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Embrapa Solos
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Marco Referencial em
Serviços Ecossistêmicos
Editores Técnicos
Embrapa
Brasília, DF
2019
Exemplares desta publicação podem ser Supervisão editorial
adquiridos na: Jacqueline Silva Rezende Mattos
Embrapa Solos Revisão de texto
Rua Jardim Botânico, 1024 Marcos Antônio Nakayama
CEP 22460-000 Rio de Janeiro, RJ Normalização bibliográfica
Fone: (21) 2179-4500 Luciana Sampaio de Araujo
Fax: (21) 2274-5291
www.embrapa.br Capa
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/ Eduardo Guedes de Godoy
Fotos da capa
Unidade responsável pelo conteúdo e pela Joice Nunes Ferreira
edição Mônica Matoso Campanha
Embrapa Solos Rodrigo Peçanha Demonte Ferraz
Comitê Local de Publicações Rachel Bardy Prado
da Embrapa Solos Paulo Luiz Lanzetta Aguiar
Secretária-Executiva 1ª edição
Jacqueline Silva Rezende Mattos 1ª impressão (2019): 1.000 exemplares
Membros
Adriana Vieira de Camargo de Moraes
Bernadete da Conceição Carvalho Gomes Pedreira
Enyomara Lourenço Silva
Evaldo de Paiva Lima
Joyce Maria Guimarães Monteiro
Luciana Sampaio de Araujo
Maria Regina Capdeville Laforet
Maurício Rizzato Coelho
Ricardo de Oliveira Dart
Wenceslau Geraldes Teixeira
ISBN 978-85-7035-909-4
Muito agradecemos, também, ao Dr. Silvio Crestana por ter, amavelmente, aceitado
o nosso convite para prefaciar o Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos.
Suas luzentes palavras em muito enobrecem esta obra.
Por último, mas não menos importante, os editores agradecem aos chefes da
Embrapa Solos, Embrapa Florestas e Embrapa Milho e Sorgo pelo imprescindível
apoio institucional, sem o qual não conseguiríamos lograr êxito na consecução da obra.
"Não é a terra que é frágil. Nós é que somos
frágeis. A natureza tem resistido a catástrofes
muito piores do que as que produzimos. Nada do
que fazemos destruirá a natureza. Mas podemos
facilmente nos destruir."
Seguindo uma tendência global, a sociedade brasileira, cada vez mais informada e
consciente, tem demonstrado uma crescente preocupação com o meio ambiente
e com a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental dos sistemas de
produção.
Os editores
Prefácio
Em primeiro lugar, congratulo-me com todos aqueles que contribuíram para
viabilizar esse Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos. Essa iniciativa que
envolveu várias unidades de pesquisa e diferentes “expertises” exalta o prota-
gonismo e a vitalidade da Embrapa e parceiros em institucionalizar, na Empresa
e no País, o enfoque ecossistêmico – essa nova fronteira mundial da inovação e
do desenvolvimento científico, tecnológico e socioeconômico. Esse fato vem
fortalecer significativamente e dar continuidade a iniciativas estratégicas e pio-
neiras da Embrapa iniciadas em 2006 com o lançamento do Marco Referencial em
Agroecologia e do Plano Nacional em Agroenergia e, posteriormente, em 2011,
com o Marco Referencial em Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Nesse bojo,
soma-se ainda, em 2016, o lançamento dos marcos regulatórios em pesquisa e
desenvolvimento visando ao acesso ao patrimônio genético, ao conhecimento tradi-
cional, à exploração econômica de produtos e processos e repartição de benefícios.
Para avançar nesse contexto, faz-se necessário contemplar a tendência mundial
e “fazer a lição de casa” naquilo que depende de nós, tanto para se adaptar aos
novos tempos como para aproveitar as novas oportunidades advindas dos ecos-
sistemas, desenvolvendo nosso potencial e, assim, contribuindo ao progresso do
País e da humanidade.
Vale constatar que, no âmbito mundial, a bioeconomia emerge como uma das
principais forças motrizes para ajudar na solução dos desafios inerentes à
“tempestade perfeita” que se abate sobre o nexus alimento, água e energia em
tempos de crescimento populacional explosivo e com perfil urbano e de classe
média e de maior longevidade criando novos hábitos de consumo. Para que o Nexus
tenha nexo, a bioeconomia se propõe a reunir o conjunto de atividades econômicas
baseadas no uso de recursos biológicos (biomassa) renováveis no lugar de matérias-
-primas fósseis para a produção de alimentos, rações, novos materiais, produtos
químicos, combustíveis e energia para a geração e promoção de saúde, desenvol-
vimento sustentável, crescimento e bem-estar para a sociedade. Assim, espera-se que
a economia brasileira, nas próximas décadas, incorpore em sua matriz a promoção de
produtos biológicos sustentáveis de alto valor, derivados da agricultura, alimen-
tação, saúde, bioenergia e química verde, que deverão ser eficazes, eficientes e
vantajosos do ponto de vista ambiental, social e econômico. Devido às suas dimensões
territoriais, ao uso sustentável dos recursos biológicos renováveis e da biodiversi-
dade nacional no lugar de matérias-primas fósseis, o País tem pleno potencial para
desenvolver bionegócios e bioprodutos. Desse modo, poderá dar importante
contribuição às metas dos Objetivos do milênio de desenvolvimento sustentável e
na economia circular, ajudando a construir uma nova geopolítica baseada na busca
da abundância a partir da escassez. Para tal, terá que alicerçar um robusto sistema
de inovação baseado na excelência educacional, científica e de negócios. É nesse
cenário que ganham relevância e prioridade o conceito e a implementação dos
Serviços Ecossistêmicos, tão bem abordados neste Marco Referencial.
Aproveitar o que já está disponível e tirar proveito dos fluxos nacionais e mundiais
de conhecimento, juntando a hard-science com a soft-science, é uma grande opor-
tunidade para a criatividade e o empreendedorismo. Nessa perspectiva, reconhecer
as dimensões da heterogeneidade e da complexidade inerente aos sistemas natu-
rais e humanos é parte do mesmo todo, hoje cada vez mais possível e necessário.
Nesse sentido, toda atenção se faz essencial para não cair na visão simplista e
equivocada do reducionismo mercantilista da natureza quando se pretende incluir
as novas funções do ecossistema em sistemas de preços e relações de mercado,
tarefa fundamental para valorar e monetizar as externalidades positivas ou reverter
as negativas, como na oportuna proposição do pagamento por serviços ambientais.
Outra vertente equivocada seria limitar a natureza a uma visão meramente utili-
tarista quando se interpretam os estoques de capital natural unicamente como
fornecedores de bens e serviços diversos para as sociedades humanas. Há benefícios
intangíveis como conhecimento tradicional, turismo, beleza cênica, recreação, valo-
res espirituais que se traduzem na multifuncionalidade territorial e que precisam
ser captados na plataforma dos serviços ecossistêmicos. Do ponto de vista da pesquisa,
da tecnologia, da inovação e da geração de conhecimentos, é imprescindível trocar
as tecnologias de produtos por aquelas de processo, os projetos de curto prazo por
programas de pesquisa mais perenes, integrar as pesquisas analíticas às sistêmi-
cas, contemplar simultaneamente as escalas de propriedade agrícola e as de bacia
hidrográfica, para isso desenvolvendo indicadores e métricas apropriadas.
A dupla tarefa de produzir e conservar sistemas, nas suas várias dimensões, remete
ao desafio de construir a sustentabilidade e ao problema científico-tecnológico de
lidar com a complexidade e com a outra face da sustentabilidade, que é a resistên-
cia e a resiliência de sistemas. Evitar os desserviços ambientais, como a degradação
dos solos, das águas, da atmosfera, da biodiversidade, da cultura e da paisagem
é uma outra maneira de ver o problema. Portanto, recuperar áreas degradadas
e construir agroecossistemas sustentáveis passa a ser um estupendo mister. A
intensificação sustentável baseada na produtividade, estabilidade, sustentabili-
dade, resistência, resiliência e invulnerabilidade dos sistemas de produção é uma
boa solução.
Uma consequência, do ponto de vista dos recursos humanos, para atender essa
nova ordem, em construção, se traduz na demanda crescente por novos profis-
sionais. Eles devem ser capazes de trabalhar em equipes globalmente integradas
para aplicar e agregar o máximo de valor, gerar em profundidade e amplitude a
tecnologia para criar soluções cada vez mais inteligentes, que saibam definir novos
mercados para as inovações, para resolver problemas desafiadores por meio das
conexões das contribuições individuais. Se ainda lembrarmos que as crises, as
incertezas, a necessidade de mudanças e a pressão por resultados são caracterís-
ticas marcantes de nossos tempos, otimizar as sinergias e construir resistência e
resiliência de sistemas são ingredientes indispensáveis para se enfrentar os desa-
fios pessoais, profissionais e corporativos, do País e do planeta. É nesse âmago que
têm surgido conceitos como o de biocapacidade, pegada ecológica, pegada hídrica,
pegada de carbono, limites críticos dos recursos naturais, entre outros.
Parabéns aos editores e autores por esta distinta obra. Boa leitura a todos!
Silvio Crestana
Pesquisador Sênior da Embrapa Instrumentação
Professor da Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental-EESC-USP
Presidente da Embrapa entre 2005 e 2009
CAPÍTULO 1
Serviços ecossistêmicos:
uma abordagem conceitual
Rodrigo Peçanha Demonte Ferraz
Rachel Bardy Prado
Margareth Gonçalves Simões
Mônica Matoso Campanha
Elaine Cristina Cardoso Fidalgo
Ivan Bergier Tavares de Lima
Ana Paula Dias Turetta
Rafael Gonçalves Tonucci
Joyce Maria Guimarães Monteiro
Lucília Maria Parron
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Introdução
O presente capítulo tem como propósito introduzir o leitor nos conceitos funda-
mentais sobre o tema “Serviços Ecossistêmicos” ou “Serviços Ambientais”. Desse
modo, será discutido, brevemente, o que são e quais são os diferentes tipos de
serviços ecossistêmicos. Assim como, suas relações com as funções ecossistêmicas.
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Em Costanza et al. (1997), De Groot et al. (2002) e Daily e Farley (2004), a ênfase
é dada à ideia de que os serviços ecossistêmicos constituem bens e serviços deri-
vados explicitamente de funções ecossistêmicas capazes de serem utilizados em
benefício da humanidade. Em Daily (1997), os serviços ecossistêmicos são equipa-
rados às condições e processos provenientes dos ecossistemas naturais, deixando
apenas de modo implícito a ideia de funções ecossistêmicas associadas. Por sua vez,
a definição apresentada pelo Millennium Ecosystem Assessment (2003) se utiliza
de uma lógica mais simplista e direta estabelecendo que os serviços ecossistêmicos
consistem nos benefícios providos de uma forma geral pelos ecossistemas. A defini-
ção fornecida pelos relatórios do Ecological and Economic Foundations (Sukhdev,
2008; Kumar, 2010) também segue essa lógica de atribuir aos serviços ecossistêmi-
cos a ideia de contribuições diretas ou indiretas dos ecossistemas para o bem-estar
humano. Em contradição a essas últimas concepções, as abordagens conceituais de
Boyd e Banzhaf (2007), Fisher et al. (2007) e Farley (2012) argumentam que os
serviços ecossistêmicos não são benefícios de forma geral e sim componentes
da natureza, diretamente aproveitados, consumidos ou usufruídos para o bem-
estar humano.
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Serviços ecossistêmicos: uma abordagem conceitual
De Groot et al. (2002) apresentam uma tipologia de classificação das funções ecos-
sistêmicas, dividindo-as em quatro categorias: funções de regulação; funções de
produção; funções de habitat e funções de informação, que, na sequência, serão
abordadas separadamente.
Funções de regulação
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Funções de produção
Funções de habitat
Funções de informação
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Serviços ecossistêmicos: uma abordagem conceitual
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Serviços de provisão
A água destaca-se como um produto essencial à vida e insumo para todas as ativi-
dades econômicas. De modo diferente dos demais recursos minerais, a produção e
a disponibilidade da água constituem um serviço intrinsecamente dependente das
funções de regulação e estabilidade dos ciclos hidrológicos. Como recurso abiótico
e renovável, a oferta d’água constitui um serviço ecossistêmico altamente vulnerável
aos impactos decorrentes do uso inadequado dos solos e dos corpos hídricos.
Serviços de regulação
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Serviços ecossistêmicos: uma abordagem conceitual
Serviços de suporte
Serviços culturais
Constitui uma categoria de serviços que se diferencia das demais pelo seu caráter
subjetivo e, na medida em que são intrinsecamente ligadas aos valores humanos,
podem variar conforme o contexto sociocultural vigente. Como salientam Andrade
e Romeiro (2009), a percepção e a valoração desses serviços podem não ser as mes-
mas entre populações díspares, visto que dependem dos padrões culturais, valores
e paradigmas que moldam as diferentes culturas humanas.
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
culturais e científicas que podem ser adquiridas por meio de experiências de imer-
são nesses ambientes. Esses autores ainda acrescentam que tais características
dificultam não somente a definição conceitual como também a valoração desses
serviços.
Serviços Ecossistêmicos
Serviços de Regulação
Serviços de Provisão
(abastecimento)
Serviços Culturais
Serviços de Suporte
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Serviços ecossistêmicos: uma abordagem conceitual
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Seção Provisão
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Serviços ecossistêmicos: uma abordagem conceitual
ponto de vista prático, elucida com clareza as inter-relações de causa e efeito entre
os processos naturais e as ações antrópicas sobre o meio ambiente. Desse modo, de
acordo com Power (2010), tanto os impactos negativos da atividade agrícola sobre os
processos ecossistêmicos como os efeitos desses impactos nos sistemas de produção
são considerados desserviços ecossistêmicos. Assim, os processos que depreciam
a produção agrícola podem ser considerados desserviços da natureza para a agri-
cultura, como, por exemplo, a concorrência por luz, água e nutrientes por parte
das ervas invasoras, os danos causados pelas pragas e fitomoléstias, parasitismo
em animais domésticos, eventos climáticos e meteorológicos adversos, etc. (Zhang
et al., 2007). Por outro lado, as práticas agrícolas também causam desserviços na
medida em que impactam diversos processos ecológicos, como, por exemplo, a
contaminação ambiental pelo uso indiscriminado de pesticidas e a perda da biodi-
versidade causada pela supressão da vegetação nativa para a implantação de siste-
mas de produção, entre vários outros processos.
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Considerações finais
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Serviços ecossistêmicos: uma abordagem conceitual
Referências
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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Capítulo 2
Serviços ecossistêmicos:
histórico e evolução
Mônica Matoso Campanha
Bernadete da Conceição Carvalho Gomes Pedreira
Elaine Cristina Cardoso Fidalgo
Lucília Maria Parron
Rachel Bardy Prado
Ivan Bergier Tavares de Lima
Joyce Maria Guimarães Monteiro
Rodrigo Peçanha Demonte Ferraz
Ana Paula Dias Turetta
Rafael Gonçalves Tonucci
Gustavo Bayma Siqueira da Silva
Luciano Mansor de Mattos
Margareth Gonçalves Simões
Ricardo Trippia dos Guimarães Peixoto
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Introdução
O Capítulo 2 apresenta um breve histórico da evolução conceitual sobre o tema
serviços ecossistêmicos (SE), incluindo referências a autores de destaque, marcos
conceituais, redes de pesquisa, plataformas, agências e institutos com foco em SE.
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Serviços Ecossistêmicos: histórico e evolução
Nas décadas seguintes, os ecologistas elaboraram ainda mais a noção dos ecossis-
temas como sistemas de apoio à vida, provedores de serviços e bens econômicos
(Ehrlich; Mooney 1983; Folke, 1991; Pearce; Warford, 1993; Costanza et al., 1997;
Daily, 1997; Daily et al., 2000). Diversos trabalhos vêm estabelecendo as relações
entre os processos naturais e a sociedade humana, enfatizando notadamente a
dependência dos sistemas econômicos vigentes ao capital natural. O conceito de
"capital natural" também surgiu na década de 1970, considerado o estoque natural que
gera um fluxo de bens e serviços úteis ou rentáveis ao homem, ao longo do tempo
(De Groot, 1987; Costanza; Daily 1992; Dasgupta; Mäler, 1994; Jansson et al., 1994).
Para Gómez-Baggethun e De Groot (2007), a partir de uma perspectiva ecológica, o
capital natural não pode ser concebido apenas como um estoque ou agregação de
elementos naturais, mas engloba todos os processos e interações dos ecossistemas,
que regulam e determinam sua integridade e equilíbrio ecológico (considera seu
funcionamento). O capital natural não depende da construção humana para sua
existência (Costanza et al., 2017).
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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Serviços ecossistêmicos: histórico e evolução
Lima et al. (2015) mostraram que o número de artigos sobre SE saltou de 100 em
2004 para 1.600 em 2014. A maior parte desses trabalhos foi produzida nos EUA.
Com base em mais de 41 mil artigos acadêmicos, Balvanera et al. (2012) eviden-
ciaram o maior peso conferido aos SE ligados aos ciclos da água e do carbono. Os
autores mencionaram, ainda, que o sucesso da abordagem SE na América Latina
dependerá em grande parte da sua capacidade de conferir eficácia aos objetivos
de conservação e de desenvolvimento sustentável. A literatura científica sobre os
SE é vasta e apresenta discussões acerca de: aspectos conceituais (Wallace, 2007;
Fisher et al., 2009; Dick et al., 2018); quantificação (Fearnside, 2008; Alipaz, 2010);
aspectos relacionados à sua avaliação e valoração econômica (Gómez-Baggethun et
al., 2010; Lele et al., 2013; Heydinger, 2016; Murray, 2016; Kubiszewski et al., 2017);
funções ecológicas da biodiversidade (Lele et al., 2013; Schneiders; Müller, 2017);
aplicação de modelos sobre a dinâmica espaço-temporal na sua avaliação e moni-
toramento (Bürgi et al., 2015; Heydinger, 2016; Silva et al., 2017), entre outros.
Um histórico de 20 anos dos debates, das pesquisas geradas, das lições aprendidas e
novas recomendações sobre SE foi resumido por Costanza et al. (2017).
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Serviços ecossistêmicos: histórico e evolução
1
Por tratar-se de uma designação de caráter científico adotado internacionalmente, optou-se por adotar
o termo serviços ecossistêmicos, considerando, como sinônimo, o termo serviços ambientais (vide
Capítulo 1).
43
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Nos últimos anos, têm surgido grandes avanços com relação aos instrumentos
econômicos para a gestão ambiental no mundo e no Brasil. Esses instrumentos
buscam atender às metas ambientais, contornando a rigidez das políticas públicas,
que geralmente priorizam a regulação direta da utilização dos recursos naturais. A
abordagem do PSA foi adicionada recentemente a esse conjunto de instrumentos,
mas avança pelo País (Pagiola et al., 2013; Young; Bakker, 2015).
Segundo Coudel et al. (2015), o desenvolvimento dos PSA no Brasil teve início a par-
tir dos anos 2000 por meio de Organizações não governamentais (ONGs) e gover-
nos locais, os quais criaram oportunidades de experimentação e compartilhamento de
experiências por todo o País. As etapas iniciais levaram em consideração agendas como:
44
Serviços ecossistêmicos: histórico e evolução
• Gestão da água; e
45
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Uma visão geral das legislações, políticas e iniciativas voltadas à provisão e manu-
tenção dos serviços ecossistêmicos no Brasil é tratado com maior profundidade no
Capítulo 3.
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Serviços ecossistêmicos: histórico e evolução
Essa rede de Pesquisa em SA reúne uma carteira de projetos que atuam em diver-
sas linhas de pesquisa, tais como: Análise e avaliação de políticas públicas em SE;
Avaliação, monitoramento e modelagem em SE; Capacitação e troca de expe-
riências em SE; Ferramentas para sistematização e padronização de métodos
e organização da informação em SE; Geotecnologias aplicadas à análise de SE;
Seleção, validação e aplicação de indicadores em SE; Suporte à compensação e
valoração de SE; Tecnologias, práticas, recomendações e alternativas conservacio-
nistas para provisão de SE aos agroecossistemas, entre outros. Espera-se que os
seguintes benefícios ocorram com a divulgação dos resultados de pesquisa dessa
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Considerações finais
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Serviços ecossistêmicos: histórico e evolução
Referências
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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50
Serviços ecossistêmicos: histórico e evolução
51
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
52
Serviços ecossistêmicos: histórico e evolução
53
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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54
Serviços ecossistêmicos: histórico e evolução
55
Capítulo 3
Serviços ecossistêmicos:
instrumentos legais e
políticos no Brasil
Rachel Bardy Prado
Joice Nunes Ferreira
Bernadete da Conceição Carvalho Gomes Pedreira
Gustavo Bayma Siqueira da Silva
Ivan Bergier Tavares de Lima
Joyce Maria Guimarães Monteiro
Rafael Gonçalves Tonucci
Lucília Maria Parron
Mônica Matoso Campanha
Rodrigo Peçanha Demonte Ferraz
Lilian Terezinha Winckler
Débora Pignatari Drucker
Adriana Reatto dos Santos Braga
Sérgio Ahrens
Margareth Gonçalves Simões
Luiz Fernando Duarte de Morais
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Introdução
A Avaliação Ecossistêmica do Milênio (Millennium Ecosystem Assessment, 2005)
alertou o mundo para a dependência humana do Capital Natural e identificou que
os serviços ecossistêmicos (SE) em várias partes do mundo têm sido degradados
mais rápida e profundamente nos últimos 50 anos do que em qualquer outro perí-
odo análogo da história da humanidade. A avaliação indica declínios acentuados de
SE para as próximas décadas, dadas as perspectivas de crescimento populacional,
da lenta adaptação para uma econômica circular e as alterações climáticas globais.
Desde então, diversos estudos vêm sendo conduzidos mundialmente para a avalia-
ção, o monitoramento, a modelagem e a valoração econômica dos SE. Também no
âmbito dos tomadores de decisão, instrumentos e políticas públicas têm buscado
incentivar e estimular a conservação ambiental e a promoção de ações para a
mitigação da emissão de gases de efeito estufa e para a adaptação às mudanças
climáticas. O histórico desses estudos e iniciativas foi apresentado no Capítulo 2.
Contudo, são ainda necessárias novas abordagens baseadas nos aprendizados das
iniciativas de PSA em andamento, tornando-as mais efetivas ambientalmente e jus-
tas socialmente. Inovações nesse sentido poderiam subsidiar a regulamentação das
legislações existentes e, sobretudo, contribuir para o avanço da tramitação e sucesso
de projetos de Lei Federal de PSA no Congresso Nacional (Leite; Anguita, 2017).
58
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
Tabela 1. Principais instrumentos legais e políticos ambientais em vigor nos últimos anos.
Instrumentos Nome Criação Objetivo
legais e políticos
Lei nº 9.433 Política Nacional 1997 Estabelecer instrumentos para a gestão
de Recursos dos recursos hídricos de domínio federal
Hídricos (aqueles que atravessam mais de um
estado ou fazem fronteira) e criar o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (SINGREH).
Lei nº 9.605 Lei de Crimes 1998 Dispor sobre as sanções penais e
Ambientais administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente e dar
outras providências.
59
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Tabela 1. Continuação.
Instrumentos Nome Criação Objetivo
legais e políticos
Decreto nº 4.339 Política Nacional 2002 Implementar as obrigações assumidas
de Biodiversidade na Convenção de Biodiversidade
(CDB) e promover, de forma integrada,
a conservação da biodiversidade
e a utilização sustentável de seus
componentes, com a repartição justa e
equitativa dos benefícios derivados da
utilização dos recursos genéticos, de
componentes do patrimônio genético e dos
conhecimentos tradicionais associados a
esses recursos.
Lei nº 10.650 Lei sobre Dados 2003 Realizar a gestão ambiental no Brasil, sendo
e Informações do o sistema formado pelos órgãos e entidades
Sistema Nacional da União, dos estados, do Distrito Federal e
de Meio Ambiente dos municípios responsáveis pela proteção,
(Sisnama) melhoria e recuperação da qualidade
ambiental no Brasil.
Lei nº 11.428 Lei da Mata 2006 Promover a conservação, a proteção, a
Atlântica regeneração e a utilização do Bioma Mata
Atlântica, patrimônio nacional.
Lei nº 11.284 Lei de Gestão de 2006 Realizar a gestão de florestas públicas para
Florestas Públicas produção sustentável, instituir o Serviço
Florestal Brasileiro (SFB), na estrutura
do Ministério do Meio Ambiente, e criar
o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Florestal (FNDF).
Decreto nº 5.902/ Utilização 2004/2007 Executar o Quinquagésimo Oitavo
Portaria MMA Sustentável e Protocolo Adicional ao Acordo de
nº 09 Repartição dos Complementação Econômica no 18, entre
Benefícios da os Governos da República Federativa
Biodiversidade do Brasil, da República da Argentina, da
República do Paraguai e da República
Oriental do Uruguai.
Decreto nº 7.747 Política Nacional 2012 Garantir e promover a proteção, a
de Gestão recuperação, a conservação e o uso
Territorial e sustentável dos recursos naturais das
Ambiental de terras e territórios indígenas, assegurando
Terras Indígenas a integridade do patrimônio indígena,
a melhoria da qualidade de vida e as
condições plenas de reprodução física
e cultural das atuais e futuras gerações
dos povos indígenas, respeitando sua
autonomia sociocultural, nos termos da
legislação vigente.
Continua...
60
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
Tabela 1. Continuação.
Instrumentos Nome Criação Objetivo
legais e políticos
Decreto nº 8.505 Programa de 2015 Apoiar a criação e a consolidação de
Áreas Protegidas unidades de conservação federais e
da Amazônia estaduais de proteção integral e de uso
sustentável na região amazônica que
integram o Programa; auxiliar a manutenção
dessas unidades, conforme seus manuais
e normas; propor mecanismos que
garantam a sustentação financeira em
longo prazo; e promover a conservação da
biodiversidade na região e contribuir para o
seu desenvolvimento sustentável de forma
descentralizada e participativa.
61
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
62
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
O Plano ABC conta com uma linha de crédito, o Programa ABC, que concede
recursos a baixas taxas aos produtores rurais para financiar a adoção das tec-
nologias ABC. O Programa ABC foi lançado na safra de 2010/2011, e, até a de
safra 2016/2017, já foram disponibilizados cerca de R$ 25,4 bilhões de crédito
aos agricultores (Observatório ABC, 2018). Além do plano ABC nacional, vários
estados brasileiros estruturaram seus planos ABC estaduais. Alguns desses pla-
nos estaduais citam diretamente como estratégia de implantação o pagamento
por serviços ambientais, como, por exemplo, os dos estados do Espírito Santo
e de Minas Gerais.
O Plano ABC criou uma estrutura de governança que incentiva os produtores rurais
a adotar tecnologias conservacionistas, oportunizando a internalização do tema no
cenário nacional, promovendo campanhas publicitárias e de divulgação, a capacita-
ção de técnicos e produtores rurais, a transferência de tecnologia e o crédito rural.
63
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
64
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
chamadas de “Metas de Aichi de Biodiversidade”, que tem como visão: “Em 2050,
a biodiversidade será valorizada, conservada, restaurada e utilizada com sabe-
doria, mantendo os serviços ecossistêmicos, sustentando um planeta saudável e
provendo benefícios essenciais para todas as pessoas” (Convention on Biological
Diversity, 2018). Dessa forma, fica explícita a importância crescente atribuída aos
serviços ecossistêmicos.
A CDB foi Ratificada pelo Brasil em 1994 (Decreto nº 2/1994) e promulgada pelo
Decreto nº 2.519, de 16 de março de 1998 (Brasil, 1994, 1998). O compromisso
de instituir uma Política Nacional de Biodiversidade (PNB) foi concretizado em 2002
(Brasil, 2002b). A PNB tem por objetivo a promoção da conservação integrada da
biodiversidade e da utilização sustentável de seus componentes. Justifica-se pela
necessidade de maior integração dos atores sociais envolvidos no tema, em função
dos distintos níveis de comprometimento dos agentes públicos e privados nos esfor-
ços de conservação, uso sustentável e repartição de benefícios decorrentes do uso
da biodiversidade dos biomas brasileiros. É formada por sete componentes, a saber:
65
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Vários instrumentos são mencionados nessa lei, que se somam aos já existentes,
como é o caso da Cota de Reserva Ambiental (CRA), que permitirá a compensação
de reserva legal de imóveis em locais distintos ao que se obriga recompor, abrindo,
assim, um novo leque de possibilidades de recomposição e conservação da vegetação
66
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
Além disso, com a instituição do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que se tornou
obrigatório por essa mesma lei, há a possibilidade de surgirem novos mecanis-
mos de cooperação/interação produtores-consumidores, já que o CAR facilitará
o acompanhamento, o monitoramento e a rastreabilidade da produção rural,
expondo-a às exigências do consumo responsável. Numa análise sobre as implica-
ções do Código Florestal brasileiro sobre os serviços ecossistêmicos, Ahrens e Ahrens
(2015) consideram que houve um avanço na previsão normativa para o pagamento por
serviços ambientais, embora o disposto no art. 41 ainda necessite de regulamenta-
ção para que seja possível dar-lhe plena efetividade. Se aplicado com rigor, o Código
Florestal poderia prevenir uma perda líquida de 53,4 milhões de hectares de
floresta e vegetação nativa até 2050, dos quais 43,1 Mha (81%) estão na Amazônia;
a aplicação do Código Florestal poderia contribuir com até 1,03 PgCO2 e para a
ambiciosa meta de redução de emissões de GEE estabelecida pelo Brasil para
2030 (Soterroni et al., 2018).
67
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Ainda não existe no Brasil uma lei ou política que regulamente o PSA, embora diver-
sos projetos de lei (PL) federais estejam em tramitação no Congresso Nacional.
Esses PLs têm por objeto estabelecer uma Política Nacional de Pagamento por
Serviços Ambientais (PNPSA). Podem-se citar: o PL nº 792/2007, que dispõe sobre
a definição de Serviços Ambientais e outras providências; o PL nº 5.487/2009, que
institui a Política Nacional dos Serviços Ambientais; o PL nº 1.274/2011, que institui
o Programa Nacional de Compensação por Serviços Ambientais e o Fundo Federal
de Pagamento por Serviços Ambientais; o PL nº 276/2013, que institui a Política
Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais; e o PL nº 312/2015, que reedi-
tou o PL nº 1274/2011, que institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços
Ambientais (PNPSA), entre outros PLs apensados.
Uma PNPSA tem por objetivo disciplinar a atuação do Poder Público em prol da
manutenção e melhoria dos serviços ecossistêmicos no território nacional, espe-
cialmente nas áreas prioritárias à conservação da biodiversidade. Objetiva também
fomentar o desenvolvimento sustentável e a promoção de geração de trabalho e
renda para populações mais vulneráveis sob o aspecto socioeconômico e recompensar
68
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
69
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
70
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
71
72
Tabela 2. Aspectos positivos, limitações, alinhamento com iniciativas e plataformas globais e potencial da Embrapa e parceiros para contribuir
com os instrumentos legais e políticos voltados à provisão e manutenção dos serviços ecossistêmicos (SE).
L e i / p o l í t i c a / Pontos positivos Limitações Alinhamento global Potencial de contribuição da
iniciativa Embrapa e parceiros
Política Nacional Prevê condições para o produtor rural Falta a contabilização dos Relaciona-se diretamente Implementação e avaliação
sobre Mudança realizar os investimentos necessários resultados da implantação ao ODS 13: Ação contra a dessa política e do Plano ABC,
do Clima – Lei nº à incorporação de alternativas do Programa ABC a fim de mudança global do clima, e monitoramento dos impactos
12.187/2009 e tecnológicas de baixa emissão de verificar o cumprimento indiretamente com os ODS 2, das práticas conservacionistas
Plano Agricultura carbono no processo produtivo e a das metas internacionais 12 e outros. dos sistemas de produção
de Baixo intensificação sustentável. brasileiras. A fiscalização das agrícola nos SE e bem-estar
Durante a 15ª Conferência
Carbono (ABC) ações e monitoramento do dos atores envolvidos,
O programa ABC é uma linha de das Partes (COP-15), o
seu impacto nos SE não estão proposição de adequações
crédito para o financiamento das Governo Brasileiro divulgou o
bem definidos. e correções de rumos (se
metas do Plano ABC e está incluído seu compromisso voluntário
necessário), organização
nos Planos Agrícolas e Pecuários (PAP) Os produtores enfrentam de redução entre 36,1%
da informação gerada,
como uma linha de investimento. problemas no acesso ao e 38,9% das emissões de
disseminação e orientação
crédito por não atenderem gases de efeito estufa (GEE)
em relação às tecnologias
a todas as exigências projetadas para 2020.
propostas, entre outros.
estabelecidas.
O Programa ABC está
A questão da adaptação às associado ao cumprimento
mudanças climáticas não está das metas assumidas pelo
muito bem explicitada e nem Brasil no Acordo de Paris,
sendo diretamente abordada. previsto na Contribuição
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Nacionalmente Determinada
(NDC) Brasileira.
Continua...
Tabela 2. Continuação.
Continua...
73
74
Tabela 2. Continuação.
Nesse segundo aspecto, o Mata Atlântica e Pacto pela níveis federativos) sobre
conservacionistas do solo serão aceitas
entendimento do produtor Restauração da Amazônia. os conceitos, técnicas e
nessas áreas, favorecendo a provisão
é justificado, pois os órgãos estratégias associados
de SE.
ambientais ainda não à restauração de áreas
O CAR está organizando uma base conseguiram definir o que degradadas e à adequação
de dados em escala de propriedade é passível de autorização e ambiental das propriedades
que será importante para a em que situação (como o rurais.
adequação ambiental, assim como caso da geração de renda
nortear planejamento agropecuário pela exploração de madeira
das propriedades visando à nativa).
sustentabilidade.
Continua...
Tabela 2. Continuação.
L e i / p o l í t i c a / Pontos positivos Limitações Alinhamento global Potencial de contribuição da
iniciativa Embrapa e parceiros
Política Nacional Considera todos os tipos de Serviços Apesar de existir grande Os objetivos e diretrizes do O desafio de se implementar
de Pagamento Ambientais. número de PLs de âmbito PL 312/2015 apresentam uma política nacional
por Serviços nacional sobre PSA, elas forte alinhamento aos ODS 6: de PSA é grande e exige
Contempla diversos aspectos
Ambientais apresentam conteúdo Água potável e saneamento, esforço conjunto de
necessários à implementação e
(Projetos de muito semelhante e ainda ODS 12: Consumo e produção diversos instituições e
execução da PNPSA.
Lei Federais: PL não foram aprovados e/ responsáveis, ODS 13: Ação atores relacionados. Nesse
nº 312/2015 Há uma preferência dada aos ou implementados por contra a mudança global do sentido, a Embrapa e seus
(reeditou o PL nº agricultores familiares. conflitos de interesses clima, ODS 14: Vida na água, parceiros têm competências
1274/2011), PL Os objetivos, diretrizes e ações e divergências entre e ODS 15: Vida terrestre, suficientes para contribuir de
nº 276/2013, PL previstas no PL 312/2015 ambientalistas e ruralistas. além de ter alinhamentos forma expressiva, no âmbito
nº 5.487/2009 e constituem um instrumento indiretos com os ODS 2, 3, 8, nacional, estadual e municipal,
Falta também clareza sobre
PL nº 792/2007) com potencial para promover 17 e outros. nos seguintes aspectos: análise
quem poderá receber a
impactos positivos e relevantes nos dos PL, apontando lacunas e
compensação e como ela Muitos países possuem
diferentes aspectos: social, cultural, melhorias; desenvolvimento
será feita (beneficiários). uma Política Nacional de
econômico e ambiental, devido ao de ferramentas que possam
Pagamento por Serviços
Não são especificados apoiar os PSAs em seus
seu escopo de sustentabilidade e Ambientais, o que tem
com detalhes os aspectos desafios tais como redução de
abrangência espacial. implicado em impactos
necessários (monitoramento, custos do monitoramento, no
positivos nos SE, como é o caso
fiscalização, planejamento ganho de escala e abrangência,
da Costa Rica e do México.
técnico e institucional) para na valoração de SE; no
orientar a implementação de Bastante alinhada a esta desenvolvimento de novos
uma política pública complexa política é a Plataforma modelos e diretrizes para
como é o caso dos PSAs. Internacional de tornar a PNPSA e os PSA mais
Biodiversidade e Serviços robustos e eficazes no País.
Há dúvidas em relação à origem
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
Ecossistêmicos (IPBES), de
dos recursos para o PSA.
que o Brasil faz parte, visando
à aproximação de ciência
e política em prol dos SE
(https://www.ipbes.net/).
Continua...
75
76
Tabela 2. Continuação.
77
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Para a Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, existe uma série de políticas
que abordam em seu texto a questão dos serviços ecossistêmicos. Merecem des-
taque: o PL 222/2016 (Brasil, 2016a), que institui a Política de Desenvolvimento
Sustentável da Caatinga, visando implementar programas de PSA prestados nas
propriedades rurais e criar linhas de créditos especiais e incentivos fiscais para
o pagamento por serviços ambientais; e o PL 6391/2016 (Brasil, 2016b), que dis-
põe sobre o estabelecimento do Fundo Caatinga pelo Banco do Nordeste (BNB),
autorizando o BNB a destinar recursos de diferentes fontes para a realização de
aplicações não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate
ao desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável no bioma
Caatinga em diferentes áreas.
No Ceará, por exemplo, um projeto de lei sobre PSA está tramitando na câmara
estadual e tem por objetivo instituir a Política Estadual sobre Serviços Ambientais
e Ecossistêmicos, com o objetivo geral de promover, incentivar e fomentar os serviços
ambientais e ecossistêmicos do estado, além de estruturar e fortalecer a atuação
do Poder Público no apoio e incentivo aos setores produtivos e de prestação de
78
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
80
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
Considerações finais
81
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
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87
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
88
CAPÍTULO 4
Serviços Ecossistêmicos:
relações com a agricultura
Rodrigo Peçanha Demonte Ferraz
Rachel Bardy Prado
Margareth Gonçalves Simões
Elaine Cristina Cardoso Fidalgo
Ivan Bergier Tavares de Lima
Lucília Maria Parron
Mônica Matoso Campanha
Lilian Terezinha Winckler
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Introdução
Agroecossistemas são definidos pela OECD (2001a) como ecossistemas onde os
seres humanos modificam parcialmente o ambiente natural, visando adaptá-lo para
a implantação de sistemas de produção agrícola. Em decorrência, os agroecossiste-
mas, em maior ou menor medida, dependendo do sistema de produção, guardam
ainda muitas características e propriedades dos ambientes naturais. Desse modo,
se, por um lado, as atividades agrícolas são impactantes para o meio ambiente
natural, por outro, os sistemas de produção agrícola, se devidamente manejados,
podem reverter ou minimizar a tendência de ruptura dos processos ecossistêmicos,
mitigando os impactos negativos e prestando relevantes serviços ecossistêmicos.
90
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
Além da alteração dos ecossistemas devido à conversão das áreas naturais, a inten-
sificação da agricultura, com enfoque apenas no incremento da produção, afeta
drasticamente diversos processos físicos, biológicos e químicos que intervêm em
importantes serviços ecossistêmicos. Em escala regional, destacam-se o ciclo do
carbono e a regulação climática e hidrológica. Em escala local, destacam-se a depu-
ração da água, a reciclagem de matéria orgânica, o ciclo dos nutrientes, a polinização
e o controle de pragas (Power, 2010).
91
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
92
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
93
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
94
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
recarga dos lençóis freáticos e os níveis de base e de ascensão (Maes et al., 2009).
Os agroecossistemas podem alterar os fluxos hídricos, modificando a disponi-
bilidade hídrica das bacias hidrográficas. Entretanto, se os sistemas de produção
forem manejados em observância à conservação dos solos, preservação de nas-
centes e recarga dos aquíferos, os agroecossistemas podem preservar a capacidade
de produção de água das bacias hidrográficas, prestando, dessa forma, um dos mais
relevantes serviços ecossistêmicos, a provisão hídrica.
95
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Além dos serviços de suporte, regulação e provisão, a paisagem rural pode prestar
significativos serviços culturais, em termos de vivência cultural, inspiração artística,
espiritual, beleza cênica, recreação e turismo, entre outros. A territorialidade e os
produtos agrícolas tradicionais, com demarcação e/ou certificação de origem,
também agregam valor cultural, qualitativo e monetário à produção de gêneros
agropecuários. Segundo Power (2010), a conservação da biodiversidade no meio
rural também pode ser considerada um serviço ecossistêmico cultural, uma vez que
a maioria das culturas reconhece a valorização da natureza como um valor explici-
tamente humano.
96
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
97
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
98
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
Por fim, cabe ressaltar que os recursos naturais e os serviços ecossistêmicos não
são externalidades aos sistemas de produção, mas afetam a própria base de susten-
tabilidade das atividades agrícolas.
99
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
paisagem em uma bacia hidrográfica (Brauman et al., 2007). Os solos, por sua vez,
constituem sistemas naturais multifuncionais, visto que prestam serviços ecossis-
têmicos diversos, conferindo benefícios explícitos não somente para os sistemas
de produção mas também para toda a sociedade (Dominati et al., 2010; Braat; De
Groot, 2012; Hewitt et al., 2015). Desse modo, as paisagens multifuncionais bene-
ficiam os produtores na medida em que mantêm o fluxo de serviços ecossistêmi-
cos em prol da sustentabilidade dos seus sistemas de produção. A abordagem dos
serviços ecossistêmicos fornece, dessa maneira, uma base teórico-conceitual ade-
quada para o estabelecimento de métodos de avaliação no sentido de promover a
multifuncionalidade da paisagem no meio rural (TEEB, 2015; DeClerck et al., 2016).
Além dos mosaicos formados pelas parcelas de produção em meio aos fragmentos
naturais, o tipo de sistema de produção também influencia a multifuncionalidade
das paisagens no meio rural. Nesse sentido, sistemas de produção agroecológicos
ou integrados que promovem maior agrobiodiversidade, normalmente, aumen-
tam o fluxo de serviços essenciais e assim concorrem para a efetivação de paisa-
gens rurais multifuncionais. Entre os sistemas integrados, destacam-se os Sistemas
Agroflorestais (SAF) e o sistemas de baixa emissão de carbono, como os iLPF (inte-
gração Lavoura, Pecuária e Floresta) e suas variações, que promovem a utilização
mais eficiente dos recursos naturais pela integração das atividades agrícolas, pecu-
árias e florestais em uma mesma área. Os SAFs são baseados na prática conhecida
por “land sharing”, ou seja, compartilham a mesma área de produção com a área
de conservação (e.g. Power, 2010), enquanto os sistemas iLPFs apostam nas estra-
tégias de rotação, sucessão e consórcio entre os diferentes elementos do sistema
integrado. Contudo, para contemplar a efetiva multifuncionalidade da paisagem
rural, além da promoção da agrobiodiversidade por meio dos sistemas integra-
dos, o isolamento de certas áreas para a preservação de ecossistemas naturais
se faz primordial (land sparing) para a manutenção do fluxo de serviços ecossis-
têmicos (Phalan et al., 2011).
100
Serviços ecossistêmicos: instrumentos legais e políticos no Brasil
Além disso, uma paisagem diversa no modelo “land sharing” ou “land sparing”,
capaz de produzir, simultaneamente, serviços de provisão e regulação, possibilita
também a geração dos serviços culturais (Fischer et al., 2014; Díaz et al., 2018), uma
vez que se torna atrativa à recreação e ao turismo rural e ecológico. Nesse contexto,
destaca-se que uma paisagem multifuncional é capaz de gerar renda adicional por
meio do agroturismo, pois preserva a beleza cênica entre campos cultivados e
ambientes naturais (Grass et al., 2019).
Considerações finais
• Diversas são as pressões que o uso da terra, por conta das atividades
agrícolas, tem exercido sobre os recursos naturais e serviços ecossistêmicos,
sendo potencialmente agravadas pelas mudanças climáticas, com graves
consequências aos ecossistemas e à sustentabilidade das sociedades humanas.
Por outro lado, vimos que a agricultura pode prover, além da provisão primária
de alimentos, fibras e outros bens, diversos serviços ecossistêmicos de
regulação e provisão que são essenciais para estabilidade dos ecossistemas e
sustentabilidade ambiental. Além disso, a agricultura, sem os devidos cuidados
conservacionistas, pode impactar diversos processos ecossistêmicos que não
são externalidades ao sistema, mas ameaçam a própria base de sustentação da
produção, por ser intrinsecamente dependente dos serviços ecossistêmicos.
101
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
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107
CAPÍTULO 5
Serviços ecossistêmicos:
pesquisa, desenvolvimento
e inovação
Lucília Maria Parron
Ana Paula Dias Turetta
Elaine Cristina Cardoso Fidalgo
Adriana Reatto dos Santos Braga
Rachel Bardy Prado
Ivan Bergier Tavares de Lima
Mônica Matoso Campanha
Elenice Fritzsons
Bernadete da Conceição Carvalho Gomes Pedreira
Enio Egon Sosinski Junior
Sandra Aparecida Santos
Aluisio Granato de Andrade
Leandro Bochi da Silva Volk
Carlos Roberto Martins
Débora Pignatari Drucker
Rodrigo Peçanha Demonte Ferraz
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Introdução
Este capítulo apresenta uma visão geral sobre a pesquisa, desenvolvimento e inovação
em serviços ecossistêmicos (SE) no âmbito da Embrapa e instituições parceiras.
Neste sentido, apresenta a abordagem adotada em SE pela Embrapa em sua progra-
mação de PD&I, estratégias e linhas temáticas, discute como a Empresa deve atuar
na transferência do conhecimento e tecnologias em SE e aponta diretrizes para
o reconhecimento do valor da provisão dos SE no meio rural brasileiro. Também
apresenta o alinhamento do tema SE aos documentos de visão da Embrapa
(Sustentabilidade e Bioeconomia) e aos objetivos do desenvolvimento sustentável
(ODS), propostos na Agenda 2030 da ONU.
110
Serviços ecossistêmicos: pesquisa, desenvolvimento e inovação
111
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Também leva em conta uma visão sistêmica e integrada, porque os SE não podem
ser compreendidos de forma isolada, pois resultam de uma série de funções e fluxos,
que compõe um sistema ecológico integrado. Aliado a isso, os SE resultam em bens
e serviços que ocorrem em várias escalas espaciais, do local ao global, bem como em
diversas escalas temporais, gerando benefícios que podem ser imediatos ou de médio
e longo prazo. Deve-se considerar ainda que os SE podem integrar diversas regiões,
uma vez que um serviço produzido em um local pode ser consumido em outro.
112
Serviços ecossistêmicos: pesquisa, desenvolvimento e inovação
113
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
114
Serviços ecossistêmicos: pesquisa, desenvolvimento e inovação
115
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
O que pode ser oferecido à sociedade como solução com base nas
pesquisas: transferência do conhecimento e tecnologias em serviços
ecossistêmicos?
A forma como as sociedades e as nações produzem, absorvem e utilizam conhe-
cimentos científicos e inovações tecnológicas impactam, em grande parte, o seu
bem-estar e afetam o seu nível de desenvolvimento. O elemento tecnologia deve
fazer parte do escopo da política ambiental, no que se refere às práticas e processos
ambientalmente seguros, bem como à facilidade de acesso a eles. Propriedades
116
Serviços ecossistêmicos: pesquisa, desenvolvimento e inovação
117
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
Considerações finais
118
Serviços ecossistêmicos: pesquisa, desenvolvimento e inovação
Referências
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119
Marco Referencial em Serviços Ecossistêmicos
120
Serviços ecossistêmicos: pesquisa, desenvolvimento e inovação
121