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Patologia Geral
Patologia Geral
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 4
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade I
Introdução À Patologia................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
Conceito de patologia geral e especial........................................................................... 9
Unidade iI
Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos........................................................................... 31
Capítulo 1
Histórico, generalidades e terminologia do processo inflamatório....................... 31
Capítulo 2
Fenômenos básicos e classificações das inflamações............................................... 41
Capítulo 3
Desordens genéticas......................................................................................................... 47
Unidade iII
Distúrbios Circulatórios................................................................................................................. 54
Capítulo 1
Edema e hemorragias........................................................................................................ 54
Capítulo 2
Trombose, embolia e infarto............................................................................................. 72
Capítulo 3
Reparo regenerativo e cicatricial................................................................................... 84
Referências................................................................................................................................... 91
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Patologia é o estudo de alterações estruturais e funcionais das células, dos tecidos e
dos órgãos, tanto macroscópica quando microscópica também, é a ciência que estuda
a perda do equilíbrio do organismo. O estudo da patologia permite o diagnostico
de doenças, e, deste modo, a terapêutica adequada. Portanto, a patologia explica os
mecanismos responsáveis pelo surgimento e sintomas das doenças; estuda as reações
do organismo aos estímulos anormais que podem ocorrer nas células e nos tecidos e
possíveis diagnósticos e terapêutica.
Portanto, os capítulos desse material irão abordar, de forma objetiva, temas como
alterações do desenvolvimento celular, crescimento e diferenciação das células; tais
quais atrofia, hipertrofia, hiperplasia, hipoplasia, metaplasia, displasia e anaplasia.
Ainda neste tema, aspectos sobre a lesão celular reversível e a lesão irreversível também
serão abordados.
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Objetivos
»» Identificar agentes agressores e seus mecanismos de ação (reações
adaptativas, reversíveis ou irreversíveis).
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Introdução À Unidade I
Patologia
CAPÍTULO 1
Conceito de patologia geral e especial
Ramos da Patologia
Etimologicamente, o termo Patologia significa estudo das doenças (do grego pathos =
doença, sofrimento, e logos = estudo, doutrina). Porém, esse conceito não compreende
todos os aspectos das doenças, pois elas são muito numerosas e poderiam confundir a
Patologia Humana com a Medicina (a qual engloba todos os elementos ou componentes
das doenças, incluindo a sua relação com os doentes). Assim, o conceito de Patologia
abrange a ciência que estuda as causas das doenças, mecanismos responsáveis e
alterações morfológicas e funcionais apresentadas, sendo considerada, deste modo,
uma parte dentro da Medicina. Sendo assim, segue a definição dos termos saúde e
doença:
Saúde
Quando o organismo está adaptado ao ambiente físico, psíquico ou social no meio que
se vive. Também é importante o sentir-se bem sem alterações orgânicas evidentes.
Doença
De uma forma mais trivial, o termo Patologia é utilizado para o estudo da doença, o
estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais nas células, tecidos e órgãos,
visando explicar os mecanismos por meio dos quais surgem os sinais e sintomas das
doenças. Dentre os agentes causadores de doenças, podemos citar os micro-organismos
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
Patologia Geral
Patologia Especial/Sistêmica
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
Como visto, a patologia é dividida em dois grandes grupos: a Patologia Geral, que estuda
os aspectos comuns às deferentes doenças no que se refere às causas, mecanismos
patogênicos, lesões estruturais e alterações da função e a Patologia Especial, que se
ocupa das doenças de um determinado órgão ou sistema ou doenças agrupadas por
causas. No entanto, existem outras classificações mais especificas:
Patologia anatômica
Patologia clínica
Patologia molecular
Fisiopatologia
Além destes, existem outros termos que são importantes quando trata-se de doenças:
Etiologia
A etiologia estuda as causas das doenças, ou seja, é o estudo das causas presentes na
patologia. Os agentes etiológicos podem ser:
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
Patogenia
Alterações morfológicas
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
Existem alguns exames na área da patologia que ajudam na detecção de certas doenças.
Os exames podem ser citológicos ou anatomopatológicos.
Exames citológicos
Os exames citológicos ou citopatológicos fazem a análise de células individuais ou de
pequenos grupos de células, descamadas, expelidas ou retiradas da superfície de órgãos
de diferentes partes do organismo. É uma avaliação que não abrange a arquitetura do
tecido, ou seja, não avalia a inter-relação entre as células. É um exame baseado na
análise de células descamadas da mucosa. Através desse exame, é possível a detecção
de atipias celulares antes de seu aparecimento clínico, sendo considerado um exame
complementar com possível detecção de tumores malignos. A amostra de um exame
citológico, em comparação com a biópsia de um tecido, geralmente:
Algumas etapas das técnicas citológicas são parecidas com as das técnicas histológicas,
no entanto, com algumas especificidades. No entanto, existem interferências na
qualidade do material quando são diagnosticados e, tanto a coleta de material, fixação,
processamento, coloração e leitura das lâminas citológicas devem ser realizadas de
maneira precisa.
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
·· descartar o sobrenadante;
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
Exames anatomopatológicos
Os exames anatomopatológicos são divididos em biópsia e necropsia.
Biópsia
A análise pode ser feita com fragmentos e, dependendo do caso, com peças cirúrgicas
inteiras, desde que removidas do indivíduo vivo. A amostra precisa ser representativa e
fixada em formol 10%, em frasco com volume 10:1. A biópsia possui alguns tipos:
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
Necrópsia
Atrofia
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
»» perda da inervação;
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
Hipertrofia
»» hipertrofia de hepatócitos;
Hiperplasia
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
Hipoplasia
Metaplasia
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
Displasia
A displasia é um “distúrbio na formação”. Pode ser considerada como o principal
marcador biológico preditivo de evolução para adenocarcinoma. Portanto, identificar e
graduar a displasia constitui importante questão na prática diagnóstica. A displasia pode
afetar um órgão (Anatomia Patológica) ou um tecido (Histopatologia). Quando afeta um
órgão, envolve diversos distúrbios do desenvolvimento e crescimento. Normalmente,
os processos são regressivos e podem estar ligados a condições genéticas. Quando a
displasia afeta um tecido, ela abrange erros locais do desenvolvimento.
Anaplasia
Anaplasia refere-se à falta de diferenciação de células neoplásicas, ao retrocesso da
formação. Na definição clássica, anaplasia era a transformação de um tecido diferenciado
em um indiferenciado (como exemplo, a reversão de células adultas para a sua forma
embrionária, com aumento da capacidade de multiplicação celular, o que é comum em
neoplasias malignas). A anaplasia celular possui algumas características:
»» lesão na circulação;
»» lesão na inervação.
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
Lesão celular
Diversos fatores podem acarretar na agressão celular. As lesões podem ser causadas
tanto por fatores físicos externos (como acidentes automobilísticos, por exemplo) como
por causas endógenas que podem resultar na alteração metabólica). Os principais
estímulos que são nocivos estão descritos abaixo:
Agentes físicos
Compreendem os traumas mecânicos, temperaturas extremas (tanto de frio intenso
quanto calor – queimaduras), mudanças bruscas na pressão atmosférica, radiação,
choque térmico, choque elétrico (desequilíbrio dos potenciais de membrana) etc.
Agentes químicos
Substâncias químicas em concentrações hipertônicas, venenos, poluentes, drogas
terapêuticas e não terapêuticas.
Alterações imunológicas
Doenças autoimunes, reação anafilática.
Distúrbios genéticos
Erros inatos do metabolismo, alterações genicas, genômicas e cromossomais.
Distúrbios nutricionais
Estes são considerados a maior causa de lesão celular. Os principais distúrbios são
provocados pela desnutrição, excesso de lipídeos (aterosclerose), obesidade, anorexia,
deficiência de vitaminas.
Isquemia
Obstrução arterial.
Hipóxia
Carência de oxigênio nos tecidos orgânicos – causa lesão celular por conta da redução
da respiração aeróbica. Difere da isquemia por ainda possuir suprimento nutritivo
sanguíneo, exceto do oxigênio.
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
Envelhecimento
Quando uma célula sofre uma agressão ela pode responder de três maneiras
diferentes: adaptação, lesão reversível e lesão irreversível (os quais serão explicados
posteriormente).
Célula normal
(homeostase)
Stress Estímulo de lesão
Ponto de irreversibilidade
Apoptose Necrose
Adaptação celular
Diversos fatores podem causar lesões celulares. Apesar da tentativa do corpo humano
para manter o equilíbrio (homeostase), algumas células podem ser vítimas de algum
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
Lesão reversível
Lesão irreversível
Necrose
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
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Introdução À Patologia │ UNIDADE I
Apoptose
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UNIDADE I │ Introdução À Patologia
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Processo
Inflamatório Unidade iI
e Distúrbios
Genéticos
Capítulo 1
Histórico, generalidades e terminologia
do processo inflamatório
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UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
Nessas provas, Lewis detectou que havia variações tanto de intensidade quanto de
duração destes fenômenos de indivíduo para indivíduo.
As três fases que caracterizam a tríplice reação de Lewis também é útil para o diagnóstico
da hanseníase, doença causada pelo Mycobacterium leprae, comum em várias regiões
do mundo. Para essa detecção, a prova da histamina vem sendo usada como alternativa
para elucidação de casos de hanseníase. Esse é um teste aplicado no diagnóstico de
lepra cutânea, sendo que nessa prova é aplicada uma gota de solução de histamina na
mancha considerada suspeita de hanseníase. Na sequência, a pele deve ser escarificada
com uma agulha estéril (sem que haja sangramento) nos pontos em que as gotas de
histamina foram aplicadas. Na pele normal, em minutos ou até mesmo segundos
aparecerá a tríplice reação de Lewis – resposta fisiologia da pele quando submetida
a uma irritação com histamina. Já na pele comprometida pela hanseníase, a segunda
fase da reação não ocorre devido ao acometimento do bacilo da hanseníase nos filetes
nervosos da pele.
Histamina
A histamina (C5H9N3) é um dos principais mediadores químicos envolvidos na
resposta inflamatória, anafilática e na resposta alérgica. Possui ação vasodilatadora
nos processos de resposta inflamatória e é sintetizada e liberada por diferentes células
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Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos │ UNIDADE II
»» matar micro-organismos;
»» restaurar tecidos e;
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UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
dos vasos sanguíneos, a temperatura e a exsudação aumentam, uma vez que houve
uma elevação da pressão hidrostática nos capilares acarretando em edema. Devido
à liberação de água e proteínas (exsudato) pelo sangue, a concentração de hemácias
aumenta e, devido à estagnação dos eritrócitos, ocorre uma congestão vascular que causa
o eritema (rubor). Durante todo esse processo existem vários mediadores químicos que
estão associados com a dor. E, quando a resposta inflamatória não é capaz de recuperar
a lesão causada, as células lesionadas podem perder a sua função. A liberação, ativação
ou sínteses desses mediadores determinam uma série de alterações locais.
»» Fase 4: cura/cicatrização.
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Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos │ UNIDADE II
Macrófagos
Os macrófagos são células mononucleadas derivadas do monócito, que é um tipo de
leucócito. Os monócitos são circulantes (saem do sangue e atravessam a parede dos vasos
sanguíneos) e, no tecido conjuntivo, se transformam em macrófagos, sendo atraídos por
mecanismos de quimiotaxia. São células esféricas, grandes, aderentes e possuem função
primária de fagocitar partículas, patógenos e debris celulares. Quando ativados, podem
alterar suas características aumentando: tamanho, número de grânulos, quantidade de
retículo endoplasmático granular, aderência ao vidro, capacidade de fagocitose. Quando
ocorre um dano no tecido ou uma invasão microbiana, os macrófagos são uma das
primeiras células a reconhecer e apresentar o antígeno da resposta imune adaptativa.
Essas células mononucleares são “fagócitos profissionais” com ampla variedade de
antígenos para s sua ação.
Figura 6. Macrófagos.
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UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
Neutrófilos
Os neutrófilos, junto com os macrófagos, são as principais células fagocitárias do
organismo, importantes na digestão de agentes estranhos. São polimorfonucleares com
núcleo segmentado (de 3 a 5 lóbulos), contendo grânulos no citoplasma. Atuam nas
fases precoces da resposta inflamatória e são as primeiras células a alcançarem a área da
reação inflamatória por meio da migração desencadeada por quimiocinas e medidores
inflamatórios (IL-8 e INF-g) liberados por células endoteliais ativas (macrófagos e
mastócitos) e pelos produtos C3a e C5a do complemento. Quando o micro-organismo
ou a partícula estranha é fagocitada, é mantido dentro do fagossomo que se funde
com o lisossomo (rico em enzimas oxidativas e proteolíticas). Essa fusão resulta no
fagolisossomo, onde ocorre a destruição do micro-organismo. Portanto, os neutrófilos
são granulócitos típicos de fenômenos agudos da inflamação. Estão presentes nessa fase
pelo seu alto potencial de diapedese e rápida velocidade de migração. Como possuem
ação fagocítica, se mortos, podem provocar necrose do tecido devido à liberação de suas
enzimas lisossômicas.
Figura 7. Neutrófilos.
Mastócitos
Os mastócitos são células mononucleares teciduais derivados de células da medula
óssea. Os progenitores migram pela corrente sanguínea e se diferenciam nos tecidos
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Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos │ UNIDADE II
Figura 8. Mastócitos.
Basófilos
Os basófilos são um tipo de leucócito menos numerosos, constituem cerca de 2% do
leucócito no sangue. O núcleo é bem volumoso e irregular, sendo que muitas vezes está
encoberto por vários grânulos que estão no citoplasma. Os grânulos são corados com
corantes básicos, por esse motivo são denominados basófilos. Na membrana dos basófilos
encontram-se receptores para a ligação à imunoglobulina E (IgE) (BEU et al, 2017).
Heparina
É uma molécula que possui ação anticoagulante sobre uma proteína do sangue.
É produzida por células do sistema imunológico, naturalmente. Em casos de trombose
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UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
Histamina
Figura 9. Basófilos.
Eosinófilos
Os eosinófilos são granulócitos cujo desenvolvimento e maturação ocorre na medula
óssea. São células importantes nas infecções em geral e sua ação antiparasitária (são
tóxicos a helmintos) é uma das mais potentes e eficazes do organismo. Depois de
maturados, os eosinófilos circulam pela corrente sanguínea (pequenas quantidades)
e podem ser encontrados nas regiões de mucosas (maiores números) como, por
exemplo, o trato respiratório, trato gastrointestinal e geniturinário. São encontradas
nas inflamações subagudas ou relacionadas com fenômenos alérgicos e determinados
processos neoplásicos. Também conseguem realizar fagocitose, porém, menos que os
neutrófilos.
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Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos │ UNIDADE II
Células dendríticas
As células dendríticas (DC) constituem somente cerca de 1% de leucócitos mononucleares
no sangue periférico, no entanto, constituem uma das principais células que apresentam
antígeno do sistema imune. Possuem projeções do citoplasma e estão localizadas em
outros tecidos periféricos, podendo atuar como sentinelas do sistema imunológico
através do patrulhamento contínuo os antígenos (JOFFRE et al., 2009; STEINMAN;
COHN, 1973).
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UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
Células endoteliais
As células endoteliais formam o endotélio vascular. Quando há vasodilatação, a
velocidade do fluxo sanguíneo diminui e as células sanguíneas colidem com as células
endoteliais ativadas que expressam moléculas de superfície que se ligam aos leucócitos.
As células endoteliais ativas são adaptadas para expressarem bastante quantidade de
moléculas de adesão da família das selectinas (E-selectina e P-selectina), molécula 1
de adesão da célula vascular (VCAM-1) e molécula 1 de adesão intercelular (ICAM-1).
A ativação endotelial é causada por alguns sub produtos de micro-organismos, citocinas
(IL-1, TNA-α), componentes ativados do SC, fatores da coagulação, histamina e
leucotrieno B4. As integrinas, que estão localizadas na superfície celular, são mediadoras
da adesão entre leucócitos e células endoteliais.
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Capítulo 2
Fenômenos básicos e classificações
das inflamações
»» Rubor.
»» Calor.
»» Edema.
»» Dolor.
»» Perda da função.
Quando ocorre uma reação inicial a uma injúria, a extensão da lesão no local dependerá
não somente da intensidade, mas também da natureza e da duração do estímulo
causador da lesão. Deste modo, se o estímulo lesivo for de curta duração ou anulado
rapidamente do organismo pelos mecanismos de defesa, as alterações ocasionadas
pela inflamação irão ser resolvidas rapidamente ou então uma quantidade de tecido
cicatricial será deixada no local que foi lesado.
Inflamação aguda
A inflamação aguda é a primeira resposta a lesão celular ou tecidual. Nesse momento
predomina-se aumento de permeabilidade vascular e migração dos leucócitos (em
especial os neutrófilos). É caracterizada pelos sinais cardeais da inflamação, no entanto,
se a reação for intensa, pode haver o envolvimento regional dos linfonodos e resposta
sistêmica na forma de neutrofilia e febre (o que caracteriza a reação da fase aguda da
inflamação). O principal objetivo da inflamação aguda é a eliminação do agente agressor
(nesse caso é comum ocorrer à destruição do tecido). Os fenômenos da inflamação
aguda são transitórios, ocorrendo à regeneração ou cicatrização da área que foi lesada.
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UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
Inflamação crônica
A inflamação crônica ocorre em algumas semanas ou meses. Ela é caracterizada uma
inflamação ativa, destruição tecidual (característica mais marcante) e tentativa de
reparação de danos (cicatrização). Pode ocorrer a partir de uma reação aguda, mas
também pode acontecer como uma reação pouco intensa e assintomática. Os macrófagos
que estão ativos secretam vários mediadores da inflamação. Estes caso não controlados,
podem destruir o tecido e levar à fibrose. As causas dessa inflamação são caracterizadas
por infecções persistentes, autoimunidade, exposição prolongada a agentes nocivos ou
tóxicos (COTRAN, 2005).
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Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos │ UNIDADE II
Sistema complemento
O SC abrange cerca de 30 proteínas plasmáticas ou séricas, sendo que uma proteína
ativa a outra, atuando em cascata. Esse sistema pode ser ativado por três vias distintas:
a via alternativa, ativada por determinados produtos microbianos ou antígenos, a
via clássica, ativada por anticorpos específicos ligados a seus antígenos (complexos
imunes). O SC atua na destruição de substâncias estranhas ao corpo e a via da lectina,
ativada por meio da ligação da lectina ligante a manose. A atuação do SC pode ser direta
ou em conjunto com outros componentes do sistema imune.
Componente C1
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UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
Componente C4
Esta é a segunda proteína sérica ativada. É uma betaglobulina composta por três cadeias
polipeptídicas.
Componente C2
O C2 consiste de uma cadeia polipeptídica, sendo que a clivagem desta molécula forma
C2a e C2b.
Componente C3
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Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
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Capítulo 3
Desordens genéticas
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UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
O estudo de únicos genes e mutações com grande efeito tem sido bastante informativo
na medicina. A grande quantidade das descobertas sobre diversas vias de fatores
fisiológicos (como, por exemplo, o transporte do colesterol, secreção de cloreto) foram
realizadas por meio da análise de distúrbios genéticos em genes únicos. Embora
informativas, esses tipos de desordens são mantidas na população por meio de fortes
forças seletivas.
Transtornos cromossômicos
Esses transtornos resultam de estruturas ou alteração numérica nos cromossomos
autossômicos e sexuais. São menos comuns, no entanto, estão associados à alta
penetração.
As discussões abaixo descrevem mutações que afetam apenas um único gene, as quais
são a base das desordens Mendelianas seguidas pelo padrão de transmissão e amostras
selecionadas de transtornos em gene único.
Mutações
Diariamente, as células produzem proteínas que possuem uma sequência específica de
aminoácidos. Essa sequência de aminoácidos é importante para que a proteína possa
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Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos │ UNIDADE II
realizar normalmente o seu funcionamento. Caso essa alteração não seja capas de afetar
o funcionamento molecular, significa que a mutação ocorrida passou despercebida, ou
seja, a mutação é indiferente.
Assim, mutação é definida como uma mudança permanente no DNA. Mutações que
afetam células germinativas são transmitidas para a progênie e podem resultar em uma
doença hereditária.
Os princípios gerais que estão relacionados com os efeitos de mutações genéticas estão
descritos a seguir:
Mutação pontual é a troca em que uma única base é substituída por outra diferente. Isso
pode alterar o código da trinca de bases e acarretar na substituição de um aminoácido
por outro no produto gênico. Essas mutações que alteram a sequencia da proteína
codificada são frequentemente chamadas de mutações missense. Se o aminoácido
substituído é bioquimicamente similar ao original, normalmente essa mutação causa
pouca alteração na função da proteína. Esse tipo de mutação é chamada de mutação
missense conservativa. Por outro lado, a mutação missense não conservativa substitui
o aminoácido inicial por outro diferente. Um exemplo desse tipo de mutação é a
anemia falciforme, doença que afeta a cadeia da B-globina da hemoglobina. A trinca
de nucleotídeos CTC (ou GAC no mRNA), que codifica o ácido glutâmico, é alterado
para CAC (ou GUG no mRNA), que codifica para a valina. Essa única substituição de
aminoácido altera fisiologicamemte as propriedades da hemoglobina, dando origem à
doença anemia. Os eritrócitos alongados foram descritos pela primeira vez em 1910,
por Herrick. A ausência de duas cargas negativas na hemoglobina a deixa em forma de
foice, diferindo da normal.
49
UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
Os efeitos deletérios também podem resultar de mutações que não envolvam exons.
Lembrando, a transcrição do DNA é iniciada e regulada pelo promotor e sequências
chamadas “enhancer”. Mutações pontuais ou deleções que envolvem essas sequências
podem interferir na ligação de fatores de transcrição e resultar em uma diminuição
ou redução total da transcrição. Um exemplo é o caso de certas formas de anemias
hereditárias denominadas talassemias. Além disso, mutações pontuais em íntrons pode
acarretar em um splicing defeituoso, interferindo no processamento de transcritos
iniciais de mRNA e resultar na não formação da forma madura do RNA. Assim, a
transcrição não ocorre e, consequentemente, o produto gênico não é sintetizado.
Deleções e inserções
50
Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos │ UNIDADE II
proteína sem o aminoácido 508 (fenilalanina – Phe). Como essa deleção é múltipla de
três, a mutação não altera o frame da proteína:
No entanto, se a quantidade de código que foi afetado pela mutação não for múltiplo
de três, a mutação resultará numa alteração da janela de leitura da fita de DNA.
Normalmente, nesses casos, o resultado é a incorporação de um número variável
de aminoácidos incorretos seguidos de um truncamento que resulta na parada de
leitura prematura. Segue o exemplo da deleção de uma única base no locus ABO
(glicosiltransferase), levando a uma alteração da janela de leitura cuja mutação acarreta
na forma do alelo O.
51
UNIDADE II │ Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos
Por fim, as mutações podem interferir com a expressão gênica em diferentes níveis.
A transcrição pode ser suprimida por deleções gênicas, e mutações pontuais envolvendo
sequencias promotoras. O processamento anormal do mRNA pode resultar desde
mutações que afeta os íntrons ou splicing, ou ambos. A tradução é afetada caso a mutação
nonsense acaba por criar um códon de término, stop códon dentro de um exon. Assim,
algumas mutações pontuais podem acarretar na produção normal de proteínas com a
função comprometida.
Agentes Físicos
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Processo Inflamatório e Distúrbios Genéticos │ UNIDADE II
›› formação de peróxidos;
Agentes Químicos
»» Análogos de bases – Os análogos de bases são moléculas que possuem a
estrutura parecida com uma base nitrogenada e portanto, as vezes pode
ser incorporada na molécula de DNA durante o mecanismo de replicação.
Assim, esse análogo é pareado com a base, causando uma mutação.
53
Distúrbios Unidade iII
Circulatórios
Capítulo 1
Edema e hemorragias
Edema
Por definição, edema é o acúmulo de líquido no espaço intersticial, causando o
inchaço. Para ocorrer o edema, deve haver uma desregulação nos mecanismos que
controlam a distribuição do volume de líquido no espaço intersticial. Essa alteração
pode ser localizada, envolvendo somente os fatores que influenciam o fluxo de fluido
no capilar, ou ela pode ser secundária, alterando mecanismos de controle do volume do
espaço extracelular e do líquido corporal total, geralmente podendo ocasionar edema
generalizado.
Tumefação
Tumefação corresponde ao acúmulo de líquidos dentro da célula (água e eletrólitos, em
especial o sódio). É a consequência de desequilíbrios no controle do gradiente osmótico
(em relação à membrana citoplasmática) e nos mecanismos de absorção e eliminação
de agua e eletrólitos intracelulares. Esse inchaço causado pela retenção de líquidos no
tecido pode ser causado por uma lesão ou uma inflamação, e também pode estar ligado
aos sistemas venosos ou linfáticos.
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Pode ser causada por hipóxia, infecções bacterianas ou infecções virais, hiperemia e
intoxicações.
O edema, na maioria das vezes, é uma reação fisiológica, embora também pode ser
sintoma de alguma doença adjacente. Algum inchaço nas pernas de pessoas que
ficam muito tempo sentadas ou em pé é comum. Também é normal nos períodos
pré-menstruais, devido a variação hormonal, e durante a gravidez, pois o volume
abdominal dificulta o retorno da quantidade de sangue das pernas ao coração (por
minuto).
»» inchaço na pela;
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
»» infecção ou inflamação;
»» ganho de peso;
»» dores no corpo;
»» falta de ar e tosse;
»» dificuldade na respiração;
»» rigidez articular;
O edema localizado recebe o nome do órgão, por exemplo: edema cerebral, edema
pulmonar etc.). Já o edema generalizado recebe o nome anasarca, independentemente
da gravidade.
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Edema renal
Edema de Quincke
Edema linfático
O edema de ordem linfática, chamado de linfedema, ocorre por obstrução dos vasos
linfáticos.
Linfedema
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Linfedema primário
Lindefema secundário
Está relacionado com os danos nos vasos linfáticos devido a uma condição adquirida
como trauma, tumor, cirurgia ou infecção.
»» neoplasias metastáticas.
»» Hidroperitônio (ascite)
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Nos edemas cavitários, o líquido que sai do vaso e se acumula nos espaços pode ser do
tipo transudato (simples ou modificado) ou exsudato.
Transudato simples
Transudato modificado
Exsudato
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Mixedema
O mixedema é um edema com características especiais por ser duro e com aspecto da pele
opaca, ocorrendo em casos mais graves de hipoatividade da tireoide (hipotireoidismo).
Nessa condição, a glândula é deficiente na produção dos hormônios que são produzidos,
a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4) – afetam todos os aspectos do metabolismo.
O mixedema é um edema localizado e, além dos sais e da água, também há o acúmulo
de determinadas proteínas que são produzidas no hipotireoidismo. Os sintomas
iniciais aparecem como edemas na face e pálpebras e formam bolhas nos olhos. Outros
sinais são e sintomas são a diminuição da pressão arterial, diminuição da respiração
e da temperatura corporal, apatia, diminuição dos ritmos orgânicos e excesso de
sono. Além destes, exames de laboratório, como o exame de sangue, indicam níveis
de TSH (hormônio estimulante da tireoide) e de tiroxina (hormônio que é produzido
pela tireoide). Quando o nível de tiroxina está baixo e o nível de TSH está alto, é um
indicativo de hipofunção da tireoide. Tais exames podem diagnosticar distúrbios da
tireoide antes dos sintomas do mixedema.
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Hemorragias
A hemorragia é o rompimento de vasos sanguíneos que acarreta na saída de sangue
do interior para fora de um vaso, orifício, corte, tanto para dentro quanto para fora do
corpo, ou seja, um sangramento. As causas da hemorragia podem ser:
»» patológicas.
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Em seres humanos adultos saudáveis, a perda de sangue pode ser de até 20% do seu
volume sanguíneo. Essa quantidade de sangue perdida, mesmo de maneira rápida, não
acarreta em problemas de saúde de forma imediata. No entanto, quantidades acima
disso podem gerar choque hipovolêmico, o que é bastante prejudicial ao organismo.
Portanto, quando ocorre a ruptura dos vasos sanguíneos, a hemorragia que ocorre
pode ser pouco significativa ou até mesmo legal. Assim, de acordo com a quantidade
de sangue perdido, a hemorragia pode ser dividida em cinco classes: Classe I, Classe II,
Classe III e Classe IV.
Além destas classificações, a hemorragia também pode ser classificada como interna e
externa:
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Hemorragia externa
Hemorragia interna
Na hemorragia interna a lesão causa a perda de sangue da parte interna do corpo, não
sendo visível a saída de sangue. Por não ser visível, essa hemorragia é mais difícil de
ser detectada e não ser observada a tempo de tomar as devidas providencias, causando
consequências graves. Essas hemorragias podem somente ser cessadas por um médico,
sendo necessário levar o indivíduo ao hospital o mais rápido possível. Esse tipo de
hemorragia pode ser detectada pela saída de pouca quantidade de sangue pelo nariz,
ouvidos, dor abdominal, taquicardia, palidez, entre outros.
A hemorragia também pode ser classificada pelo tipo de vaso que foi danificado,
podendo ser capilar, venosa ou arterial.
Hemorragia capilar
Hemorragia venosa
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Hemorragia arterial
A hemorragia arterial corre quando uma artéria é rompida. Esse tipo de hemorragia
apresenta-se em jatos e o sangue possui cor vermelho vivo, pois é um sangue rico em
oxigênio.
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
»» anemia ferropriva;
»» choque hipovolêmico;
»» morte.
Existem alguns mecanismos do corpo humano que, até certo nível da hemorragia,
é possível manejá-la. A homeostase é o principal mecanismo capaz de lidar com as
hemorragias. Esse mecanismo consiste em diversas reações acarretando em um
coágulo, ao qual pode limitar ou parar o extravasamento de sangue. Dentre a série de
reações, algumas são:
»» vasoconstrição arteriolar;
»» deposição de fibrina;
Hiperemia e congestão
A hiperemia (do grego “hyper” = aumento + “haima” = sangue) e congestão podem ser
definidas como o aumento do volume sanguíneo localizado em um tecido, órgão ou
parte dele, por diferentes mecanismos e com consequente dilatação vascular devido a
alteração dos sistemas pressão arterial X resistência pré e pós capilar.
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Hiperemia ativa
Hiperemia patológica
Hiperemia passiva
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Congestão pulmonar
Congestão do baço
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Congestão hepática
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Isquemia
Causas funcionais
»» hipotensão acentuada;
»» hemoglobina acentuada;
»» espasmo vascular;
»» redistribuição sanguínea.
Causas mecânicas
»» obstrução vascular;
»» compressão vascular;
Além disso, também existem vários tipos de isquemia. Elas podem variar desde
insignificantes (como, por exemplo, o sono durante a digestão – isquemia cerebral leve)
até o infarto e gangrena.
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Isquemia cerebral
A isquemia cerebral é uma das principais causas de óbito no Brasil e tem como
consequência altas taxas de sequelas neurológicas. O cérebro necessita de um fluxo
constante de sangue, assim, a isquemia ocorre quando o cérebro não recebe sangue
suficiente. É causada pelo comprometimento do fluxo sanguíneo nas artérias que nutrem
o cérebro. Essa obstrução pode ser iniciada na própria artéria ou devido a um coágulo
sanguíneo que se desloca até o cérebro. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre
devido a essa oclusão de uma artéria no cérebro, ruptura de uma artéria, malformação
vascular (causando o sangramento) ou aneurisma.
Existe também o Ataque Isquêmico Transitório (AIT). Como o próprio nome diz,
acontece passageiramente e de repente. É um problema neurológico que provoca
sintomas de minutos ou até mesmo horas, no entanto, a recuperação é total. Comumente,
o AIT é causado por coágulos que bloqueiam o fluxo de sangue temporariamente para
o cérebro. Esse coágulo pode ser formado longe das áreas do cérebro e, por meio da
corrente sanguínea, chegar até ele. O coágulo pode ser formado por artérias danificadas
pela arterosclerose, diabetes mellitus, pressão arterial, células tumorais, bolhas de ar
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Os fatores de risco para o AIT são os mesmos do AVC. Os mais conhecidos são:
»» genética;
»» tabagismo e sedentarismo.
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Capítulo 2
Trombose, embolia e infarto
Trombose
O corpo humano possui um eficaz sistema de coagulação sanguínea. É por isso que,
quando há um corte, é comum ocorrer um sangramento inicial, porém, o sangramento
é cessado depois de algum tempo. Um dos motivos do sangue cessar é a migração das
plaquetas para o local ferido para formar um trombo a fim de parar o sangramento.
Após certo tempo, o trombo é desfeito (por diversas maneiras), o vaso recanalizado e a
circulação volta a acontecer normalmente. Esse é um dos mecanismos de homeostase
que o organismo possui.
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
LESÃO ENDOTELIAL
TROMBOSE
HIPERCOAGULABILIDADE
FLUXO SANGUÍNEO
ANORMAL
»» Por estase.
»» Por turbulência.
Essas alterações são notáveis na maioria das tromboses arteriais e em algumas venosas.
São causadas por traumas, infecções virais nas células endoteliais, parasitas na parede
vascular (endocardites), infarto do miocárdio, bactérias na superfície vascular e erosões
vasculares infiltrações neoplásicas.
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
»» asséptico.
O trombo também pode ter alguns destinos variados. Ele pode sofrer lise, amolecimento
puriforme, organização, canalização, colonização bacteriana e embolização.
Algumas situações clínicas podem favorecer a formação de trombo, como, por exemplo,
os aneurismas, o infarto agudo do miocárdio, placas ateroscleróticas ulceradas,
síndrome de hiperviscosidade e anemia falciforme.
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Embolia
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Êmbolos sólidos
Êmbolos líquidos
Esses êmbolos são menos frequentes e podem ser classificados em Embolia amniótica
e Embolia lipídica ou gordurosa. A embolia amniótica acontece durante a gravidez,
quando o líquido amniótico é injetado na circulação venosa por conta das contrações
uterinas que ocorrem durante o parto. Os principais sintomas são a cianose, dispneia
e choque seguido de convulsão e coma. A embolia gordurosa ocorre quando gotículas
de gordura entram nos vasos sanguíneos e transportam-se neles até sua oclusão.
Os lipídeos podem formar êmbolos quando há:
Êmbolos gasosos
Esses são os êmbolos mais raros. Podem ter origem venosa ou arterial e os gases podem
acontecer nas situações seguintes:
Além disso, existem três tipos de embolia: a embolia direta, a embolia cruzada e a
embolia retrógrada.
Embolia direta
Essa é a embolia mais frequente. Os êmbolos são deslocados no sentido do fluxo
sanguíneo.
Há êmbolos que são provenientes das artérias ou do lado esquerdo do coração e seguem
na direção dos capilares. Estes são comuns nas aterosclerose aórtica, tromboses murais
pós-infarto do miocárdio e nas endocardites vegetativas. É comum afetarem o cérebro,
baço, rim e extremidades.
Há, também, os êmbolos que são oriundos de veias ou do lado direito do coração e
vão em direção aos pulmões (embolia pulmonar). Este é o mais comum e letal ao ser
humano, pois podem acarretar na insuficiência súbita do coração e morte por hipóxia.
Frequentemente, a maioria dos êmbolos oriundos das veias migram até o pulmão
(exceto o das veias tributárias).
Embolia retrógrada
Na embolia retrógrada, o êmbolo se movimenta do sentido oposto do fluxo sanguíneo
(como, por exemplo, a migração do Schistosoma mansoni).
Quando os trombos são formandos no interior de veias profundas, como nas pernas, por
exemplo, pode ocasionar a Trombose Venosa Profunda (TVP). A TVP pode acarretar em
um edema, porém, a principal consequência é a embolia pulmonar (quando o coágulo
ou parte dele é transportado pela corrente sanguínea até os pulmões).
Tromboêmbolia
A diferença do tromboêmbolo em relação ao êmbolo é que o primeiro não está aderido
à parede do vaso não assume a anatomia da luz vascular. Mais de 90% dos êmbolos se
originam de trombo.
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Infarto
Foi visto que a obstrução do suprimento arterial ou da drenagem venosa pode causar
uma necrose isquêmica. Essa área de necrose isquêmica é chamada de infarto, ou
seja, morte das células por isquemia prolongada. Se a trombose ou embolia não forem
tratadas de maneira rápida, o tecido que estava recebendo sangue pode morrer.
Infarto do Miocárdio
O Infarto do Miocárdio (IM) consiste na morte do músculo por isquemia (quando
a quantidade de sangue atinge o coração por muito tempo, provocando a morte das
células musculares por hipóxia) e pode ocorrer em qualquer idade. Aproximadamente
10% do IM pode ocorrer em pessoas com menos de 40 anos e 45% ocorre em pessoas
com menos de 65 anos. No entanto, a frequência do IM aumenta progressivamente com
o aumento da idade. A incidência de IM também está relacionado com predisposições
comportamentais a aterosclerose, genética, diabetes melitus, além de outras causas de
hiperlipoproteinemia (ROBBINS; COTRAN, 2016).
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Quando não há aterosclerose, o IM pode ser causado por doenças de pequenos vasos
coronarianos, distúrbios hematológicos, entre outras.
Pessoas com IM apresentam forte transpiração, sendo que entre 10-15% do inicio
dele pode ser assintomático. As complicações posteriores a um IM podem englobar
pericardite, trombo mural, extensão da área do infarto, aneurisma ventricular,
insuficiência cardíaca, arritmias, entre outros. A arritmia considerada mais grave
é fibrilação ventricular (batimento cardíaco rápido e irregular, principal causa da
parada cardíaca súbita). A taquicardia ventricular também é perigosa, pois aumenta a
frequência cardíaca, impedindo o bombeamento de sangue para o coração.
Há uma classificação sobre o contexto clínico que é usada pela terceira definição
universal de infarto do miocárdio (THYGESEN et al, 2012):
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Infarto do Pulmão
A embolia pulmonar ou TEP resulta de um trombo que se soltou das veias da perna e
migrou até uma das artérias do pulmão, impedindo o fluxo sanguíneo. Dependendo
do tamanho do trombo, a embolia pode causar a morte súbita. Quando o trombo é
pequeno, ele pode permanecer em alguma artéria periférica do pulmão. No entanto, se
o trombo for grande, ele pode permanecer na saída do coração, impactando a passagem
de sangue e causando a morte do pulmão e falência do coração.
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Choque
O choque é caracterizado por uma crise aguda de insuficiência cardiovascular. Além
de ser uma alteração circulatória aguda, também é rápida, geralmente levando a óbito.
Quando ocorre o choque, o coração e os vasos não conseguem irrigar os tecidos com a
quantidade de oxigênio necessária. Há cinco tipos de choque, 2 da macrocirculação e 2
da microcirculação:
Choque Hipovolêmico
Ocorre quando há uma diminuição do volume sanguíneo, plasma e eletrólitos e
diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco, como, por exemplo, a desidratação
por queimadura, hemorragia.
Choque Séptico
Ocorre em casos de septicemia. Toxinas produzidas por determinadas bactérias
(principalmente Gram negativa) fazem com que as células do corpo liberem algumas
substâncias que desencadeiam o processo inflamatório (citocinas). Mesmo que essas
citocinas atuam ajudando o sistema imunológico para combater a infecção, elas podem
causar a dilatação dos vasos sanguíneos e diminuição do retorno venoso e débito
cardíaco, acarretando na diminuição da pressão arterial.
Choque Anafilático
Ocorre como consequência de reação antígeno-anticorpo, resultando em uma resposta
alérgica acentuada com aumento de liberação de histamina. Há dilatação de vasos e,
portanto, queda da pressão arterial.
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Choque Neurogênico
Choque Cardiogênico
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Capítulo 3
Reparo regenerativo e cicatricial
Regeneração
É a substituição do tecido morto por outro idêntico tanto em relação à morfologia quanto
a função. A regeneração consiste na proliferação de células e tecidos a fim de substituir
regiões que foram danificadas ou até mesmo perdidas. É importante compreender que
a regeneração de tecido lesionado é diferente da regeneração fisiológica, a qual se refere
à reposição de células, como a reposição de células do sangue, por exemplo, que são
destruídas normalmente.
Cicatrização
Quando ocorre a substituição de um tecido perdido por um tecido neoformado
originado do estroma (conjuntivo ou glia), ou seja, o tecido lesado é substituído por
tecido conjuntivo vascularizado.
Para que ocorra os mecanismos de cicatrização, existem alguns fatores que devem
acontecer. São eles:
»» formação de coágulo;
»» ativação da inflamação;
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
»» vasodilatação;
»» migração de leucócitos.
Devido a enorme variedade de situações em que pode ocorrer à cicatrização, ela pode
ser considerada como cicatrização primaria, ou por primeira intensão e cicatrização
secundaria, ou por segunda intensão.
É o tipo mais simples de reparação, bem orientada e com o mínimo de fibrose possível.
Ocorre em ferimentos, cirurgias (com a incisão do bisturi e posterior sutura).
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Tecido de granulação
Nervos
Quando ocorre a reparação dos nervos, o processo é o de regeneração. Devido ao fato das
células do sistema nervoso não se multiplicarem, o processo de regeneração acontece
pela neoformação do axônio. No entanto, isso só é possível se o corpo celular não sofreu
necrose. Caso o corpo celular tenha sofrido uma lesão celular irreversível, não ocorre
a regeneração e, nesse caso, pode haver cicatrização da área. O axônio que está lesado
se prolifera através do caminho deixado pela fibra lesada, assim, é importante que o
endoneuro esteja preservado.
Quando a lesão ocorre no cérebro, elas são reparadas por astrócitos e não por
fibroblastos. Os astrócitos que substituem o tecido necrótico formam fibras gliais
(gliose). Em casos da lesão ser mais severa, ocorre a formação de cavidade contendo
líquido (cisto), envolvida por astrócitos e fibras gliais.
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
Músculos
Osso
»» doença de Paget;
»» osteogênese imperfeita;
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Distúrbios Circulatórios │ UNIDADE III
Existem alguns fatores que participam do processo de reparação. Eles podem ser
sistêmicos ou locais.
Sistêmicos
Como a reparação da área afetada é feita por tecido neoformado, é importante que a
região seja nutrida. A falta de vitamina C, por conta de alterações na síntese de fibras
colágenas, acaba atrasando a reparação.
Diabetes
Ocorre a alteração dos vasos na diabetes, além de uma provável diminuição na síntese
proteica.
Estereoides
Locais
Suprimento sanguíneo
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UNIDADE III │ Distúrbios Circulatórios
A presença de um corpo compromete a reação, pois ele atua como estimulante para a
inflamação. O tecido necrosado (infarto) é um estimulo para inflamação e necessita ser
removido.
Mobilidade
»» Extensão da lesão.
»» Infecção.
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Referências
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