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o2rt0r2029, 10:26 aboutblark CONSTITUIGAO DOGMATICA PASTOR AETERNUS* DO SUMO PONTIFICE PIOIX Dom Pio, servo dos servos de Deus, com a aprovacao do Sagrado Concilio. Na meméria perpétua eterno Pastor ¢ Bispo de nossas almas, para perpetuar a salutar obra da Redengao, decidiu instituir a Santa Igreja, na qual, como na casa do Deus vivo, todos os figis se encontrariam unidos no vinculo de uma s6 fé e caridade. Por isso, antes de ser glorificado, ele orou ao Pai nao s6 pelos Apéstolos, mas também por todos aqueles que eréem Nele através da sua palavra, para que todos sejam um, como 0 mesmo Filho ¢ 0 Pai so um. Por isso, enviou os Apéstolos, que escolhera do mundo, da mesma forma que ele proprio fora enviado pelo Pai: queria, portanto, que pastores e doutores estivessem presentes na sua Igreja até ao fim dos tempos. Para que o proprio Episcopado fosse uno e indiviso e para que toda a multidao de crentes, através dos sacerdotes estreitamente unidos entre si, fosse preservada na unidade da fé e da comunhao, colocando 0 Beato Pedro a frente dos outros Apéstolos, quis que nele se fundasse o principio intemporal ¢ 0 fundamento visivel da dupla unidade: sobre a sua forga ressuscitaria o templo eterno, a grandeza da Igreja, na imutabilidade da f8, poderia ter subido ao céu [S. Leo M., Serm. IV al. III, cap. 2 in diem Natalis sui]. E como as portas do inferno esto cada vez mais furiosas contra o seu fundamento, queridas. por Deus, como se quisessem, se possivel, destruir a Igreja, consideramos necessério, para a guarda, seguranga e crescimento do rebanho catélico, com a aprovagao do Santo Concilio, propor a doutrina sobre a instituigdio, permanéncia natureza do sagrado Primado Apostélico, sobre a qual se funda a forga a solidez de toda a Tgreja, como verdade de fé a ser abragada e defendida por todos os figis, segundo a antiga e constante crenga da Igreja universal, e para rejeitar e condenar os erros contririos, to perigosos para o rebanho do Senhor. Capitulo I - Instituigdo do Primado Apostélico no Beato Pedro Por isso, proclamamos ¢ afirmamos, com base no testemunho do Evangelho, que primado da jurisdi¢ao sobre toda a Igreja de Deus foi prometido ¢ conferido ao bem-aventurado apéstolo Pedro por Cristo Senhor de forma imediata e direta. $6 a Simao, aliés, a quem ja se tinha dirigido: «Sereis chamados Cefas» (Jo 1, 42), depois de ter pronunciado a sua confissdo: «Tu és 0 Cristo, o Filho do Deus vivo», 0 Senhor dirigiu estas palavras solenes: «Bem-aventurado és tu, Simao Bariona; porque a carne e 0 sangue nézo vos revelaram, mas meu Pai que esté nos céus, ¢ eu vos digo que sois Pedro, e sobre esta rocha edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno nao prevalecerdo contra ela. A vés darei as chaves do reino dos céus: tudo 0 que tendes ligado na terra, seré ligado também no céu, e tudo 0 que desligardes na terra, serd também desligado no céu" (Mt 16, 16-19). E somente a Simo Pedro, depois de sua ressurreigo, Jesus conferiu a jurisdigdo de pastor supremo e guia sobre todo o seu aprisco com as palavras: "4pascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-17). Esta doutrina clara das Sagradas Escrituras, tal como sempre foi interpretada pela Igreja Catélica, é contrariada em termos inequivocos pelas mas opinides daqueles que, distorcendo a forma de governo decidida por Cristo Senhor na sua Igreja, negam que Cristo tenha investido somente Pedro do verdadeiro e proprio primado da jurisdigao que 0 coloca diante dos outros Apéstolos, ou tomados individualmente, ou como um todo, ou ‘daqueles que defendem um primado no confiado direta ¢ imediatamente ao Beato Pedro, mas 4 Igreja e, por meio dela, a0 Apéstolo como ministro da mesma Igreja. about blank 1 o2rt0r2029, 10:26 aboutblark Se, portanto, alguém afirma que o Beato Pedro Apéstolo nao foi constituido por Cristo Senhor, Principe de todos os Apéstolos e cabega visivel de toda a Igreja militante, ou que no recebeu do proprio Nosso Senhor Jesus Cristo um verdadeiro e proprio primado de jurisdigdo, mas apenas de honra: que seja andtema. Capitulo II - Perpetuidade do Primado do Beato Pedro nos Romanos Pontifices Portanto, o Principe dos Pastores, e grande Pastor de todas as ovelhas, 0 Senhor Jesus Cristo, instituido no Bem-aventurado Apéstolo Pedro para tomar a salvago continua ¢ o bem da Igreja perene, € necessario, pela vontade daqueles que a instituiram, que perdure para sempre na Igreja que, fundada na pedra, permanecerd firme até o fim dos tempos. Ninguém pode ter dividas, alids ¢ sabido em todas as Epocas, que o santo e bem-aventurado Pedro, Principe e Chefe dos Apéstolos, pilar da fé e fundamento da Igreja Catélica, recebeu as chaves do Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador e Redentor do género humano: Ele, até o presente e sempre, vive, preside e julga em seus sucessores, os bispos da Santa Sé Romana, fundados e consagrados por ele com o seu sangue [Cf. Ephesini Concilii, Act. Segue-se que quem sucede a Pedro nesta Catedra, em virtude da instituigao do proprio Cristo, obtém o Primado de Pedro sobre toda a Igreja. Portanto, o que a verdade arranjou ndo se apaga, e 0 Beato Pedro, perseverando na forga que recebeu, de pedra irrefutdvel, nunca tirou a mio do leme da Igreja [S. Leo M., Serm. I a Il, cap. 3]. Esta é, pois, a razo pela qual as outras Igrejas, isto é, todos os fiéis de todas as partes do mundo, tiveram de ser dirigidas pela Igreja de Roma, devido a sua posigiio de preeminéncia autoritaria, para que nesta Sé, da qual sdo derramados todos os direitos da comunhio divina, fossem articuladas, como membros ligados a cabega, num iiico corpo [S. Iren., Adv: haer., I, III, c. 3 e Cone. Aquilei. A. 381 INTER PPE. S. Ambros., pags. XI] Se alguém, portanto, afirma que nao é por disposigdo do proprio Cristo Senhor, isto é, por direito divino, que o Beato Pedro deve ter para sempre sucessores no Primado sobre a Igreja universal, ou que 0 Romano Pontifice nao é o sucessor do Beato Pedro no mesmo Primado: que seja anatema. Capitulo II - Da Forga e da Natureza do Primado do Romano Pontifice Sustentados, portanto, pelos testemunhos inequivocos das cartas sagradas e em plena sintonia com os decretos, claros ¢ exaustivos, tanto dos Romanos Pontifices Nossos Predecessores como dos Coneilios Gerais, reafirmamos a definigdo do Concilio Ecuménico Florentino que impée a todos os crentes em Cristo, como verdade de fé, que a Santa Sé Apostélica e o Romano Pontifice detenham o primado sobre toda a terra, e que o proprio Romano Pontifice é o sucessor do Beato Pedro, Principe dos Apéstolos, 0 verdadeiro Vigirio de Cristo, o chefe de toda a Igreja, o pai e mestre de todos os cristios; a ele, na pessoa do Beato Pedro, foi confiado por Nosso Senhor Jesus Cristo o pleno poder de guiar, governar e governar a Igreja universal. Tudo isso também esti contido nos atos dos Coneilios Ecuménicos ¢ nos eénones sagrados, Por isso, proclamamos e declaramos que a Igreja Romana, pelo carater do Senhor, detém o primado do poder ordinario sobre todos os outros, e que este poder de jurisdiga0 do Romano Pontifice, verdadeiro poder episcopal, é imediato: todos, pastores ¢ fiéis, de qualquer rito e dignidade, esto vinculados a ela pela obrigagao da subordinagao hierarquica e da verdadeira obedigncia, nao apenas nas coisas relativas a f€ ¢ 4 moral, mas também naquelas relativas a disciplina e ao governo da Igreja, em todo o mundo. Deste modo, tendo salvaguardado a unidade da comunhio e a profiss4o da mesma f& com o Romano Pontifice, a Igreja de Cristo serd um sé rebanho sob um tinico sumo pastor. Esta é a doutrina da verdade catdlica, da qual ninguém pode se afastar sem perda de fé ¢ perigo de salvagao. Este poder do Sumo Pontifice em nada prejudica o poder episcopal de jurisdigdo ordindria e imediata pelo qual os Bispos, instalados pelo Espirito Santo no lugar dos Apéstolos, como seus sucessores, guiam © governam, como verdadeiros pastores, 0 rebanho designado a cada um deles, alias & confirmado, fortalecido e defendido pelo Pastor supremo e universal, como afirma solenemente So Gregorio Magno: "A minha honra é a da Igreja universal. Minha honra é a forca sdlida de meus irmaos. Sinto-me verdadeiramente honrado, quando a cada um deles nao é negada a devida honra" [Ep. a Eulog. Alexandrino., I, VII, ep. XXX] Do poder supremo do Romano Pontifice de governar toda a Igreja, dele deriva também o direito de comunicar-se livremente, no exercicio deste oficio, com os pastores ¢ rebanhos de toda a Tgreja, a fim de bourbon 2 o2rt0r2029, 10:26 aboutblark poder ensiné-los e orienta-los no caminho da salvagao. Por isso, condenamos e rejeitamos as declaragdes daqueles que consideram licito impedir essa relag&io de comunicagao do chefe supremo com os pastores & rebanhos, ou querem escravizé-lo ao poder civil, pois sustentam que as decisdes tomadas pela Sé Apostilica, ou por sua vontade, para o governo da Igreja, nao podem ter forga e valor se nao forem confirmadas pelo poder civil. E uma vez que, por direito divino do Primado Apostélico, o Romano Pontifice é colocado a frente de toda a Igreja, também proclamamos e afirmamos que ele é o juiz supremo dos figis [Pi VI, Breve Super soliditate, d. 28 nov. 1786] e que, em toda controvérsia relativa ao exame da Igreja, pode-se recorrer ao seu juizo [Cone. Oecum. Lugdun. II]. F evidente que 0 acérdio da Sé Apostélica, que detém a mais alta autoridade, nao pode ser posto em causa por ninguém nem submetido ao exame de quem quer que seja (Ep. Nicolau I ad Michaelem Imperatorem]. Parte, portanto, do caminho certo da verdade quem afirma que & possivel recorrer a0 Concilio Ecuménico, como se estivesse investido de um poder superior, contra as sentengas dos Romanos Pontifices. Portanto, se alguém quiser afirmar que o Romano Pontifice tem apenas uma tarefa de inspeco ou gestdo, endo o poder pleno e supremo de jurisdigdo sobre toda a Igreja, ndo apenas no que diz respeito a fé 8 moral, mas também no que diz respeito a disciplina e ao governo da Igreja espalhados por toda a terra; ou que € investido apenas do papel principal e nao de toda a plenitude desse poder supremo; ou que 0 seu poder nao é ordinario e dirigente tanto sobre cada uma das Igrejas, como sobre todo ¢ qualquer membro dos figis ¢ pastores: que seja andtema. Capitulo IV - Do Magistério Infalivel do Romano Pontifice Esta Santa Sé sempre considerou que no mesmo Primado Apostélico, possuido pelo Romano Pontifice ‘como sucessor do Beato Pedro, Principe dos Apéstolos, esta também contido o poder supremo do Magistério. Isto é confirmado pela tradigao constante da Igreja; isto foi declarado pelos proprios Coneilios Ecuménicos e, de modo particular, aqueles em que o Oriente concordava com 0 Ocidente no vinculo da fé e da caridade. Foram precisamente os Padres do IV Coneilio de Constantinopla, seguindo ‘08 passos dos seus antepassados, que emitiram esta solene profissao: "A salvagdo consiste sobretudo em guardar as normas da fé justa. E como ndo é possivel ignorar a vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo que proclama: "Tu és Pedro, ¢ sobre esta pedra edificarei a minha Igreja", estas palavras confirmam-se na realidade das coisas, porque na Sé Apostélica sempre se preservou a doutrina pura e santa professada, Nao desejando, portanto, de modo algum, separar-nos desta fé e desta doutrina, aalimentamos a esperanca de poder manter-nos na nica comunhio pregada pela Sé Apostélica, porque nela se encontra toda a verdadeira solidez da religido crista” [Ex formula 8. Hormisdae Papae, prout ab Hadriano II Patribus Concilii Oecumenici VIII, Constantinopolitani IV, proposita et ab iisdem subscripta est]. No momento em que 0 Segundo Concilio de Lido estava sendo aprovado, os gregos declararam: "A Santa Igreja Romana é dotada do pleno e supremo Primado e Principado sobre toda a Igreja Catélica e, com toda sinceridade e humildade, reconhece-se que ela o recebeu, com a plenitude do poder, do préprio Senhor na pessoa do Beato Pedro, Principe e Cabeca dos Apéstolos, do qual o Romano Pontifice 0 sucessor, ¢ uma vez que cabe a vis, antes de qualquer outro, a tarefa de defender a verdade da fé, se surgirem questoes de fé, cabe-vos defini-las com a vossa prépria sentenca”. Finalmente, 0 Conetlio florentino emitiu esta definigao: "O Romano Pontifice, verdadeiro Vigario de Cristo, ¢ 0 chefe de toda a Igreja, 0 pai e mestre de todos os cristdos: a ele, na pessoa do Beato Pedro, foi confiado, por Nosso Senhor Jesus Cristo, 0 poder supremo de governar e governar toda a Igreja”. Allo scopo di adempiere questo compito pastorale, i Nostri Predecessori rivolsero sempre ogni loro preoccupazione a diffondere la salutare dottrina di Cristo fra tutti i popoli della terra, e con pari dedizione vigilarono perché si mantenesse genuina e pura come era stata loro affidata. E per questo che i Vescovi di tutto il mondo, ora singolarmente ora riuniti in Sinodo, tenendo fede alla lunga consuetudine delle Chiese e salvaguardando l’iter dell’antica regola, specie quando si affacciavano pericoli in ordine alla fede, ricorrevano a questa Sede Apostolica, dove la fede non pud venir meno, perché procedesse in prima persona a riparare i danni (CF. S, Bem. Epist. CXC]. Gli stessi Romani Pontefici, come richiedeva la situazione del momento, ora con la convocazione di Concili Ecumenici o con un sondaggio per accertarsi del pensiero della Chiesa sparsa nel mondo, ora con Sinodi particolari o con altri mezzi messi a disposizione dalla divina Provvidenza, definirono che doveva essere mantenuto cid che, con ’aiuto di Dio, avevano riconosciuto conforme alle sacre Scritture e alle tradizioni Apostoliche. Lo Spirito Santo about blank aia oarr0r2023, 10:26, aboutblank infatti, non & stato promesso ai successori di Pietro per rivelare, con la sua ispirazione, una nuova dottrina, ma per custodire con scrupolo e per far conoscere con fedelta, con la sua assistenza, la rivelazione trasmessa dagli Apostoli, cio’ il deposito della fede. Fu proprio questa dottrina apostolica che tutti i venerabili Padri abbracciarono e i santi Dottori ortodossi venerarono e seguirono, ben sapendo che questa Sede di San Pietro si mantiene sempre immune da ogni errore in forza della divina promessa fatta dal Signore, nostro Salvatore, al Principe dei suoi discepoli: “Jo ho pregato per te, perché non venga meno la tua fede, ¢ tu, una volta convertito, conferma i tuoi fratelli”. Questo indefettibile carisma di verita e di fede fu dunque divinamente conferito a Pietro e ai suoi successori in questa Cattedra, perché esercitassero il loro eccelso ufficio per la salvezza di tutti, perché Vintero gregge di Cristo, distolto dai velenosi pascoli dell’errore, si alimentasse con il cibo della celeste dottrina e perché, dopo aver eliminato cid che porta allo scisma, tutta la Chiesa si mantenesse una e, appoggiata sul suo fondamento, resistesse incrollabile contro le porte dell’ inferno. ‘Ma poiché proprio in questo tempo, nel quale si sente particolarmente il bisogno della salutare presenza del ministero Apostolico, si trovano parecchie persone che si oppongono al suo potere, riteniamo veramente necessario proclamare, in modo solenne, la prerogativa che unigenito Figlio di Dio si & degnato di legare al supremo ufticio pastorale. Percié Noi, mantenendoci fedeli alla tradizione ricevuta dai primordi della fede cristiana, per la gloria di Dio nostro Salvatore, per ’esaltazione della religione Cattolica e per la salvezza dei popoli cristiani, con Papprovazione del sacro Concilio proclamiamo e definiamo dogma rivelato da Dio che il Romano Pontefice, quando parla ex cathedra, cioé quando esercita il suo supremo ufficio di Pastore e di Dottore i tutti i cristiani, e in forza del suo supremo potere Apostolico definisce una dottrina circa la fede e i costumi, vincola tutta la Chiesa, per la divina assistenza a lui promessa nella persona del beato Pietro, gode di quell’infallibilita con cui il divino Redentore volle fosse corredata la sua Chiesa nel definire la dottrina intorno alla fede e ai costumi: pertanto tali definizioni del Romano Pontefice sono immutabili per se stesse, € non per il consenso della Chiesa. Se qualcuno quindi avra la presunzione di opporsi a questa Nostra definizione, Dio non voglial: sia anatema, Dato a Roma, nella publica sessione celebrata solennemente nella Basilica Vaticana, nell'anno 1870 dell Incarnazione del Signore, il 18 luglio, venticinquesimo anno del Nostro Pontificato. *U. Bellocchi (a cura di), Tutte le Encicliche e i principali documenti pontifici emanati dal 1740, vol. 1V: Pio IX (1846-1878), pp. 334-340, 1995, Libreria Editrice Vaticana, Citta del Vaticano. about blank 48

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