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AS POLITICAS PUBLICAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR COMO POSSIBILIDADE DE MITIGAR IMPACTOS DOS MEGAEMPREENDIMENTOS NA AGRICULTURA DE ITAGUAI/RJ Eduardo Gusmao da Costa” Lamounier Erthal Villela* Introdugao O municipio de Ttaguai/RJ tem vivido mudangas significativas nos tiltimos vinte anos, relacionadas a instalagao de megaempreendi- mentos em seu territério, os quais totalizam um montante de cerca de R$ 43,5 bilhdes em investimentos diretos, sem considerar as ca- deias produtivas geradas a partir deles, em um municipio com popu- lagio estimada de 115, 542 habitantes em 2013. Um dos campos afe- tados € o da agricultura, que tem registrado diminuicio consideravel em sua drea de abrangéncia e em seus niveis de produgio, contando com agdes praticamente inexpressivas na 4rea das politicas publicas. Resultados da andlise da variago das areas destinadas a plantio de 31 Professor Doutor da Fundagio de Apoto & Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC), eduardogusmaol@gmail.com 32 Professor do PPGCTIA/UFRRY ¢ do PPGDT/UFRR), Coordenador do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensfio em Desenvolvimento ‘Tenitorial PEPEDT/UFRE Tes Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro ‘UPRRJ, E-mail: amouniererthal@gmathco 201 Digitalizado com CamScanner a 2012, indicam que o total de freq destinad foi reduzido em cerca de 68%, : Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo é compreender a s puiblicas frente aos impactos dos megaem- cultura de Itaguai/RJ.Estio entre os objeti- identificar aspectos multidimensionais no municipio, pectos conceitu norteadores das pesquisas tedricas nos campos das politicas publicas, da gestao social ¢ do desenyol- yimento territorial sustentivel; analisar as politicas publicas e acées para agricultura desenvolvidas em Itaguai; identificar como a agri- cultura familiar de Itaguai vem perdendo espago para os megaem- preendimentos. Como conclusées preliminares, nota-se que a falta de regula- mentacao clara do uso do solo provoca a ocupagio desordenada em todo o municipio, afetando a agricultura através da especulagao imo- bilidria, com a transformagao de areas agricolas em areas comerciais, complexos logisticos e residenciais. Esse cenario seria resultante da baixa participacio da sociedade, falta de canais para gestio social, falta de controle social ¢ auséncia de politicas ptiblicas efetivas. lavour, s permanentes, de 1990 colheita em hectares efetividade preendimentos na agr jas polit vos specitico bem como Perfil de Itaguai Ttaguai faz parte da Regiio Metropolitana do Rio de Janeiro, que € constituida pelos seguintes municipios: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Ttaborai, Japeri, Magé, Maric, Mesquita, Nilépolis, Niterdi, Nova Iguacu, Paracambi, Queimados, Sao Gongalo, Sio Jotio de Meriti, Seropédica e Tangua. “Doutor pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro- -UFRRJ no Programa de Pés-graduagio em Ciéncia, Tecnologia ¢ Inovagio em Agropecudria-PPGCTIA da UFRRJ. Mestrado em Administracao ¢ Desenvolvimento Empresarial pela Universidade Estécio de $4 (2009). Graduagio em Administracao pela Univer- fe Digitalizado com CamScanner A won Coordenador do Curso de Ad; Souza € Professor da Fundacg ‘ : agao d Fae oe do Rio de Janeiro, Este caine 4 Escola Técnica do Es- tese AS politicas puiblicas para ag: Of desenvolvido a partir da ae ticultura famili de mitigar imy ‘a familiar com: ‘bili- dade e pactos dos megaempreendimentos a a de Itaguai-1j defendia no Programa de Pos-graduagio em Ciéncia, Tecnologia ¢ Inovacio- PPG 7 il aecthal Villela CTIA-UFRRJ orientado por Lamou- O territori { meados do oe ee is desbravamento iniciado em volonizacéo ocorre & épo ‘gundo rel ae de Monsenhor Pizarro, sua ‘ poca em que os indios da Ilha de Jaguarame- mon foram atraidos pelo entio Governador Martim de Sa, que bus- cava sua transferéncia para outra ilha, mais a0 sul, conhecida como Piagavera— hoje denominada de Itacurugd. Mais tarde, fixaram-se na regido situada entre os rios Tiguagu e Itaguaf. Com 0 decorrer dos anos, a localidade prospera em fungio de ser 0 ponto de passagem predileto utilizado pelos viajantes que tinham como diregao os terri- térios de Minas Gerais ¢ Sao Paulo. Ja em 1790, a necessidade de abastecimento da cidade do Rio de Janeiro orientou uma politica para © territorio de Ttaguai, época parte integrante da Fazenda Santa Cruz, local vital para o abasteci- mento de alimentos os moradores do Rio de Janeiro, este sede do ve . 4763 (COSTA, 2010). Com terras férteis, o mun” ce-reinado dese? © ee 1980, importante atividade rural e comercial cipio de Ttaguat we rande escala de cereais, café, farinha, agticar ¢ como exportador © o com a utilizagio de mio de obra escrava para aguardente, conte pgenvolvimnent© economico (IBGE, 2010). obtengao de seu de 13 de maio de 1888 ocasionou uma crise eco- . syi0 ‘or acasiaio do éxodo dos antigos escravos; © némica 2° teri de transporte € a insalubridade territorial, provo- que, somade A pent? de grandes plantagoes periddicas ou perma : Candido Mendes-UCAM 2006), Atua mente (2018) esta dade © ¢ ) a ( ministra¢ao da Faculdade = cou o des@ 203 Digitalizado com CamScanner bandono provecou sérios impactos any. aE . Tal a IBGE, 2010). Tal a mperreroretns strucao de rios que corti como a obstrugio de rios q me alagamentos © atrofiou durante década, nentes ( bientais do municipio = © que gerou ‘o desenvolvimento cconomico. ‘A construgio da antiga instald ydovia Rio-Sao Paulo (que Passa ao da indtistria téxtil no Outrorg por Seropédica), somad ambi, ¢ a0 pro ; Fluminense fizeram com que 0 municipio de Ttaguai readquirisse sua importincia territorial (TCE-RJ, 2011). Esse potencial s¢ reafirmoy com o presidente Getilio Vargas, que, na década de 1930, promovey uma politica publica de reforma agraria na regiao. Tal reforma tj nha os seguintes objetivos: diminuir 0 adensamento populacional da capital; e realizar a ampliacio da produgao de géneros alimenticios para abastecimento do Rio de Janeiro. Ocorreu, nesta época, um forte movimento imigratério de colonos estrangeiros (principalmente ja poneses), que também receberam terras (MULS, 2004). Itaguaf destaca-se por aspectos econdmicos e€ histéricos, ten- do seu nome ligado a varios aspectos da vida do Rio de Janeiro. Foi cenario ficcional da obra O Alienista, em que o célebre Machado de Assis capta na esséncia de sua fico uma certa esquizofrenia presen- te na vida politica da cidade. sso de saneamento da Baixadg distrito de P: Populacao do municipio de Itaguai / A populacio estimada de Ttaguai, em 2015, era de 119.143 habitantes. Com uma drea territorial de 274,433 km?, a densidade femogrifica chegava 4 marca de 395,45 habitantes/km? (IBGE-SI- ee sal a No censo de 2010, esse ntimero era de 109.091 habi- see pi ° a Populagio rural de 4,882 habitantes (composta por i ns € 2.256 mulheres) ¢ a populacio urbana de 104.209 ™posta por 51.783 homens e 52,426 mulheres). A populacao de Ttaguai, entre os Censos Demogrificos de 2000 B04 Digitalizado com CamScanner vem crescendo a a ta _ 2080, vo Rae ape taxa anual sso de 81.952 para 109.091 habitant pr sera, nO MesmMOo period, a tax fan. ‘a vo foi de 1,08% ine de 2.90% a0 ano, quando ‘ra se ter uma ideia de strada no K ao ano ¢, na Regio Su i i Estado do Rio de ‘tO Sudeste, foi de 1,069 » foi de 1,06% ao ano. : ento anual por 4 selecionada entre 2000 e201 | 350%) 2,90% 3,00° | Municipios Estado Regio Brasil | Figura 1 - Taxa de crescimento municipal (Itaguai), estadual (RJ) ¢ nacional: 2000-2010. taxa de 168,52% em relagao 4 taxa de Um crescimento a uma a de crescimento do Estado do Rio de Janeiro; de 173,58% em relagio & le 145,76% em relacao a twa de crescimento da Regio Sudeste; ¢ d d taxa de crescimento nacional é um fendmeno demogrifico extrema- mente alarmante. : hi . Um estudo da Firjan faz um diagndstico de que, dado o gran de volume de investimentos acoplado & chegada de novas emprests, gos; 0 que possibilita uma stima-se 4 ilhares de empre i a a : fio metropolitana do Rio de forte migraga icipios da regi migracdo para os municipios da reg , 2 Janeiro. Porém, tal fato, conjugado com a falta de pecieet fie oe templem o ordenamento da expansao populacion: aixa 205 Digitalizado com CamScanner cobertura de transporte ptiblico ¢ demais servigos, podera levar a um i esordenado, com risco de fayeliy, ali localizadas (FIRJAN, 2012). ripido processo de crescimento d gio em torno das zonas indust Indicadores socioeconémicos do municipio de Itaguai33 Em 2010, Itaguai possufa um Indice de Desenvolvimento Hy- mano Municipal (IDHM) de 0,715; e, em 2012, seu PIB era de Rs 3.698.896.000,00 (IBGE-SIDRA, 2015). As Figuras 2,3 ¢ 4, a se- guir, demonstram que houve aumento no aporte de recursos (PIB ¢ orgamento) entre os anos noventa ¢ a primeira década do século XXI, com incidéncia direta na melhora do IDHM. 0,8 0,7 | 0/6 | 0,5 0,4 0,3 0,2 01 0 IDHM 1991. IDHM 2000 IDHM 2010 Figura 2-Indice de Desenvolvimento Humano (IDHM) de Itaguai/RJ Fonte: elaborado pelo do autor a partir de dados do IBGE/SIDRA (2015) ——————__ 38 Para umn maior aprofundamento nestes indicadores, vide Capitulo 4 deste lve. [js io ipios Digitalizado com CamScanner | | 4.000.000 ,500.000 |35 | 5.990.000 | 500.000 | 3.000.000 | 1.300.000 | 000.000 500.000 0 » 18 &¥ IL | s ee oe gs SES HLF SKS Figura 3Evolugdo do PIB de Itaguai/RJ Four-eaborado pelo autor a partir de dados do IBGE/SIDRA (2015). F 700,000.000,00 | | 600,000.000,00 a —————— 500.000.000,00 400.000.000,00 | 300,000,000,00 200,000,000,00 100.000,000,00 0,00 i 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 i 'igura 4 ~Evolugdo orgamentiria de Itagual: 2004-2013. fo a lo TCE-RJ no periodo de 2004 a 2013. Non, tborado pelo autor a partir dos pareceres de Contas d ntram disponiveis. Ascontas do Orgamento de Itaguai/RJ de 2010 nfo se enco 5 207 fl Digitalizado com CamScanner os Populagao rural de Itaguaf Jam 2010, 0 numero total de domicflios rurais permaneny 099 anentes 1,523 contra un total de 32.387 domictlios uth; ag raniog Tragguiat ert de 2, o8 domieflios rurais permanentes corresp espon- \ permancntess ou 8 1 diam a cerea de 4,596 do total, contr 95,5% domictlios urbanos per v manentes. Segundo o censo de 2010, somente 9,6% dos domicitios g | rticulares. permancntes tinha saneamento adequado, enquanty 8 2006 apresentavit saneamento inadequado ¢ 70,5%, semiadequado, A 7 populag o rural de Traguaf concentra-se em aproximadamente 65% $a faiva ettria 154 59 anos, como mostra © grafico da Figura 5 A, 2 30,00% ae | € y 25,00% © | soo 15,00% — 10,00% —pm 5,00% —~ 0,00% — - 0A 5 ANOS 6 14 ANC 40A59 60 ANOS DEIDADE DEIDADE ANOST ANOS DE OU MAIS IDADE IDAL Figura §~Compos a populagio rural de Itaguai/RJ + elaborado pelo autor a parti de dados do IBGE/SIDRA (2015). Digitalizado com CamScanner 1 megaempreendimentos | ‘os tiltimos anos, houve um total de i i is os img von torre RS 435 ee diretos es- ; dutivas que tém sido formadas pal ls inve on ‘ ‘visand0 a aprofundar a anilise a resell feciestiriat a seguir alguns dos paeipecipresatiieton cere Jobais & escalas de atuagiio. « es, ow pee i eo ain 7 Mp A) Prosub- Programa de Desenvolvimento de A i ‘i m v7) Submarinos da Marinha do Brasil O Prosub € um programa da industria de defesa, com capac” Ja empresa francesa DCNS (Direction desCons s] javales) em contrato de transferéncia de tecnologia firma- do entre 0 Brasil e 2 Franca.O programa consiste na construe do primeiro submarino prasileiro de propulsio nuclear e mais quatro submarinos convencionais diesel-elétricos. A previsao de jnvestimento era de RS 5,2 bilhoes de reai mente no periodo de 2012-2014 (FIRJAN, 9012). Os nuimeros atu- R$ 22,6 bilhd dos ais, segundo a FIRJAN, totalizam © valor de 8, oS quais R$ 7,7 bilhdes correspondem a0 perfodo 2014-2016 (FIRIAN, 2014). Trata-se de um projeto que vem: criando, 3 periodo de implanta¢ao, forte impact? na economia do municipio e muita expectativas atraindo a ma0o~ je-obra locale exercendo influén- e ‘ é is exper a- ti m todos os setores, inclusive 2* © Jeura. Porémms GS expe ts ciais ¢ eco"! ainda a sendo frustradas, provocant ie mensuraveis. _. Bo Galmente ne da mio de obra empregad® Mente a motivada pelos salarios ¢ pelos atrativos » UM: escontinideae fase se apresenta: o dese™P! ' idade de investimentos do govern? a . * rose i Wek 1 209) 10 longo de se Smicos gricultary jni- Digitalizado com CamScanner B) Thyssen Krupp Siderdirgica do Atlantico - TKCSA A Thyssen Krupp Companhia Sidertirgica do Atlantico (TK. CSA) - uma das maiores sidertirgicas do Brasil e da América Lating = é uma usina voltada A produgio de placas de ago, com capacidade de forja de cinco milhées de toneladas de ago por ano. Atualmente, ocupa uma area de aproximadamente 9 kim’, localizada no Distrito Industrial de Santa Cruz, Rio de Janeiro. ATKCSA (alema), em conjunto com a Vale S/A, situa-se no entorno de Itaguai e foi inaugurada no segundo semestre de 2010, com investimento total de € 5,5 bilhdes de euros, aproximadamente R$ 16,9 bilhdes de reais (FIRJAN, 2011). Sua inauguragao gerou 5.500 empregos. A empresa beneficia 0 minério retirado no estado de Minas Gerais pela Companhia Vale, que é uma das sécias do empreendi- mento junto com o grupo Thyssen Krupp, 0 controlador. A produ- Go esta voltada para a exportacio de placas que serdo laminadas nas unidades da Thyssen Krupp no Alabama (Estados Unidos) e na Ale- manha; estas, por sua vez, vendem o produto final para a industria automobilistica e de eletrodomésticos. c) Vale S/A A Vale é uma mineradora multinacional brasileira e uma das maiores operadoras logisticas do pafs; a terceira maior empresa de minera¢do do mundo; a maior produtora de minério de ferro em pe- lotas; ¢ a segunda maior exploradora de niquel. A empresa também produz manganés, ferroliga, cobre, bauxita, potissio, caulim, alumina e aluminio. No setor de energia elétrica, a empresa participa em con- sércios e atualmente opera nove usinas hidrelétricas. Criada para a exploragiio das minas de ferro na regido de Ttabi- ra, no estado de Minas Gerais, em 1942, no governo Getilio Vargas, fro Digitalizado com CamScanner rie é hoje uma empresa privada, de canj a vi Janel & agGes negociadas nas Bolan de Vale ore a ae Madri, Hong Kong e Nova York, Perna io Pau- & gor TitansComposite Index. sions oe" Em 24 de outubro de 2006, a Vale anunciou canadense Inco (a maior mineradora de niquel do mundo); transacao saivada 10 decorrer de 2007. Apés a incorporagio,o novo aes ‘ado empresarial CVRD Inco- que mudou de nome em novembro de p07 - tornou-se a 312 maior empresa do mundo, atingindo um valor demercado de RS 298 bilhées, a frente da IBM. Em 2008, seu valor de mercado foi estimado em USS 196 bilhées de délares pela consultoria Economitica, perdendo no Brasil apenas para a Petrobras (US$ 287 pihoes) € se tornando a 12% maior empresa do mundo. a incorporagdo da D) Porto Sudeste A instalagéo do Porto Sudeste, anteriormente denominado Porto de Itaguaf, deu-se com montante de investimentos de RS 4 bilhdes, sendo um modal de alto impacto (VALOR, 2014). Previa-se aconstrugio de um porto com profundidade de 18,50 metros para receber navios do tipo capesize. O porto foi idealizado para dedicar-se 4 exportagao do minério de ferro trazido pela malha da MRS Logistica da mina pertencente & MMKX da regido de Serra Azul (localizada a sudoeste de Belo Hori- tonte) e 4 importagao de granéis sdlidos, principalmente carvao. No Projeto, foi prevista a construcao de patios para estocagem e manu- stio de minério de ferro e de outros granéis sélidos. O Porto conta com um berco de atracacdo e uma area total de 51,2 hectares, sendo ue sua capacidade de armazenagem gira em torno de 25 milhées de ‘oneladas de minério de ferro por ano. O valor total do investimento foi de Rs 1,5 bilhdo, dos quais R$ 1,1 bilhdo ocorreu no perfodo 2010-2012, 21 he Digitalizado com CamScannet © Porto Sudeste conta com a infraestrutura de acesso terrestre © maritimo ja existente na regio, Dos 3.000 empregos previstos n, stavam garantidos apenas 450 na fase de one. fase de construgio, ragdo, Trata-se, portanto, de uma oferta de empregos vol terizada por mao de obra que, apds a fase de implantaca $ precarias socialmente; o que s no territério, dada a falta de pla permanecer em condig habitacionais ¢ ccondémi to do processo, bem como a baixa qualificagao pro Esse cenitio se potencializa, ainda de forma indireta, com outzy megaempreendimentos no Estado do Rio de Janeiro, como a cons- trugio do Arco Metropolitano, que cortara oito municipios, incluinds, Itaguai, contando com investimentos previstos de RS 1,3 bilhao ¢ reais (FIRJAN, 2011). Tudo isso como parte de um contexto maio: médio e longo prazos que se desenha para o Estado do Rio de Janeis com seus efeitos diretos e indiretos sobre 0 municipio de Ttaguai/RJ Toda essa realidade impacta o objeto deste estudo, a agriculnira de Itaguai, esta que se caracteriza majoritariamente pela agricultura familiar, sendo necessdrio encontrar mecanismos que garantam a sua manutencao e o seu desenvolvimento, em fungao de sua multifuncio- nalidade, englobando aspectos sociais, econdmicos e ambientais, atra- vés das politicas puiblicas ja existentes ou desenhadas para esse fim. 0, Aportes Teéricos Politicas ptiblicas F; se necessario, logo de inicio, considerar a propria inagio ou omissio governamental como politica piiblica, Parece paradoxo, mas niio é: “A politica publica é tudo 0 que os governos decidem fi- vex ou deixar de fazer” (DYE, 2005, apud HEIDEMANN; SALM, 2010, p, 30). Partindo ¢ tomando como marco tedrico tal afirmagio, busca-se eliminar qualquer possibilidade interpretativa que leve a um i Digitalizado com CamScanner adro conclusive pela auséncia de politicas pablicas, Saravia eFer- qe (2006, p. 28) apresent ‘0 seguinte conceito de politica publica: rare? Mas 0 que € uma politica publica? Trata-se di fluxo de decisées priblic ee orientado a rna ir de a modificar essa realidade. De condicionadas pelo préprio fluxo e pelas reagées ¢ modifica elas provocam no tecido social, bem como lores, ideias ¢ vis6es dos que adotam ou in decisao. E possivel considerd-las como e: apontam para diversos fins, todos eles, de alg ma, desejados pelos diversos grupos que partici do processo decisério. A finalidade de tal din = consolidagio da democracia, justica s tengo do poder, felicidade das p elemento orientador geral das intimeras acces compéem determinada politica. Com u: P tiva mais operacional, poderiamos dizer que ela é um sistema de decisées piiblicas que visa 2 agdes ov o} ses, preventivas ou corretivas, destinadas a manter ou modificar a realidade de um ou varios setores da vida social, por meio de definicao de objetivos e estratégias de atuacio e da alocagio dos recursos necessirios para atingir os objetivos estabelecidos. Iibrio social ou a introd: quilibrios de | I | | k Na literatura especializada de estudos de politicas ptblicas, uma parte dos autores e pesquisadores sfio signatarios de uma abor- dager estadista, sendo outra parte defensora de abordagens mul- ticéntricas, A abordagem estadista ou estadocéntrica (state-centere- 4pslicy-making) entende as politicas publicas, analiticamente, como onopélio € territério estatais. A abordagem multicéntrica ou poli- éntrica considera organizagées privadas, organizagdes nao governa- Mentais, organisrnos multilaterais, redes de politicas publicas (policy “lworks), © os atores estatais na construcio conjunta das politicas Pablicas (SECCHI, 2013), 213 Digitalizado com CamScanner Bd Politica publica & ap tada por Parada (2002) como, io de uma autoridade publica, ou o re ultado aan” utoridade investida de poder priblico ¢ de | programa de dade de uw ude} ¢ conceito tem uma larga accitagao no terreno da ¢ ¢ administrativa, em especial nos EUA. hoe Dye (2007),a0 definir 0 escopo da politica piblica nq ad tragao dos Estados Unidos, cita o fato de serem alocados diretarnens, em torno de 35% do produto interno bruto por este governo.Qy a partir dessa afirmagio, parece licito afirmar que politicas Pibic, sem or¢amento nfo passam de cartas de intencio, ou pior, mer, discursos no jogo politico. Pode-se considerar a existéncia de o, mentos sem politicas publicas, mas nado uma efetiva politica Piblic sem orcamento. Thins. Agricultura familiar Adotando 0 conceito de agricultura familiar de Abramovay (2010), observa-se que, nesse tipo de agricultura, 0 maior volume de trabalho é humano, vinculado por lacos de sangue ou de relacio- namento afetivo, 0 que se estende para a propriedade da terra. Os seguintes aspectos se destacam nessa definicao: a) Evita qualquer associacao que se relacione ao desempenho produtivo da unidade produtiva familiar, métrica utilizada por mui- tos anos ao relacioné-la a baixos padrées de desempenho, baixa ren- da ou por seus aspectos de subsisténcia, A agricultura familiar esti presente em cendrios sociais ¢ €condmicos dos mais variados: sejt OS pequenos nticleos isolados dos Andes; seja nas cadeias produtivas organizadas de forma associativa ¢ integrada na Regio Sul do Basi. Nao se pode desconsiderar ag enormes diferengas socioecondmicas existentes, em uma mesma regifio, entre suas unidades fundadas miodeobra da familia, 22 specto familiar da Produco se destaca nfo s6 na Digitalizado com CamScanner anicidade do processo produtivo, mas também n: euch propriedade € no processo sucess6rio hierarquico. are ear ‘A maioria absoluta dos agricultores no mundo atual i atriarcaly 0 que nfio se repete em nenhum outro campo - esi nal Nos Estados Unidos, assim como no Canada, é cinco ve Serer robabilidade de que um negécio agricola ae de wma geragao fi putra do que em outro seguimento da economia. Ja na rere 1953, 5% dos agricultores eram provenientes do meio rural, sendo aevean 1985, eram 908. Na Gri-Bretanha, 80% dos agricultores exercem 4 agricultura em tempo integral, reproduzindo um padrao ancestral. Desenvolvimento territorial sustentavel O enfoque territorial como estratégia para a crise do capitalismo fordista Os governos neoliberais, frente 4 crise capitalista dos anos 4970 e ao esgotamento do modelo fordista, incentivam @ abordagem territorial local de planejamento como forma de gestéo descentrali- zadora. Posigdo essa que encontra €co tanto em ambientes politicos como em ambientes académicos € organismos multilaterais, como Banco Mundial, FAO, Cepal, BID, Fida, TICA, entre outros (OR- | | } TEGA; SILVA, 2011). Tais esferas de poder, aliadas, viam essa for- descompromissando o ma de planejamento como descentralizadora, as variadas escalas poder estatal central, transferindo tais Onus para | de poder local. Porém, sao miltiplas as concep¢oes de territério, consideran- do para andlise do desenvolvimento territorial a visio de que este desenvolvimento é multidisciplinar, multiescalar € multidimensional, envolvendo diversas dimensdes, como cultura, economia, religido, co- fe asl Digitalizado com CamScanner sociedade, politica, instituig6es, entre outros Ort, a busca por formular abstr, nhecimento, GA; SILVA, 2011), sendo que scab atamente teorias para fendmenos regionais ¢ ae nea a SACTFicio do. my ice-versa. esse sentido : fatos, em razao da teoria, ou vice-versi. © ?y Far7-se ne dos fendmenos increntes ao, Sprig ocesso de desenvolvimento capitalista em cada especifico. Ha uma impossibilidade de formulagio de leis gerasp, lativas ao processo de desenvolvimento de cardter universal, Leis. lativas a movimento ¢ reprodugao necessitam, para serem compree,. didas, do entendimento de sua realidade hist6rico-concreta, em iu estruturas, dindmicas, relagdes € processos, que so, por sua Propria histéria, determinados (BRANDAO, 2012). a uma imersio na concretude em que se dé o pr Gestdo social do desenvolvimento A gestio social busca a organizacdo comunitaria e considera basica a busca constante pela melhoria da qualidade de vida de de- terminadas aglomeragdes (VILLELA, 2008). Em um contexto de gest’o social voltada para a racionalidade comunicativa, 0s atores nio irZo impor suas propostas, buscando validacio sem acordo debatido com todos os participantes (TENORIO, 1998). Nesse sentido, as ages serao fruto de relagdes dialégicas e nao monolégicas. O diilogo elabora o consenso entre os atores, visando ao bem comum a cad acio (VILLELA, 2008). A teoria da organizacao na sua forma fordista e modem ¢ simplista ao se embasar na racionalidade instrumental, forma qt predomina na ciéncia social do Ocidente. Segundo Ramos (1965, apud TENORIO, 2002), até A modernidade tal teoria serviu a ¥™ concep¢ao moldada no “fordismo”, mas que se esgota na pos-mo” dernidade € na sociedade do conhecimento. Para 0 autor, 0m" f fordista se tornou ineficaz, pois, mesmo em seu apogeu econdmie Sempre se mostrou desumano. Na perspectiva conceitual de Tend" i... Digitalizado com CamScanner soci 7002), o tema ge tem sido evoe, (ea por solwsBes par os chamados Saree? 898 Gltimos anos na de politicas publi eons Boverno, na implan- e O me wngH : SMO corre i Poe ee nos sig » ara gerenciamento de negécios, quase sempre ee Ccome tema responsabilidade social. Pre confundido com [1 0 discurso tado pela légica ea da gestio social tém se pau- le mercado da i ode ic a yestao estratégic: no por ques i a por questées de natureza social. Enquanto a ges- tio estratégi jcti si ° sawreica Procura objetivar o “adversario” atra~ ves la e oa privada, a gestio social deve atender, por io da esfera publica, 0 bem comum da sociedade (TENORIO, 2002, p. 114). A partir desse referencial tedrico-critico, Tendrio (2002) esta- belece os elementos epistemoldgicos da significacao de gestao social. Descreve 0 sentido antindémico dos conceitos de gestdo estratégica por um. lado, e gestio social cidadania deliberativa por outro. Na discuss4o, os argumentos giram em torno do fato de que o poder econdmico dos megaempreendimentos € do governo dita a agenda de desenvolvimento e as prioridades do municipio, diminuindo ainda mais as possibilidades da gestio social. O planejamento, na sua forma top-down, é visto como solugio definitiva a ser implementada por operadores que resolverdo quest6es menores da operacionalidade da grande estratégia formulada pelo poder central e entregue aos seus governados como produto acabado e nao sujeito a questionamentos. Como argumenta Gusmao (2012): Gestiio tem sido muitas vezes entendida como uma atividade menor, confundida com rotinas de gerencia- mento (ou administragio) e, portanto, entendida como uma atividade operacional e, portanto, pouco (ou nao) estratégica. Por outro lado, a atividade de planejamento tem sido elevada a uma condigio superior, como se fi- zesse sentido separé-la (GUSMAO, 2012). a7} Digitalizado com CamScanner segundo Tesi (2004, a gestioS0C91 OE EDES ty cq em sta proposti de substituigto ee ae , sem didlogo, por um gerenciamento mal pa , 0 di Sgico, i caeesgo & um exercicio de varios atores sociais, Assim, no qual : es uum processo decisério no qual 0 Outro, 0 alter, es ote em ato intersubjetivo. Assim, por soci entenda-se g rela jo entre pessoas e nado uma agio Pia een 7 interagindg com o “tu”, portanto 0 “nds”. Assim, So es5 ¢ - i caberg uma conexio instrumental, mas uma conexao coopera a, so idea . negociada entre os envolvidos na a¢a0- A relagao seria sujeito-sujeito e nao sujeito-objeto, tampouco objeto-objeto, como Paguelas inter- pretacdes em que 0 ser humano é um recurso, wm Pro} tuto com prazo de validade; o contribuinte; o eleitor; um numero de inscrigao, em que o fetiche da mercadoria a todos unidimencionaliza (TENORIO, 2012, p. 29). estratégica em ag Governanca territorial com gestao social Governanga, como conceito, € um termo tao antigo quanto governo, Conhecido na Franga desde o século XVI, referia-se aos funciondrios da corte, nao se relacionando ao processo de governo. A palavra governanga deriva do Latim cydern, significando dirigit ou guiar (do inglés, steering), tendo a mesma raiz de cybernetics, ou seja, ciéncia do controle. Sua origem relaciona-se ao surgimento do primeiro lider tribal a partir da forma mais primitiva de organizacio sociopolitica. Academicamente, tornou-se objeto de estudo a partir do século XX (MAIA, 2013; apud PETERS, 2000). No comego do século XXI, percebe-se um empenho por parte dos paises das mais diversas regides geopoliticas em buscar as cond! See peas dos paises da Organizagio para a Coors todos de governan ce (OCDE) o,queineltt oben éncia i¢a isomérficos aos desses paises. Tal converge fps Digitalizado com CamScanner 19 marco a Declaragai i m wo a lara ho Universal dos Direitos do H éculo XX. Porém, neste inicio de século XI. ” ue paren los oriundos em que parecem ir conflitos e med eclodir conti dos orit as mudancas ¢ do Al crises 28 formas convencionais de governanga est > panorama de em cheques em sua falta de capacidade e de eficién ees busca do progresso da sociedade (MICHALSKY; Raitt liregao da VENS, 2002). ; MILLER; STE- ‘eo de een inca i din com - vecpondy ‘janela” se vé, definindo-se, assim, 0 yadro tedrico escolhido. Aqui a governanca esta compreendida como ritica de poder na gestio de um pais ou territdrio, com seus mecanis- mos, processos & instituigdes, em que seus atores, cidadaos e grupos de jnteresses buscam acordos em torno de consensos minimos. Essa go- vernanca acontece na interagao de redes socioterritoriais, que exercem um poder territorial em torno da concertagao de consensos em meio adiferentes atores. Esses buscam acumular poderes politicos na busca de se tornarem sujeitos na construc4o do processo de desenvolvimento (DALLABRIDA; BECKER, 2003, p. 1). Bosier (2011, apud CANCADO; TAVARES; DALLABRI- DA, 2013) acredita que a governanga pode ser considerada, também, como uma aposta em uma condugio através de um elevado nivel de coordenagao em rede, para além da coordenagio politica tradicional na figura do Estado, em seu exercicio do planejamento. A governanga, enquanto conceito, sofre permanente redefini- cio de atribuicdo e significado em fungao da permanente conquista do direito de cidadania em escala global, € de sua diferenciagio de significado das relagées multilaterais jntraordem econdmica, como define Reis (2009, p.41): © problema central de governasio & Pot isso, o da cocrdenagio de diversas ordens relacionais, Isto é,a8 sociedades contemporineas nfo sf0 hoje facilmente representéveis por uma l6gica de organizagio hierir- 219 Digitalizado com CamScanner oN quica em que 0 poder de integragho vertical oy coordene o ewencial da ago coletiva, Mruigg es terio sidor Indepe dente das respostay a esta Peryuy ta, o que parece corto @ ques tanto No plang ‘lobn} como nos diferentes niveis em que as rel 8 cole vas se “territorializam’, bf. quests que difciingy sio coordendveis através de umn simp ‘Pte (8 MCAHsiyg, de coordenagiio, como, por exemplo, 0 mercado, Ar desta dificuldade pode encontrar-se em dojs nos. Primeiro, a morfologia do poder ¢ das interac, nas sociedades de hoje é plural, complexa e reticyj, = por iso falo de orlens relacionais para caractern, os subconjuntos estruturados que formam a tmatriz. de relagées interdependentes que originam 0 tecidg, eco ndmico, social ¢ politico contemporineo, pl A escolha dessa definicao nao busca superestimar as forcas en- dogenas da governanca territorial. Valoriza, sim, tais forcas, buscando dar-Ihes voz, mas considera os limites dessas forgas frente as milti- plas escalas a que estado sujeitas. Como enfoque de governanga de ter- ritorio e de anilise de seu desenvolvimento, primordialmente, hé de se considerar multiplas escalas entre 0 local e 0 global, na perspectiva de Brandao (2007, p.30): Contrapondo [...] interpretagdes, algumas com ares de fanatismo pela autodeterminagio da escala micro, Procuro resgatar algumas determinantes légicas de funcionamento do capitalismo, defendendo que exis tem nfo 86 as forcas endégenas, mas também fatores decisivos que sao exégenos” localidade. Existem hie rarquias. Existe poder. Existe macroeconomia. Essas € Cutras obviedades que sio desdenhadas amplamente [...]. Essa “endogenia exagerada” das localidades of Piamente na capacidade das vontades e iniciativas dos Aatores da comunidade [...] sobre seu destino ¢ procul Promover sua governanga virtuosa lugareira. 220 i i Digitalizado com CamScanner F ‘Ainda assim, Brandio considera que muiltiplas possibilidades existe © CS disponiveis para construcao em territérios, com seus jos tinicos ¢ suas probler 5 : rencialidades, limites, idiossincrasias identitari sana aa edis utidas na construgao de novas molduras institucionais (BRAN- pAO, 2011). Essa percep¢ao permite detectar, nas varias visoes abor- dadas, uma auséncia de mediagées entre 0 local e 0 global, entendendo ye qualquer estruturacio local se torna vulner4vel aos fendmenos glo- bais, impactando de forma diferenciada nas escalas menores mediante gs caracteristicas estruturais e conjunturais de tais escalas. Nao se pode, em hipotese alguma, subestimar as miltiplas escalas que compoem € influenciam um territorio (ORTEGA; SILVA, 2011). Porém, ultimamente nao se pode deixar de reconhecer a ten- déncia de crescimento da capacidade ou mesmo do poder das insti- tuigdes coletivas de estarem cada vez mais atentas a0 envolvimento ei orientacdo dos governados. Mesmo com a tendéncia de pseu- dotransferéncia por parte dos centros de poder para os “cidadaos” ou “acionistas”, na pratica, o poder e as decisées sobre os objetivos eescolhas a respeito dos processos & meios para a consecugao de objetivos coletivos continuam escamoteadamente centralizados, ver- ticais e predeterminados; operados em seus campos bem definidos: na familia, na empresa ou na nagao. Apesar de todos os avangos de democratizacio dos processos de tomadas de decisées e de seus me- canismos, na pratica, as escolhas continuam, em grande parte, em seu nicleo duro de interesses, delegadas, centralizadas € hierarquizadas (MICHALSKY; MILLER; STEVENS, 2002). Procedimentos metodolégicos fe Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa exploratéria (em re- aa as politicas publicas para agricultura familiar nos niveis local, ’adual e federal); ¢ descritiva, apresentando-se como estudo de caso 221 a Digitalizado com CamScanner 4 (2009), © carater de investigagio explora ito acurnulado tia 4 ade Ver © a0 pouico conhecimer _ge por buscar expor as e na perspecti toria deve elt Oo er descritivo justifie Jo fendmeno analisado, além de estabe a, nio tendo, portanto, Compromise, ¢ “Estudo de caso é circunserity , slecer correlagées entre riaveis e definir sua natu: explicar os fendmenos que descreve. “ ns uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoa, farnitia, pro- duto, empresa, drgio ptiblico, comunidade ou mesmo pais. Tern car. ter de profundidade e detalhamento” (VERGARA, 2009, p. 44), Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa documental, bi- bliografica e de campo, incluindo entrevistas abertas ou semiestruty- radas, visualizagao de dados, e observa¢ao participativa concomitant com varias agdes intermediérias; 0 que pode ser caracterizado como um tipo de pesquisa-a¢ao de acordo com a perspectiva de Thiollent (2009). Tal flexibilidade é admitida por Feyerabend(2011, p. 33). O universo da pesquisa por selegao de sujeitos incluiu os atores envolvidos com projetos e/ou agdes que tem impacto na agricultura de Itaguaf e influenciam as politicas piblicas para agricultura do ter- ritério de Itaguai/RJ. O foco de anilise esta, por um lado, na popula- cao rural (representada pelos segmentos da sociedade civil e do mer- cado) e, por outro, no poder ptiblico; tendo sido a amostra definida pelo critério de acessibilidade (GIL, 1987). Foram contatados: agricultores de Itaguaf e suas liderangas comunitarias; Sindicato dos Agricultores; Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca de Itaguaf, Secretaria Municipal de Finangas; Secretaria de Administragao; Centro de Referéncia de Assisténcia Social (Cras) de Itaguaf; Biblioteca Municipal Machado de Assis; Centro de Me- moria de Itaguaf; Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE-RJ; Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentivel ~ Cedrus da Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuaria - Seapee do Estado do Rio de Janeiro; Empresa de Assisténcia Técnica ¢ Ex tensio Rural do Estado do Rio de Janeiro —Emater-RJ- Escrit6ri¢ Digitalizado com CamScanner yo . Tages Colegiado do Territdrio da Bafa da Wha G (seropédics Teague Mangaratiba, Angra dos Reis, Rie Ch ine raty)s Micleo de Iextensao em Desenvolvimento “Territ sal nd ia Bafa da Ilha Grande; Ministério do Desenvolvi sete pve “VIDA; € © Instituto Brasileiro de Geografia e Bstatatiea. a ~IBGE. Diagnostico e discussao dos resultados Governanga das politicas publicas para agricultura em Itaguai ‘Ao analisar 0 cenario da agricultura de Itaguai ¢ seu baixo ni- yel de investimentos em politicas ptiblicas, constata-se a impossibi- lidade de uma governan¢a efetiva de politicas publicas. Apesar de 0 poder ptiblico local ter um conjunto de projetos desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Meio ‘Ambiente, Agricultura e Pesca Se- maap, nao foi percebida — na pesquisa de campo e nas entrevistas ~aefetividade destes junto aos agricultores. Nesse caso, retomando a perspectiva tedrica de Dye (2007), elencada acima, devido 4 falta de recursos investidos, nao se pode consider4-los como uma politica piblica para agricultura. O quadro de investimentos encontrado em Itaguai aparece na Figura 6, 2 seguir. Digitalizado com CamScanner O14 O12 ol 0,08 0,06 0.04 0,02 ) ee —— 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2019 a91; wee linguai mag= Média nacional | | Figura 6 ~ Investimento municipal (Itaguai/RJ) em agricultura - Percentual da receita orgamentaria FonteiElaborado pelo autora partic de No exercicio de 2015, o orgamento para agricultura foi zero, Os fatos levantados, durante a pesquisa, relativos & légica do poder local, permitem afirmar que os interesses que norteiam as politicas de Ttaguai se distanciam de uma preocupagdo maior com o bemcomum, Isso pode ser constatado pelos sucessivos casos de corrupgio envol- vendo gestores piblicos locais. O quadro geral denota, nos tiltimos anos, por parte do poder puiblico local, um distanciamento progres- sivo dos ideais republicanos através de uma gestio publica temeritia. Projetos e acdes no territério de Itaguai No municipio de Itaguai, a agricultura fica sob a responsabili- dade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca ~Semaap, localizada em uma area de propriedade da Petrobras. Na ocasidio da pesquisa, estava a sua frente como Secretario um professo! 224 Digitalizado com CamScanner | jp Coté Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janciro “CTUR, formado em zootecnia pela UFRRJ. Na Secretaria esté ins- talado 0 Centro Didatico Produtivo (CDP —Semaap), que conta com yma area de plantio de leguminosas denominada de Horta Municipal. ‘A Horta Municipal possui extensa area com 0 cultivo de hor- taligas organicas, que, segundo a Semaap, sao fornecidas para 46 escolas € 7 creches municipais, Apac, Asilo Santa Liicia, grupo da resceira idade ¢ 0 Hospital Municipal Sio Francisco Xavier. No ano de 2010, a horta distribuiu 4.168 pés de alface, 948 pés de chicéria, 566 molhos de couve, 815 molhos de salsa, 680 molhos de cebolinha, 68 quilos de beterraba, 15 pés de aipo, 80 molhos de espinafre ¢ 78 pés de brocolis. De maneira geral, foi possivel constatar que as a¢Ges institucionais implementadas pela Semaap teriam grande potencial, principalmente por seu foco na capacitagao técnica dos agricultores familiares de Itaguai. A secretaria poderia ser caracterizada como um verdadeiro centro didatico de produgao e de praticas agropecudrias sustentaveis, porém, observa-se que tal esforco acontece de forma jsolada institucionalmente (COSTA; VILLELA, 2013). ‘A falta de participacao dos agricultores foi detectada, por exemplo, no Conselho de Representantes de Agricultura de Itaguaf, que era densamente povoado por representantes do poder publico local - até o momento da pesquisa. Dada a complexidade do processo politico de Itaguaf, nao foi possivel avaliar se a baixa participacao se 44 por desinteresse, ou por descrédito no poder puiblico, ou os dois. 225 Digitalizado com CamScanner i It < Andlise dos dados da agricultura de Itaguai as destinadas 4 plantio de Analise de are ae 1990 a 2012 lavouras permanentes P A 4 Javoura permanente, em hectares, tal de area destinada a lavow : no wai de 1990 a 2012 sofre redusao de aproximadamente 68%, A Figura 7 demonstra a redugio de area no periodo. Avea de lavouras permanentes em hectares 70 pertodo de 1990 a 2012 Figura 7- Area de lavouras permanentes em hectares: 1990-2012. Fonte: Dados extraidos de IBGE -SIDRA (2015), Tabela 1613. Sao varias as escalas envolvidas, mas, seguramente, a falta de investimento publico nao contribui para o desenvolvimento da agti- cultura de Itaguaf — conforme detectado em varios relatos no campo de pesquisa. Isso se expressa na fala de uma lideranga do Conselho Comunitirio de Mazombinha e Rio Preto: Rr Digitalizado com CamScanner [.u] Ttagua che Sayeed Bou a ser o mak da América Latina aior produtores de produtor de qui : oF pre iabo Mazomba j4 foi um dos maiores Sa 5 Estado do Rio de Janeiro i” s maiores produtores de , lc aipim do E Jo Rio de toned do | to nciro, [...] uns dos maiores produtores de goiaba, através da colénia japonesa. Ficou entendido, através da pesquisa, que o processo de perda ge espas0 da agricultura familiar ocorre simultaneamente ao pro- eso de implantagao ¢ desenvolvimento dos megaempreendimentos a Traguai. ‘A anilise aqui desenvolvida, entretanto, nao busca atri- puir tal fendmeno a um tnico fator, considerando a complexidade ea jnfluéncia de variadas escalas; € que os atores envolvidos sofrem jnfluencias © jnfluenciam-se mutuamente, consciente ou inconscien- temente. Tais escalas perpassam do global ao local, potencializando efeitos do macro a0 micro; assim como, de forma inversa. Em fungao da magnitude dos megaempreendimentos, seus impactos se personificam através do poder que seus atores carregam como corporagoes (Thyssen Krupp, Vale S/A, etc.) € instituigoes de espectro global. Uma anilise que busque entender 0 poder local ¢ a correlagio de forcas facilmente pode detectar, através de uma pesqui- sa relativa ao desenvolvimento local de Itaguaf, que existe um. nitido desequilibrio econdmico € tecnoldgico entre os atores da escala glo- bal e os da escala local, principalmente, em suas capacitagdes frente a0s problemas gerados. Corporagées globais com acesso a redes cientificas, tecnolégi- case de informagées criam, em relagio ao poder local, uma assimetria de informagdes e acessos que O transforma em mero espectador. Ao Mesmo tempo, quando este mesmo poder local nao se orienta por lima gestaio social que busca a organizacao € a participagao comuni- titia, fica refém de um planejamento estratégico formulado de cima ie baixo, alheio aos interesses locais — quando nao nacionais. Trata- »portanto, de um poder local que, por falta de capacitagoes, dada a 227 Digitalizado com CamScanner ntos, nao Consegue exercer um, Jiversas ordens relacionajs . problemati estruturaig co de tais megaempreen, empreendime magnitude desses m que ¢ ala, D ; tam o territories pa ) envolvidas ¢ governanga © hicrarquias ¢ conjunturais que 1™P4 estas com suas dimentos. rE se ainda mais dramatico quand, esse cen 5 rio tende a tornar~ ao bemcomum, ndimentos, ocasionando corp heio Ie As tentagées geradas poly dos megaemprec o poder local aporte de recur fo orgamentaria cao ¢ ma gesti io foi i Nas entrevistas junto ac produtores, nao foi percebido ne- nhum proceso participativo, muito menos 0 envolvimnento destes nq formulacao de agdes nos niveis municipal, estadual ¢ federal, exce- cao da Emater, através de seu escritorio em Itaguai. Um dos fatores que pode ter contribuido para 0 baixo nivel associativo é a origem difusa dos assentados no territério no periodo Vargas, sendo estes de origens distintas, englobando japoneses, nor- destinos, etc. Isso teria dificultado a formagao de um tecido social com lagos culturais comuns, e, por conseguinte, o estabelecimento de relaces associativas no territério. A andlise aponta que o crescimento econdmico do municipio se dé na légica do mercado, com baixa participacao dos poderes locais euma desordenagao da ocupacio do territério. Pode-se perceber uma impoténcia do poder publico frente a avalanche de investimentos que ndo encontram na infraestrutura da cidade nem mesmo capacidade ae Ee claboracio de projetos e planejamentos urbano e rural. niciativas c + i; tituindo propostas, ee poderiam Sct ampliadas, oy cusséo ¢ da deliberagao dos Ae i Fe concebidas a Pa age associaces € sindicatos dos edie i mocked ade civil (agricultorss poderes publicos - em seus tyes conse loca) om copjunte ee “ estadual ¢ federal; e com partici, ee leahnioe ae eae mento Agrario, através de té ae do Miniteieds re : cnicos do Pronaf. Assim sendo, tais P Digitalizado com CamScanner yiticas poderiam mitigar os impactogs ambientai bili: gesenvolvimento territorial sustentavel ¢ a possibilitando um ~jo de redes ¢ na ampliagio de lagos entre o , aol ad a fortalecer a ag) icultura local com agtegacio ae locais, visando noregagao de valor ao trabalho rural ¢, princi pal 1 cea de vida, yimento que pudesse gerar liberdade, Es - os ae de politicas publicas efctivas, detectadas nas falas da lideranga local de Mazombinha e Rio Preto, faz ages de contrapartidas de empresas que implantam i ‘ a megaempreendimentos sejam vistas como politicas piiblicas Por falta de op¢ao, ocorre a valorizagao do que sio medidas compensatérias ou de ajustamento de conduta, apresentadas como uma benesse. Tal percepgao é reforgada pela forma como é apresentada pelos impactantes ~ podendo ser citado o exemplo da Odebrecht, que compra parte da producio local junto a alguns agricultores. Na auséncia do poder ptiblico local, os papeis se invertem; o impactante vira benemérito e o poder publico, vildo, por omissao. A exclusio digital e tecnolégica, somada as dificuldades de so- brevivéncia nas atuais condigoes da agricultura, compromete a per- manéncia do jovem no campo. Na busca por melhores condigoes de vida, ele acaba, muitas vezes, subempregado na cadeia produtiva dos megaempreendimentos. Por ser em geral uma mfodeobra nao espe- cializada para industria, 0 jovem agricultor rural obtém baixa remu- nera¢o, nao enxergando na agricultura familiar uma oportunidade de mercado com possibilidades melhores. A falta de regulamentagao do uso do solo provoca uma ocupa- ¢io desordenada em todo o municipio, afetando a agricultura através da especulagio imobilidria, com 4 transformacio de areas agricolas ¢m 4reas comerciais e residenciais. | 7 Nao ha governanga minima para possibilitar um desenvolvi- Mento territorial sustentavel, 0 que também ocorre pela falta de con tole do poder publico e de um controle social com canais adequados. no Digitalizado com CamScanner Os resultados da pesquisa levaram @ conclusio de que foram : climitado para esta andlise, recursos inexpres- rricultura familiar por parte da Pre~ 0 no tltimo periodo pesquisado, inja periurbana de Ttaguai com a aplicados, no periodo d « ptiblicas para sivos em politi feitura de Itaguai, chegando ¢ a ocupagio da f construgao de sistemas logisticos. Relatos de vendas de terras de pro- priedade de agricultores familiares na area da Mazomba sao cada ver, mais comuns. Todo esse conjunto de proce: : em torno de atividades ligadas aos megaempreendimentos. Entendendo as varias escalas envolvidas, entretanto, nao se pode atribuir a um tinico fator a perda de espaco da agricultura fami- ar de Ttaguai, j4 que aqui foram elencados varios fatores de ordem econémica, social, tecnoldgica e politica. Porém, nenhuma anilise dos impactos diretos dos megaempreendimentos no municipio e na agricultura familiar de Itaguai consegue fugir do campo de discussio relativo ao tipo de desenvolvimento econémico ali em curso. Vide os varios exemplos de légicas similares de desenvolvi- mento econdmico, a citar 0 caso de Macaé/RJ[conforme discutido por GUEDESet. al. (2012)]. Trata-se de um desenvolvimento que torna esses territérios um naolocal, cidades dormitérios, sem vida comunitaria, amorfa em sua cidadania. O poder pitblico local fica cooptado, impotente e inoperante frente & rapidez das transforma- ses operadas através do modelo de desenvolvimento econémico im- posto pelos referidos projetos; este nao identifica na agricultura suas miiltiplas possibilidades de desenvolvimento, sejam elas econdmi sociais, culturais e institucionais, como forma de ordenar 0 territério, fortalecer sua identidade, gerando seguranca alimentar, preservagio ambiental e, principalmente, apresentando-se como uma alternativa 4 urbanizacao desordenada. Dessa forma, a atividade da agricultura poderia ser vista como uma ferramenta para mitigar os efeitos perversos do crescimento de- sordenado de Itaguaf e da Baixada Fluminense. Para fazer frente # i, ssos especulativos orbitam Digitalizado com CamScanner verdad qualidade de vida no urbano que essa regitto vem sofrend . i sofrendo ao iltimos anos ¢ necessirio Langar um novo olhar para o rural Jonge dos Consideracées finais No caso da agricultura familiar, jd existem politicas pablicas pito do Pronaf maioria dos problemas aqui cleneados de ordem tecnoldgica, financcira ou de apoio a agricul- no im! grosso modo, pode-se seguramente afirmar que 0 cardapio das politi ja esta pronto, A mesa, encontram-se jvidos 08 agricultores familiares, 4 espera de verem servidas as poli- ticas piblicas ja existentes para a agricultura familiar, que dependem apenas de vontade politica de gestores ptiblicos locais voltados para 0 bemcomum de sua comunidade. Nessa perspectiva, a multifuncionalidade da agricultura fami- Jiar torna-se estratégica para formulagio de politicas ptiblicas multi- facetadas e que contemplem a necessi dade de uma nova relagio com suas dimensoes, vista como um contraponto o territdrio em todas a aagricultura padronizada, sujeita a relacées eminentemente de mer- cado, com seu atual modelo insustentavel. A agricultura familiar tem suas relacGes subjetivadas em aspectos holisticos intrinsecos a sua relagdo com o territério, desde sua neces- sidade de subsisténcia ao comprometimento com a sustentabilidade desse mesmo territorio, necessaria a todas as suas dimensées. Para for- mulacio de politicas publicas, entender esse comprometimento natu- ral, que remonta as origens da agricultura familiar, torna-se vital para a sustentabilidade do planeta com toda sua fauna, flora e recursos. Uma miriade de solugdes poderia ser encontrada por meio de uma gestiio social voltada para um desenvolvimento territorial sus- tentivel pautado na multifuncionalidade da agricultura familiar. Afi- nal, a seguranga alimentar, a seguranga hidrica e ambiental j4 agen- daram as discusses, 0 que falta é a tomada de consciéncia de que 231) Digitalizado com CamScanner los agricultores dade vivenciada no dia a dia essa niio sé é uma rea penal familiares, mas uma agenda em atraso por parte da socicdade civil, de mereado ¢, principalmente, do poder publico. Referéncias ABRAMOVAY, R. O futuro das regides rurais. Porto Alegre: UFRGS, 2009. Entrevista - Agricultura Familiar. Disponivel em: Acesso: 20 fey, 2016, BOISIER, S. Sociedade civil, participacién, conocimiento y gestién terri- torial. Mirando por el retrovisor: a de losafios noventa y elproceso de redemocratizacién em América Latina. In: DALABRIDA, V. R. 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