Você está na página 1de 6
UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO, FACULDADE DE DIREITO LUBANGO 32 ANO. 32 PROVA DE DIREITO PENAL TURMA: A. DATA: 05/10/2017 ' 1. Oque é 0 arrependimento? 2 Valores 2. Oque entendes por “iter criminis”. 3 Valores 3. Distinga crime impossivel de crime putativo? 3 Valores 4. Quais séo as infraccdes penais que nao admitem a tentativa e porque? 3Valores 5. Distinga dolo eventual de negligéncia consciente? 2 Valores " Joao de 17 anos de idade e Beto de 15 anos de idade, por volta das 0H:00, assaltaram 0 Banco X AKZ 10.000.000,00 (Dez milhdes de kwanzas), com ajuda de Carlos de 22 anos de idade que ficou de fora a vigiar os guardas. Anténio que ia passando, por volta das 2H:00, apercebendo-se que 0 Banco X havia sido assaltado por estarem as portas abertas, entrou no mesmo e retirou fraudulentamente ‘AKZ 5.000.000,00 (Cinco milhdes de kwanzas), quando ia saindo do Banco, foi pego por Jorge, guarda do referido Banco. a) Determine a responsabilidade criminal de Anténio, Beto, Carlos e Jo40? 7 Valores Boa Sorte! Os Docentes Dr. Teoténio Londa Dr. Artur Tchimuku Dr. Cristovao Chivela L CORRECGAO MODELO 1 O arrependimento é 0 acto inteiro revelador de uma personalidade jeito o mal praticado e que permite um juizo de confianca no comportamento futuro do agente por forma a que, se vier a deparar-se com situacdes idénticas, nao voltara a delinquir: 0 agente revela uma reinser¢3o social, consumada ou prestes a consumar-se, pelo que as exigéncias de prevencdo, na determinagdo da medida judicial da pena séo de diminuta relevancia. Assim arrependimento relevante quando o arguido mostre ter feito reflexdo positiva sobre os factos ilicitos cometidos e firme de que no futuro ndo voltard a delinquir, de modo a poder concluir-se pela probabilidade séria de ndo recair no crime. “ter criminis” & 0 processo de realizago do crime e esta divido em trés fases que sao: fase de resolucao criminosa, fase de preparacao criminosa e fase de execugo do crime, por sua vez a fase de execuco do crime pode ser execucao incompleta e execugio acabada. Aresolugo criminosa é 0 propésito ou a decisao de cometer o crime ou também pode ser a vontade de realizacio de um tipo de ilicito, (segundo o Prof. Figueiredo Dias). A resolucao criminosa nao é, como momento do “iter criminis” autonomamente punivel, ao nao ser que a exteriorizacdo da resolugo criminosa constitua s6 por si crime auténomo, como é 0 caso do crime de ameacas de morte. A fase da preparacao do crime, ou seja os actos preparatérios so aqueles actos externos conducentes, a facilitar ou preparar a execugo do crime, que nao constituam ainda comeco de execuso, conforme reza 0 artigo 14. do Cédigo Penal. Os actos preparatérios que lesam bens e interesses sociais juridico- penalmente tutelados so puniveis, como crime ou como contravengées ou regulamento, nos termos do artigo 12.2 do Cédigo Penal. Por exemplo o crime de uso e fabrico de gazuas (art. 443.2 € 444.2). Quanto a execugo do crime pode ser execugio acabada que da lugar ao crime consumado, de acordo ao artigo 9.2 do Cédigo Penal ou execugo incompleta que da lugar a figura da tentativa de acordo ao artigo 11.2 do cédigo Penal ou ao crime frustrado de acordo ao artigo 10.2 do Cédigo Penal Crime impossivel é aquele que ndo pode ser cometido quer por falta de idoneidade dos meios utilizados que pode ser absoluta ou relativa, quer por falta do objecto material. A falta de idoneidade do objecto ¢ absoluta quando o resultado, quer em concreto, quer em absoluto, nunca podia ser atingido, com ‘o meio usado, por exemplo a utilizaco de agiicar ou de farinha em vez de veneno para cometer um crime de envenenamento. A falta de idoneidade é relativa quando o resultado nao tenha sido atingido em concreto, em abstrato qualitativamente 0 meio usado era idéneo, por exemplo ter-se utilizado veneno mas em quantidade insuficiente para matar alguém. Exemplo de falta de objecto material do crime dé-se naqueles casos em que ha tentativa de homicidio sobre um cadaver ou sobre um espantalho, e por sua vez a falta do objecto material é equipara-se a inidoneidade absoluta do meio Quanto ao crime putativo € um crime imagindrio que o agente julga erroneamente ter cometido e 0 crime putativo, em obediéncia ao pricipio da legalidade “nullum crime net nulla poena sine lege”, ndo sendo sequer crime nao 6 punivel. As infracgdes penais que ndo admitem a tentativa séo: a) AS contravengées, porque para as contraven¢des 0 dolo como elemento essencial da tentativa é indiferente, b) Os crimes culposos onde 0 dolo, como requisito essencial da tentativa, no e ¢) Os crimes preterintencionais onde em parte, nao ha dolo ja que o resultado ultrapassa a intengao do agente, exe: artigo 361.2 § unico C.P. d) Os crimes unisubsistentes em que a execucdo se completa com um unico facto, nao sendo por isso possivel a interrup¢ao da execucao que é requisito da tentati \tiria art. 410.2 C.P. e) Os criemes omissivos préprios que se consumam pela simples omiss80, ndo sendo possivel, tal como nos crimes unisubsistente a interrupcio da execucao, exe: a recusa de cuidados méicos, art. 250.2 CP. f)_ Crimes que aplicada a pena correcional na sua forma consumada, estes nao admitem a figura da tentativa apenas em principio, pois a prépria lei admite a possibilidade de execp¢des nos termos do art. 11.2 n2 4 do CP. e, /a, exe: 0 crime de in Sendo 0 dolo a consciéncia e a vontade de realizacdo de um certo acto ou produgdo de um certo resultado criminoso, estaremos em presenga do dolo eventual sempre que a realizacdo do facto criminosos for representado pelo agente como uma consequéncia possivel do seu comportamento e ele actuar conformando-se com aquela realizacao. 14 a negligéncia dé-se naqueles casos em que por falta de cuidado, dilig&ncia ou atengdo, alguém lesar valores ou interesses juridico-penalmente tutelados ou seja a negligéncia é a desaten¢o ao dever de cuidado, ¢ elemento integrador do tipo de delito negligente. E da-se a consciente quando o agente embora prevendo como possivel a realizacao da facto tipico, age convencido de que o facto néo se realizara. Relativamente a responsabilidade penal de Anténio, Beto, Carlos e Joo, importa dizer o seguinte: Jogo de 17 anos de idade ao assaltar um Banco x por das 0H:00, praticou uma accéo relevante para o direito penal, ou seja acco humana dominavel pela vontade, acc3o esta tipica, ilicita e culposa. Tipica porque a acco praticada pelo Jodo corresponde ao modelo ou tipo abstratamente descrito na previsdo de uma norma penal incriminadora, que neste caso sub judice trata-se de um crime de furto qualificado, previsto e punido pelos artigos 426.2 n? 2. 3 € 428.2 n? 5. do Cédigo Penal. A acco praticada por Jodo é também uma accéo dolosa, porque o dolo é consciéncia e a vontade de realizagdo de um certo acto ou produgao de um certo resultado criminoso, e 0 dolo pode ser directo, necessario eventual, neste caso sub judice estamos em presenca do dolo directo porque Joo gio. com intengo e vontade de actuar de certa forma tipica ou seja, agio com intengdo de produzir directamente o resultado tipico. llicita porque a ac¢éo praticada pelo Jodo é um facto que nao se ajusta ao direito, é antijuridica, ou seja é uma acco reprovada pela ordem juridica e ndo se enquadra em nenhuma causa de justificagao do facto ou de exclusdo da ilicitude. Culposa porque Joao, pode ser pessoalmente censurado, pelo resultado proibido que o seu comportamento produziu. A culpabilidade 6 0 limite intransponivel da responsabilidade criminal, sem culpabilidade nao ha agente punivel de acordo ao artigo 44,2 n® 7 e 26.2 C.P. A culpabilidade é constituida por dois elementos esséncias que so a capacidade de culpa ea consciéncia da ilicitude. A capacidade de culpa define a medida das possibilidades que o agente possui em geral de representar e querer, de representar © caracter ilicito de um comportamento e de mesmo assim o querer praticar, de acordo a0 artigo 26.2 C.P. ¢ liberdade para se determinar em fungao da avaliacao feita. No nosso ordenamento juridico a imputabilidade adquire-se aos 16 anos de idade, e pelo facto de Jodo ter 17 anos de idade, pressupée dizer que tem capacidade de culpa, mas uma capacidade de culpa relativa, porque de acordo ao artigo 108.2 C.P., os menores de 18 anos de idade ao tempo da perpetracao do crime nunca Ihe ser aplicada mas grave a don? 5 do artigo 55.2.C.P. Pelo facto de 0 Joao assaltar um Banco X com Beto, estamos em presenca da figura da comparticipacéo criminosa, mas concretamente a co-autoria e da-se a co-autoria quando a execugo material do crime é levada a cabo por mais de uma pessoa, para que haja co-autoria é necessario que se verifique os seguintes requisitos: 12: Acordo ou deciséo conjunta dirigidos execucao do crime. 22- Execugao conjunta do facto ti © acordo pode ser anterior 20 i criminoso ou verificar-se quando o crime jé est a ser executado, dando lugar 3 co- autoria sucessiva. Neste caso sub judice estamos em presenta do concerto criminoso, Relativamente a Beto, por ter apenas 15 anos de idade, a sua acco nao é penalmente censurdvel por no ter ainda capacidade de culpa, a capacidade de culpa adquire-se aos 16 anos de idade, mas the deve ser aplicado uma medida de seguranca de acordo aos artigos 109.9 C.P., porque com a sua conduta criou uma situagao de perigosidade social. Relativamente ao Carlos de 22 anos de idade por ter ficado de fora a vigier caracterizado penalmente por cuimplice, de acordo ao artigo 22.° n® 2 que reza seguinte “ So cimplices os que concorrerem directamente para facilitar ou prepara a execucdo nos casos em que, sem esse concurso, pudesse ter sido cometido o crime”. Nao sendo 0 ctimplice um autor, s6 0 alargamento da norma incriminadora permite 2 sua punigo, para tal algumas teorias tentaram justificar a punigo do e tais com a) Teoria da participacéo na culpa, para esta teoria o cimplice ¢ punido por participar da culpa do autor cuja resolucao criminosa favoreceu ou auxiliou & assim seria culpado na medida em que 0 ¢ 0 autor do crime consumado, tentado ou frustrado. A esta teoria opde-se ao contetido do artigo 24.2 C.P., segundo qual a punico do ciimplice nao esta subordinada a puni¢ao do autor. b) Teoria da causalidade, para esta teoria a cumplicidade é punida porque os actos do cumplice representam uma contribuigao causal a realizagao do facto tipico ‘Aceitar esta teoria seria aceitar 0 cumplice como autor e nado como mero participante, contrariando assim mas uma vez 0 artigo 24.2 C.P. Na verdade a cumplicidade é punida por ser um acto de participacdo no facto do autor. Nestes termos Carlos dever ser punido de acordo ao artigo 103.2 C.P. Quanto 4 Anténio, a sua accdo é também tipica, ilicita e culposa. Tipica porque a accao praticada por Antdnio corresponde ao modelo ou tipo abstratamente descrito na previsdo de uma norma penal incriminadora, que neste caso sub judice trata-se de um crime de furto qualificado, previsto € punido pelos artigos 426.2 n22e428.2n25.C.P. Aaccao praticada por Anténio é também uma accao dolosa, porque o dolo é consciéncia ea vontade de realizagdo de um certo acto ou producio de um certo resultado criminoso, e 0 dolo pode ser directo, necessario e eventual, neste aso sub judice estamos em presenca do dolo directo porque Anténio agio com inten¢ao e vontade de actuar de certa forma tipica ou seja, agio com intencdo de produzir directamente o resultado tipico. llicita porque a ac¢3o praticada pelo Anténio é um facto que nao se ajusta ao direito, é antijuridica, ou seja 6 uma acco reprovada pela ordem juridica e ndo se enquadra em nenhuma causa de justificagao do facto ou de exclusio da ilicitude. Culposo porque Anténio, pode ser pessoalmente censurado, pelo resultado proibido que 0 seu comportamento produziu. A culpabilidade 0 limite intransponivel da responsabilidade criminal, sem culpabilidade nao ha agente punivel de acordo ao artigo 44.2 n° 7 e 26.2 CP. A culpabilidade é constituida por dois elementos esséncias que s30 a capacidade de culpa e a consciéncia da ilicitude. A capacidade de culpa define a medida das possibilidades que o agente possui em geral de representar e querer, de representar © caracter ilicito de um comportamento e de mesmo assim o querer praticar, de acordo a0 artigo 26.2 C.P. e liberdade para se determinar em funco da avaliacao feita. No nosso ordenamento juridico a imputabilidade adquire-se aos 16 anos de idade, e pelo facto de Anténio ter 22 anos de idade, pressupée dizer que tem capacidade de culpa absoluta, porque ao Anténio Ihe pode ser aplicado qualquer pena. A acco praticada pelo Anténio nao se enquadra na figura da co-autoria porque a sua conduta no preenche-os requisitos da co-autoria, a sua conduta enquadra-se na figura da actuacdo paralela e deve ser responsabilizado como autor singular e imediato pelo crime de furto qualificado que cometeu.

Você também pode gostar