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3” escrever com éxito A DINAMICA DA ESCRITA 138 1.2. BISA CVETS TT ativo (expos rgumentativo) Reflectir, pesar os prés e os contras de uma decisao; defender uma tese, uma ideia, um ponto de vista, apresentando razGes; refutar algo contrapondo argumentos, so actividades quotidianas. A discussao publica de questées como "Vantagens desvantagens da co-incineragao", ou *O papel da televisao do Estado" é termémetro que mede a "temperatura" democratica de uma sociedade. 1.2.1. Atitudes da mente humana face ao conhecimento Ignorancia, davida, opinido, certeza sao posigdes ou atitudes do espirito humano quando tem de pronunciar-se sobre a verdade ou falsidade de uma afirma- (Ao ou acerca dos beneficios ou inconvenientes de alguma coisa. Na ignorancia, a mente humana, porque ndo dispde de dados, fica inibida de pronunciar-se. Na divida, a razio hesita, flutua, entre o peso equivalente de argumentos opostos. Na opinido, 0 espirito humano adere a uma das afirmagdes em confronto, mas permanece inseguro, porque se fundamenta apenas na probabilidade. Na atitude de certeza, o espirito humano adquire a "consciéncia da posse da verdade". Nesta atitude, a verdade surge pessoa como a evidente conformidade entre a realidade e a inteligéncia. ‘A evidéncia 0 que se apresenta a inteligéncia como incontestavel, como 0 que todos véem ou podem ver e verificar. A evidéncia - 0 que se impde a mente huma- na como nao podendo ser de outra maneira - 6 um critério de verdade e de certe- za, anorma ou 0 critério supremo que distingue a verdade do erro. 1.2.2. Argumentar Argumentar 6 apresentar as raz5es que, por um raciocinio ldgico, levam a uma conclusao. A argumentagao é 0 encadeado de argumentos, o percurso com que 0 racio- cinio clarifica e demonstra a verdade ou falsidade de uma tese, a aceitabilidade, no, de uma ideia ou ponto de vista. A finalidade da argumentagao 6 convencer, conseguir a adesao do outro ou outros a validade, conveniéncia, justeza, verdade, da tese ou ponto de vista qu® 5° defende. qual @ O argumento é 0 instrumento da argumentagao, “um processo pelo d jas 02 a progride do conhecido para o desconhecido", na definigdo de Sdo Tom ino, w Digitalizado com CamScanner Argumento valido a prova capaz de afirmar ou : . f Negar algo; o mesmo é dizer: aforga que impele a razo a aceitar algo como verdad: legar algo; o mesmo é dizer: leiro ou falso. 4.2.2.1. Formas de raciocinio ou de argumentagao Séo formas de raciocinio ou de argumentagéi -a demonstragao: Processo l6gico-discursivo pelo qual, de afirmagoes certas ou de factos, se retira a certeza ou validade de uma Conclusao — como um investiga- dor que retira conclusées a partir dos dados obtidos e confirmados: a dedugao: forma de raciocinio baseada no principio de identidade e que con- clui do universal para o particular. Ou seja, a dedugao parte de um antecedente — afir- magao ou proposigao ou premissa conhecida -, dai concluindo necessariamente um consequente (uma proposi¢ao ou afirmagaio desconhecida. Note-se: a conclusao é nova, mas, de modo implicito, ja esta contida nas premissas. A forma de dedugao mais conhecida e estudada o silogismo.); -0 silogismo: raciocinio de demonstragao em que ha trés proposigdes, sendo duas as premissas e uma a conclusdo, ou, por outras palavras, o silogismo é um pro- cesso com que a razdo passa de uma verdade a outra- que inequivocamente deduz da primeira, como se demonstra no classico exemplo: "Todos os homens séo mor- tais. Sécrates 6 homem. Logo, Sécrates é mortal.""”; Nota: Quando se suprime a conclusdo ou uma das premissas (antecedentes), 0 silogismo tem o nome de entimema (vocabulo que vem do grego, com o significado de reflexdo, con- sideragao). O entimema ndo é uma demonstracao. Ocorre quando se apresentam princ/pios universais — aceites como tais, sem discussao (por exemplo: O ser humano é socidvel}; oCor- re também quando se fazem generalizagées arbitrétias, do género: O Miguel é um mau estu- dante, portanto nao ira longe. ~ a indugao: forma de raciocinio que, fundamentando-se na relagao de causa- lidade, passa da consideragdo dos factos particulares & formulagao de uma lei geral. que as leis'® (proposigdes ou afirmagées uni- E 0 método das ciéncias positivas, em afi i observagao, hipétese, verificagao ou confir- Versais) sao obtidas através do processo: Macao da hipétese, lei; = Estes esquemas de ra turados pela primeira vez por Aristételes (séc. IV a. C. . Taciocinio dedutivo foram estrutu . 1» S'$cil recentemente, remodelados, est&o generaizados pelos novos célculos da Légica matematica. No &mbito das grandes quest6es da Ciencia, problemas como os da indugao e deduce ‘so, presentemen- te, mais ‘complexos, como o documentam, por exemplo, aS palavras de Boe Patan “0 fisico Consiste na procura Taree mais gerais, das quais se pode obter, por deducdo pura, a imagem mundo, Acehntpiloncramoente hd caminho logico algum que conduza, mas tHo-somente a intuiGdo, Traut ora ‘hum sentimento de profunda simpatia com 2. seen) aie oe boars In Logos ~ Enciclopéalia Luso-Brasileira de Filosofia, Lisboa, Eclton Verto, 1990, Vol. 2, p.1415. como escrever com | A DINAMIGA DA ESCRITA 139 Digitalizado com CamScanner a escrever com éxito 0 raciocinio causal: forma de raciocinio pelo qual o espirito humano aceita como evidente o principio da causalidade, isto que todo o ser contingente (que de facto existe mas que poderia nao existir) e tudo 0 que 6 contingente exigem uma causa que justifique a sua existéncia; - 0 exemplo, a comparagéo, que 6 semelhante para concluir acerca forma de indugdo - ver "Refutagao de Vieira", pp. 39-40); ~areflexao critica: a vigiléncia ou controle que a mente exerce sobre si propria no percurso do raciocinio, para que nao deixe introduzir a contradi¢ao, 0 no légico, 0 erro", a analogia: forma de raciocinio que recorre ao do que the 6 compardvel. Trata-se de uma A DINAMIVA wa weenee 1.2.3. Exemplos + [oO momento decisivo da independéncia de Portugal] Na Idade Média era frequente solicitar ao Papa a chamada ‘liberdade romana’, que podia ser requerida por uma diocese, por um convento, Ou mesmo por um pais. Segundo Luis Gonzaga de Azevedo, a “liberdade roma a’ consistia em que "o mosteiro, ou diocese ou reino, a que era concedida, ficasse isento dos poderes civis ou eclesidsticos do lugar a que antes esta- va stieito, reconhecendo para o futuro s6 a autoridade do romano Pontiice ou dos seus legados, ao qual ficava pagando um censo médico*. Foi nesta figura da “liberdade romana” que os conselheiros de D. Afonso Henriques decerto se inspiraram para tentar resolver 0 problema ~ até al insolavel - da independéncia de Portugal. Sobretudo D. Jodo Peculiar, 0 novo arcebispo de Braga ~ grande amigo e conselheiro do rei portugués ~ € outros clérigos devem ter congeminado que se D. Afonso Henriques ape~ lasse a "liberdade romana’, e esta Ihe fosse concedida, ele se libertaria para sempre da dependéncia feudal do Imperador de Leao. Tratava-se de um gesto muito ousado: porque significava negar 0s com- promissos que acabavam de ser assumidos para com Afonso Vil. Mas D- ‘Afonso Henriques @ os seus préximos queriam alcangar a independéncia. Esse era 0 grande objectivo. E para atingir esse fim, nao olharam a meios. 18 So eros de logica: = Raciocinio viciado (consiste em partir de uma afirmagao falsa e, a partir dela, . , pretender retirar conclushes (40 ate vedaitee Cares sofisma ou facia, quando 6 intencional; se ¢ involuntrio, tem 0 nome d2 = Equivoco (quando uma mesma palavra @ usada com diferentes sentidos, fugindo do raciocinio Nie ope a dave eresmow some ry um mesmo sentido, o mesmo 6 ier sempre ru soso Une Co, empl oe ero oo ene dart’, wns’, ‘pga de ama de gn irculo vicioso sma, ar Prov a prépriasupoigio do quo so paris is uldreaeee i gerta ears ~ Erro acerca da causa (consi crcuns am (consiste em confundir a verdadeira causa com aquilo que 6 apenas uma = Ignordncia do estado da questo (néo identificar 0 que 6 efectivarnente negado ou afirmado, passand? 2 produzir uma romeo qe rsotanee ‘@ margem da discusséo, como seja: tentar provar 0 que nao 6 negad? Digitalizado com CamScanner como escrever com “a Durou apenas dois meses a conceber € a arquitectar o plano do salto para Roma: de 5 de Outubro [de 1143], data da Conferéncia de Zamora, a 13 de Dezembro, data da carta enviada ao Papa. Foi a Claves regni (as chaves do reino), de 13 de Dezembro de 1143, pela qual D. Afonso Henriques ~ que se inti- tula “Afonso por graga de Deus Rei de Portugal" - decide enfeudar 0 reino de Portugal & Santa Sé, afirmando nomeadamente ao Papa Inocéncio Il que decla- ra constituir a sua “terra” como “censual de S. Pedro e da Santa Igreja de Roma’, com o “tributo anual de quatro ongas de ouro", censo que deverdo pagar também os seus sucessores; declara-se "verdadeiro soldado de S. Pedro e do Pontifice romano", que toma como seu padroeiro e advogado'; e, final- mente, solicita para si e para a sua terra ‘a defesa e auxilio da Sé Apostdlica’, em tudo 0 que respeite a "dignidade e honra" dessa terra, afirmando que pre- tende nunca mais ser "obrigado a admitir nela o poder de qualquer senhorio eclesidstico ou secular, sendo 0 da Santa Sé e dos seus legados". A carta 6 subscrita por D. Afonso Henriques, Rei dos Portugueses, confirmada por D. Jodo Peculiar, arcebispo de Braga, D. Bernardo, bispo de Coimbra, @ D. Pedro, bispo do Porto. Descontando as formas puramente religiosas e notariais, verifica-se que esta carta contém trés elementos essenciai A DINAMICA DA ESCRITA ~ A prestacao da vassalagem ao Papa; ~ A promessa de pagamento de um certo tributo anual em ouro; - 0 pedido de proteceao directa da Santa $6, especialmente para nao ter de admitir mais, na terra portuguesa, o poder de qualquer senhorio "ecle- sidstico ou secular’. E no terceiro elemento que consiste a mudanga radical de politica de D. ‘Afonso Henriques, em relagdo & monarquia leonesa. [...] Ou seja: D. Afonso Henriques deciara na, Claves regni, a sua vontade de, com 0 apoio do Papa, se tornar independente. E este, em minha opiniao, o significado juridico e politico da carta de D. ‘Afonso Henriques ao Papa: trata-se do que modernamente se designa por declaragao unilateral de independéncia. “Unilateral" - no sentido de “nao acordada" ou "no pactuada" com Afonso Vil de Leao. E esta intengdo de ruptura definitiva e total do Rei portugués com o Imperador de Ledo - em clara e frontal violagao dos acordos firmados na Conferéncia de Zamora - que esta nitidamente contida na carta Claves regni. E, alias, nesse preciso sentido que esta carta vai ser interpretada na 6poca, quer pela Santa Sé, quer por Afonso Vil. O préprio Alexandre (4a Herculano reconhece que, com tal atitude, "Afonso Henriques, apenas assentada a paz de Zamora, tratou de iludir as consequéncias dela’. Coneluo, pois, que o momento decisivo da independéncia de Portugal foi o do acto de vassalagem ao Papa, através da Claves regni, em 13 de Dezembro de 1143. Diogo Freitas do Amaral, D. Afonso Henriques, Lisboa, Bertrand Editora, 2000, pp. 99-101. italizado com CamScanner a” escrever com éxito * Argumentos a favor e contra 0 novo aeroporto CRITA A DINA 142 AFAVOR * Nao é possivel ao aeroporto da Portela suportar um movimento de passageiros acima de 14 milhdes de pessoas por ano, horizonte que sera atingido entre 2008 e 2010. Consegue-se alargar a capacidade da aerogare e das pistas dos avides. No entan- to, existem sérias limitages do lado dos acessos rodovidrios e dos espacos de esta- cionamento para aeronaves. *Significaria pura e simplesmente fazer uma auto-estra- da que iria desembocar num parque de estacionamento saturado", defende 0 direc- tor do aeroporto de Lisboa, Alvaro dos Reis. * Supondo-se que seria possivel elevar a capacidade do aeroporto de Lisboa para cerca de 20 mithées de passageiros por ano, adiando-se assim por varios anos a sua substituicdo, isso implica uma série de expropriagdes e remodelagdes que repre- sentam praticamente o custo de um novo aeroporto e cujo financiamento nunca seria assumido por um privado. * Nao existe na Europa outro caso seme- Ihante ao aeroporto da Portela, localizado no centro de uma grande cidade. Os cus- tos ambientais provocados pelo ruido dos avides e os riscos de seguranga irdo tor- nar-se insuportaveis a curto prazo. * Manter a Portela depois da entrada em actividade do novo aeroporto nao seria atractivo nem rentavel para qualquer priva- do disposto a financiar e a gerir a infra- estrutura da Ota. CONTRA * © elevado montante de investimentos necessério para a construgdo de um aeroporto poderia ser melhor aplicado ne desenvolvimento de outras grandes intra. estruturas necessarias ao pais. * Os estudos realizados pela empresa ges. tora do aeroporto de Manchester e pela British Airport Authority e entregues & ANA [Aeroportos de Portugal] concluem que a capacidade do aeroporto da Portela pode ser aumentada, apés alguns investimentos, até aos 21 milhdes de passageiros por ano e durar até 2024-2025. Assim, nao é necessaria a imediata construcao de uma nova infra-estrutura, * Os agentes ligados ao sector aerondutico nunca foram consultados. Também néo existe qualquer estudo de uma entidade independente, 0 que nao é 0 caso da ANA = Aeroportos de Portugal ou da ADP - Aéroports de Paris, que sustente a neces- sidade de construir um novo aeroporto para substituir a Portela. * A construgéo de uma infra-estrutura localizada longe de Lisboa vai retirar com- petitividade a cidade a nivel turistico, espe- cialmente o turismo de negécios, diminuin- do os rendimentos dos agentes do sector € prejudicando o comércio. Um novo aero- porto situado no centro do pals prejudica também o aeroporto portuense de Pedras Rubras, ao deslocar parte do movimento de passageiros e de carga para a Ota. * As limitagdes dos acessos rodovidrios @ Portela podem ser ultrapassadas pela extensao da actual linha de metropolitano, se esta servir entre 30 a 50 por cento dos utentes didrios do aeroporto. Pablico, 7- 01-2000, p: 3 - Digitalizado com CamScanner

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