico significa comms go ndo ecesaiamente 8 PrP signified amie 0 meso sce com 08 SONS vexempls, todos ee grits eon ono ore ‘om aan tavcoms osu mente oy prefs sa ado, conan como se iepeofela Faleran onli peso de sere aes, 0 & leet ue portam significados apenas no interior de formas complexas, (07) pés operat ansentene pbs baie, ane etm 110 Ukimas notas sobre a complexa nogéo de palavra fo wustooseacenon homemarssaeass eemee P. Mase mice Seance alec mo se observa, nto hi sind, deslgnagto tenia sufeentemente teeractenty Syeasrmmomee isa para paava que nem sempre fil delimit Dtedeou- ane poe aver “palwas den de paler’ como ee a vhote’astro-e (nomes composes). Além dio, aintugo dof 1193 Formas presas portaderas pode no ser recurso suficiente para tal deimitago, pois nem Toso mesmo, vtbuofonaogico independ De ec cas pore coincidirt com aesrta (oa te. cco erin pa dae OS ss expec ae wend pe peso a me gn paps de unease aula 90 nt eon sco de see unc pvr deur compests do port Je me ens ei arin ain sservagio das caracteristicas c= ‘opacidade, Muitas vezes, ndo ha critério consistente tals das pao mo a matengio sein iene samen n(n) dean ers h de cine separadamente vse en so precio acentun os 075 ormas press, nagrandemaloria das vere 300% acento props, ‘no constitlndo. Por palavra, comportas® Como Pa orn enc dan 21 vas que # an. mesmo acento poe serv depart 100% col eto 100% conve para final dere igus palavr, Nos tron J Ross ‘pém responde plo fn pisto pees qe, a0 prourremvos AMAA A (060. B77 ‘oes rma oar oti) es cm tal responsi ea IN 0 de eu qe demas ama parade 2 eaas tics fica contigs) le Fmplementaio sd Tal 6 caso, por exempl, da maior parte ds pelixes ae a medltamente anterior em nego ‘mora sejam formas press, s uncionando no interior de un- jaacentuaso da Beant Pa sublinhado} errrevenic ps sr sivamente dssiabicos le sem me) ou monossilabos nies (pe). 6) (nent oat ina ho pose extabeecer um concto geal vila Uohespleyrtamerne, roam ngs pr det alr. Como mos ao 2000 10)a psa de ware def do ena es onge deconst tuiramprojeto ivela curt prazo™ Apesar das enormes iu “defn desve conceit, assumimos.aqul.a ester de Basi (2000), “Shela patavra como unidade lexical ou ea, na sequen fica “que se associa, de modo reltivamenteestvel a um conjnto de (@) significado {b)__propriedadessintiticas (angio na frases {0 propriedades morfolégleas (variagies formals); {a determinagBes de uso (informagbes pragmatics) 1.11 © morfema: primeiros contatos ‘A morfologia como esti da palava em sua estrutura¢formacio, reareamo unidadebisica de andlise o morfema. Se tomarmos & Ps tavra morfema em seus elementos sgsiaos bios etre thos fazendo una andlise morfoldgica, uma vex que ema constitu see tecnico da area de linguistic e significa menor unidade fu ‘onal como acontece com outtos Termes (fume ete vgn esr ens Steps ifelemens aterm fe sin aaron ger andar rime de ae ce sey case Se steele rt 62 Sioa pcm rigor eno, 0 mora é enor uidade formal de uma gst aaa renender pr formal aq, a0 apenas una uniade pase apres, O morema & diferente do fonera (som da ala aan esc tment porque 6 dot de signicao oun. ‘ort tania da primer atculagiods nguage 1.12 Dupla articulacéo da linguagem mo divisto — 6 um univers ‘A artiulagio — aqul entendida com 7 Tinguistion, eto & uma earacterstia da Inguager humana, o que ar tarma iferente de outros satrnas de communicagho Desse mod, pre el de acordo com 0 lingulsta franeds André Martinet, todas a linguas natutals podem ser analisadas em dos planos, reconhecendo-se,as- sim, das prineipaisdvisbes: ‘articulago: plano das unldades signieatvas (providas de sen Lido), equvalendo, nos termos de Saussure, a sig nos lingustcos (formas com slgnicade e signif: ‘ante unidades dotadas de expressiae conteido. 2articulago: plano das unidades distntvas (segmentos sono- ‘os contrastivs), ou sea, daquelas desprovidas de significado, tendo apenas signficante (expresso, is sons podem alterarsignificades, mas no tém significado algum. Assim, numa primeira articulagd, reconhecent-se as unidades pro vidas de significado, ainda que essas possam no funciona lvre- ‘mente, sto sejam formas presas(signos linguistics minimos). A ‘menor unidade da primeira articularaa é © morfema, menor forma Inguistica provida de contetdo. As unidades da segunda artcula embora possam distingui significado, no si0signieaias 9 exemplo, o /s/ de seo’ ndo evoca qualquer conceit, mas sua por /2/ leva uma palava distnta, ‘zl, sem nenum vinclo significado para coma primera smindo, a primeira artieulaedo se revela “nas experiénciasatrans- nas necesdades que se pretende revelar a outrem® (Martine, 160: 34) ¢ est para o plano do conte, assim como a segunda ula esti parao plano da expresso, Para Martinet (1960: 35), enuria articulagdo 6 “a forma vocal analixivel numa sucesso de (discret) que contibuem todas para ditinguir “aga de unidades, como “eabopa’ por exempla’. Desse modo, so uni- 98 da morfologia as encontradas na 1*articulagdo da ingvagem, Morfema ¢ morte. 6 petalmente definido como.a menor unidadelinguistica ora de significado, Desse modo, o que é fundamental na defi oss unidade 6a estrutura smantica Sendo se pode diviir a rae ate nn menares no eo mores com. res womas ome hoa meter de por seem cts tats rem conte po melo SEE Somes coe snes onto tars ome mers oe ova cone einaingur ares df Domes modo que ne a erfeorsodetm enema mnt aaa mata ue a tnescu re cmeernoscomactaerem 210) Por Petetscm poss lo const movems (sn Sere tnt an serena norco more sins seat gn Caner) oot de) (lenin) SCH demesne ore 6 Soper ~ereracsepnenay ue rpeseu doo orem ide hime ou tncan more porta uma cae fen sn aa) no Set econ em cnn meee com Seni vee toatl Esra emerson seus tro dope Aurore “20 rer or pst ie [Adistingi entre marfema e morfecorresponde a uma oposicao do tipo abstrato/eoncreto: morfema e morfe sos das faces da unida ldebsia de anise morfoldgica Mas como chegara elas? Que crite Flos podemos adotar na identifiearao dessas particulas? 1.14 Identificando morfemas ‘Quando identificamos uma unidade minima significatva estamos dliante de uma forma recorrente que no poe se diviida em uni dds recorrentes menores, nos termos de loomed (1983)-Damos a _essasentidades o nome de morfes, como sevé nos versos seguir em ‘que terminagao eira se repete sempre atualizando um significado: ‘Vem ci minha compoteira Me ate coma cabldeira Me chama de lavadeira Periga marcar bobelra Cuidado com a eristaleira Segura, me deu gaguelra ‘dando uma tremedetra Obviament,s6 estaremos diante de morfemas se houver petinén- ‘ia do significado. Por exemplo, ‘ah’ e bgaho’apresentam uma seauéncia que se epete, mas est long de exist relago morfolé- ‘sca entre essaspalavras simplesmente porque no hi qualquer se- Imelhanga semantia entre elas. 0 mesmo acontece com est, ita ‘asta formas em que aterminago comum sta é mera coincidéncla al. Diferente & 9 caso de casa, ea-ebre,cae-eio © casa, por smplo, nas quasa presen decas-snalizaaexisténcia de um mor- tendo em vista que hi dara relaio semantic entre as palavrs de aprofundar a questio do reconhecimento dos morfemas, csamos escarecer uma dstingo extremamente relevante para rigdo da morfologa — sincroniae diacronia —, uma ver que 10s daquiem diane, o propésito de mostrar como se segmentam yocibulos formas da lingua portuguesa nos dias de hoje Nessa sho relevados os fatos morfolgicos tals como se apresentam a esti da lingua, sem especulagBes de natueza eimolg i, 8 morflogia nao cabe o estudo da origem e da evalusto vras; tl enfoque¢ adotado pea etimologa, disciplina que dda descrig de uma palavea em diferentes estados de ingua até remontar ao timo (orgem). descri¢to morfoligica pressupde o conhecimento dos flantes a estruturaro interna das palavras de sua lingua, mas esse imonto no abarea nformagBes histrleas.Trocando em i= antes de uma lingua intultvamente sabem se wma palavra 4 ro estrutura de constitutes morfoldgicos, Esse co: ihecimento inato, no entant,restrige-se a fatos que abstraem das Telaydes entre palavrasno‘aguie agora” daingua- Desse modo ro ‘aramos descrever aprovettando-nos ds palavras de Marcos BARR, ‘que ousudrio da inga sabe, mas nla sabe que sbe amplo indo £ que gunguer pss tm um concent ah Fe fees) quel a Un ex agli peace ing: (0 ean ponds ey sun cos, 0 Sb Fa or uo elo rs david poten anda ais Sadr ca nly neonate, amber, analto© ‘SShscent— desta nua guia na ine, cin acon e/a si) 11.5 Sincronia ¢ diacronia ‘sincroniaedlacronla si concetosdstnts, nas complementarss, anon na descrg8o linguistic para indicat diferentes perspectvas [Ge estado da lingua sua investigagzo num momento especfico (sit ‘ronia) ou sua abordagem através do tempo (Alacromla), Um esto os lingusicos numa tincrico, portanto,envolve a sucessto de ftos ling Tihs tempor Osnernco por sua vr desconsieraofator tempo como o reconhecimento das menoresunidades sgnifeativas varia @ tlepender da perspec adntadaorecort to nos estidas mort jamente 0 sincrénico. Se Togleos das linguas naturais € quase exch rece procede, é porque a segmentaro dos elementos morfliah ‘Sotem, ncessaamente, de sr pautadanapertinencia do signifi

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