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Fascismo © termo “fascismo” deriva da palavra italiana fasces, um feixe de varas ligado a uma lamina de machado, que simbolizava a autoridade dos magistrados do Império Romano. Na década de 1890, a palavra fascia era usada na Itdlia como referéncia a grupos politicos, em geral de socialistas revolucionérios. © termo “fascismo” s6 ad- quiriu um significado claramente ideolbgico depois que Mussolini o empregou para descrever os grupos paramilitares armados que organizou durante e apés a Primeira Guerra Mundial. A ideia definidora do fascismo é a de uma comunidade nacional organicamente unificada, expressa na crenga na “forca por meio da uniéo”. Segundo essa ideologia, © individuo, em sentido literal, nao é nada: a identidade individual deve ser total- mente absorvida pela comunidade ou pelo grupo social. © ideal fascista ¢ 0 do “novo homem”, um her6i motivado pelo dever, pela honra e pela abnegacio, pronto para dedicar a vida a gloria de sua nagio ou da raga a que percence ¢ para obedecer de modo incondicional a um lider supremo. De virias maneiras, o fascismo constituiu uma revolta contra as ideias € os valores que dominavam o pensamento politico ocidental desde a Revolugio Francesa. Confor- me pregava o slogan fascista italiano: “1789 morreu”. Valores como o racionalismo, 0 progresso, a liberdade a igualdade foram subvertidos em nome da luta, da lideranga, do poder, do herofsmo e da guerra. Assim, o fascismo tem um caréter fortemente “anti”: ele & antirracional, anciliberal, anticonservador, anticapicalista, antiburgués, anticomu- nista ¢ assim por diante. No entanto, é um fendmeno histérico complexo que abrange, segundo muitos, duas tradig6es distineas. O fascismo italiano era, em sua esséncia, uma forma radical de estatismo baseada na fidelidade absolura a um Estado “totalitério”. Jé 0 fascismo alemio, ou nazismo, foi fundado, por sua vez, com base em teorias raciais, que caracterizavam 0 povo ariano como a “raca superior”, e apresentou uma primeira forma virulenca de antissemitismo. Origens e evolugao Enquanto 0 liberalismo, o conservadorismo e 0 socialismo sio ideologias do século XIX, o fascismo é filho do século XX, e alguns ainda diriam que especifica- mente do periodo entre as duas guerras mundiais. Alids, o fascismo surgiu sobretudo «205. Sdeologias politicas ~ Do liberalismo ao fascismo (v. 1) ‘como uma revolta contra a modernidade, contra as ideias e os valores do iluminismo ¢ dos credos politicos dele decorrentes, Os nazistas na Alemanha, por exemplo, pro- clamaram que “1789 esté eliminado”. Na Itélia fascista, slogans como “acredita, obedece, luta” ¢ “ordem, autoridade, justiga” substituiram os principios mais conhe- cidos da Revolugéo Francesa, “liberdade, igualdade, fracernidade”, O fascismo nao 86 surgiu “do nada”, conforme O'Sullivan (1983) descreveu, como também tentou refazer 0 mundo politico para literalmente desarraigar ¢ destruir a heranga do pen- samento politico convencional. Embora as principais ideias ¢ doutrinas do fascismo possam ser encontradas no século XIX, elas foram amalgamadas ¢ formadas pela Primeira Guerra Mundial ¢ suas consequéncias, em especial pela poderosa combinacéo de guerra ¢ revolucéo. O fascismo surgiu de maneira mais radical na Itdlia e na Alemanha. Na Itélia, formou- -se um Partido Fascista em 1919, ¢ seu lider, Benito Mussolini (veja na p. 219), foi nomeado primeiro-ministro em 1922. Em 1926, foi estabelecido um Estado fascista monopartidério. Também formado em 1919, sob a lideranca de Adolf Hitler (veja na p. 212), 0 Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemées, conhecido como Partido Nazista, deliberadamente adotou 0 estilo dos fascistas de Mussolini. Hitler foi nomeado chanceler aleméo em 1933, ¢ em pouco mais de um ano trans- formou a Alemanha em uma ditadura nazista. Durante esse mesmo periodo, a democracia desmoronou, ou foi derrubada, em grande parte da Europa, sendo mui- tas vezes substituida por regimes direitistas, autoritérios ou abertamente fascistas, sobretudo no Leste europeu. Regimes com alguma relacio com o fascismo também se desenvolveram fora da Europa, em especial no Japio Imperial da década de 1930 € na Argentina, sob 0 governo de Perén (1945-1955). As origens e 0 significado do fascismo geram um grande interesse histérico e, no raro, desentendimentos ferozes. Nao hi um fator Gnico, por si s6, que tenha sido o responsével por seu aparecimento; ao contririo, ele surgiu de uma comple- xa variedade de forgas histéricas existentes no periodo entreguerras. Em primeiro lugar, alguns governos democréticos haviam se estabelecido recentemente em mui- tas partes do continente europeu, mas os valores politicos democriticos néo haviam substituido os mais antigos, autocraticos. Além disso, os governos demo- crdticos, que representavam uma coalizéo de interesses ou partidos, muitas vezes pareciam fracos e instaveis diante de crises econdmicas ¢ politicas. Nesse contexto, a perspectiva de uma lideranga forte, viabilizada por um governo pessoal, trazia em seu cerne uma forte sedugio. Em segundo lugar, a sociedade europeia fora desmantelada pela experiéncia da indus- trializagio, que ameacava sobretudo a classe média baixa, formada por comerciantes, pequenos empresitios, fazendeiros ¢ artesios, que se espremia entre o poder crescente das grandes empresas, de um lado, ¢ o poder nascente do trabalho organizado, de outro. Grande parte do apoio aos movimentos fascistas e dos integrantes desses movimentos veio dessa classe média baixa. De certa maneira, o fascismo era um “extremismo de cen- «206. Fascismo tro” (Lipset, 1983), uma revolta da classe média baixa, 0 que ajuda a explicar a hostilidade do fascismo em relagdo ao capitalismo ¢ a0 comunismo. Em terceiro lugar, o periodo apés a Primeira Guerra Mundial foi profundamente afetado pela Revolucéo Russa e pelo medo das classes proprietdrias de que a revolu- ‘40 social estivesse prestes a se espalhar por coda a Europa. Os grupos fascistas, sem divida, obtiveram apoio politico financeiro das empresas. Em resultado, historia- dores marxistas interpretaram 0 fascismo como uma forma de contrarrevolugio, uma centativa da burguesia de se agarrar ao poder por meio do apoio a ditadores fascistas. Em quarto lugar, a crise econémica mundial da década de 1930 deu o golpe de mi- seticérdia nas democracias j4 fragilizadas. © aumento do desemprego ¢ a faléncia econémica criaram uma atmosfera de crise ¢ pessimismo que foi explorada por demago- {gos € extremistas politicos. Por fim, a Primeira Guerra Mundial néo conseguiu resolver ‘9s conflitos ¢ rivalidades internacionais, deixando uma heranga amarga de nacionalismo frustrado ¢ um desejo de vinganga. As tens6es nacionalistas eram mais fortes nas nacdes “desprovidas”, que haviam sido derrotadas na guerra, como a Alemanha, ou que haviam ficado decepcionadas com os termos do tratado de paz de Versalhes, como a Itdlia e 0 Japao. Além disso, a experiéncia da guerra em si criou uma forma de nacionalismo par- ticularmente militante ¢ o impregnou de valores militaristas. Os regimes fascistas nao foram derrubados por revolta popular nem por protes- tos, e sim por causa da derrota na Segunda Guerra Mundial. Desde 1945, os movimentos fascistas s6 conseguiram sucesso marginal, 0 que levou alguns a acredi- tar que o fascismo fosse um fendmeno especifico do entreguerras, ligado & combinacio singular de circunstancias histéricas que caracterizou aquele periodo (Nolte, 1965). Outros, entretanto, consideram o fascismo um perigo onipresente, € veem suas raizes na psicologia humana. Ou, na definicéo de Erich Fromm (1984), trata-se do “medo da liberdade”. A civilizagdo. moderna produziu maior liberdade individual, mas, com ela, veio 0 perigo do isolamento e da inseguranca. Em tempos de crise, 0s individuos podem fugir da liberdade, buscando seguranca na submissdéo a um lider todo-poderoso, ou a um Estado totalitério. Portanto, a instabilidade politica, ou uma crise econdmica, pode criar condigées para que o fascismo reapareca. Houve até manifestagies de temor em relacéo 20 crescimento do neofascismo em parte do Leste europeu depois da queda dos governos comunistas (1989-1991). Da mesma forma, as pressdes geradas pela globalizagio econd- mica ¢ cultural € os crescentes movimentos transnacionais de populagées ctiaram oportunidades para o ativismo nacionalista radical, ou para 0 ativismo politico com ca- racteristicas fascistas. Uma vez que a combinagao de crise econdmica, instabilidade politica € nacionalismo frustrado j4 proporcionou terreno fértil para os movimentos fascistas no passado, seria ingénuo desprezar a possibilidade do ressurgimento do fascis- mo no futuro. Na secio final deste capitulo, discutem-se as perspectivas para o fascismo no século XI. «207. Ideologias politicas~ Do liberalismo ao fascismo (v. 1) Temas principais — A forca por meio da uniao O fascismo é uma ideologia dificil de analisar, ¢ isso ocorre por no minimo duas raz6es. Em primeiro lugar, nao hé certeza de que ele pode ser visto, de maneira sig- nificativa, como uma ideologia. Por ndo ter uma base racional e coerente, o fascismo parece, como Hugh Trevor-Roper expressou, “uma disparatada misceldnea de ideias” (Woolf, 1981). Hitler, por exemplo, preferia descrever suas ideias mais como uma Weltanschauung, ou “visio de mundo”, do que como uma ideologia sistemética. Nesse sentido, uma visio de mundo é um conjunto de atitudes completo, quase teligioso, que exige comprometimento ¢ fé, ¢ néo um convite a andlise ¢ debate fundamentados. Os fascistas se interessavam por ideias ¢ teorias, nio tanto porque elas ajudavam a encontrar um sentido para © mundo, em termos racionais, mas so- bretudo porque elas tinham a capacidade de estimular 0 ativismo politico. O fascismo pode, entéo, ser mais bem descrito como um movimento politico, ou mes- mo uma religiéo politica, do que como uma ideologia. Em segundo lugar, o fascismo foi um fendmeno histérico tio complexo que € dificil identificar seus princfpios fundamentais ou um “minimo fascista”, por vezes visto como um fascismo genérico. Onde comega e onde termina o fascismo? Que movimentos ¢ regimes podem ser classificados como autenticamente fascistas? Exis- tem diividas, por exemplo, se o Japao Imperial, a Franga de Vichy, a Espanha de Franco, a Argentina de Perén ou mesmo a Alemanha de Hitler podem ser classifica- dos como fascistas. E bastante controvertida a relacdo entre grupos de direita radicais modernos, como a Frente Nacional, na Franga, ¢ o Partido Nacional Bricanico, no Reino Unido, e 0 fascismo: esses grupos sio “fascistas”, “neofascistas”s “pés-fascistas”, “nacionalistas radicais” ou o qué? Entre as tentativas de se definir a base ideolégica do fascismo encontram-se a teoria de Ernst Nolte (1965), de que ele é uma “resis- téncia & transcendéncia”; a crenga de A. J. Gregor (1969), de que ele almeja a construgio de uma “comunidade carismética total”; a afirmagio de Roger Griffin (1993), de que consticui um “ultranacionalismo palingenésico” (0 termo “palingenesia” significando “renascimento”), ¢ ainda a afirmago de Roger Eatwell (1996), de que ele € uma “terceira via radical holistico-nacional”. Sem duvida, cada um deles destaca um aspecto importante do fascismo, mas é dificil aceitar que uma férmula de uma sé frase possa sintetizar um fendmeno tio disforme quanto a ideologia fascista. Talvez 0 melhor que se possa conseguir seja identificar uma série de temas que, quando consi- derados em conjunto, constituam a base estrutural do fascismo. Os mais impor- tantes sdo: ‘© antirracionalismo; © Tura; © lideranga e elitismo; . . socialismo; ultranacionalismo. «208. Fascismo Antirracionalismo Embora os movimentos politicos fascistas tenham nascido das transformag6es sociais que se seguiram & Primeira Guerra Mundial, eles se basearam em ideias e teorias que jé vinham circulando desde o final do século XIX. Entre as mais relevantes esto 0 antitra- cionalismo ¢ o crescimento generalizado do contrailuminismo. O iluminismo, baseado nas ideias da raz4o universal, da bondade natural e do pro- gresso inevitével, estava comprometido com a libertagao da humanidade das trevas do itracionalismo e da superstigéo. No final do século XIX, no entanto, os pensadores passaram a ressaltar os limites da razéo humana e a dirigir a atencio para outros esti- mulos ¢ impulsos, tlvez. mais poderosos. Pot exemplo, para a. acescana Friedrich Nietzsche, os seres humanos séo motivados por emo- Mewearesac tet acar gOes fortes, a “vontade”, em vez da mente racional, e, em a eae especial, pelo que chamou de “vontade de poder”. Em sua obra wauneasyenberao Reflexées sobre a violencia ({1908] 1950), 0 sindicalista francés 2»el03raxio. Georges Sorel (1847-1922) destacou a importancia dos “mitos politicos”, ¢ em especial do “mito da greve geral”, que no sio altima ton descrigdes passivas da realidade politica, ¢ sim “expressées da organismos vivos vontade” que mobilizam as emogées ¢ provocam a acio. Ji Hen- _ dehamsus prope +i Bergson (1859-1941), filésofo francés, apresentou a primeira eumavfoxade vida" teoria do vitalismo, que sugere que 0 propésico da existencia wes atime humana é manifestar a forga da vida e evicar que ela seja restrin- _ insimoenompulsa, gida ou corrompida pela tirania da raxdo fria ou do raciocinio ¢monointlecoe sem sentimento. Embora o antirracionalismo néo tenha necessariamente um caréter direitista ou proto- fascista, o fascismo deu expresso politica as formas mais radicais e extremas do pen- samento contrailuminista. O antirracionalismo influenciou o fascismo de varias maneiras, Em primeiro lugar, deu ao fascismo um acentuado anti-intelectualismo, refletido na tendéncia a menosprezar 0 pensamento abstrato ¢ a reverenciar a ago. Por exemplo, alguns dos slogans favoritos de Mussolini eram: “Acéo, ndo palavras!” ¢ “A inatividade é a morte”. A vida intelectual foi desvalorizada e até desprezada: ela ¢ fria, seca ¢ morta. O fascismo, ao contrario, lida com a alma, as emogées ¢ os instintos. Suas ideias tém pou- ca coeréncia ou rigor, mas procuram exercer um apelo mitico. Seus principais idedlogos, em particular Hitler e Mussolini, eram essencialmente propagandistas politicos, interes- sados em ideias ¢ teorias em grande parte por causa do poder delas de provocar uma reagio emocional ¢ incitar as massas & agdo. O fascismo, portanto, pratica a “politica da vontade”. Em segundo lugar, a rejeigao ao iluminismo deu ao fascismo um cardter predo- minantemente negativo ou destrutivo. Em outras palavras, em geral os fascistas deixaram claro tudo aquilo que so contra, raramente expressando aquilo que im, O fascismo, assim, parece uma “antifilosofia” ~ € antirracional, antiliberal, anticonservador, anticapitalista, antiburgués, anticomunista e assim por diante. +209. Ideologias politicas PTO eek te Ce) Do liberalismo ao fascismo (v. 1) Fildsofo alemao. Foi professor de gregona Basileia (Suiga] até os 25 anos de idade, quan- do abandonou filologia , influenciado pelas ideias de Schopenhauer (1788-1860), dedicou- se a desenvolver uma critica a religiéo tradi- ional € 0 pensamento filoséfico. Depois de 1889, com a satide deteriorada e um quadro de insanidade cada vez pior ficou sob os cui- dados da irmé, Elizabeth, que editou e detur- pou sua obra. © trabalho complexo e ambicioso de Nietzsche enfatizou a importancla da von- tade, em especial a “vontade de poder’, e prenunciou 0 existencialismo moderno, 20 declarar que as pessoas criam 0 proprio mundo e constroem os préprios valores “Deus esté morto’. Critico feroz do cristia- nismo e contrério 20 igualitarismo e a0 nacionalismo, suas ideias influenciaram o anarquismo, o feminismo e 0 fascismo. As ‘obras mais famosas de Nietzsche incluem Assim falou Zaratustra (1883-1884), Além do bem e do mal (1886) e A genealogia da mo- ral (1887). Diante disso, hd quem o caracterize como um exemplo do niilismo. O nazismo, em particular, foi descrito como uma “tevolucéo do niilismo”. Porém, o fascismo nao se resume & negacao de crencas ¢ principios estabelecidos: é, na verdade, niilismo: iteralmente, a ceenca em nada, a rejeigd0 de todos 05 principios moraise Politicos. O ilsmo é por vezesembora nd * crenga ; recassvamente, uma tentativa de inverter a heranga do iluminismo, Ele repre- associado 8 destruicso. ji liek tic i suocedo best senta 0 lado mais escuro da tradigao politica ocidental, os valores centrais ¢ duradouros, que nao foram abandonados, mas sim transformados ou virados de cabesa para baixo. Por exemplo, no fascismo, “liberdade” passou a significar submisséo cega, “democracia” foi equiparada a dita- dura absoluta e “progresso” implicou lutas e guerras constantes. Além disso, apesar da indubicével inclinasio ao niilismo, & guerra € 4 morte, o Fascismo se via como uma forga criativa, um meio para a construgéo de uma nova civilizacao, por meio da “destruigéo criativa”. Alids, a conjungio de nascimento ¢ motte, criagdo ¢ destruigso pode ser vista como um dos aspectos caracteristicos da visio de mundo fascista. Em terceiro lugat, por abandonar o critério da razéo universal, o fascismo coloca sua fé inteiramente na histéria, na cultura € na ideia de comunidade organica. Essa comuni- dade é formada nao pelo raciocinio ¢ pelos interesses de individuos racionais, mas pela lealdade inata e pelos lagos emocionais forjados por um passado comum. No fascismo, essa ideia de unidade orgnica é levada ao extremo. A comunidade nacional, ou, como os nazistas a chamavam, Volksgemeinschafi, era vista como um todo indivisivel, sendo todas as rivalidades ¢ conflitos subordinados a um propésito maior, coletivo. A forca da nagio ou da raga, portanto, é um reflexo de sua unidade moral e cultural. Essa perspec- tiva de coesio social incondicional foi expressa pelo slogan nazista “A forca por meio da unio”. A revolucdo que os fascistas buscavam era, desse modo, a “revolugao do espirito’s visando & criagio de um novo tipo de ser humano (sempre entendido em termos mas- «210. Fascismo culinos). Esse era 0 “novo homem”, ou 0 “homem fascista’, um heréi motivado pelo dever, pela honra ¢ pela abnegagio, e preparado para dissolver sua personalidade em meio & do rodo social. Luta As ideias desenvolvidas pelo bidlogo britinico Charles Dar- lego natura eons win (1809-1882) em A origem das espécies (On she origin of segundoaqualas species, (1859) 1972), popularmente conhecidas como a teoria _ SSpeceshastom da “selegio natural”, exerceram forte impacto sobre as cigncias _mutasbes alata, naturais e também, no final do século XIX, sobre o pensamento Meare social ¢ politico. A nogao de que a existéncia humana se baseia _possivelmente, na competi¢ao, ou na luta, ganhou uma importancia especial no nsbera’.enavante periodo de rivalidade internacional intensa que acabou levando a guerra de 1914. O darwinismo social também exerceu um impacto considerével no surgimento do fascismo. Em primeiro lugar, os fascistas viam a luta como uma condi- 40 natural ¢ inevitével da vida social ¢ internacional. Sé a competigio € 0 conflito garantem o progresso humano e asseguram que os mais adaptados e os mais fortes prosperem. Conforme Hitler disse a cadetes alemaes em 1944: “A vitéria é para os fortes, ¢ os fracos devem ser aniquilados”. Se 0 laboratério de testes da existéncia hu- mana é a competicao ¢ a luta, entao o teste definitivo ¢ a guerra, que Hitler descreveu como “uma lei imutével da vida’. Entre as ideologias politicas, o fascismo tem uma peculiaridade: vé a guerra como algo bom em si mesmo, uma interpretagio que pode ser vista na crenga de Mussolini de que “a guerra é para os homens o que a materni- dade é para as mulheres”. O pensamento darwinista também revestiu o fascismo de um conjunto caracteristico de valores politicos, que equipara “bondade” a forca e “maldade” a fraqueza. Na contramio dos valores tradicionais humanistas ¢ religiosos, como a generosidade, a solidariedade ¢ a compaixio, os fascistas respeitam um conjunco bem diferente de valores marciais: a lealda- de, 0 dever, a obediéncia ¢ a abnegacéo. Quando a vitbria dos fortes é glorificada, o poder ea forca so reverenciados em beneficio préprio. Da mesma forma, a fraqueza é despreza- da, ea eliminagao dos fracos e dos nao adaptados é vista de maneira positiva: eles deve ser sactificados em nome do bem comum, assim como a sobrevivéncia de uma espécie mais importante do que a vida de qualquer membro individual daquela espécie. Portanto, a fraqueza ¢ a deficiéncia no devem ser toleradas, mas sim removi- das, Isso ficou ilustrado com mais nitidez no programa de eugenia — gugenta:teors ou introduzido pelos nazistas na Alemanha, por meio do qual as pes- _pritica da eproducto soas mental ¢ fisicamente deficientes foram esterilizadas & forga, — jeravoreces num primeiro momento, e na sequéncia, entre 1939 ¢ 1941, siste- Prowiactoentecs muticamente asassinadas, A ae nazistas de exterminar os Jeumsespsce ovo inden europa a partir de 1941 foi, nese sentido, um exemplo de Severo recto am Ideologias politicas ~ Do liberalismo ao fascismo (v. 1) Cts CAGES ELS) Ditador nazista alemSa. Filho de um ins- petorde alfandega austriaco, Hitler juntou-se 0 Partido dos Trabalhadores Alemses (mais tarde conhecido como NSDAP ou Partido Nazista) em 1919, tornando-se seu lider em 1921. Assumiu 0 cargo de chanceler em 1933 € declarou-se Fuhrer (lider) da Alemanha no ano seguinte, Seu regime foi marcado pelo ‘expansionismo militar implacdvel e pela ten- Embora estivesse longe de ser um pensa- dor original, em Minha luta ((1925) 1968), Hi- tler elaborou um programa nazista quase sistemético, no qual juntou 0 nacionalismo alemo expansionista, 0 antissemitismo ra- cial ea crenga na luta implacével. O principal aspecto de sua visto de mundo era a teoria hhistorica que destacava a infindavel batalha entre alemées ¢ judeus, representando res- tativa de exterminar os judeus europeus. pectivamente as forcas do bem edo mal. Por fim, a concepeéo fascista da vida como uma “luta intermindvel” conferiu-lhe um caréter irrequieto e expansionista. As qualidades nacionais s6 podem ser cultivadas por meio de conflitos e demonstradas pela conquista e pela vita. Isso se refletiu claramen- te nas metas da politica externa de Hitler ~ conforme desctito em sua obra Minha luta ({1925] 1969): “Lebensraum {espaco vital] no Leste” ~ e na perspectiva final da domina- do mundial. Ao assumir 0 poder em 1933, Hider deu inicio a um programa de rearmamento como preparagio para a expansio no final da década de 1930. A Austria foi incorporada [& Alemanha] no Anschluss [anexagao] de 1938, a Tchecoslovaquia foi desmembrada no primeiro semestre de 1939 ¢ a Polénia, invadida em setembro de 1939, © que provocou a guerra contra o Reino Unido e a Franga. Em 1941, Hitler langou a Operagao Barbarossa, a invasio da Unido Soviética. Mesmo a beira da derrota em 1945, cle nao abandonou o darwinismo social. Declarou que a nagfo alema o decepcionara ¢ deu ordens, nunica completamente cumpridss, para que todos lutassem até a morte — em outras palavras, até a aniquilagio da Alemanha. Lideranca e elitismo ‘Outra diferenga do fascismo em relagao ao pensamento politico convencional é sua tejeicdo radical & igualdade. O fascismo é profundamente clitista ¢ patriarcal. Suas ideias foram fundamentadas na crenga de que 2 lideranga abso- elitismo:crenga no luta ¢ 0 elitismo séo naturais ¢ desejaveis. Os seres humanos pres deura dheou : , oe Some Ogommods, —-Rascem com capacidades ¢ atributos muito diferentes, um fato tite pode ser fica evidente quando os que tém a rara qualidade da lide- , que fica evidente q q q fquniorcicen —fanga erguem-se, por intermédio da luca, acima dos que s6 Leniosehabdodes —_conseguem ser seguidores. aescuneaey Os fascistas acreditam que a sociedade & composta, de manei- allie ra geral, por trés tipos de pessoas. O primeiro, ¢ o mais importante, € 0 lider supremo ¢ onividente, cuja autoridade é 2s Fascismo incomparivel. Em segundo lugar, vem a elite “guerteira’, exclusivamente masculina e diferenciada das elites tradicionais por seu heroismo, sua visio ¢ sua disposigao para 0 sacrificio. Na Alemanha, esse papel foi atribuido a $S*, que comegou como uma guar- da pessoal, mas acabou se transformando em um Estado dentro do Estado durante 0 regime nazista. Em terceiro, esto as massas, que séo fracas, inertes e ignorantes, ¢ cujo destino é a obediéncia cega. Essa visto pessimista da capacidade das pessoas comuns coloca o fascismo em total divergéncia com as ideias da democracia liberal. Apesar disso, a ideia de uma lideranga suprema também se associava a uma nogio tipicamen- te fascista, ainda que invertida, de governo democrético. O posicionamento fascista em relagéo & lideranga, em particular na Alemanha nazista, foi influenciado sobretudo pela ideia de Friedrich Nietasche do Ubermensch, o “além-do-homem”, ou “super- -homem’, um individuo extraordinariamente talentoso e poderoso. Em Assim falou Zaratustra ((1884) 1961), Nietzsche desenvolveu melhor 0 conceito do “super-homem” € 0 caracterizou como um individuo que se eleva acima do “instinto de manada” da moralidade convencional ¢ que vive de acordo com a prépria vontade € os préprios desejos. Os fascistas, porém, transformaram o ideal do super-homem em uma teoria de lideranga politica suprema ¢ inquestiondvel. Os lideres fascis- tas intitulavam-se apenas de “o lider” = Mussolini proclamou-se _carisma:encantoou Hi Duce, enquanto Hitler adotou o titulo de Der Fitbrer—exata- Podespesioal mente para se libertarem de qualquer nogio de lideranca _ tealdade, dependencia definida em termos constitucionais. Dessa forma, a lideranga _ ¢meonsledevosio tornou-se a manifestagio da autoridade carismética, que emana do préprio lider. Enquanto a autoridade constitucional, ou, segundo o termo de Max Weber, a autoridade racional-legal, funciona de acordo com uma estrutura de leis ¢ regras, a autoridade carisma- tica tem potencial ilimitado. Uma vez que o lider era visto como um individuo dotado de qualidades excepcionais, sua autoridade era absoluta. Nos Comicios de Nuremberg, os leais nazistas entoavam: “Adolf Hitler é a Alemanha, a Alemanha é Adolf Hitler”. Na Itdlia, 0 principio de que “Mussolini sempre tem razéo” rornou-se a base do dogma fascista. “principio do lider” (Fithrerprinzip, em alemao), segundo 0 qual toda a autoridade emana da pessoa do lider, tornou-se o principio norteador do Estado fascista. As instituigdes intermedidrias, como as eleicdes, os parla- —_vontade geral: mentos ¢ os partidos, foram ow abolidas ou enfraquecidas, para erie genuine cevitar que contestassem ou derurpassem a vontade do lider. Esse equvalente a0 bem principio de lideranga absolura apoiava-se na crenga de que o lider —_racialismo radical voluntarismo — essencialismo, grandeza nacional od superioridade biolégica unidoorganica <> ~—_pureza racial/eugenia antissemitismo pragmatico <> —_antissemitismo genocida futurismo/modernismo ¢——» _ideologia camponesa corporativismo +> economia de guerra expansao colonial +—> dominagao mundial explicam por que os nazistas exaltavam as virtudes da Kultur, que personificava as tradi- .g8es populares ¢ as habilidades artesanais dos povos alemies, acima dos produtos essencialmente “vazios” da civilizagio ocidental. Essa ideologia camponesa teve implica- ‘s6es importantes na politica externa. Em particular, ela ajudou a estimular as tendéncias expansionistas por meio do fortalecimento dos encantos do Lebensraum. Apenas pot intermédio da expansio territorial é que a superlotada Alemanha conseguitia espago para que a populagio retomasse sua existéncia apropriada, camponesa. Entretanto, essa politica se fundamentava em uma profunda contradigéo. A guerra e a expansio militar, mesmo quando justificadas por uma ideologia camponesa, nio po- dem deixar de ser buscadas por meio de técnicas e processos de uma sociedade industrial moderna, Os objetivos ideolégicos centrais do regime nazista eram a conquista ¢ a for- magio de um império, ¢isso ditou a expansio da base industrial ¢ o desenvolvimento da tecnologia de guerra. Longe de levar 0 povo alemio de volta 20 campo, 0 periodo de Hitler testemunhou a répida industrializagao ¢ o crescimento das grandes cidades, t40 desprezadas pelos nazistas. A ideologia camponesa mostrou-se, assim, pouco mais que retérica. O militarismo também viabilizou movimentos culturais significativos, Enquan- to a arte nazista permaneceu estagnada, com imagens simplistas da vida rural ¢ em cidades pequenas, a propaganda politica constantemente bombardeava 0 povo alemio com imagens de tecnologia moderna, como o bombardeiro de mergulho Stuka, o tanque Panzer ¢ os fogueres V-1 ¢ V-2. 0 fascismo no século XXt Alguns teéricos argumentam que o fascismo, entendido como se deve, néo sobrevi- veu A segunda metade do século XX, nem poderia ter continuado 20 longo do século XXI. Na classica andlise de Ernst Nolte (1965), por exemplo, o fascismo é visto como +26. Fascismo, uma revolta historicamente especifica contra a modernizagio, ligada ao desejo de preser- vaséo da uniéo cultural ¢ espiritual da sociedade tradicional. Uma vez que esse momento do processo de modernizacio ja passou, todas as referéncias ao fascismo devem ser feitas no passado. O suicidio de Hitler no bunker do Fiibrer, em abril de 1945, en- quanto o Exército Vermelho soviético se aproximava dos portées de Berlim, pode ter marcado 0 Gatterdimmerung do fascismo, seu “creptsculo dos deuses”. No encanto, é bem mais dificil sustencar essas interpretagées em vista do ressurgimento do fascismo ou, pelo menos, de movimentos do tipo fascista no final do século XX, embora estes tenham adotado estratégias ¢ estilos muito diferentes. De certo modo, as circunstancias histéricas desde o final do século XX confir- mam algumas ligées do periodo entreguerras ~ por exemplo, que o fascismo surge de condigées de crise, incerteza ¢ desordem, O crescimento econdmico regular e a estabilidade politica no inicio do periodo pés-1945 provaram ser um antidoto mui- to eficaz contra a politica de édio ¢ ressentimento tao associada & extrema direita. Porém, a incerteza na economia mundial e a crescente desiluso com a capacidade dos partidos estabelecidos em lidar com os problemas politicos e sociais abriram oportunidades para o radicalismo direitista, em geral baseado nos temores relaciona- dos & imigragéo e ao enfraquecimento da identidade nacional, De certo modo, o fim da Guerra Fria e 0 avanso da globalizagio fortaleceram esses fatores. O fim do go- verno comunista no Leste europeu permitiu que rivalidades nacionais ¢ édios raciais por muito tempo suprimidos reaparecessem, gerando, sobretudo na antiga Iugoslé- via, formas de nacionalismo radical com aspectos fascistas, A globalizagio, por sua vez, contribuiu para o crescimento de formas isoladas de nacionalismo, baseadas em aspectos étnicos ou raciais, por meio do enfraquecimento do Estado-nacéo, fragili- zando as formas civicas de nacionalismo. Por exemplo, hé quem trace paralelos entre © surgimento do fundamentalismo religioso (examinado no capitulo 4 do volume 2) © 0 aparecimento do fascismo, vendo 0 isi militante até mesmo como um tipo de “fascismo islamico”. Por outro lado, embora os grupos anti-Imigragao ¢ de extrema direita abracem temas que fazem lembrar o fascismo “cléssico”, as citcunstincias que os moldam ¢ os desafios que enfrentam sio bem diferentes daqueles encontrados no periodo posterior & Primeira Guerra Mundial. Por exemplo, em vez de se basear na heranga do imperialismo europeu, a extrema direita moderna atua em um contexto de pés-colonizagao. Além disso, o avan- se do multiculturalismo (abordado no capitulo 5 do volume 2) em diversas sociedades ocidentais jé & tao significative que a perspectiva de criar “comunidades nacionais” étni- ca ou racialmente puras parece fora da realidade, Da mesma forma, as divisbes de classe tradicionais, que tanto influenciam na formagio do caréter ¢ do sucesso do fascismo entreguerras, deram lugar a formagées sociais “pés-industriais” mais complexas ¢ plura- lizadas. Por fim, a globalizagio econémica atua como uma poderosa restrigio 20 crescimento de movimentos fascistas cléssicos. Enquanto o capitalismo mundial conti- nua a enfraquecer a importancia das fronteiras nacionais, a ideia do renascimento 2 Ideotogias politicas - Do liberalismo ao fascismo (v. 1) nacional viabilizado por meio da guerra, do expansionismo e da autarquia parecerd de fato pertencer a uma era passada, Contudo, os grupos e partidos fascistas modernos adotam que tipo de fascismo? Enquanto alguns grupos, em grande parte clandestinos, ainda endossam o fascismo militante ou revoluciondrio ¢ remetem com orgulho a heranga de Hitler ou Musso- lini, a maioria dos partidos e movimentos mais significativos alega que rompeu ideologicamente com seu pasado, ou nega set ou ter sido fascista. Por falta de um termo melhor, esses ultimos podem ser classificados como “neofascistas”. Grupos como a Frente Nacional Francesa, o Partido da Liberdade, na Austria, 0 Partido Nacional Britanico, a Alleanza Nazionale, na Itdlia, ¢ os grupos anti-imigragéo na Holanda, na Bélgica e na Dinamarca alegam diferir do fascismo sobretudo no que diz respeito & aceitaao do pluralismo politico e da democracia eleitoral. Em outras palavras, o “fascismo democratico” é o fascismo separado de principios como a lide- ranga absoluta, o totalitarismo e o racialismo explicito. De certa maneira, essa forma de fascismo pode estar bem posicionada para prospe- rar no século XXI. Por um lado, ao se adaptar & democracia liberal, ela parece ter enterrado seu passado € nao mais estar manchada pela barbétie do periodo de Hitler ¢ Mussolini, Por outro, ela ainda tem a habilidade de propor uma politica de uniéo organica ¢ coeséo social, no caso de 0 século XXI apresentar alguma crise econdmica € mais instabilidade politica. Essa forma de politica parece ainda mais atraente quando a perspectiva de um governo forte é personificada em um lider carismético, como vemos no caso de Jean-Marie Le Pen, na Franga, Jorg Haider, na Austria, e Pim For- tuyn, na Holanda. A avaliagao das perspectivas do neofascismo exige o exame de duas possibilida- des. A primeira é que nio se sabe ao certo se 0 fascismo conseguird se manter fiel aos principios estabelecidos, enquanto, 20 mesmo tempo, move-se em direg4o a uma adaptagio 20 liberalismo. A énfase na unio orginica da comunidade nacional dé ao fascismo uma nitida caracteristica antiliberal ¢ 0 coloca em divergéncia com ideias como o pluralismo, a tolerancia, 0 individualismo ¢ o pacifismo. Isso cria a possibi- lidade — talvez paralela ao desenvolvimento do socialismo democratico — de a luta pela viabilidade eleitoral acabar forcando os partidos fascistas “democrdticos” a abandonar, aos poucos, seus valores ¢ crencas tradicionais. A democracia, assim, prevalecerd sobre o fascismo. A segunda possibilidade é que a adaptacio fascista 4 democracia liberal seja essencialmente tética. Isso pressupde que o auténtico espirito do fascismo continua a existir e s6 esta sendo oculto pelos neofascistas com 0 pro- pésito de conseguir respeitabilidade e chegar 20 poder. Afinal de contas, essa é a estratégia tradicional do fascismo. Hitler ¢ os nazistas, por exemplo, continuaram a proclamar seu apoio & democracia parlamentar até o momento em que chegaram 20 poder, em 1933. Se os partidos ¢ os movimentos neofascistas estio usando a demo- cracia como um mero dispositivo tatico, isso s6 serd revelado se eles também forem bem-sucedidos. «2B. Fascismo Questées para discussdo fascismo foi apenas um produto de circunstincias histéricas do perfodo entreguerras? Como 0 antitracionalismo moldou a ideologia fascista? Por que os fascistas valorizam a luta ¢ a guerra? Como o principio fascista do Iider pode ser visto como uma forma de democracia? Pode-se dizer que o fascismo é apenas uma forma radical de nacionalismo? ‘Axé que ponto 0 fascismo pode ser visto como uma mistura de nacionalismo ¢ socialismo? © Como e por que 0 fascismo esté ligado a0 totalicarismo? Todos os fascistas sto racialistas? Ou 86 alguns? O fascism morreu? Sugestées de leitura Earwe1t, R. Fascism — A history. Londres: Vintage, 1996. Uma histéria do fascismo elaborada de maneira meticulosa, erudita ¢ acessivel, considerando importante a ques- tio da ideologia. Abrange o fascismo entreguerras ¢ pés-guerra. Grirrin, R. (org,). Fascism. Oxford e Nova York: Oxford University Press, 1995. Exce- lente ¢ amplo manual de leitura sobre o fascismo. Documenta as vis6es fascistas ¢ suas interpretagées, . International fascism = Theories, causes and the new consensus, Londres: Arnold ¢ Nova York: Oxford University Press, 1998. Uma série de ensaios que examina as in- terpretagbes contrastantes do fascismo, chegando a uma teoria inovadora. Kaus, A. A. (org.). The fascist reader. Londtes ¢ Nova York: Routledge, 2003. Introdu- cio abrangente as complexas manifestagbes do fascismo ¢ as interpretagbes clissicas € modernas dessa ideologia. Lagueur, W. (ong.). Fascism — A reader’ guide. Harmondsworth: Penguin, 1979. importante série de estudos sobre varios aspectos do fascismo, escrita por autoridades de renome. Neocteous, M. Fascism. Milton Keynes: Open University Press, 1997. Panorama breve e acessivel do fascismo, situando-o no contexto das contradi¢ées da modernidade ¢ do capitalismo. Passmore, K. Fascism — A very short introduction. Oxford e Nova York: Oxford Univer- sity Press, 2002. Introdugao clara ¢ estimulante & natureza ¢ as causas do fascismo. «29.

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